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Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
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IMERSÃO ÁGIL:
CHECAGEM
DE REALIDADE
EM POLÍTICAS
PÚBLICAS
IMERSÃO ÁGIL:
CHECAGEM
DE REALIDADE
EM POLÍTICAS
PÚBLICAS
Relato da aplicação
da metodologia em
um projeto da Enap
Elisabete Ferrarezi
e Joselene Lemos
GNova – Laboratório de
Inovação em Governo
INOVAÇÃO NA PRÁTICA
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
32
Elisabete Ferrarezi
e Joselene Lemos
GNova – Laboratório de
Inovação em Governo
Enap, Brasília/2018
Escola Nacional de Administração Pública – Enap
Presidente
Francisco Gaetani
Diretor de Educação Continuada
Paulo Marques
Diretora de Formação Profissional e Especialização
Iara Cristina da Silva Alves
Diretora de Gestão Interna
Camile Sahb Mesquita
Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu
Fernando de Barros Filgueiras
Diretor de Inovação e Gestão do Conhecimento
Guilherme Alberto Almeida de Almeida
Equipe GNova – Laboratório de Inovação em Governo
Antônio Claret Campos Filho – Coordenador-Geral de Inovação
Andrea Marina Lins Lacerda
Carolina Sólia Nasser
Daniela Gomes Metello
Elisabete Ferrarezi
Gabriela Miyuki Shimabukuro Katto
Guilherme Augusto Faria de Moraes-Rego
João Augusto Sobreiro Sigora
Joselene Pereira Lemos
Letícia Koeppel Mendonça
Manuel Ruas Pereira Coelho Bonduki
Equipe facilitadora no projeto Capacitação
Anne Berg – MindLab
Elisabete Ferrarezi – GNova/Enap
Isabella von Mühlen Brandalise – MindLab
Letícia Koeppel Mendonça – GNova/Enap
Manuel Ruas Pereira Coelho Bonduki – GNova/Enap
Concepção editorial – Coleção Inovação na Prática
Elisabete Ferrarezi
Guilherme Alberto Almeida de Almeida
Isabella von Mühlen Brandalise
Joselene Pereira Lemos
Revisão
Paulo Ivan Rodrigues Vega Júnior
Projeto gráfico e diagramação
Isabella von Mühlen Brandalise
IMERSÃO ÁGIL:
CHECAGEM
DE REALIDADE
EM POLÍTICAS
PÚBLICAS
Relato da aplicação
da metodologia em
um projeto da Enap
INOVAÇÃO NA PRÁTICA
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
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Apresentação
Introdução
Objetivos, quando usar e participantes
Relato da aplicação da Imersão Ágil em um projeto da Enap
1. Preparação
2. Conversa inicial com gestores
3. Oficina com especialistas
4. Pesquisa de campo
5. Oficina de resultados com gestores
Considerações finais
Notas
Sobre o GNova
SUMÁRIO
Catalogado na fonte pela Biblioteca Graciliano Ramos da Enap
Ferrarezi, Elisabete
Imersão ágil: checagem de realidade em políticas públicas: relato da
aplicação da metodologia em um projeto da Enap / Elisabete Ferrarezi,
Joselene Lemos. – Brasília: Enap, 2018.
72 p. : il. – (Coleção Inovação na Prática)
ISBN: 978-85-256-0094-3
1. Inovação – Administração Pública. 2. Políticas Públicas. I. Título.
II. Lemos, Joselene.
CDU 005.59:35
F374i
Ficha catalográfica elaborada por: Daiane da Silva Yung Valadares – CRB1/2802
Este trabalho está sob a Licença Creative Commons
Atribuição: Não Comercial
Compartilha Igual 4.0 Internacional
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
76
É com satisfação que a Enap, por meio de seu Laboratório de Ino-
vação em Governo – GNova, lança esta publicação resultante de
um trabalho realizado em parceria com o laboratório dinamar-
quês MindLab. Trata-se do relato de aplicação da metodologia
Imersão Ágil ao projeto Capacitação para incentivo à inovação
na administração pública federal, realizado em 2017, na Enap.
Nessa ocasião, a metodologia foi transferida para o GNova por
uma consultora do MindLab, criador do método, durante o desen-
volvimento do projeto.
Inaugurado na Dinamarca, em 2002, o MindLab é um labora-
tório de inovação em governo que aplica a abordagem do design
em contextos de processos participativos, buscando aproximar o
serviço público dos cidadãos.
O projeto é parte da cooperação entre o Ministério de Negócios
e Crescimento do Reino da Dinamarca, o Ministério do Planejamen-
to, Desenvolvimento e Gestão (MPDG) e a Escola Nacional de Admi-
nistração Pública (Enap) para desenvolvimento dos temas inovação
e digitalização visando à transparência e eficiência da gestão go-
vernamental. No âmbito dessa cooperação, o MindLab tem como
objetivo contribuir para o desenvolvimento do GNova por meio de
capacitação da equipe em projetos de inovação e facilitação.
Reforçando sua trajetória de iniciativas para a modernização
da gestão pública, a Enap e o MPDG inauguraram, em agosto de
2016, o Laboratório de Inovação em Governo – GNova, unidade
APRESENTAÇÃO
voltada para o desenvolvimento de soluções criativas para pro-
blemas públicos com o uso de metodologias e abordagens mul-
tidisciplinares inspiradas no design, ciências sociais, economia
comportamental e gestão pública. O GNova também atua na
prospecção, experimentação e disseminação de novas tendências
e abordagens para a inovação em serviços e políticas públicas.
Espera-se que o servidor tenha capacidade de compreender os
problemas públicos, com os quais se depara, em toda sua comple-
xidade e multimensionalidade, mantendo foco nas necessidades
e direitos dos cidadãos. É com este intuito que ferramentas oriun-
das do design vêm sendo utilizadas por governos de todo o mundo
– dentro e fora de laboratórios de inovação – para produzir servi-
ços e políticas públicas adequadas às demandas da sociedade. A
Imersão Ágil pertence a esse conjunto de metodologias focadas
em soluções próximas aos usuários dos serviços e beneficiários
das políticas públicas.
Gostaríamos, por fim, de agradecer ao MindLab e ao governo da
Dinamarca por mais este fruto da parceria estabelecida em 2016.
Boa leitura!
Guilherme Alberto Almeida de Almeida
Diretor de Inovação e Gestão do Conhecimento
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
98
Este relato apresenta a metodologia Imersão Ágil e as lições
aprendidas quando de sua aplicação ao projeto Capacitação para
incentivo à inovação na administração pública federal da Escola
Nacional de Administração Pública – Enap durante o período de
16 a 23 de agosto de 2017. A realização desse trabalho foi uma
ação de capacitação do tipo learn by doing (aprender fazendo)
aplicada a um projeto da Coordenação-Geral de Educação Exe-
cutiva, subordinada à Diretoria de Educação Continuada da Enap
(DEC/Enap), tendo sido realizada por uma equipe conjunta dos
dois laboratórios – GNova e MindLab.
Imersão Ágil, como traduzimos do original, em inglês, Practi-
ce Check (checagem da realidade), é uma metodologia destinada
a envolver rapidamente especialistas, usuários e demais atores
interessados na busca por entendimento ou criação de soluções
para um problema ou desafio do setor público.
Este relato tem por objetivo registrar o aprendizado, em um
caso específico, e disseminar a prática para organizações e labo-
ratórios, uma vez que o experimento foi considerado um modelo
eficaz pelos participantes.
INTRODUÇÃO
Na primeira seção, são apresentados os objetivos da Imersão
Ágil. Em seguida, apresenta-se o relato do caso, as atividades rea-
lizadas, produtos esperados e os aprendizados alcançados em
cada uma das cinco etapas de aplicação do método ao projeto
Capacitação para incentivo à inovação na administração pública
federal. Por fim, são sistematizados os principais aprendizados e
os resultados que a equipe teve com o experimento.
A metodologia traduz alguns dos valores e das diretrizes que o
GNova emprega na condução das atividades: colaboração, proa-
tividade, abertura ao risco, atuação em rede, empatia e foco no
usuário, experimentação e geração de valor público. Por reunir
qualidades tão necessárias à inovação no setor público, espe-
ra-se que o relato da aplicação sirva de inspiração para outras
equipes que queiram testar e adaptar a metodologia em outros
contextos, projetos e desafios de inovação no setor público.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
1110
O Mindlab, em sua experimentação de design e métodos ágeis1
em projetos de inovação, identificou a necessidade de criar algo
mais adaptado às condições do serviço público, que mantivesse
as características de ser um processo rápido e contasse com a
participação e respaldo de dirigentes das organizações. Nascia
o Practice Check, um teste de realidade que torna possível, em
pouco tempo, entender, na prática, como as iniciativas de polí-
ticas e serviços públicos funcionam e como respondem às de-
mandas dos usuários. Após dois experimentos, o GNova decidiu
denominar a metodologia Imersão Ágil: checagem de realidade
em políticas públicas (IMA).
OBJETIVOS, QUANDO USAR
E PARTICIPANTES
AImersãoÁgiléumametodologiaquerapidamente
envolveespecialistas,usuáriosedemaisatores
interessadosparagerarentendimentodarealidadeecriar
soluçõesparaumproblemaoudesafiorelacionadoaum
serviço,aumapráticadegestãoouaumapolíticapública.
A utilização desse tipo de metodologia se justifica pela possibili-
dade de existência de uma grande distância entre as concepções
dos formuladores de políticas, os usuários finais do serviço e os
servidores que têm de por em prática essas concepções traduzi-
das na gestão, nos regulamentos e em relações que se realizam
no processo de implementação.
Foto: Marina Lins Lacerda (GNova/Enap)
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
1312
Cedo e de forma rápida, a metodologia reúne os atores envol-
vidos no problema ou desafio a fim de:
•	 Gerar ideias, protótipos, testar novos conceitos e práticas ou ex-
plorar a implementação de soluções.
•	 Entender como uma iniciativa é interpretada e traduzida na prá-
tica, como está funcionando ou como poderia funcionar melhor.
•	 Identificar se a iniciativa cria o valor esperado para os cidadãos.
A Imersão Ágil é indicada para processos de ideação, avaliação
de novos conceitos ou exploração da implementação de políticas
públicas, conforme apontado na figura abaixo:
Fonte: Adaptado
de MindLab, 2017
NEGOCIAÇÃO
POLÍTICA E
INSTITUCIONAL
DESENHO
DA POLÍTICA
FORMAÇÃO
DA AGENDA
RESULTADOS
INESPERADOS E
EXTERNALIDADES
PREPARAÇÃO PARA
IMPLEMENTAÇÃO
IMPLEMENTAÇÃO
MONITORAMENTO
E AVALIAÇÃO
RESULTADOS
ESPERADOS
IMA NO CICLO
DE POLÍTICAS
PÚBLICAS
Enquanto processo de “checagem de realidade”, a Imersão
Ágil tem um escopo bem delimitado e não pretende esgotar a
complexidade da iniciativa investigada mas, sim, oferecer contri-
buições a partir da visão de especialistas, dos usuários e dos res-
ponsáveis pelo serviço ou política com o propósito de apoiar os
gestores com informações qualificadas em suas decisões.
O processo tem curta duração, de três a seis semanas de tra-
balho. A etapa preparatória e a conversa inicial com os gestores
duram de uma a quatro semanas e demandam pesquisa e muita
conversa com a equipe do projeto; as etapas subsequentes, 3 a 5,
têm duração de até duas semanas.
O quadro a seguir lista as etapas com as respectivas estimati-
vas de duração.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
1514
Fonte: Adaptado de
MindLab, 2017
ETAPA 1 ETAPA 2
Preparação Conversa inicial
com gestores
Etapas 1 e 2
distribuídas ao longo
de até 4 semanas
Intervalo
de 1 semana
entre etapas
2 e 3
ETAPAS DA
IMERSÃO ÁGIL
ETAPA 3 ETAPA 4 ETAPA 5
Oficina com
especialistas
Síntese da oficina Síntese da pesquisa
Conversa com o
gestor responsável
pelo problema
Pesquisa
de campo
Oficina de
resultados com
gestores
Etapas 3, 4 e 5
distribuídas ao longo
de até 2 semanas
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
1716
QUEM PARTICIPA E
EM QUAIS ETAPAS
EQUIPE
PRINCIPAL
É composta, em geral, por dois facili-
tadores com domínio da metodologia
e dois membros da equipe do gestor
responsável pelo problema ou desafio,
que devem estar engajados em todas
as etapas. É importante a participação
dos membros com domínio da metodo-
logia para conduzir o processo, asse-
gurando a boa aplicação dos métodos.
Os membros da equipe do gestor res-
ponsável são importantes pelo conhe-
cimento específico no desafio, além de
estarem incumbidos de trabalhar na
questão posteriormente.
GESTORRESPONSÁVEL
PELOPROBLEMA
É o(a) servidor(a) que tem a atribuição
de enfrentar o problema ou desafio e
levar o projeto adiante pós-Imersão
Ágil. Participa da preparação, da con-
versa inicial com gestores e da oficina
de resultados com gestores. Sua par-
ticipação é essencial para garantir a
continuidade do projeto.
DIRIGENTEDOGESTOR
RESPONSÁVELPELOPROBLEMA
Trata-se do(a) dirigente comprometi-
do(a) com o problema, provavelmente
o superior do gestor responsável pelo
problema. Participa da conversa ini-
cial com gestores e oficina de resulta-
dos com gestores. A sua presença refor-
ça a relevância da demanda, além de
garantir patrocínio e legitimidade para
dar continuidade pós-Imersão Ágil.
GESTORINTERESSADO
NOPROBLEMA
É o(a) dirigente que será favorecido
com a solução do problema em ques-
tão. Participa da conversa inicial com
gestores e da oficina de resultados. A
sua presença também reforça a re-
levância da demanda, e estabelece
comprometimento público da equi-
pe responsável pelo problema em dar
continuidade pós-Imersão Ágil.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
1918
ESPECIALISTASEPESSOASCOM
EXPERIÊNCIANOASSUNTO
Nesse grupo, busca-se abranger o co-
nhecimento explícito e tácito. Os espe-
cialistas agregam conhecimento sobre
a questão, qualificando a discussão; já
as pessoas com experiência no assunto
trazem entendimentos sobre as dificul-
dades e motivações de se lidar com a
questão na vida real. Esse público par-
ticipa da oficina com especialistas e en-
volve de 5 a 10 pessoas.
PESSOASAFETADASDIRETAMENTEPELO
PROBLEMA(USUÁRIASFINAIS)
O tipo de usuário vai depender do de-
safio em questão (pode ser um cidadão
que utiliza um serviço ou um servidor
que realiza um trabalho num proces-
so). A finalidade das entrevistas que são
realizadas com essas pessoas é enten-
der, em profundidade, as suas necessi-
dades e seus contextos a fim de iden-
tificar oportunidades de inovação. Esse
grupo, em geral, envolve pessoas com
experiência prática no problema ou
desafio, muitas vezes casos extremos
e diretamente afetadas pelo resultado
do projeto. O ideal é entrevistar entre
4 e 6 pessoas.
Apresenta-se, a seguir, o relato do caso indicando as etapas
da metodologia, os produtos esperados e os aprendizados
alcançados em sua aplicação ao projeto Capacitação para
incentivo à inovação na administração pública federal. As
etapas são: preparação, conversa inicial com gestores, ofici-
na com especialistas, pesquisa de campo e oficina de apre-
sentação de resultados aos gestores.
Ilustrações: MindLab
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
2120
RELATO DA APLICAÇÃO DA IMERSÃO
ÁGIL EM UM PROJETO DA ENAP2
1. PREPARAÇÃO
O que queremos saber sobre o problema ou desafio?
A etapa 1 envolve a interação direta da equipe principal com o
gestor responsável pelo problema ou desafio e é dedicada à logís-
tica, à delimitação do problema a ser pesquisado e à elaboração
das hipóteses para o seu enfrentamento. É importante discutir o
contexto do problema para: conhecer suas causas, consequências
e atores envolvidos; delimitar o escopo de atuação da Imersão
Ágil; e definir membros e responsabilidades da equipe principal.
A definição inicial do problema é etapa chave para o trabalho
e pode sofrer ajustes ao longo do processo. Nessa fase, a qualida-
de das informações levantadas é fundamental para a pactuação
dos produtos e resultados esperados.
Essa etapa dura de uma a quatro semanas, a depender do es-
copo do trabalho e dos recursos disponíveis.
A preparação da Imersão Ágil para o projeto Capacitação pa-
ra incentivo à inovação na administração pública federal da Enap
(doravante chamado apenas de Capacitação) foi realizada com
antecedência de duas semanas e envolveu as seguintes atividades:
• 	 Realização de conversa inicial com o responsável pelo proble-
ma, Coordenador-Geral de Educação Executiva da DEC/Enap,
para definição do escopo de atuação da Imersão Ágil.
• 	 Composição e definição dos papeis da equipe de facilitadores:
técnicos do MindLab e do GNova.
• 	 Realização de pesquisa sobre o tema: competências para ino-
vação no setor público.
• 	 Elaboração do documento base do projeto pelo gestor respon-
sável pelo problema.
• 	 Elaboração do cronograma de atividades.
• 	 Identificação dos atores relevantes convidados a participar de
cada etapa.
• 	 Elaboração e envio de convites para os participantes.
A primeira atividade desenvolvida na etapa de preparação do proje-
to Capacitação foi a definição do problema, o foco da Imersão Ágil.
O problema deve ser específico, relevante, oportuno e bem deli-
mitado. Como se tratava da primeira experiência de aplicação, foi
selecionado um problema comum ao GNova e à Diretoria de Edu-
cação Continuada da Enap. Ambos estavam com o desafio de apoiar
o Governo Federal no processo de formação de servidores públicos
para a inovação, proposto pelo Ministério do Planejamento, Desen-
volvimento e Gestão. Por isso, o tema escolhido foi: Capacitação
para incentivo à inovação na administração pública federal.
Após conversa com o Diretor e o Coordenador-Geral de Educa-
ção Executiva da DEC/Enap, responsável pelo desenvolvimento do
tema, a equipe realizou pesquisa bibliográfica sobre as competên-
cias necessárias aos servidores públicos para produzir inovação,
auxiliando a elaboração do documento base do projeto apresen-
tado aos participantes da etapa 2. Conversa inicial com os gestores.
De forma sintética e conforme apresentado a seguir, o documento
base elaborado para o projeto Capacitação abordou: a) definição ini-
cial do problema proposto para a Imersão Ágil; b) hipóteses iniciais
sobre as competências de inovação necessárias aos servidores pú-
blicos; e c) resultados e produtos desejados da Imersão Ágil.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
2322
sistêmico; aplicação de tecnologias
emergentes; etnografia aplicada; uti-
lização mídias; e pensamento visual.
c) Desenvolvimento de habilidades pa-
ra trabalhar colaborativamente com
cidadãos e empresas: mapeamen-
to de atores; mediação de processos
criativos; engajamento de atores, e
criação de base comum de atuação.
d) Desenvolvimento de habilidades pa-
ra mobilizar e dar legitimidade a mu-
danças: empreendedorismo público;
criação de valor público; criação de
narrativa e promoção; liderança pa-
ra a inovação.
e) Desenvolvimento da capacidade de
reflexão e geração de conhecimen-
tos em inovação no setor público:
pesquisas sobre inovação em gover-
no; desafios conceituais; e desenvol-
vimento de ferramentas adaptadas
ao setor público.
Definição inicial do problema proposto
para a Imersão Ágil
Quais competências e quais temas os
cursos da Enap devem desenvolver para
criar ou aumentar a capacidade de ino-
var dos servidores públicos federais?
• 	 Quais cursos oferecidos pela Enap
contribuem para gerar ou aumentar
a capacidade de inovar dos servido-
res públicos?
• 	 Quais competências e componentes
programáticos, que poderiam estar
presentes nessas ofertas, estão fal-
tando para cumprir esse objetivo?
• 	 Quais são os outros cursos/ações que
poderiam ser desenhados e quais
competências podem ser desenvolvi-
das para criar ou aumentar a capaci-
dade de inovação?
Hipóteses iniciais sobre as competên-
cias de inovação necessárias aos servi-
dores públicos
Como ponto de partida para se pensar
a criação de capacidades de inovação,
a bibliografia apontada por instituições
que vêm construindo conhecimento no
tema foi utilizada enquanto referência3
.
Foi feita uma síntese das competên-
cias necessárias para inovação:
a) Desenvolvimento de atitudes para
experimentar e trabalhar com de-
safios públicos: curiosidade; pensa-
mento crítico; imaginação; agilidade;
foco na prática/ação; empatia; foco
nos efeitos na vida real; insurgência;
resiliência; e colaboração.
b) Desenvolvimento de habilidades pa-
ra explorar, testar ideias e validar
soluções: design thinking e cocria-
ção; prototipagem e iterações; apli-
cação de ciência de dados e uso de
evidências; pensamento complexo e
Resultados e produtos
desejados da Imersão Ágil
a) Amadurecer ideias para uma espécie
de “guia” de cursos de inovação.
b) Elaborar recomendações para no-
vos cursos (competências, conteú-
dos programáticos e oferta de novas
ações).
Relato da aplicação
RESUMO DO DOCUMENTO BASE
DO PROJETO CAPACITAÇÃO
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
2524
ETAPA 2
Conversa
inicial com
gestores
ETAPA 3
Oficina com
especialistas
Síntese da
oficina
Conversa
com o gestor
responsável
pelo problema
ETAPA 4
Síntese da
pesquisa
Pesquisa de
campo
ETAPA 5
Oficina de
resultados
com gestores
ETAPA 1
PREPARAÇÃO
Quem: equipe principal
e gestor responsável
pelo problema
Duração: 1 a 4 semanas,
a depender de recursos
disponíveis
Objetivos: entender o
contexto do problema;
compor equipe
principal (facilitadores
e equipe responsável
pelo problema);
definir programação e
organizar logística para
as próximas etapas
APRENDIZADOS
O método é ágil, mas é intenso. Quanto mais focado, mais eficaz.
Ele não resolve todas as questões relacionadas ao problema, por
isso, a delimitação do escopo e das hipóteses para buscar a resolu-
ção são fundamentais para se conseguir obter resultados efetivos.
DICAS
• 	 Converse com o gestor responsável pelo problema sobre
quem pode ser convidado para a pesquisa de campo e consi-
dere, além dessas indicações, outras pessoas que possuem ex-
periência com o tema ou sejam por ele afetadas.
• 	 Informe, com antecedência, aos participantes sobre a agenda
e sobre o que será feito.
• 	 Caso o foco do problema ainda não esteja suficientemente cla-
ro para os participantes, sugere-se utilizar alguma ferramenta
que auxilie essa definição, como a árvore de problemas.
MATERIAIS
Documento base (na página 26, segue uma breve explicação sobre
a estrutura do documento), ferramenta árvore de problemas4
, do-
cumentos sobre a política ou serviço objeto do trabalho.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
2726
O documento base registra as informações sobre o contexto
e definição do problema a fim de alinhar conhecimentos
e entendimentos entre os participantes da Imersão Ágil.
Tal registro deve conter:
•	 Contexto histórico, político e institucional nos quais
o problema se insere, com visualização dos fatos,
circunstâncias e atores envolvidos.
• 	 Problema ou desafio principal passível de solução. Perguntas:
Qual é o conflito, desafio ou questão que será objeto de
reflexão? Quais são suas características? O que se deseja
solucionar? Que conhecimento se pretende aprofundar?
• 	 Hipóteses que apontam conceitos ou propostas de soluções
para o enfrentamento do problema. Constituem respostas
provisórias às perguntas a serem confirmadas ou rejeitadas
em investigações e testes com usuários. É recomendável não
levantar muitas hipóteses para facilitar os testes. Pergunta:
O que precisamos alcançar?Preparação do
documento base no
projeto Capacitação.
Fotos: Anne Berg (MindLab)
2. CONVERSA INICIAL COM GESTORES
Que problema ou desafio precisamos enfrentar?
Na etapa 2, a conversa inicial com os gestores é o momento no
qual são alinhados conhecimentos e entendimentos sobre o pro-
blema, bem como são revistas as hipóteses e os resultados espe-
rados da Imersão Ágil. Participam dessa etapa a equipe principal,
o gestor responsável pelo problema, o dirigente do gestor respon-
sável pelo problema e o gestor interessado no problema. A dura-
ção estimada para essa conversa é de 1,5h a 2h5
.
O produto dessa etapa é ter o problema definido, as hipóteses
e os produtos da Imersão Ágil revistos e validados pelos gestores
que trabalham diretamente no problema e a sua chefia.
No projeto Capacitação, a realização da conversa inicial com
os gestores envolveu:
• 	 Apresentação da metodologia e dos objetivos da Imersão Ágil.
• 	 Apresentação do problema pelo Coordenador-Geral de Educa-
ção Executiva da Enap, responsável pelo projeto.
• 	 Apresentação da lista de convidados para a oficina com espe-
cialistas e da pesquisa de campo e validação do cronograma.
• 	 Ajuste e validação do desafio e das hipóteses iniciais sobre o
problema e também dos resultados esperados ao final.
• 	 Definição dos papeis e responsabilidades entre a equipe prin-
cipal: facilitadores e equipe responsável pelo problema.
Participaram dessa etapa6
: equipe principal do GNova e MindLab
(facilitadores), Diretor de Modernização da Secretaria de Gestão
do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (ges-
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
2928
ETAPA 2
CONVERSAINICIAL
COMGESTORES
Quem: equipe
principal, dirigente
e gestor responsável
pelo problema e
gestor interessado no
problema
Duração: 1,5 a 2h
Objetivos: definir
problema ou desafio,
hipóteses e resultados
esperados (escopo da
imersão); definir papeis
dos participantes
ETAPA 1
Preparação
ETAPA 3
Oficina com
especialistas
Síntese da
oficina
Conversa
com o gestor
responsável
pelo problema
ETAPA 4
Síntese da
pesquisa
Pesquisa de
campo
ETAPA 5
Oficina de
resultados
com gestores
tor interessado no problema), Diretor da DEC (dirigente do gestor
responsável pelo problema), Coordenador-Geral de Educação
Executiva (gestor responsável pelo problema), Diretor de Inova-
ção e Gestão do Conhecimento (GNova). Esse momento durou
apenas uma hora e meia e constituiu, em si, um exercício de diá-
logo objetivo. Para isso, foram utilizadas técnicas de visualização
em cartelas e post-its para discussão do enunciado do problema.
Como havia várias hipóteses a serem testadas, as prioridades fo-
ram indicadas por meio de voto individual.
Após a discussão, o problema foi revisto e delimitado em duas
perguntas:
• 	 Quais das atividades oferecidas pela Enap aos servidores con-
tribuem para gerar ou aumentar a capacidade de inovar com
foco na entrega de serviços públicos à sociedade?
• 	 Quais competências e componentes programáticos ainda es-
tão faltando para cumprir esse objetivo e poderiam estar pre-
sentes em futuras ofertas?
As hipóteses, relacionadas a competências para gerar ou aumen-
tar a capacidade de inovar dos servidores públicos, foram sinteti-
zadas e ganharam um título:
a) Problemas da vida real – Trabalhar com problemas reais com
foco nos seus efeitos reais nas aulas.
b) Colaboração – Mapear e engajar atores relevantes de um pro-
blema nos processos de definição, exploração e solução.
c) Empatia – Focar no entendimento dos atores afetados, seus
contextos e suas necessidades com mente aberta.
d) Experimentação – Especificar objetivos concretos de aprendi-
zado e testar ideias cedo no processo.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
3130
Fotos: Manuel Bonduki (GNova/Enap)
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
3332
DICAS
• 	 Tenha um diálogo objetivo. Use técnicas de visualização em
cartelas e post-its para discussão do enunciado do problema e
das hipóteses. Se houver várias hipóteses a serem testadas, re-
comenda-se definir prioridades por meio de voto individual.
• 	 A organização prévia do material e da logística confere agili-
dade às discussões.
Com o objetivo de torná-los tangíveis e úteis para os gestores,
os resultados esperados para a Imersão Ágil também foram re-
vistos:
• 	 Identificar ideias para elaborar guia de cursos de inovação.
• 	 Levantar ideias e recomendações (competências, conteúdos
programáticos e oferta de novas ações) para desenho de no-
vos cursos.
Ao final dessa etapa, a equipe principal planejou a oficina com
especialistas, definindo como o desafio seria trabalhado, se have-
ria divisão dos participantes em grupos para facilitar a exposição
de todos os pontos de vista, como seria o tratamento de questões
específicas e se haveria, ou não, construção de protótipos.
APRENDIZADOS
• 	 É importante dedicar tempo à estruturação e à definição do
problema, que deve ser concreto, específico e possível de ser
respondido no período da Imersão Ágil. Um problema muito
amplo e complexo, com muitas variáveis, não é adequado pa-
ra ser tratado com essa metodologia.
• 	 Atentar para que os resultados esperados sejam factíveis e re-
levantes para os envolvidos.
• 	 O documento base deve estar bem alinhado às necessidades
do responsável pelo problema.
• 	 É fundamental para o processo contar com membros da equi-
pe responsável pelo problema na composição da equipe prin-
cipal da Imersão Ágil.
• 	 Nessa primeira oficina, os participantes têm oportunidade de
conhecer melhor suas agendas e prioridades.
Conversa inicial
com gestores
no projeto
Capacitação.
Foto: Manuel Bonduki (GNova/Enap)
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
3534
3. OFICINA COM ESPECIALISTAS
O que os especialistas têm a dizer sobre o problema
ou desafio proposto?
Nessa terceira etapa, são reunidos atores com conhecimento
aprofundado (especialistas) e com experiência prática relevante
para o enfrentamento do problema ou desafio. O objetivo é iden-
tificar outras informações, rever as hipóteses e gerar insumos para
elaborar o roteiro de entrevistas a ser aplicado na pesquisa de
campo. A oficina com especialistas tem duração de 3 a 4h, seguida
de também 3 a 4h para análise e sistematização dos achados pela
equipe principal e, ainda, 30 a 40 minutos de conversa com o ges-
tor responsável pelo problema para compartilhamentos dos re-
sultados e realização de eventuais ajustes. Tal conversa é funda-
mental para que se alcance os resultados esperados do método.
Equipe principal e participantes com conhecimento ou expe-
riência prática sobre o problema participam dessa etapa.
No projeto Capacitação, a oficina com especialistas teve iní-
cio com uma apresentação sobre a Imersão Ágil e os objetivos
do trabalho do dia, seguida da apresentação do desafio e das hi-
póteses para sua resolução. A oficina teve como produto a entre-
ga das hipóteses revistas e validadas que, no caso, eram as com-
petências necessárias aos servidores públicos para a geração de
inovação em suas práticas.
Antes do início do debate em grupo, foram destinados alguns
minutos para que os participantes pudessem refletir sobre o pro-
blema e as hipóteses. O trabalho em grupo foi preparado pre-
viamente, visando o compartilhamento de forma estruturada dos
conhecimentos, ideias e experiências dos especialistas.
• 	 O facilitador deve estar preparado para aplicar as técnicas,
controlar o tempo e se manter atento para que todos tenham
oportunidade de fala.
• 	 É recomendável definir poucas hipóteses a serem testadas.
• 	 Encaminhe o documento base com antecedência para os espe-
cialistas participantes da etapa 3.
MATERIAIS
Agenda do dia; slides com explicação sobre a Imersão Ágil; do-
cumento base impresso e outros documentos de referência do
projeto como decretos ou leis consideradas relevantes pelos res-
ponsáveis e materiais de suporte às atividades (adesivos para vo-
tação, post-its etc.).
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
3736
ETAPA 3
OFICINACOM
ESPECIALISTAS
Quem: equipe principal
e participantes com
conhecimento ou
experiência prática
sobre o problema
Duração: 3 a 4h
Objetivos: testar as
hipóteses, gerar conteúdo
para as perguntas da
pesquisa de campo
SÍNTESEDAOFICINA
Quem: equipe principal
Duração: 3 a 4h
Objetivos: analisar e
consolidar resultados
da oficina (categorias,
padrões, insights)
CONVERSACOMGESTOR
RESPONSÁVELPELO
PROBLEMA
Quem: facilitador líder
e gestor responsável
pelo problema
Duração: 30 a 40min
Objetivos: informar ao
dirigente resultados
obtidos e próximos passos
ETAPA 1
Preparação
ETAPA 2
Conversa
inicial com
gestores
ETAPA 5
Oficina de
resultados
com gestores
ETAPA 4
Síntese da
pesquisa
Pesquisa de
campo
Um grupo foi composto de professores com conhecimento so-
bre cursos e o outro de servidores e dirigentes envolvidos em ati-
vidades de inovação. Eles tinham de realizar as seguintes análises:
•	 Grupo 1 – Analisar cursos da Enap e identificar em quais de-
les estavam sendo desenvolvidas as competências necessá-
rias à inovação proposta. Havia, no grupo, um facilitador, dois
professores de cursos de inovação da Enap e duas pessoas da
equipe responsável pelo problema.
•	 Grupo 2 – Identificar as atividades desenvolvidas pelos servi-
dores e relacioná-las com as competências necessárias à ino-
vação proposta. No grupo havia um facilitador, dois servidores
do Ministério do Planejamento e um servidor do GNova.
Os grupos registraram suas análises em cartelas, as quais foram
agrupadas ao lado das competências propostas. Em seguida,
cada grupo apresentou seus resultados para discussão. Além das
alterações nas definições das competências já propostas, os par-
ticipantes decidiram incluir mais uma competência relacionada
ao tema comunicação.
Finalizada a oficina, a equipe principal reuniu os temas afins
em grupos para identificar os padrões e definir as categorias de
análise (fase de síntese da oficina). Criou-se um título para cada
agrupamento temático, definindo as categorias de competências
necessárias à inovação.
Os resultados obtidos no projeto Capacitação foram apresen-
tados ao Coordenador-Geral de Educação Executiva da Enap,
gestor responsável pelo problema.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
3938
Após a síntese da oficina e a conversa com o dirigente responsá-
vel pelo problema, a equipe principal elaborou o roteiro de en-
trevistas para aplicação na pesquisa de campo.
APRENDIZADOS
• 	 Fazer brainstorm individual antes da discussão coletiva traz
objetividade.
• 	 Os participantes devem estar engajados na resolução do pro-
blema e, para isso, é preciso identificar criteriosamente esses
atores, tendo em vista o nível de compromisso e as possíveis
contribuições de cada um.
• 	 O facilitador deve incentivar as pessoas a se expressarem de
forma objetiva e concreta.
DICAS
• 	 Envie aos participantes, previamente, os objetivos da oficina e
o documento base sobre o problema.
• 	 Explique, no início da oficina, o que é a Imersão Ágil e qual se-
rá o papel de cada um para alinhar entendimentos sobre as
entregas e resultados esperados do dia.
• 	 Convide especialistas com perfis diferenciados (função na ins-
tituição, formação, experiência profissional), pois tendem a ge-
rar discussões mais férteis.
• 	 Frise, no início, que o trabalho é concreto; que a discussão é
orientada por objetivos e produtos; e que as discussões devem
ocorrer a partir dos conhecimentos e experiências de cada um
no tema relacionado ao problema.
• 	 Apresente o problema e as hipóteses sob a forma de represen-
tações gráficas (diagrama, infográfico, desenho), pois facilita a
condução das discussões e a compreensão dos participantes.
• 	 Trabalhe a facilitação em dupla, isso favorece o controle do
tempo e o foco da discussão.
MATERIAIS
Agenda do dia; slides com explicação sobre a Imersão Ágil; do-
cumento base impresso; protótipo; questões para trabalho em
grupo; materiais de suporte a atividades (adesivos para votação,
post-its etc.).
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
4140
Grupo 1, formado por
professores e servidores
com conhecimento
sobre cursos.
Fotos: Anne Berg (MindLab)
Grupo 2, formado por
servidores e dirigentes
envolvidos em
atividades de inovação.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
4342
4. PESQUISA DE CAMPO
O que queremos saber dos usuários?
O enfoque do design na inovação trouxe várias contribuições,
mas uma é particularmente relevante para o setor público: o foco
nas pessoas em vez de foco nas coisas. Nesse sentido, as pesqui-
sas sociais, como etnografia e grupo focal, têm sido empregadas
nos processos de inovação e resolução de problemas, com o in-
tento de compreender as perspectivas que têm os informantes a
respeito de suas experiências, necessidades, desafios, satisfação
e motivações.
O objetivo da pesquisa de campo, nesta metodologia, é obter
informações qualificadas dos atores envolvidos e afetados pelo
problema sobre as hipóteses de solução. O roteiro de entrevis-
ta semi-estruturada, feito previamente com base nas hipóteses e
nos resultados da oficina com especialistas, busca coletar dados
objetivos e subjetivos (valores, atitudes e opiniões) dos sujeitos
entrevistados.
No caso em questão, para as entrevistas, o recorte de públi-
co foi “servidores que haviam participado de cursos considerados
inovadores na Enap”. Foram feitas quatro entrevistas com servi-
dores de diferentes perfis profissionais e funções. Os entrevista-
dores trabalharam em duplas, com uma pessoa conduzindo as
perguntas e a outra cuidando da gravação, fotos e da anotação
dos principais pontos das respostas, observações gerais sobre a
entrevista e eventuais insights.
A preparação dos entrevistadores é chave para que os entre-
vistados consigam responder às questões com riqueza de deta-
lhes e não sejam influenciados pelas ideias dos entrevistadores.
Sugere-se conversar com um especialista sobre as técnicas de en-
trevista e consultar bibliografia sobre metodologia de pesquisa.
4.1.OROTEIROEAREALIZAÇÃODEENTREVISTAS
A elaboração do roteiro é uma das etapas mais importantes da
pesquisa. Ao formular as questões, devem ser evitadas perguntas
arbitrárias, ambíguas, deslocadas ou tendenciosas que induzam a
pessoa a determinadas respostas. As perguntas devem ser feitas
levando em conta a sequência do pensamento do entrevistado,
dando continuidade e condução lógica à conversa. Para se obter
uma narrativa natural, é interessante iniciar com uma pergunta
mais geral, sobre a experiência prévia da pessoa com o tema, por
exemplo, frisando aspectos positivos e negativos.
Há vários tipos de entrevistas, mas para a Imersão Ágil, consi-
deram-se apropriadas as semiestruturadas, utilizadas quando se
pretende delimitar o volume das informações e direcionar o as-
sunto. Também se aplicam as que fazem uso de elementos con-
cretos (protótipos, canvas, diagramas, infográficos, desenhos, fo-
tos) para obter respostas dos entrevistados.
O pesquisador deve seguir as questões previamente definidas,
mas a situação se assemelha a uma conversa informal. Quando o
entrevistado fugir do tema, o entrevistador deve ficar atento para
trazê-lo de volta. Às vezes, o entrevistado tem dificuldades com
uma questão ou uma pergunta não funciona, então é necessário
fazer perguntas adicionais para elucidar o assunto.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
4544
Exemplo de material para
condução de entrevista.
Foto: Marina Lins Lacerda (GNova/Enap)
DICAS
• 	 A entrevista deverá ser marcada com antecedência.
• 	 Pensar em critérios para a seleção dos entrevistados (familiari-
dade e experiências com o tema pesquisado, heterogeneidade
dos perfis etc.).
• 	 Esclarecer os objetivos da pesquisa ao entrevistado.
• 	 Criar um clima agradável, deixar o entrevistado expressar-se,
não o interromper.
• 	 Pedir permissão para gravar e tirar fotos.
• 	 Realizar a entrevista em duplas e com papeis definidos: um
conduz e outro anota e tira fotos.
• 	 Anotar citações diretas dos entrevistados e não interpretações
pessoais das suas falas.
• 	 Explorar detalhes e exemplos concretos nas respostas (repetir
perguntas, se necessário).
• 	 Fazer conversa rápida entre entrevistadores após cada entre-
vista (debriefing), para identificar principais insights e citações.
MATERIAIS
Roteiro de entrevista, protótipos, bloco de anotações, câmera fo-
tográfica, gravador.
“UmvalordaIMAévocêconseguirdarmaiorconsistência
àsuahipóteseoudescartá-ladeformarápidaequalificada,
apartirdotestecomumpúblicoespecializado.”
Participante da IMA como equipe principal
(membro da equipe do gestor responsável pelo problema)
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
4746
ETAPA 4
PESQUISADECAMPO
Quem: equipe principal
e 4 a 6 entrevistados
Duração: 30 a 60min
por entrevista
Objetivos: entender
contextos, necessidades
e motivações das pessoas
diretamente afetadas
pelo problema
SÍNTESEDAPESQUISA
Quem: equipe principal
Duração: 2 a 4h
Objetivos: analisar e
consolidar resultados
da pesquisa de campo
(categorias, padrões,
insights)
ETAPA 5
Oficina de
resultados
com gestores
ETAPA 3
Oficina com
especialistas
Síntese da
oficina
Conversa
com o gestor
responsável
pelo problema
ETAPA 1
Preparação
ETAPA 2
Conversa
inicial com
gestores
“Emumintervalomuitobreve,tivemosacesso
facilitadoàsideiaseexperiênciasdetodas
essaspessoas-chave.Pormeiodasentrevistas,
conseguimosreunirmuitosubsídio,muita
informaçãoqueestavadispersa.”
Participante da IMA como equipe principal
(membro da equipe do gestor responsável pelo problema)
Foto: Isabella Brandalise (MindLab)
Entrevista com
usuário no projeto
Capacitação.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
4948
4.2.SÍNTESEDAPESQUISADECAMPO
Finalizada a pesquisa de campo, inicia-se a análise dos dados co-
letados nas entrevistas conjuntamente com os dados coletados
na oficina de especialistas. Os produtos esperados dessa sessão
são insights, citações, ideias, recomendações e a apresentação
final para os gestores. Podem surgir questões a serem aprofunda-
das ou ideias a serem testadas posteriormente.
Na atividade, os membros da equipe principal compartilham
os dados coletados uns com os outros, com base nas suas ano-
tações, identificando os principais pontos das entrevistas reali-
zadas, os insights e as citações dos entrevistados. Esses achados
são registrados em post-its e colados em painel ou quadro bran-
co. Depois, os conjuntos de temas afins são reunidos para fazer o
reconhecimento de padrões ou categorias, que ganham um título
para identificar ou resumir uma conclusão chave.
No projeto Capacitação, como as competências estavam defi-
nidas e tinham título, os temas foram agrupados ao lado de cada
competência relacionada. Foi feita a análise desse material para
priorizar as conclusões mais relevantes, ajustar novamente as hi-
póteses e identificar as novas informações.
O trabalho gerou dois produtos: a) identificação de desafios
em relação a cada competência, indicando em quais dos cursos
já ofertados as competências haviam sido desenvolvidas plena
ou parcialmente; e b) identificação de cursos realizados em ou-
tras instituições para servir de inspiração. Surgiu um tema mais
abrangente nessa fase: a atenção que deve ser dada à metodo-
logia de ensino e aprendizagem dos cursos, mantendo-a ativa e
instigadora, coerente com a proposta de incentivar a inovação.
As citações foram usadas para ilustrar cada competência. Essa
fase durou 3,5h e contou com a participação da equipe
principal.
Por fim, os slides com as principais conclusões foram
elaborados para a apresentação dos resultados obtidos
aos gestores responsáveis pelo problema e interessados.
Foto: Elisabete Ferrarezi (GNova/Enap)
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
5150
APRENDIZADOS
• 	 A avaliação das entrevistas evidenciou que o roteiro precisava
de reparos. Por isso, sugere-se a realização de testes do roteiro
antes.
• 	 Ater-se aos principais achados facilita a análise de padrão.
• 	 A anotação de citações diretas facilita o entendimento de uma
questão.
Certifique-sedecontrolarotempoparamanterofocoda
análiseenãoestendermuitoaetapa.Sintetizarédifícil,
masimportante.
MATERIAIS
Post-its ou cartelas, painéis para afixar as cartelas, computador.
5. OFICINA DE RESULTADOS COM GESTORES
Como o problema ou desafio pode ser enfrentado?
São apresentados, na oficina de até 2h, os resultados obtidos na
Imersão Ágil ao gestor interessado, gestor responsável pelo proble-
ma e seu dirigente. O foco é o debate e a priorização dos insights
e sugestões obtidos. É o momento de revisitar o problema inicial
e sintetizar como foi o processo. Além disso, é importante lembrar
que não se trata de uma apresentação conclusiva e passiva, mas,
sim, de uma oficina de trabalho com os gestores para garantir a
continuidade do projeto pós-Imersão Ágil. Isso pode ser feito por
meio da priorização de insights a serem levados adiante, pela gera-
ção de ideias para os próximos passos ou identificação de qualquer
outra atividade adequada para dar continuidade ao projeto.
No planejamento dessa oficina, a equipe principal retoma as
contribuições das fases anteriores, principalmente a síntese dos
achados da oficina com especialistas e da pesquisa de campo, e
prepara os slides para apresentação que, em geral, contemplam
o problema, os produtos, as etapas realizadas, as hipóteses ini-
ciais e finais. Finaliza-se a oficina com a definição dos próximos
passos para enfrentamento do problema ou desafio e com uma
avaliação do processo.
No experimento, foi apresentado um quadro com cada com-
petência identificada, a citação do entrevistado, os cursos ana-
lisados que desenvolviam essa competência e os desafios iden-
tificados. Durante a apresentação dos resultados pelo gestor
responsável, os participantes escreveram em cartelas suas dúvi-
das, insights e recomendações que foram discutidos ao final da
apresentação.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
5352
Fotos: Elisabete Ferrarezi (GNova/Enap)
“Aolongodoprocesso,fuiaprendendoaconfiar
maisnosinsightsenospontosforadacurvadoque
namassadedados(quantitativos),sãomuitoricos.”
Participante da IMA como gestor responsável pelo problema
Os resultados alcançados na Imersão no projeto Capacitação
foram: a) mapeamento de competências para gerar ou aumentar
a capacidade de inovação; e b) contribuição para formação de
lista de cursos que incluiam competências para inovação exis-
tentes na Enap. É possível afirmar que o projeto impulsionou o
lançamento de uma narrativa da Enap voltada à formação no
campo da inovação, com prospecção e oferta de cerca de 40
cursos focados nas competências relacionadas.
Terminada a oficina, a equipe principal se reuniu para siste-
matizar as recomendações feitas, organizar os insights e elabo-
rar o documento final. Esse documento traz uma síntese do que
é a metodologia, apresenta a definição do problema e os resul-
tados alcançados.
O documento final apresentou a contribuição para a lista de
cursos existentes na Enap que já incluiam as competências defi-
nidas para inovação e recomendações para próximos passos no
curto e longo prazo. Foram, também, detalhadas seis competên-
cias capazes de gerar ou aumentar a capacidade de inovar dos
servidores, em ordem de prioridade, seguidas de lacunas, desa-
fios e insights apontados pelos participantes.
De forma resumida, as competências sugeridas foram:
a) Gestão e liderança para inovação – Ser capaz de engajar equi-
pes para o desenvolvimento de projetos com iterações fre-
quentes e resultados eficazes.
b) Colaboração – b.1) Ser capaz de mapear e engajar atores re-
levantes de um problema nos processos de definição, explo-
ração e solução; b.2) Ser capaz de trabalhar de forma colabo-
rativa em equipes.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
5554
ETAPA 5
OFICINADERESULTADOS
COMGESTORES
Quem: equipe principal,
dirigente e gestor
responsável pelo
problema e gestor
interessado no problema
Duração: 1,5 a 2h
Objetivos: apresentar
resultados obtidos e
levantar possibilidades
de ação a partir desses
achados
ETAPA 3
Oficina com
especialistas
Síntese da
oficina
Conversa
com o gestor
responsável
pelo problema
ETAPA 1
Preparação
ETAPA 2
Conversa
inicial com
gestores
ETAPA 4
Síntese da
pesquisa
Pesquisa de
campo
c) Experimentação – Ser capaz de testar ideias rápido e com ob-
jetivos claros de aprendizagem.
d) Definição do Problema – Ser capaz de definir problemas públi-
cos considerando sua complexidade.
e) Comunicação – Ser capaz de se comunicar com atores relevan-
tes usando mensagem e ferramentas adequadas ao público.
f) Empatia – Ser capaz de focar nos contextos e necessidades dos
atores afetados.
DICAS
•	 Fique atento ao definir os resultados, eles devem estar alinha-
dos às questões identificadas no documento base, sustentando
ou refutando as hipóteses.
•	 Caso haja numerosos insights, eleja dois critérios junto com a
equipe responsável e monte uma matriz de priorização.
•	 Ao redigir o documento final inclua minimamente: síntese da
Imersão Ágil, definição do problema, hipóteses levantadas e
resultados alcançados.
•	 Envie o documento final aos gestores, aos participantes das
oficinas e dê retorno do trabalho aos entrevistados.
MATERIAIS
Agenda do dia, slides com apresentação de insights e padrões,
post-its, quadro branco, marcadores, materiais de suporte a ativi-
dades (gráfico de prioridades, avaliação de risco etc.).
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
5756
Fotos: Elisabete Ferrarezi (GNova/Enap)
Apresentação de resultados
para gestores no projeto
Capacitação.
Escuta ativa de gestores durante
apresentação de resultados no
projeto Capacitação.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
5958
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas é
uma metodologia que envolve especialistas rapidamente, usuá-
rios e demais atores interessados para gerar entendimento da
realidade e criar soluções para um problema ou desafio relacio-
nado a um serviço, a uma prática de gestão ou a uma política
pública. É um processo para checar a realidade do problema ou
desafio investigado e pode ser aplicado em várias fases das polí-
ticas públicas.
Os experimentos realizados confirmaram a adequação da me-
todologia, em especial, quando o timing político é variável crítica,
tornando-a especialmente atraente para dirigentes interessados
em testar conceitos de políticas públicas e novas práticas de ges-
tão, criar ou modificar serviços ou avaliar a implementação com
cidadãos e atores envolvidos.
Embora seja ágil, envolve trabalho prévio considerável por
parte dos facilitadores, como leituras, caso não tenham familia-
ridade com o assunto, e vários encontros com a equipe para en-
tender e definir o desafio, objeto da Imersão Ágil. A estruturação
e delimitação do problema precisa ser bem trabalhada para ga-
rantir obtenção de resultados em pouco tempo.
No início da transferência da metodologia pelo MindLab, reali-
zada no projeto Capacitação para incentivo à inovação na admi-
nistração pública federal, houve dúvidas se o modelo funciona-
ria pelo curto tempo dedicado às atividades e o formato objetivo
das oficinas, tendo em vista questões culturais e alguns costumes
brasileiros, como a impontualidade e discussões prolongadas.
No momento de elaboração desse relato, o GNova finalizou
a segunda aplicação da metodologia, dessa vez, com tema mais
complexo, se comparado ao anterior, envolvendo dilemas concei-
tuais e políticos. Considerando os dois experimentos, é razoável
afirmar que a objetividade e concretude requeridas pelo proces-
so funcionaram nos dois casos. Esse foi um dos aprendizados da
equipe do GNova: é possível fazer com tempo reduzido e crono-
grama fechado, desde que os facilitadores controlem a agenda
e haja comprometimento da equipe responsável pelo problema.
A participação de pessoas-chave da equipe responsável pelo
problema na organização de toda a Imersão Ágil é contrapartida
necessária, não apenas porque elas detêm expertise da temática
e desenvolverão o projeto, mas porque possibilita que sejam ca-
pacitadas para aplicação da metodologia ou utilização de algu-
mas de suas ferramentas em outros projetos da instituição.
Em relação às competências requeridas para aplicar a meto-
dologia, os facilitadores precisam ter capacidade de facilitar ofi-
cinas e promover conversações, conhecer e saber usar métodos
e ferramentas de pesquisa e design, bem como saber utilizar e
produzir registros visuais, materiais e protótipos. O emprego de
técnicas e ferramentas de design é especialmente importante
quando a declaração do problema não é satisfatória, as ideias
não fluem ou há muitas dúvidas sobre o objeto investigado. Fazer
bons roteiros de entrevistas, analisá-las e conduzi-las são, tam-
bém, exigências para a geração de insights e obtenção de resul-
tados úteis aos gestores.
UmacaracterísticamarcantedaIMAéofatodeserancorada
naorganização,exigindoocomprometimentodiretodos
técnicoseenvolvimentodedirigentes.
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
6160
Foto: Marina Lins Lacerda (GNova/Enap)
O patrocínio dos dirigentes aumenta as chances de implementa-
ção das propostas. A participação de atores externos, especia-
listas, interessados também reforça a legitimidade do processo.
Considerando que a realização de pesquisas junto aos usuá-
rios, bem como a realização de protótipos e testes de conceitos
antes da implementação são práticas ainda pouco comuns na ad-
ministração pública brasileira, espera-se que o experimento aqui
relatado sirva de inspiração para outras equipes interessadas em
adaptar e testar a experiência em seus contextos, projetos e de-
safios de inovação. Para facilitar, todo o material produzido no
processo aqui relatado encontra-se no repositório da Enap.
“AImersãoÁgilfoimuitoútilparanós,porquetrouxe
novosinsightssobreoquetemosfeito,econfirmou
algumassuposiçõesdequenãotínhamosmuitacerteza
atéentão.Alémdisso,aconteceuemumperíodomuito
curto,economizandotempoeesforços.”
Participante da IMA como gestor responsável pelo problema
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
6362
1. A utilização de metodologias denominadas “ágeis” para o ge-
renciamento de projetos teve início na área de Tecnologia da In-
formação, a partir da constatação de que métodos tradicionais
de gestão de projetos não atendiam às demandas de produtivi-
dade e satisfação do cliente. Com isso, o setor investiu em novas
técnicas de desenvolvimento de software, cuja abordagem é leve
e breve, com intervenção mínima para a gestão de projetos, di-
vidida em etapas iterativas menores. A Imersão Ágil tem os mes-
mos supostos de ser rápida, com iterações frequentes, com foco
nas necessidades dos usuários dos serviços.
2. Todos os documentos citados neste relato (documento base,
roteiro de entrevistas, apresentação dos resultados e documento
final) foram omitidos nesta publicação pela sua especificidade,
mas podem ser consultados no Repositório Institucional da Enap
(http://repositorio.enap.gov.br/).
3. Referências utilizadas:
ANAC. Competências para inovação, mimeo, 2017.
NESTA. https://www.nesta.org.uk/blog/public-innovation-lear-
ning-whats-next.
OCDE. Core Skills for public sector innovation. A beta model of
skills to promote and enable innovation in public sector organi-
sations. Abril, 2017.
4. A árvore de problemas é um diagrama útil para identificar cau-
sas e efeitos de um problema, conforme modelo ao lado elabora-
do pelo MindLab.
NOTAS
ÁRVORE DE PROBLEMAS
Problema
Causas
Consequências
Problema
Causas
Consequências
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
6564
5. Em 2018, a equipe GNova utilizou a metodologia para o teste
de conceito de um novo arranjo institucional de uma política pú-
blica. Nessa segunda experiência com a metodologia, a conversa
inicial com gestores levou três horas porque o foco do problema
não estava claro e o tema era complexo. Assim, foi necessário
explorar mais a definição do problema na etapa 2.
6. Participantes da IMA:
•	 Membros da equipe principal
	 Anne Berg (MindLab), Elisabete Ferrarezi (GNova/Enap), Isa-
bella Brandalise (MindLab), Letícia Mendonça (GNova/Enap) e
Manuel Bonduki (GNova/Enap).
•	 Gestores envolvidos
	 Guilherme de Almeida (Diretor de Inovação e Gestão do Co-
nhecimento/Enap), Luis Felipe Monteiro (Diretor de Moderni-
zação de Gestão Pública – Seges/MPDG) e Pedro Vilela (Coor-
denador-Geral de Educação Executiva – DEC/Enap).
•	 Participantes da oficina com especialistas
	 Andréa Andrade (Coordenadora-Geral de Inovação –
DIGC/Enap), Bruno Pontes (Coordenação Geral de Edu-
cação à Distância – DEC/Enap), Iara Endo (Diretoria de
Modernização de Gestão Pública – Seges/MPDG), Mar-
celo Barbosa (Coordenador-Geral de Cooperação em
Gestão – Seges/MPDG), Nicir Chaves (Professora), Pe-
dro Cavalcante (Professor) e Thiego da Silva (Coorde-
nação Geral de Educação à Distância – DEC/Enap).
•	 Entrevistados na pesquisa de campo
	 Marizaura Camões (Coordenadora Geral de Pesquisa –
Enap), Vinicius Neiva (STN/MF), Heber Maia (Assessor –
Setic/MP) e Karen Cope (Coordenadora Geral – MMA).
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
6766
O Laboratório de Inovação em Governo – GNova, criado em 2016
por iniciativa do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e
Gestão e da Enap, tem como missão desenvolver soluções inovado-
ras em projetos com instituições do governo federal para que o ser-
viço público possa melhor responder às demandas da sociedade.
Uma das principais diretrizes do GNova é contribuir para mu-
dar o modo como o Estado se relaciona com os cidadãos na ofer-
ta de serviços públicos, colocando o foco nas pessoas. Isso signi-
fica reconhecer os problemas e as necessidades dos usuários de
serviços, sejam eles cidadãos, empresas ou outras organizações.
Para promover a resolução de problemas e inovações, o GNo-
va utiliza metodologias ágeis e abordagens multidisciplinares
inspiradas no design, nas ciências sociais e na economia compor-
tamental e atua na prospecção, experimentação e disseminação
de inovação em serviços e políticas públicas.
Missão: promover a inovação no setor público para melhor res-
ponder às demandas da sociedade.
Visão: inovação como prática transformadora no setor público.
Valores: colaboração, proatividade, abertura ao risco, atuação
em rede, empatia e foco no usuário, experimentação e geração
de valor público.
SOBRE O GNOVA
Equipe do GNova.
Foto: Robson Lenin Evangelista Carvalho (Ascom/Enap)
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
6968
ANOTAÇÕES
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
7170
MAIS ANOTAÇÕES
Imersão Ágil: checagem de
realidade em políticas públicas
Inovação na Prática
GNova 2018
7372
Texto composto nas famílias tipográficas
Asap e Asap Condensed, projetadas por
Pablo Cosgaya e Nicolás Silva.
Publicação impressa em offset
pela Imprensa Nacional.
SIG, Quadra 6, Lote 800
70610-460 / Brasília-DF
74
A coleção Inovação na Prática registra as
experimentações e os aprendizados da equipe
do GNova – Laboratório de Inovação em
Governo no desenvolvimento de projetos
com instituições do governo federal.
Seu principal objetivo é disseminar
as metodologias utilizadas e as lições
aprendidas para inspirar organizações e
laboratórios interessados em adaptá-las
e testá-las em seus contextos, projetos e
desafios de inovação.
Este volume aborda a Imersão Ágil: checagem
de realidade em políticas públicas. Trata-se de
uma metodologia que rapidamente envolve
especialistas, usuários e atores interessados a
fim de gerar entendimento da realidade para
criar soluções para um problema ou desafio
do setor público.
9788525600943
ISBN978-85-256-0094-3

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Imersão Ágil: Checagem de Realidade em Politicas Públicas

  • 1. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 1 IMERSÃO ÁGIL: CHECAGEM DE REALIDADE EM POLÍTICAS PÚBLICAS IMERSÃO ÁGIL: CHECAGEM DE REALIDADE EM POLÍTICAS PÚBLICAS Relato da aplicação da metodologia em um projeto da Enap Elisabete Ferrarezi e Joselene Lemos GNova – Laboratório de Inovação em Governo INOVAÇÃO NA PRÁTICA
  • 2. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 32 Elisabete Ferrarezi e Joselene Lemos GNova – Laboratório de Inovação em Governo Enap, Brasília/2018 Escola Nacional de Administração Pública – Enap Presidente Francisco Gaetani Diretor de Educação Continuada Paulo Marques Diretora de Formação Profissional e Especialização Iara Cristina da Silva Alves Diretora de Gestão Interna Camile Sahb Mesquita Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu Fernando de Barros Filgueiras Diretor de Inovação e Gestão do Conhecimento Guilherme Alberto Almeida de Almeida Equipe GNova – Laboratório de Inovação em Governo Antônio Claret Campos Filho – Coordenador-Geral de Inovação Andrea Marina Lins Lacerda Carolina Sólia Nasser Daniela Gomes Metello Elisabete Ferrarezi Gabriela Miyuki Shimabukuro Katto Guilherme Augusto Faria de Moraes-Rego João Augusto Sobreiro Sigora Joselene Pereira Lemos Letícia Koeppel Mendonça Manuel Ruas Pereira Coelho Bonduki Equipe facilitadora no projeto Capacitação Anne Berg – MindLab Elisabete Ferrarezi – GNova/Enap Isabella von Mühlen Brandalise – MindLab Letícia Koeppel Mendonça – GNova/Enap Manuel Ruas Pereira Coelho Bonduki – GNova/Enap Concepção editorial – Coleção Inovação na Prática Elisabete Ferrarezi Guilherme Alberto Almeida de Almeida Isabella von Mühlen Brandalise Joselene Pereira Lemos Revisão Paulo Ivan Rodrigues Vega Júnior Projeto gráfico e diagramação Isabella von Mühlen Brandalise IMERSÃO ÁGIL: CHECAGEM DE REALIDADE EM POLÍTICAS PÚBLICAS Relato da aplicação da metodologia em um projeto da Enap INOVAÇÃO NA PRÁTICA
  • 3. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 54 06 08 10 20 20 27 35 42 51 58 62 66 Apresentação Introdução Objetivos, quando usar e participantes Relato da aplicação da Imersão Ágil em um projeto da Enap 1. Preparação 2. Conversa inicial com gestores 3. Oficina com especialistas 4. Pesquisa de campo 5. Oficina de resultados com gestores Considerações finais Notas Sobre o GNova SUMÁRIO Catalogado na fonte pela Biblioteca Graciliano Ramos da Enap Ferrarezi, Elisabete Imersão ágil: checagem de realidade em políticas públicas: relato da aplicação da metodologia em um projeto da Enap / Elisabete Ferrarezi, Joselene Lemos. – Brasília: Enap, 2018. 72 p. : il. – (Coleção Inovação na Prática) ISBN: 978-85-256-0094-3 1. Inovação – Administração Pública. 2. Políticas Públicas. I. Título. II. Lemos, Joselene. CDU 005.59:35 F374i Ficha catalográfica elaborada por: Daiane da Silva Yung Valadares – CRB1/2802 Este trabalho está sob a Licença Creative Commons Atribuição: Não Comercial Compartilha Igual 4.0 Internacional
  • 4. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 76 É com satisfação que a Enap, por meio de seu Laboratório de Ino- vação em Governo – GNova, lança esta publicação resultante de um trabalho realizado em parceria com o laboratório dinamar- quês MindLab. Trata-se do relato de aplicação da metodologia Imersão Ágil ao projeto Capacitação para incentivo à inovação na administração pública federal, realizado em 2017, na Enap. Nessa ocasião, a metodologia foi transferida para o GNova por uma consultora do MindLab, criador do método, durante o desen- volvimento do projeto. Inaugurado na Dinamarca, em 2002, o MindLab é um labora- tório de inovação em governo que aplica a abordagem do design em contextos de processos participativos, buscando aproximar o serviço público dos cidadãos. O projeto é parte da cooperação entre o Ministério de Negócios e Crescimento do Reino da Dinamarca, o Ministério do Planejamen- to, Desenvolvimento e Gestão (MPDG) e a Escola Nacional de Admi- nistração Pública (Enap) para desenvolvimento dos temas inovação e digitalização visando à transparência e eficiência da gestão go- vernamental. No âmbito dessa cooperação, o MindLab tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento do GNova por meio de capacitação da equipe em projetos de inovação e facilitação. Reforçando sua trajetória de iniciativas para a modernização da gestão pública, a Enap e o MPDG inauguraram, em agosto de 2016, o Laboratório de Inovação em Governo – GNova, unidade APRESENTAÇÃO voltada para o desenvolvimento de soluções criativas para pro- blemas públicos com o uso de metodologias e abordagens mul- tidisciplinares inspiradas no design, ciências sociais, economia comportamental e gestão pública. O GNova também atua na prospecção, experimentação e disseminação de novas tendências e abordagens para a inovação em serviços e políticas públicas. Espera-se que o servidor tenha capacidade de compreender os problemas públicos, com os quais se depara, em toda sua comple- xidade e multimensionalidade, mantendo foco nas necessidades e direitos dos cidadãos. É com este intuito que ferramentas oriun- das do design vêm sendo utilizadas por governos de todo o mundo – dentro e fora de laboratórios de inovação – para produzir servi- ços e políticas públicas adequadas às demandas da sociedade. A Imersão Ágil pertence a esse conjunto de metodologias focadas em soluções próximas aos usuários dos serviços e beneficiários das políticas públicas. Gostaríamos, por fim, de agradecer ao MindLab e ao governo da Dinamarca por mais este fruto da parceria estabelecida em 2016. Boa leitura! Guilherme Alberto Almeida de Almeida Diretor de Inovação e Gestão do Conhecimento
  • 5. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 98 Este relato apresenta a metodologia Imersão Ágil e as lições aprendidas quando de sua aplicação ao projeto Capacitação para incentivo à inovação na administração pública federal da Escola Nacional de Administração Pública – Enap durante o período de 16 a 23 de agosto de 2017. A realização desse trabalho foi uma ação de capacitação do tipo learn by doing (aprender fazendo) aplicada a um projeto da Coordenação-Geral de Educação Exe- cutiva, subordinada à Diretoria de Educação Continuada da Enap (DEC/Enap), tendo sido realizada por uma equipe conjunta dos dois laboratórios – GNova e MindLab. Imersão Ágil, como traduzimos do original, em inglês, Practi- ce Check (checagem da realidade), é uma metodologia destinada a envolver rapidamente especialistas, usuários e demais atores interessados na busca por entendimento ou criação de soluções para um problema ou desafio do setor público. Este relato tem por objetivo registrar o aprendizado, em um caso específico, e disseminar a prática para organizações e labo- ratórios, uma vez que o experimento foi considerado um modelo eficaz pelos participantes. INTRODUÇÃO Na primeira seção, são apresentados os objetivos da Imersão Ágil. Em seguida, apresenta-se o relato do caso, as atividades rea- lizadas, produtos esperados e os aprendizados alcançados em cada uma das cinco etapas de aplicação do método ao projeto Capacitação para incentivo à inovação na administração pública federal. Por fim, são sistematizados os principais aprendizados e os resultados que a equipe teve com o experimento. A metodologia traduz alguns dos valores e das diretrizes que o GNova emprega na condução das atividades: colaboração, proa- tividade, abertura ao risco, atuação em rede, empatia e foco no usuário, experimentação e geração de valor público. Por reunir qualidades tão necessárias à inovação no setor público, espe- ra-se que o relato da aplicação sirva de inspiração para outras equipes que queiram testar e adaptar a metodologia em outros contextos, projetos e desafios de inovação no setor público.
  • 6. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 1110 O Mindlab, em sua experimentação de design e métodos ágeis1 em projetos de inovação, identificou a necessidade de criar algo mais adaptado às condições do serviço público, que mantivesse as características de ser um processo rápido e contasse com a participação e respaldo de dirigentes das organizações. Nascia o Practice Check, um teste de realidade que torna possível, em pouco tempo, entender, na prática, como as iniciativas de polí- ticas e serviços públicos funcionam e como respondem às de- mandas dos usuários. Após dois experimentos, o GNova decidiu denominar a metodologia Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas (IMA). OBJETIVOS, QUANDO USAR E PARTICIPANTES AImersãoÁgiléumametodologiaquerapidamente envolveespecialistas,usuáriosedemaisatores interessadosparagerarentendimentodarealidadeecriar soluçõesparaumproblemaoudesafiorelacionadoaum serviço,aumapráticadegestãoouaumapolíticapública. A utilização desse tipo de metodologia se justifica pela possibili- dade de existência de uma grande distância entre as concepções dos formuladores de políticas, os usuários finais do serviço e os servidores que têm de por em prática essas concepções traduzi- das na gestão, nos regulamentos e em relações que se realizam no processo de implementação. Foto: Marina Lins Lacerda (GNova/Enap)
  • 7. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 1312 Cedo e de forma rápida, a metodologia reúne os atores envol- vidos no problema ou desafio a fim de: • Gerar ideias, protótipos, testar novos conceitos e práticas ou ex- plorar a implementação de soluções. • Entender como uma iniciativa é interpretada e traduzida na prá- tica, como está funcionando ou como poderia funcionar melhor. • Identificar se a iniciativa cria o valor esperado para os cidadãos. A Imersão Ágil é indicada para processos de ideação, avaliação de novos conceitos ou exploração da implementação de políticas públicas, conforme apontado na figura abaixo: Fonte: Adaptado de MindLab, 2017 NEGOCIAÇÃO POLÍTICA E INSTITUCIONAL DESENHO DA POLÍTICA FORMAÇÃO DA AGENDA RESULTADOS INESPERADOS E EXTERNALIDADES PREPARAÇÃO PARA IMPLEMENTAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO RESULTADOS ESPERADOS IMA NO CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Enquanto processo de “checagem de realidade”, a Imersão Ágil tem um escopo bem delimitado e não pretende esgotar a complexidade da iniciativa investigada mas, sim, oferecer contri- buições a partir da visão de especialistas, dos usuários e dos res- ponsáveis pelo serviço ou política com o propósito de apoiar os gestores com informações qualificadas em suas decisões. O processo tem curta duração, de três a seis semanas de tra- balho. A etapa preparatória e a conversa inicial com os gestores duram de uma a quatro semanas e demandam pesquisa e muita conversa com a equipe do projeto; as etapas subsequentes, 3 a 5, têm duração de até duas semanas. O quadro a seguir lista as etapas com as respectivas estimati- vas de duração.
  • 8. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 1514 Fonte: Adaptado de MindLab, 2017 ETAPA 1 ETAPA 2 Preparação Conversa inicial com gestores Etapas 1 e 2 distribuídas ao longo de até 4 semanas Intervalo de 1 semana entre etapas 2 e 3 ETAPAS DA IMERSÃO ÁGIL ETAPA 3 ETAPA 4 ETAPA 5 Oficina com especialistas Síntese da oficina Síntese da pesquisa Conversa com o gestor responsável pelo problema Pesquisa de campo Oficina de resultados com gestores Etapas 3, 4 e 5 distribuídas ao longo de até 2 semanas
  • 9. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 1716 QUEM PARTICIPA E EM QUAIS ETAPAS EQUIPE PRINCIPAL É composta, em geral, por dois facili- tadores com domínio da metodologia e dois membros da equipe do gestor responsável pelo problema ou desafio, que devem estar engajados em todas as etapas. É importante a participação dos membros com domínio da metodo- logia para conduzir o processo, asse- gurando a boa aplicação dos métodos. Os membros da equipe do gestor res- ponsável são importantes pelo conhe- cimento específico no desafio, além de estarem incumbidos de trabalhar na questão posteriormente. GESTORRESPONSÁVEL PELOPROBLEMA É o(a) servidor(a) que tem a atribuição de enfrentar o problema ou desafio e levar o projeto adiante pós-Imersão Ágil. Participa da preparação, da con- versa inicial com gestores e da oficina de resultados com gestores. Sua par- ticipação é essencial para garantir a continuidade do projeto. DIRIGENTEDOGESTOR RESPONSÁVELPELOPROBLEMA Trata-se do(a) dirigente comprometi- do(a) com o problema, provavelmente o superior do gestor responsável pelo problema. Participa da conversa ini- cial com gestores e oficina de resulta- dos com gestores. A sua presença refor- ça a relevância da demanda, além de garantir patrocínio e legitimidade para dar continuidade pós-Imersão Ágil. GESTORINTERESSADO NOPROBLEMA É o(a) dirigente que será favorecido com a solução do problema em ques- tão. Participa da conversa inicial com gestores e da oficina de resultados. A sua presença também reforça a re- levância da demanda, e estabelece comprometimento público da equi- pe responsável pelo problema em dar continuidade pós-Imersão Ágil.
  • 10. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 1918 ESPECIALISTASEPESSOASCOM EXPERIÊNCIANOASSUNTO Nesse grupo, busca-se abranger o co- nhecimento explícito e tácito. Os espe- cialistas agregam conhecimento sobre a questão, qualificando a discussão; já as pessoas com experiência no assunto trazem entendimentos sobre as dificul- dades e motivações de se lidar com a questão na vida real. Esse público par- ticipa da oficina com especialistas e en- volve de 5 a 10 pessoas. PESSOASAFETADASDIRETAMENTEPELO PROBLEMA(USUÁRIASFINAIS) O tipo de usuário vai depender do de- safio em questão (pode ser um cidadão que utiliza um serviço ou um servidor que realiza um trabalho num proces- so). A finalidade das entrevistas que são realizadas com essas pessoas é enten- der, em profundidade, as suas necessi- dades e seus contextos a fim de iden- tificar oportunidades de inovação. Esse grupo, em geral, envolve pessoas com experiência prática no problema ou desafio, muitas vezes casos extremos e diretamente afetadas pelo resultado do projeto. O ideal é entrevistar entre 4 e 6 pessoas. Apresenta-se, a seguir, o relato do caso indicando as etapas da metodologia, os produtos esperados e os aprendizados alcançados em sua aplicação ao projeto Capacitação para incentivo à inovação na administração pública federal. As etapas são: preparação, conversa inicial com gestores, ofici- na com especialistas, pesquisa de campo e oficina de apre- sentação de resultados aos gestores. Ilustrações: MindLab
  • 11. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 2120 RELATO DA APLICAÇÃO DA IMERSÃO ÁGIL EM UM PROJETO DA ENAP2 1. PREPARAÇÃO O que queremos saber sobre o problema ou desafio? A etapa 1 envolve a interação direta da equipe principal com o gestor responsável pelo problema ou desafio e é dedicada à logís- tica, à delimitação do problema a ser pesquisado e à elaboração das hipóteses para o seu enfrentamento. É importante discutir o contexto do problema para: conhecer suas causas, consequências e atores envolvidos; delimitar o escopo de atuação da Imersão Ágil; e definir membros e responsabilidades da equipe principal. A definição inicial do problema é etapa chave para o trabalho e pode sofrer ajustes ao longo do processo. Nessa fase, a qualida- de das informações levantadas é fundamental para a pactuação dos produtos e resultados esperados. Essa etapa dura de uma a quatro semanas, a depender do es- copo do trabalho e dos recursos disponíveis. A preparação da Imersão Ágil para o projeto Capacitação pa- ra incentivo à inovação na administração pública federal da Enap (doravante chamado apenas de Capacitação) foi realizada com antecedência de duas semanas e envolveu as seguintes atividades: • Realização de conversa inicial com o responsável pelo proble- ma, Coordenador-Geral de Educação Executiva da DEC/Enap, para definição do escopo de atuação da Imersão Ágil. • Composição e definição dos papeis da equipe de facilitadores: técnicos do MindLab e do GNova. • Realização de pesquisa sobre o tema: competências para ino- vação no setor público. • Elaboração do documento base do projeto pelo gestor respon- sável pelo problema. • Elaboração do cronograma de atividades. • Identificação dos atores relevantes convidados a participar de cada etapa. • Elaboração e envio de convites para os participantes. A primeira atividade desenvolvida na etapa de preparação do proje- to Capacitação foi a definição do problema, o foco da Imersão Ágil. O problema deve ser específico, relevante, oportuno e bem deli- mitado. Como se tratava da primeira experiência de aplicação, foi selecionado um problema comum ao GNova e à Diretoria de Edu- cação Continuada da Enap. Ambos estavam com o desafio de apoiar o Governo Federal no processo de formação de servidores públicos para a inovação, proposto pelo Ministério do Planejamento, Desen- volvimento e Gestão. Por isso, o tema escolhido foi: Capacitação para incentivo à inovação na administração pública federal. Após conversa com o Diretor e o Coordenador-Geral de Educa- ção Executiva da DEC/Enap, responsável pelo desenvolvimento do tema, a equipe realizou pesquisa bibliográfica sobre as competên- cias necessárias aos servidores públicos para produzir inovação, auxiliando a elaboração do documento base do projeto apresen- tado aos participantes da etapa 2. Conversa inicial com os gestores. De forma sintética e conforme apresentado a seguir, o documento base elaborado para o projeto Capacitação abordou: a) definição ini- cial do problema proposto para a Imersão Ágil; b) hipóteses iniciais sobre as competências de inovação necessárias aos servidores pú- blicos; e c) resultados e produtos desejados da Imersão Ágil.
  • 12. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 2322 sistêmico; aplicação de tecnologias emergentes; etnografia aplicada; uti- lização mídias; e pensamento visual. c) Desenvolvimento de habilidades pa- ra trabalhar colaborativamente com cidadãos e empresas: mapeamen- to de atores; mediação de processos criativos; engajamento de atores, e criação de base comum de atuação. d) Desenvolvimento de habilidades pa- ra mobilizar e dar legitimidade a mu- danças: empreendedorismo público; criação de valor público; criação de narrativa e promoção; liderança pa- ra a inovação. e) Desenvolvimento da capacidade de reflexão e geração de conhecimen- tos em inovação no setor público: pesquisas sobre inovação em gover- no; desafios conceituais; e desenvol- vimento de ferramentas adaptadas ao setor público. Definição inicial do problema proposto para a Imersão Ágil Quais competências e quais temas os cursos da Enap devem desenvolver para criar ou aumentar a capacidade de ino- var dos servidores públicos federais? • Quais cursos oferecidos pela Enap contribuem para gerar ou aumentar a capacidade de inovar dos servido- res públicos? • Quais competências e componentes programáticos, que poderiam estar presentes nessas ofertas, estão fal- tando para cumprir esse objetivo? • Quais são os outros cursos/ações que poderiam ser desenhados e quais competências podem ser desenvolvi- das para criar ou aumentar a capaci- dade de inovação? Hipóteses iniciais sobre as competên- cias de inovação necessárias aos servi- dores públicos Como ponto de partida para se pensar a criação de capacidades de inovação, a bibliografia apontada por instituições que vêm construindo conhecimento no tema foi utilizada enquanto referência3 . Foi feita uma síntese das competên- cias necessárias para inovação: a) Desenvolvimento de atitudes para experimentar e trabalhar com de- safios públicos: curiosidade; pensa- mento crítico; imaginação; agilidade; foco na prática/ação; empatia; foco nos efeitos na vida real; insurgência; resiliência; e colaboração. b) Desenvolvimento de habilidades pa- ra explorar, testar ideias e validar soluções: design thinking e cocria- ção; prototipagem e iterações; apli- cação de ciência de dados e uso de evidências; pensamento complexo e Resultados e produtos desejados da Imersão Ágil a) Amadurecer ideias para uma espécie de “guia” de cursos de inovação. b) Elaborar recomendações para no- vos cursos (competências, conteú- dos programáticos e oferta de novas ações). Relato da aplicação RESUMO DO DOCUMENTO BASE DO PROJETO CAPACITAÇÃO
  • 13. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 2524 ETAPA 2 Conversa inicial com gestores ETAPA 3 Oficina com especialistas Síntese da oficina Conversa com o gestor responsável pelo problema ETAPA 4 Síntese da pesquisa Pesquisa de campo ETAPA 5 Oficina de resultados com gestores ETAPA 1 PREPARAÇÃO Quem: equipe principal e gestor responsável pelo problema Duração: 1 a 4 semanas, a depender de recursos disponíveis Objetivos: entender o contexto do problema; compor equipe principal (facilitadores e equipe responsável pelo problema); definir programação e organizar logística para as próximas etapas APRENDIZADOS O método é ágil, mas é intenso. Quanto mais focado, mais eficaz. Ele não resolve todas as questões relacionadas ao problema, por isso, a delimitação do escopo e das hipóteses para buscar a resolu- ção são fundamentais para se conseguir obter resultados efetivos. DICAS • Converse com o gestor responsável pelo problema sobre quem pode ser convidado para a pesquisa de campo e consi- dere, além dessas indicações, outras pessoas que possuem ex- periência com o tema ou sejam por ele afetadas. • Informe, com antecedência, aos participantes sobre a agenda e sobre o que será feito. • Caso o foco do problema ainda não esteja suficientemente cla- ro para os participantes, sugere-se utilizar alguma ferramenta que auxilie essa definição, como a árvore de problemas. MATERIAIS Documento base (na página 26, segue uma breve explicação sobre a estrutura do documento), ferramenta árvore de problemas4 , do- cumentos sobre a política ou serviço objeto do trabalho.
  • 14. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 2726 O documento base registra as informações sobre o contexto e definição do problema a fim de alinhar conhecimentos e entendimentos entre os participantes da Imersão Ágil. Tal registro deve conter: • Contexto histórico, político e institucional nos quais o problema se insere, com visualização dos fatos, circunstâncias e atores envolvidos. • Problema ou desafio principal passível de solução. Perguntas: Qual é o conflito, desafio ou questão que será objeto de reflexão? Quais são suas características? O que se deseja solucionar? Que conhecimento se pretende aprofundar? • Hipóteses que apontam conceitos ou propostas de soluções para o enfrentamento do problema. Constituem respostas provisórias às perguntas a serem confirmadas ou rejeitadas em investigações e testes com usuários. É recomendável não levantar muitas hipóteses para facilitar os testes. Pergunta: O que precisamos alcançar?Preparação do documento base no projeto Capacitação. Fotos: Anne Berg (MindLab) 2. CONVERSA INICIAL COM GESTORES Que problema ou desafio precisamos enfrentar? Na etapa 2, a conversa inicial com os gestores é o momento no qual são alinhados conhecimentos e entendimentos sobre o pro- blema, bem como são revistas as hipóteses e os resultados espe- rados da Imersão Ágil. Participam dessa etapa a equipe principal, o gestor responsável pelo problema, o dirigente do gestor respon- sável pelo problema e o gestor interessado no problema. A dura- ção estimada para essa conversa é de 1,5h a 2h5 . O produto dessa etapa é ter o problema definido, as hipóteses e os produtos da Imersão Ágil revistos e validados pelos gestores que trabalham diretamente no problema e a sua chefia. No projeto Capacitação, a realização da conversa inicial com os gestores envolveu: • Apresentação da metodologia e dos objetivos da Imersão Ágil. • Apresentação do problema pelo Coordenador-Geral de Educa- ção Executiva da Enap, responsável pelo projeto. • Apresentação da lista de convidados para a oficina com espe- cialistas e da pesquisa de campo e validação do cronograma. • Ajuste e validação do desafio e das hipóteses iniciais sobre o problema e também dos resultados esperados ao final. • Definição dos papeis e responsabilidades entre a equipe prin- cipal: facilitadores e equipe responsável pelo problema. Participaram dessa etapa6 : equipe principal do GNova e MindLab (facilitadores), Diretor de Modernização da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (ges-
  • 15. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 2928 ETAPA 2 CONVERSAINICIAL COMGESTORES Quem: equipe principal, dirigente e gestor responsável pelo problema e gestor interessado no problema Duração: 1,5 a 2h Objetivos: definir problema ou desafio, hipóteses e resultados esperados (escopo da imersão); definir papeis dos participantes ETAPA 1 Preparação ETAPA 3 Oficina com especialistas Síntese da oficina Conversa com o gestor responsável pelo problema ETAPA 4 Síntese da pesquisa Pesquisa de campo ETAPA 5 Oficina de resultados com gestores tor interessado no problema), Diretor da DEC (dirigente do gestor responsável pelo problema), Coordenador-Geral de Educação Executiva (gestor responsável pelo problema), Diretor de Inova- ção e Gestão do Conhecimento (GNova). Esse momento durou apenas uma hora e meia e constituiu, em si, um exercício de diá- logo objetivo. Para isso, foram utilizadas técnicas de visualização em cartelas e post-its para discussão do enunciado do problema. Como havia várias hipóteses a serem testadas, as prioridades fo- ram indicadas por meio de voto individual. Após a discussão, o problema foi revisto e delimitado em duas perguntas: • Quais das atividades oferecidas pela Enap aos servidores con- tribuem para gerar ou aumentar a capacidade de inovar com foco na entrega de serviços públicos à sociedade? • Quais competências e componentes programáticos ainda es- tão faltando para cumprir esse objetivo e poderiam estar pre- sentes em futuras ofertas? As hipóteses, relacionadas a competências para gerar ou aumen- tar a capacidade de inovar dos servidores públicos, foram sinteti- zadas e ganharam um título: a) Problemas da vida real – Trabalhar com problemas reais com foco nos seus efeitos reais nas aulas. b) Colaboração – Mapear e engajar atores relevantes de um pro- blema nos processos de definição, exploração e solução. c) Empatia – Focar no entendimento dos atores afetados, seus contextos e suas necessidades com mente aberta. d) Experimentação – Especificar objetivos concretos de aprendi- zado e testar ideias cedo no processo.
  • 16. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 3130 Fotos: Manuel Bonduki (GNova/Enap)
  • 17. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 3332 DICAS • Tenha um diálogo objetivo. Use técnicas de visualização em cartelas e post-its para discussão do enunciado do problema e das hipóteses. Se houver várias hipóteses a serem testadas, re- comenda-se definir prioridades por meio de voto individual. • A organização prévia do material e da logística confere agili- dade às discussões. Com o objetivo de torná-los tangíveis e úteis para os gestores, os resultados esperados para a Imersão Ágil também foram re- vistos: • Identificar ideias para elaborar guia de cursos de inovação. • Levantar ideias e recomendações (competências, conteúdos programáticos e oferta de novas ações) para desenho de no- vos cursos. Ao final dessa etapa, a equipe principal planejou a oficina com especialistas, definindo como o desafio seria trabalhado, se have- ria divisão dos participantes em grupos para facilitar a exposição de todos os pontos de vista, como seria o tratamento de questões específicas e se haveria, ou não, construção de protótipos. APRENDIZADOS • É importante dedicar tempo à estruturação e à definição do problema, que deve ser concreto, específico e possível de ser respondido no período da Imersão Ágil. Um problema muito amplo e complexo, com muitas variáveis, não é adequado pa- ra ser tratado com essa metodologia. • Atentar para que os resultados esperados sejam factíveis e re- levantes para os envolvidos. • O documento base deve estar bem alinhado às necessidades do responsável pelo problema. • É fundamental para o processo contar com membros da equi- pe responsável pelo problema na composição da equipe prin- cipal da Imersão Ágil. • Nessa primeira oficina, os participantes têm oportunidade de conhecer melhor suas agendas e prioridades. Conversa inicial com gestores no projeto Capacitação. Foto: Manuel Bonduki (GNova/Enap)
  • 18. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 3534 3. OFICINA COM ESPECIALISTAS O que os especialistas têm a dizer sobre o problema ou desafio proposto? Nessa terceira etapa, são reunidos atores com conhecimento aprofundado (especialistas) e com experiência prática relevante para o enfrentamento do problema ou desafio. O objetivo é iden- tificar outras informações, rever as hipóteses e gerar insumos para elaborar o roteiro de entrevistas a ser aplicado na pesquisa de campo. A oficina com especialistas tem duração de 3 a 4h, seguida de também 3 a 4h para análise e sistematização dos achados pela equipe principal e, ainda, 30 a 40 minutos de conversa com o ges- tor responsável pelo problema para compartilhamentos dos re- sultados e realização de eventuais ajustes. Tal conversa é funda- mental para que se alcance os resultados esperados do método. Equipe principal e participantes com conhecimento ou expe- riência prática sobre o problema participam dessa etapa. No projeto Capacitação, a oficina com especialistas teve iní- cio com uma apresentação sobre a Imersão Ágil e os objetivos do trabalho do dia, seguida da apresentação do desafio e das hi- póteses para sua resolução. A oficina teve como produto a entre- ga das hipóteses revistas e validadas que, no caso, eram as com- petências necessárias aos servidores públicos para a geração de inovação em suas práticas. Antes do início do debate em grupo, foram destinados alguns minutos para que os participantes pudessem refletir sobre o pro- blema e as hipóteses. O trabalho em grupo foi preparado pre- viamente, visando o compartilhamento de forma estruturada dos conhecimentos, ideias e experiências dos especialistas. • O facilitador deve estar preparado para aplicar as técnicas, controlar o tempo e se manter atento para que todos tenham oportunidade de fala. • É recomendável definir poucas hipóteses a serem testadas. • Encaminhe o documento base com antecedência para os espe- cialistas participantes da etapa 3. MATERIAIS Agenda do dia; slides com explicação sobre a Imersão Ágil; do- cumento base impresso e outros documentos de referência do projeto como decretos ou leis consideradas relevantes pelos res- ponsáveis e materiais de suporte às atividades (adesivos para vo- tação, post-its etc.).
  • 19. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 3736 ETAPA 3 OFICINACOM ESPECIALISTAS Quem: equipe principal e participantes com conhecimento ou experiência prática sobre o problema Duração: 3 a 4h Objetivos: testar as hipóteses, gerar conteúdo para as perguntas da pesquisa de campo SÍNTESEDAOFICINA Quem: equipe principal Duração: 3 a 4h Objetivos: analisar e consolidar resultados da oficina (categorias, padrões, insights) CONVERSACOMGESTOR RESPONSÁVELPELO PROBLEMA Quem: facilitador líder e gestor responsável pelo problema Duração: 30 a 40min Objetivos: informar ao dirigente resultados obtidos e próximos passos ETAPA 1 Preparação ETAPA 2 Conversa inicial com gestores ETAPA 5 Oficina de resultados com gestores ETAPA 4 Síntese da pesquisa Pesquisa de campo Um grupo foi composto de professores com conhecimento so- bre cursos e o outro de servidores e dirigentes envolvidos em ati- vidades de inovação. Eles tinham de realizar as seguintes análises: • Grupo 1 – Analisar cursos da Enap e identificar em quais de- les estavam sendo desenvolvidas as competências necessá- rias à inovação proposta. Havia, no grupo, um facilitador, dois professores de cursos de inovação da Enap e duas pessoas da equipe responsável pelo problema. • Grupo 2 – Identificar as atividades desenvolvidas pelos servi- dores e relacioná-las com as competências necessárias à ino- vação proposta. No grupo havia um facilitador, dois servidores do Ministério do Planejamento e um servidor do GNova. Os grupos registraram suas análises em cartelas, as quais foram agrupadas ao lado das competências propostas. Em seguida, cada grupo apresentou seus resultados para discussão. Além das alterações nas definições das competências já propostas, os par- ticipantes decidiram incluir mais uma competência relacionada ao tema comunicação. Finalizada a oficina, a equipe principal reuniu os temas afins em grupos para identificar os padrões e definir as categorias de análise (fase de síntese da oficina). Criou-se um título para cada agrupamento temático, definindo as categorias de competências necessárias à inovação. Os resultados obtidos no projeto Capacitação foram apresen- tados ao Coordenador-Geral de Educação Executiva da Enap, gestor responsável pelo problema.
  • 20. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 3938 Após a síntese da oficina e a conversa com o dirigente responsá- vel pelo problema, a equipe principal elaborou o roteiro de en- trevistas para aplicação na pesquisa de campo. APRENDIZADOS • Fazer brainstorm individual antes da discussão coletiva traz objetividade. • Os participantes devem estar engajados na resolução do pro- blema e, para isso, é preciso identificar criteriosamente esses atores, tendo em vista o nível de compromisso e as possíveis contribuições de cada um. • O facilitador deve incentivar as pessoas a se expressarem de forma objetiva e concreta. DICAS • Envie aos participantes, previamente, os objetivos da oficina e o documento base sobre o problema. • Explique, no início da oficina, o que é a Imersão Ágil e qual se- rá o papel de cada um para alinhar entendimentos sobre as entregas e resultados esperados do dia. • Convide especialistas com perfis diferenciados (função na ins- tituição, formação, experiência profissional), pois tendem a ge- rar discussões mais férteis. • Frise, no início, que o trabalho é concreto; que a discussão é orientada por objetivos e produtos; e que as discussões devem ocorrer a partir dos conhecimentos e experiências de cada um no tema relacionado ao problema. • Apresente o problema e as hipóteses sob a forma de represen- tações gráficas (diagrama, infográfico, desenho), pois facilita a condução das discussões e a compreensão dos participantes. • Trabalhe a facilitação em dupla, isso favorece o controle do tempo e o foco da discussão. MATERIAIS Agenda do dia; slides com explicação sobre a Imersão Ágil; do- cumento base impresso; protótipo; questões para trabalho em grupo; materiais de suporte a atividades (adesivos para votação, post-its etc.).
  • 21. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 4140 Grupo 1, formado por professores e servidores com conhecimento sobre cursos. Fotos: Anne Berg (MindLab) Grupo 2, formado por servidores e dirigentes envolvidos em atividades de inovação.
  • 22. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 4342 4. PESQUISA DE CAMPO O que queremos saber dos usuários? O enfoque do design na inovação trouxe várias contribuições, mas uma é particularmente relevante para o setor público: o foco nas pessoas em vez de foco nas coisas. Nesse sentido, as pesqui- sas sociais, como etnografia e grupo focal, têm sido empregadas nos processos de inovação e resolução de problemas, com o in- tento de compreender as perspectivas que têm os informantes a respeito de suas experiências, necessidades, desafios, satisfação e motivações. O objetivo da pesquisa de campo, nesta metodologia, é obter informações qualificadas dos atores envolvidos e afetados pelo problema sobre as hipóteses de solução. O roteiro de entrevis- ta semi-estruturada, feito previamente com base nas hipóteses e nos resultados da oficina com especialistas, busca coletar dados objetivos e subjetivos (valores, atitudes e opiniões) dos sujeitos entrevistados. No caso em questão, para as entrevistas, o recorte de públi- co foi “servidores que haviam participado de cursos considerados inovadores na Enap”. Foram feitas quatro entrevistas com servi- dores de diferentes perfis profissionais e funções. Os entrevista- dores trabalharam em duplas, com uma pessoa conduzindo as perguntas e a outra cuidando da gravação, fotos e da anotação dos principais pontos das respostas, observações gerais sobre a entrevista e eventuais insights. A preparação dos entrevistadores é chave para que os entre- vistados consigam responder às questões com riqueza de deta- lhes e não sejam influenciados pelas ideias dos entrevistadores. Sugere-se conversar com um especialista sobre as técnicas de en- trevista e consultar bibliografia sobre metodologia de pesquisa. 4.1.OROTEIROEAREALIZAÇÃODEENTREVISTAS A elaboração do roteiro é uma das etapas mais importantes da pesquisa. Ao formular as questões, devem ser evitadas perguntas arbitrárias, ambíguas, deslocadas ou tendenciosas que induzam a pessoa a determinadas respostas. As perguntas devem ser feitas levando em conta a sequência do pensamento do entrevistado, dando continuidade e condução lógica à conversa. Para se obter uma narrativa natural, é interessante iniciar com uma pergunta mais geral, sobre a experiência prévia da pessoa com o tema, por exemplo, frisando aspectos positivos e negativos. Há vários tipos de entrevistas, mas para a Imersão Ágil, consi- deram-se apropriadas as semiestruturadas, utilizadas quando se pretende delimitar o volume das informações e direcionar o as- sunto. Também se aplicam as que fazem uso de elementos con- cretos (protótipos, canvas, diagramas, infográficos, desenhos, fo- tos) para obter respostas dos entrevistados. O pesquisador deve seguir as questões previamente definidas, mas a situação se assemelha a uma conversa informal. Quando o entrevistado fugir do tema, o entrevistador deve ficar atento para trazê-lo de volta. Às vezes, o entrevistado tem dificuldades com uma questão ou uma pergunta não funciona, então é necessário fazer perguntas adicionais para elucidar o assunto.
  • 23. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 4544 Exemplo de material para condução de entrevista. Foto: Marina Lins Lacerda (GNova/Enap) DICAS • A entrevista deverá ser marcada com antecedência. • Pensar em critérios para a seleção dos entrevistados (familiari- dade e experiências com o tema pesquisado, heterogeneidade dos perfis etc.). • Esclarecer os objetivos da pesquisa ao entrevistado. • Criar um clima agradável, deixar o entrevistado expressar-se, não o interromper. • Pedir permissão para gravar e tirar fotos. • Realizar a entrevista em duplas e com papeis definidos: um conduz e outro anota e tira fotos. • Anotar citações diretas dos entrevistados e não interpretações pessoais das suas falas. • Explorar detalhes e exemplos concretos nas respostas (repetir perguntas, se necessário). • Fazer conversa rápida entre entrevistadores após cada entre- vista (debriefing), para identificar principais insights e citações. MATERIAIS Roteiro de entrevista, protótipos, bloco de anotações, câmera fo- tográfica, gravador. “UmvalordaIMAévocêconseguirdarmaiorconsistência àsuahipóteseoudescartá-ladeformarápidaequalificada, apartirdotestecomumpúblicoespecializado.” Participante da IMA como equipe principal (membro da equipe do gestor responsável pelo problema)
  • 24. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 4746 ETAPA 4 PESQUISADECAMPO Quem: equipe principal e 4 a 6 entrevistados Duração: 30 a 60min por entrevista Objetivos: entender contextos, necessidades e motivações das pessoas diretamente afetadas pelo problema SÍNTESEDAPESQUISA Quem: equipe principal Duração: 2 a 4h Objetivos: analisar e consolidar resultados da pesquisa de campo (categorias, padrões, insights) ETAPA 5 Oficina de resultados com gestores ETAPA 3 Oficina com especialistas Síntese da oficina Conversa com o gestor responsável pelo problema ETAPA 1 Preparação ETAPA 2 Conversa inicial com gestores “Emumintervalomuitobreve,tivemosacesso facilitadoàsideiaseexperiênciasdetodas essaspessoas-chave.Pormeiodasentrevistas, conseguimosreunirmuitosubsídio,muita informaçãoqueestavadispersa.” Participante da IMA como equipe principal (membro da equipe do gestor responsável pelo problema) Foto: Isabella Brandalise (MindLab) Entrevista com usuário no projeto Capacitação.
  • 25. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 4948 4.2.SÍNTESEDAPESQUISADECAMPO Finalizada a pesquisa de campo, inicia-se a análise dos dados co- letados nas entrevistas conjuntamente com os dados coletados na oficina de especialistas. Os produtos esperados dessa sessão são insights, citações, ideias, recomendações e a apresentação final para os gestores. Podem surgir questões a serem aprofunda- das ou ideias a serem testadas posteriormente. Na atividade, os membros da equipe principal compartilham os dados coletados uns com os outros, com base nas suas ano- tações, identificando os principais pontos das entrevistas reali- zadas, os insights e as citações dos entrevistados. Esses achados são registrados em post-its e colados em painel ou quadro bran- co. Depois, os conjuntos de temas afins são reunidos para fazer o reconhecimento de padrões ou categorias, que ganham um título para identificar ou resumir uma conclusão chave. No projeto Capacitação, como as competências estavam defi- nidas e tinham título, os temas foram agrupados ao lado de cada competência relacionada. Foi feita a análise desse material para priorizar as conclusões mais relevantes, ajustar novamente as hi- póteses e identificar as novas informações. O trabalho gerou dois produtos: a) identificação de desafios em relação a cada competência, indicando em quais dos cursos já ofertados as competências haviam sido desenvolvidas plena ou parcialmente; e b) identificação de cursos realizados em ou- tras instituições para servir de inspiração. Surgiu um tema mais abrangente nessa fase: a atenção que deve ser dada à metodo- logia de ensino e aprendizagem dos cursos, mantendo-a ativa e instigadora, coerente com a proposta de incentivar a inovação. As citações foram usadas para ilustrar cada competência. Essa fase durou 3,5h e contou com a participação da equipe principal. Por fim, os slides com as principais conclusões foram elaborados para a apresentação dos resultados obtidos aos gestores responsáveis pelo problema e interessados. Foto: Elisabete Ferrarezi (GNova/Enap)
  • 26. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 5150 APRENDIZADOS • A avaliação das entrevistas evidenciou que o roteiro precisava de reparos. Por isso, sugere-se a realização de testes do roteiro antes. • Ater-se aos principais achados facilita a análise de padrão. • A anotação de citações diretas facilita o entendimento de uma questão. Certifique-sedecontrolarotempoparamanterofocoda análiseenãoestendermuitoaetapa.Sintetizarédifícil, masimportante. MATERIAIS Post-its ou cartelas, painéis para afixar as cartelas, computador. 5. OFICINA DE RESULTADOS COM GESTORES Como o problema ou desafio pode ser enfrentado? São apresentados, na oficina de até 2h, os resultados obtidos na Imersão Ágil ao gestor interessado, gestor responsável pelo proble- ma e seu dirigente. O foco é o debate e a priorização dos insights e sugestões obtidos. É o momento de revisitar o problema inicial e sintetizar como foi o processo. Além disso, é importante lembrar que não se trata de uma apresentação conclusiva e passiva, mas, sim, de uma oficina de trabalho com os gestores para garantir a continuidade do projeto pós-Imersão Ágil. Isso pode ser feito por meio da priorização de insights a serem levados adiante, pela gera- ção de ideias para os próximos passos ou identificação de qualquer outra atividade adequada para dar continuidade ao projeto. No planejamento dessa oficina, a equipe principal retoma as contribuições das fases anteriores, principalmente a síntese dos achados da oficina com especialistas e da pesquisa de campo, e prepara os slides para apresentação que, em geral, contemplam o problema, os produtos, as etapas realizadas, as hipóteses ini- ciais e finais. Finaliza-se a oficina com a definição dos próximos passos para enfrentamento do problema ou desafio e com uma avaliação do processo. No experimento, foi apresentado um quadro com cada com- petência identificada, a citação do entrevistado, os cursos ana- lisados que desenvolviam essa competência e os desafios iden- tificados. Durante a apresentação dos resultados pelo gestor responsável, os participantes escreveram em cartelas suas dúvi- das, insights e recomendações que foram discutidos ao final da apresentação.
  • 27. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 5352 Fotos: Elisabete Ferrarezi (GNova/Enap) “Aolongodoprocesso,fuiaprendendoaconfiar maisnosinsightsenospontosforadacurvadoque namassadedados(quantitativos),sãomuitoricos.” Participante da IMA como gestor responsável pelo problema Os resultados alcançados na Imersão no projeto Capacitação foram: a) mapeamento de competências para gerar ou aumentar a capacidade de inovação; e b) contribuição para formação de lista de cursos que incluiam competências para inovação exis- tentes na Enap. É possível afirmar que o projeto impulsionou o lançamento de uma narrativa da Enap voltada à formação no campo da inovação, com prospecção e oferta de cerca de 40 cursos focados nas competências relacionadas. Terminada a oficina, a equipe principal se reuniu para siste- matizar as recomendações feitas, organizar os insights e elabo- rar o documento final. Esse documento traz uma síntese do que é a metodologia, apresenta a definição do problema e os resul- tados alcançados. O documento final apresentou a contribuição para a lista de cursos existentes na Enap que já incluiam as competências defi- nidas para inovação e recomendações para próximos passos no curto e longo prazo. Foram, também, detalhadas seis competên- cias capazes de gerar ou aumentar a capacidade de inovar dos servidores, em ordem de prioridade, seguidas de lacunas, desa- fios e insights apontados pelos participantes. De forma resumida, as competências sugeridas foram: a) Gestão e liderança para inovação – Ser capaz de engajar equi- pes para o desenvolvimento de projetos com iterações fre- quentes e resultados eficazes. b) Colaboração – b.1) Ser capaz de mapear e engajar atores re- levantes de um problema nos processos de definição, explo- ração e solução; b.2) Ser capaz de trabalhar de forma colabo- rativa em equipes.
  • 28. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 5554 ETAPA 5 OFICINADERESULTADOS COMGESTORES Quem: equipe principal, dirigente e gestor responsável pelo problema e gestor interessado no problema Duração: 1,5 a 2h Objetivos: apresentar resultados obtidos e levantar possibilidades de ação a partir desses achados ETAPA 3 Oficina com especialistas Síntese da oficina Conversa com o gestor responsável pelo problema ETAPA 1 Preparação ETAPA 2 Conversa inicial com gestores ETAPA 4 Síntese da pesquisa Pesquisa de campo c) Experimentação – Ser capaz de testar ideias rápido e com ob- jetivos claros de aprendizagem. d) Definição do Problema – Ser capaz de definir problemas públi- cos considerando sua complexidade. e) Comunicação – Ser capaz de se comunicar com atores relevan- tes usando mensagem e ferramentas adequadas ao público. f) Empatia – Ser capaz de focar nos contextos e necessidades dos atores afetados. DICAS • Fique atento ao definir os resultados, eles devem estar alinha- dos às questões identificadas no documento base, sustentando ou refutando as hipóteses. • Caso haja numerosos insights, eleja dois critérios junto com a equipe responsável e monte uma matriz de priorização. • Ao redigir o documento final inclua minimamente: síntese da Imersão Ágil, definição do problema, hipóteses levantadas e resultados alcançados. • Envie o documento final aos gestores, aos participantes das oficinas e dê retorno do trabalho aos entrevistados. MATERIAIS Agenda do dia, slides com apresentação de insights e padrões, post-its, quadro branco, marcadores, materiais de suporte a ativi- dades (gráfico de prioridades, avaliação de risco etc.).
  • 29. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 5756 Fotos: Elisabete Ferrarezi (GNova/Enap) Apresentação de resultados para gestores no projeto Capacitação. Escuta ativa de gestores durante apresentação de resultados no projeto Capacitação.
  • 30. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 5958 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas é uma metodologia que envolve especialistas rapidamente, usuá- rios e demais atores interessados para gerar entendimento da realidade e criar soluções para um problema ou desafio relacio- nado a um serviço, a uma prática de gestão ou a uma política pública. É um processo para checar a realidade do problema ou desafio investigado e pode ser aplicado em várias fases das polí- ticas públicas. Os experimentos realizados confirmaram a adequação da me- todologia, em especial, quando o timing político é variável crítica, tornando-a especialmente atraente para dirigentes interessados em testar conceitos de políticas públicas e novas práticas de ges- tão, criar ou modificar serviços ou avaliar a implementação com cidadãos e atores envolvidos. Embora seja ágil, envolve trabalho prévio considerável por parte dos facilitadores, como leituras, caso não tenham familia- ridade com o assunto, e vários encontros com a equipe para en- tender e definir o desafio, objeto da Imersão Ágil. A estruturação e delimitação do problema precisa ser bem trabalhada para ga- rantir obtenção de resultados em pouco tempo. No início da transferência da metodologia pelo MindLab, reali- zada no projeto Capacitação para incentivo à inovação na admi- nistração pública federal, houve dúvidas se o modelo funciona- ria pelo curto tempo dedicado às atividades e o formato objetivo das oficinas, tendo em vista questões culturais e alguns costumes brasileiros, como a impontualidade e discussões prolongadas. No momento de elaboração desse relato, o GNova finalizou a segunda aplicação da metodologia, dessa vez, com tema mais complexo, se comparado ao anterior, envolvendo dilemas concei- tuais e políticos. Considerando os dois experimentos, é razoável afirmar que a objetividade e concretude requeridas pelo proces- so funcionaram nos dois casos. Esse foi um dos aprendizados da equipe do GNova: é possível fazer com tempo reduzido e crono- grama fechado, desde que os facilitadores controlem a agenda e haja comprometimento da equipe responsável pelo problema. A participação de pessoas-chave da equipe responsável pelo problema na organização de toda a Imersão Ágil é contrapartida necessária, não apenas porque elas detêm expertise da temática e desenvolverão o projeto, mas porque possibilita que sejam ca- pacitadas para aplicação da metodologia ou utilização de algu- mas de suas ferramentas em outros projetos da instituição. Em relação às competências requeridas para aplicar a meto- dologia, os facilitadores precisam ter capacidade de facilitar ofi- cinas e promover conversações, conhecer e saber usar métodos e ferramentas de pesquisa e design, bem como saber utilizar e produzir registros visuais, materiais e protótipos. O emprego de técnicas e ferramentas de design é especialmente importante quando a declaração do problema não é satisfatória, as ideias não fluem ou há muitas dúvidas sobre o objeto investigado. Fazer bons roteiros de entrevistas, analisá-las e conduzi-las são, tam- bém, exigências para a geração de insights e obtenção de resul- tados úteis aos gestores. UmacaracterísticamarcantedaIMAéofatodeserancorada naorganização,exigindoocomprometimentodiretodos técnicoseenvolvimentodedirigentes.
  • 31. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 6160 Foto: Marina Lins Lacerda (GNova/Enap) O patrocínio dos dirigentes aumenta as chances de implementa- ção das propostas. A participação de atores externos, especia- listas, interessados também reforça a legitimidade do processo. Considerando que a realização de pesquisas junto aos usuá- rios, bem como a realização de protótipos e testes de conceitos antes da implementação são práticas ainda pouco comuns na ad- ministração pública brasileira, espera-se que o experimento aqui relatado sirva de inspiração para outras equipes interessadas em adaptar e testar a experiência em seus contextos, projetos e de- safios de inovação. Para facilitar, todo o material produzido no processo aqui relatado encontra-se no repositório da Enap. “AImersãoÁgilfoimuitoútilparanós,porquetrouxe novosinsightssobreoquetemosfeito,econfirmou algumassuposiçõesdequenãotínhamosmuitacerteza atéentão.Alémdisso,aconteceuemumperíodomuito curto,economizandotempoeesforços.” Participante da IMA como gestor responsável pelo problema
  • 32. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 6362 1. A utilização de metodologias denominadas “ágeis” para o ge- renciamento de projetos teve início na área de Tecnologia da In- formação, a partir da constatação de que métodos tradicionais de gestão de projetos não atendiam às demandas de produtivi- dade e satisfação do cliente. Com isso, o setor investiu em novas técnicas de desenvolvimento de software, cuja abordagem é leve e breve, com intervenção mínima para a gestão de projetos, di- vidida em etapas iterativas menores. A Imersão Ágil tem os mes- mos supostos de ser rápida, com iterações frequentes, com foco nas necessidades dos usuários dos serviços. 2. Todos os documentos citados neste relato (documento base, roteiro de entrevistas, apresentação dos resultados e documento final) foram omitidos nesta publicação pela sua especificidade, mas podem ser consultados no Repositório Institucional da Enap (http://repositorio.enap.gov.br/). 3. Referências utilizadas: ANAC. Competências para inovação, mimeo, 2017. NESTA. https://www.nesta.org.uk/blog/public-innovation-lear- ning-whats-next. OCDE. Core Skills for public sector innovation. A beta model of skills to promote and enable innovation in public sector organi- sations. Abril, 2017. 4. A árvore de problemas é um diagrama útil para identificar cau- sas e efeitos de um problema, conforme modelo ao lado elabora- do pelo MindLab. NOTAS ÁRVORE DE PROBLEMAS Problema Causas Consequências Problema Causas Consequências
  • 33. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 6564 5. Em 2018, a equipe GNova utilizou a metodologia para o teste de conceito de um novo arranjo institucional de uma política pú- blica. Nessa segunda experiência com a metodologia, a conversa inicial com gestores levou três horas porque o foco do problema não estava claro e o tema era complexo. Assim, foi necessário explorar mais a definição do problema na etapa 2. 6. Participantes da IMA: • Membros da equipe principal Anne Berg (MindLab), Elisabete Ferrarezi (GNova/Enap), Isa- bella Brandalise (MindLab), Letícia Mendonça (GNova/Enap) e Manuel Bonduki (GNova/Enap). • Gestores envolvidos Guilherme de Almeida (Diretor de Inovação e Gestão do Co- nhecimento/Enap), Luis Felipe Monteiro (Diretor de Moderni- zação de Gestão Pública – Seges/MPDG) e Pedro Vilela (Coor- denador-Geral de Educação Executiva – DEC/Enap). • Participantes da oficina com especialistas Andréa Andrade (Coordenadora-Geral de Inovação – DIGC/Enap), Bruno Pontes (Coordenação Geral de Edu- cação à Distância – DEC/Enap), Iara Endo (Diretoria de Modernização de Gestão Pública – Seges/MPDG), Mar- celo Barbosa (Coordenador-Geral de Cooperação em Gestão – Seges/MPDG), Nicir Chaves (Professora), Pe- dro Cavalcante (Professor) e Thiego da Silva (Coorde- nação Geral de Educação à Distância – DEC/Enap). • Entrevistados na pesquisa de campo Marizaura Camões (Coordenadora Geral de Pesquisa – Enap), Vinicius Neiva (STN/MF), Heber Maia (Assessor – Setic/MP) e Karen Cope (Coordenadora Geral – MMA).
  • 34. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 6766 O Laboratório de Inovação em Governo – GNova, criado em 2016 por iniciativa do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e da Enap, tem como missão desenvolver soluções inovado- ras em projetos com instituições do governo federal para que o ser- viço público possa melhor responder às demandas da sociedade. Uma das principais diretrizes do GNova é contribuir para mu- dar o modo como o Estado se relaciona com os cidadãos na ofer- ta de serviços públicos, colocando o foco nas pessoas. Isso signi- fica reconhecer os problemas e as necessidades dos usuários de serviços, sejam eles cidadãos, empresas ou outras organizações. Para promover a resolução de problemas e inovações, o GNo- va utiliza metodologias ágeis e abordagens multidisciplinares inspiradas no design, nas ciências sociais e na economia compor- tamental e atua na prospecção, experimentação e disseminação de inovação em serviços e políticas públicas. Missão: promover a inovação no setor público para melhor res- ponder às demandas da sociedade. Visão: inovação como prática transformadora no setor público. Valores: colaboração, proatividade, abertura ao risco, atuação em rede, empatia e foco no usuário, experimentação e geração de valor público. SOBRE O GNOVA Equipe do GNova. Foto: Robson Lenin Evangelista Carvalho (Ascom/Enap)
  • 35. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 6968 ANOTAÇÕES
  • 36. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 7170 MAIS ANOTAÇÕES
  • 37. Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas Inovação na Prática GNova 2018 7372 Texto composto nas famílias tipográficas Asap e Asap Condensed, projetadas por Pablo Cosgaya e Nicolás Silva. Publicação impressa em offset pela Imprensa Nacional. SIG, Quadra 6, Lote 800 70610-460 / Brasília-DF
  • 38. 74 A coleção Inovação na Prática registra as experimentações e os aprendizados da equipe do GNova – Laboratório de Inovação em Governo no desenvolvimento de projetos com instituições do governo federal. Seu principal objetivo é disseminar as metodologias utilizadas e as lições aprendidas para inspirar organizações e laboratórios interessados em adaptá-las e testá-las em seus contextos, projetos e desafios de inovação. Este volume aborda a Imersão Ágil: checagem de realidade em políticas públicas. Trata-se de uma metodologia que rapidamente envolve especialistas, usuários e atores interessados a fim de gerar entendimento da realidade para criar soluções para um problema ou desafio do setor público. 9788525600943 ISBN978-85-256-0094-3