1) A afetividade é um dom de Deus que permite aos seres humanos se relacionarem uns com os outros de forma profunda através da percepção e das emoções.
2) A presença de afeto durante a infância é essencial para o desenvolvimento saudável, enquanto a ausência pode levar a problemas psicológicos.
3) O amor começa com o afeto, que por sua vez está ligado à percepção e desejo de união, servindo de base para a sexualidade humana quando orientada pelo amor.
2. FAMÍLIA: AFETIVIDADE E AFETO
AFETIVIDADE É UM DOM DE DEUS
O mundo afetivo é o lugar da vulnerabilidade, ou seja, pela afetividade o homem é marcado pela realidade que o circunda, pela presença de outras pessoas cujo contato o interpela e, consequentemente, provoca-lhe uma reação.
A afetividade é um dom de Deus.
O homem é corpo e alma. O corpo não é apenas uma somatória de massas e tecidos.
O homem possui vontade e liberdade para escolher as coisas, as circunstâncias e os modos de ação que perpassam a sua afetividade => chamamos de alma ou espírito.
Alma-espiritual unida ao corpo dá ao homem a capacidade de transcender a matéria e assim perceber o que habita no seu interior, tocar no interior do outro e relacionar-se com Deus.
3. A PERCEPÇÃO E A EMOÇÃO
Vida interior do homem, sentimentos, reações e emoções começam com a percepção das coisas ao seu redor e como elas o afetam (tocam).
Percepção e emoção: matérias básicas para entender a vida psíquica do ser humano e sua capacidade de amar.
Percepção: reação dos sentidos às excitações produzidas pelos objetos materiais. Está intimamente ligada ao conhecimento que vem pelos sentidos externos (tato, olfato, visão, paladar, audição) e internos (memória do objeto).
Pela questão emocional a percepção pode ser mais duradoura e forte ou fraca e passageira.
Emoção: reação sensorial provocada pelo objeto, onde, diferentemente da percepção, o que prevalece é o valor do objeto.
4. A PERCEPÇÃO E A EMOÇÃO
Está constatado que a emoção quando é provocada por valores espirituais (bondade, caridade, etc) é bem mais profunda do que aquela que é provocada ou tem como objeto valores materiais.
Quando a percepção se une à emoção, o seu objeto penetra a consciência do homem e grava-se nela com maior nitidez e ganha mais importância. Isto acontece, também, no contato entre pessoas de sexo diferente.
Ex: “a primeira impressão”. Aqui começa o amor humano.
Percepção e emoção são matérias primas para a afetividade e para os afetos.
5. AFETIVIDADE E AFETOS
Afetividade: componente básico do conhecimento e intimamente ligado ao sensorial e intuitivo. Se manifesta pelo clima de acolhimento, empatia, inclinação, desejo, gosto, paixão, ternura, compreensão => para: consigo, os outros e o objeto do conhecimento.
Facilita a comunicação e promove a união. Envolve as pessoas e multiplica suas potencialidades.
No âmbito psicológico: indica o conjunto de sentimentos e das emoções de um indivíduo, além do caráter assumido por um estado psíquico particular.
O percurso de estruturação dos afetos se dá desde o nascimento até a maturidade.
6. AFETIVIDADE E AFETOS
A presença ou ausência do afeto determina a forma com que um indivíduo se desenvolverá: quando uma criança recebe afeto de pessoas significativas, consegue crescer e desenvolver com segurança e determinação.
Ausência ou pouco afeto gera transtornos: depressão, fobias, somatizações, ansiedades generalizadas, homossexualidade, etc.
A afetividade influencia o desenvolvimento cognitivo e comportamental e norteia a inclinação e pulsão sexual.
A vida afetiva é composta por dois afetos básicos: amor e ódio.
7. AFETO, AMOR E SEXUALIDADE
O afeto é a primeira manifestação de amor que encontramos na nossa existência. É natural. É imerecido porque não precisa ter essa ou aquela qualidade para que alguém afete (ame), ou seja afetado (amado) por uma outra pessoa. Porém, não é um sentimento irracional. Não é simples impulso, mas é efetivamente uma procura.
O afeto começa sempre com um primeiro conhecimento, isso porque ninguém é amado sem ser conhecido em precedência.
O afeto carrega sempre consigo uma intenção unitiva que guia as pessoas a procurarem uma posterior união afetiva. Essa dinâmica é a fonte do amor e, por assim dizer, o minadouro da sexualidade.
Distúrbios afetivos causam sérios distúrbios na sexualidade!
8. O AMOR E A SEXUALIDADE HUMANA
Sexualidade Humana: verdade e significado – Orientações educativas em família, 11
Pontifício Conselho para a Família
A sexualidade humana é, portanto, um Bem: parte daquele dom criado que Deus viu ser “muito bom” quando criou a pessoa humana à sua imagem e semelhança e “homem e mulher os criou” (Gn 1,27). Enquanto modalidade de se relacionar e se abrir aos outros, a sexualidade tem como fim intrínseco o amor, mais precisamente o amor como doação e acolhimento, como dar e receber. A relação entre um homem e uma mulher é uma relação de amor: “A sexualidade dever ser orientada, elevada e integrada pelo amor, que é o único a torná-la verdadeiramente humana”.
9. AMOR
Deus Caritas est – Bento XVI
Nº 2: “O Termo “amor” tornou-se hoje uma das palavras mais usadas, e mesmo abusadas, à qual associamos significados completamente diferentes.[..] Em toda esta gama de significados, porém, o amor entre o homem e a mulher [...] sobressai como arquétipo de amor por excelência, de tal modo que, comparados com ele, à primeira vista todos os demais tipos de amor se ofuscam.”
Nº3: “[...] das três palavras gregas relacionadas com o amor – eros, philia (amor de amizade) e agape – os escritos neotestamentários privilegiam a última, que na linguagem grega era quase posta de lado. Quanto ao amor de amizade (philia), este é retomado com um significado mais profundo no Evangelho de João para exprimir a relação entre Jesus e seus discípulos. A marginalização da palavra eros, juntamente com a nova visão do amor que se exprime por meio da palavra agape, denota, sem dúvida, na novidade do cristianismo, algo de essencial e próprio em relação à compreensão do amor.”
10. QUATRO NÍVEIS DE PROFUNDIDADE DA SEXUALIDADE
“SEXO”
Aprofundando
EROS
FILIA
AGAPE
Biológico
Interpessoal - amizade
Amor oblativo, doação
Psicológico - desejo
Dimensão corporal
Dimensão
espiritual
11. Subsídio nº 7 – Escola de Família – Pontifício Instituto João Paulo II para estudos sobre o Matrimônio e Família.
(Pe Raimundo Mário de Santana)
Italo J. Passanezi Fasanella