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COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO DAS VELHAS
PARECER TÉCNICO – AGÊNCIA PEIXE VIVO Nº 002/2019
OUTORGA DE GRANDE PORTE
 PROCESSO No
: 5210/2016
 EMPREENDEDOR: SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA CAPITAL
 EMPREENDIMENTO: SISTEMA DE AMORTECIMENTO DE CHEIAS DA BACIA DO RIBEIRÃO ARRUDAS –
BACIA DE DETENÇÃO BAIRRO DAS INDÚSTRIAS
 MUNICÍPIO: Belo Horizonte – MG.
 CURSO D’ÁGUA: Ribeirão Arrudas.
 FINALIDADE: Controle de cheias.
1. Contextualização
A SUDECAP iniciou em 1995 trabalhos com o intuito de mitigar os impactos adversos decorrentes da
canalização do Ribeirão Arrudas. Em 1999 a elaboração do Plano Diretor de Drenagem Urbana possibilitou o
desenvolvimento de alternativas para tratar os problemas de drenagem identificados.
Desde então têm sido executados projetos para controle de cheias na bacia do Ribeirão Arrudas, tais como o
Programa DRENURBS (que consiste em soluções de naturalização dos córregos), o PAC Arrudas – Projeto de
requalificação urbana e ambiental do Ribeirão Arrudas, o PAC Ferrugem – Projeto de requalificação urbana e
ambiental e controle de cheias do Córrego Ferrugem, entre outros.
O licenciamento do empreendimento Requalificação Urbana e Ambiental do Ribeirão Arrudas ocorreu no
Conselho de Meio Ambiente de Contagem - COMAC, em função da maior parte das obras terem ocorrido no
território pertencente ao município Contagem, e devido ao acordo firmado entre o governo do Estado e os
municípios de Belo Horizonte e de Contagem.
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
2
A Licença de Instalação N.º 02/2008, concedida pelo COMAC em janeiro/2008, foi discutida e emitida antes
da contratação, pelo Município de Belo Horizonte, dos Estudos Hidrológicos/Hidráulicos elaborados pela
empresa COBRAPE para toda a Bacia do Ribeirão Arrudas, no ano de 2009, e após análise dos cenários atual
e futuro, considerando o aumento da impermeabilização na bacia e os dispositivos hidráulicos em execução
e previstos, os estudos apontaram a necessidade da implantação da Bacia de Detenção do Bairro das
Indústrias.
No dia 21 de fevereiro de 2019, o IGAM encaminhou o Parecer Técnico e o Processo de Outorga nº
5210/2016, para apreciação do órgão colegiado do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, com
base nos critérios e normas definidos pela Deliberação Normativa CERH 31, de 2009. Esse procedimento se
deve ao fato de que as obras, serviços ou estruturas de engenharia que possam modificar significativamente
a morfologia ou margem do curso de água ou possam alterar seu regime, tais como a retificação e/ou
canalização de curso de água, são enquadrados como empreendimentos de grande porte e potencial
poluidor, segundo a Deliberação Normativa CERH-MG nº 07/2002 e tais processos de outorga devem ser
também analisados pelo CBH no qual a intervenção está inserida.
2. Intervenção Proposta
A intervenção solicitada pelo empreendedor consiste na escavação e retificação de trecho em leito natural,
de aproximadamente 635 metros do Ribeirão Arrudas, limitado ao norte pelo meandro a montante da seção
de controle paralela, que será instalada próxima à ponte da Avenida Teresa Cristina, e ao sul pela ponte de
acesso à Portaria II da Mannesmann, no bairro das Indústrias conforme apresentado nas Figuras 1 e 2. Esta
intervenção é parte integrante da bacia de detenção e estruturas de controle de vazão e do nível de água
que serão realizadas entre as ruas José Bicalho e Vasco de Azevedo. Tais propostas fazem parte do Projeto
de Reestruturação e Revitalização Ambiental dos Córregos da Bacia do Ribeirão Arrudas com Requalificação
Urbana das suas Áreas de Influência.
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
3
Figura 1 – Localização do trecho de intervenção.
Fonte: Praxis, 2014.
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
4
Figura 2 – Mapa do sistema de amortecimento de cheias da bacia do ribeirão Arrudas.
Fonte: Praxis, 2014.
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
5
A canalização deste trecho do Ribeirão Arrudas considera a retificação de traçado e revestimento estrutural
a montante e em parte da Bacia de Detenção do Bairro das Indústrias, visando proporcionar maior eficiência
para o sistema do reservatório. O trecho contemplado para canalização possui uma vazão de projeto de
326,19m3
/s, definida para um período de retorno de 100 anos.
A escavação prevista busca ampliar o volume de acumulação hídrica para proporcionar maior eficiência ao
sistema de detenção de cheias, como é possível notar na Figura 3, que apresenta as seções transversais
típicas do Ribeirão Arrudas neste trecho, bem como a previsão de escavação.
Figura 3 – Seções transversais atuais do Ribeirão Arrudas e ampliações propostas
Fonte: COBRAPE, 2012
A canalização se trata de um projeto elaborado pela empresa COBRAPE, e será implantada em seção
retangular revestida com colchão reno de malha hexagonal de dupla torção, lastro de rachão e fibra
geotêxtil como demonstrado na Figura 4. Visando reforçar estruturalmente as margens serão utilizados
contrafortes.
Figura 4 – Representação esquemática da seção transversal do canal (sem escala)
Fonte: COBRAPE, 2013
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
6
A jusante do trecho a ser canalizado será implantada uma bacia de detenção com o objetivo de atenuar e
retardar picos de vazões ao longo da calha do Ribeirão Arrudas. Esta intervenção teve seu requerimento de
outorga de barramento sem captação, para fins de regularização de vazão, formalizado em conjunto com
este requerimento para outorga de canalização.
3. Estudos hidrológicos e hidráulicos
Foram realizadas simulações hidráulicas a partir da definição do nível d’água máximo (elevação 906,0m) e da
concepção geométrica do reservatório, demonstrados na Figura 5.
Figura 5 - Elementos geométricos considerados para o reservatório do Bairro das Indústrias.
Fonte: COBRAPE, 2012
O requerente realizou simulações hidráulicas considerando condições de contorno variadas, relacionadas ao
nível de implantação das estruturas de intervenção previstas pela SUDECAP nesta bacia hidrográfica. Para
cada situação foram consideradas as cheias estimadas para TR iguais a 2, 5, 10, 15, 20, 25, 50, 100 e 200
anos. Para as simulações foram considerados os cenários de sistemas de drenagem:
I) Cenário ‘0’: que se refere ao sistema de drenagem existente em 2010, ocasião do início dos estudos
hidrológicos e hidráulicos realizados pela COBRAPE no âmbito do Projeto de Reestruturação e
Revitalização dos Córregos da Bacia do Ribeirão Arrudas com Requalificação Urbana das suas
Áreas de Influência. Considerou-se os trechos canalizados, as seções naturais, os dispositivos de
controle hidráulico existentes e demais elementos que interferem com o escoamento livre dos
canais;
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
7
II) Cenário de Referência: que constitui o ponto de partida ou referência para as implementações
estruturais e não estruturais planejadas pela COBRAPE/SUDECAP para o controle de cheias. Este
cenário evolui, a partir do Cenário 0, incorporando as bacias de detenção já projetadas pela
SUDECAP antes de 2010 para montante, na bacia elementar do córrego Jatobá, e que já
contavam com recursos financeiros assegurados para implantação: bacias de detenção Olaria
Montante, Jatobá Jusante, Túnel R1 e Túnel R2.
III) Cenário 2035: corresponde ao horizonte de 2035, incorporando ao Cenário de Referência as bacias
de detenção projetadas pela COBRAPE/SUDECAP no âmbito do Projeto de Reestruturação e
Revitalização dos Córregos da Bacia do Ribeirão Arrudas com Requalificação Urbana das suas
Áreas de Influência para a área a montante da intervenção analisada neste relatório: bacias de
detenção Olaria Lateral e Jatobá Jusante.
Os hidrogramas da projeção das vazões afluentes e defluentes à Bacia de Detenção, para as simulações
hidráulicas consideradas, são apresentados na Figura 6. A partir desses hidrogramas, foi considerada a
situação que representa o pior cenário de cheias, para definição da vazão de projeto. A situação crítica trata-
se da Situação 1: Vazões afluentes ao reservatório na situação atual considerando o Cenário de Referência. A
infraestrutura de drenagem existente é complementada com as obras de adequação do trecho da
confluência entre os córregos Jatobá e Barreiro e ampliação do trecho inicial da galeria do Ribeirão Arrudas
(conforme Projeto DEOP).
Figura 6 – Reservatório do Bairro das Indústrias – Situações 1 a 5 – Análise da eficiência para o abatimento dos picos
de vazões da cheia estimada para TR = 100 Anos
Fonte: COBRAPE, 2012
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
8
4. Reunião de Apresentação do Projeto e de Esclarecimentos
A Câmara Técnica de Outorga e Cobrança - CTOC do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, em
reunião realizada no dia 25 de março de 2019, teve como ponto de pauta a apresentação e discussão do
Processo de Requerimento de Outorga 5210/2016. Nessa ocasião, o processo foi apresentado para todos os
presentes, onde todos tiveram a oportunidade de fazer questionamentos a respeito das implicações
ambientais e hidráulicas da intervenção proposta.
Dentre os esclarecimentos feitos, o empreendedor justificou que a canalização proposta tem o intuito de
realizar um tratamento das margens do curso d’água, que atualmente apresentam intenso processo erosivo
com liberação de sedimentos das margens, que são constituídas por aterros, e não por solo natural.
Ficou definida, pelos conselheiros, a realização de uma visita técnica na área do empreendimento, agendada
para o dia 08/04/2019.
As questões levantadas foram dirimidas pelos representantes da SUDECAP, com exceção de alguns
questionamentos que foram enviados por e-mail pela CTOC e respondidos pela SUDECAP posteriormente.
As questões solicitadas foram as seguintes:
1) Tendo em vista que a retificação do rio e a impermeabilização parcial da área em que será
instalado o canal irão favorecer o aumento da velocidade de escoamento e o aumento da vazão de
pico. Por outro lado, o aumento do volume do canal (que será escavado) e a instalação do
barramento à jusante do canal irão favorecer a diminuição das vazões de pico. Solicitamos a
apresentação, em termos quantitativos, de simulações das vazões de pico (por meio de hidrogramas
ou simulações da linha d’água, por exemplo) a jusante das estruturas propostas (canal +
barramento), para a situação atual (sem estas estruturas) e para a situação futura (com estas
estruturas). Essa informação terá o intuito de comprovar a relevância da instalação de tais estruturas
para o amortecimento das vazões de pico e controle de cheias na região.
2) Como foi a implantação do processo do Parque Linear do Arrudas e quais níveis de
responsabilidade/apoio incidem sobre a Prefeitura de Belo Horizonte nesse processo? Entendemos
que o licenciamento do Estado reserva essa área para esse nível de empreendimento. Já existe
projeto ou ação para o trecho que se mantém em leito natural, com a finalidade de uso e de
implantação de equipamentos de lazer coletivos e públicos?
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
9
Ao questionamento (2) foi solicitado seu esclarecimento na reunião a ser realizada no dia 16/04/19 e ao
questionamento (1) foi solicitado o esclarecimento o quanto antes.
A SUDECAP enviou o Ofício DVPR4-SD/DPAP-SD nº 0033/2019, em resposta ao questionamento (1), que
consta anexo.
Este ofício reforça as informações que foram apresentadas no projeto de outorga, esclarecendo que o
reservatório terá a capacidade de abater a vazão de pico projetada para após a instalação das estruturas, em
30m³/s, conforme hidrograma apresentado na Figura 7 e conforme Tabela 1.
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
892
894
896
898
900
902
904
906
908
910
912
Bairro das Industrias Plan: 1) TR 100_2010_Ref1 4/3/2012 2)TR 200_2010_Ref1 4/3/2012 3) TR 50_2010_Ref1 4/3/2012 4) TR 25_2010_Ref1 4/3/2012 5) TR 20_2010_Ref1 4/3/2012 6) TR 15_2010_Ref1 4/3/2012 7)TR 10_2010_Ref1 4/3/2012 8)TR 5_2010_Ref1 4/3/2012 9) TR 2_2010_Ref1 4/3/2012
Main Channel Distance (m)
Elevation(m)
Legend
WS Max WS- TR 200_2010_Ref1
WS Max WS- TR 100_2010_Ref1
WS Max WS- TR 50_2010_Ref1
WS Max WS- TR 25_2010_Ref1
WS Max WS- TR 20_2010_Ref1
WS Max WS- TR 15_2010_Ref1
WS Max WS- TR 10_2010_Ref1
WS Max WS- TR 5_2010_Ref1
WS Max WS- TR 2_2010_Ref1
Ground
LOB
ROB
Bairro das Indus Projeto
Figura 7 – Reservatório do Bairro das Indústrias – Situação 1 - Envoltória de níveis d’água máximos para vazões com
TR = 2, 5, 10, 15, 20, 25, 50, 100 e 200 anos.
Fonte: COBRAPE, 2012
Além disso, o ofício ressaltou que “o empreendimento proposto faz parte de um grande arranjo
hidrológico/hidráulico de soluções estruturantes para controle de cheias para o município, com concepção
sistêmica, sendo que a não viabilização do mesmo implicará a ineficácia do sistema para obtenção de
resultados de redução de riscos de inundação em áreas de jusante, principalmente ao longo da Av. Tereza
Cristina”.
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
10
5. Visita à área da intervenção proposta
Ao longo da manhã do dia 08 de abril de 2019, foi realizada uma visita técnica à região do empreendimento,
com representantes: da Agência Peixe Vivo, dos conselheiros da Câmara Técnica de Outorga e Cobrança –
CTOC do CBH Velhas, do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, do subcomitê Ribeirão Arrudas, dos
empreendedores requerentes da outorga, dentre outros. Essa visita possibilitou um diagnóstico geral da
área de entorno do trecho a ser canalizado e uma avaliação da situação atual dos recursos hídricos e
ambientais do local.
Conforme registrado pela empresa de comunicação Tanto Expresso “Para Cecília Rute, integrante da CTOC e
conselheira do Subcomitê Ribeirão Arrudas, uma das grandes preocupações é o impacto ambiental e social
da construção da bacia de detenção. “Aqui não tem problemas de cheias porque a própria vegetação se
tornou uma bacia de detenção. Para que eles vão desmatar, vão suprimir a vegetação que a natureza
recuperou tão bem?”, questiona a conselheira à respeito da proteção das margens do Ribeirão Arrudas, que
há dez anos era ocupado por mais de 1.500 pessoas que foram realocadas, possibilitando que a vegetação
retornasse ao leito do rio.”
Diante de muitas dúvidas sobre o impacto social e ambiental, bem como a necessidade de apresentação de
outras alternativas para o problema com as enchentes, os conselheiros pediram que as dúvidas que não
foram respondidas durante a visita técnica, que pudessem ser esclarecidas na próxima reunião de
deliberação da CTOC, programada para 16 de abril na sede do CBH Rio das Velhas, em Belo Horizonte (MG).
Foi verificado que o curso d’água apresenta grande quantidade de resíduos sólidos e esgotos domésticos
despejados pelas comunidades de seu entorno.
A Figura 8 apresenta a área de entorno do local onde é proposta a canalização do curso d’água e o Anexo
Fotográfico apresenta fotos dessa área geradas no dia da visita ao local.
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
11
Figura 8 – Localização dos pontos de início e fim da canalização proposta.
Fonte: Google Earth, 2019. Elaborado por Agência Peixe Vivo.
6. Considerações gerais
Com base nos estudos apresentados pelo empreendedor, verificou-se que a intervenção proposta por si só
não irá influenciar no controle de cheias do local. No entanto tal intervenção é importante visando
complementar as outras intervenções propostas pelo estudo desenvolvido pela COBRAPE, que propõe um
arranjo hidrológico/hidráulico de soluções estruturantes para controle de cheias para o município, com
concepção sistêmica. Dentre as intervenções propostas estão a canalização objeto deste requerimento de
outorga e o barramento a jusante.
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
12
Nas discussões realizadas com os representantes da SUDECAP verificou-se que a canalização proposta trata-
se de uma intervenção que visa o tratamento das margens do curso d’água, que são bastante suscetíveis à
erosão, o que promoveria o assoreamento acelerado do reservatório proposto à jusante. Além disso, este
canal irá funcionar como um prolongamento do reservatório já que será escavado no intuito de aumentar
sua capacidade em volume de água retido, e com isso aumentar o tempo de detenção hidráulica em eventos
de cheias.
Com relação aos esclarecimentos apresentados pela SUDECAP no Ofício DVPR4-SD/DPAP-SD nº 0033/2019
verificou-se que foram reforçadas as informações hidráulicas apresentadas em projeto, que abordam apenas
a situação futura, após a instalação das estruturas propostas.
Porém não é abordada a situação atual de vazões críticas, e não é abordada a informação dos efeitos de
interferência na velocidade de escoamento ao longo do canal proposto. Tais informações foram solicitadas à
SUDECAP que enviou tais esclarecimentos na manhã do dia 16/04/19, previamente à reunião da CTOC.
Foram esclarecidos os seguintes tópicos pelos técnicos da SUDECAP:
“- O Canal só vai funcionar como canal para vazões baixas (TR 2, 5 anos). A partir disso, o canal
funciona como um reservatório In line, com velocidades muito baixas, que podem ser consideradas
nulas para TR maiores (50/100 anos). Assim, não haverá aumento da velocidade no canal da Bacia de
Detenção, e sim redução.
- Para as condições de funcionamento como canal (TR 2, 5 anos) as velocidades de escoamento a
montante da intervenção (leito natural seção "River Sta>900) são da ordem de 4 - 5m/s que já são
muito superiores aos valores recomendados para canais naturais ou revestimentos vegetais, que
devem ser menor que 4m/s. No trecho da intervenção ("River Sta>900), para essas mesmas vazões
(TR 2 e 5 anos), temos velocidades que chegam a 6,4m/s o que justifica o revestimento em gabião.
Os coeficientes de runnoff do leito natural e gabião utilizados nas simulações são bastante próximos
em virtude da degradação do leito do Arrudas neste ponto.
- Quanto ao funcionamento como BD, na saída das comportas e vertedor há degraus de dissipação
para quebra da maior energia do escoamento, oriunda da carga hidráulica do barramento.”
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
13
7. Conclusão
Considerando que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas tem a competência para aprovar a
outorga de direito de uso de recursos hídricos para empreendimentos de grande porte e com potencial
poluidor, localizados em área de sua atuação, conforme inciso V, art.43 da Lei no
13.199/99;
Considerando o disposto no art.4º da Deliberação Normativa CERH no
31, de 26 de agosto de 2009, que
estabelece os quesitos a serem observados pelos Comitês no exame dos processos de outorga, além do
exame dos pareceres conclusivos elaborados pelos técnicos do IGAM e/ou SUPRAM;
Considerando o Art. 4º da Deliberação Normativa do CBH Rio das Velhas nº 07, de 2014, que estabelece que
a entidade equiparada à agência de bacia hidrográfica deverá realizar a avaliação técnica da outorga
pretendida e encaminhar parecer técnico com conclusões à Presidência do CBH Rio das Velhas e à CTOC.
Considerando que após análise do Processo 5210/2016, a equipe técnica da SUPRAM CM em seu Parecer
Técnico emitido em janeiro de 2019, sugeriu o deferimento da solicitação de outorga para uso de águas
públicas, solicitada pela SUDECAP, com validade de 35 anos.
Considerando o Parecer Técnico da Unidade Regional de Gestão das Águas Central Metropolitana URGA
CM/IGAM, emitido em fevereiro de 2019, que considera satisfatórios os estudos apresentados pela
SUDECAP e é favorável ao deferimento, na modalidade Concessão, da solicitação de outorga de direito de
uso de águas públicas, para canalização/retificação de curso d’água.
A Agência Peixe Vivo, por meio deste Parecer Técnico, recomenda o deferimento pelo Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio das Velhas, do requerimento de outorga de direito de uso de recursos hídricos, objeto do
processo no
5210/2016.
Belo Horizonte, 16 de abril de 2019.
Eng. Flávia Danielle de Souza Mendes
CREA MG-234.155/D
Assessora Técnica da Agência Peixe Vivo
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
14
8. ANEXO FOTOGRÁFICO – VISITA REALIZADA EM 08/04/2019
Figura 5 – Vista geral do curso d’água onde é proposta a implantação da canalização.
PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019
15
Figura 6 – Vista geral da área onde é proposta a implantação da canalização.

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  • 1. COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS VELHAS PARECER TÉCNICO – AGÊNCIA PEIXE VIVO Nº 002/2019 OUTORGA DE GRANDE PORTE  PROCESSO No : 5210/2016  EMPREENDEDOR: SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA CAPITAL  EMPREENDIMENTO: SISTEMA DE AMORTECIMENTO DE CHEIAS DA BACIA DO RIBEIRÃO ARRUDAS – BACIA DE DETENÇÃO BAIRRO DAS INDÚSTRIAS  MUNICÍPIO: Belo Horizonte – MG.  CURSO D’ÁGUA: Ribeirão Arrudas.  FINALIDADE: Controle de cheias. 1. Contextualização A SUDECAP iniciou em 1995 trabalhos com o intuito de mitigar os impactos adversos decorrentes da canalização do Ribeirão Arrudas. Em 1999 a elaboração do Plano Diretor de Drenagem Urbana possibilitou o desenvolvimento de alternativas para tratar os problemas de drenagem identificados. Desde então têm sido executados projetos para controle de cheias na bacia do Ribeirão Arrudas, tais como o Programa DRENURBS (que consiste em soluções de naturalização dos córregos), o PAC Arrudas – Projeto de requalificação urbana e ambiental do Ribeirão Arrudas, o PAC Ferrugem – Projeto de requalificação urbana e ambiental e controle de cheias do Córrego Ferrugem, entre outros. O licenciamento do empreendimento Requalificação Urbana e Ambiental do Ribeirão Arrudas ocorreu no Conselho de Meio Ambiente de Contagem - COMAC, em função da maior parte das obras terem ocorrido no território pertencente ao município Contagem, e devido ao acordo firmado entre o governo do Estado e os municípios de Belo Horizonte e de Contagem.
  • 2. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 2 A Licença de Instalação N.º 02/2008, concedida pelo COMAC em janeiro/2008, foi discutida e emitida antes da contratação, pelo Município de Belo Horizonte, dos Estudos Hidrológicos/Hidráulicos elaborados pela empresa COBRAPE para toda a Bacia do Ribeirão Arrudas, no ano de 2009, e após análise dos cenários atual e futuro, considerando o aumento da impermeabilização na bacia e os dispositivos hidráulicos em execução e previstos, os estudos apontaram a necessidade da implantação da Bacia de Detenção do Bairro das Indústrias. No dia 21 de fevereiro de 2019, o IGAM encaminhou o Parecer Técnico e o Processo de Outorga nº 5210/2016, para apreciação do órgão colegiado do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, com base nos critérios e normas definidos pela Deliberação Normativa CERH 31, de 2009. Esse procedimento se deve ao fato de que as obras, serviços ou estruturas de engenharia que possam modificar significativamente a morfologia ou margem do curso de água ou possam alterar seu regime, tais como a retificação e/ou canalização de curso de água, são enquadrados como empreendimentos de grande porte e potencial poluidor, segundo a Deliberação Normativa CERH-MG nº 07/2002 e tais processos de outorga devem ser também analisados pelo CBH no qual a intervenção está inserida. 2. Intervenção Proposta A intervenção solicitada pelo empreendedor consiste na escavação e retificação de trecho em leito natural, de aproximadamente 635 metros do Ribeirão Arrudas, limitado ao norte pelo meandro a montante da seção de controle paralela, que será instalada próxima à ponte da Avenida Teresa Cristina, e ao sul pela ponte de acesso à Portaria II da Mannesmann, no bairro das Indústrias conforme apresentado nas Figuras 1 e 2. Esta intervenção é parte integrante da bacia de detenção e estruturas de controle de vazão e do nível de água que serão realizadas entre as ruas José Bicalho e Vasco de Azevedo. Tais propostas fazem parte do Projeto de Reestruturação e Revitalização Ambiental dos Córregos da Bacia do Ribeirão Arrudas com Requalificação Urbana das suas Áreas de Influência.
  • 3. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 3 Figura 1 – Localização do trecho de intervenção. Fonte: Praxis, 2014.
  • 4. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 4 Figura 2 – Mapa do sistema de amortecimento de cheias da bacia do ribeirão Arrudas. Fonte: Praxis, 2014.
  • 5. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 5 A canalização deste trecho do Ribeirão Arrudas considera a retificação de traçado e revestimento estrutural a montante e em parte da Bacia de Detenção do Bairro das Indústrias, visando proporcionar maior eficiência para o sistema do reservatório. O trecho contemplado para canalização possui uma vazão de projeto de 326,19m3 /s, definida para um período de retorno de 100 anos. A escavação prevista busca ampliar o volume de acumulação hídrica para proporcionar maior eficiência ao sistema de detenção de cheias, como é possível notar na Figura 3, que apresenta as seções transversais típicas do Ribeirão Arrudas neste trecho, bem como a previsão de escavação. Figura 3 – Seções transversais atuais do Ribeirão Arrudas e ampliações propostas Fonte: COBRAPE, 2012 A canalização se trata de um projeto elaborado pela empresa COBRAPE, e será implantada em seção retangular revestida com colchão reno de malha hexagonal de dupla torção, lastro de rachão e fibra geotêxtil como demonstrado na Figura 4. Visando reforçar estruturalmente as margens serão utilizados contrafortes. Figura 4 – Representação esquemática da seção transversal do canal (sem escala) Fonte: COBRAPE, 2013
  • 6. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 6 A jusante do trecho a ser canalizado será implantada uma bacia de detenção com o objetivo de atenuar e retardar picos de vazões ao longo da calha do Ribeirão Arrudas. Esta intervenção teve seu requerimento de outorga de barramento sem captação, para fins de regularização de vazão, formalizado em conjunto com este requerimento para outorga de canalização. 3. Estudos hidrológicos e hidráulicos Foram realizadas simulações hidráulicas a partir da definição do nível d’água máximo (elevação 906,0m) e da concepção geométrica do reservatório, demonstrados na Figura 5. Figura 5 - Elementos geométricos considerados para o reservatório do Bairro das Indústrias. Fonte: COBRAPE, 2012 O requerente realizou simulações hidráulicas considerando condições de contorno variadas, relacionadas ao nível de implantação das estruturas de intervenção previstas pela SUDECAP nesta bacia hidrográfica. Para cada situação foram consideradas as cheias estimadas para TR iguais a 2, 5, 10, 15, 20, 25, 50, 100 e 200 anos. Para as simulações foram considerados os cenários de sistemas de drenagem: I) Cenário ‘0’: que se refere ao sistema de drenagem existente em 2010, ocasião do início dos estudos hidrológicos e hidráulicos realizados pela COBRAPE no âmbito do Projeto de Reestruturação e Revitalização dos Córregos da Bacia do Ribeirão Arrudas com Requalificação Urbana das suas Áreas de Influência. Considerou-se os trechos canalizados, as seções naturais, os dispositivos de controle hidráulico existentes e demais elementos que interferem com o escoamento livre dos canais;
  • 7. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 7 II) Cenário de Referência: que constitui o ponto de partida ou referência para as implementações estruturais e não estruturais planejadas pela COBRAPE/SUDECAP para o controle de cheias. Este cenário evolui, a partir do Cenário 0, incorporando as bacias de detenção já projetadas pela SUDECAP antes de 2010 para montante, na bacia elementar do córrego Jatobá, e que já contavam com recursos financeiros assegurados para implantação: bacias de detenção Olaria Montante, Jatobá Jusante, Túnel R1 e Túnel R2. III) Cenário 2035: corresponde ao horizonte de 2035, incorporando ao Cenário de Referência as bacias de detenção projetadas pela COBRAPE/SUDECAP no âmbito do Projeto de Reestruturação e Revitalização dos Córregos da Bacia do Ribeirão Arrudas com Requalificação Urbana das suas Áreas de Influência para a área a montante da intervenção analisada neste relatório: bacias de detenção Olaria Lateral e Jatobá Jusante. Os hidrogramas da projeção das vazões afluentes e defluentes à Bacia de Detenção, para as simulações hidráulicas consideradas, são apresentados na Figura 6. A partir desses hidrogramas, foi considerada a situação que representa o pior cenário de cheias, para definição da vazão de projeto. A situação crítica trata- se da Situação 1: Vazões afluentes ao reservatório na situação atual considerando o Cenário de Referência. A infraestrutura de drenagem existente é complementada com as obras de adequação do trecho da confluência entre os córregos Jatobá e Barreiro e ampliação do trecho inicial da galeria do Ribeirão Arrudas (conforme Projeto DEOP). Figura 6 – Reservatório do Bairro das Indústrias – Situações 1 a 5 – Análise da eficiência para o abatimento dos picos de vazões da cheia estimada para TR = 100 Anos Fonte: COBRAPE, 2012
  • 8. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 8 4. Reunião de Apresentação do Projeto e de Esclarecimentos A Câmara Técnica de Outorga e Cobrança - CTOC do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, em reunião realizada no dia 25 de março de 2019, teve como ponto de pauta a apresentação e discussão do Processo de Requerimento de Outorga 5210/2016. Nessa ocasião, o processo foi apresentado para todos os presentes, onde todos tiveram a oportunidade de fazer questionamentos a respeito das implicações ambientais e hidráulicas da intervenção proposta. Dentre os esclarecimentos feitos, o empreendedor justificou que a canalização proposta tem o intuito de realizar um tratamento das margens do curso d’água, que atualmente apresentam intenso processo erosivo com liberação de sedimentos das margens, que são constituídas por aterros, e não por solo natural. Ficou definida, pelos conselheiros, a realização de uma visita técnica na área do empreendimento, agendada para o dia 08/04/2019. As questões levantadas foram dirimidas pelos representantes da SUDECAP, com exceção de alguns questionamentos que foram enviados por e-mail pela CTOC e respondidos pela SUDECAP posteriormente. As questões solicitadas foram as seguintes: 1) Tendo em vista que a retificação do rio e a impermeabilização parcial da área em que será instalado o canal irão favorecer o aumento da velocidade de escoamento e o aumento da vazão de pico. Por outro lado, o aumento do volume do canal (que será escavado) e a instalação do barramento à jusante do canal irão favorecer a diminuição das vazões de pico. Solicitamos a apresentação, em termos quantitativos, de simulações das vazões de pico (por meio de hidrogramas ou simulações da linha d’água, por exemplo) a jusante das estruturas propostas (canal + barramento), para a situação atual (sem estas estruturas) e para a situação futura (com estas estruturas). Essa informação terá o intuito de comprovar a relevância da instalação de tais estruturas para o amortecimento das vazões de pico e controle de cheias na região. 2) Como foi a implantação do processo do Parque Linear do Arrudas e quais níveis de responsabilidade/apoio incidem sobre a Prefeitura de Belo Horizonte nesse processo? Entendemos que o licenciamento do Estado reserva essa área para esse nível de empreendimento. Já existe projeto ou ação para o trecho que se mantém em leito natural, com a finalidade de uso e de implantação de equipamentos de lazer coletivos e públicos?
  • 9. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 9 Ao questionamento (2) foi solicitado seu esclarecimento na reunião a ser realizada no dia 16/04/19 e ao questionamento (1) foi solicitado o esclarecimento o quanto antes. A SUDECAP enviou o Ofício DVPR4-SD/DPAP-SD nº 0033/2019, em resposta ao questionamento (1), que consta anexo. Este ofício reforça as informações que foram apresentadas no projeto de outorga, esclarecendo que o reservatório terá a capacidade de abater a vazão de pico projetada para após a instalação das estruturas, em 30m³/s, conforme hidrograma apresentado na Figura 7 e conforme Tabela 1. 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 892 894 896 898 900 902 904 906 908 910 912 Bairro das Industrias Plan: 1) TR 100_2010_Ref1 4/3/2012 2)TR 200_2010_Ref1 4/3/2012 3) TR 50_2010_Ref1 4/3/2012 4) TR 25_2010_Ref1 4/3/2012 5) TR 20_2010_Ref1 4/3/2012 6) TR 15_2010_Ref1 4/3/2012 7)TR 10_2010_Ref1 4/3/2012 8)TR 5_2010_Ref1 4/3/2012 9) TR 2_2010_Ref1 4/3/2012 Main Channel Distance (m) Elevation(m) Legend WS Max WS- TR 200_2010_Ref1 WS Max WS- TR 100_2010_Ref1 WS Max WS- TR 50_2010_Ref1 WS Max WS- TR 25_2010_Ref1 WS Max WS- TR 20_2010_Ref1 WS Max WS- TR 15_2010_Ref1 WS Max WS- TR 10_2010_Ref1 WS Max WS- TR 5_2010_Ref1 WS Max WS- TR 2_2010_Ref1 Ground LOB ROB Bairro das Indus Projeto Figura 7 – Reservatório do Bairro das Indústrias – Situação 1 - Envoltória de níveis d’água máximos para vazões com TR = 2, 5, 10, 15, 20, 25, 50, 100 e 200 anos. Fonte: COBRAPE, 2012 Além disso, o ofício ressaltou que “o empreendimento proposto faz parte de um grande arranjo hidrológico/hidráulico de soluções estruturantes para controle de cheias para o município, com concepção sistêmica, sendo que a não viabilização do mesmo implicará a ineficácia do sistema para obtenção de resultados de redução de riscos de inundação em áreas de jusante, principalmente ao longo da Av. Tereza Cristina”.
  • 10. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 10 5. Visita à área da intervenção proposta Ao longo da manhã do dia 08 de abril de 2019, foi realizada uma visita técnica à região do empreendimento, com representantes: da Agência Peixe Vivo, dos conselheiros da Câmara Técnica de Outorga e Cobrança – CTOC do CBH Velhas, do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, do subcomitê Ribeirão Arrudas, dos empreendedores requerentes da outorga, dentre outros. Essa visita possibilitou um diagnóstico geral da área de entorno do trecho a ser canalizado e uma avaliação da situação atual dos recursos hídricos e ambientais do local. Conforme registrado pela empresa de comunicação Tanto Expresso “Para Cecília Rute, integrante da CTOC e conselheira do Subcomitê Ribeirão Arrudas, uma das grandes preocupações é o impacto ambiental e social da construção da bacia de detenção. “Aqui não tem problemas de cheias porque a própria vegetação se tornou uma bacia de detenção. Para que eles vão desmatar, vão suprimir a vegetação que a natureza recuperou tão bem?”, questiona a conselheira à respeito da proteção das margens do Ribeirão Arrudas, que há dez anos era ocupado por mais de 1.500 pessoas que foram realocadas, possibilitando que a vegetação retornasse ao leito do rio.” Diante de muitas dúvidas sobre o impacto social e ambiental, bem como a necessidade de apresentação de outras alternativas para o problema com as enchentes, os conselheiros pediram que as dúvidas que não foram respondidas durante a visita técnica, que pudessem ser esclarecidas na próxima reunião de deliberação da CTOC, programada para 16 de abril na sede do CBH Rio das Velhas, em Belo Horizonte (MG). Foi verificado que o curso d’água apresenta grande quantidade de resíduos sólidos e esgotos domésticos despejados pelas comunidades de seu entorno. A Figura 8 apresenta a área de entorno do local onde é proposta a canalização do curso d’água e o Anexo Fotográfico apresenta fotos dessa área geradas no dia da visita ao local.
  • 11. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 11 Figura 8 – Localização dos pontos de início e fim da canalização proposta. Fonte: Google Earth, 2019. Elaborado por Agência Peixe Vivo. 6. Considerações gerais Com base nos estudos apresentados pelo empreendedor, verificou-se que a intervenção proposta por si só não irá influenciar no controle de cheias do local. No entanto tal intervenção é importante visando complementar as outras intervenções propostas pelo estudo desenvolvido pela COBRAPE, que propõe um arranjo hidrológico/hidráulico de soluções estruturantes para controle de cheias para o município, com concepção sistêmica. Dentre as intervenções propostas estão a canalização objeto deste requerimento de outorga e o barramento a jusante.
  • 12. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 12 Nas discussões realizadas com os representantes da SUDECAP verificou-se que a canalização proposta trata- se de uma intervenção que visa o tratamento das margens do curso d’água, que são bastante suscetíveis à erosão, o que promoveria o assoreamento acelerado do reservatório proposto à jusante. Além disso, este canal irá funcionar como um prolongamento do reservatório já que será escavado no intuito de aumentar sua capacidade em volume de água retido, e com isso aumentar o tempo de detenção hidráulica em eventos de cheias. Com relação aos esclarecimentos apresentados pela SUDECAP no Ofício DVPR4-SD/DPAP-SD nº 0033/2019 verificou-se que foram reforçadas as informações hidráulicas apresentadas em projeto, que abordam apenas a situação futura, após a instalação das estruturas propostas. Porém não é abordada a situação atual de vazões críticas, e não é abordada a informação dos efeitos de interferência na velocidade de escoamento ao longo do canal proposto. Tais informações foram solicitadas à SUDECAP que enviou tais esclarecimentos na manhã do dia 16/04/19, previamente à reunião da CTOC. Foram esclarecidos os seguintes tópicos pelos técnicos da SUDECAP: “- O Canal só vai funcionar como canal para vazões baixas (TR 2, 5 anos). A partir disso, o canal funciona como um reservatório In line, com velocidades muito baixas, que podem ser consideradas nulas para TR maiores (50/100 anos). Assim, não haverá aumento da velocidade no canal da Bacia de Detenção, e sim redução. - Para as condições de funcionamento como canal (TR 2, 5 anos) as velocidades de escoamento a montante da intervenção (leito natural seção "River Sta>900) são da ordem de 4 - 5m/s que já são muito superiores aos valores recomendados para canais naturais ou revestimentos vegetais, que devem ser menor que 4m/s. No trecho da intervenção ("River Sta>900), para essas mesmas vazões (TR 2 e 5 anos), temos velocidades que chegam a 6,4m/s o que justifica o revestimento em gabião. Os coeficientes de runnoff do leito natural e gabião utilizados nas simulações são bastante próximos em virtude da degradação do leito do Arrudas neste ponto. - Quanto ao funcionamento como BD, na saída das comportas e vertedor há degraus de dissipação para quebra da maior energia do escoamento, oriunda da carga hidráulica do barramento.”
  • 13. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 13 7. Conclusão Considerando que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas tem a competência para aprovar a outorga de direito de uso de recursos hídricos para empreendimentos de grande porte e com potencial poluidor, localizados em área de sua atuação, conforme inciso V, art.43 da Lei no 13.199/99; Considerando o disposto no art.4º da Deliberação Normativa CERH no 31, de 26 de agosto de 2009, que estabelece os quesitos a serem observados pelos Comitês no exame dos processos de outorga, além do exame dos pareceres conclusivos elaborados pelos técnicos do IGAM e/ou SUPRAM; Considerando o Art. 4º da Deliberação Normativa do CBH Rio das Velhas nº 07, de 2014, que estabelece que a entidade equiparada à agência de bacia hidrográfica deverá realizar a avaliação técnica da outorga pretendida e encaminhar parecer técnico com conclusões à Presidência do CBH Rio das Velhas e à CTOC. Considerando que após análise do Processo 5210/2016, a equipe técnica da SUPRAM CM em seu Parecer Técnico emitido em janeiro de 2019, sugeriu o deferimento da solicitação de outorga para uso de águas públicas, solicitada pela SUDECAP, com validade de 35 anos. Considerando o Parecer Técnico da Unidade Regional de Gestão das Águas Central Metropolitana URGA CM/IGAM, emitido em fevereiro de 2019, que considera satisfatórios os estudos apresentados pela SUDECAP e é favorável ao deferimento, na modalidade Concessão, da solicitação de outorga de direito de uso de águas públicas, para canalização/retificação de curso d’água. A Agência Peixe Vivo, por meio deste Parecer Técnico, recomenda o deferimento pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, do requerimento de outorga de direito de uso de recursos hídricos, objeto do processo no 5210/2016. Belo Horizonte, 16 de abril de 2019. Eng. Flávia Danielle de Souza Mendes CREA MG-234.155/D Assessora Técnica da Agência Peixe Vivo
  • 14. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 14 8. ANEXO FOTOGRÁFICO – VISITA REALIZADA EM 08/04/2019 Figura 5 – Vista geral do curso d’água onde é proposta a implantação da canalização.
  • 15. PARECER TÉCNICO – AGBPV Nº 001/2019 15 Figura 6 – Vista geral da área onde é proposta a implantação da canalização.