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J. R. MILLENSON
p r in c íp io s d e
ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO
A mais moderna e sistemática coleção de princípios elementares
universais que existem para a modificação do comportamento
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Obtura- Retículo de difração
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Monocromador Fonte de Luz
ÍHesbiirUÍ
PRINCÍPIOS DE ANÁLISE
DO COMPORTAMENTO
J.R. MILLENSON
PRINCÍPIOS DE ANÁLISE
DO COMPORTAMENTO
Tradução de
A lina de Alm eida Souza
Dioue tie Kezende
COORDENADA
THESAURUS
© Copyright, J. R. Milleonson, 1967
Título original: Principles-of Behavior Analysis
THI MACMILLAN COMPANY, NLW YORK
Library of Congress catalog card number: 67 15540
Montagem: Afonso Rocha
Fotomontagem de : João Pinto
Composição de: Antonio Carlos da Silva e Clemente Silva l'ilho
Capa: Paulo Magalhães
MCMLXXV
Todos os direitos, em língua portuguesa no Brasil, reservados de acordo com a lei. Nenhuma parte
deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo
fotocópia, gravação ou informação computadorizada, sem permissão por escrito da editora
COORDENADA / THESAURUS EDITORA DE BRASÍLIA LTDA. SIG Q. 08 LOTE 2356 -
FONE: (061) 344 3738 - FAX: (061) 344 2353 - Brasília - DF.
Para
VIVIENNE
PREFÁCI O À EDI ÇÃO BRASI LEI RA
A maior parte do livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO foi
escrita durante o ano acadêmico de 1964, enquanto eu era um jovem professor assistente
de Psicologia no Instituto de Tecnologia Carnegie (agora Universidade Carnegie-Mellon),
em Pittsburgh, Pensylvania. Eu o concebi como um texto sistemático de introdução dos
estudantes, em nível elementar e avançado, àqueles princípios conhecidos de modificação
do comportamento que devem servir de base à grande porção da conduta adaptativa do
homem e de organismos relacionados com ele. Em sua maior parte, escrever este livro foi
um trabalho de amor. Eu ensinava Psicologia a iniciantes, para quem eu a interpretava
como a ciência que se preocupa com as interações do comportamento com o meio
ambiente e para quem havia tantas coisas que desejava dizer (e que o fiz muitas e muitas
vezes!) que não se encontravam em qualquer dos livros textos existentes, que decidi
desenvolvê-los por escrito. Aquela época existia apenas um livro texto sistemático e
elementar sobre esse campo de estudo que, embora suportando majestosamente a sua
idade, muita coisa tinha acontecido desde a sua publicação em 1950.
Parece-me claro agora, como o foi ent£o, que a Psicologia é um campo científico a
mover-se rapidamente de seu estágio pré-paradigmático para a exploração sistemática de
um conjunto unificado de comportamentos. Gosto de pensar que em sua diminuta trilha,
o livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO continua a dar uma
contribuição permanente pc.ra o estabelecimento desse novo paradigma da Psicologia.
Agor.i, olhando para trás, uma década desde que esse livro apareceu, posso ver mais
claramente as suas virtudes e falhas. É certo que nessa ciência de desenvolvimento tão
rápido qualquer livro texto logo se desatualiza. Novos processos importantes, como a
^uto-modelagcm, o comportamento adjuntivo e o biofeedback entraram em cena; outros
processos familiares, como o da punição e do condicionamento clássico, foram
consideravelmente relormulados. Por outro lado, enquanto em 1964 não tinhamos quase
nenhuma teoria que merecesse esse nome, os anos de 70 testemunharam a chegada de
modelos quantitativos tanto na teoria do reforço como na do condicionamento clássico.
Esses modelos, embora deliberadamente restritos à área que cobrem, têm uma certa aura
de autenticidade que íalta totalmente nas grandiosas teorias primitivas sobre
aprendizagem da era anterior. As descobertas complementares de que as atividades
autônomas reflexas são reíorcáveis e nue os comportamentos emitidos nodem ser
excitados por contingências associadas/ colocam em questão nossa distinção fechada
entre operantes e respondentes. É m uito cedo para dizer quão drasticamente essas
descobertas vão abalar nossos fundamentos teóricos, mas é certo que maiores
modificações estão no ar.
Há dez anos atrás, como reação às prematuras teorizações das décadas de 1940 e
1950, a disposição dos que trabalhavam nesse campo era fortemente descritiva. A análise
que B.F. Skinner fez do comportamento proposital, sua preocupação com o organismo
individual e sua ênfase no controle pelo reforçamento de contingências eram as bases do
cultivo empírico vigoroso dos princípios de reforçamento positivo. A lei do efeito de
Thorndike estava no seu zênite e este livro é um produto daquele clímax. Porém algumas
mudanças sutis estão acontecendo no Zeitgeist. O controle de contingências — pervasivo
e importante como é — começou a ceder lugar a um conjunto de efeitos perplexantes
que, mesmo parecendo intimamente ligados ao reforço, vão alem da lei do efeito. Por
outro lado, o condicionamento clássico, a outra face da moeda do determinismo na
Psicologia, acha-se menos e menos seguro de seu papel como o segundo maior princípio
de modificação do comportamento. Suspeito mesmo que devemos logo nos preparar para
aceitar a idéia de que as modificações das respostas no condicionamento clássico pode ser
grandemente reduzido a uma forma de aprendizagem instrumental. Naturalmente que,
quando e se, essa integração vier, ela certamente não eliminará Pavlov. Pelo contrário, os
diques serão finalmente eliminados para a exploração das descobertas do grande fisiólogo
Russo, em sua área mais apropriada: a modulação do comportamento corrente pelos
efeitos Pavlovianos sobre a motivação, a emoção e a criação de reforçadores.
O livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO guarda um silêncio
virtual sobre as contribuições dos biólogos comportamentais às fontes evolucionistas da
variação do comportamento; fator este não facilmente manipulável mas não facilmente
ignorado. Enquanto eu sempre senti a negligência às contribuições dos etologisias às
características comportamentais das espécies, como a maior omissão de meu livro, e o
enfoque no meio-ambientalismo (que poderia ter sido d ifícil conseguir com uma
apresentação balanceada de biologia e psicologia) foi e é a sua maior força. Porquanto a
sua preocupação com as variáveis do meio ambiente do passado e do presente
permitiram-me aplicar a teoria do reforço de maneira criativa a um amplo espectro de
com portam entos humanos complexos, incluindo a aprendizagem de conceitos,
significado e compreensão, solução de problemas, motivação e emoção, de tal modo que
ainda hoje parece-me que retêm um sabor moderno. Assim, por todas as mudanças e
fermentos que ocorreram desde o seu aparecimento e por todas as suas omissões, pode
muito bem ser qüe o livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ainda
contenha a mais noderna e sistemática coleção de princípios elementares universais que
existem para a jodificação do comportamento. Certamente eu creio que minha atenção
meticulosa para a elaboração e a aplicação de conceitos fundamentais, minha pressão
neste livro na descrição formal de contingências de reforçamento, a preocupação no
texto com os detalhes íntimos, em profundidade, de um número limitado de processos
fundamentais do comportamento, seu comprometimento em compreender, opondo-se a
uma ( obertura superficial dos temas, sua natureza programada e, finalmente, sua fé em
que a teoria psicológica pode e deve ser desenvolvida a um nível comportamental são,
todos eles, características que permanecem distintas e perenes.
Tornando este livro disponível numa edição em Português a, talvez, uma audiência
bem maior, esta poderá ser introduzida aos recentes insights e às promessas conceituais
dessa ciência do século XX
PREFACIO
O objetivo deste livro é fornecer uma introdução rigorosa à Psicologia Experimental
orientada para os dados. Ele se dirige principalmente ao estudante do primeiro curso em
Psicologia e contém material adequado para dois semestres consecutivos ou um período
de um ano. Embora o texto atinja um grau incomum de sistematização para
o nível introdutório, o material que ele contém não é necessariamente mais difícil do que
o encontrado na maioria dos textos de abordagem geral no campo. Com um grupo
limitado de conceitos gerais, tentei construir uma estrutura razoável de modo que o
estudante tenha, se este fôr o seu primeiro, único ou último curso em ciência, os meios
para interpretar e ordenar uma ampla variedade de fenômenos psicológicos.
Não fiz tentativa alguma para rever todas as atividades variadas dos psicólogos em
geral na metade do século vinte. Na maior parte mantive o caminho direto e estrito da
Psicologia Experimental. Dentro desses limites, concentrei-me no que, em termos tradi­
cionais, seria chamado aprendizagem e condicionamento, motivação e emoção e, em
menor extensão, Psicofísica, percepção e resolução de problemas. Os correlatos fisio­
lógicos do comportamento são apresentados nas discussões sobre motivação e emoção.
As desordens do comportamento são estruturadas como fenômenos emocionais patoló-
>s. Não há um capítulo com títulos como os de Percepção e Psicofísica, mas seus
1'miiTilns básicos e alguns dados representativos são considerados no texto, nos capítulos
h*>l»ic* controle de estímulo, discriminação e aquisição de conceitos, e em outras partes. A
aluminum na área é feita em termos da análise funcional do comportamento, um ponto
do visla há muito tempo associado com B. F. Skinnei. Embora a maioria dos “prin­
cípios’* dosciilos tenham suas origens no laboratório de pesquisa animal,sua relevância
para as atividades humanas é repetidamente enfatizada.
Algumas noçoes de Estatística elementar são apresentadas, principalmente para
fornecei algum sabor à variabilidade dos dados e para apontar a utilidade de instrumentos
estatísticos no losumo e interpretação dos resultados. Utilizei o método de anexar alguns
capítulos com seçoes sobre análise de dados, muitos dos quais descrevem conceitos
estatísticos simples. Embora estas seções estejam organizadas de modo a incorporar os
dados empíricos citados nos capítulos em que aparecem, eles fornecem seqüência
independente colocada à narte do corno do textn
Um sistema de notação de R e S para descrever os procedimentos comportamentais é
uma parte integral do texto. Os procedimentos no campo estão se tornando cada vez
mais complexos e algum esquema formal para reduzí-los aos seus elementos parece dese­
jável se se quer que o estudante aprecie diferenças e similaridades de procedimento. 0
problema de se a notação particular, aqui elaborada, há de encontrar um lugar permanente
na ciência não será resolvido aqui. Mas, com sua inclusão, desejo enfatizar que uma
representação simbólica da lógica de nossos procedimentos está se tornando obrigatória
para uma exposição e comun icação eficientes.
Espero que o instrutor encontre dificuldade para modificar a seqüência dos capítulos
ou omitir qualquer um completamente. (As seções que podem ser omitidas sem destruir a
continuidade estão em tipo pequeno.) Os conceitos se constroem uns sobre os outros e o
livro é uma unidade. O nível de dificuldade parece-me ser uma função direta do número
do capítulo. Ao usar o material com estudantes de vários níveis, o principal grau de
liberdade parece ser a velocidade em que o instrutor pode progredir. Mantendo o prin­
cípio de Bruner1, que “qualquer assunto pode ser ensinado, de modo efetivo e de uma
forma intelectualmente honesta, a qualquer indivíduo em qualquer estágio de desenvol­
vimento”, espera que o livro seja útil para diversos níveis: talvez, como um
texto auxiliar para o curso de aprendizagem em graduação, ou mesmo como um livro de
consulta para cursos de pós-graduação em análise experimental do comportamento.
Um laboratório seria um complemento valioso para um curso tal como este e a
seqüência do texto é tal que facilita uma ordem lógica de tópicos experimentais para o
laboratório.
Meus agradecimentos são para muitos dos meus ex-alunos da Columbia University,
Birkbeck College (University of London) e Carnegie Institute of Technology que,
durante anos, estabeleceram as condições para escrever o livro e que modelaram
amplamente a sua estrutura. A Susan Alcott, Nancy Innes, Mary Carol Perrott, e par­
ticularmente Isabelle Alter, tenho uma dívida pela leitura crítica, releitura, e edição dos
rascunhos preliminares. As sugestões dos meus colegas Daryl Bem, John Boren, Derek
Hendry, Dennis Kelly, Bernard Migler e do editor dessa serie, Melvin Marx, que entre eles
ieu cada capítulo do livro, esclareceram, apreciavelmente, a versão final.
Evalyn Segai, generosam ente, realizou o árduo trabalho de reler todo o manuscritc
durante as férias de verão, e seus comentários detalhados ajudaram a melhorar o livro de
muitas maneiras. W. N. Schoenfeld e Francis Mechner merecem o crédito por aquilo que
de valor original aqui for encontrado. Não seria necessário dizer que eles não são de
modo algum responsáveis pelos defeitos e deficiências e espero que eles perdoem quais­
quer distorções de suas idéias que eu possa ter, inadvertidamente, criado.
J. R. M.
J. S. Bruner, The process of education. Cambridge: Harvard llnivrr Press 196^ n ^
1
S U M Á R I O
NOTA AOS ESTUDANTES......................................................................................... 19
PRIMEIRA PARTE: A REGULARIDADE DO COMPORTAMENTO..................... 21
CAPÍTULO 1 - UM BACKGROUND PARA A ABORDAGEM CIENTÍFICA AO
COMPORTAMENTO....................................................................... 23
1.1 Primeiras tentativas para explicar e classificar o comportamento humano..... 23
1.2 A ação reflexa........................................................................................................ 25
1.3 Reflexos condicionados ou adquiridos............................................................... 25
1.4 A teoria da evolução e o comportamento adaptativo....................................... 26
1.5 Os primeiros experimentos sobre o comportamento “voluntário” .................. 27
1.6 O Zeitgeist.............................................................................................................. 29
1.7 A psicologia perde a sua m ente............................................................................ 30
1.8 O firme estabelecimento de uma análise experimental do comportamento .... 32
1.9 Revisão.................................................................................................................... 34
CAPÍTULO 2 - COMPORTAMENTO REFLEXO (ELICIADO)........................... 37
2.1 A fórmula S - R .................................................................................................... 37
2.2 Leis do reflexo primário........................................................................................ 39
2.3 Leis secundárias do reflexo................................................................................... 41
2.4 Força do reflexo: um constructo hipotético....................................................... 42
2.5 Exemplos comuns de reflexos.............................................................................. 44
2.6 Variabilidade nas medidas; resumo de dados em distribuição de freqüência;
estatística básica; a curva normal........................................................................ 45
CAPÍTULO 3 - CONDICIONAMENTO PAVLOVIANO ....................................... 53
3.1 Reflexos condicionados e a natureza de um experimento................................. 53
3.2 O paradigma Pavloviano: um método esquemático de representar ocondi­
cionamento 56
3.3 Relações temporais nos paradigmas de condicionamento................................. 62
3.4 A extensão do condicionamento clássico........................................................... 64
3.5 O método experimental ........................................................................................ 66
3.6 Introdução aos conceitos elementares de probabilidade................................... 70
CAPÍTULO 4 - FORTALECIMENTO OPERANTE............................................... 75
4.1 Introdução ao comportamento proposital.......................................................... 75
4.2 Um experimento protótipo.................................................................................. 77
4.3 Mudanças na taxa absoluta................................................................................... 79
4.4 Mudanças na taxa relativa.................................................................................... 84
4.5 Mudanças seqüenciais no responder.................................................................... 85
4.6 Mudanças na variabilidade.................................................................................... 86
4.7 Operantes e estímulos reforçadores..................................................................... 87
4.8 O paradigma do fortalecimento operante........................................................... 89
4.9 Operantes vocais..................................................................................................... 90
4.10 A extensão do fortalecimento operante............................................................. 92
4.11 Superstição............................................................................................................. 94
4.12 Condicionamento operante .................................................................................. 95
CAPÍTULO 5 - EXTINÇÃO E RECONDICIONAMENTO DO OPERANTE....... 99
5.1 Mudanças na taxa de resposta durante a extinção.............................................. 100
5.2 Mudanças topográficas e estruturais na extinção............................................... 101
5.3 Resistência à extinção........................................................................................... 102
5.4 Recuperação espontânea ....................................................................................... 106
5.5 Condicionamento e extinção sucessivos............................................................. 107
5.6 Esquecimento e extinção...................................................................................... 108
5.7 Uma definição compreensiva de extinção operante........................................... 112
5.8 A extensão dos conceitos de extinção................................................................. 112
5.9 Representações gráficas dos resultados de experimentos nos quais muitas
variáveis independentes são estudadas em conjunto........................................ 116
SEGUNDA PARTE: AS UNIDADES FUNDAMENTAIS DE ANÁLISE............... 121
CAPÍTULO 6 - NOTAÇÃO DE CONTINGÊNCIA DE RESPOSTA E ESTÍ­
MULO................................................................................................ 123
6.1 Respostas e eventos ambientais............................................................................ 124
6.2 Situações e eventos ambientais............................................................................. 126
6.3 A noção de uma contingência comportamental................................................ 127
6.4 A situação inicial (Sa) .......................................................................................... 129
6.5 Contingências múltiplas na mesma situação....................................................... 130
6.6 A contingência nula.............................................................................................. 132
6.7 A duração das situações e das contingências....................................................... 133
6.8 Mais de uma resposta é exigida para a conseqüência S ....................................... 134
6.9 Contingências repetitivas......................................................................... ........... 135
6.10 Facilitação............................................................................................................. 136
6.11 Çontingências negativas....................................................................................... 137
6.12 Contingências probabilísticas............................................................................. 138
6.13 Discriminações...................................................................................................... 139
6.14 R e S funcionalmente dependentes................................................................... 140
6.15 Contingências agrupadas...................................................................................... 141
CAPÍTULO 7 - REFORÇAMENTO INTERMITENTE......................................... 143
7.1 Contingência de intervalo.................................................................................... 144
7.2 Probabilidade de reforçamento.......................................................................... 149
7.3 Notas teóricas sobre esquemas de reforçamento.............................................. 152
7.4 Os efeitos do reforçamento intermitente naresistência à extinção................. 153
7.5 Outros efeitos comportamentais do reforçamento intermitente.................... 155
7.6 Estados estáveis do comportamento.................................................................. 155
CAPITULO 8 - A ESPECIFICAÇÃO DA RESPOSTA.......................................... 159
8.1 A definição de classes de resposta............................................... ..................... 159
8.2 Uma definição de resposta operante emtermos da teoria dos conjuntos....... 163
8.3 O paradigma da diferenciação............................................................................ 164
8.4 Aproximação sucessiva........................................................................................ 169
8.5 Extensão do conceito de operante.................................................................... 170
8.6 Diferenciação de taxa.......................................................................................... 176
8.7 Reforçamento do responder contínuo.............................................................. 178
8.8 Sumário................................................................................................................. 179
8.9 A linguagem e lógica dos conjuntos................................................................... 180
CAPÍTULO 9 - CONTROLE AMBIENTAL............................................................ 185
9.1 Dimensões do estímulo....................................................................................... 185
9.2 Generalização de estímulo................................................................................... 190
9.3 Generalização da extinção................................................................................... 197
9.4 Algumas implicações da generalização............................................................... 199
9.5 Notas sobre o delineamento de experimentosem psicologia usando sujeitos
animais................................................................................................................... 201
TERCEIRA PARTE: UNIDADES COMPONENTES DO COMPORTAMENTO .... 203
CAPÍTULO 10 - DISCRIMINAÇÃO........................................................................... 205
10.1 Duas condições do estímulo, uma classe deresposta......................................... 206
10.2 O paradigma da discriminação............................................................................ 210
10.3 Duas condições do estímulo, duas classes de resposta..................................... 21 i
10.4 m Condições do estímulo, n classes de resposta............................................... 213
10.5 Mudanças contínuas no comportamento em função de mudanças contínuas
numa dimensão do estímulo............................................................................... 215
10.6 Discriminação sem respostas em S^ .................................................................. 217
10.7 Tempos de reação discriminativos..................................................................... 219
10.8 As implicações do controle de estímulo operante........................................... 220
10.9 A significância das diferenças entre duas matérias........................................... 221
CAPITULO 11 - REFORÇADORES ADQUIRIDOS................................ 227
11.1 As propriedades reforçadoras dos estímulos discriminativos positivos.......... 228
11.2 Como aumentar a durabilidade de reforçadores condicionados..................... 229
11.3 Recompensas “token” ......................................................................................... 233
11.4 Reforçadores generalizados ................................................................................. 234
11.5 Respostas de observação ..................................................................................... 235
11.6 As condições necessárias e suficientes para se criar reforçadores condi­
cionados ................................................................................................................. 237
11.7 O reforçamento secundário no comportamento social................................... 239
CAPÍTULO 12 - ENCADEAMENTO........................................................... 245
12.1 Os elementos de cadeias comportamentais............................................. ......... 245
12.2 O desenvolvimento de uma cadeia complexa................................................... 247
12.3 A aprendizagem de labirinto como um encadeamento................................... 251
12.4 Os efeitos da extinção seletiva em pontos diferentes na cadeia..................... 252
12.5 Esquemas encadeados.......................................................................................... 255
12.6 O comportamento humano cotidiano como encadeamento........................... 257
12.7 Cadeias vocais....................................................................................................... 260
12.8 Cadeias ramificadas e representação do diagrama de fluxo............................ 263
12.9 Cadeias de comportamento encoberto.............................................................. 267
QUARTA PARTE: CONTINGÊNCIAS COMPLEXAS.............................................. 271
CAPÍTULO 13 - AQUISIÇÃO DE CONCEITO ......................................... 273
13.1 Dispc' íção para aprender (simples)................................................................... 274
13.2 Algumas variáveis que interferem na aquisição da disposição para aprender
(L-SET)................................................................................................................. 278
13.3 L-SETS mais complexos.................................................................................... 278
13.4 Experimentos simples sobre formação de conceito em sujeitos humanos..... 280
13.5 Estudos sobre formação de conceito em animais............................................ 284
13.6 Classes arbitrárias de S^; conceitos disjuntivos............................................... 288
13.7 Significado e compreensão considerados como interrelações entre conceitos 291
13.8 A aquisição de conceito através da instrução programada............................. 298
13.9 As constâncias perceptivas.................................................................................. 305
CAPÍTULO 14 - SOLUÇÃO DE PROBLEMA E INTELIGÊNCIA........................ 311
14.1 A estrutura de um problema e a natureza de uma solução............................ 311
14.2 Quebra-cabeças..................................................................................................... 315
14.3 Estratégias de procura de heurísticas................................................................ 318
14.4 Identificação do conceito.................................................................................... 321
14.5 A mensuração de habilidades para solucionar problema: testes de inteli­
gência ..................................................................................................................... 323
14.6 Correlação, teste de confiabilidade e validade.................................................. 327
QUINTA PARTE: DINÂMICA DO REFORÇO......................................................... 335
CAPÍTULO 15 - MOTIVAÇÃO I ................................................................................ 337
15.1 Causa e efeito e a noção de lei científica......................................................... 337
15.2 Causas fictícias do comportamento .................................................................. 339
15.3 História passada com contingências de condicionamento e extinção como
causas do comportamento................................................................................... 340
15.4 Motivos e reforçadores........................................................................................ 342
15.5 Operações de impulso ......................................................................................... 343
15.6 Periodicidades no valor do reforçamento......................................................... 344
15.7 Paradigmas de privação e saciação.................................................................... 346
15.8 A mensuração dos impulsos................................................................................ 348
CAPÍTULO 16 - MOTIVAÇÃO I I ............................................................................... 361
16.1 Ativação e aspectos direcionais da motivação.................................................. 361
16.2 Incentivo ............................................................................................................... 365
16.3 Fatores fisiológicos na motivação ...................................................................... 366
16.4 Reforçadores primários adicionais...................................................................... 371
16.5 Drives adquiridos.................................................................................................. 377
CAPÍTULO 17 - CONTINGÊNCIAS AVERSIVAS................................................... 383
17.1 Reforçadores negativos........................................................................................ 383
17.2 Condicionamento de fuga ................................................................................... 384
17.3 Parâmetros de S'".................................................................................................. 385
17.4 Estímulos aversivos condicionados..................................................................... 390
17.5 Condicionamento de esquiva.............................................................................. 392
17.6 Punição................................................................................................................... 398
17.7 Masoquismo........................................................................................................... 402
CAPfrULO 18 - COMPORTAMENTO EMOCIONAL..............................P................ 405
18.1 É a emoção uma causa do comportamento ou um efeito comportamental? .. 405
18.2 Três conceitos de emoção.................................................................................. 407
18.3 O paradigma da ansiedade.................................................................................. 412
18.4 Raiva...................................................................................................................... 416
18.5 Elação..................................................................................................................... 418
18.6 Um modelo para representar einterrelacionar fenômenos emocionais.......... 421
18.7 Medicina psicossomática...................................................................................... 425
18.8 O sistema nervoso autônomo.................................................................... i........ 427
18.9 Controle emocional, maturidade emocional e comportamento emocional
patológico............................................................................................................... 431
18.10Um índice de mudança emocional..................................................................... 434
ÍNDICE ANALÍTICO.......................................................................................................... 437
NOTAS AOS ESTUDANTES
UMAPSICOLOGIA INTRODUTÓRIA PODE SER INTERPRETADA COMO UMA
introdução aos métodos e princípios da análise científica do comportamento. Embora as
definições antigas de Psicologia enfatizassem os “processos mentais”, por razões que
serão esclarecidas através deste texto, uma abordagem moderna àPsicologia toma o
comportamento dos seres humanos assim como dos animais inferiores como seu objeto
de estudo. Apoiando-se firmemente no canone de que apenas o que pode ser observado
pode ser cientificamente estudado, este ponto de vista moderno ataca problemas da
Psicologia tradicional através da análise do comportamento. No decorrer deste texto
encontrar-nos-emos estudando e representando na linguagem do comportamento,tópicos
tais como aprendizagem e memória, solução de problema e inteligência, sensação e per­
cepção, emoção e motivação.
A organização deste livro permitirá que você chegue a uma compreensão preliminar
dos princípios básicos do comportamento humano. Embora muitos dos paradigmas e
conceitos fundamentais, que são tratados com detalhes, tenham sido derivados origi­
nalmente de experimentos de laboratório com sujeitos animais, eles não são de modo
algum limitados aos animais. Empregamos sujeitos animais na pesquisa psicológica por
razões pragmáticas: o ser humano do século vinte provavelmente não se submeteria
livremente a uma faixa ampla de controle ambiental necessária para um estudo científico;
e mesmo que se submetesse, a sociedade não o permitiria.
Para chegar a uma compreensão das causas do comportamento humano e animal,
será necessário que você adquira primeiro um vocabulário técnico e uma familiaridade
completa com os conceitos básicos daPsicologia. Não se conhece um caminho mais curto
para se chegar a tal vocabulário. Você deverá aprendê-lo do mesmo modo que, ao se
preparar para uma partida de xadrez, é necessário aprender os nomes e movimentos
permissíveis das peças, as saídas mais comuns e os princípios básicos de ataque e defesa.
Ao estudar Psicologia, você pode ter uma desvantagem peculiar que não existe na
aprendizagem inicial de xadrez. Certas opiniões e pontos de vista pré-concebidos sobre as
causas do comportamento, os quais são uma parte padrão da interpretação do mundo
dada pelo bom senso, devem primeiro ser esquecidas. Infelizmente, esta visão do bom
senso da natureza humana não é sempre a mais útil para a formulação de uma ciência
- 1 9 -
sistemática das relações entre o comportamento e suas variáveis controladoras. Por essa
razão, será melhor que você tente colocar de lado seus preconceitos sobre as ações das
pessoas e, em particular, seu sistema de representação dos assim chamados processos
mentais internos. Tente, assim, abordar a matéria com um ponto de vista novo, conten­
tando-se, inicialmente, em fazer perguntas ingênuas tais como “O que o organismo
observado estava fazendo? ” e “O que se relaciona consistentemente com o que ele
fazia? ” No início, seu progresso pode parecer lento mas ele será sempre seguro.
J. R. M.
- 2 0 -
PRIMEIRA PARTE
A REGULARIDADE DO COMPORTAMENTO
1. UM BACKGROUND PARA A ABORDAGEM
CIENTIFICA AO COMPORTAMENTO
2. COMPORTAMENTO REFLEXO (EL1CIADO)
3. CONDICIONAMENTO PAVLOV1ANO
4. FORTALECIMENTO OPERANTE
5. EXTINÇÃO E RECONDICIONAMENTO DO OPERANTE
Capítulo 1 UM BACKGROUND PARA A ABORDAGEM CIENTIFICA AO COM­
PORTAMENTO
Quando Sócrates ouviu falar das novas descobertas no campo da anatomia, que se
propunham a provar que as causas dos movimentos corporais eram derivadas de um
engenhoso arranjo mecânico dos músculos, ossos e articulações, disse: “Isto dificilmente
explica porque estou sentado aqui, numa posição recurvada... falando com vocês”
(Kantor, 1963). Passaram-se 2.300 anos desde este comentário de Sócrates e nos séculos
subsequentes, as causas do comportamento humano foram atribuídas a marés, espirito
divino, posição das estrelas e, com freqüência, simplesmente ao capricho. Nos últimos
cem anos, surgiu uma ciência do comportamento trazendo um conceito estrutural novo,
com novas atitudes em relação às causas do comportamento. Uma breve história dos
eventos que levaram ao desenvolvimento desta ciência é uma introdução apropriada para
seu estudo. Assim como não existe um modo melhor de entender as atividades presentes
de uma pessoa do que estando a par de sua história passada, também não há melhor meio
de entender as atividades presentes de uma ciência do que através do conhecimento do
seu passado.
1.1 PRIMEIRAS TENTATIVAS PARA EXPLICAR E CLASSIFICAR O COMPORTA
MENTO HUMANO
As origens precisas da ciência do comportamento, como aquelas todos os campos
do conhecimento, estão perdidas na obscuridade dos tempos. Mesmo assim, sabemos que
pelo ano 325 a.C., na Grécia antiga, Aristóteles combinou a observação e a interpretação
num sistema naturalístico de comportamento, ainda que primitivo. Aristóteles procurou
as causas (1) do movimento dos corpos, e (2) das discriminações feitas pelos organismos.
Descreveu muitas categorias de comportamento tais como a percepção dos sentidos,
visão, olfato, audição, bom senso, pensamento simples e complexo, apetite, memória,
sono e sonho..Seus tópicos soam-nos familiares, atualmente, e eles rão ainda encontrados
de uma forma ou de outra, em quase todos os textos de Psicologia. Aristóteles estava
menos interessado na previsão e controle da natureza do que estamos atualmente e, desta
torma, suas explicações do comportamento têm um sabor mais antiquado. Aristóteles
estava preocupado em explicar as várias atividades de um indivíduo, mostrando serem
eias padrões específicos de “qualidades” gerais, tais como apetite, paixão, razão, vontade
e habilidade sensorial (Toulmin e Goodfield, 1962).
- 23 -
As observações e classificações de Aristóteles e dos estudiosos gregos que o seguiram
foram um início substancial na tentativa naturalística de entender as causas do compor-'
tamento humano. Mas a nova ciência declinou com o desaparecimento da civilização
helênica. O início da Era Cristã e da Idade Média produziu um clima intelectual pobre
para o desenvolvimento da observação e pesquisa: o homem voltou sua atenção para os
problemas metafísicos. Os Padres da Igreja iniciaram e os teólogos medievais comple­
taram uma transformação conceituai de uma das “qualidades” puramente abstratas de
Aristóteles numa alma sobrenatural a quem as causas do comportamento humano eram
atribuídas. Encarando esta alma como imaterial, insubstancial, e sobrenatural, um
dualismo definitivo foi estabelecido entre alma e corpo. Colocando as causas do compor­
tamento numa região não observável do espírito, este dualismo inibiu o estudo natura-
lístico do comportamento. Então, por um longo período de tempo, as ciências do
comportamento permaneceram adormecidas. Temos que pular adiante para o século
dezessete, no tempo de Galileu e o surgimento da física moderna para retomar os fios
que eventualmente, deram-lhes uma estrutura científica.
As teorias do filósofo e matemático Renè Descartes (1596-1650), contemporâneo
francês de Galileu, representam uma quebra parcial da explicação metafísica do compor­
tamento. Tomando como modelo as figuras mecânicas dos jardins reais de Versailles que
se moviam e produziam sons, Descartes sugeriu que o movimento corporal era o
resultado de causas mecânicas semelhantes.
As máquinas nos nrdins reais operavam baseadas em princípios hidráulicos. A água
era bombeada em tubos fechados para impulsionar os membros das figuras, produzindo
movimentos, ou era conduzida através de aparelhos que emitiam palavras ou músicas
quando a água passava. Descartes imaginou que animais e homens eram, na realidade, um
tipo de máquina complicada, analogamente construída. Ele substituiu a água das figuras
reais pelos espíritos animais, um tipo de substância intangível, elástica e invisível; e supôs
que os espíritos fluíssem nos nervos de tal modo que entravam nos músculos causando,
assim, sua expansão e contração e, por sua vez, fazendo os membros se movimentarem.
Algumas das Figuras Reais estavam arrumadas de maneira que, se os visitantes
passassem por cima de ladrilhos escondidos, o mecanismo hidráulico atuante fazia as
figuras se aproximarem ou se afastarem. Descartes tomou essa resposta mecânica como
modelo para explicar como um estímulo ambiental externo poderia causar um movimento
corporal. Uma ilustração (ver la. Parte, p.21) num dos seus trabalhos, mostra o retraimentc
de um membro de um homem próximo de uma chama. De acordo com Descartes, “a má­
quina do nosso corpo é assim formada” de tal modo que o calor de uma chama excita
um nervo que conduz essa excitação ao cérebro. Do cérebro, os espíritos animais são
transmitidos ou refletidos de volta ao membro, através do nervo, aumentando o músculo
e causando assim a contração e retraimento (Fearing 1930).
O desejo de Descartes de encarar o comportamento humano como determinado por
íorças naturais foi somente parcial. Hle limitou sua hipótese mecânica para certos com­
portamentos “involuntários” e supôs que o resto era governado pela alma, localizada no
cérebro. A alma guiava inclusive os mecanismos dos comportamentos “involuntários”,
mais ou menos do mesmo modo que uma máquina poderia dirigir as Figuras Reais. A
despeito deste dualismo e a despeito de sua escolha de um princípio hidráulico, as
formulações de Descartes representaram um avanço no pensamento inicial sobre o com­
portamento. A teoria do corpo como um tipo específico de máquina poderia ser testada
por observação e experimentação. Hsta foi a propriedade seriamente omitida nas
- 24
explicações medievais. Ao'restabelecer a idéia de que, pelo menos, algumas das causas do
comportamento humano e animal poderiaim ser encontradas no ambiente observável,
Descartes estabeleceu as bases filosóficas que eventualmente iriam justificar uma
abordagem experimental do comportamento.
1 .2 - A AÇÃO REFLEXA
O ponto de vista de Descartes simboliza o novo interesse num mecanismo que
conduziu à experimentação sobre a ação “reflexa” do animal. Em 1750, um psicólogo
escocês, Robert Whytt, redescobriu e expandiu experimentalmente o princípio do
estímulo, de Descartes. Pela observação da contração sistemática da pupila à luz,
salivação a irritantes e vários outros reflexos, Whytt foi capaz de estabelecer uma relação
necessária entre dois eventos separados: um estímulo externo (por exemplo, a luz), e uma
resposta corporal (por exemplo, a contração da pupila). Além disso, a demonstração de
Whytt que um número de comportamentos reflexos poderia ser eliciado numa rã decapi­
tada, enfraqueceu a atratividade de uma explicação em termos de alma. Contudo, não foi
possível, ainda no século dezoito, olhar o estímulo isoladamente como uma causa sufi­
ciente do comportamento. A alma, pensou Whytt, provavelmente se difunde através da
medula e do cérebro, retendo, consequentemente, o controle mestre dos reflexos.
Nos 150 anos seguintes, mais e mais relações reflexas foram descobertas e elaboradas
e o conceito de estímulo adquiriu mais força. Ao mesmo tempo, a ação do nervo passou
a ser compreendida como um sistema elétrico ao invés de hidráulico. No inicio do século
XIX, a tendência espiritual tomou-se supérflua para explicar a ação “involuntária” e Sir
Charles Sherrington, célebre fisiologista inglês, pôde resumir as causas do comportamento
reflexo em leis quantitativas de estímulo-resposta. Essas leis relacionavam a velocidade,
magnitude e probabilidade da resposta reflexa à intensidade, freqüência e outras
propriedades mensuráveis do estímulo. A ciência havia anexado inteiramente o reflexo.
Mesmo assim, uma grande proporção do comportamento humano e dos animais
superiores permaneceu ligada a forças sobrenaturais.
1.3 - REFLEXOS CONDICIONADOS OU ADQUIRIDOS
Pouco antes do início do século XX, Ivan Pavlov, fisiologista russo, estava
pesquisando as secreções digestivas de cães. No curso desses experimentos, notou que
enquanto a introdução de alimento ou ácido, na bôca, resultava num fluxo de saliva, a
mera aparição do experimentador trazendo alimento poderia também eliciar um fluxo
similar. Pavlov não foi, de modo algum, o primeiro homem a fazer observações deste
tipo. Mas parece ter sido o primeiro a suspeitar de que seu estudo detalhado poderia
fornecer um indício para a compreensão do comportamento ajustado e adaptado dos
organismos. Foi esta visão que o ievou ao estudo sistemático desses reflexos, os quais
chamou de reflexos condicionais, porque eles dependiam ou eram condicionais a um
evento prévio na vida do organismo. A aparição do experimentador não eliciava origi­
nalmente a saliva. Somente depois que sua aparição era frequentemente associada com
alimento ou ácido, ela apresentava esse efeito. A contribuição particular de Pavlov foi
mostrar experimentalmente como os reflexos condicionais eram adquiridos, como
poderiam ser removidos (extintos) e que faixa de energias do ambiente era efetiva em sua
produção. Pavlov, em tempo, apontou uma lei geral de condicionamento: depois de uma
- 2 5 -
associação temporal repetida de dois estímulos, aquele que ocorre primeiro, eventual­
mente, passa a eliciar a resposta que, normalmente, é eliciada pelo segundo estímulo.'
Esta lei continua conosco até hoje, ligeiramente modificada.
Três aspectos gerais do trabalho de Pavlov merecem nossa atenção. Primeiro, ele não
estava satisfeito em observar simplesmente os aspectos gerais do condicionamento, como
muitos outros fizeram antes dele (c. f. Hall e Hodge, 1890). E^mvez disso, ele prosseguiu
para verificar a generalidade do fenômeno usando muitos estímulos e muitos cães. Foi
somente depois de numerosas demonstrações que ele codificou numa lei o que havia
descoberto -- lei esta aplicável, pensou ele, a todos os estímulos e a todos os organismos
superiores. Segundo, Pavlov, preocupou-se com os aspectos mensuráveis ou quantitativos
do fenômeno. Essas quantidades mensuráveis, tais como a quantidade de saliva e o
número de emparelhamentos do retlexo, foram úteis por permitirem uma análise deta­
lhada do condicionamento. Um terceiro aspecto do trabalho de Pavlov foi sua natureza
sistemática. Limitando seus estudos aos efeitos de numerosas condições sobre uma única
grandeza (quantidade de saliva), Pavlov assegurou que suas descobertas experimentais
pudessem ser interrelacionadas e, consequentemente, mais significativas.
Pavlov viu claramente como se deve proceder na explicação do comportamento.
“o naturalista deve considerar somente uma coisa: qual é a relação desta ou daquela
reação extema do animal com os fenômenos do mundo externo? Esta resposta pode
ser extremamente complicada em comparação com a reação de qualquer objeto
inanimado, mas o princípio envolvido permanece o mesmo.
Estritamente falando, a ciência natural tem por obrigação determinar somente a
conexão precisa que existe entre um dado fenômeno natural e a resposta do organis
mo vivo a este fenômeno (Pavlov, 1928, p. 82)”.
Contudo, apesar de seu próprio interesse declarado na relação meio e resposta,
Pavlov gradativamente passou a encarar o condicionamento como um estudo da função
do cérebro. Suas explicações tendiam a ser em termos de processos cerebrais hipotéticos.
Mas, na verdade, Pavlov raramente mediu qualquer relação real entre cérebro e compor
tamento. Assim, estas explicações eram tão fictícias como as primeiras explicações em
termos da alma. Tentando explicar o comportamento através de funções desconhecidas
do cérebro, ele evitava uma descrição direta do próprio comportamento violando, deste
modo, uma das suas próprias afirmações de que uma ciência do comportamento necessita
determinar somente a "conexão precisa que existe entre um dado fenômeno natural e a
resposta do organismo vivo a este fenômeno”.
L4 - A TEORIA DA EVOLUÇÃO E O COMPORTAMENTO ADAPT ATIVO
De certo modo, o trabalho de Pavlov representa o auge da doutrina mecanicista de
Descartes sobre o comportamento reflexo. Com respeito ao comportamento que
tradicionalmente era colocado sob o controle do desejo ou volição, Descartes seguiu os
preconceitos de seu tempo, atribuindo-o ao controle de uma alma não observável. Tal
“solução”, todavia, apenas adiou a investigação científica, uma vez que o problema
original de explicar o comportamento foi simplesmente transferido para um outro mais
difícil, o de explicar o comportamento da alma postulada. Em 1859, ocorreu um grande
evento científico que alterou o clima intelectual tornando-o favorável para um estudo
- 2 6 -
naturalistic*) do comportamento voluntário. Naquele ano, Charles Darwin propôs a teoria
da evolução, dizendo que o homem era membro do reino animal e que diferenças entre o
homem e outros animais eram quantitativas e somente uma questão de graus. Assim um
conhecido historiador da Psicologia colocou a questão;
“A teoria da evolução levantou o problema da Psicologia animal porque ela exige
uma continuidade entre diferentes formas animais e entre o homem e os animais. De
uma maneira vaga, a noção Cartesiana [de Descartes] ainda prevalecia. O homem
possuia uma alma e os animais eram considerados sem alma, e havia, além disso,
pouca distinção entre uma alma e uma mente. A oposição à teoria da evolução era
baseada principalmente na suposição que fazia de haver continuidade entre homens e
feras e a réplica óbvia para a crítica foi demonstrar a continuidade. A existência de
mente nos animais e a continuidade entre a mente humana e animal, deste modo,
tornou-se crucial para a sobrevivência da nova teoria (Boring, 1929, p. 462-463)”.
A teoria de Darwin era baseada em muitas observações cuidadosas que ele havia feito de
fósseis e da estrutura da flora e fauna vivas, em áreas isoladas da Terra. Além disso, ele
pesquisou o comportamento através do qual os animais se adaptavam aos seus meios. As
observações comportamentais de Darwin foram tão amplas e detalhadas que marcam a
primeira tentativa sistemática de uma Psicologia Animal Comparativa (ver Darwin, 1873).
O interesse de Darwin no comportamento foi, como observou o professor Boring,
baseado naquilo que tal comportamento revelaria sobre a mente. Assim, a demonstração
da complexidade e variedade nos comportamentos adaptativos de animais em relação a
seus ambientes mutáveis, pareceria provar que eles, como o homem, deviam também
pensar, ter idéias, e sentir desejos. Consequentemente, Darwin foi criticado por seu
antropomorfismo, isto é, por tentar explicar o comportamento animal em termos de
conceitos mentalistas. Mas pouco se pensou neste tempo em levantar a questão meto­
dológica mais radicai; se os conceitos mentalistas tradicionais (pensamento, idéia,
desejos) têm valor explicativo mesmo para o comportamento humano.
George John Romanes, amigo de Darwin, escritor inglês e popularizador da ciência
escreveu um livro sobre a inteligência animal (Romanes, 1886) no qual comparou o
comportamento de várias espécies de animais. Romanes colheu material da observação
cuidadosa de animais, mas, também levou em consideração evidências de cunho popular
sobre animais de estimação e de circo. Por esta razão, seu método veio a ser chamado
anedótico. Os métodos, antropomòrfico e anedótico de Darwin e Romanes,
respectivamente, marcaram uma renovação no interesse pelo comportamento adaptativo
do animal e pela relação deste com o comportamento humano. Consequentemente, eles
representam importantes precursores históricos de uma verdadeira análise experimental
do comportamento.
1.5- O S PRIMEIROS EXPERIMENTOS SOBRE O COMPORTAMENTO
“VOLUNTÁRIO”
Em 1898, Edward L. Thorndike, da Universidade de Columbia, publicou os
resultados de alguns estudos de laboratório com gatos, cães e pintos. Seus métodos eram
radicalmente opostos àqueles da observação casual que o haviam precedido. A
aparelhagem utilizada por Thorndike é mostrada na Fig. 1-1.0 comportamento estudado
foi a fuga de um ambiente fechado e atos, tais como, puxar um cordão, mover um trinco,
- 27 -
pressionar uma barra ou abrir uma porta erguendo uma tramela, foram escolhidos por sua
conveniência e exatidão de observação. Uma vez que qualquer um destes
comportamentos podia ser organizado de modo a servir como instrumento que
produziria a fuga da caixa, Thorndike os chamou de comportamentos instrumentais.
I igura 1-1. A caixa quebra-cabeças utilizada por Thorndike para estudar a
aprendizagem instrumental de animais (Garret, 1951).
Quatro elementos do trabalho de Thorndike sobre o comportamento instrumental
demonstram uma qualidade moderna não vista nas pesquisas comportamentais antes de
sua época. (1) Ele reconheceu a importância de se fazer observações de animais cujas
histórias passadas fossem conhecidas e mais ou menos uniformes. Logo, criou seus
animais no laboratório onde poderiam obter condições ambientais semelhantes antes do
experimento. (2) Thorndike compreendeu a necessidade de se fazer observações repetidas
de um mesmo animal e de se fazer observações em mais de um animal e em mais de uma
espécie. Somente deste modo poderia estar certo de que os resultados que ele obtinha
eram aplicáveis aos animais em geral. (3) Thorndike viu que, a menos que considerasse
mais do que um ato particular do comportamento, suas conclusões, seriam válidas apenas
para o único aspecto do comportamento que ele escolhesse. Logo, empregou diversos
comportamentos em vários aparelhos diferentes. (4) Ainda outra qualidade do trabalho
de Thorndike, caracteristicamente científica, foi sua tentativa de fazer uma apresentação
quantitativa dos resultados.
De seus trabalhos com animais nas caixas quebra-cabeça, Thorndike apresentou um
conjunto de princípios ou leis gerais do comportamento que acreditava serem válidas
para muitas espécies e muitos tipos de comportamento. Um desses, princípios, embora
- 2 8 -
modificado chegou até nossos dias. Thorndike notou que, quando os animais eram
inicialmente colocados na caixa quebra-cabeça, eles apresentavam muitas respostas difusas
de debater-se. Eventualmente, um desses comportamentos difusos poderia, por acaso, fazer
funcionar o mecanismo de fuga. A porta, então, abrir-se-ia, permitindo ao animal sair da
caixa e obter uma pequena quantidade de alimento. Thorndike observou que o
comportamento, que inicialmente permitia ao animal sair, era apenas um dos muitos que ele
executava na situação. Assim, à medida que o animal era repetidamente submetido à
situação, ele passava a apresentar menos comportamentos supérfluos, até que
eventualmente não apresentasse, praticamente, nenhum daqueles mal sucedidos.
Thorndike concluiu disto que os resultados bem sucedidos do passado, ou efeitos do
comportamento, deveriam ter uma influência importante na determinação das tendências
comportamentais presentes do animal. Thorndike chamou isto —a capacidade dos efeitos
passados do comportamento modificarem os padrões do comportamento animal —a lei
do efeito. Esta lei sobrevive ainda hoje como um princípio fundamental na análise
fundamental e controle do comportamento adaptativo.
1.6- O ZEITGEIST
Thorndike forneceu um novo método experimental e com sua ajuda formulou o que
logo seria aceito como uma lei básica do comportamento adaptativo. Do mesmo modo
que Whytt, 150 anos antes, deixou o conceito de reflexos parcialmente no estado de fato
observado e parcialmente no estado de interpretação supérflua, assimtambémThórndike
deixou a lei do efeito. Na sua proposição do princípio, Thorndike não estava satisfeito em
considerar o “efeito” como uma mera fuga do confinamento ou mero acesso ao
alimento. Mas em vez disso, sentiu necessidade de inferir que o sucesso levava ao prazer e
a satisfação, e que estas eram as causas verdadeiras das mudanças observadas no compor­
tamento. Deste modo, ele deixou a explicação a cargo de estados mentais hipotéticos,
prazer e satisfação, os quais não eram mais reais do que a “alma” de Descartes. Para
Thorndike, como para seus contemporâneos, o comportamento de um gato escapar de
uma caixa quebra-cabeça não era importante como comportamento, mas somente como
um meio de esclarecer os processos mentais e associações de idéias do animal.
Thorndike foi, então, fiel à sua época e suas tradições considerando o
comportamento principalmente interessante pelo que podia revelar sobre algum outro
sistema. O que as épocas e as tradições impõem aos mais originais pensadores são
frequentemente denominadas de Zeigeist. Os grandes homens de uma era erguer-se-ão
acima de Zeitgeist de algumas maneiras mas, mesmo assim, serão por ele acorrentados de
outras maneiras. Descartes superou-o quando propôs uma teoria mecanicista original
sobre o movimento do corpo. Que ele foi acorrentado pelo Zeitgeist, é evidente, pela sua
permanência no dualismo “mente-corpo”. Vimos o Zeitgeist em Whytt, que redescobriu
o princípio do estímulo, mas não foi capaz de eliminar a alma como a causa final dos
reflexos que observou. Pavlov estudou os reflexos condicionados, um fenômeno cuja
importância foi negligenciada durante séculos. Mesmo assim, vimos que Pavlov estava
preso pelo Zeitgeist; ele manteve o ponto de vista de que os reflexos condicionados,
embora, claramente, um fenômeno comportamental, eram de interesse para a
compreensão do cérebro ao invés do comportamento. Agora, vemos o Zeitgeist em
Thorndike, que realizou alguns dos primeiros experimentos sobre o comportamento
“voluntário”, mas explicou suas descobertas através da associação de idéias. De fato, o
- 2 9 -
princípio do Zeitgeist penetra de tal forma todas as ciências que podemos tomar como
regra geral que todo trabalho humano será colorido pelas teorias e ponlos de vistas
aceitos em sua época. Assim, embora a grandeza de um homem consista em libertar-se de
certas maneiras de pensar estabelecidas e ver o que ninguém antes dele viu claramente,
ou, do mesmo modo, ele não escapará completamente do clima social, filosófico e 1
cultural no qual trabalha.
1.7 - A PSICOLOGIA PERDE A SUA MENTE
Thorndike introduziu o comportamento adaptativo no laboratório e, assim fazendo,
descobriu aimportância da lei do efeito. Os estudos de Thorndike sobre o compor­
tamento surgiram do seu interesse, como Psicólogo, nos processos mentais. Será instru­
tivo, neste ponto, examinar a disciplina da Psicologia que, na primeira metade do
século vinte, fundir-se-ia com outras contribuições históricas da ciência do
comportamento. A pesquisa psicológica experimental iniciou-se em meados do século
dezenove como uma disciplina derivada da fisiologia dos órgãos dos sentidos. De fato, os
pioneiros Herman Helmholtz, Johannes Müller e Wilhelm Wundt eram todos físicos e
fisiologistas. Estes primeiros psicólogos experimentais adotaram as categorias de
comportamento descritas por Aristóteles mas, de um modo diferente deste, eles estavam
interessados no comportamento, apenas, na medida em que esclarecia os processos
mentais. Logo, o trabalho dos primeiros psicologistas representava uma tentativa para
tornar os métodos experimentais naturalísticos, introduzidos por Galileu, compatíveis
com as doutrinas metafísicas da Idade Média.
Foi Wundt que, em 1879, fundou o primeiro laboratório de Psicologia em Leipzig.
Podemos considerar o seu sistema como representativo das atividades desta nova
disciplina, a qual tinha menos de vinte anos quando Thorndike estava fazendo seus
experimentos com gatos e pintos na Colúmbia. Wundt advogou que a psicologia era a
ciência da experiência; e, como tal%seu objeto de estudo abrangia sentimentos,
pensamentos e sensação. Ele formulou a doutrina de que o método da Psicologia era
introspectivo, um exame dos processos conscientes do organismo em experiencia. Logo,
Wundt esquematizou o problema da Psicologia como “(1) a análise dos elementos dos
processos conscientes, (2) a determinação de como esses elementos sãoconectados e (3)
a determinação das leis de conexão” (Boring, 1929, p. 328, ital. omitidos). Os expe­
rimentos que Wundt e seus seguidores realizaram dão uma imagem melhor do conteúdo
da psicologia do que as definições fornecidas por Wundt. A maioria dos trabalhos foi
classificada sob o título de sensação humana e dizia respeito ao sentido visual em
particular. Numerosos experimentos mediam as intensidades mínimas de luz que um ob­
servador poderia detectar sob várias condições. Outros estavam voltados para as menores
mudanças ambientais necessárias para um observador relatar diferenças apenas percebidas
çm luminosidade, cor e distância dos objetos. Tais pesquisas vieram a ser chamadas de
experimentos de limiares em Psicofísica. Psico—porque as sensações eram consideradas
estar sob estudo; física - porque mudanças físicas no ambiente eram manipuladas e
medidas experimentalmente. Audição, tato, gosto, olfato e o sentido do tempo também
foram pesquisados, assim como o tempo de reação, atenção e sentimento. A memorização
de vários tipos de sílabas sem sentido era um método para tratar a associação de idéias e
deduzir as propriedades da memória.
Embora se afirmasse ser a psicologia uma ciência dos conteúdos, processos e atos
mentais, o que de fato ela investigava era o comportamento. Associações de idéias eram
- 3 0 -
inferidas a partir da aprendizagem de sílabas sem sentido; sensações idênticas eram inferi­
das de observações do comportamento quando um sujeito humano agrupava dois objetos
ambientais diferentes em contextos diferentes (por exemplo, duas amostras de papel
cinza sob diferentes condições de iluminação); a velocidade do processo mental era
inferida do tempo de reação do indivíduo. Assim, não foi paradoxo algum o fato de que
quando Thorndike veio a fazer uma observação mais detalhada da associação de idéias,
estivesse livre para escolher animais como sujeitos. Se o comportamento dos
organismos humanos poderia levar à inferência sobre o processo mental, por que não o
comportamento animal? Logo, aconteceu que o trabalho de Thorndike ajudou a intro­
duzir os métodos de pesquisa animal na Psicologia. Aí eles pejmanecem ao lado dos
descendentes metodológicos da psicologia sensorial clássica e da Psicologia introspectiva
do século dezenove.
Mas, talvez o homem que mais contribuiu para esclarecer a relação entre o
comportamento e Psicologia foi John B. Watson. O primeiro trabalho deste psicologista
americano dizia respeito às modalidades sensoriais que o rato usa na aprendizagem de um
labirinto. À medida que Watson continuava seus estudos com animais, tornava-se mais e
mais preocupado com o ponto de vista predominante de que o comportamento era
significativo somente quando esclarecia processos mentais ou conscientes. Ocorreu a
Watson que os dados do comportamento tinham valor em si mesmos e que os problemas
tradicionais da Psicologia — imaginação, sensação, sentimento, associação de idéias —
poderiam ser todos estudados estritamento por métodos comportamentais.
Em 1913, Watson publicou um trabalho, atualmente clássico, definindo a psicologia
como ciência do comportamento e chamando esta nova Psicologia de “behaviorismo”.
Watson argumentava, neste trabalho, que o estudo do comportamento poderia chegar a
um ‘status’ independente dentro da ciência. O objetivo de tal ciência seria a previsão e
controle do comportamento de todos os animais, sem nenhuma preferência especial para
os seres humanos. O behaviorista, dizia Watson, deve relacionar seus estudos de ratos e
gatos com o comportamento humano não mais (não menos) do que o zoologista deve
relacionar suas dissecações de sapos e vermes à anatomia humana. Através de sua
doutrina, Watson estava destruindo a teoria homocêntrica da importância do homem no
mundo do comportamento tão eficazmente como Copérnico, quatrocentos anos antes,
havia destruído a teoria do universo geocêntrico (terra no centro).
O ponto crítico de Watson era o de que a psicologia deveria ser objetiva —isto é, ela
deveria ter um objeto de estudo que, como nas outras ciências, fosse independente do
observador. A Psicologia clássica, tentando estabelecer como seu objeto a auto-
observação, carecia de um observador independente, localizado fora do sistema em
consideração. A adoção do comportamento como objeto a ser observado deu à nova
psicologia o observador independente necessário.
O programa de Watson tinha um grande alcance e era para sua época, notavelmente
sofisticado. Ao enfatizar o comportamento como um objeto independente de uma
ciência dirigida para a previsão e controle do comportamento e a análise microscópica
do ambiente e comportamento em termos de estímulo e resposta como a maneira para a
compreensão eventual de padrões complexos do comportamento, o programa de Watson
preparou a base para nossos pontos de vista modernos.
- 31 -
1 . 8 - 0 FIRME ESTABELECIMENTO DE UMA ANÁLISE EXPERIMENTAL DO
COMPORTAMENTO
Os primeiros experimentos de Thorndike sobre o comportamento animal e a
definição de Psicologia dada por Watson, como uma ciência do comportamento,
introduziram a pesquisa animal na Psicologia,Mesmo assim, o ‘status’ científico da nova
Psicologia era precário. No princípio dos reflexos condicionados formulado por Pavlov,
Watson pensou ter encontrado um mecanismo explicativo para muitos dos ajustamentos
complexos e sutis de organismos adultos, inclusive o homem, aos seus ambientes. Mas a
tentativa de forçar todos os comportamentos no modelo do reflexo foi um fracasso.
Watson não soube apreciar a importância daJei do efeito de Thorndike, principalmente,
pode-se supor, devido ao excesso de bagagem conceituai com que Thorndike envolvera a
questão. O ponto de vista de Watson de que a tarefa de uma ciência preditiva do
comportamento fosse a compilação de todas as correlações estímulo-resposta hereditárias
e adquiridas que um dado organismo exibisse, desviou a atenção da procura de leis gerais
do comportamento. Neste vácuo teórico, conceitos mentalistas tradicionais continuaram
a sobreviver. O rigor experimental do behaviorismo estava fora de questão, mas sua meto­
dologia corria o risco de ser estéril.
“Vinte anos de “método de ciência natural” sustentados pelo behaviorismo fracas­
saram em fornecer uma formulação sistemática consistente e útil. Os dados experi­
mentais refletiam muitas propriedades arbitrárias dos aparelhos. Conclusões acei­
táveis com qualquer grau de generalidade referiam-se a aspectos, características ou
capacidades limitantes. Enquanto muitas dessas eram bastantes válidas, poucas eram
logicamente convincentes e preferências pessoais levavam a muitas ‘ciências’
individuais do comportamento” (Skinner, 1944; p. 276).
Numa série de publicações iniciadas em 1930, B. F. Skinner propôs uma formulação
do comportamento que surgiu de observações feitas num único organismo respondendo
numa situação experimental artificial, cuidadosamente controlada e altamente padro­
nizada. O organismo que Skinner usou foi o rato branco, e a aparelhagem consistia numa
caixa contendo uma pequena barra que, se pressionada pelo rato, fornecia uma pequena
pelota de alimento em um recipiente localizado diretamente abaixo da barra
Figura 1-2. A caixa de Skinner
para o estudo do comportamen­
to operante de pequenos animais
(Skinner, 1938).
- 3 2 -
Sob essas condições experimentais, um rato faminto deixado só na caixa, logo viria a
pressionar a barra com uma taxa constante e moderada até que um dado número de
pelotas de alimento liberadas começasse a saciar o animal. A situação experimental
utilizada por Skinner e sua abordagem aos problemas do comportamento foram únicas
em muitos aspectos. Skinner viu a necessidade de encontrar uma variável dependente
sensível e exata. Isto é, algum aspecto quantitativo do comportamento que pudesse variar
numa ampla faixa e ter uma relação ordenada e regular com as variáveis ambientais
passadas e presentes, relação esta que pudesse ser formulada em termos de uma lei. Sua
descoberta de que a freqüência de ocorrência da resposta de pressionar a barra durante
um intervalo de tempo (sua taxa) satisfazia essas condições, foi o principal avanço em
direção a uma análise sofisticada do comportamento individual.
A abordagem de Skinner aos problemas do comportamento diferia, de certo modo,
daquelas dos seus precursores assim como de seus contemporâneos que trabalhavam com
a psicologia animal. Como proposição fundamental, ele sustentou que uma ciência do
comportamento poderia ser o que chamou de descritiva ou funcional; isto é, poderia
limitar-se a descobertas de relações ou correlações entre variáveis mensuráveis. Skinner
também argumentou que as pesquisas deveriam ser sistemáticas, no sentido de que as
relações obtidas estivessem ligadas por um ponto comum. Limitando suas observações às
formas pelas quais uma única variável dependente (a freqüência por unidade de tempo de
um ato arbitrário mas, mesmo assim, representativo) mudavam com as condições
ambientais variadas, Skinner manteve seu próprio trabalho altamente sistemático.
Um objeto de estudo, frequentemente, espera instrumentos para colocar o
observador em melhor contato com ele. Skinner inventou um registrador que realiza um
registro visual das respostas sucessivas através de um ligeiro deslocamento vertical de uma
pena, movendo-se horizontalmente no tempo. À medida que o experimento progride, um
gráfico de respostas acumuladas é desenhado em função do tempo. Esse registrador
cumulativo de respostas torna possível um registro de alta qualidade do processo
comportamental para inspeção imediata que funciona para os behavioristas de uma
maneira não diferente da que o microscópio funciona para o biologista.
As contribuições metodológicas reais de Skinner para a ciência moderna do
comportamento são numerosas e podemos apresentar, aqui, somente um esboço de
algumas das mais importantes. Ele reconheceu a antiga dicotomia entre ações reflexas e
voluntárias ou, como chamou mais tarde, operantes. Mas mostrando que o princípio de
Pavlov se aplicava ao fortalecimento dos reflexos, enquanto a lei do efeito de Thorndike
descrevia o fortalecimento de operantes, ele colocou ambos os tipos em perspectiva
harmoniosa. Formulou, tambérq um vocabulário preciso cujos termos foram definidos
com referência aos fatores observáveis que ele media e manipulava. Nessa terminologia
está a base do nosso quadro conceituai moderno.
Desde o inicio, Skinner enfatizou a importância da predição e controle detalhados
do comportamento individual, ao invés de diferenças gerais entre grupos de animais. Suas
próprias pesquisas foram invariavelmente caracterizadas por um grande número de
medidas em poucos organismos, sendo a reprodutibilidade do processo sob estudo o teste
de sua validade. O enfoque de Skinner na taxa de uma resposta operante representativa
evitou muitos dos problemas associados com as medidas mais indiretas do compor­
tamento. Thorndike observou o número de erros cometidos e o tempo gasto para
alcançar o sucesso no seu quebra-cabeça, mas nenhuma dessas era, na realidade, uma
propriedade real do comportamento instrumental que estava sendo adquirido. Se dese­
jamos treinar um cão a pular através de um aro, por exemplo, não estamos interessados
- 3 3 -
nos erros que ele comete, mas no seu comportamento de pular através do aro. Os erros são
medidas de comportamentos outros que não aqueles que estamos investigando. Questões
interessantes sobre se um dado ato ocorrerá ou não, ou com que freqüência ocorrerá,
nunca poderiam ser respondidas em termos de erros ou escores de tempo. O dado básico
de Skinner, a taxa de respostas, está relacionado de perto com a probabilidade de
ocorrência do comportamento e tem sido especialmente útil em fornecer respostas a
questões sobre a probabilidade da resposta.
Com o passar dos tempos, Skinner ampliou sua base empírica. Combinações de
respostas e organismos outras que não o pressionar a barra por ratos têm sido estudadas.
A expectativa original de que este ato seria característico do comportamento operante,
de um modo geral, tem sido aparentemente confirmada. Além disso, as relações que
Skinner obteve garantem, em muitos casos, o título de princípios comportamentais, já
que elas parecem manter-se para um grande número de organismos, incluindo o homem,
e para todas as respostas que podem ser classificadas como operantes.
O trabalho de B.F. Skinner nos leva a um ponto próximo da nossa conceituação
moderna de ciência do comportamento. Estamos ainda muito perto desse período his­
tórico, muito envolvidos em nosso próprio Zeitgeist, para termos a perspectiva necessária
para determinar os pontos fracos no sistema de Skinner. Nos capítulos que se seguem,
todavia, veremos que a ciência do comportamento, atualmente restabelecida de um modo
firme como uma ciência natural, está seexpandindo em muitas áreas de pesquisas. Talvez,
a prova mais convincente de que essa ciência se desenvolveu encontra-se no surgimento
recente de uma tecnologia do comportamento esboçada diretamente a partir dela. Como
veremos, as aplicações de técnicas do comportamento estão sendo ampliadas a pesquisas
de drogas, treino de animais, guerras, tratamento do comportamento humano anormal e
educação.
1.9 - REVISÃO
A história da ciência do comportamento começa com a classificação naturalística do
comportamento feita por Aristóteles. Logo foi sucedida por uma Filosofia Teológica e a
análise do comportamento permaneceu adormecida por quase dois mil anos. Mas no
século XVII, surge novamente com a concepção de Descartes de que o corpo animal é
uma máquina, e alguns dos seus movimentos são ordenados e regulares. Robert Whytt e
várias gerações de fisiologistas posteriores mostraram que estes movimentos de
característica automática se relacionavam, de forma precisa, a eventos particulares nc
ambiente do animal. Essa relação entre um evento ambiental e um movimento particular
torna- e a primeira unidade organizada de análise para a ciência do comportamento. Ê o
reflexo. Eventualmente, Pavlov amplia o conceito de reflexo para incluir relações
ambiente-comportamento que são condicionais a operações anteriores na história do
animal. Esses reflexos condicionais tornam possível uma análise de alguns dos
comportamentos que um organismo adquire durante sua vida. Thorndike é o primeiro a
mostrar que o comportamento que possui uma espontaneidade não observada nos
reflexos obedece a certas leis qualitativas que diferem das leis do reflexo. Nessa época,
John Watson inicia a sua campanha para convencer a Psicologia, o estudo da mente, de
que a mente é, em grande parte, comportamento. Com a descoberta de B. F. Skinner de
um objeto de estudo fidedigno, a taxa de respostas operante, o comportamento
espontaneamente emitido começa a desenvolver leis próprias, sendo cada ocorrência tão
- 3 4 -
geral e previsível como aquelas do reflexo. Aiiistória da análise do comportamento revela
que os homens estão bastante enclinados a adotar interpretações supérfluas sobre o
comportamento, ao invés de aceitar a realidade das descrições do próprio
comportamento. Quase todo contribuinte da ciência compartilhou de algumas
superstições da sua época sobre o comportamento que estava pesquisando.
REFERÊNCIAS PARA O CAPITULO 1.
Boring, E. G. A history of experimental psychology. New York: The
Century Company, 1929.
Darwin, C. R. The expression of the emotions in man and animals.
London: Murray, 1873.
Dennis, W. Readings in the history of psychology. New York: Appleton-
Century, 1948. (Chapters 3, 45, 48, and 50.)
Fearing, F. Reflex action: a study in the history of physiological psy­
chology. Baltimore: Williams and Wilkins, 1930.
Garrett, H. Great experiments in psychology, New York: Appleton-
Century-Crofts, 1951.
Hall, G. S., and Hodge, C. F. A sketch of the history of reflex action.
Amer. J. Psychol., 1890, 3, 71-86; 149-173; 343-363.
Kantor, J. R. The scientific evolution of psychology. Vol. 1. Chicago:
Principia Press, 1963.
Pavlov, I. P. Lectures on conditioned reflexes. New York: International
Publishers, 1928.
Romanes, G. J. Animal intelligence. (4th ed.) London: Kegan Paul,
1886.
Skinner, B. F. A review of C. L. Hull’s Principles of behavior. Amer.
J. Psychol., 1944, 57, 276-281.
Skinner, B. F. The concept of the reflex in the description of behavior.
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Thorndike, E. L. Animal intelligence. Psychol. Rev. Monogr. Suppl.
1898, No. 8.
Toulmin, S., and Goodfield, June. The architecture of matter. New York:
Harper and Row, 1962.
Watson, J. B. Psychology as the behaviorist views it. Psychol. Rev.f
1913, 20, 158-177.
- 3 5 -
Capítulo 2 - COMPORTAMENTO REFLEXO (ELICIADO)
Seria consistente com a nossa argumentação histórica sobre a ciência do compor*
tamento afirmar que a Psicologia é a ciência que se preocupa com o modo pelo qual o
comportamento de um organismo está relacionado com o seu ambiente. Talvez a mais
simples dessas relações comportamento-ambiente seja o reflexo.
Para o fisiologista, o reflexo é um fenômeno a ser explicado. Isto é, o fisiologista
está interessado nas estruturas anatômicas subjacentes ao reflexo e os eventos corporais
que ocorrem entre o estímulo eliciador e a resposta. Seu interesse baseia-se na compo­
sição ou análise do reflexo. Para o Psicólogo, por outro lado, o reflexo é um fenômeno a
ser empregado para explicar outros comportamentos. Isto é, o Psicólogo está interessado
em mostrar que padrões complexos de comportamento são compostos de, ou podem ser
sintetizados a partir dos reflexos. A distinção análise-síntese mostra de uma vez o ponto
comum e o ponto de partida das duas ciências. A partir do reflexo, as duas disciplinas
movem-se em direções diferentes. Como Psicólogos, desejamos usar o reflexo como um
princípio explanatório ou como uma unidade de análise do comportamento mais com­
plexo. Portanto, devemos entender algumas das propriedades quantitativas e conceituais
dos reflexos.
2.1 - A FÓRMULA S - R
Como vimos ao considerar o comportamento reflexo no capítulo 1, Descartes e
Whytt representaram o ambiente com o conceito de estímulo. E representaram o com
portamento em termos dos movimentos do organismo ou resposta a este estímulo. Esses
conceitos continuam a ser úteis para a descrição de relações ordenadas entre ambiente e
comportamento. Neste capítulo, designaremos o estímulo na relação reflexa pelo
símbolo S e a resposta pelo símbolo R. A regularidade existente na relação entre eventos
ambientais e ações reflexas podem ser resumidas pela fórmula.
R2 = /( S2)
^ssa fórmula diz que uma certa resposta reflexa, R2 (chamada um respondente). é uma
função de (isto é, depende de) um evento estímulo S2 (chamado um eliciador)1. Essa
1. Os índices num éricos serão esclarecidos no C apítulo 3.
- 3 7 -
fórmula expressa uma relação ou correlação importante, entre dois eventos. No de­
correr deste capítulo, examinaremos esta correlação em detalhe.
Um dos experimentos de Sherrington serve de ilustração. Ele conectou um
músculo da perna de um gato a um aparelho para medir a contração deste músculo.
Anteriormente, sob anestesia, o cérebro do gato havia sido desconectado da medula. (No
estudo dos reflexos, as influências que não estão sob o controle direto do expe-
rimentador são frequentemente removidas cirurgicamente. Neste caso, separar o cérebro
da medula espinhal remove qualquer efeito possível que o cérebro possa ter sobre o
músculo em estudo.) Choques elétricos breves de várias intensidades foram, então, apli­
cados a um nervo sensorial que se sabia estar envolvido em um arco reflexo neste
músculo.
A Fig. 2. 1 ilustra os resultados hipotéticos do tipo que Sherrington poderia ter
obtido, à medida que aumentasse gradualmente a intensidade do choque em sete tenta­
tivas sucessivas. Algumas das propriedades de um reflexo típico estão representadas: por
exemplo, se observarmos, na Fig. 2.1, que a linha relativa ao tempo se desloca da esquerda
para a direita, observaremos primeiramente que o choque mais fraco (o choque mais fraco e
localizado na extrema esquerda) não elicia um respondente. Valores de choque não
suficientes para eliciar uma resposta . Mas para estarmos certos, apresentamos o mesmo
valor do choque novamente na tentativa 3. Desta vez, obtemos uma resposta. Este valor
do choque se encontra no que chamaremos a região de penumbra ou limiar: é o bastante
forte para, algumas vezes, eliciar um respondente e outras vezes não. Continuando nossas
apresentações de choque de maior intensidade observamos um número de efeitos inte­
ressantes: (1) cada apresentação de choque é seguida por (elicia) um respondente, (2)
choques eliciadores mais fortes são seguidos por respondentes mais fortes, (3) os res-
pondentes ocorrem mais rapidamente após eliciadores mais fortes; isto é, o tempo entre o
eliciador e o respondente, chamado latência, é menor quando o eliciador é mais forte.
latência longa latência curta
Respondente
Choques elétricos
no músculo
A
r*— —►i
.k A A
M—
h
região de penumbra
■
J L JL
Tem po ►- ----- 1-----1-----1-----1---- J-----1-----1-----1-----1-----1----- 1——J-----L——i---------- 1-------------l
Figura 2 1 Seqüência temporal esquemática de apresentações repetidas de um
eliciador e a ocorrência de respondentes associados. A altura dos respondentes indica sua
magnitude. A altura dos eliciadores indica sua intensidade. A distância entre o apàreci-
mento do eliciador e o aparecimento do respondente representa a latência. A linha do
tempo é feita por um marcador periódico que marca intervalos de tempo iguais e
arbitrários.
- 3 8 -
A descoberta de relações e propriedades como essas ilustradas na Fig. 2. 1 é um dos
objetivos permanentes da ciência. Quando relações quç se mantém entre os valores de um
evento (tais como intensidades de choque) e valores de outro evento (tais como a mag­
nitude ou rapidez de movimento do músculo) podem ser isoladas ou reproduzidas dia
após dia, experimento após experimento, frequentemente falamos da regularidade da
natureza. De um modo figurado, estamos dizendo que a natureza parece ser limitada por
certas leis cuja descoberta é o principal objetivo da pesquisa científica.
Devemos qualificar cuidadosamente essa última proposição *todavia, porque parece
certo que as relações ou leis da natureza não são como conchas numa praia, esperando
por nós para ajuntá-las numa cesta científica.
Antes de podermos estabelecer leis relacionando nossos conceitos, é preciso termos
formulado, pelo menos numa primeira aproximação, os nossos conceitos. A descoberta
das leis do reflexo foram precedidas por quase trezentos anos de uma evolução gradual
do conceito de estímulo, iniciando-se com Descartes. Então, a ciênciaé uma operação
similar ao funcionamento de uma armadilha. Em estágios pré-científicos, nossa intuição e
experiência ingênua levam-nos a suspeitar que uma certa ordem existe na natureza a
especulamos qual a natureza desta ordem. (Por exemplo, consideremos a suposição de
Descartes de que o comportamento involuntário era como uma máquina.) Então,
começamos a perturbar um pouco a natureza, isto é, a fazer experimentos e, assim,
mudar o curso natural dos eventos de modo que possamos obter uma idéia melhor do
que pode acontecer com um fenômeno particular.
Mas mesmo para fazer um primeiro experimento exploratório, necessitamos,
geralmente, definir nosso fenômeno de um modo mais preciso, bem como decidir sobre
o que alterar e onde procurar pelos efeitos de nossa alteração experimental. Os resultados
do nosso primeiro experimento permitir-nos-ão definir nossos termos ainda mais preci­
samente. Deste modo, modificamos continuamente os nossos conceitos. Ao mesmo
tempo, enriquecemo-los, relacionando-os a outras coisas que são conhecidas. Além disso,
tendo refinado nossos conceitos na base de experimentos, somos levados a novos experi­
mentos. Diz-se, às vezes, que um bom experimento responde uma velha questão e levanta
duas novas. Não há um ponto final para esse processo (o qual é a ciência) uma vez que
estamos continuamente refinando e redefinindo os nossos conceitos e continuamente
relacionando uns aos outros.
2.2 - LEIS DO REFLEXO PRIMÁRIO
A ordem ou regularidade ilustrada pela Fig. 2-1 está ao nível de uma das unidades
mais simples do comportamento, o reflexo. Devido ao fato de que esta regularidade
envolve o comportamento dos organismos como a propriedade que é sujeita a, ou
sensível a mudanças no estímulo eliciador, chamamos essas leis de leis do
comportamento.
Os cientistas tentam formular suas leis de um modo tão geral quanto possível. Não
estariam satisfeitos em ter uma lei para o efeito de choques elétricos' sobre o músculo da
perna, outra para os efeitos de ácidos na boca sobre a salivação e ainda outra para o
reflexo pupilar. Eles preferem expressar suas leis em termos de certas propriedades
comuns a todas essas relações, de modo que possam abranger uma faixa de fenômenos
tão ampla quanto possível. Assim, quando Sherrington estudou os reflexos, ele fez um
estudo de muitos reflexos envolvendo eliciadores e respondentes diferentes. A partir de
experimentos deste tipo, ele formulou três leis que podemos chamar as três leis
- 3 9 -
primárias do reflexo. Essas leis não são deformuladas em termos de qualquer eliciador
particular como o choque elétrico, ou de qualquer respondente particular como um
determinado movimento muscular. Elas são, ao invés disso, formuladas genericamente
em termos de estímulos eliciadores (qualquer eliciador) e respostas (qualquer res­
pondente). Formulando-as assim, obtemos uma generalidade adequada, mas com sacri­
fícios de detalhes particulares. Por exemplo, a relação exata entre a intensidade do
estímulo e a magnitude do respondente varia de reflexo para reflexo. Algumas vezes, a
relação é quase diretamente proporcional, de modo que numa ampla faixa de intensidade
de estímulos, dobrando-se a intensidade do estímulo, a magnitude do respondente será
dobrada, e assim por diante. Em outros reflexos, um aumento de dez vezes na inten­
sidade do estímulo seria necessário para produzir o dobro da magnitude do res­
pondente. Nossas leis do reflexo primário são expressas de tal forma que essas diferenças
ficam encobertas.
Os eliciadores sempre podem ser especificados por uma dimensão de intensidade.
Então, eliciadores do tipo do choque podem ser fracos, moderados, ou de maior
intensidade. Eliciadores do tipo da luz para respostas pupilares podem variar de intensidades
tão fracas, que mal podemos ver, a intensidades tão altas que aluz torna-se dolorosa. Como
notamos, energias abaixo de um certo nível na dimensão da intensidade são insuficientes
para eliciar qualquer resposta. À medida que a intensidade é gradativamente aumentada,
encontramos uma região em torno da qual valores da intensidade podem ou não eliciar
um movimento. Essa região de indeterminação onde a intensidade pode ou não ser o
bastante forte para eliciar um respondente é a região de penumbra do limiar. Podemos
formular essa informação mais especificamente numa lei:
1. Lei do limiar. Existe uma faixa de intensidade abaixo da qual nenhuma resposta
ocorrerá e acima da qual uma resposta sempre ocorrerá. Dentro dessa faixa as respos­
tas ocorrerão com alguma incerteza. Um ponto arbitrário, nessa região de incerteza
(digamos, aquela intensidade que elicia a resposta 50 por cento das vezes) é chamado
de limiar, intensidade acima desse ponto são chamados estímulos eliciadores.
À medida que a intensidade do estímulo é aumentada a resposta ocorre sempre e é
graduada em relação ao estímulo. Então, eliciadores fortes eliciam rapidamente res-
pondentes fortes e de longa duração. Eliciadores fracos são seguidos mais lentamente por
respostas fracas e de curta duração. A maior parte dessa informação pode ser represen­
tada por duas leis do reflexo:
2. Lei da Intensidade-Magnitude. A medida que a intensidade de um estímulo eli­
ciador é aumentada, a magnitude do respondente eliciado também aumenta.
3. Lei da latência. À medida que a intensidade do estímulo eliciador é aumentada, o
tempo (latência) entre o aparecimento do estímulo eliciador e o aparecimento do
respondente diminui.
As leis do reflexo são importantes para definir o conceito de reflexo. Pode-se dizer
que um reflexo é uma correlação entre uma mudança em parte do ambiente e uma
propriedade comportamental, tal que as três leis muito especiais que descrevemos
acima sejam válidas. Esquematicainente, um reflexo pode ser representado assim
S2 —^ R-2
- 40 -
onde S2 representa um eliciador, —> representa “causa pelas leis do reflexo” e R2
representa a mudança comportamental produzida. Nessa fórmula vazia nada é dito sobre
como R2 depende de S2 . Tal fórmula pode ser considerada extremamente geral (ela
descreve toda ação reflexa) e muito pouco precisa (ela nâo especifica os detalhes de
qualquer ação reflexa particular). A seta — > pode ser lida elicia, onde elicia é defini­
do como 'conduz à, pelas leis do reflexo”. O termo elicia é de alguma importância na
ciência do comportamento porque denota um grupo muito específico de leis causais
entre ambiente e comportamento, isto é, as leis do reflexo. Então, S2 pode ser dito um
estímulo eliciador, uma mudança no ambiente que está correlacionada com o compor­
tamento através das leis do reflexo. Similarmente, R2 *o respondente, é definido como
uma resposta eliciada. E útil reservar a palavra eliciar para a definição precisa formulada
acima. Nos capítulos subseqüentes empregaremos o termo estímulo repetidamente em
conjunção com um tipo diferente de controle sobre o comportamento. Mas distingui-
remos tal controle pela omissão cuidadosa do qualificador "eliciar" naquele contexto.
2.3 - LEIS SECUNDÁRIAS DO REFLEXO
Certas leis, chamadas leis secundárias do reflexo, codificam uma informação adicio­
nal. Uma delas é a lei da fadiga do reflexo. Quando um respondente é repetidamente
eliciado muitas vezes por segundo, por uma intensidade de estímulo constante, a mag­
nitude do respondente declina gradualmente, e eventualmente a resposta pode cessar de
todo. Esse fenômeno é chamado façiiga do reflexo e é visto esquematicamente na Fig.
2- 2.
Pf Ílílririnnnnnri--------------------------------
s 2n n n n n n n n n n n n n n n n nnnr i n. n- - - - F igu ra2-2. Fadiga do Renexo.
Tempo__1------1------1------1------1------1------1------1------1------
Um erro comum é cometido ao se dizer que o declínio do respondente a zero é
devido à fadiga. Isto é um exemplo de uma explicação inteiramente vazia e deveria ser
evitado. Um fenômeno, (y), é parcialmente explicado quando pode ser relacionado a
outro fenômeno, (x), que ocorre anteriormente no tempo. A chuva, (y), é parcialmente
explicada quando pode ser relacionada à condensação de vapor de água que ocorre
quando uma nuvem quente é rapidamente esfriada, (x). A febre tifóide, (y), é par­
cialmente explicada quando pode ser relacionada às atividades, (x), de um pequeno
microorganismo, a Salmonella typhosa. Mas para explicar que o declínio do respondente,
(y) da Fig. 2-2, é devido à fadiga, a que (x) o estamos relacionando? A fadiga, usada
neste sentido, é uma entidade não observável - sem qualquer propriedade independente
a ser relacionada ao fenômeno observável. Esse declínio do respondente é a fadiga, e não
devido à fadiga.
Outra lei secundária do reflexo é a lei da Somação Temporal de Subliminares.
Lembremo-nos de que na Lei do Limiar, apresentações muito fracas de energias apropria­
- 4 1 -
das não eliciam respondentes. Diz-se que esses valores baixos de energia estão abaixo do
limiar, e são chamados subliminares. Todavia, se apresentarmos dois ou mais desses
subliminares em sucessão rápida podemos, sob certas condições, produzir um res-
pondente. Esse fenômeno é visto esquematicamente na Fig. 2-3. É como se as duas
intensidades subliminares se somassem para formar um único eliciador. A somação tem­
poral, vista na Fig. 2-3, define exatamente o que queremos dizer por esses conceitos que
chamamos de reflexos, estímulos eliciadores e respostas eliciadas.
Figura 2-3. Somação Temporal. -----* ------------ m --------------------- -------------------
Tempo ------1------1____i____i------1------1____i-----j------1------
Podemos notar em relação a isto que a palavra eliciar é frequentemente tomada sem
crítica, como sendo idêntica a “causar”. (Por exemplo um estímulo luminoso pode ser
dito “causa”, de um comportamento pupilar.) O termo “causa” é uma palavra antiga
usada, às vezes, na história da filosifia e da ciência para denotar uma relação necessária e
suficiente entre eventos. A palavra parece ter sido empregada para descrever um evento
X, sempre que X se relaciona a um evento Y, de tal forma que se há o evento X entáo o
evento Y ocorrerá; e se não Yf então não X. Tente essa fórmula. Faça de Y um
respondente, digamos uma contração muscular, “causada” por um estímulo-choque que
chamamos X. Logicamente, é certo que: se o choque, então a contração. É também certo
que, se não observarmos a contração (não Y), então não terá havido um dado estímulo, o
choque (não X). É, então, evidente que, logicamente, um estímulo eliciador pode ser dito
“causar” uma resposta na ação reflexa, mas é também claro que essa proposição oferece
pouca informação sobre a natureza exata da relação causai. Em geral necessitaremos de
uma descrição mais detalhada da relação entre o comportamento e suas causas do que é
possível por uma mera proposição da sua sucessão lógica na fórmula X e Y. Logo, o
termo eliciar é preferível ao termo “causar” no presente contexto —não porque seja algo
mais objetivo ou lógico que a palavra “causar” —mas porque “eliciar” contém uma
grande proporção de todas as leis primárias e secundárias do reflexo. Evidentemente,
quando chutamos uma bola “causamos” sua “resposta” de viajar no ar. Mas as leis que
governam essa “resposta” são as leis do movimento, de Galileu enão as leis do reflexo, de
Sherrington.
2.4 - FORÇA DO REFLEXO: UM CONSTRUCTO HIPOTÉTICO
Consideremos uir. dado reflexo, digamos, flexionar o joelho a uma pancada no
mesmo. Em qualquer momento, esse reflexo terá um certo limiar, indicado pela menor
intensidade da pancada necessária para eliciar algum movimento da perna. Além disso,
em qualquer momento, uma pancada com uma intensidade fixa eliciará um movimento
de uma determinada magnitude, com uma dada laténcia entre S2 e R2 . E ainda, no
mesmo momento podemos conceber que um dado número de pancadas será necessário
- 4 2 -
para fatigar o reflexo. Uma característica importante dos reflexos é encontrada na od-
servação de que, nos momentos em que o limiar é baixp (uma pancada muito fraca é
efetiva) a magnitude de R.2 para um dado valor de S2 (padrão) será alta, a latência será
curta e o número de S2 sucessivos necessários para fatigar o reflexo será grande. Ao
contrário, naqueles momentos em que o limiar é alto (uma pancada forte é necessária
para qualquer movimento), a magnitude de R2 para um valor padrão de S2 será baixa, a
latência será longa e apenas poucos S2 sucessivos serão necessários para fatigar o reflexo.
Essa associação sistemática ou co-variância das propriedades do reflexo (limiar, mag­
nitude, latência, etc.) levaaurna interessante construção lógica. Somos levados a
identificar essa co-variância e inferir que existe uma entidade hipotética que intervém
entre o estírtiulo e o respondente. Deduz-se que esta entidade, a ser designada como força
do reflexo, determina a variação sistemática, ou co-variância de cada propriedade do
respondente. No caso do reflexo, o construeto força do reflexo é definido por essa
co-variância de tal modo que grandes magnitudes, latências curtas, limiares baixos, R2
fatigadas lentamente, etc; representam reflexos fortes. Ao contrário, pequenas mag­
nitudes, latências longas, limiares altos, R2 rapidamente fatigadas, etc. constituem refle­
xos fracos. Note que o constructo não é definido exclusivamente em termos dos valores
respondente. Ele incorpora (no limiar) também o valor do eliciador. Então, uma R2 de
graitde magnitude não precisa necessariamente representar um reflexo forte. Ela pode
bem ser o resultado de um reflexo fraco sendo testado com um S2 intenso. O construto
força do reflexo é representado na Fig. 2.4.
Diz-se que o construto da Fig. 2-4 é hipotético, simplesmente porque não é dire­
tamente observado. Ninguém viu a força de um reflexo; o que vemos são meramente as
mudanças no comportamento. Mas o fato de mudanças comportamentais estarem corre­
lacionadas umas às outras induz-nos a agrupá-las como reflexões de uma entidade
única subjacente. O formar construtos como a íorça do reflexo apresenta certos riscos,
particularmente ao se determinar propriedades para o construto hipotético que vão
muito além das observações que lhe dão origem. Ainda assim a construção hipotética é
um tipo importante e persistente de formação de conceito em todas as ciências e sua
justificação encontra-se na sua utilidade. No caso particular da força do reflexo, ela entra
como um conceito útil na formação de outras leis num sistema de comportamento.
(Lembre-se, primeiro devemos ter nossos conceitos, então, chegar às nossas leis.) Por
exemplo, drogas, doenças do sistema nervoso central e eliciação simultânea de outros
reflexos todos causam mudanças concorrentes nas grandezas que definem a força do
reflexo. Então, é conveniente representar essas leis correlacionadas por um único termo,
força do reflexo. Veremos outros exemplos desse tipo de representação e composição de
relações em capítulos seguintes.
Magnitude
Figura 2-4. O construto força do
Limiar
- 4 3 -
Princípios de análise do comportamento
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  • 5. J.R. MILLENSON PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO Tradução de A lina de Alm eida Souza Dioue tie Kezende COORDENADA THESAURUS
  • 6. © Copyright, J. R. Milleonson, 1967 Título original: Principles-of Behavior Analysis THI MACMILLAN COMPANY, NLW YORK Library of Congress catalog card number: 67 15540 Montagem: Afonso Rocha Fotomontagem de : João Pinto Composição de: Antonio Carlos da Silva e Clemente Silva l'ilho Capa: Paulo Magalhães MCMLXXV Todos os direitos, em língua portuguesa no Brasil, reservados de acordo com a lei. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou informação computadorizada, sem permissão por escrito da editora COORDENADA / THESAURUS EDITORA DE BRASÍLIA LTDA. SIG Q. 08 LOTE 2356 - FONE: (061) 344 3738 - FAX: (061) 344 2353 - Brasília - DF.
  • 8.
  • 9. PREFÁCI O À EDI ÇÃO BRASI LEI RA A maior parte do livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO foi escrita durante o ano acadêmico de 1964, enquanto eu era um jovem professor assistente de Psicologia no Instituto de Tecnologia Carnegie (agora Universidade Carnegie-Mellon), em Pittsburgh, Pensylvania. Eu o concebi como um texto sistemático de introdução dos estudantes, em nível elementar e avançado, àqueles princípios conhecidos de modificação do comportamento que devem servir de base à grande porção da conduta adaptativa do homem e de organismos relacionados com ele. Em sua maior parte, escrever este livro foi um trabalho de amor. Eu ensinava Psicologia a iniciantes, para quem eu a interpretava como a ciência que se preocupa com as interações do comportamento com o meio ambiente e para quem havia tantas coisas que desejava dizer (e que o fiz muitas e muitas vezes!) que não se encontravam em qualquer dos livros textos existentes, que decidi desenvolvê-los por escrito. Aquela época existia apenas um livro texto sistemático e elementar sobre esse campo de estudo que, embora suportando majestosamente a sua idade, muita coisa tinha acontecido desde a sua publicação em 1950. Parece-me claro agora, como o foi ent£o, que a Psicologia é um campo científico a mover-se rapidamente de seu estágio pré-paradigmático para a exploração sistemática de um conjunto unificado de comportamentos. Gosto de pensar que em sua diminuta trilha, o livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO continua a dar uma contribuição permanente pc.ra o estabelecimento desse novo paradigma da Psicologia. Agor.i, olhando para trás, uma década desde que esse livro apareceu, posso ver mais claramente as suas virtudes e falhas. É certo que nessa ciência de desenvolvimento tão rápido qualquer livro texto logo se desatualiza. Novos processos importantes, como a ^uto-modelagcm, o comportamento adjuntivo e o biofeedback entraram em cena; outros processos familiares, como o da punição e do condicionamento clássico, foram consideravelmente relormulados. Por outro lado, enquanto em 1964 não tinhamos quase nenhuma teoria que merecesse esse nome, os anos de 70 testemunharam a chegada de modelos quantitativos tanto na teoria do reforço como na do condicionamento clássico. Esses modelos, embora deliberadamente restritos à área que cobrem, têm uma certa aura de autenticidade que íalta totalmente nas grandiosas teorias primitivas sobre aprendizagem da era anterior. As descobertas complementares de que as atividades autônomas reflexas são reíorcáveis e nue os comportamentos emitidos nodem ser
  • 10. excitados por contingências associadas/ colocam em questão nossa distinção fechada entre operantes e respondentes. É m uito cedo para dizer quão drasticamente essas descobertas vão abalar nossos fundamentos teóricos, mas é certo que maiores modificações estão no ar. Há dez anos atrás, como reação às prematuras teorizações das décadas de 1940 e 1950, a disposição dos que trabalhavam nesse campo era fortemente descritiva. A análise que B.F. Skinner fez do comportamento proposital, sua preocupação com o organismo individual e sua ênfase no controle pelo reforçamento de contingências eram as bases do cultivo empírico vigoroso dos princípios de reforçamento positivo. A lei do efeito de Thorndike estava no seu zênite e este livro é um produto daquele clímax. Porém algumas mudanças sutis estão acontecendo no Zeitgeist. O controle de contingências — pervasivo e importante como é — começou a ceder lugar a um conjunto de efeitos perplexantes que, mesmo parecendo intimamente ligados ao reforço, vão alem da lei do efeito. Por outro lado, o condicionamento clássico, a outra face da moeda do determinismo na Psicologia, acha-se menos e menos seguro de seu papel como o segundo maior princípio de modificação do comportamento. Suspeito mesmo que devemos logo nos preparar para aceitar a idéia de que as modificações das respostas no condicionamento clássico pode ser grandemente reduzido a uma forma de aprendizagem instrumental. Naturalmente que, quando e se, essa integração vier, ela certamente não eliminará Pavlov. Pelo contrário, os diques serão finalmente eliminados para a exploração das descobertas do grande fisiólogo Russo, em sua área mais apropriada: a modulação do comportamento corrente pelos efeitos Pavlovianos sobre a motivação, a emoção e a criação de reforçadores. O livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO guarda um silêncio virtual sobre as contribuições dos biólogos comportamentais às fontes evolucionistas da variação do comportamento; fator este não facilmente manipulável mas não facilmente ignorado. Enquanto eu sempre senti a negligência às contribuições dos etologisias às características comportamentais das espécies, como a maior omissão de meu livro, e o enfoque no meio-ambientalismo (que poderia ter sido d ifícil conseguir com uma apresentação balanceada de biologia e psicologia) foi e é a sua maior força. Porquanto a sua preocupação com as variáveis do meio ambiente do passado e do presente permitiram-me aplicar a teoria do reforço de maneira criativa a um amplo espectro de com portam entos humanos complexos, incluindo a aprendizagem de conceitos, significado e compreensão, solução de problemas, motivação e emoção, de tal modo que ainda hoje parece-me que retêm um sabor moderno. Assim, por todas as mudanças e fermentos que ocorreram desde o seu aparecimento e por todas as suas omissões, pode muito bem ser qüe o livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ainda contenha a mais noderna e sistemática coleção de princípios elementares universais que existem para a jodificação do comportamento. Certamente eu creio que minha atenção meticulosa para a elaboração e a aplicação de conceitos fundamentais, minha pressão neste livro na descrição formal de contingências de reforçamento, a preocupação no texto com os detalhes íntimos, em profundidade, de um número limitado de processos fundamentais do comportamento, seu comprometimento em compreender, opondo-se a uma ( obertura superficial dos temas, sua natureza programada e, finalmente, sua fé em que a teoria psicológica pode e deve ser desenvolvida a um nível comportamental são, todos eles, características que permanecem distintas e perenes. Tornando este livro disponível numa edição em Português a, talvez, uma audiência bem maior, esta poderá ser introduzida aos recentes insights e às promessas conceituais dessa ciência do século XX
  • 11. PREFACIO O objetivo deste livro é fornecer uma introdução rigorosa à Psicologia Experimental orientada para os dados. Ele se dirige principalmente ao estudante do primeiro curso em Psicologia e contém material adequado para dois semestres consecutivos ou um período de um ano. Embora o texto atinja um grau incomum de sistematização para o nível introdutório, o material que ele contém não é necessariamente mais difícil do que o encontrado na maioria dos textos de abordagem geral no campo. Com um grupo limitado de conceitos gerais, tentei construir uma estrutura razoável de modo que o estudante tenha, se este fôr o seu primeiro, único ou último curso em ciência, os meios para interpretar e ordenar uma ampla variedade de fenômenos psicológicos. Não fiz tentativa alguma para rever todas as atividades variadas dos psicólogos em geral na metade do século vinte. Na maior parte mantive o caminho direto e estrito da Psicologia Experimental. Dentro desses limites, concentrei-me no que, em termos tradi­ cionais, seria chamado aprendizagem e condicionamento, motivação e emoção e, em menor extensão, Psicofísica, percepção e resolução de problemas. Os correlatos fisio­ lógicos do comportamento são apresentados nas discussões sobre motivação e emoção. As desordens do comportamento são estruturadas como fenômenos emocionais patoló- >s. Não há um capítulo com títulos como os de Percepção e Psicofísica, mas seus 1'miiTilns básicos e alguns dados representativos são considerados no texto, nos capítulos h*>l»ic* controle de estímulo, discriminação e aquisição de conceitos, e em outras partes. A aluminum na área é feita em termos da análise funcional do comportamento, um ponto do visla há muito tempo associado com B. F. Skinnei. Embora a maioria dos “prin­ cípios’* dosciilos tenham suas origens no laboratório de pesquisa animal,sua relevância para as atividades humanas é repetidamente enfatizada. Algumas noçoes de Estatística elementar são apresentadas, principalmente para fornecei algum sabor à variabilidade dos dados e para apontar a utilidade de instrumentos estatísticos no losumo e interpretação dos resultados. Utilizei o método de anexar alguns capítulos com seçoes sobre análise de dados, muitos dos quais descrevem conceitos estatísticos simples. Embora estas seções estejam organizadas de modo a incorporar os dados empíricos citados nos capítulos em que aparecem, eles fornecem seqüência independente colocada à narte do corno do textn
  • 12. Um sistema de notação de R e S para descrever os procedimentos comportamentais é uma parte integral do texto. Os procedimentos no campo estão se tornando cada vez mais complexos e algum esquema formal para reduzí-los aos seus elementos parece dese­ jável se se quer que o estudante aprecie diferenças e similaridades de procedimento. 0 problema de se a notação particular, aqui elaborada, há de encontrar um lugar permanente na ciência não será resolvido aqui. Mas, com sua inclusão, desejo enfatizar que uma representação simbólica da lógica de nossos procedimentos está se tornando obrigatória para uma exposição e comun icação eficientes. Espero que o instrutor encontre dificuldade para modificar a seqüência dos capítulos ou omitir qualquer um completamente. (As seções que podem ser omitidas sem destruir a continuidade estão em tipo pequeno.) Os conceitos se constroem uns sobre os outros e o livro é uma unidade. O nível de dificuldade parece-me ser uma função direta do número do capítulo. Ao usar o material com estudantes de vários níveis, o principal grau de liberdade parece ser a velocidade em que o instrutor pode progredir. Mantendo o prin­ cípio de Bruner1, que “qualquer assunto pode ser ensinado, de modo efetivo e de uma forma intelectualmente honesta, a qualquer indivíduo em qualquer estágio de desenvol­ vimento”, espera que o livro seja útil para diversos níveis: talvez, como um texto auxiliar para o curso de aprendizagem em graduação, ou mesmo como um livro de consulta para cursos de pós-graduação em análise experimental do comportamento. Um laboratório seria um complemento valioso para um curso tal como este e a seqüência do texto é tal que facilita uma ordem lógica de tópicos experimentais para o laboratório. Meus agradecimentos são para muitos dos meus ex-alunos da Columbia University, Birkbeck College (University of London) e Carnegie Institute of Technology que, durante anos, estabeleceram as condições para escrever o livro e que modelaram amplamente a sua estrutura. A Susan Alcott, Nancy Innes, Mary Carol Perrott, e par­ ticularmente Isabelle Alter, tenho uma dívida pela leitura crítica, releitura, e edição dos rascunhos preliminares. As sugestões dos meus colegas Daryl Bem, John Boren, Derek Hendry, Dennis Kelly, Bernard Migler e do editor dessa serie, Melvin Marx, que entre eles ieu cada capítulo do livro, esclareceram, apreciavelmente, a versão final. Evalyn Segai, generosam ente, realizou o árduo trabalho de reler todo o manuscritc durante as férias de verão, e seus comentários detalhados ajudaram a melhorar o livro de muitas maneiras. W. N. Schoenfeld e Francis Mechner merecem o crédito por aquilo que de valor original aqui for encontrado. Não seria necessário dizer que eles não são de modo algum responsáveis pelos defeitos e deficiências e espero que eles perdoem quais­ quer distorções de suas idéias que eu possa ter, inadvertidamente, criado. J. R. M. J. S. Bruner, The process of education. Cambridge: Harvard llnivrr Press 196^ n ^ 1
  • 13. S U M Á R I O NOTA AOS ESTUDANTES......................................................................................... 19 PRIMEIRA PARTE: A REGULARIDADE DO COMPORTAMENTO..................... 21 CAPÍTULO 1 - UM BACKGROUND PARA A ABORDAGEM CIENTÍFICA AO COMPORTAMENTO....................................................................... 23 1.1 Primeiras tentativas para explicar e classificar o comportamento humano..... 23 1.2 A ação reflexa........................................................................................................ 25 1.3 Reflexos condicionados ou adquiridos............................................................... 25 1.4 A teoria da evolução e o comportamento adaptativo....................................... 26 1.5 Os primeiros experimentos sobre o comportamento “voluntário” .................. 27 1.6 O Zeitgeist.............................................................................................................. 29 1.7 A psicologia perde a sua m ente............................................................................ 30 1.8 O firme estabelecimento de uma análise experimental do comportamento .... 32 1.9 Revisão.................................................................................................................... 34 CAPÍTULO 2 - COMPORTAMENTO REFLEXO (ELICIADO)........................... 37 2.1 A fórmula S - R .................................................................................................... 37 2.2 Leis do reflexo primário........................................................................................ 39 2.3 Leis secundárias do reflexo................................................................................... 41 2.4 Força do reflexo: um constructo hipotético....................................................... 42 2.5 Exemplos comuns de reflexos.............................................................................. 44 2.6 Variabilidade nas medidas; resumo de dados em distribuição de freqüência; estatística básica; a curva normal........................................................................ 45 CAPÍTULO 3 - CONDICIONAMENTO PAVLOVIANO ....................................... 53 3.1 Reflexos condicionados e a natureza de um experimento................................. 53 3.2 O paradigma Pavloviano: um método esquemático de representar ocondi­ cionamento 56 3.3 Relações temporais nos paradigmas de condicionamento................................. 62 3.4 A extensão do condicionamento clássico........................................................... 64
  • 14. 3.5 O método experimental ........................................................................................ 66 3.6 Introdução aos conceitos elementares de probabilidade................................... 70 CAPÍTULO 4 - FORTALECIMENTO OPERANTE............................................... 75 4.1 Introdução ao comportamento proposital.......................................................... 75 4.2 Um experimento protótipo.................................................................................. 77 4.3 Mudanças na taxa absoluta................................................................................... 79 4.4 Mudanças na taxa relativa.................................................................................... 84 4.5 Mudanças seqüenciais no responder.................................................................... 85 4.6 Mudanças na variabilidade.................................................................................... 86 4.7 Operantes e estímulos reforçadores..................................................................... 87 4.8 O paradigma do fortalecimento operante........................................................... 89 4.9 Operantes vocais..................................................................................................... 90 4.10 A extensão do fortalecimento operante............................................................. 92 4.11 Superstição............................................................................................................. 94 4.12 Condicionamento operante .................................................................................. 95 CAPÍTULO 5 - EXTINÇÃO E RECONDICIONAMENTO DO OPERANTE....... 99 5.1 Mudanças na taxa de resposta durante a extinção.............................................. 100 5.2 Mudanças topográficas e estruturais na extinção............................................... 101 5.3 Resistência à extinção........................................................................................... 102 5.4 Recuperação espontânea ....................................................................................... 106 5.5 Condicionamento e extinção sucessivos............................................................. 107 5.6 Esquecimento e extinção...................................................................................... 108 5.7 Uma definição compreensiva de extinção operante........................................... 112 5.8 A extensão dos conceitos de extinção................................................................. 112 5.9 Representações gráficas dos resultados de experimentos nos quais muitas variáveis independentes são estudadas em conjunto........................................ 116 SEGUNDA PARTE: AS UNIDADES FUNDAMENTAIS DE ANÁLISE............... 121 CAPÍTULO 6 - NOTAÇÃO DE CONTINGÊNCIA DE RESPOSTA E ESTÍ­ MULO................................................................................................ 123 6.1 Respostas e eventos ambientais............................................................................ 124 6.2 Situações e eventos ambientais............................................................................. 126 6.3 A noção de uma contingência comportamental................................................ 127 6.4 A situação inicial (Sa) .......................................................................................... 129 6.5 Contingências múltiplas na mesma situação....................................................... 130 6.6 A contingência nula.............................................................................................. 132 6.7 A duração das situações e das contingências....................................................... 133 6.8 Mais de uma resposta é exigida para a conseqüência S ....................................... 134
  • 15. 6.9 Contingências repetitivas......................................................................... ........... 135 6.10 Facilitação............................................................................................................. 136 6.11 Çontingências negativas....................................................................................... 137 6.12 Contingências probabilísticas............................................................................. 138 6.13 Discriminações...................................................................................................... 139 6.14 R e S funcionalmente dependentes................................................................... 140 6.15 Contingências agrupadas...................................................................................... 141 CAPÍTULO 7 - REFORÇAMENTO INTERMITENTE......................................... 143 7.1 Contingência de intervalo.................................................................................... 144 7.2 Probabilidade de reforçamento.......................................................................... 149 7.3 Notas teóricas sobre esquemas de reforçamento.............................................. 152 7.4 Os efeitos do reforçamento intermitente naresistência à extinção................. 153 7.5 Outros efeitos comportamentais do reforçamento intermitente.................... 155 7.6 Estados estáveis do comportamento.................................................................. 155 CAPITULO 8 - A ESPECIFICAÇÃO DA RESPOSTA.......................................... 159 8.1 A definição de classes de resposta............................................... ..................... 159 8.2 Uma definição de resposta operante emtermos da teoria dos conjuntos....... 163 8.3 O paradigma da diferenciação............................................................................ 164 8.4 Aproximação sucessiva........................................................................................ 169 8.5 Extensão do conceito de operante.................................................................... 170 8.6 Diferenciação de taxa.......................................................................................... 176 8.7 Reforçamento do responder contínuo.............................................................. 178 8.8 Sumário................................................................................................................. 179 8.9 A linguagem e lógica dos conjuntos................................................................... 180 CAPÍTULO 9 - CONTROLE AMBIENTAL............................................................ 185 9.1 Dimensões do estímulo....................................................................................... 185 9.2 Generalização de estímulo................................................................................... 190 9.3 Generalização da extinção................................................................................... 197 9.4 Algumas implicações da generalização............................................................... 199 9.5 Notas sobre o delineamento de experimentosem psicologia usando sujeitos animais................................................................................................................... 201 TERCEIRA PARTE: UNIDADES COMPONENTES DO COMPORTAMENTO .... 203 CAPÍTULO 10 - DISCRIMINAÇÃO........................................................................... 205 10.1 Duas condições do estímulo, uma classe deresposta......................................... 206 10.2 O paradigma da discriminação............................................................................ 210
  • 16. 10.3 Duas condições do estímulo, duas classes de resposta..................................... 21 i 10.4 m Condições do estímulo, n classes de resposta............................................... 213 10.5 Mudanças contínuas no comportamento em função de mudanças contínuas numa dimensão do estímulo............................................................................... 215 10.6 Discriminação sem respostas em S^ .................................................................. 217 10.7 Tempos de reação discriminativos..................................................................... 219 10.8 As implicações do controle de estímulo operante........................................... 220 10.9 A significância das diferenças entre duas matérias........................................... 221 CAPITULO 11 - REFORÇADORES ADQUIRIDOS................................ 227 11.1 As propriedades reforçadoras dos estímulos discriminativos positivos.......... 228 11.2 Como aumentar a durabilidade de reforçadores condicionados..................... 229 11.3 Recompensas “token” ......................................................................................... 233 11.4 Reforçadores generalizados ................................................................................. 234 11.5 Respostas de observação ..................................................................................... 235 11.6 As condições necessárias e suficientes para se criar reforçadores condi­ cionados ................................................................................................................. 237 11.7 O reforçamento secundário no comportamento social................................... 239 CAPÍTULO 12 - ENCADEAMENTO........................................................... 245 12.1 Os elementos de cadeias comportamentais............................................. ......... 245 12.2 O desenvolvimento de uma cadeia complexa................................................... 247 12.3 A aprendizagem de labirinto como um encadeamento................................... 251 12.4 Os efeitos da extinção seletiva em pontos diferentes na cadeia..................... 252 12.5 Esquemas encadeados.......................................................................................... 255 12.6 O comportamento humano cotidiano como encadeamento........................... 257 12.7 Cadeias vocais....................................................................................................... 260 12.8 Cadeias ramificadas e representação do diagrama de fluxo............................ 263 12.9 Cadeias de comportamento encoberto.............................................................. 267 QUARTA PARTE: CONTINGÊNCIAS COMPLEXAS.............................................. 271 CAPÍTULO 13 - AQUISIÇÃO DE CONCEITO ......................................... 273 13.1 Dispc' íção para aprender (simples)................................................................... 274 13.2 Algumas variáveis que interferem na aquisição da disposição para aprender (L-SET)................................................................................................................. 278 13.3 L-SETS mais complexos.................................................................................... 278 13.4 Experimentos simples sobre formação de conceito em sujeitos humanos..... 280 13.5 Estudos sobre formação de conceito em animais............................................ 284 13.6 Classes arbitrárias de S^; conceitos disjuntivos............................................... 288 13.7 Significado e compreensão considerados como interrelações entre conceitos 291
  • 17. 13.8 A aquisição de conceito através da instrução programada............................. 298 13.9 As constâncias perceptivas.................................................................................. 305 CAPÍTULO 14 - SOLUÇÃO DE PROBLEMA E INTELIGÊNCIA........................ 311 14.1 A estrutura de um problema e a natureza de uma solução............................ 311 14.2 Quebra-cabeças..................................................................................................... 315 14.3 Estratégias de procura de heurísticas................................................................ 318 14.4 Identificação do conceito.................................................................................... 321 14.5 A mensuração de habilidades para solucionar problema: testes de inteli­ gência ..................................................................................................................... 323 14.6 Correlação, teste de confiabilidade e validade.................................................. 327 QUINTA PARTE: DINÂMICA DO REFORÇO......................................................... 335 CAPÍTULO 15 - MOTIVAÇÃO I ................................................................................ 337 15.1 Causa e efeito e a noção de lei científica......................................................... 337 15.2 Causas fictícias do comportamento .................................................................. 339 15.3 História passada com contingências de condicionamento e extinção como causas do comportamento................................................................................... 340 15.4 Motivos e reforçadores........................................................................................ 342 15.5 Operações de impulso ......................................................................................... 343 15.6 Periodicidades no valor do reforçamento......................................................... 344 15.7 Paradigmas de privação e saciação.................................................................... 346 15.8 A mensuração dos impulsos................................................................................ 348 CAPÍTULO 16 - MOTIVAÇÃO I I ............................................................................... 361 16.1 Ativação e aspectos direcionais da motivação.................................................. 361 16.2 Incentivo ............................................................................................................... 365 16.3 Fatores fisiológicos na motivação ...................................................................... 366 16.4 Reforçadores primários adicionais...................................................................... 371 16.5 Drives adquiridos.................................................................................................. 377 CAPÍTULO 17 - CONTINGÊNCIAS AVERSIVAS................................................... 383 17.1 Reforçadores negativos........................................................................................ 383 17.2 Condicionamento de fuga ................................................................................... 384 17.3 Parâmetros de S'".................................................................................................. 385 17.4 Estímulos aversivos condicionados..................................................................... 390 17.5 Condicionamento de esquiva.............................................................................. 392 17.6 Punição................................................................................................................... 398 17.7 Masoquismo........................................................................................................... 402
  • 18. CAPfrULO 18 - COMPORTAMENTO EMOCIONAL..............................P................ 405 18.1 É a emoção uma causa do comportamento ou um efeito comportamental? .. 405 18.2 Três conceitos de emoção.................................................................................. 407 18.3 O paradigma da ansiedade.................................................................................. 412 18.4 Raiva...................................................................................................................... 416 18.5 Elação..................................................................................................................... 418 18.6 Um modelo para representar einterrelacionar fenômenos emocionais.......... 421 18.7 Medicina psicossomática...................................................................................... 425 18.8 O sistema nervoso autônomo.................................................................... i........ 427 18.9 Controle emocional, maturidade emocional e comportamento emocional patológico............................................................................................................... 431 18.10Um índice de mudança emocional..................................................................... 434 ÍNDICE ANALÍTICO.......................................................................................................... 437
  • 19. NOTAS AOS ESTUDANTES UMAPSICOLOGIA INTRODUTÓRIA PODE SER INTERPRETADA COMO UMA introdução aos métodos e princípios da análise científica do comportamento. Embora as definições antigas de Psicologia enfatizassem os “processos mentais”, por razões que serão esclarecidas através deste texto, uma abordagem moderna àPsicologia toma o comportamento dos seres humanos assim como dos animais inferiores como seu objeto de estudo. Apoiando-se firmemente no canone de que apenas o que pode ser observado pode ser cientificamente estudado, este ponto de vista moderno ataca problemas da Psicologia tradicional através da análise do comportamento. No decorrer deste texto encontrar-nos-emos estudando e representando na linguagem do comportamento,tópicos tais como aprendizagem e memória, solução de problema e inteligência, sensação e per­ cepção, emoção e motivação. A organização deste livro permitirá que você chegue a uma compreensão preliminar dos princípios básicos do comportamento humano. Embora muitos dos paradigmas e conceitos fundamentais, que são tratados com detalhes, tenham sido derivados origi­ nalmente de experimentos de laboratório com sujeitos animais, eles não são de modo algum limitados aos animais. Empregamos sujeitos animais na pesquisa psicológica por razões pragmáticas: o ser humano do século vinte provavelmente não se submeteria livremente a uma faixa ampla de controle ambiental necessária para um estudo científico; e mesmo que se submetesse, a sociedade não o permitiria. Para chegar a uma compreensão das causas do comportamento humano e animal, será necessário que você adquira primeiro um vocabulário técnico e uma familiaridade completa com os conceitos básicos daPsicologia. Não se conhece um caminho mais curto para se chegar a tal vocabulário. Você deverá aprendê-lo do mesmo modo que, ao se preparar para uma partida de xadrez, é necessário aprender os nomes e movimentos permissíveis das peças, as saídas mais comuns e os princípios básicos de ataque e defesa. Ao estudar Psicologia, você pode ter uma desvantagem peculiar que não existe na aprendizagem inicial de xadrez. Certas opiniões e pontos de vista pré-concebidos sobre as causas do comportamento, os quais são uma parte padrão da interpretação do mundo dada pelo bom senso, devem primeiro ser esquecidas. Infelizmente, esta visão do bom senso da natureza humana não é sempre a mais útil para a formulação de uma ciência - 1 9 -
  • 20. sistemática das relações entre o comportamento e suas variáveis controladoras. Por essa razão, será melhor que você tente colocar de lado seus preconceitos sobre as ações das pessoas e, em particular, seu sistema de representação dos assim chamados processos mentais internos. Tente, assim, abordar a matéria com um ponto de vista novo, conten­ tando-se, inicialmente, em fazer perguntas ingênuas tais como “O que o organismo observado estava fazendo? ” e “O que se relaciona consistentemente com o que ele fazia? ” No início, seu progresso pode parecer lento mas ele será sempre seguro. J. R. M. - 2 0 -
  • 21. PRIMEIRA PARTE A REGULARIDADE DO COMPORTAMENTO 1. UM BACKGROUND PARA A ABORDAGEM CIENTIFICA AO COMPORTAMENTO 2. COMPORTAMENTO REFLEXO (EL1CIADO) 3. CONDICIONAMENTO PAVLOV1ANO 4. FORTALECIMENTO OPERANTE 5. EXTINÇÃO E RECONDICIONAMENTO DO OPERANTE
  • 22.
  • 23. Capítulo 1 UM BACKGROUND PARA A ABORDAGEM CIENTIFICA AO COM­ PORTAMENTO Quando Sócrates ouviu falar das novas descobertas no campo da anatomia, que se propunham a provar que as causas dos movimentos corporais eram derivadas de um engenhoso arranjo mecânico dos músculos, ossos e articulações, disse: “Isto dificilmente explica porque estou sentado aqui, numa posição recurvada... falando com vocês” (Kantor, 1963). Passaram-se 2.300 anos desde este comentário de Sócrates e nos séculos subsequentes, as causas do comportamento humano foram atribuídas a marés, espirito divino, posição das estrelas e, com freqüência, simplesmente ao capricho. Nos últimos cem anos, surgiu uma ciência do comportamento trazendo um conceito estrutural novo, com novas atitudes em relação às causas do comportamento. Uma breve história dos eventos que levaram ao desenvolvimento desta ciência é uma introdução apropriada para seu estudo. Assim como não existe um modo melhor de entender as atividades presentes de uma pessoa do que estando a par de sua história passada, também não há melhor meio de entender as atividades presentes de uma ciência do que através do conhecimento do seu passado. 1.1 PRIMEIRAS TENTATIVAS PARA EXPLICAR E CLASSIFICAR O COMPORTA MENTO HUMANO As origens precisas da ciência do comportamento, como aquelas todos os campos do conhecimento, estão perdidas na obscuridade dos tempos. Mesmo assim, sabemos que pelo ano 325 a.C., na Grécia antiga, Aristóteles combinou a observação e a interpretação num sistema naturalístico de comportamento, ainda que primitivo. Aristóteles procurou as causas (1) do movimento dos corpos, e (2) das discriminações feitas pelos organismos. Descreveu muitas categorias de comportamento tais como a percepção dos sentidos, visão, olfato, audição, bom senso, pensamento simples e complexo, apetite, memória, sono e sonho..Seus tópicos soam-nos familiares, atualmente, e eles rão ainda encontrados de uma forma ou de outra, em quase todos os textos de Psicologia. Aristóteles estava menos interessado na previsão e controle da natureza do que estamos atualmente e, desta torma, suas explicações do comportamento têm um sabor mais antiquado. Aristóteles estava preocupado em explicar as várias atividades de um indivíduo, mostrando serem eias padrões específicos de “qualidades” gerais, tais como apetite, paixão, razão, vontade e habilidade sensorial (Toulmin e Goodfield, 1962). - 23 -
  • 24. As observações e classificações de Aristóteles e dos estudiosos gregos que o seguiram foram um início substancial na tentativa naturalística de entender as causas do compor-' tamento humano. Mas a nova ciência declinou com o desaparecimento da civilização helênica. O início da Era Cristã e da Idade Média produziu um clima intelectual pobre para o desenvolvimento da observação e pesquisa: o homem voltou sua atenção para os problemas metafísicos. Os Padres da Igreja iniciaram e os teólogos medievais comple­ taram uma transformação conceituai de uma das “qualidades” puramente abstratas de Aristóteles numa alma sobrenatural a quem as causas do comportamento humano eram atribuídas. Encarando esta alma como imaterial, insubstancial, e sobrenatural, um dualismo definitivo foi estabelecido entre alma e corpo. Colocando as causas do compor­ tamento numa região não observável do espírito, este dualismo inibiu o estudo natura- lístico do comportamento. Então, por um longo período de tempo, as ciências do comportamento permaneceram adormecidas. Temos que pular adiante para o século dezessete, no tempo de Galileu e o surgimento da física moderna para retomar os fios que eventualmente, deram-lhes uma estrutura científica. As teorias do filósofo e matemático Renè Descartes (1596-1650), contemporâneo francês de Galileu, representam uma quebra parcial da explicação metafísica do compor­ tamento. Tomando como modelo as figuras mecânicas dos jardins reais de Versailles que se moviam e produziam sons, Descartes sugeriu que o movimento corporal era o resultado de causas mecânicas semelhantes. As máquinas nos nrdins reais operavam baseadas em princípios hidráulicos. A água era bombeada em tubos fechados para impulsionar os membros das figuras, produzindo movimentos, ou era conduzida através de aparelhos que emitiam palavras ou músicas quando a água passava. Descartes imaginou que animais e homens eram, na realidade, um tipo de máquina complicada, analogamente construída. Ele substituiu a água das figuras reais pelos espíritos animais, um tipo de substância intangível, elástica e invisível; e supôs que os espíritos fluíssem nos nervos de tal modo que entravam nos músculos causando, assim, sua expansão e contração e, por sua vez, fazendo os membros se movimentarem. Algumas das Figuras Reais estavam arrumadas de maneira que, se os visitantes passassem por cima de ladrilhos escondidos, o mecanismo hidráulico atuante fazia as figuras se aproximarem ou se afastarem. Descartes tomou essa resposta mecânica como modelo para explicar como um estímulo ambiental externo poderia causar um movimento corporal. Uma ilustração (ver la. Parte, p.21) num dos seus trabalhos, mostra o retraimentc de um membro de um homem próximo de uma chama. De acordo com Descartes, “a má­ quina do nosso corpo é assim formada” de tal modo que o calor de uma chama excita um nervo que conduz essa excitação ao cérebro. Do cérebro, os espíritos animais são transmitidos ou refletidos de volta ao membro, através do nervo, aumentando o músculo e causando assim a contração e retraimento (Fearing 1930). O desejo de Descartes de encarar o comportamento humano como determinado por íorças naturais foi somente parcial. Hle limitou sua hipótese mecânica para certos com­ portamentos “involuntários” e supôs que o resto era governado pela alma, localizada no cérebro. A alma guiava inclusive os mecanismos dos comportamentos “involuntários”, mais ou menos do mesmo modo que uma máquina poderia dirigir as Figuras Reais. A despeito deste dualismo e a despeito de sua escolha de um princípio hidráulico, as formulações de Descartes representaram um avanço no pensamento inicial sobre o com­ portamento. A teoria do corpo como um tipo específico de máquina poderia ser testada por observação e experimentação. Hsta foi a propriedade seriamente omitida nas - 24
  • 25. explicações medievais. Ao'restabelecer a idéia de que, pelo menos, algumas das causas do comportamento humano e animal poderiaim ser encontradas no ambiente observável, Descartes estabeleceu as bases filosóficas que eventualmente iriam justificar uma abordagem experimental do comportamento. 1 .2 - A AÇÃO REFLEXA O ponto de vista de Descartes simboliza o novo interesse num mecanismo que conduziu à experimentação sobre a ação “reflexa” do animal. Em 1750, um psicólogo escocês, Robert Whytt, redescobriu e expandiu experimentalmente o princípio do estímulo, de Descartes. Pela observação da contração sistemática da pupila à luz, salivação a irritantes e vários outros reflexos, Whytt foi capaz de estabelecer uma relação necessária entre dois eventos separados: um estímulo externo (por exemplo, a luz), e uma resposta corporal (por exemplo, a contração da pupila). Além disso, a demonstração de Whytt que um número de comportamentos reflexos poderia ser eliciado numa rã decapi­ tada, enfraqueceu a atratividade de uma explicação em termos de alma. Contudo, não foi possível, ainda no século dezoito, olhar o estímulo isoladamente como uma causa sufi­ ciente do comportamento. A alma, pensou Whytt, provavelmente se difunde através da medula e do cérebro, retendo, consequentemente, o controle mestre dos reflexos. Nos 150 anos seguintes, mais e mais relações reflexas foram descobertas e elaboradas e o conceito de estímulo adquiriu mais força. Ao mesmo tempo, a ação do nervo passou a ser compreendida como um sistema elétrico ao invés de hidráulico. No inicio do século XIX, a tendência espiritual tomou-se supérflua para explicar a ação “involuntária” e Sir Charles Sherrington, célebre fisiologista inglês, pôde resumir as causas do comportamento reflexo em leis quantitativas de estímulo-resposta. Essas leis relacionavam a velocidade, magnitude e probabilidade da resposta reflexa à intensidade, freqüência e outras propriedades mensuráveis do estímulo. A ciência havia anexado inteiramente o reflexo. Mesmo assim, uma grande proporção do comportamento humano e dos animais superiores permaneceu ligada a forças sobrenaturais. 1.3 - REFLEXOS CONDICIONADOS OU ADQUIRIDOS Pouco antes do início do século XX, Ivan Pavlov, fisiologista russo, estava pesquisando as secreções digestivas de cães. No curso desses experimentos, notou que enquanto a introdução de alimento ou ácido, na bôca, resultava num fluxo de saliva, a mera aparição do experimentador trazendo alimento poderia também eliciar um fluxo similar. Pavlov não foi, de modo algum, o primeiro homem a fazer observações deste tipo. Mas parece ter sido o primeiro a suspeitar de que seu estudo detalhado poderia fornecer um indício para a compreensão do comportamento ajustado e adaptado dos organismos. Foi esta visão que o ievou ao estudo sistemático desses reflexos, os quais chamou de reflexos condicionais, porque eles dependiam ou eram condicionais a um evento prévio na vida do organismo. A aparição do experimentador não eliciava origi­ nalmente a saliva. Somente depois que sua aparição era frequentemente associada com alimento ou ácido, ela apresentava esse efeito. A contribuição particular de Pavlov foi mostrar experimentalmente como os reflexos condicionais eram adquiridos, como poderiam ser removidos (extintos) e que faixa de energias do ambiente era efetiva em sua produção. Pavlov, em tempo, apontou uma lei geral de condicionamento: depois de uma - 2 5 -
  • 26. associação temporal repetida de dois estímulos, aquele que ocorre primeiro, eventual­ mente, passa a eliciar a resposta que, normalmente, é eliciada pelo segundo estímulo.' Esta lei continua conosco até hoje, ligeiramente modificada. Três aspectos gerais do trabalho de Pavlov merecem nossa atenção. Primeiro, ele não estava satisfeito em observar simplesmente os aspectos gerais do condicionamento, como muitos outros fizeram antes dele (c. f. Hall e Hodge, 1890). E^mvez disso, ele prosseguiu para verificar a generalidade do fenômeno usando muitos estímulos e muitos cães. Foi somente depois de numerosas demonstrações que ele codificou numa lei o que havia descoberto -- lei esta aplicável, pensou ele, a todos os estímulos e a todos os organismos superiores. Segundo, Pavlov, preocupou-se com os aspectos mensuráveis ou quantitativos do fenômeno. Essas quantidades mensuráveis, tais como a quantidade de saliva e o número de emparelhamentos do retlexo, foram úteis por permitirem uma análise deta­ lhada do condicionamento. Um terceiro aspecto do trabalho de Pavlov foi sua natureza sistemática. Limitando seus estudos aos efeitos de numerosas condições sobre uma única grandeza (quantidade de saliva), Pavlov assegurou que suas descobertas experimentais pudessem ser interrelacionadas e, consequentemente, mais significativas. Pavlov viu claramente como se deve proceder na explicação do comportamento. “o naturalista deve considerar somente uma coisa: qual é a relação desta ou daquela reação extema do animal com os fenômenos do mundo externo? Esta resposta pode ser extremamente complicada em comparação com a reação de qualquer objeto inanimado, mas o princípio envolvido permanece o mesmo. Estritamente falando, a ciência natural tem por obrigação determinar somente a conexão precisa que existe entre um dado fenômeno natural e a resposta do organis mo vivo a este fenômeno (Pavlov, 1928, p. 82)”. Contudo, apesar de seu próprio interesse declarado na relação meio e resposta, Pavlov gradativamente passou a encarar o condicionamento como um estudo da função do cérebro. Suas explicações tendiam a ser em termos de processos cerebrais hipotéticos. Mas, na verdade, Pavlov raramente mediu qualquer relação real entre cérebro e compor tamento. Assim, estas explicações eram tão fictícias como as primeiras explicações em termos da alma. Tentando explicar o comportamento através de funções desconhecidas do cérebro, ele evitava uma descrição direta do próprio comportamento violando, deste modo, uma das suas próprias afirmações de que uma ciência do comportamento necessita determinar somente a "conexão precisa que existe entre um dado fenômeno natural e a resposta do organismo vivo a este fenômeno”. L4 - A TEORIA DA EVOLUÇÃO E O COMPORTAMENTO ADAPT ATIVO De certo modo, o trabalho de Pavlov representa o auge da doutrina mecanicista de Descartes sobre o comportamento reflexo. Com respeito ao comportamento que tradicionalmente era colocado sob o controle do desejo ou volição, Descartes seguiu os preconceitos de seu tempo, atribuindo-o ao controle de uma alma não observável. Tal “solução”, todavia, apenas adiou a investigação científica, uma vez que o problema original de explicar o comportamento foi simplesmente transferido para um outro mais difícil, o de explicar o comportamento da alma postulada. Em 1859, ocorreu um grande evento científico que alterou o clima intelectual tornando-o favorável para um estudo - 2 6 -
  • 27. naturalistic*) do comportamento voluntário. Naquele ano, Charles Darwin propôs a teoria da evolução, dizendo que o homem era membro do reino animal e que diferenças entre o homem e outros animais eram quantitativas e somente uma questão de graus. Assim um conhecido historiador da Psicologia colocou a questão; “A teoria da evolução levantou o problema da Psicologia animal porque ela exige uma continuidade entre diferentes formas animais e entre o homem e os animais. De uma maneira vaga, a noção Cartesiana [de Descartes] ainda prevalecia. O homem possuia uma alma e os animais eram considerados sem alma, e havia, além disso, pouca distinção entre uma alma e uma mente. A oposição à teoria da evolução era baseada principalmente na suposição que fazia de haver continuidade entre homens e feras e a réplica óbvia para a crítica foi demonstrar a continuidade. A existência de mente nos animais e a continuidade entre a mente humana e animal, deste modo, tornou-se crucial para a sobrevivência da nova teoria (Boring, 1929, p. 462-463)”. A teoria de Darwin era baseada em muitas observações cuidadosas que ele havia feito de fósseis e da estrutura da flora e fauna vivas, em áreas isoladas da Terra. Além disso, ele pesquisou o comportamento através do qual os animais se adaptavam aos seus meios. As observações comportamentais de Darwin foram tão amplas e detalhadas que marcam a primeira tentativa sistemática de uma Psicologia Animal Comparativa (ver Darwin, 1873). O interesse de Darwin no comportamento foi, como observou o professor Boring, baseado naquilo que tal comportamento revelaria sobre a mente. Assim, a demonstração da complexidade e variedade nos comportamentos adaptativos de animais em relação a seus ambientes mutáveis, pareceria provar que eles, como o homem, deviam também pensar, ter idéias, e sentir desejos. Consequentemente, Darwin foi criticado por seu antropomorfismo, isto é, por tentar explicar o comportamento animal em termos de conceitos mentalistas. Mas pouco se pensou neste tempo em levantar a questão meto­ dológica mais radicai; se os conceitos mentalistas tradicionais (pensamento, idéia, desejos) têm valor explicativo mesmo para o comportamento humano. George John Romanes, amigo de Darwin, escritor inglês e popularizador da ciência escreveu um livro sobre a inteligência animal (Romanes, 1886) no qual comparou o comportamento de várias espécies de animais. Romanes colheu material da observação cuidadosa de animais, mas, também levou em consideração evidências de cunho popular sobre animais de estimação e de circo. Por esta razão, seu método veio a ser chamado anedótico. Os métodos, antropomòrfico e anedótico de Darwin e Romanes, respectivamente, marcaram uma renovação no interesse pelo comportamento adaptativo do animal e pela relação deste com o comportamento humano. Consequentemente, eles representam importantes precursores históricos de uma verdadeira análise experimental do comportamento. 1.5- O S PRIMEIROS EXPERIMENTOS SOBRE O COMPORTAMENTO “VOLUNTÁRIO” Em 1898, Edward L. Thorndike, da Universidade de Columbia, publicou os resultados de alguns estudos de laboratório com gatos, cães e pintos. Seus métodos eram radicalmente opostos àqueles da observação casual que o haviam precedido. A aparelhagem utilizada por Thorndike é mostrada na Fig. 1-1.0 comportamento estudado foi a fuga de um ambiente fechado e atos, tais como, puxar um cordão, mover um trinco, - 27 -
  • 28. pressionar uma barra ou abrir uma porta erguendo uma tramela, foram escolhidos por sua conveniência e exatidão de observação. Uma vez que qualquer um destes comportamentos podia ser organizado de modo a servir como instrumento que produziria a fuga da caixa, Thorndike os chamou de comportamentos instrumentais. I igura 1-1. A caixa quebra-cabeças utilizada por Thorndike para estudar a aprendizagem instrumental de animais (Garret, 1951). Quatro elementos do trabalho de Thorndike sobre o comportamento instrumental demonstram uma qualidade moderna não vista nas pesquisas comportamentais antes de sua época. (1) Ele reconheceu a importância de se fazer observações de animais cujas histórias passadas fossem conhecidas e mais ou menos uniformes. Logo, criou seus animais no laboratório onde poderiam obter condições ambientais semelhantes antes do experimento. (2) Thorndike compreendeu a necessidade de se fazer observações repetidas de um mesmo animal e de se fazer observações em mais de um animal e em mais de uma espécie. Somente deste modo poderia estar certo de que os resultados que ele obtinha eram aplicáveis aos animais em geral. (3) Thorndike viu que, a menos que considerasse mais do que um ato particular do comportamento, suas conclusões, seriam válidas apenas para o único aspecto do comportamento que ele escolhesse. Logo, empregou diversos comportamentos em vários aparelhos diferentes. (4) Ainda outra qualidade do trabalho de Thorndike, caracteristicamente científica, foi sua tentativa de fazer uma apresentação quantitativa dos resultados. De seus trabalhos com animais nas caixas quebra-cabeça, Thorndike apresentou um conjunto de princípios ou leis gerais do comportamento que acreditava serem válidas para muitas espécies e muitos tipos de comportamento. Um desses, princípios, embora - 2 8 -
  • 29. modificado chegou até nossos dias. Thorndike notou que, quando os animais eram inicialmente colocados na caixa quebra-cabeça, eles apresentavam muitas respostas difusas de debater-se. Eventualmente, um desses comportamentos difusos poderia, por acaso, fazer funcionar o mecanismo de fuga. A porta, então, abrir-se-ia, permitindo ao animal sair da caixa e obter uma pequena quantidade de alimento. Thorndike observou que o comportamento, que inicialmente permitia ao animal sair, era apenas um dos muitos que ele executava na situação. Assim, à medida que o animal era repetidamente submetido à situação, ele passava a apresentar menos comportamentos supérfluos, até que eventualmente não apresentasse, praticamente, nenhum daqueles mal sucedidos. Thorndike concluiu disto que os resultados bem sucedidos do passado, ou efeitos do comportamento, deveriam ter uma influência importante na determinação das tendências comportamentais presentes do animal. Thorndike chamou isto —a capacidade dos efeitos passados do comportamento modificarem os padrões do comportamento animal —a lei do efeito. Esta lei sobrevive ainda hoje como um princípio fundamental na análise fundamental e controle do comportamento adaptativo. 1.6- O ZEITGEIST Thorndike forneceu um novo método experimental e com sua ajuda formulou o que logo seria aceito como uma lei básica do comportamento adaptativo. Do mesmo modo que Whytt, 150 anos antes, deixou o conceito de reflexos parcialmente no estado de fato observado e parcialmente no estado de interpretação supérflua, assimtambémThórndike deixou a lei do efeito. Na sua proposição do princípio, Thorndike não estava satisfeito em considerar o “efeito” como uma mera fuga do confinamento ou mero acesso ao alimento. Mas em vez disso, sentiu necessidade de inferir que o sucesso levava ao prazer e a satisfação, e que estas eram as causas verdadeiras das mudanças observadas no compor­ tamento. Deste modo, ele deixou a explicação a cargo de estados mentais hipotéticos, prazer e satisfação, os quais não eram mais reais do que a “alma” de Descartes. Para Thorndike, como para seus contemporâneos, o comportamento de um gato escapar de uma caixa quebra-cabeça não era importante como comportamento, mas somente como um meio de esclarecer os processos mentais e associações de idéias do animal. Thorndike foi, então, fiel à sua época e suas tradições considerando o comportamento principalmente interessante pelo que podia revelar sobre algum outro sistema. O que as épocas e as tradições impõem aos mais originais pensadores são frequentemente denominadas de Zeigeist. Os grandes homens de uma era erguer-se-ão acima de Zeitgeist de algumas maneiras mas, mesmo assim, serão por ele acorrentados de outras maneiras. Descartes superou-o quando propôs uma teoria mecanicista original sobre o movimento do corpo. Que ele foi acorrentado pelo Zeitgeist, é evidente, pela sua permanência no dualismo “mente-corpo”. Vimos o Zeitgeist em Whytt, que redescobriu o princípio do estímulo, mas não foi capaz de eliminar a alma como a causa final dos reflexos que observou. Pavlov estudou os reflexos condicionados, um fenômeno cuja importância foi negligenciada durante séculos. Mesmo assim, vimos que Pavlov estava preso pelo Zeitgeist; ele manteve o ponto de vista de que os reflexos condicionados, embora, claramente, um fenômeno comportamental, eram de interesse para a compreensão do cérebro ao invés do comportamento. Agora, vemos o Zeitgeist em Thorndike, que realizou alguns dos primeiros experimentos sobre o comportamento “voluntário”, mas explicou suas descobertas através da associação de idéias. De fato, o - 2 9 -
  • 30. princípio do Zeitgeist penetra de tal forma todas as ciências que podemos tomar como regra geral que todo trabalho humano será colorido pelas teorias e ponlos de vistas aceitos em sua época. Assim, embora a grandeza de um homem consista em libertar-se de certas maneiras de pensar estabelecidas e ver o que ninguém antes dele viu claramente, ou, do mesmo modo, ele não escapará completamente do clima social, filosófico e 1 cultural no qual trabalha. 1.7 - A PSICOLOGIA PERDE A SUA MENTE Thorndike introduziu o comportamento adaptativo no laboratório e, assim fazendo, descobriu aimportância da lei do efeito. Os estudos de Thorndike sobre o compor­ tamento surgiram do seu interesse, como Psicólogo, nos processos mentais. Será instru­ tivo, neste ponto, examinar a disciplina da Psicologia que, na primeira metade do século vinte, fundir-se-ia com outras contribuições históricas da ciência do comportamento. A pesquisa psicológica experimental iniciou-se em meados do século dezenove como uma disciplina derivada da fisiologia dos órgãos dos sentidos. De fato, os pioneiros Herman Helmholtz, Johannes Müller e Wilhelm Wundt eram todos físicos e fisiologistas. Estes primeiros psicólogos experimentais adotaram as categorias de comportamento descritas por Aristóteles mas, de um modo diferente deste, eles estavam interessados no comportamento, apenas, na medida em que esclarecia os processos mentais. Logo, o trabalho dos primeiros psicologistas representava uma tentativa para tornar os métodos experimentais naturalísticos, introduzidos por Galileu, compatíveis com as doutrinas metafísicas da Idade Média. Foi Wundt que, em 1879, fundou o primeiro laboratório de Psicologia em Leipzig. Podemos considerar o seu sistema como representativo das atividades desta nova disciplina, a qual tinha menos de vinte anos quando Thorndike estava fazendo seus experimentos com gatos e pintos na Colúmbia. Wundt advogou que a psicologia era a ciência da experiência; e, como tal%seu objeto de estudo abrangia sentimentos, pensamentos e sensação. Ele formulou a doutrina de que o método da Psicologia era introspectivo, um exame dos processos conscientes do organismo em experiencia. Logo, Wundt esquematizou o problema da Psicologia como “(1) a análise dos elementos dos processos conscientes, (2) a determinação de como esses elementos sãoconectados e (3) a determinação das leis de conexão” (Boring, 1929, p. 328, ital. omitidos). Os expe­ rimentos que Wundt e seus seguidores realizaram dão uma imagem melhor do conteúdo da psicologia do que as definições fornecidas por Wundt. A maioria dos trabalhos foi classificada sob o título de sensação humana e dizia respeito ao sentido visual em particular. Numerosos experimentos mediam as intensidades mínimas de luz que um ob­ servador poderia detectar sob várias condições. Outros estavam voltados para as menores mudanças ambientais necessárias para um observador relatar diferenças apenas percebidas çm luminosidade, cor e distância dos objetos. Tais pesquisas vieram a ser chamadas de experimentos de limiares em Psicofísica. Psico—porque as sensações eram consideradas estar sob estudo; física - porque mudanças físicas no ambiente eram manipuladas e medidas experimentalmente. Audição, tato, gosto, olfato e o sentido do tempo também foram pesquisados, assim como o tempo de reação, atenção e sentimento. A memorização de vários tipos de sílabas sem sentido era um método para tratar a associação de idéias e deduzir as propriedades da memória. Embora se afirmasse ser a psicologia uma ciência dos conteúdos, processos e atos mentais, o que de fato ela investigava era o comportamento. Associações de idéias eram - 3 0 -
  • 31. inferidas a partir da aprendizagem de sílabas sem sentido; sensações idênticas eram inferi­ das de observações do comportamento quando um sujeito humano agrupava dois objetos ambientais diferentes em contextos diferentes (por exemplo, duas amostras de papel cinza sob diferentes condições de iluminação); a velocidade do processo mental era inferida do tempo de reação do indivíduo. Assim, não foi paradoxo algum o fato de que quando Thorndike veio a fazer uma observação mais detalhada da associação de idéias, estivesse livre para escolher animais como sujeitos. Se o comportamento dos organismos humanos poderia levar à inferência sobre o processo mental, por que não o comportamento animal? Logo, aconteceu que o trabalho de Thorndike ajudou a intro­ duzir os métodos de pesquisa animal na Psicologia. Aí eles pejmanecem ao lado dos descendentes metodológicos da psicologia sensorial clássica e da Psicologia introspectiva do século dezenove. Mas, talvez o homem que mais contribuiu para esclarecer a relação entre o comportamento e Psicologia foi John B. Watson. O primeiro trabalho deste psicologista americano dizia respeito às modalidades sensoriais que o rato usa na aprendizagem de um labirinto. À medida que Watson continuava seus estudos com animais, tornava-se mais e mais preocupado com o ponto de vista predominante de que o comportamento era significativo somente quando esclarecia processos mentais ou conscientes. Ocorreu a Watson que os dados do comportamento tinham valor em si mesmos e que os problemas tradicionais da Psicologia — imaginação, sensação, sentimento, associação de idéias — poderiam ser todos estudados estritamento por métodos comportamentais. Em 1913, Watson publicou um trabalho, atualmente clássico, definindo a psicologia como ciência do comportamento e chamando esta nova Psicologia de “behaviorismo”. Watson argumentava, neste trabalho, que o estudo do comportamento poderia chegar a um ‘status’ independente dentro da ciência. O objetivo de tal ciência seria a previsão e controle do comportamento de todos os animais, sem nenhuma preferência especial para os seres humanos. O behaviorista, dizia Watson, deve relacionar seus estudos de ratos e gatos com o comportamento humano não mais (não menos) do que o zoologista deve relacionar suas dissecações de sapos e vermes à anatomia humana. Através de sua doutrina, Watson estava destruindo a teoria homocêntrica da importância do homem no mundo do comportamento tão eficazmente como Copérnico, quatrocentos anos antes, havia destruído a teoria do universo geocêntrico (terra no centro). O ponto crítico de Watson era o de que a psicologia deveria ser objetiva —isto é, ela deveria ter um objeto de estudo que, como nas outras ciências, fosse independente do observador. A Psicologia clássica, tentando estabelecer como seu objeto a auto- observação, carecia de um observador independente, localizado fora do sistema em consideração. A adoção do comportamento como objeto a ser observado deu à nova psicologia o observador independente necessário. O programa de Watson tinha um grande alcance e era para sua época, notavelmente sofisticado. Ao enfatizar o comportamento como um objeto independente de uma ciência dirigida para a previsão e controle do comportamento e a análise microscópica do ambiente e comportamento em termos de estímulo e resposta como a maneira para a compreensão eventual de padrões complexos do comportamento, o programa de Watson preparou a base para nossos pontos de vista modernos. - 31 -
  • 32. 1 . 8 - 0 FIRME ESTABELECIMENTO DE UMA ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO Os primeiros experimentos de Thorndike sobre o comportamento animal e a definição de Psicologia dada por Watson, como uma ciência do comportamento, introduziram a pesquisa animal na Psicologia,Mesmo assim, o ‘status’ científico da nova Psicologia era precário. No princípio dos reflexos condicionados formulado por Pavlov, Watson pensou ter encontrado um mecanismo explicativo para muitos dos ajustamentos complexos e sutis de organismos adultos, inclusive o homem, aos seus ambientes. Mas a tentativa de forçar todos os comportamentos no modelo do reflexo foi um fracasso. Watson não soube apreciar a importância daJei do efeito de Thorndike, principalmente, pode-se supor, devido ao excesso de bagagem conceituai com que Thorndike envolvera a questão. O ponto de vista de Watson de que a tarefa de uma ciência preditiva do comportamento fosse a compilação de todas as correlações estímulo-resposta hereditárias e adquiridas que um dado organismo exibisse, desviou a atenção da procura de leis gerais do comportamento. Neste vácuo teórico, conceitos mentalistas tradicionais continuaram a sobreviver. O rigor experimental do behaviorismo estava fora de questão, mas sua meto­ dologia corria o risco de ser estéril. “Vinte anos de “método de ciência natural” sustentados pelo behaviorismo fracas­ saram em fornecer uma formulação sistemática consistente e útil. Os dados experi­ mentais refletiam muitas propriedades arbitrárias dos aparelhos. Conclusões acei­ táveis com qualquer grau de generalidade referiam-se a aspectos, características ou capacidades limitantes. Enquanto muitas dessas eram bastantes válidas, poucas eram logicamente convincentes e preferências pessoais levavam a muitas ‘ciências’ individuais do comportamento” (Skinner, 1944; p. 276). Numa série de publicações iniciadas em 1930, B. F. Skinner propôs uma formulação do comportamento que surgiu de observações feitas num único organismo respondendo numa situação experimental artificial, cuidadosamente controlada e altamente padro­ nizada. O organismo que Skinner usou foi o rato branco, e a aparelhagem consistia numa caixa contendo uma pequena barra que, se pressionada pelo rato, fornecia uma pequena pelota de alimento em um recipiente localizado diretamente abaixo da barra Figura 1-2. A caixa de Skinner para o estudo do comportamen­ to operante de pequenos animais (Skinner, 1938). - 3 2 -
  • 33. Sob essas condições experimentais, um rato faminto deixado só na caixa, logo viria a pressionar a barra com uma taxa constante e moderada até que um dado número de pelotas de alimento liberadas começasse a saciar o animal. A situação experimental utilizada por Skinner e sua abordagem aos problemas do comportamento foram únicas em muitos aspectos. Skinner viu a necessidade de encontrar uma variável dependente sensível e exata. Isto é, algum aspecto quantitativo do comportamento que pudesse variar numa ampla faixa e ter uma relação ordenada e regular com as variáveis ambientais passadas e presentes, relação esta que pudesse ser formulada em termos de uma lei. Sua descoberta de que a freqüência de ocorrência da resposta de pressionar a barra durante um intervalo de tempo (sua taxa) satisfazia essas condições, foi o principal avanço em direção a uma análise sofisticada do comportamento individual. A abordagem de Skinner aos problemas do comportamento diferia, de certo modo, daquelas dos seus precursores assim como de seus contemporâneos que trabalhavam com a psicologia animal. Como proposição fundamental, ele sustentou que uma ciência do comportamento poderia ser o que chamou de descritiva ou funcional; isto é, poderia limitar-se a descobertas de relações ou correlações entre variáveis mensuráveis. Skinner também argumentou que as pesquisas deveriam ser sistemáticas, no sentido de que as relações obtidas estivessem ligadas por um ponto comum. Limitando suas observações às formas pelas quais uma única variável dependente (a freqüência por unidade de tempo de um ato arbitrário mas, mesmo assim, representativo) mudavam com as condições ambientais variadas, Skinner manteve seu próprio trabalho altamente sistemático. Um objeto de estudo, frequentemente, espera instrumentos para colocar o observador em melhor contato com ele. Skinner inventou um registrador que realiza um registro visual das respostas sucessivas através de um ligeiro deslocamento vertical de uma pena, movendo-se horizontalmente no tempo. À medida que o experimento progride, um gráfico de respostas acumuladas é desenhado em função do tempo. Esse registrador cumulativo de respostas torna possível um registro de alta qualidade do processo comportamental para inspeção imediata que funciona para os behavioristas de uma maneira não diferente da que o microscópio funciona para o biologista. As contribuições metodológicas reais de Skinner para a ciência moderna do comportamento são numerosas e podemos apresentar, aqui, somente um esboço de algumas das mais importantes. Ele reconheceu a antiga dicotomia entre ações reflexas e voluntárias ou, como chamou mais tarde, operantes. Mas mostrando que o princípio de Pavlov se aplicava ao fortalecimento dos reflexos, enquanto a lei do efeito de Thorndike descrevia o fortalecimento de operantes, ele colocou ambos os tipos em perspectiva harmoniosa. Formulou, tambérq um vocabulário preciso cujos termos foram definidos com referência aos fatores observáveis que ele media e manipulava. Nessa terminologia está a base do nosso quadro conceituai moderno. Desde o inicio, Skinner enfatizou a importância da predição e controle detalhados do comportamento individual, ao invés de diferenças gerais entre grupos de animais. Suas próprias pesquisas foram invariavelmente caracterizadas por um grande número de medidas em poucos organismos, sendo a reprodutibilidade do processo sob estudo o teste de sua validade. O enfoque de Skinner na taxa de uma resposta operante representativa evitou muitos dos problemas associados com as medidas mais indiretas do compor­ tamento. Thorndike observou o número de erros cometidos e o tempo gasto para alcançar o sucesso no seu quebra-cabeça, mas nenhuma dessas era, na realidade, uma propriedade real do comportamento instrumental que estava sendo adquirido. Se dese­ jamos treinar um cão a pular através de um aro, por exemplo, não estamos interessados - 3 3 -
  • 34. nos erros que ele comete, mas no seu comportamento de pular através do aro. Os erros são medidas de comportamentos outros que não aqueles que estamos investigando. Questões interessantes sobre se um dado ato ocorrerá ou não, ou com que freqüência ocorrerá, nunca poderiam ser respondidas em termos de erros ou escores de tempo. O dado básico de Skinner, a taxa de respostas, está relacionado de perto com a probabilidade de ocorrência do comportamento e tem sido especialmente útil em fornecer respostas a questões sobre a probabilidade da resposta. Com o passar dos tempos, Skinner ampliou sua base empírica. Combinações de respostas e organismos outras que não o pressionar a barra por ratos têm sido estudadas. A expectativa original de que este ato seria característico do comportamento operante, de um modo geral, tem sido aparentemente confirmada. Além disso, as relações que Skinner obteve garantem, em muitos casos, o título de princípios comportamentais, já que elas parecem manter-se para um grande número de organismos, incluindo o homem, e para todas as respostas que podem ser classificadas como operantes. O trabalho de B.F. Skinner nos leva a um ponto próximo da nossa conceituação moderna de ciência do comportamento. Estamos ainda muito perto desse período his­ tórico, muito envolvidos em nosso próprio Zeitgeist, para termos a perspectiva necessária para determinar os pontos fracos no sistema de Skinner. Nos capítulos que se seguem, todavia, veremos que a ciência do comportamento, atualmente restabelecida de um modo firme como uma ciência natural, está seexpandindo em muitas áreas de pesquisas. Talvez, a prova mais convincente de que essa ciência se desenvolveu encontra-se no surgimento recente de uma tecnologia do comportamento esboçada diretamente a partir dela. Como veremos, as aplicações de técnicas do comportamento estão sendo ampliadas a pesquisas de drogas, treino de animais, guerras, tratamento do comportamento humano anormal e educação. 1.9 - REVISÃO A história da ciência do comportamento começa com a classificação naturalística do comportamento feita por Aristóteles. Logo foi sucedida por uma Filosofia Teológica e a análise do comportamento permaneceu adormecida por quase dois mil anos. Mas no século XVII, surge novamente com a concepção de Descartes de que o corpo animal é uma máquina, e alguns dos seus movimentos são ordenados e regulares. Robert Whytt e várias gerações de fisiologistas posteriores mostraram que estes movimentos de característica automática se relacionavam, de forma precisa, a eventos particulares nc ambiente do animal. Essa relação entre um evento ambiental e um movimento particular torna- e a primeira unidade organizada de análise para a ciência do comportamento. Ê o reflexo. Eventualmente, Pavlov amplia o conceito de reflexo para incluir relações ambiente-comportamento que são condicionais a operações anteriores na história do animal. Esses reflexos condicionais tornam possível uma análise de alguns dos comportamentos que um organismo adquire durante sua vida. Thorndike é o primeiro a mostrar que o comportamento que possui uma espontaneidade não observada nos reflexos obedece a certas leis qualitativas que diferem das leis do reflexo. Nessa época, John Watson inicia a sua campanha para convencer a Psicologia, o estudo da mente, de que a mente é, em grande parte, comportamento. Com a descoberta de B. F. Skinner de um objeto de estudo fidedigno, a taxa de respostas operante, o comportamento espontaneamente emitido começa a desenvolver leis próprias, sendo cada ocorrência tão - 3 4 -
  • 35. geral e previsível como aquelas do reflexo. Aiiistória da análise do comportamento revela que os homens estão bastante enclinados a adotar interpretações supérfluas sobre o comportamento, ao invés de aceitar a realidade das descrições do próprio comportamento. Quase todo contribuinte da ciência compartilhou de algumas superstições da sua época sobre o comportamento que estava pesquisando. REFERÊNCIAS PARA O CAPITULO 1. Boring, E. G. A history of experimental psychology. New York: The Century Company, 1929. Darwin, C. R. The expression of the emotions in man and animals. London: Murray, 1873. Dennis, W. Readings in the history of psychology. New York: Appleton- Century, 1948. (Chapters 3, 45, 48, and 50.) Fearing, F. Reflex action: a study in the history of physiological psy­ chology. Baltimore: Williams and Wilkins, 1930. Garrett, H. Great experiments in psychology, New York: Appleton- Century-Crofts, 1951. Hall, G. S., and Hodge, C. F. A sketch of the history of reflex action. Amer. J. Psychol., 1890, 3, 71-86; 149-173; 343-363. Kantor, J. R. The scientific evolution of psychology. Vol. 1. Chicago: Principia Press, 1963. Pavlov, I. P. Lectures on conditioned reflexes. New York: International Publishers, 1928. Romanes, G. J. Animal intelligence. (4th ed.) London: Kegan Paul, 1886. Skinner, B. F. A review of C. L. Hull’s Principles of behavior. Amer. J. Psychol., 1944, 57, 276-281. Skinner, B. F. The concept of the reflex in the description of behavior. /. gen. P s y c h o l1931, 5, 427-458. Thorndike, E. L. Animal intelligence. Psychol. Rev. Monogr. Suppl. 1898, No. 8. Toulmin, S., and Goodfield, June. The architecture of matter. New York: Harper and Row, 1962. Watson, J. B. Psychology as the behaviorist views it. Psychol. Rev.f 1913, 20, 158-177. - 3 5 -
  • 36.
  • 37. Capítulo 2 - COMPORTAMENTO REFLEXO (ELICIADO) Seria consistente com a nossa argumentação histórica sobre a ciência do compor* tamento afirmar que a Psicologia é a ciência que se preocupa com o modo pelo qual o comportamento de um organismo está relacionado com o seu ambiente. Talvez a mais simples dessas relações comportamento-ambiente seja o reflexo. Para o fisiologista, o reflexo é um fenômeno a ser explicado. Isto é, o fisiologista está interessado nas estruturas anatômicas subjacentes ao reflexo e os eventos corporais que ocorrem entre o estímulo eliciador e a resposta. Seu interesse baseia-se na compo­ sição ou análise do reflexo. Para o Psicólogo, por outro lado, o reflexo é um fenômeno a ser empregado para explicar outros comportamentos. Isto é, o Psicólogo está interessado em mostrar que padrões complexos de comportamento são compostos de, ou podem ser sintetizados a partir dos reflexos. A distinção análise-síntese mostra de uma vez o ponto comum e o ponto de partida das duas ciências. A partir do reflexo, as duas disciplinas movem-se em direções diferentes. Como Psicólogos, desejamos usar o reflexo como um princípio explanatório ou como uma unidade de análise do comportamento mais com­ plexo. Portanto, devemos entender algumas das propriedades quantitativas e conceituais dos reflexos. 2.1 - A FÓRMULA S - R Como vimos ao considerar o comportamento reflexo no capítulo 1, Descartes e Whytt representaram o ambiente com o conceito de estímulo. E representaram o com portamento em termos dos movimentos do organismo ou resposta a este estímulo. Esses conceitos continuam a ser úteis para a descrição de relações ordenadas entre ambiente e comportamento. Neste capítulo, designaremos o estímulo na relação reflexa pelo símbolo S e a resposta pelo símbolo R. A regularidade existente na relação entre eventos ambientais e ações reflexas podem ser resumidas pela fórmula. R2 = /( S2) ^ssa fórmula diz que uma certa resposta reflexa, R2 (chamada um respondente). é uma função de (isto é, depende de) um evento estímulo S2 (chamado um eliciador)1. Essa 1. Os índices num éricos serão esclarecidos no C apítulo 3. - 3 7 -
  • 38. fórmula expressa uma relação ou correlação importante, entre dois eventos. No de­ correr deste capítulo, examinaremos esta correlação em detalhe. Um dos experimentos de Sherrington serve de ilustração. Ele conectou um músculo da perna de um gato a um aparelho para medir a contração deste músculo. Anteriormente, sob anestesia, o cérebro do gato havia sido desconectado da medula. (No estudo dos reflexos, as influências que não estão sob o controle direto do expe- rimentador são frequentemente removidas cirurgicamente. Neste caso, separar o cérebro da medula espinhal remove qualquer efeito possível que o cérebro possa ter sobre o músculo em estudo.) Choques elétricos breves de várias intensidades foram, então, apli­ cados a um nervo sensorial que se sabia estar envolvido em um arco reflexo neste músculo. A Fig. 2. 1 ilustra os resultados hipotéticos do tipo que Sherrington poderia ter obtido, à medida que aumentasse gradualmente a intensidade do choque em sete tenta­ tivas sucessivas. Algumas das propriedades de um reflexo típico estão representadas: por exemplo, se observarmos, na Fig. 2.1, que a linha relativa ao tempo se desloca da esquerda para a direita, observaremos primeiramente que o choque mais fraco (o choque mais fraco e localizado na extrema esquerda) não elicia um respondente. Valores de choque não suficientes para eliciar uma resposta . Mas para estarmos certos, apresentamos o mesmo valor do choque novamente na tentativa 3. Desta vez, obtemos uma resposta. Este valor do choque se encontra no que chamaremos a região de penumbra ou limiar: é o bastante forte para, algumas vezes, eliciar um respondente e outras vezes não. Continuando nossas apresentações de choque de maior intensidade observamos um número de efeitos inte­ ressantes: (1) cada apresentação de choque é seguida por (elicia) um respondente, (2) choques eliciadores mais fortes são seguidos por respondentes mais fortes, (3) os res- pondentes ocorrem mais rapidamente após eliciadores mais fortes; isto é, o tempo entre o eliciador e o respondente, chamado latência, é menor quando o eliciador é mais forte. latência longa latência curta Respondente Choques elétricos no músculo A r*— —►i .k A A M— h região de penumbra ■ J L JL Tem po ►- ----- 1-----1-----1-----1---- J-----1-----1-----1-----1-----1----- 1——J-----L——i---------- 1-------------l Figura 2 1 Seqüência temporal esquemática de apresentações repetidas de um eliciador e a ocorrência de respondentes associados. A altura dos respondentes indica sua magnitude. A altura dos eliciadores indica sua intensidade. A distância entre o apàreci- mento do eliciador e o aparecimento do respondente representa a latência. A linha do tempo é feita por um marcador periódico que marca intervalos de tempo iguais e arbitrários. - 3 8 -
  • 39. A descoberta de relações e propriedades como essas ilustradas na Fig. 2. 1 é um dos objetivos permanentes da ciência. Quando relações quç se mantém entre os valores de um evento (tais como intensidades de choque) e valores de outro evento (tais como a mag­ nitude ou rapidez de movimento do músculo) podem ser isoladas ou reproduzidas dia após dia, experimento após experimento, frequentemente falamos da regularidade da natureza. De um modo figurado, estamos dizendo que a natureza parece ser limitada por certas leis cuja descoberta é o principal objetivo da pesquisa científica. Devemos qualificar cuidadosamente essa última proposição *todavia, porque parece certo que as relações ou leis da natureza não são como conchas numa praia, esperando por nós para ajuntá-las numa cesta científica. Antes de podermos estabelecer leis relacionando nossos conceitos, é preciso termos formulado, pelo menos numa primeira aproximação, os nossos conceitos. A descoberta das leis do reflexo foram precedidas por quase trezentos anos de uma evolução gradual do conceito de estímulo, iniciando-se com Descartes. Então, a ciênciaé uma operação similar ao funcionamento de uma armadilha. Em estágios pré-científicos, nossa intuição e experiência ingênua levam-nos a suspeitar que uma certa ordem existe na natureza a especulamos qual a natureza desta ordem. (Por exemplo, consideremos a suposição de Descartes de que o comportamento involuntário era como uma máquina.) Então, começamos a perturbar um pouco a natureza, isto é, a fazer experimentos e, assim, mudar o curso natural dos eventos de modo que possamos obter uma idéia melhor do que pode acontecer com um fenômeno particular. Mas mesmo para fazer um primeiro experimento exploratório, necessitamos, geralmente, definir nosso fenômeno de um modo mais preciso, bem como decidir sobre o que alterar e onde procurar pelos efeitos de nossa alteração experimental. Os resultados do nosso primeiro experimento permitir-nos-ão definir nossos termos ainda mais preci­ samente. Deste modo, modificamos continuamente os nossos conceitos. Ao mesmo tempo, enriquecemo-los, relacionando-os a outras coisas que são conhecidas. Além disso, tendo refinado nossos conceitos na base de experimentos, somos levados a novos experi­ mentos. Diz-se, às vezes, que um bom experimento responde uma velha questão e levanta duas novas. Não há um ponto final para esse processo (o qual é a ciência) uma vez que estamos continuamente refinando e redefinindo os nossos conceitos e continuamente relacionando uns aos outros. 2.2 - LEIS DO REFLEXO PRIMÁRIO A ordem ou regularidade ilustrada pela Fig. 2-1 está ao nível de uma das unidades mais simples do comportamento, o reflexo. Devido ao fato de que esta regularidade envolve o comportamento dos organismos como a propriedade que é sujeita a, ou sensível a mudanças no estímulo eliciador, chamamos essas leis de leis do comportamento. Os cientistas tentam formular suas leis de um modo tão geral quanto possível. Não estariam satisfeitos em ter uma lei para o efeito de choques elétricos' sobre o músculo da perna, outra para os efeitos de ácidos na boca sobre a salivação e ainda outra para o reflexo pupilar. Eles preferem expressar suas leis em termos de certas propriedades comuns a todas essas relações, de modo que possam abranger uma faixa de fenômenos tão ampla quanto possível. Assim, quando Sherrington estudou os reflexos, ele fez um estudo de muitos reflexos envolvendo eliciadores e respondentes diferentes. A partir de experimentos deste tipo, ele formulou três leis que podemos chamar as três leis - 3 9 -
  • 40. primárias do reflexo. Essas leis não são deformuladas em termos de qualquer eliciador particular como o choque elétrico, ou de qualquer respondente particular como um determinado movimento muscular. Elas são, ao invés disso, formuladas genericamente em termos de estímulos eliciadores (qualquer eliciador) e respostas (qualquer res­ pondente). Formulando-as assim, obtemos uma generalidade adequada, mas com sacri­ fícios de detalhes particulares. Por exemplo, a relação exata entre a intensidade do estímulo e a magnitude do respondente varia de reflexo para reflexo. Algumas vezes, a relação é quase diretamente proporcional, de modo que numa ampla faixa de intensidade de estímulos, dobrando-se a intensidade do estímulo, a magnitude do respondente será dobrada, e assim por diante. Em outros reflexos, um aumento de dez vezes na inten­ sidade do estímulo seria necessário para produzir o dobro da magnitude do res­ pondente. Nossas leis do reflexo primário são expressas de tal forma que essas diferenças ficam encobertas. Os eliciadores sempre podem ser especificados por uma dimensão de intensidade. Então, eliciadores do tipo do choque podem ser fracos, moderados, ou de maior intensidade. Eliciadores do tipo da luz para respostas pupilares podem variar de intensidades tão fracas, que mal podemos ver, a intensidades tão altas que aluz torna-se dolorosa. Como notamos, energias abaixo de um certo nível na dimensão da intensidade são insuficientes para eliciar qualquer resposta. À medida que a intensidade é gradativamente aumentada, encontramos uma região em torno da qual valores da intensidade podem ou não eliciar um movimento. Essa região de indeterminação onde a intensidade pode ou não ser o bastante forte para eliciar um respondente é a região de penumbra do limiar. Podemos formular essa informação mais especificamente numa lei: 1. Lei do limiar. Existe uma faixa de intensidade abaixo da qual nenhuma resposta ocorrerá e acima da qual uma resposta sempre ocorrerá. Dentro dessa faixa as respos­ tas ocorrerão com alguma incerteza. Um ponto arbitrário, nessa região de incerteza (digamos, aquela intensidade que elicia a resposta 50 por cento das vezes) é chamado de limiar, intensidade acima desse ponto são chamados estímulos eliciadores. À medida que a intensidade do estímulo é aumentada a resposta ocorre sempre e é graduada em relação ao estímulo. Então, eliciadores fortes eliciam rapidamente res- pondentes fortes e de longa duração. Eliciadores fracos são seguidos mais lentamente por respostas fracas e de curta duração. A maior parte dessa informação pode ser represen­ tada por duas leis do reflexo: 2. Lei da Intensidade-Magnitude. A medida que a intensidade de um estímulo eli­ ciador é aumentada, a magnitude do respondente eliciado também aumenta. 3. Lei da latência. À medida que a intensidade do estímulo eliciador é aumentada, o tempo (latência) entre o aparecimento do estímulo eliciador e o aparecimento do respondente diminui. As leis do reflexo são importantes para definir o conceito de reflexo. Pode-se dizer que um reflexo é uma correlação entre uma mudança em parte do ambiente e uma propriedade comportamental, tal que as três leis muito especiais que descrevemos acima sejam válidas. Esquematicainente, um reflexo pode ser representado assim S2 —^ R-2 - 40 -
  • 41. onde S2 representa um eliciador, —> representa “causa pelas leis do reflexo” e R2 representa a mudança comportamental produzida. Nessa fórmula vazia nada é dito sobre como R2 depende de S2 . Tal fórmula pode ser considerada extremamente geral (ela descreve toda ação reflexa) e muito pouco precisa (ela nâo especifica os detalhes de qualquer ação reflexa particular). A seta — > pode ser lida elicia, onde elicia é defini­ do como 'conduz à, pelas leis do reflexo”. O termo elicia é de alguma importância na ciência do comportamento porque denota um grupo muito específico de leis causais entre ambiente e comportamento, isto é, as leis do reflexo. Então, S2 pode ser dito um estímulo eliciador, uma mudança no ambiente que está correlacionada com o compor­ tamento através das leis do reflexo. Similarmente, R2 *o respondente, é definido como uma resposta eliciada. E útil reservar a palavra eliciar para a definição precisa formulada acima. Nos capítulos subseqüentes empregaremos o termo estímulo repetidamente em conjunção com um tipo diferente de controle sobre o comportamento. Mas distingui- remos tal controle pela omissão cuidadosa do qualificador "eliciar" naquele contexto. 2.3 - LEIS SECUNDÁRIAS DO REFLEXO Certas leis, chamadas leis secundárias do reflexo, codificam uma informação adicio­ nal. Uma delas é a lei da fadiga do reflexo. Quando um respondente é repetidamente eliciado muitas vezes por segundo, por uma intensidade de estímulo constante, a mag­ nitude do respondente declina gradualmente, e eventualmente a resposta pode cessar de todo. Esse fenômeno é chamado façiiga do reflexo e é visto esquematicamente na Fig. 2- 2. Pf Ílílririnnnnnri-------------------------------- s 2n n n n n n n n n n n n n n n n nnnr i n. n- - - - F igu ra2-2. Fadiga do Renexo. Tempo__1------1------1------1------1------1------1------1------1------ Um erro comum é cometido ao se dizer que o declínio do respondente a zero é devido à fadiga. Isto é um exemplo de uma explicação inteiramente vazia e deveria ser evitado. Um fenômeno, (y), é parcialmente explicado quando pode ser relacionado a outro fenômeno, (x), que ocorre anteriormente no tempo. A chuva, (y), é parcialmente explicada quando pode ser relacionada à condensação de vapor de água que ocorre quando uma nuvem quente é rapidamente esfriada, (x). A febre tifóide, (y), é par­ cialmente explicada quando pode ser relacionada às atividades, (x), de um pequeno microorganismo, a Salmonella typhosa. Mas para explicar que o declínio do respondente, (y) da Fig. 2-2, é devido à fadiga, a que (x) o estamos relacionando? A fadiga, usada neste sentido, é uma entidade não observável - sem qualquer propriedade independente a ser relacionada ao fenômeno observável. Esse declínio do respondente é a fadiga, e não devido à fadiga. Outra lei secundária do reflexo é a lei da Somação Temporal de Subliminares. Lembremo-nos de que na Lei do Limiar, apresentações muito fracas de energias apropria­ - 4 1 -
  • 42. das não eliciam respondentes. Diz-se que esses valores baixos de energia estão abaixo do limiar, e são chamados subliminares. Todavia, se apresentarmos dois ou mais desses subliminares em sucessão rápida podemos, sob certas condições, produzir um res- pondente. Esse fenômeno é visto esquematicamente na Fig. 2-3. É como se as duas intensidades subliminares se somassem para formar um único eliciador. A somação tem­ poral, vista na Fig. 2-3, define exatamente o que queremos dizer por esses conceitos que chamamos de reflexos, estímulos eliciadores e respostas eliciadas. Figura 2-3. Somação Temporal. -----* ------------ m --------------------- ------------------- Tempo ------1------1____i____i------1------1____i-----j------1------ Podemos notar em relação a isto que a palavra eliciar é frequentemente tomada sem crítica, como sendo idêntica a “causar”. (Por exemplo um estímulo luminoso pode ser dito “causa”, de um comportamento pupilar.) O termo “causa” é uma palavra antiga usada, às vezes, na história da filosifia e da ciência para denotar uma relação necessária e suficiente entre eventos. A palavra parece ter sido empregada para descrever um evento X, sempre que X se relaciona a um evento Y, de tal forma que se há o evento X entáo o evento Y ocorrerá; e se não Yf então não X. Tente essa fórmula. Faça de Y um respondente, digamos uma contração muscular, “causada” por um estímulo-choque que chamamos X. Logicamente, é certo que: se o choque, então a contração. É também certo que, se não observarmos a contração (não Y), então não terá havido um dado estímulo, o choque (não X). É, então, evidente que, logicamente, um estímulo eliciador pode ser dito “causar” uma resposta na ação reflexa, mas é também claro que essa proposição oferece pouca informação sobre a natureza exata da relação causai. Em geral necessitaremos de uma descrição mais detalhada da relação entre o comportamento e suas causas do que é possível por uma mera proposição da sua sucessão lógica na fórmula X e Y. Logo, o termo eliciar é preferível ao termo “causar” no presente contexto —não porque seja algo mais objetivo ou lógico que a palavra “causar” —mas porque “eliciar” contém uma grande proporção de todas as leis primárias e secundárias do reflexo. Evidentemente, quando chutamos uma bola “causamos” sua “resposta” de viajar no ar. Mas as leis que governam essa “resposta” são as leis do movimento, de Galileu enão as leis do reflexo, de Sherrington. 2.4 - FORÇA DO REFLEXO: UM CONSTRUCTO HIPOTÉTICO Consideremos uir. dado reflexo, digamos, flexionar o joelho a uma pancada no mesmo. Em qualquer momento, esse reflexo terá um certo limiar, indicado pela menor intensidade da pancada necessária para eliciar algum movimento da perna. Além disso, em qualquer momento, uma pancada com uma intensidade fixa eliciará um movimento de uma determinada magnitude, com uma dada laténcia entre S2 e R2 . E ainda, no mesmo momento podemos conceber que um dado número de pancadas será necessário - 4 2 -
  • 43. para fatigar o reflexo. Uma característica importante dos reflexos é encontrada na od- servação de que, nos momentos em que o limiar é baixp (uma pancada muito fraca é efetiva) a magnitude de R.2 para um dado valor de S2 (padrão) será alta, a latência será curta e o número de S2 sucessivos necessários para fatigar o reflexo será grande. Ao contrário, naqueles momentos em que o limiar é alto (uma pancada forte é necessária para qualquer movimento), a magnitude de R2 para um valor padrão de S2 será baixa, a latência será longa e apenas poucos S2 sucessivos serão necessários para fatigar o reflexo. Essa associação sistemática ou co-variância das propriedades do reflexo (limiar, mag­ nitude, latência, etc.) levaaurna interessante construção lógica. Somos levados a identificar essa co-variância e inferir que existe uma entidade hipotética que intervém entre o estírtiulo e o respondente. Deduz-se que esta entidade, a ser designada como força do reflexo, determina a variação sistemática, ou co-variância de cada propriedade do respondente. No caso do reflexo, o construeto força do reflexo é definido por essa co-variância de tal modo que grandes magnitudes, latências curtas, limiares baixos, R2 fatigadas lentamente, etc; representam reflexos fortes. Ao contrário, pequenas mag­ nitudes, latências longas, limiares altos, R2 rapidamente fatigadas, etc. constituem refle­ xos fracos. Note que o constructo não é definido exclusivamente em termos dos valores respondente. Ele incorpora (no limiar) também o valor do eliciador. Então, uma R2 de graitde magnitude não precisa necessariamente representar um reflexo forte. Ela pode bem ser o resultado de um reflexo fraco sendo testado com um S2 intenso. O construto força do reflexo é representado na Fig. 2.4. Diz-se que o construto da Fig. 2-4 é hipotético, simplesmente porque não é dire­ tamente observado. Ninguém viu a força de um reflexo; o que vemos são meramente as mudanças no comportamento. Mas o fato de mudanças comportamentais estarem corre­ lacionadas umas às outras induz-nos a agrupá-las como reflexões de uma entidade única subjacente. O formar construtos como a íorça do reflexo apresenta certos riscos, particularmente ao se determinar propriedades para o construto hipotético que vão muito além das observações que lhe dão origem. Ainda assim a construção hipotética é um tipo importante e persistente de formação de conceito em todas as ciências e sua justificação encontra-se na sua utilidade. No caso particular da força do reflexo, ela entra como um conceito útil na formação de outras leis num sistema de comportamento. (Lembre-se, primeiro devemos ter nossos conceitos, então, chegar às nossas leis.) Por exemplo, drogas, doenças do sistema nervoso central e eliciação simultânea de outros reflexos todos causam mudanças concorrentes nas grandezas que definem a força do reflexo. Então, é conveniente representar essas leis correlacionadas por um único termo, força do reflexo. Veremos outros exemplos desse tipo de representação e composição de relações em capítulos seguintes. Magnitude Figura 2-4. O construto força do Limiar - 4 3 -