O documento discute a importância da interdisciplinaridade na educação moderna. A interdisciplinaridade rompe barreiras entre áreas de conhecimento e disciplinas, criando novas formas de entendimento. Ela exige flexibilidade, abertura e trabalho em equipe por parte dos profissionais para lidar com as constantes transformações do século 21. A interdisciplinaridade promove a resolução eficiente de problemas através da ação coletiva.
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
Interdisciplinaridade: estabelece vínculos, reorganiza saberes e supera limites
1. Interdisciplinaridade: estabelece vínculos, reorganiza saberes e supera
limites.
Maria Myrian Vieira Damasceno1
Myrianvd@yahoo.com.br
RESUMO
A interdisciplinaridade surge como fenômeno que rompe com as barreiras da
disciplinaridade, desenvolvendo o trabalho coletivo na articulação dos eixos
entre áreas de conhecimento e entre disciplinas, criando unicidade e partilha
entre os diferentes entes. As exigências da sociedade do século XX e XXI
pautam-se na dinamicidade e na efetivação dos conhecimentos, na construção
de novas competências e novos perfis de profissionais. Essa dinâmica traz ao
fazer educacional a necessidade de aprender e adaptar-se a novas e
constantes transformações do conhecimento, apontando a interdisciplinaridade
como um desafio necessário e urgente na superação das incipiências, na
abertura do diálogo e na partilha das ações profissionais em qualquer área,
principalmente educação e saúde. A interdisciplinaridade inova e exige do
profissional uma postura reflexiva que o induz a ação coletiva e conjugada,
rompendo os limites do saber fragmentado e da postura individualista. A
postura da ação coletiva e a unicidade entre os entes das diferentes áreas e
disciplinas possibilitam resolver com maior eficiência os problemas postos pela
dinâmica do contexto social do século XXI e, desenvolver um ser humano
capaz de desinstalar-se e permitir-se; aberto a cooperação, a sociabilidade, ao
diálogo, ao “aprender a aprender” capaz de intervir possibilitando a construção
de conhecimentos e valores sólidos e transformadores.
PALAVRAS-CHAVE: Interdisciplinaridade. Saber. Educação. Competência.
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¹ Artigo apresentado à disciplina de Educação e Interdisciplinaridade, ministrada pelo Prof.
Doutor lvandilson, do curso de Mestrado em Ciências da Educação: Formação Educacional,
Interdisciplinaridade e Subjetividade, ministrado pela Universidade Autônoma Del SUR -
UNASUR.
² Graduada em Português/Inglês (Autarquia Superior de Arcoverde, 1983), Especialização em:
Mídias em Educação (UFAL,; 2010), Inspeção Escolar Literatura (Faculdade Pio Décimo, 2010) e
Literatura Brasileira (UFPB, 1997), mestranda em Ciências da Educação: Formação Educacional,
Interdisciplinaridade e subjetividade pela Universidade Autônoma Del SUR – UNASUR.
2. 1 INTRODUÇÃO
Interdisciplinaridade é um tema inquietante que pontua a
exigência de posturas inovadores nos diversos âmbitos das Ciências, áreas de
conhecimento e disciplinas As demandas e transformações desta segunda
metade do século XXI exigem destes entes: a abertura ao diálogo,
sociabilidade, reflexão e trabalho em equipe.
Os teóricos como Japiassu, Fazenda, Soares, Antunes,
Papadopoulos, Muzás, entre outros pontuam as necessidades de uma postura
reflexiva, aberta, olhares integrados e ação em equipe para superar as
barreiras do individualismo, e os limites dos saberes compartimentados e
fragmentados, destacando que a interdisciplinaridade prioriza o conjunto de
ações que buscam transformações e ação coletiva.
Procuramos entender a interdisciplinaridade em face das
exigências de novas competências e dos objetivos citados por Japiassu em eu
livro “Interdisciplinaridade e patologia do saber” e a necessidade da ação
interdisciplinar na prática coletiva. Evidenciando que não há mais espaço, no
contexto de tantas transformações, informações e exigências, espaço para
posturas individualistas. É necessária a eliminação das barreiras egocêntricas,
a superação de limites e das amarras disciplinares.
2. INTERDISCIPLINARIDADE: OBJETIVOS E PRÁTICA COLETIVA
O século XX e o início do século XXI são caracterizados pelas
transformações e dinâmicas na construção do conhecimento e exigências de
3. novas competências nos diversos âmbitos. Surge com essas transformações a
necessidade de o ser humano melhorar as relações, inquietar-se com essas
mudanças e buscar soluções para os desafios e demandas advindas desse
contexto de transformações. É assim, que a partir da década de 1970 surge a
interdisciplinaridade que passa a ser entendida e vista como um fenômeno
necessário à época de inovações. Hilton Japiassu e Ivani Fazenda são os
pioneiros desse fenômeno no Brasil. Para Japiassu (1976, p. 82) a
interdisciplinaridade:
Não é apenas um conceito teórico. Cada vez mais parece como uma prática.
Em primeiro lugar, aparece com uma pratica individual: é
fundamentalmente uma atitude de espírito, feita de curiosidade, de
abertura de sentidos, da descoberta, ao desafio de novos enfoques, do
gosto pelos conhecimentos e de convicção levando ao desejo de superar
cainhos já abatidos. Enquanto prática individual, a interdisciplinaridade, não
pode ser aprendida, apenas exercida. Em segundo lugar, a
interdisciplinaridade aparece como prática coletiva.
Como prática individual a interdisciplinaridade posiciona-se
como desafio que consiste em abertura e novas posturas. Como desafio
Meneses (2012, p. 2) coloca que:
A interdisciplinaridade comporta um grande desafio para profissionais de
qualquer área, já que a conivência interdisciplinar, a abertura ao diálogo e a
busca de superação das insuficiências não poderem ocorrer sem a
necessária percepção do não saber.
A percepção do não saber induz-nos a busca de caminhos de
construção e interação que dinamizam a prática interdisciplinar. Santomé
(1998, p. 44) ressalta que:
[...] na interdisciplinaridade significa defender um novo tipo de pessoa, mais
aberta, flexível, solidária, democrática e crítica. O mundo atual precisa de
pessoas com formação cada vez mais polivalente para enfrentar uma
sociedade na qual a palavra mudança é um dos vocábulos mais frequentes e
onde o futuro tem um grau de imprevisibilidade como nunca se viu em
outra época da história da humanidade. (SANTOME, 1998, p44).
No âmbito educacional, há grande inquietação em face da
velocidade e dinâmica de informação que a cada instante sofre transformações
e estas englobam também a dinâmica das relações humanas e suas
diversidades. Fazenda (1998, p. 8) diz que “a interdisciplinaridade desempenha
4. um papel decisivo no sentido de dar corpo ao sonho de fundar uma obra à luz
da sabedoria, da coragem e da humanidade”. Aprender “a aprender” é o
desafio colocado pela interdisciplinaridade. Japiassu (1976, p. 42) enfatiza “a
metodologia interdisciplinar irá exigir de nós uma reflexão mais profunda e mais
inovadora sobre o próprio conceito de ciência, de filosofia, obrigando-nos a
desinstalar-se de nossas posições acadêmicas adquiridas, e a abrir-nos para
perspectivas e caminhos novos”.
A necessidade de maiores avanços e abertura para as
perspectivas e novos caminhos postam-se como um paradigma pontual de
domínio de ação ou intervenção frente à realidade que vivenciamos, na
educação. Essa necessidade é apontada por Japiassu (1975, p. 42 - 43)
quando destaca que a interdisciplinaridade possui dupla origem: “uma interna,
tendo como característica essencial o remanejamento geral do sistema das
ciências, que acompanha seu progresso e sua organização; outra externa,
caracterizando-se pela mobilização cada vez mais extensa dos saberes
convergindo em vista da ação.”.
Essa convergência de ações e mobilização entrelaça-se com
as possibilidades que a interdisciplinaridade proporciona, segundo Santomé
(1998, p. 64 – 65):
A interdisciplinaridade também é associada ao desenvolvimento de certos
traços de personalidade tais como: flexibilidade, confiança, paciência,
intuição, pensamento divergente, capacidade de adaptação, sensibilidade
com relação às demais pessoas, aceitação dos riscos, aprender a agir na
diversidade, aceitar novos papeis.
Num documento para o seminário sobre “Pluridisciplinaridade e
Interdisciplinaridade” na Universidade (NICE, 7,12, de Setembro de 1970,
França) Clarck abt (7) repertoria os objetivos da interdisciplinaridade,
elencados por Japiassu em Patologia do saber. São eles:
Despertar entre os professores e estudantes um interesse pessoal pela
aplicação de sua própria disciplina a outra;
Estabelecer um vínculo sempre mais estreito entre as matérias
estudadas;
5. Abolir o trabalho maçante e por vezes “bitolante” que constitui a
especialização em determinadas disciplinas;
Estabelecer comunicação entre os especialistas;
Criar disciplinas e domínios novos de conhecimento mais bem adaptado
à realidade social;
Aperfeiçoar e reciclar os professores, reorientando-os de sua
especialização, a um estudo que vise a soluço de problemas;
Reconhecer o caráter comum de certos problemas estruturantes.
(JAPIASSU, 1976, p57)
Diante da importância e amplitude do tema
interdisciplinaridade, sua efetivação e prática na educação, Severino (1998, p.
33) enfatiza: “[...] entendo que é preciso colocá-lo sob o ponto e vista da prática
efetiva, concreta e histórica.” Portanto, efetivar a prática interdisciplinar,
intensificando-a em nossa ação educativa é congregar conhecimentos
conjugando ação, necessidade e as competências apontadas pelos teóricos
como uma exigência necessária ao profissional do século ) Q(I. Perceber e/ou
permitir uma ação docente descompartilhada, operando sob a postura do
individualismo é opor-se ao crescimento e as transformações nos diversos
âmbitos. Se a interdisciplinaridade há mais de cinco décadas surgiu, segundo
Japiassu como um tríplice protesto não se pode conceber hoje, uma prática
desvinculada seja nas disciplinas ou na postura docente. O tríplice protesto
apontado por Japiassu (1976, p. 43) é:
I. Contra um saber fragmentado;
2. Contra o divórcio crescente ou esquizofrenia intelectual, entre uma
universidade cada vez mais compartimentada, dividida, subdividida,
setorizada, subsetorizada;
3. Contra o conformismo das situações adquiridas e das “ideias recebidas”
ou "impostas”.
Japiasu refere-se às universidades, porém, a realidade é
comum também no ensino fundamental e médio. Trabalhar as questões
relativas às crescentes transformações e a construção do conhecimento é uma
constante inquietação para o docente. Meis (2002, p. 70) falando sobre o
conflito tecnológico vivenciado neste século diz:
Não sabemos ainda como preparar os estudantes de forma a tomá-los
capazes de lidar de forma eficiente não só coma grande quantidade de
6. novas informações, mas também com as ramificações continuas do saber
que geram novos cursos na universidade e novos profissionais no mercado.
Referimo-nos ai colocação de Meie entendendo que a pratica
interdisciplinar no conjunto de seus objetivos, colados por Clarck e citados por
Japíassu possibilitam aos entes fortalecer as relações, transitando com a
percepção de que os desafios são constantes e precisam de ações que os
dinamizem na otimização do novo e na concretude dos avanços.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabemos dos grandes desafios postos pelas exigências de
uma sociedade na qual o conhecimento e os valores sofrem transformações a
cada instante e novas situações problemas desafiam-nos. Fica evidente, que
neste contexto não há espaço para posturas individualistas, compartimentadas
e fragmentadas. A exigência de profissionais reflexivos, sociáveis, com espírito
de equipe, abertos as transformações e dispostos a “aprender a aprender” é
evidente e posto como uma constante, para a efetivação do conhecimento.
A metodologia interdisciplinar cria unicidade entre os entes
efetivando um desinstalar - se para a reflexão: as exigências são pontuais, as
transformações constantes e novos perfis exigidos. Firmando-se assim, a
interdisciplinaridade como ação que conscientiza e impulsiona para
perspectivas educacionais estruturantes, certos de que projetos globais,
problemas vivenciados no chão escolar e entorno as necessidades dos
discentes, os problemas relacionais e as demandas de novas competências
profissionais, tudo deve ser trabalhado a luz da interdisciplinaridade, na
construção da ação que prioriza e crie uma nova postura e um ser voltado para
as demandas e exigências da contemporaneidade, mas com humanização.
É evidente, que; o docente e a escola precisam apropriar-se
com maior eficiência da metodologia interdisciplinar e atuar tendo-a como fonte
de aprendizagem coletiva e fortalecedora de sua pedagogia, certamente, não o
7. fazendo, fomentará ainda mais a postura individualista, compartimentada
voltada para a equipe que promove exclusão.
Portanto, a demanda pelo trabalho em equipe, coletivo entre as
Ciências, áreas de conhecimento e disciplinas promove abertura ao diálogo,
eficiência em resoluções de situações/problemas e firma-se como um
paradigma desta segunda década do século XXI. Concluímos com uma
atirmação de Queluz (1991, p. 28 - 29):
É necessário que haja um trabalho coletivo que propicie, a partir do diálogo
com a atividade na construção, reconstrução do conhecimento, o confronto
entre pontos de vista diferenciados e a partir daí uma nova competência
profissional.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. Prática de novos saberes. 2° ed. Fortaleza: Editora IMEPH,
2009.
FAZENDA, Ivani. Didática e interdisciplinaridade. C.A. (org.). Campinas, SP:
Papirus, 1988 (coleção práxis).
MUZÁS, Maria Delores; BLANCHORD, Mercedes. Proposta metodológica para
professores reflexíveis: como trabalhar a diversidade em sala de aula.
(tradução Cristiane Paixão Lopes)1° ed. São Paulo: Paulinas, 2008.
MEIS, Leopoldo de. Ciências, Educação e o Conflito Humano Tecnológico. 2°
ed. São Paulo:Editora SENAC, zooz.
PAPADOPOULOS, George S. Aprender para o século XXI. In: A educação
para o século XXI. Questões e perspectivas. Delors, Jacque (org.). Porto
Alegre: Artmed, 2005.
QUELUZ, Ana G. A Pré-escola centrada na criança. São Paulo: Pioneira, 1991.
SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: O currículo
integrado. Trad.Claudia Schlling. Porto Alegre: Editora Arte médica SUL LTDA,
1998.
8. SOARES, Suely Galli. Arquitetura da identidade: sobre educação, ensino e
aprendizagem.São Paulo: Cortez Editora, 2001