Tecnologia Assistiva: A contribuição da TA na inclusão da criança com deficiência física no ensino comum
1. Pedagoga, pós graduada em Psicopedagogia e em Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, na Área da Deficiência Física.
Atua como PAAI no CEFAI de Guaianases desde 2011 e trabalha há 11
anos no município de São Paulo como Professor de Educação Infantil e
Ensino Fundamental I.
“Incluir é apostar que é possível. É investigar,
oportunizar e investir sempre!”
Elisabete Salles
Especialista em Deficiência Física
2. Tecnologia Assistiva:
A contribuição da TA na inclusão da criança com
deficiência física no ensino comum
Por Elisabete Salles
Teclado Intuitivo Colher adaptada Andador Mobiliário Adaptado
(EMEF Madre Joana Angélica de Jesus) (EMEF Quirino Carneiro Rennó) (EMEF Elias Shammas) (EMEI Elisa Kauffman Abramovich)
3. Sabemos que a deficiência física pode ter diversas origens. De acordo com o Decreto 5.296, de 2004,
ela diz respeito à alteração total ou parcial de um ou mais segmentos do corpo, acarretando
comprometimento da função física (BRASIL, 2004).
A ausência de alguma parte do corpo, seja por amputação, seja por má formação congênita, lesões
ou alterações funcionais neurológicas ou ainda deformidades ósseas e musculares podem ter como
sequela dificuldades no controle e na amplitude de movimentos, na sustentação da postura, no
equilíbrio e na mobilidade.
Sendo assim, “os impedimentos da função motora acarretam a privação de acesso e de participação
dos alunos em espaços e atividades, e isto deve ser analisado para que recursos adequados de
Tecnologia Assistiva (TA) possam apoiar o desenvolvimento da funcionalidade, ou seja, a possibilidade
de deslocar-se, de chegar aos ambientes pretendidos e ali explorar o meio e as atividades nele
realizadas”.
Tendo em vista que a infância é um período fundamental na vida do ser humano, a criança necessita
interagir com o meio nas mais diversas formas. A Educação Infantil é o momento oportuno para vivência
de experiências significativas e muitos conhecimentos, permeados pelas brincadeiras, como: o fazer
artístico, a função simbólica, a oralidade, identidade, raciocínio lógico matemático, natureza e
sociedade, a autonomia, inclusive nas atividades de vida diária (alimentação e higienização) e
atividades de movimento. A criança com limitação motora, muitas vezes, necessitará de recursos da
Tecnologia Assistiva (TA) para atingir a interação necessária ao seu desenvolvimento potencial.
4. Nos dias de hoje, ouvimos falar muito em Tecnologia Assistiva, mas o que de fato se compreende deste
conceito?
Em 14 de dezembro de 2007 no Comitê de Ajudas Técnicas, órgão ligado ao Governo Federal, define
que:
“Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba
produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou
mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social
(BRASIL, 2007)”.
De acordo com o Comitê de Ajudas Técnicas, os recursos de Tecnologias Assistivas são classificados de
acordo com os seus objetivos ou de acordo com o funcionamento a que se destinam. Assim, diversas
classificações de Tecnologias Assistivas foram criadas atendendo diferentes finalidades. Neste
documento, Bersh (2008) aponta que há diferentes categorias de recursos e materiais que compõem as
tecnologias assistivas. São elas:
- Auxílios para a vida diária e vida prática;
- Comunicação aumentativa e alternativa;
- Recursos de acessibilidade ao computador;
- Sistemas de controle de ambiente;
- Ojetos arquitetônicos para acessibilidade;
- Órteses e próteses;
- Auxílios de mobilidade;
- Auxílios para cegos ou para pessoas com visão subnormal;
- Auxílio para pessoas com surdez ou déficit auditivo;
- Adaptações em veículos.
5. A TA varia desde uma simples adaptação de lápis até um recurso tecnológico, como um software. No
âmbito educacional a TA auxilia no desenvolvimento de atividades para crianças em decorrência de
limitações motoras quenão conseguiriam desenvolver.
Segundo Bersch (2006), esse tipo de tecnologia deve ser entendida como recurso, visando ampliação
das habilidades que estão sendo prejudicadas ou, até mesmo, a possibilidade de realização da função
desejada e que se encontra prejudicada por circunstâncias peculiares da deficiência.
Portanto, para acontecer de fato a inclusão, faz-se necessário a somatória de fatores que vão desde as
adaptações no ambiente físico, organização curricular, formação “in loco” e contínua dos profissionais
envolvidos, participação efetiva da família, além da parceria do CEFAI, saúde e gestão escolar, todos
com o olhar para identificar mecanismos excludentes com a certeza das possibilidades ilimitadas dos
recursos de tecnologia assistiva.
Neste cariz, a acessibilidade precisa ser o norteador que perpassa toda a organização escolar, devendo
ser prevista e assegurada no Projeto Político Pedagógico, garantindo às crianças com deficiência física
maior participação e o direito de “manifestação e a expressão nas diferentes linguagens” (Documento
de Referencia/Mais Educação São Paulo/2013).
O serviço prestado pela Tecnologia Assistiva está presente desde a avaliação, prescrição, locomoção,
comunicação, ensino, transporte, lazer e outros. A escolha do tipo da TA deve estar vinculada
diretamente com a realidade do atendido tendo como fundamento o seu contexto e suas necessidades
funcionais. A equipe de profissionais envolvida com o caso irá analisar os recursos adequados e
disponíveis, avaliando de que forma o uso desses recursos favorecem sua inserção educacional e social.