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VÍTOR MEIRELES de Lima (1832-1903). Nascido em Desterro, atual Florianópolis (SC) e
falecido no Rio de Janeiro. Chegou à capital do Império aos 15 anos, patrocinado pelo
Conselheiro Joaquim, Francisco Coelho e outros admiradores, matriculando-se em maio de
1847 na Academia Imperial de Belas Artes, que cursou até 1852 como aluno de José Correia
de Lima.

Terminado o curso, quis lecionar na Academia, mas foi derrotado em concurso para o cargo de
lente substituto de pintura por João Maximiano Mafra, em 1852. Nesse mesmo ano venceu o
sétimo concurso de premiação, impondo-se a sete outros candidatos com São João Batista
no Cárcere. Partindo para a Europa em abril do ano seguinte, fixou-se em Roma, estudando
sucessivamente com Minardi e Consoni, além de ter feito cópias de Veronese, Tintoretto e
Tiziano em Florença.

Em fins de 1856, por determinação de Porto-alegre, muda-se para Paris, desiludido com a Itália
que, na opinião de um de seus críticos, "só lhe serviu para a educação do sentimento artístico,
pois, quanto ao ensino artístico e técnico de que necessitava, nada aproveitou com as lições,
crivadas de charlatinas, de dois ou três professores", Tencionava estudar com Delaroche, mas,
falecendo esse artista pouco antes de sua chegada, tornou-se aluno de Leon Cogniet e logo de
Andrea Gastaldi, ao mesmo tempo em que efetuava cópias de Géricault, Gros e Scheffer.
Trabalhador incansável, até agosto de 1858 já remetera à Academia 119 trabalhos, entre os
quais 3 composições, 8 cópias, 14 esboços de obras célebres, 21 estudos de tipos, 8 de trajes,
53 academias, 6 estudos de cabeças e outros tantos de gesso. Em fins daquele ano sua
permanência foi prorrogada até 18 de dezembro de 1860, para que pudesse dedicar-se à
execução de uma grande composição original cujo tema, A Primeira Missa no Brasil, fora-lhe
sugerido por Porto-alegre, seu mentor intelectual e artístico. Para bem se desincumbir da
tarefa, Vítor, sempre meticuloso, lê e relê a Carta de Pero Vaz Caminha e visita, na Biblioteca
Santa Genoveva, o velho historiador Ferdinand Denis, que lhe indica livros sobre os
Descobrimentos e lhe elucida dúvidas. Concluído o esboço, o mesmo é mostrado a Tony
Robert Fleury, que o aconselha a eliminar uma figura de índio ajoelhado que, no seu entender,
prejudicava a composição. O conselho é aceito e o quadro, executado entre 1859 e 1861, é
afinal exposto no Salon, com elogios da crítica.

Em meados de 1861, oito anos depois que partira, Vítor Meireles está de novo no Brasil, sendo
logo ao chegar condecorado por Pedro II com a Ordem da Rosa, juntamente com Carlos
Gomes. Em 1862, expondo A Primeira Missa no Brasil, da noite para o dia torna-se uma
celebridade, embora tivessem surgido críticas desfavoráveis ao quadro. A 21 de setembro é
nomeado professor honorário da Academia, na qual lecionará de então até 1890.

Comissionado pelo Ministro da Marinha Afonso Celso, segue em 1868 para o teatro de guerra
no Paraguai, montando seu ateliê a bordo do capitânia da esquadra, Brasil, onde trabalhou
durante dois meses em croquis e esboços. Novamente no Rio executa, no Convento de Santo
Antônio, Combate de Riachuelo e Passagem de Humaitá. Em 1875 surge nova encomenda
oficial: a Batalha dos Guararapes, que lhe consumiu quatro anos de esforços. Retornando de
uma exposição em Filadélfia, em 1877, o Combate de Riachuelo arruinou-se nos porões da
Academia. O artista irá pintar segunda versão da obra em 1883 em Paris, expondo-a com
imenso sucesso no Salon. A 19 de maio é-lhe oferecido um banquete, presidido por Ferdinand
Denis.

O acontecimento artistico de 1879 foi a exposição dos dois grandes quadros de batalhas de
Vítor Meireles (Batalha dos Guararapes) e de Pedro Américo (Batalha do Avai). Público e
crítica se dividem sobre qual a pintura mais notável, sucedendo-se na imprensa os artigos,
assinados ou anônimos. Num desses artigos anônimos, "Y" lança sobre Vítor Meireles a
acusação de ter plagiado a Messe de Kabilie, de Horace Vernet, e Virginia Morta na Praia,
de Isabey, para compor respectivamente a Primeira Missa e Moema. Estampas dessas duas
pinturas chegam a ser expostas numa elegante loja da Rua do Ouvidor, e o próprio Vítor, na
Academia, faz questão de exibir suas pinturas ao lado de reproduções daqueles originais
franceses. Quanto à Batalha de Guararapes o artista, fiei a seu método de reconstituição
histórica, visitou antes de dar início a sua execução Pernambuco, realizando croquis, tomando
notas e reconhecendo o terreno que fora palco do embate mais de 200 anos antes. Ao mesmo
tempo, em reproduções de pinturas de Rembrandt e de Van der Helst estudou as roupas e as
expressões dos holandeses. A crítica, embora reconhecendo a fidelidade histórica da obra, não
deixou de lhe realçar o convencionalismo, o amaneirado, a monotonia da composição.

Em meados da década de 1880, após ter fundado com o belga Henri Langerock uma Empresa
de Panoramas, Vitor dá início a uma tarefa que de há muito vinha acalentando: realizar um
imenso panorama do Rio de Janeiro, uma paisagem contínua da capital e suas cercanias.
Coube a Langerock executar a parte oriental da cidade, da Rua da Lapa ao Mosteiro de São
Bento, tocando a Vitor fazer a parte restante. Depois de elaborados os croquis, os dois sócios
estabeleceram-se em Ostende, na Bélgica, gastando, nas pinturas definitivas, dois anos de
trabalho. A 4 de abril de 1888, em Bruxelas, na presença dos Reis da Bélgica, o Panorama,
com 36,66 cm de diâmetro, era afinal mostrado: até outubro seria visto por 50 mil pessoas.
Incluído na representação do Brasil na Exposição Universal de Paris em 1889, o Panorama foi
então exibido na capital francesa. Finalmente, em 1890 foi mostrado no Rio de Janeiro, numa
rotunda erguida na Praça XV de Novembro, transferida mais tarde para um terreno baldio da
Rua Santa Luzia. Mas a repercussão obtida pela gigantesca obra - 115 m de comprimento,
14,5 de altura, mais de 1.667m2 de pintura - foi mínima, e o Panorama terminaria por se
arruinar, num depósito da Quinta da Boa Vista, em 1910!

Um segundo Panorama seria ainda pintado por Vítor Meireles: o da Entrada da Esquadra
Legal Vitoriosa Vista da Fortaleza de Villegaignon, enfocando episódio ocorrido em 1893;
terceiro, destinado a comemorar o Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, foi concluído
a duras penas, depois de o artista ter visitado a Bahia e fixado em admirável estudo o
Panorama da Primeira Missa (1900). Esse derradeiro esforço exauriu-o e, somado ao
fracasso do Panorama do Rio de Janeiro poucos anos antes, apressou-lhe o fim.
Desencantado, velho, sem saúde ou recursos, Vítor Meireles faleceu a 22 de fevereiro de 1903,
tendo sido sepultado no Cemitério do Catumbi.

Vítor Meireles praticou todos os gêneros da pintura, com exceção da natureza-morta e da cena
de gênero. Suas pinturas religiosas, mais numerosas em princípios da carreira (Degolação de
São João, Flagelação de Cristo, ambas de 1856), não possuem em verdade sentimento
religioso autêntico, sendo antes exercícios de métier. Curiosamente, sua última pintura
acabada é de tema religioso: a Invocação a Nossa Senhora do Carmo, de 1898, que se
destinava ao altar-mor da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro.

A critica do século passado via em Vítor acima de tudo o pintor de história, autor da Primeira
Missa e das grandes Batalhas, do Juramento da Princesa Isabel e de uns raros outros
quadros de assunto mitológico ou poético. Mas como pintor de história Vítor é mais ilustrador
que intérprete, mais cronista que poeta, perdendo-se em preocupações de historiador, de
arqueólogo, de documentarista. Na verdade, em nosso entender a parte mais admirável de sua
obra acha-se nas paisagens e nas vistas urbanas que executou a começar pela Rua do
Desterro (sua primeira pintura, feita aos 19 anos) até o Panorama da Primeira Missa, de
1900. Em tais obras, e nos sete estudos que ficaram para os Panoramas, seis do Rio de
Janeiro e o sétimo para comemorar a vitória do governo na Revolta da Armada, Vítor Meireles
revela-se um grande artista.

Estilisticamente um romântico, Vitor partiu sempre da realidade objetiva, que nunca pretendeu
superar: faltavam-lhe para tanto os amplos vôos da imaginação, e o prejudicavam os próprios
rasgos do temperamento, que não lhe permitia ousar. Escudado em técnica perfeita,
transformou amiúde essa técnica em fim, e não em meio. A forma passou a tudo significar,
atrofiando-se inversamente a emoção. Pintor de batalhas malgré lui, ilustrador de alguns dos
episódios capitais da História do Brasil, como artista ficou certamente aquém do artesão. Só
raramente a emoção se impõe, em obras como as já mencionadas Rua do Desterro, Moema
ou Panorama da Primeira Missa, ou como nos numerosos estudos de trajes e de atmosfera
realizados na Europa e conservados no Museu Nacional de Belas Artes.

No Brasil, divide com Pedro Américo a hegemonia artística da segunda metade do Séc. XIX; é
porém mais artista que o paraibano, o que inclusive a posteridade hoje reconhece. A época e o
meio impediram-no de ser um grande artista; em contrapartida, foi o maior entre os pintores de
seu meio no seu tempo.

Quanto à sua atuação como professor, é superior à de qualquer outro mestre no Brasil, pois
nenhum, mais do que ele tanto contribuiu para a formação de jovens alunos que se revelariam,
no futuro, ótimos artistas. Lecionou na Academia de 1862 até 1890, quando foi afastado da
recém-criada Escola Nacional de Belas Artes, tal como Pedro Américo, por suas simpatias
nunca negadas pelo Imperador deposto; trabalhou, em seguida, um ano no Liceu de Artes e
Ofícios, e em 1893, com Eduardo de Sá e Décio Vilares, ainda tentou fundar sem sucesso uma
Escola Livre de Belas Artes. Uma relação muito incompleta dos seus melhores alunos, incluiria,
entre outros, Pedro Peres e Augusto Rodrigues Duarte, José Maria de Medeiros e Almeida
Júnior, Amoedo e Modesto Brocos, Firmino Monteiro e Oscar Pereira da Silva, Zeferino da
Costa e Eduardo de Sá, Henrique Bernardelli e Belmiro de Almeida, Estêvão Silva e Manoel
Teixeira da Rocha, Eliseu Visconti e Antônio Parreiras.

                       Juramento da Princesa Isabel, óleo s/ tela, 1875;
                           1,77 X 2,60, Museu Imperial, Petrópolis.

                      Aspecto da Guerra do Paraguai, aquarela, s/ data;
                      0,28 X 0,28, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

                       Batalha Naval do Riachuelo, óleo s/ tela, s/ data;
                         4,00 X 8,00, Museu Histórico Nacional, RJ.

           Soldado paraguaio de bruços, estudo para a Batalha Naval do Riachuelo,
                                   crayon e lápis, s/ data;
                      0,23 X 0,29, Museu Nacional de Belas Artes, RJ.

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Vítor meireles de lima

  • 1. VÍTOR MEIRELES de Lima (1832-1903). Nascido em Desterro, atual Florianópolis (SC) e falecido no Rio de Janeiro. Chegou à capital do Império aos 15 anos, patrocinado pelo Conselheiro Joaquim, Francisco Coelho e outros admiradores, matriculando-se em maio de 1847 na Academia Imperial de Belas Artes, que cursou até 1852 como aluno de José Correia de Lima. Terminado o curso, quis lecionar na Academia, mas foi derrotado em concurso para o cargo de lente substituto de pintura por João Maximiano Mafra, em 1852. Nesse mesmo ano venceu o sétimo concurso de premiação, impondo-se a sete outros candidatos com São João Batista no Cárcere. Partindo para a Europa em abril do ano seguinte, fixou-se em Roma, estudando sucessivamente com Minardi e Consoni, além de ter feito cópias de Veronese, Tintoretto e Tiziano em Florença. Em fins de 1856, por determinação de Porto-alegre, muda-se para Paris, desiludido com a Itália que, na opinião de um de seus críticos, "só lhe serviu para a educação do sentimento artístico, pois, quanto ao ensino artístico e técnico de que necessitava, nada aproveitou com as lições, crivadas de charlatinas, de dois ou três professores", Tencionava estudar com Delaroche, mas, falecendo esse artista pouco antes de sua chegada, tornou-se aluno de Leon Cogniet e logo de Andrea Gastaldi, ao mesmo tempo em que efetuava cópias de Géricault, Gros e Scheffer. Trabalhador incansável, até agosto de 1858 já remetera à Academia 119 trabalhos, entre os quais 3 composições, 8 cópias, 14 esboços de obras célebres, 21 estudos de tipos, 8 de trajes, 53 academias, 6 estudos de cabeças e outros tantos de gesso. Em fins daquele ano sua permanência foi prorrogada até 18 de dezembro de 1860, para que pudesse dedicar-se à execução de uma grande composição original cujo tema, A Primeira Missa no Brasil, fora-lhe sugerido por Porto-alegre, seu mentor intelectual e artístico. Para bem se desincumbir da tarefa, Vítor, sempre meticuloso, lê e relê a Carta de Pero Vaz Caminha e visita, na Biblioteca Santa Genoveva, o velho historiador Ferdinand Denis, que lhe indica livros sobre os Descobrimentos e lhe elucida dúvidas. Concluído o esboço, o mesmo é mostrado a Tony Robert Fleury, que o aconselha a eliminar uma figura de índio ajoelhado que, no seu entender, prejudicava a composição. O conselho é aceito e o quadro, executado entre 1859 e 1861, é afinal exposto no Salon, com elogios da crítica. Em meados de 1861, oito anos depois que partira, Vítor Meireles está de novo no Brasil, sendo logo ao chegar condecorado por Pedro II com a Ordem da Rosa, juntamente com Carlos Gomes. Em 1862, expondo A Primeira Missa no Brasil, da noite para o dia torna-se uma celebridade, embora tivessem surgido críticas desfavoráveis ao quadro. A 21 de setembro é nomeado professor honorário da Academia, na qual lecionará de então até 1890. Comissionado pelo Ministro da Marinha Afonso Celso, segue em 1868 para o teatro de guerra no Paraguai, montando seu ateliê a bordo do capitânia da esquadra, Brasil, onde trabalhou durante dois meses em croquis e esboços. Novamente no Rio executa, no Convento de Santo Antônio, Combate de Riachuelo e Passagem de Humaitá. Em 1875 surge nova encomenda oficial: a Batalha dos Guararapes, que lhe consumiu quatro anos de esforços. Retornando de uma exposição em Filadélfia, em 1877, o Combate de Riachuelo arruinou-se nos porões da Academia. O artista irá pintar segunda versão da obra em 1883 em Paris, expondo-a com imenso sucesso no Salon. A 19 de maio é-lhe oferecido um banquete, presidido por Ferdinand Denis. O acontecimento artistico de 1879 foi a exposição dos dois grandes quadros de batalhas de Vítor Meireles (Batalha dos Guararapes) e de Pedro Américo (Batalha do Avai). Público e crítica se dividem sobre qual a pintura mais notável, sucedendo-se na imprensa os artigos, assinados ou anônimos. Num desses artigos anônimos, "Y" lança sobre Vítor Meireles a acusação de ter plagiado a Messe de Kabilie, de Horace Vernet, e Virginia Morta na Praia, de Isabey, para compor respectivamente a Primeira Missa e Moema. Estampas dessas duas pinturas chegam a ser expostas numa elegante loja da Rua do Ouvidor, e o próprio Vítor, na Academia, faz questão de exibir suas pinturas ao lado de reproduções daqueles originais franceses. Quanto à Batalha de Guararapes o artista, fiei a seu método de reconstituição histórica, visitou antes de dar início a sua execução Pernambuco, realizando croquis, tomando notas e reconhecendo o terreno que fora palco do embate mais de 200 anos antes. Ao mesmo
  • 2. tempo, em reproduções de pinturas de Rembrandt e de Van der Helst estudou as roupas e as expressões dos holandeses. A crítica, embora reconhecendo a fidelidade histórica da obra, não deixou de lhe realçar o convencionalismo, o amaneirado, a monotonia da composição. Em meados da década de 1880, após ter fundado com o belga Henri Langerock uma Empresa de Panoramas, Vitor dá início a uma tarefa que de há muito vinha acalentando: realizar um imenso panorama do Rio de Janeiro, uma paisagem contínua da capital e suas cercanias. Coube a Langerock executar a parte oriental da cidade, da Rua da Lapa ao Mosteiro de São Bento, tocando a Vitor fazer a parte restante. Depois de elaborados os croquis, os dois sócios estabeleceram-se em Ostende, na Bélgica, gastando, nas pinturas definitivas, dois anos de trabalho. A 4 de abril de 1888, em Bruxelas, na presença dos Reis da Bélgica, o Panorama, com 36,66 cm de diâmetro, era afinal mostrado: até outubro seria visto por 50 mil pessoas. Incluído na representação do Brasil na Exposição Universal de Paris em 1889, o Panorama foi então exibido na capital francesa. Finalmente, em 1890 foi mostrado no Rio de Janeiro, numa rotunda erguida na Praça XV de Novembro, transferida mais tarde para um terreno baldio da Rua Santa Luzia. Mas a repercussão obtida pela gigantesca obra - 115 m de comprimento, 14,5 de altura, mais de 1.667m2 de pintura - foi mínima, e o Panorama terminaria por se arruinar, num depósito da Quinta da Boa Vista, em 1910! Um segundo Panorama seria ainda pintado por Vítor Meireles: o da Entrada da Esquadra Legal Vitoriosa Vista da Fortaleza de Villegaignon, enfocando episódio ocorrido em 1893; terceiro, destinado a comemorar o Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, foi concluído a duras penas, depois de o artista ter visitado a Bahia e fixado em admirável estudo o Panorama da Primeira Missa (1900). Esse derradeiro esforço exauriu-o e, somado ao fracasso do Panorama do Rio de Janeiro poucos anos antes, apressou-lhe o fim. Desencantado, velho, sem saúde ou recursos, Vítor Meireles faleceu a 22 de fevereiro de 1903, tendo sido sepultado no Cemitério do Catumbi. Vítor Meireles praticou todos os gêneros da pintura, com exceção da natureza-morta e da cena de gênero. Suas pinturas religiosas, mais numerosas em princípios da carreira (Degolação de São João, Flagelação de Cristo, ambas de 1856), não possuem em verdade sentimento religioso autêntico, sendo antes exercícios de métier. Curiosamente, sua última pintura acabada é de tema religioso: a Invocação a Nossa Senhora do Carmo, de 1898, que se destinava ao altar-mor da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. A critica do século passado via em Vítor acima de tudo o pintor de história, autor da Primeira Missa e das grandes Batalhas, do Juramento da Princesa Isabel e de uns raros outros quadros de assunto mitológico ou poético. Mas como pintor de história Vítor é mais ilustrador que intérprete, mais cronista que poeta, perdendo-se em preocupações de historiador, de arqueólogo, de documentarista. Na verdade, em nosso entender a parte mais admirável de sua obra acha-se nas paisagens e nas vistas urbanas que executou a começar pela Rua do Desterro (sua primeira pintura, feita aos 19 anos) até o Panorama da Primeira Missa, de 1900. Em tais obras, e nos sete estudos que ficaram para os Panoramas, seis do Rio de Janeiro e o sétimo para comemorar a vitória do governo na Revolta da Armada, Vítor Meireles revela-se um grande artista. Estilisticamente um romântico, Vitor partiu sempre da realidade objetiva, que nunca pretendeu superar: faltavam-lhe para tanto os amplos vôos da imaginação, e o prejudicavam os próprios rasgos do temperamento, que não lhe permitia ousar. Escudado em técnica perfeita, transformou amiúde essa técnica em fim, e não em meio. A forma passou a tudo significar, atrofiando-se inversamente a emoção. Pintor de batalhas malgré lui, ilustrador de alguns dos episódios capitais da História do Brasil, como artista ficou certamente aquém do artesão. Só raramente a emoção se impõe, em obras como as já mencionadas Rua do Desterro, Moema ou Panorama da Primeira Missa, ou como nos numerosos estudos de trajes e de atmosfera realizados na Europa e conservados no Museu Nacional de Belas Artes. No Brasil, divide com Pedro Américo a hegemonia artística da segunda metade do Séc. XIX; é porém mais artista que o paraibano, o que inclusive a posteridade hoje reconhece. A época e o
  • 3. meio impediram-no de ser um grande artista; em contrapartida, foi o maior entre os pintores de seu meio no seu tempo. Quanto à sua atuação como professor, é superior à de qualquer outro mestre no Brasil, pois nenhum, mais do que ele tanto contribuiu para a formação de jovens alunos que se revelariam, no futuro, ótimos artistas. Lecionou na Academia de 1862 até 1890, quando foi afastado da recém-criada Escola Nacional de Belas Artes, tal como Pedro Américo, por suas simpatias nunca negadas pelo Imperador deposto; trabalhou, em seguida, um ano no Liceu de Artes e Ofícios, e em 1893, com Eduardo de Sá e Décio Vilares, ainda tentou fundar sem sucesso uma Escola Livre de Belas Artes. Uma relação muito incompleta dos seus melhores alunos, incluiria, entre outros, Pedro Peres e Augusto Rodrigues Duarte, José Maria de Medeiros e Almeida Júnior, Amoedo e Modesto Brocos, Firmino Monteiro e Oscar Pereira da Silva, Zeferino da Costa e Eduardo de Sá, Henrique Bernardelli e Belmiro de Almeida, Estêvão Silva e Manoel Teixeira da Rocha, Eliseu Visconti e Antônio Parreiras. Juramento da Princesa Isabel, óleo s/ tela, 1875; 1,77 X 2,60, Museu Imperial, Petrópolis. Aspecto da Guerra do Paraguai, aquarela, s/ data; 0,28 X 0,28, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Batalha Naval do Riachuelo, óleo s/ tela, s/ data; 4,00 X 8,00, Museu Histórico Nacional, RJ. Soldado paraguaio de bruços, estudo para a Batalha Naval do Riachuelo, crayon e lápis, s/ data; 0,23 X 0,29, Museu Nacional de Belas Artes, RJ.