A Lectio Divina ou Leitura Orante da Bíblia consiste em quatro etapas essenciais: 1) leitura atenta do texto bíblico, 2) meditação sobre o significado do texto, 3) oração em resposta ao texto, e 4) contemplação silenciosa. Esta prática remonta aos primeiros cristãos e foi sistematizada pelo monge Guigo no século XII através dos "Quatro Degraus Espirituais".
2. Lectio Divina ou
Leitura Orante da Bíblia
Origem da Leitura Orante
Há quem a situe lá no
Primeiro ou Antigo
Testamento, quando o
povo de Israel:
percebia a presença de
Deus na sua vida e
caminhada;
ouvia e meditava a sua
Palavra; e,
se esforçava para praticá-
la.
A expressão Lectio Divina
Vem do latim e pode ser
traduzida por lição divina
ou leitura orante da
Palavra de Deus. Segundo
alguns, foi usada por
Orígenes, Padre da Igreja,
no 3º século d.C.
Outros, porém, afirmam que
a Lectio Divina é anterior e
teria sido formulada pelo
monge Guigo, em 1150.
3. “A Lectio Divina é a escuta
religiosa e piedosa da leitura
sagrada da Escritura”.
(Vaticano II, DV 10)
A contribuição de Guigo
Em síntese, a
grande
contribuição do
monge Guigo foi a
de interligar os
passos da Leitura
Orante. Para isso,
escreve um
roteiro com o
título: ‘A Escada dos Monges’, onde
cada passo corresponde a um degrau.
Princípios da Lectio
Divina ou Leitura Orante:
a) Unidade da Escritura;
b) atualidade ou
encarnação da Palavra;
c) fé em Jesus Cristo vivo
e presente na
comunidade.
Como aclamamos na
liturgia:
- O Senhor esteja
convosco.
- Ele está no meio de nós!
“A Palavra de Deus está na base de
toda espiritualidade cristã autêntica”.
(Bento XVI, Verbum Domini 86)
4. Na ‘Escada dos Monges’, Guigo relata a um
amigo monge a sua experiência
"Certo dia, durante o trabalho manual, quando
estava refletindo sobre a atividade do espírito
humano, de repente se apresentou à minha
mente, a escada dos quatro degraus espirituais: a
leitura, a meditação, a oração e a contemplação.
Essa é a escada dos monges, pela qual eles
sobem da terra ao céu. É verdade, a escada tem
poucos degraus, mas ela é de uma altura tão
imensa e inacreditável que, enquanto a sua
extremidade inferior se apoia na terra, a parte
superior penetra nas nuvens e investiga os
segredos do céu".
5. 1. Leitura: ler a Palavra.
Há uma evolução lenta. Aos poucos se passa do ato de ler para escutar
a Palavra. Assim, por exemplo, Moisés cumpre sua
missão mediadora entre Deus e o povo, lendo a
Palavra do Senhor, que estava escrita nas tábuas da
Aliança (Ex 24,7). A Lei escrita em pergaminhos passa a
ser chamada de Escritura, que quer dizer exatamente
isto: Lei escrita para ser lida e proclamada. No Novo
Testamento Jesus fala com pessoas que conhecem bem a
Escritura: “Vocês nunca leram o que Davi e seus companheiros
fizeram quando estavam passando necessidade e sentindo fome”?
(Mc 2,25). Podemos ver nesta pergunta de Jesus já a origem da
Lectio divina. Neste primeiro degrau respondemos à pergunta: O
QUE DIZ O TEXTO?
6. 2. Meditação: meditar a Palavra.
Já nos primeiros séculos do cristianismo, a Igreja,
através dos monges, fez uma grande descoberta:
é preciso meditar as Escrituras, ou seja, ‘ruminar’.
A leitura orante leva à meditação. É aí que o cristão
percebe a força transformadora da Palavra e vai formando a
consciência reta e clara dos apelos de Deus para poder agir perante
a maldade do mundo. Meditar é parar. É tirar tempo para perceber
as novidades de Deus. Meditar é mais do que ler. É colocar o ouvido
e o coração à escuta. Aqui buscamos responder à pergunta: O QUE
DIZ O TEXTO PARA MIM, PARA NÓS?
7. 3. Oração: rezar a Palavra.
Aquilo que é lido no Primeiro ou Antigo Testamento
encontra sua realização na vida e nos ensinamentos
de Jesus. Os evangelhos constituem o coração de
toda a Bíblia. Toda leitura orante tende a conduzir à
oração. Rezar é, em primeiro lugar, um relacionamento amoroso e
gratuito com Deus. A autêntica oração é sempre união com Deus. É
sempre intimidade com o Criador. Os frutos da oração se
manifestam ao longo da vida. A oração nos traz de novo a
sensibilidade humana, muitas vezes, esquecida em nosso dia a dia.
Quem reza também se compromete. Quem reza entende a dor do
irmão que sofre. É impossível rezar e ficar de braços cruzados, sem
perceber a angústia dos que estão caídos à beira da estrada (cf. Lc
10,25-37). A oração conduz a um apostolado fecundo. Este terceiro
degrau nos leva a responder: O QUE O TEXTO ME FAZ DIZER A DEUS?
8. Em Aparecida, nossos bispos recordavam:
“A Leitura Orante favorece o
encontro pessoal com Jesus
Cristo semelhante ao modo
de tantos personagens do
Evangelho: Nicodemos e sua
ânsia de vida eterna (cf. Jo
3,1-21), a Samaritana e seu
desejo de culto verdadeiro
(cf. Jo 4,1-42), o cego de
nascimento e seu desejo de luz
interior (cf. Jo 9), Zaqueu e sua
vontade de ser diferente (cf. Lc 19,1-10). Todos eles, graças a esse
encontro, foram iluminados e recriados porque se abriram à
experiência da misericórdia do Pai que se oferece por sua Palavra de
verdade e vida”. (DAp 249)
9. 4. Contemplação: contemplar a Palavra
São João nos diz: “Nós contemplamos a Palavra da Vida”
(1Jo 1,1). Quem contempla também vai comprometer-se com
os valores do Reino, e perceber sempre mais qual é a
autêntica vontade de Deus para sua vida. Jesus manda
examinar as Escrituras como fonte de vida: “Vocês
vivem examinando as Escrituras, pensando
encontrar nelas a vida eterna; ora são elas que dão
testemunho de mim” (Jo 5,39). O verbo ‘examinar’ aqui tem o
sentido de contemplar. A contemplação não tem nada de alucinação,
desequilíbrio emocional ou fanatismo. Não se pode forçar uma
contemplação. Ela brota espontânea de uma atitude orante. É
através da contemplação que a pessoa encontra o equilíbrio interior
e um estado de harmonia e paz. Na contemplação devemos estar
dispostos a nos assumir do jeito que somos diante de Deus. O ponto
mais alto da espiritualidade cristã é a contemplação. Aqui,
respondemos à pergunta: ESTOU PRONTO PARA A NOVA MISSÃO?
10. Duas observações importantes
1. Os quatro degraus
(leitura, meditação, ora
ção e contemplação) se
distinguem, mas não
se separam, pois
obedecem a uma
dinâmica onde, a cada
etapa, o (a) leitor (a) da
Bíblia é convidado (a) a
recomeçar e interligar
todo o processo.
2. Embora esteja implícito
em todo o processo, é
oportuno lembrar o
alerta do papa Bento
XVI:
“A lectio divina não está
concluída, na sua
dinâmica, enquanto não
chegar à ação (actio), que
impele a existência do fiel
a doar-se aos outros na
caridade”. (Verbum
Domini, 87)
11. Resumindo...
A Lectio Divina ou Leitura Orante
consiste na leitura atenta e sem
pressa de um texto da
Bíblia, previamente escolhido e
preparado para ser meditado e
rezado.
Não tem a finalidade de satisfazer a
curiosidade intelectual de quem
lê, mas o objetivo de alimentar a
vida de fé do cristão, fortalecer a
união com Deus e animar a
missão. Supõe, portanto, uma
atitude de fé orante e abertura de
coração para Deus e os irmãos.
12. Dez passos para orientar a leitura orante, pessoal e
diária da Bíblia
[Inspirados na proposta de Frei Carlos Mesters com ilustrações de Irmã Elda Broilo]
13.
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22. Referências para aprofundar a Lectio
Divina ou Leitura Orante da Bíblia
Na Web:
Agenor Girardi. Lectio Divina - Leitura Orante da Bíblia
CNBB. Leitura Orante e Popular da Bíblia na Pastoral Social
Jovanês Vitoriano e Francisco Sydney, svd. Leitura Orante da Bíblia
Leitura Orante diária da Bíblia
Nas editoras:
CRB. A Leitura Orante da Bíblia. Coleção Tua Palavra é Vida, vol. 1: Edições Loyola,
1990.
D. García M. Colombás. Diálogo com Deus: Introdução à Lectio Divina. Editora Paulus,
1997.
23. A Palavra cantada
I) Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo mais
vos será acrescentado, aleluia, aleluia!
1. Não só de pão o homem viverá, mas de toda a Palavra que
procede da boca de Deus, aleluia, aleluia!
2. Se vos perseguem por causa de mim, não esqueçais o por quê;
não é o servo maior que o Senhor, aleluia, aleluia!
II) Toda Bíblia é comunicação, de um Deus amor, de um Deus
irmão. É feliz quem crê na Revelação, quem tem Deus no coração.
1. Jesus Cristo é a Palavra, pura imagem de Deus Pai. Ele é vida e
verdade, a suprema caridade.
2. Os profetas sempre mostram a vontade do Senhor. Precisamos ser
profetas para o mundo ser melhor.
3. Nossa fé se fundamenta na palavra dos apóstolos:
João, Mateus, Marcos e Lucas transmitiram esta fé.
4. Vinde a nós, ó Santo Espírito, vinde nos iluminar. A Palavra que
nos salva, nós queremos conservar.
24. III) Chegou a hora da alegria/ Vamos ouvir esta Palavra que nos
guia (bis)
1. Tua Palavra vem chegando bem veloz/ Por todo o canto hoje se
escuta sua voz (bis) / Aleluia, aleluia!
2. Nada se cria sem a força e o calor/ Que saí da boca de Deus
nosso Criador (bis) / Aleluia, aleluia!
IV) Toda semente é um anseio de frutificar/ e todo fruto é
uma forma da gente se dar.
Põe a semente na terra, não será em vão/ não te preocupe a
colheita/ plantas para o irmão (bis)
2. Toda palavra é um anseio de comunicar,/ e toda fala é uma
forma da gente se dar.
3. Todo tijolo é um anseio de edificar,/ e toda obra é uma forma da
gente se dar.
V) Senhor, que a tua Palavra transforme a nossa vida.
Queremos caminhar com retidão na tua luz.
1. Não vacilará quem confia no Senhor. Ele nos sustenta, nos
conduz pela mão.
2. No Senhor está toda graça e salvação. Nele encontramos o amor
e o perdão.
25. VI) É como a chuva que lava/ é como o fogo que abrasa./ Tua
palavra é assim,/ não passa por mim sem deixar um sinal.
1. Tenho medo de não responder,/ de fingir que não escutei./
Tenho medo de ouvir teu chamado,/ virar do outro lado,/ e fingir
que não sei.
2. Tenho medo de não perceber,/ de não ver teu amor passar./
Tenho medo de estar distraído(a),/ magoado(a), ferido(a), e então
me fechar.
3. Tenho medo de estar a gritar/ e negar-te o meu coração./ Tenho
medo do Cristo que passa,/ oferece uma graça/ e eu lhe digo que
não.
VII) Fazei ressoar...ressoar...A Palavra de Deus em todo lugar.
(bis)
1. Na cultura, na história, vamos expressar: levando a Palavra de
Deus em todo lugar. Vamos lá!
2. Na cultura popular, vamos catequizar: celebrando fé e vida em
todo lugar. Vamos lá!
3. O Evangelho é a Palavra que Deus programou: só Ele é o
Caminho, a Verdade, a Vida e o Amor. Vamos lá!
26. VIII) Palavra não foi feita para dividir ninguém / Palavra é a
ponte onde o amor vai e vem, onde o amor vai e vem.
1. Palavra não foi feita para dominar / Destino da Palavra é
dialogar / Palavra não foi feita para a opressão / Destino da Palavra
é união.
2. Palavra não foi feita para a vaidade / Destino da Palavra é a
eternidade / Palavra não foi feita pra cair no chão / Destino da
Palavra é o coração.
3. Palavra não foi feita para semear / A dúvida, a tristeza e o mal
estar / Destino da Palavra é a construção / De um mundo mais
feliz e mais irmão.
IX) A Bíblia é a palavra de Deus semeada no meio do povo, que
cresceu, cresceu e nos transformou, ensinando-nos viver um
mundo novo.
Deus é bom, nos ensina a viver; nos revela o caminho a seguir. Só
no amor partilhando seus dons, sua presença iremos sentir.
Somos povo, o povo de Deus, e formamos o reino de irmãos. E a
Palavra que é vida nos guia e alimenta a nossa união.
27. X) A vossa Palavra, Senhor, é sinal de interesse por nós. (bis)
1. Como um pai ao redor de sua mesa, revelando seus planos de
amor.
2. É feliz quem escuta a Palavra, e a guarda no seu coração.
3. Neste encontro da Eucaristia, aprendemos a grande lição.
XI) Quero levar esta Bíblia, ir cantando em procissão
Ir feliz como quem leva a luz do céu em sua mão
Ergo bem alto esta Bíblia: ei-la entre nós e o bom Deus!
É bênção que à terra desce, é prece que sobe aos céus!
2. Quero nas mãos este Livro, vou levá-lo aonde for!
Eu O levo pela vida e Ele me leva ao Senhor!
3. Quero beijar esta Bíblia como beijo sempre, sim!
Mão do Pai que me abençoa e mãe sorrindo para mim!
4. Quero deixar este Livro, qual um coração no altar:
Coração de Deus, aberto, ansioso por Se revelar!
XII) O Evangelho é a Boa Nova que Jesus veio ao mundo
anunciar! (bis)
1. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida da ovelha perdida que o Pai
mandou salvar. (bis)
2. O Pai mandou que Ele aqui viesse um dia para nos dar a alegria
de viver no seu amor. (bis)