1. | março/abril 2013 | 5352 | março/abril 2013|
César de
CastroMKT 360º
Foto: divulgação
César de Castro
é jornalista
cesardecastro@uol.com.br
no caso do Rio pela própria geografia, o “tudo junto
e misturado” – e nada mais típico e representativo do
Brasil – só falta ser vivido de verdade por todos os
brasileiros. Precisamos ser pioneiros destemidos nas
iniciativas, como cidadãos e empresas!
Os arco-íris já estão aí e não há só um pote de ouro,
há vários e de vários tamanhos e para todos! Nossas
atitudes e olhares é que determinarão e consolidarão
tamanha abundância. A natureza o produz da chuva,
não necessariamente da tempestade, então o arco-íris
é fruto de água, de sol, de vida, e com nossa energia,
cada um cria o seu, saindo e chegando de onde quiser.
E é exatamente isso que o projeto socioambiental
“Tudo de cor para você”, realizado pela Tintas Coral na
comunidade Santa Marta, retoma em 2013 ao revitalizar
a fachada de casas locais. Em 2010 foi realizado o projeto
piloto, e com o sucesso foi criada uma edição especial e
o “Tudo de cor para o Rio de Janeiro – Santa Marta” vem
sendo colocado em prática desde o final de 2012.
Atualmente o local tem seis mil moradores que habitam
aproximadamente 1.500 casas. “A comunidade foi
escolhidaporserfortementereconhecidapelaorganização
social e por seu pioneirismo em diversos projetos”, diz
Jaap Kuiper, presidente da Tintas Coral. Segundo Jaap,
a previsão é que essa fase de revitalização conte com
o engajamento de centenas de moradores da região; a
intenção é ser uma revitalização coletiva. “Por meio das
cores queremos cumprir nossa missão de contribuir para
o aumento da autoestima e alegria das pessoas que ali
vivem. Buscamos plantar a semente da preservação em
cada lugar que passamos e assim mostrar o poder que as
cores possuem”, afirma o executivo.
Serão utilizados aproximadamente 300 mil litros de
tinta em 24 diferentes tonalidades, sendo escolhidas
as cores preferidas pelos moradores, que contam
com a consultoria do arquiteto carioca Jorge Abrantes,
parceiro da iniciativa, criador do projeto arquitetônico
adotado para as casas, e envolvido em ações para
melhoria visual da comunidade desde 2005.
A participação da comunidade é um dos pilares
da iniciativa, tendo sido constituído um comitê de
representantes locais visando ajudar e definir os rumos
do projeto. Segundo o presidente da associação de
moradores do morro Santa Marta, José Mario Hilário, as
discussões mensais do grupo mostram a maturidade
alcançada pela comunidade e resgatada pelas Tintas
Coral com o projeto.
Antes de começar o trabalho de revitalização, a situação
das fachadas de todas as moradias foi avaliada a partir
de um levantamento técnico inédito para detalhar
informações sobre os imóveis.
Os moradores terão a oportunidade de fazer cursos
de capacitação na área de pintura em conjunto com
o Senai ao longo de 2013. “Queremos estimular que
os próprios moradores pintem as suas casas e por
isso fornecemos todo suporte necessário, como
equipamentos, ferramentas, cursos e orientação de
profissionais especializados. Buscamos gerar emprego
aos moradores“, complementa Jaap Kuiper.
O projeto é fantástico e de grande impacto, confirmado
pelas palavras da primeira moradora a ser beneficiada,
reforçado pelos trabalhadores locais, pintores que estão
empregados e artistas locais incentivados, como Swell
que está pintando o mural na subida ao lado da UPP.
Osmultirõesparapinturaacontecerãoaolongodoprojeto.
Querendo conhecer melhor a iniciativa e participar agora
só depende de quanto o pioneirismo o instiga e sua
vontade de criar seu arco-íris ou embarcar em um que
seja o caminho para a realização do que almeja!
Pioneirismo, Arco-Íris
e Potes de Ouro!
Coronel Leôncio e Borel, o reality da Band com Sabrina
Sato morando na comunidade, sem falar do “MTV na
Laje”, e “Mundo S.A.”, da Globonews, sobre negócios nas
comunidades e outros que certamente surgirão!
As abordagens são claras. No caso do “Esquenta”,
Regina Casé participa das comunidades formal e
informalmente. Seu trunfo é concretizar e divulgar a
comunidade na mídia através de sua cultura e identidade,
fazendo com que a própria comunidade se orgulhe ainda
mais da sua origem, não mais sinônimo de vergonha,
exclusão e bandidagem, muito pelo contrário, objeto
de desejo de artistas, empreendedores, estrangeiros e
todos aqueles que conseguiram perceber e sentir o que
faz esse universo tão envolvente e cativante nas suas
manifestações mais puras e representativas.
Perante tantas mudanças, fica a dica para quem ainda
não se deu a oportunidade de conhecer e se relacionar
com mundos distintos da sua realidade, talvez hermética:
permita dar-se a chance de descobrir novos lugares
que, certamente, quanto mais vivenciados juntamente
com as trocas de informação, levarão gradativamente
ao crescimento das partes envolvidas. E como cabe
imagens:divulgação
O
s que se predispõem a correr atrás do pote
de ouro do arco-íris sempre têm um quê de
exploradores do desconhecido em busca do
tesouro no final da jornada ou expedição sem que
saibam o que enfrentariam ou se preocupassem com
isso para atingir seu objetivo.
Poderíamoschamá-losentão,comumolharromântico,de
pioneiros desbravadores em busca do tesouro e aí pode
ser material ou não, ouro, felicidade, outro desejo, mas
no nosso caso o desenvolvimento de iniciativas pioneiras
buscando progresso e soluções para as necessidades
de um povo, permanecendo o olhar realista.
Segundo estudos do Instituto Data Popular, o Brasil têm
12 milhões de pessoas morando em comunidades e
que ganham aproximadamente R$ 56 bilhões por ano
(veja mais na reportagem da pág. 74), valor comparável
ao PIB da Bolívia, sendo que São Paulo e Rio de Janeiro
representam os maiores valores absolutos de pessoas
vivendo em comunidades no Brasil; ressaltando que a
classe média virou maioria nas comunidades brasileiras.
O Rio de Janeiro é sem dúvida protagonista destas
mudanças por motivos já sabidos, como Copa,
Olimpíadas e todo processo já em curso
submetido à exposição internacional.
Podemos dizer que este ano é o de
consolidação da exploração das comunidades
pelos diversos segmentos, desde mídia
até as grandes corporações e instituições.
Entenda-se exploração positiva e que otimiza
o crescimento em todos os sentidos e a
predatória também; e ainda tem muito por vir
levando em conta o tamanho deste universo e
o que o envolve!
Surgem então programas televisivos com
abordagens diversas, desde o programa
“Esquenta”, da Globo, o quadro do Pânico “Funk
Zica da Comunidade“ gravado nas comunidades
Éhoje!Vamosnosorganizarepintarnossopróprioarco-íris.
Nãohámomentotempestivoquenãoseabaleaosorrisodascores.
Aline Lopes