SlideShare a Scribd company logo
1 of 2
Download to read offline
Alternativa Sindical| Jornal Extra | Outubro 2013

PF dá batida em casa de ex-gerente
de saúde do Correios para investigar
cirurgias superfaturadas

A Polícia Federal (PF) investiga um esquema de
desvio de verba por meio de cirurgias superfaturadas
pagas pelo plano de saúde do Correios. No centro do
esquema desvendado pela Operação Titanium, um
dos principais suspeitos é o ex-gerente de saúde da
estatal Marcos da Silva Esteves, afastado em abril do
cargo. Na manhã de quarta-feira, policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa do
servidor público, num condomínio de Jacarepaguá.
Foram apreendidos documentos, inclusive originais,
de cirurgias pagas pela empresa pública, que não
poderiam ter sido desviados do setor, que passa por
sindicância interna.
A PF também apreendeu na casa, de cerca de
400 metros quadrados, computadores, R$ 1.800, 319
dólares e dois automóveis — um Cruze, da GM, que
custa cerca de R$ 65 mil, e um HB20, da Hyundai,
cujo modelo mais simples sai por R$ 33 mil. Este
último pertence à mulher de Marcos Esteves, que

é professora em Mesquita. De acordo com o portal
Transparência do site do Correios, o servidor recebe
uma remuneração de R$ 4.845,71.
A polícia teria encontrado na casa de Esteves cópias de documentos relacionados ao
pagamento de R$ 961.886,56 por material
cirúrgico usado numa única operação, realizada em março. A autorização de faturamento foi assinada pelo servidor. A cirurgia
ortopédica superfaturada foi revelada pelo
EXTRA em agosto.
O material foi vendido pelo representante
oficial no Brasil, a Technicare Instrumental Cirúrgico, por R$ 65.208, para a AC
Consultoria e Assessoria em Saúde, empresa cujo dono é investigado pela Polícia
Civil, após denúncias de que se apresentaria em nome do então gerente de saúde da
Correios, Marcos Esteves, para propor um
esquema de superfaturamento. O mesmo
material foi vendido por 1.375% a mais pela
empresa O2 Surgical para o Correios.

emergência, o que dispensaria a apresentação de três cotações de preços. No entanto,
a Guia de Solicitação de Internação da mesma paciente diz o contrário: a operação foi
eletiva.
Denúncia enviada ao Ministério Público
Federal aponta o médico Carlos Alberto
Alonso Filho como articulador do esquema. Ele se apresentaria em nome de Esteves,
propondo negociatas envolvendo médicos,
fornecedores de próteses e hospitais. Em
agosto, Esteves afirmou ao EXTRA que não
conhecia Carlos Alonso.
O esquema envolveria empresas de material
cirúrgico. A AC Consultoria, que comprou
o material por R$ 65.208 tem como sócios
Carlos Alberto Alonso Filho e Aline Gomes
de Oliveira. Alonso também é dono do Centro de Clínica Médica e Fisiatria Dr. Carlos
Alonso, em Petrópolis, no qual é sócio de
Gilberto Silva Cabral. Esse último aparece
ainda como sócio da O2 Surgical, empresa
que vendeu o material para o Correios por
R$ 961.886,56.

A estatal informou que Marcos Esteves saiu
da gerência de saúde em abril, por “decisão administrativa da empresa”. O Correios
afirmou ainda que “as medidas pertinentes
a essa ocorrência estão em andamento”. O
EXTRA não conseguiu localizar Marcos EsAirton Policarpo de Oliveira, sócio da O2
teves.
Surgical, afirmou que não sabe nada sobre
Entenda a fraude
os negócios da empresa. O EXTRA não conseguiu localizar Carlos Alonso e Gilberto
Marcos Esteves era gerente de saúde do
Cabral.
Correios quando autorizou o pagamento de
quase R$ 1 milhão pela lista de 15 itens, entre parafusos, porcas e broca, para uma cirurgia de coluna de uma idosa, dependente
Fonte: Jornal Extra
de um funcionário aposentado. Um único
parafuso ilíaco usado na operação saiu por Data: 18/10/2013
mais de R$ 25 mil, valor equivalente ao de
um carro popular zero quilômetro.
No documento de autorização de material,
há a informação de que a cirurgia foi de

More Related Content

More from comunicacaomtc

Jornal mtc outubro 2015
Jornal mtc outubro 2015Jornal mtc outubro 2015
Jornal mtc outubro 2015comunicacaomtc
 
Informativo Fraude Eleições Sintect-df.
Informativo Fraude Eleições Sintect-df.Informativo Fraude Eleições Sintect-df.
Informativo Fraude Eleições Sintect-df.comunicacaomtc
 
Jornal brado ecetista novembro
Jornal brado ecetista novembroJornal brado ecetista novembro
Jornal brado ecetista novembrocomunicacaomtc
 
Certidão do Dissídio Coletivo em 8/10/2013
Certidão do Dissídio Coletivo em 8/10/2013Certidão do Dissídio Coletivo em 8/10/2013
Certidão do Dissídio Coletivo em 8/10/2013comunicacaomtc
 

More from comunicacaomtc (10)

Jornal mtc outubro 2015
Jornal mtc outubro 2015Jornal mtc outubro 2015
Jornal mtc outubro 2015
 
Informativo Fraude Eleições Sintect-df.
Informativo Fraude Eleições Sintect-df.Informativo Fraude Eleições Sintect-df.
Informativo Fraude Eleições Sintect-df.
 
Jornal chapa
Jornal chapaJornal chapa
Jornal chapa
 
Jornal brado ecetista novembro
Jornal brado ecetista novembroJornal brado ecetista novembro
Jornal brado ecetista novembro
 
O brado ecetista 113
O brado ecetista 113O brado ecetista 113
O brado ecetista 113
 
O brado ecetista
O brado ecetistaO brado ecetista
O brado ecetista
 
Jornal mtc
Jornal mtcJornal mtc
Jornal mtc
 
Informe Anistia I
Informe Anistia IInforme Anistia I
Informe Anistia I
 
Informe II
Informe IIInforme II
Informe II
 
Certidão do Dissídio Coletivo em 8/10/2013
Certidão do Dissídio Coletivo em 8/10/2013Certidão do Dissídio Coletivo em 8/10/2013
Certidão do Dissídio Coletivo em 8/10/2013
 

Informativo MTC 19/10/2013

  • 1. Alternativa Sindical| Jornal Extra | Outubro 2013 PF dá batida em casa de ex-gerente de saúde do Correios para investigar cirurgias superfaturadas A Polícia Federal (PF) investiga um esquema de desvio de verba por meio de cirurgias superfaturadas pagas pelo plano de saúde do Correios. No centro do esquema desvendado pela Operação Titanium, um dos principais suspeitos é o ex-gerente de saúde da estatal Marcos da Silva Esteves, afastado em abril do cargo. Na manhã de quarta-feira, policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa do servidor público, num condomínio de Jacarepaguá. Foram apreendidos documentos, inclusive originais, de cirurgias pagas pela empresa pública, que não poderiam ter sido desviados do setor, que passa por sindicância interna. A PF também apreendeu na casa, de cerca de 400 metros quadrados, computadores, R$ 1.800, 319 dólares e dois automóveis — um Cruze, da GM, que custa cerca de R$ 65 mil, e um HB20, da Hyundai, cujo modelo mais simples sai por R$ 33 mil. Este último pertence à mulher de Marcos Esteves, que é professora em Mesquita. De acordo com o portal Transparência do site do Correios, o servidor recebe uma remuneração de R$ 4.845,71.
  • 2. A polícia teria encontrado na casa de Esteves cópias de documentos relacionados ao pagamento de R$ 961.886,56 por material cirúrgico usado numa única operação, realizada em março. A autorização de faturamento foi assinada pelo servidor. A cirurgia ortopédica superfaturada foi revelada pelo EXTRA em agosto. O material foi vendido pelo representante oficial no Brasil, a Technicare Instrumental Cirúrgico, por R$ 65.208, para a AC Consultoria e Assessoria em Saúde, empresa cujo dono é investigado pela Polícia Civil, após denúncias de que se apresentaria em nome do então gerente de saúde da Correios, Marcos Esteves, para propor um esquema de superfaturamento. O mesmo material foi vendido por 1.375% a mais pela empresa O2 Surgical para o Correios. emergência, o que dispensaria a apresentação de três cotações de preços. No entanto, a Guia de Solicitação de Internação da mesma paciente diz o contrário: a operação foi eletiva. Denúncia enviada ao Ministério Público Federal aponta o médico Carlos Alberto Alonso Filho como articulador do esquema. Ele se apresentaria em nome de Esteves, propondo negociatas envolvendo médicos, fornecedores de próteses e hospitais. Em agosto, Esteves afirmou ao EXTRA que não conhecia Carlos Alonso. O esquema envolveria empresas de material cirúrgico. A AC Consultoria, que comprou o material por R$ 65.208 tem como sócios Carlos Alberto Alonso Filho e Aline Gomes de Oliveira. Alonso também é dono do Centro de Clínica Médica e Fisiatria Dr. Carlos Alonso, em Petrópolis, no qual é sócio de Gilberto Silva Cabral. Esse último aparece ainda como sócio da O2 Surgical, empresa que vendeu o material para o Correios por R$ 961.886,56. A estatal informou que Marcos Esteves saiu da gerência de saúde em abril, por “decisão administrativa da empresa”. O Correios afirmou ainda que “as medidas pertinentes a essa ocorrência estão em andamento”. O EXTRA não conseguiu localizar Marcos EsAirton Policarpo de Oliveira, sócio da O2 teves. Surgical, afirmou que não sabe nada sobre Entenda a fraude os negócios da empresa. O EXTRA não conseguiu localizar Carlos Alonso e Gilberto Marcos Esteves era gerente de saúde do Cabral. Correios quando autorizou o pagamento de quase R$ 1 milhão pela lista de 15 itens, entre parafusos, porcas e broca, para uma cirurgia de coluna de uma idosa, dependente Fonte: Jornal Extra de um funcionário aposentado. Um único parafuso ilíaco usado na operação saiu por Data: 18/10/2013 mais de R$ 25 mil, valor equivalente ao de um carro popular zero quilômetro. No documento de autorização de material, há a informação de que a cirurgia foi de