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A estrutura das revoluções científicas

  1. KUHN, T. S. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva. 2013. Carlos Jonathan Santos
  2. CAPÍTULO 4 – A prioridade dos paradigmas  A investigação histórica cuidadosa de uma determinada especialidade num determinado momento revela um conjunto de ilustrações recorrentes e quase padronizadas de diferentes teorias nas suas aplicações conceituais, instrumentais e na observação. Essas são os paradigmas da comunidade, revelados nos seus manuais, conferencias e exercícios de laboratório  O historiador descobrirá uma área de penumbra, ocupada por realizações cujo status ainda está em dúvida, mas habitualmente o núcleo de problemas resolvidos será claro.  Apesar de ambiguidades ocasionais, os paradigmas de uma comunidade cientifica amadurecida podem ser determinados com relativa facilidade.
  3.  A determinação de paradigmas compartilhados não coincide com a determinação das regras comuns ao grupo.  Cabe ao historiador comparar paradigmas da comunidade com relatórios de pesquisa habitais do grupo, visando descobrir elementos isoláveis.  Cientistas podem concordar que um Newton, Lavoisier, um Maxwell ou um Einstein produziram uma solução aparentemente duradoura para um grupo de problemas especialmente importantes e mesmo assim discordar, algumas vezes sem estarem conscientes disso, a respeito das características abstratas específicas que tornam essas soluções permanentes.  Podem concordar na identificação de um paradigma sem entrar num acordo sobre a interpretação completa. Mas a falta de uma interpretação padronizada [...] não impede que um paradigma oriente a pesquisa.
  4.  Quando cientistas não estão de acordo sobre a existência ou não de soluções para os problemas fundamentais [...] a busca de regras adquire uma função que não possui normalmente. Contudo, quando os paradigmas permanecem seguros eles podem funcionar sem a necessidade [...] de qualquer tentativa de racionalização.  Atribui-se então uma prioridade aos paradigmas.  O que foi dito até aqui parece implicar que a ciência normal é um empreendimento único, monolítico e unificado que deve persistir ou desaparecer, seja com algum, seja com um conjunto de paradigmas. Mas a ciência raramente (ou nunca) procede desta maneira.  Mesmo os que trabalham no mesmo campo de estudos podem adquirir paradigmas diferentes no curso de suas especializações profissionais, a partir das suas formações e práticas de pesquisa.
  5. CAPÍTULO 5 – A anomalia e a emergência das descobertas científicas  A ciência normal não se propõe descobrir novidades no terreno dos fatos ou da teoria.  A descoberta científica começa com a consciência de uma anomalia.  A anomalia ocorre quando existe uma violação das expectativas do paradigma que provoca uma crise na ciência normal.  Até que o cientista tenha aprendido a ver a natureza de um modo diferente o novo fato não será considerado completamente científico.  A descoberta científica não é um ato simples e único. É um acontecimento complexo, que envolve o reconhecimento tanto da existência de algo, como de sua natureza.  Exemplos de descobertas complexas: (1) Oxigênio; (2) Raios x e (3) Garrafa de Leyden.
  6.  Nem todos as teorias são teorias paradigmáticas: tanto nos períodos pré- paradigmáticos, como durante as crises que conduzem a mudança em grandes escala do paradigma, os cientistas costumam desenvolver muitas teorias especulativas e desarticuladas, capazes de indicar o caminho para novas descobertas.  Traços de todas as descobertas das quais emergem novos tipos de fenômenos  (1) A consciência prévia da anomalia.  (2) A emergência gradual e simultânea de um reconhecimento tanto no plano conceitual como no plano da observação.  (3) Consequente mudança das categorias e procedimentos paradigmáticos – muitas vezes acompanhada por resistência.  Na ciência, a novidade somente emerge com dificuldades - que de manifesta por meio de uma resistência.
  7.  Uma maior familiaridade com o paradigma atual dá origem à consciência de uma anomalia.  Essa consciência da anomalia inaugura o período no qual as categorias conceituais são adaptadas até que o que inicialmente era considerado anômalo se converta em previsto. Nesse momento completa-se a descoberta.  Mesmo quando instrumentos especializados existem, a novidade normalmente emerge apenas para aquele que, sabendo com precisão o que deveria esperar, é capaz de reconhecer que algo saio errado.  Quanto maiores forem a precisão e o alcance de um paradigma, tanto mais sensível este será como indicador de anomalia e, consequentemente, de uma ocasião para a mudança de paradigma.
  8. CAPÍTULO 6 – As crises e a emergência das teorias científicas  Se a consciência da anomalia desempenha um papel na emergência de novos tipos de fenômenos, ninguém deveria surpreende—se com o fato de quem uma consciência semelhante, embora mais profunda, seja um pré- requisito para todas as mudanças de teoria aceitáveis.  A emergência de novas teorias é geralmente precedida por um período de insegurança profissional pronunciada, pois exige destruição em larga escala de paradigmas e grandes alterações nos problemas e técnicas da ciência normal.  O fracasso das regras existentes é o prelúdio para uma busca de novas regras.  As predições de Ptolomeu eram tão boas como as de Copérnico. Porém, quanto se trata de uma teoria científica, ser admiravelmente bem- sucedida não é o mesma coisa que ser totalmente bem-sucedida.
  9.  A proliferação de versões de uma teoria é um sintoma muito usual de crise.  Uma nova teoria surge após um fracasso caracterizado na atividade normal de resolução de problemas.  O fracasso com um novo tipo de problema é muitas vezes decepcionante, mas nunca surpreendente. Em geral nem os problemas nem os quebra- cabeças cedem ao primeiro ataque.  O significado das crises consiste exatamente no fato de que indicam que é chegada a ocasião para renovar os instrumentos.
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