2. OBRAS INFANTIS.
Crianças e adultos sabem de cor alguns dos poemas infantis de Vinicius de
Moraes, graças ao ritmo inteligente e bem-humorado dos seus versos.
Os discos A arca de Noé 1 e A arca de Noé 2 traziam composições como "O pato", "A
casa", "O gato", "O pingüim" e "São Francisco", que se tornaram famosas nas vozes de
Chico Buarque, Milton Nascimento, Toquinho, Marina Lima e Ney Matogrosso, entre outros
intérpretes.
As melodias contrastante, percebida entre a tranquilidade de “A casa” e a animação de “A
foca”.
Letras surpreendentes que fogem do lugar comum, contando as adversidades da vida de
cada animal.
Juliana Rego e Vanessa Rios
3. A Casa
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero.
Relógio
Passa tempo, tic-tac Tic-
tac, passa, hora
Chega logo tic-tac Tic-
tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou Muito
cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac Tic-tac
Tic-tac.
O Pingüim
Bom-dia, Pingüim
Onde vai assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim.
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu de
jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca.
As Borboletas
Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas
Borboletas brancas
São alegres e
francas.
Borboletas azuis
Gostam de muita
luz.
As amarelinhas
São tão bonitinhas!
E as pretas, então
Oh, que escuridão!
4. CRONOLOGIA DA VIDA E
OBRAAugusto Reis, Pedro Viana e Victor Bernardo
1913 – Nascimento
1924 – Inicia o Curso Secundário no Colégio Santo Inácio.
Começa a cantar no coro do colégio, durante a missa de domingo. 1927 –
Conhece e torna-se amigos dos irmãos Paulo e Haroldo Tapajoz, com os
quais começa a compor. Forma um pequeno conjunto musical que atua em
festinhas, em casa de famílias conhecidas.
1930 – Entra para a faculdade de Direito da rua do Catete. (1933, forma-
se e publica seu primeiro livro.
1939 – Casa-se por procuração com Beatriz Azevedo de Mello (primeira
mulher).
1940 / 1941 – Passa longa temporada em São Paulo, e faz amizade com
Mário de Andrade. Começa a fazer jornalismo em A Manhã como crítico
cinematográfico e a colaborar no Suplemento Literário.
1946 / 1951 – Parte para Los Angeles, como vice-cônsul, em seu primeiro
posto diplomático. Casa-se pela segunda vez com Lila Maria Esquerdo e
Bôscoli.
1953 – Parte para Paris como segundo secretário de Embaixada.
1965 – Ganha o primeiro e o segundo lugares do I Festival de Música
Polular de São Paulo, da TV Record.
1968 – Falece sua mãe no dia 25 de fevereiro.
1969 / 1970 – Casa-se com Cristina Gurjão. Casa-se com a atriz baiana
Gesse Gessy. Nasce Maria, sua quarta filha. Início da parceria com
Toquinho.
1971 / 1972 – Muda-se para a Bahia. Viagem para Itália. Retorna à Itália
com Toquinho.
1978 – Casa-se com Gilda de Queirós Mattoso, que conhecera em Paris.
1980 – É operado a 17 de abril, para a instalação de um dreno cerebral.
Morre, na manhã de 9 de julho, de edema pulmonar, em sua casa, na
Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher.
5. O AMOR EM VINÍCIUS DE
MORAES
“Vinicius foi o único de nós que teve vida de poeta”
Juliana Pereira e Mariana Queiroz
Vida de poeta, seria uma vida apaixonada.
Escrever paixão é uma coisa. Viver paixão, outra.
Vinicius, em toda sua vida, casou-se nove vezes, e, manteve igual
paixão que possuía pelas mulheres e a que tinha pela arte.
Pode-se atribuir a Vinicius de Moraes as palavras de Shakespeare:
“Mostre-me um homem que não seja escravo de suas paixões”.
Um homem simples de sensibilidade altamente acentuada para se
envolver de paixão na beleza de uma mulher que passa, talentoso o
suficiente para fazer desta paixão letra e música e, assim, apaixonar a
todos com sua arte.
Soneto do Amor total
Amo-te tanto, meu amor... não
cante
O humano coração com mais
verdade...
Amo-te como amigo e como
amante
Numa sempre diversa
realidade
Amo-te afim, de um calmo
amor prestante,
E te amo além, presente na
saudade.
Amo-te, enfim, com grande
liberdade
Dentro da eternidade e a cada
instante.
Amo-te como um bicho,
simplesmente,
De um amor sem mistério e
sem virtude
Com um desejo maciço e
permanente.
E de te amar assim muito e
amiúde,
É que um dia em teu corpo de
repente
Hei de morrer de amar mais do
que pude.
6. CONTINU
AÇÃO.Eu não existo longe de você.
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não
existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você
“ Amar, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido.”
Vinícius de Moraes
“ Vinícius amou demais e durante toda a
vida dele. Sem paixão por uma mulher, o
poetinha perdia a inspiração, entristecia e
até morria um pouco. O amor o iluminava. “
“ Qual delas Vinicius amou mais? Não
importa, pois todas elas se sentiram
especiais com o poetinha e, com
certeza, todas foram verdadeiramente
especiais. ?Casou-se nove vezes em busca
de uma paixão eterna. A grande angústia é
que ele sabia que não ia encontrar? - disse
Toquinho no documentário Vinicius. Quem
sabe...”
7. PARCERIAS
Tom Jobim: "Água de Beber" e "Lamento no Morro“
Carlos Lyra: "Você e Eu", "Coisa Mais Linda" "A Primeira Namorada" e
"Nada Como Te Amar“. (1961)
Pixinguinha: Compôs a trilha sonora do filme "Sol sobre a Lama“.
Baden Powell: "Apelo", "Canção de Amor", "Canto de Ossanha", "Mulher
Carioca" , "Pra Que Chorar", "Samba Em Prelúdio", entre outras.
Toquinho: Compuseram 120 canções, existindo a gravação das músicas
“Aquarela” e “Tarde em Itapuã”.
Chico Buarque: “Olha Maria”, “Samba de Orly”, “Gente Humilde” e
“Desalento”, entre outras.
Carol Bezerra e Breno Canguçu
8. CONTIN
UAÇÃOGarota de Ipanema
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar
[...]
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de
graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
Aquarela
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-
chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do
papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no
céu
[...]
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o
mundo
Que descolorirá
Tarde em Itapuã
Um velho calção de banho
O dia pra vadiar
Um mar que não tem tamanho
E um arco-íris no ar
Depois na praça Caymmi
Sentir preguiça no corpo
E numa esteira de vime
Beber uma água de coco
[...]
É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
9. AS FASES DA SUA POESIA
Jessica Marinho e Luana Sad
Os críticos dividem a produção poética de Vinicius de Moraes em duas fases, intitulando-as fase mística e
social.
Primeira fase:
O caminho para a distancia (1933)
Forma e exegese (1935)
Adriana, a mulher (1936)
Novos poemas (1938)
Cinco Elegias (1943)
Segunda fase:
Poemas, sonetos e baladas (1946)
Pátria minha (1949)
Antologia poética (1954)
Livro dos sonetos (1957)
Novos poemas II (1959)
10. CONTINU
AÇÃOPrimeira fase:
Fase marcada pela preocupação religiosa, angustia existencial diante da
condição humana.
Os poemas da fase geralmente são longos, com versos também longos,
em linguagem abstrata, alegórica e declamatória.
Principais características da fase:
Poesia mística, de tom bíblico-romântico, de espiritualidade católica e
visionária, daí a expressão “o sentimento do sublime”.
Poesia transcendental.
Expressão contraditória.
Dúvida existencial.
Linguagem abstrata e alegórica, solene, altissonante.
11. CONTINU
AÇÃOSegunda fase:
Arquitetura é a palavra que norteia Vinicius de Moraes em sua segunda fase
poética. Agora, sua visão de poesia se desprende do supérfluo.
Escreveu poesia social, ou seja, uma poesia engajada, preocupada com os
problemas enfrentados pela população.
A partir desta fase, o tom simbolista-religioso cede lugar a uma poesia mais
preocupada com a composição formal, desenvolvendo temas de caráter mais
prosaico, coloquial, ao mesmo tempo, um amor que deixa de ser transcendental e
principia num viés mais sensual.
Principais características da fase:
Linguagem eclética
Experimentações formais
Linguagem tradicional
Exploração da sonoridade
Neologismos
Poesia Erótica
Poesia Social