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Objectivo: Explicar o objecto de estudo da psicologia


1. ACTIVIDADES
a) Confrontar as ideias que cada um tem sobre a psicologia e o seu âmbito. Elaborar
um pequeno texto a partir, por exemplo, de um brainstorming.


b) Consultar revistas, jornais, Internet… procurando artigos que pareçam ser do
campo da psicologia. Tirar conclusões.


c) Entrevistar professores da escola, de diferentes áreas disciplinares, sobre as
relações da sua ciência com a psicologia. Elaborar um poster.


d) Analisar o texto apresentado (sobre a psicologia) e responder às suas questões.
1. Identificar as características da ciência
2. Identificar os objectivos da psicologia


e) Construir um texto sobre as principais questões desta unidade.


f) Elaborar uma síntese sobre as principais ideias trabalhadas nesta unidade. Elaborar
uma síntese global da turma ilustrando as ideias com os meios necessários. Construir,
por exemplo, um poster.




                                                                                     1
Texto
Sobre a psicologia


Por vezes, a psicologia é considerada um domínio que incide nas vidas íntimas e
secretas dos indivíduos. Por que razão a Maria detesta a mãe e o Jorge é tão tímido
com as raparigas? Questões deste género, todavia, não constituem o principal
interesse da psicologia. Existe, é claro, um ramo aplicado desta ciência que trata de
vários problemas de adaptação, mas as questões fundamentais que a psicologia
suscita são de um tipo mais geral. O seu objectivo não é descrever as características
de determinado indivíduo, mas encontrar os factos comuns a toda a humanidade.


A razão é simples. A psicologia é uma ciência e, como todas as outras ciências,
procura os princípios gerais: um único acontecimento em si mesmo pouco significa; o
que conta é o que qualquer acontecimento, ou objecto ou pessoa, tem em comum com
outros. Finalmente, a psicologia, como as demais ciências, espera fazer o percurso
inverso para compreender o acontecimento individual. Tenta descobrir, digamos,
certos princípios gerais do conflito do adolescente ou das relações mãe-filha para
explicar a razão por que o Jorge é tão tímido com as raparigas e a Maria é tão áspera
com a mãe. Uma vez obtidos esses conhecimentos, eles podem ter aplicações
práticas: ajudar o aconselhamento e a orientação e, talvez, a realizar mudanças
desejáveis. Mas, pelo menos no início, a preocupação essencial da ciência é a
descoberta de princípios gerais.


Haverá algum domínio cujo interesse essencial resida nas pessoas individuais, que se
preocupe com um Jorge e uma Maria em nada semelhantes a alguém que alguma vez
tenha vivido ou venha a viver? Esse domínio é a literatura. Os grandes romancistas e
dramaturgos deram-nos retratos de indivíduos activos e vivos existentes em
determinado tempo e lugar. Nada existe de abstracto e geral na angústia de Hamlet ou
na ambição criminosa de Macbeth. São indivíduos concretos, particulares, com
amores e medos especiais, peculiarmente seus. Mas a partir destas peculiaridades,
Shakespeare dá-nos uma visão do que é comum a toda a humanidade, o que Hamlet
e Macbeth têm em comum com todos nós. A ciência e a arte têm muito a dizer sobre a
natureza humana, mas tomam direcções opostas. A ciência tenta descobrir princípios
gerais e aplica-os, em seguida, ao caso individual. A arte concentra-se no caso
particular e utiliza-o, depois, para ilustrar o que é universal em todos nós.
                                                      Adaptado de H. Gleitman, Psicologia. 1993




                                                                                              2

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  • 2. Texto Sobre a psicologia Por vezes, a psicologia é considerada um domínio que incide nas vidas íntimas e secretas dos indivíduos. Por que razão a Maria detesta a mãe e o Jorge é tão tímido com as raparigas? Questões deste género, todavia, não constituem o principal interesse da psicologia. Existe, é claro, um ramo aplicado desta ciência que trata de vários problemas de adaptação, mas as questões fundamentais que a psicologia suscita são de um tipo mais geral. O seu objectivo não é descrever as características de determinado indivíduo, mas encontrar os factos comuns a toda a humanidade. A razão é simples. A psicologia é uma ciência e, como todas as outras ciências, procura os princípios gerais: um único acontecimento em si mesmo pouco significa; o que conta é o que qualquer acontecimento, ou objecto ou pessoa, tem em comum com outros. Finalmente, a psicologia, como as demais ciências, espera fazer o percurso inverso para compreender o acontecimento individual. Tenta descobrir, digamos, certos princípios gerais do conflito do adolescente ou das relações mãe-filha para explicar a razão por que o Jorge é tão tímido com as raparigas e a Maria é tão áspera com a mãe. Uma vez obtidos esses conhecimentos, eles podem ter aplicações práticas: ajudar o aconselhamento e a orientação e, talvez, a realizar mudanças desejáveis. Mas, pelo menos no início, a preocupação essencial da ciência é a descoberta de princípios gerais. Haverá algum domínio cujo interesse essencial resida nas pessoas individuais, que se preocupe com um Jorge e uma Maria em nada semelhantes a alguém que alguma vez tenha vivido ou venha a viver? Esse domínio é a literatura. Os grandes romancistas e dramaturgos deram-nos retratos de indivíduos activos e vivos existentes em determinado tempo e lugar. Nada existe de abstracto e geral na angústia de Hamlet ou na ambição criminosa de Macbeth. São indivíduos concretos, particulares, com amores e medos especiais, peculiarmente seus. Mas a partir destas peculiaridades, Shakespeare dá-nos uma visão do que é comum a toda a humanidade, o que Hamlet e Macbeth têm em comum com todos nós. A ciência e a arte têm muito a dizer sobre a natureza humana, mas tomam direcções opostas. A ciência tenta descobrir princípios gerais e aplica-os, em seguida, ao caso individual. A arte concentra-se no caso particular e utiliza-o, depois, para ilustrar o que é universal em todos nós. Adaptado de H. Gleitman, Psicologia. 1993 2