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      UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

      DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
             COLEGIADO DE PEDAGOGIA



                ERICA CAVALCANTE




O SIGNIFICADO DO DESENHO NOS PROCESSOS DE
APRENDIZAGEM E DE DESENVOLVIMENTO INFANTIS




              SENHOR DO BONFIM-BA
                      2012
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               ERICA CAVALCANTE




O SIGNIFICADO DO DESENHO NOS PROCESSOS DE
APRENDIZAGEM E DE DESENVOLVIMENTO INFANTIS




                   Monografia apresentada ao Departamento de
                   Educação-Campus VII, da Universidade do Estado da
                   Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de
                   graduação no Curso de Licenciatura Plena em
                   Pedagogia.


                   Orientador: ProfºDrº Gilberto Lima dos Santos




             SENHOR DO BONFIM-BA
                     2012
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                                ERICA CAVALCANTE




                    Monografia apresentada ao Departamento de Educação-Campus VII,
                    da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para
                    obtenção de graduação no Curso de Licenciatura Plena em
                    Pedagogia



Aprovada em 17 de Agosto, de 2012.



                                BANCA EXAMINADORA



             _______________________________________________________

                            Profº Drº Gilberto Lima dos Santos
                         Universidade do Estado da Bahia – UNEB
                                       Orientador


              _____________________________________________________

                       Prof _________________________________

                             Universidade do Estado da Bahia – UNEB

                                     Examinadora (a)



              _____________________________________________________

                          Prof____________________________

                         Universidade do Estado da Bahia – UNEB

                                     Examinador (a)
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 A meus irmãos

Everton e Helder.
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Primordialmente a Deus!

A meu marido, Alexandre, a quem tanto amo!

A meu Orientador Gilberto, pelo constante estímulo
e pela sua singular paciência!

E as minhas queridas parceiras de estágios, risos e
sorvetes: Magali, Michelle e Vanessa.




                                    Muito Obrigada!
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"Antes eu desenhava como Rafael,
mas precisei de toda uma existência
para aprender a desenhar como as
crianças”.

                          (Picasso)
7




                                    RESUMO




Este estudo tem por tema o desenho Infantil e como objetivo uma analise da
importância do desenho na aprendizagem da criança, bem como a sua possível
contribuição ao desenvolvimento inicial da grafia infantil. Trata-se, portanto, de um
estudo de cunho teórico que utilizou como método de pesquisa um levantamento
bibliográfico. Suas bases são os estudiosos que abordam o fenômeno em foco,
possibilitando entender e avaliar a sua importância. Alguns autores como Mèredieu
(2006), Lowenfeld (1970), Luquet (1969), Vigotsky (2000), Widlöcher (1971), Pillar
(1973) e Derdyck (1989) nos ajudaram a compreender o espaço do desenho no
desenvolvimento infantil, as suas concepções e atribuições. E outros autores como
Piaget (1973), Bessa (2010), Cagliari (1993), Ferrero (2011), Teberosky (2003),
Grossi (1997) e Sinclair (1987) esboçaram em seus estudos a relação do desenho
com o desenvolvimento cognitivo e social da criança e a sua real associação e
contribuição para o desenvolvimento da escrita infantil. Todos os autores citados
assinalaram as idéias e as características que norteiam o desenho infantil. Como
resultado, encontramos o reconhecimento da importância do tema, citado e
identificado por respeitáveis estudiosos que ressaltaram a seriedade e a contribuição
do desenho para o desenvolvimento infantil, como meio de comunicação que ajuda
a criança a expor sua imaginação e expressão, auxiliando o entendimento da
natureza da escrita alfabética através do registro, facilitando assim o
desenvolvimento da aprendizagem e a futura aquisição da escrita infantil.



Palavras-Chave: Desenho Infantil, Grafismo, Aprendizagem, Desenvolvimento.
8




                   LISTA DE ILUSTRAÇÕES



FIGURA                         FONTE                         PÁGINA

  01     Imagem do livro: A didática do Nível pré-silábico     32

  02     Imagem do livro: A didática do Nível pré-silábico     33

  03     Imagem do livro: A didática do Nível Alfabético       35

  04     Imagem do livro: A didática do Nível Alfabético       37
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                                    SUMÁRIO


INTRODUÇÃO                                                        10
1. CAPITULO I                                                     15

   1.1. Delineamento Metodológico                                 15
        1.1.2. Procedimento de Coleta de Dados                    16
        1.1.3. Procedimento de Análise de Dados                   17
2. CAPITULO II                                                    19
   2.1. O Desenho                                                 19

   2.2. A importância do desenho para o conhecimento da criança   21
   2.3. O desenho e sua percepção verbalizada                     23
3. CAPITULO III                                                   26
   3.1. A relação entre o Desenho e a Escrita                     26

   3.2. Do desenho a Escrita Infantil                             29
        3.2.1. Nível Pré-silábico ou Nível I                      30

       3.2.2.   Nível Intermediário I                             34
       3.2.3.   Nível Silábico                                    34
       3.2.4.   Nível Intermediário II ou Silábico-Alfabético     36
       3.2.5.   Nível Alfabético                                  36
 4. CAPITULO IV                                                   39
     4.1. Discussões                                              39
CONSIDERAÇÕES FINAIS                                              43
 REFERÊNCIAS                                                      44
10




                                   INTRODUÇÃO



Desde a pré-história, de forma bem rudimentar, vários desenhos eram feitos nas
paredes das cavernas. Mesmo sem conhecer a escrita formal, os primórdios já
transmitiam suas informações através de uma representação cultural, onde cada
desenho era     um   símbolo     de   determinados objetos e/ou acontecimentos,
identificando as prováveis palavras de sua língua e iniciando, por sua vez, uma
primitiva comunicação.




A comunicação descreve acontecimentos e características. Hoje, uma das principais
representações da nossa comunicação é a escrita; um instrumento essencial para a
decodificação da língua, que veio se desenvolvendo quando a representação da
simbologia passou a ser reproduzida de uma forma gráfica. Os desenhos deram
inicio a uma linguagem informativa, que é caracterizada pela representação. É o
primeiro registro que uma criança faz em um papel, na sua forma de comunicação e
expressão, representando o seu modo de pensar e as suas sensações; são os seus
conhecimentos além de uma exata intenção. Neste sentido pode-se dizer que:



                     Seja no significado mágico que o desenho assumiu para o homem das
                     cavernas, seja no desenvolvimento do desenho para a construção dos
                     maquinários no início da era industrial, seja na função de comunicação que
                     o desenho exerce na ilustração, na história em quadrinhos, o desenho
                     reclama a sua autonomia e sua capacidade de abrangência como meio de
                     comunicação, expressão e conhecimento (DERDYCK, 1989. p. 29).




Os traços e rabiscos da criança são a expressão do seu ‘’mundo’’, numa simples
imitação da maneira de como ela o interpreta no seu modelo particular.                  É um
espaço criado por uma linguagem transcrita, que é assinalado pela união da
imaginação e das coisas que a criança sente, vê e vivencia no seu dia a dia. Como
afirma Moreira (2008):
11



                    O que se pode perceber é que no ato de desenhar, pensamento e
                    sentimento estão juntos. Pois também é possível constatar que as crianças,
                    com algum comprometimento a nível intelectual, apresentam acentuado
                    comprometimento no desenho (p.24).




Os desenhos estão ligados a uma arte infantil, numa estrutura psicológica que
estimula a expressão e as emoções da criança, pois é o momento em que ela esta
aberta a se autodescobrir, através de simples ações como pensar, inventar, sentir e
imaginar. Lipman (1998) afirma que as crianças, assim como todo mundo, esperam
por uma vida carregada de experiências que sejam ricas e significativas. E é diante
disso, que podemos perceber a importância que a arte do desenho tem para a
integração da identidade infantil. Os autores Tiburi e Chuí (2010), ressaltam que o
desenho é uma arte que se encontra dentro da vida humana, pois o ser humano é
um animal que desenha, e no ato de desenhar, descobri que desenha. Logo, o
desenho é a ponderação e representação sobre si mesmo.




É Interessante observar, que esses aspectos que envolvem o desenho infantil estão
intimamente ligados ao desenvolvimento da criança, seja como veículo de
autoexpressão ou de incremento da capacidade representativa, como é salientado
por Lowenfeld (1977).




E assim como a brincadeira, ao desenhar, a criança também representa a sua
realidade, transformando-a de acordo com a sua vontade. Ela brinca de desenhar e
tem prazer com sua produção, sucumbindo uma atividade lúdica. Desta forma,
Moreira (2008), nos diz que a criança desenha brinquedos e brinca com os
desenhos. Assim sendo, alguns desenhos também refletem muita sensibilidade e
uma correlação com a personalidade da criança. As crianças que apresentam
dificuldade ou timidez com a comunicação verbal descobrem mais facilidade em
expressar-se através dos desenhos, ao invés das palavras.




O que não se pode perder de vista é a extraordinária contribuição e importância que
o desenho pode trazer para o desenvolvimento global da criança, e é através desse
12



envolvimento e transparência que a criança tem com seus desenhos que
acreditamos ser possível descobrir um caminho pedagógico que a leve a interagir
com as suas aquisições, num processo contínuo de desenvolvimento e
aprendizagem. Como salienta Piaget (1973):



                     Aprendizagem é o processo de apropriação da experiência acumulada
                     historicamente, permitindo que cada indivíduo desenvolva capacidades e
                     habilidades, adquirindo características humanas, desta maneira o mesmo é
                     compreendido como sujeito ativo, tanto no processo de socialização como
                     no de aprendizagem (p. 49).



O limiar dessa aprendizagem se dá nas séries iniciais, onde o conhecimento
acontece sobre várias situações, num processo integrado entre pensar, sentir, agir e
falar, onde a criança passa a expandir, gradativamente, as suas expressões e ideias
garantindo, assim, uma parte significativa do seu desenvolvimento. Sobre a
aprendizagem com desenhos, Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001), dizem:



                     A educação com desenhos deve considerar a complexidade de uma
                     proposta educacional que leve em conta as possibilidades e os modos de
                     os alunos transformarem seus conhecimentos em arte ou vice-versa; ou
                     seja: o modo como aprendem, criam e se desenvolvem (p.49).




Logo, podemos caracterizar a aprendizagem como um dos principais aspectos para
a constituição da identidade do ser humano. Onde, nas séries iniciais, a
comunicação com o desenho pode contribuir para este desenvolvimento. Para Weil
(2000, p. 49), a função essencial do professor é ajudar a criança a desenvolver os
seus conhecimentos e a sua personalidade. Partindo deste pressuposto, a
experiência que a criança tem com o desenho infantil e a sua utilização pode ser
usada como uma poderosa arma para cunhar o desenvolvimento do seu
conhecimento. Para Pillar (1996), a criança, quando desenha, inter-relaciona seus
conhecimentos, sejam eles objetivos ou imaginários.
13



Convém enfatizar a importância do desenho infantil na pré-escola, fase inicial da
criança, visto que o desenho estabelece o espaço em que a expressão da criança
passa a ter liberdade, como uma forma de linguagem, comunicação e
desenvolvimento.




Discutir e avaliar sobre a importância que o desenho infantil proporciona no
desenvolvimento infantil não é uma tarefa fácil, considerando que a inspiração da
criança parte de um significado particular, numa integração entre sentir, pensar e
fazer, onde interpretações não apontam para uma singular direção.




A busca da importância da manifestação do desenho infantil no seu processo
educativo vai além do simples ensino escolar, visto que abarca o próprio
conhecimento humano. O desenho envolve diferentes operações que se
correlacionam com estímulos e aspectos que dão início a um processo gradativo de
desenvolvimento. E é na pré-escola que a criança deixa as garatujas por traços que
vão aprimorando o seu sistema de representação gráfica, num processo de
desenvolvimento. É uma característica que possibilita referenciar o desenho como
precursor da escrita, como é salientado por Vygotsky (1987).




O objetivo geral deste estudo é:




    Analisar e caracterizar o significado do desenho nos processos de
      aprendizagem e de desenvolvimento infantis, a partir dos diversos aportes
      teóricos que o abordam.
14




E os Objetivos específicos são:




          o Realizar uma leitura crítica das contribuições existentes na literatura
             que tomam o desenho como representação inicial de comunicação da
             criança.

          o Caracterizar a compreensão do desenho infantil, relacionado à
             aprendizagem, apresentada por diversos pesquisadores.

          o Identificar como o desenho infantil pode contribuir e auxiliar na
             aprendizagem infantil e no subseqüente desenvolvimento.
15




                                   CAPITULO I



 1.1 Delineamento Metodológico




O presente trabalho é um estudo de caráter teórico que visa considerar e situar,
através de uma visão crítica, o desenho infantil - fenômeno principal deste estudo.
Trata-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica, que assume como objetivo geral
caracterizar a importância dos desenhos no desenvolvimento infantil. Buscou-se
através da analise dos conteúdos do fenômeno deste estudo, obter, além da
organização de ideias, uma maior compreensão do desenho infantil no contexto da
aprendizagem e do desenvolvimento do grafismo infantil. Diante deste processo,
Severino (2000) nos diz que uma documentação temática se completa pela
documentação bibliográfica. „‟A documentação bibliográfica deve ser realizada
paulatinamente, à medida que o estudante toma contato com os livros ou com os
informes sobre os mesmos‟‟(p. 39).




O delineamento do método se fez necessário para que se pudesse entender e
organizar os conhecimentos, assim como desenvolver as considerações que foram
sucumbidas nesta pesquisa através de um caminho. ‘‟A pesquisa deve começar por
uma reflexão sobre determinadas informações, que se transformam em dado
imediato, e ir apanhando os diversos elementos deste universo sensível, suas varias
determinações e significações‟‟ (ECCOS, 2005).




Desta forma, considerando a característica descritiva deste estudo, tentamos buscar
os subsídios necessários para fundamentar o fenômeno. „‟Assim, o conhecimento
científico exige a utilização de métodos, processos e técnicas especiais para analise,
compreensão e intervenção da realidade‟‟ (TEIXEIRA, 2009, p. 85)
16




1.1.2 Procedimentos de coleta de dados




Para o desenvolvimento deste estudo foram, então, utilizados livros e revistas
cientificas como aporte teórico para entendermos a abordagem realizada por
diversos estudiosos do fenômeno. Alguns livros foram encontrados na biblioteca da
Universidade do Estado da Bahia, Campus VII; outros textos foram buscados em
bases de dados disponíveis na Internet, para subsidiar essa pesquisa de cunho
teórico. „‟A pesquisa é desenvolvida mediante o curso dos conhecimentos
disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos
científicos‟‟ (GIL, 1991, p.19). E para o levantamento destes foram utilizados os
seguintes descritores: Desenho; Desenvolvimento Infantil, Escrita infantil; Grafismo.




Neste trabalho optou-se por autores e estudiosos que direcionaram seus estudos
para o desenvolvimento infantil, escrita infantil e desenhos, focando uma
circunscrição e discussão dos aspectos em que o desenho produzido por crianças
auxilie em sua aprendizagem e em seu desenvolvimento. As concepções e
conceitos básicos foram desenvolvidos tendo como referência os estudos dos
seguintes Autores Clássicos:




    O Suíço Jean Piaget, que se dedicou ao estudo do desenvolvimento
      intelectual, aos fatores sociais e aos métodos de aquisição do conhecimento
      da criança, desde o seu nascimento.

    Lev Semenovich Vygotsky, que estudou os meios que pudessem levar a
      criança a desenvolver as suas habilidades cognitivas, seu desenvolvimento e
      sua aprendizagem através de experiências que são cronologicamente
      infantis.
17



    Viktor Lowenfeld, que ressalta a importância da expressão artística da criança
      para o seu desenvolvimento, creditando ao desenho a experiência necessária
      para o desenvolvimento da capacidade intelectual infantil.

    Georges-Henri Luquet, que estudou o desenvolvimento da comunicação
      humana e procurou compreender no desenho da criança as suas intenções e
      interpretações.

    E as autoras Ana Cecília Oñativia, Esther Grossi e Emília Ferrero que
      contribuíram através de seus estudos, para que pudéssemos entender a
      relação do desenho com o limiar da escrita infantil, através das fases da
      Alfabetização.




A despeito disso, foram necessárias e efetivamente utilizadas as contribuições de
alguns autores Contemporâneos, como: Bessa; Mèredieu; Pillar; Wallon; Cagliari;
Moreira; Derdyck; Reily; Sinclair, Widlöcher; Merlau-ponty; Paula e Mendonça,
dentre outros; para o desenvolvimento deste trabalho e para a compreensão do
fenômeno focado.




1.1.3 Procedimentos de Análise de dados




Através das leituras realizadas, as informações e os conceitos obtidos foram
organizados de acordo com itens ou categorias, distribuídas nos capítulos II e III,
para a melhor compreensão do fenômeno deste estudo, conforme segue:




Capitulo II

   1. O desenho

         1.2 A importância do desenho para o desenvolvimento da criança
18



         1.3 O desenho e sua percepção verbalizada




Capitulo III

    1. A relação entre o desenho e a escrita

         1.2 Do desenho à escrita infantil

        2. Nível pré-silábico ou Nível I

        3. Nível intermediário I

        4. Nível Silábico

        5. Nível Intermediário II ou Silábico Alfabético

        6. Nível Alfabético
19




                                    CAPITULO II



  2.1 O desenho




O desenvolvimento do desenho é processado pelas etapas em que a criança
apresenta seu jeito de se instituir no mundo. Para Piaget (1973), a criança
primeiramente conhece o objeto, até preponderar uma ação com relação a este
objeto, em contínuos movimentos de equilibração, o chamado período sensório-
motor; essa ação passa a ser suprida pela reprodução, numa forma de assimilação.
Essa assimilação é, ao mesmo momento, reprodutora e reconhecedora.




O desenho é como um fruto da interação da criança com determinado objeto; ela
estabelece seu conhecimento acerca do mesmo, não desenhando exatamente o que
se vê, mas o que a sua estrutura mental admite. Dessa forma o desenho não é o
resultado de uma relação direta com o objeto, mas a interpretação que a criança tem
sobre ele. Segundo Merleau-ponty, (1990, p.130):“O desenho é uma intima ligação
do psíquico e do moral. A interação de desenhar tal objeto não é senão o
prolongamento e a manifestação da sua representação mental; o objeto
representado é que, neste momento, ocupará no espírito do desenhador um lugar
exclusivo ou preponderante‟‟.




Em limiar, o desenho infantil é produzido de forma involuntária, a criança desenha
sem intencionalidade de fazer exata ou determinada imagem, pois ela sabe que
seus traços podem representar qualquer outro objeto. Piaget (1973) ratifica que no
estagio inicial do desenvolvimento gráfico a criança não apresenta uma fase de
simbolismo, ela repete traços pelo simples prazer que tem de brincar, de desenhar,
em atividades motoras adquiridas.
20




Diante desta fase em que as crianças começam a desenhar, Vygotsky (1988) diz:



                     As crianças pequenas comentam em voz alta sobre a cor do lápis que irão
                     utilizar, os traços que irão fazer, o que pretendem desenhar – enfim,
                     descrevem o processo que irão realizar. No entanto, elas dão nome aos
                     desenhos somente depois de completá-los, pois têm necessidade de ver
                     primeiro antes de decidir o que o desenho significa. Diferentemente, as
                     crianças maiores, antes de desenhar, já conseguem planejar e nomear o
                     que vão fazer (p. 61-62).




O desenho intencional só se inicia a partir do momento em que a criança já adota
alguns de seus traços e a estrutura de um objeto real. É na etapa do desenho
voluntário que a criança passa a ter a intenção de representar no seu desenho tudo
o que aspira. Luquet (1969), como um dos primeiros estudiosos a se interessar pelo
desenho, afirma que o quê e como a criança desenha estão no aspecto do sujeito da
ação. É a fase onde a ação é provida pela representação, e inicialmente se
prevalece à ação em relação aos objetos que são conhecidos pela criança. Similar
ao brincar, pois se caracteriza, primeiramente, pelo exercício da ação.




O desenho passa a ser cotado como tal a partir do reconhecimento da criança sobre
o traço que realizou. Sobre os traços reconhecidos pela criança, Piaget (1973)
ressalta que essa ação é uma fonte de conhecimento; quanto mais intensa é essa
ação da criança, maior é a sua apropriação. Fazendo uma analogia com a teoria de
Piaget, as autoras Paula e Mendonça (2009) dizem:



                     O conhecimento, portanto, procede da ação e, desta forma, toda ação que
                     se generaliza por aplicação a novos objetos gera um esquema, uma
                     espécie de conceito prático. O que constitui conhecimento não é apenas
                     uma simples associação entre objetos, mas a assimilação dos objetos ao
                     esquema do indivíduo. [...] A partir da assimilação dos objetos, a ação e o
                     pensamento se acomodam a estes, reajustando-se (p. 93).
21




2.2. A importância do desenho para o conhecimento da criança




O limiar da vida de uma criança apresenta momentos decisivos para o seu
desenvolvimento, pois é durante este período que a criança desenvolve alguns
moldes de aprendizagem através de suas atitudes. Esse período de autoexpressão,
vem normalmente seguido das garatujas, uma fase entre os 2 e 4 anos, ato este que
contribui intensamente no seu desenvolvimento, pois é um dos meios em que a
aprendizagem infantil é estimulada. Lowenfeld (1970) nos diz que os primeiros
rabiscos têm um admirável facilitador no desenvolvimento infantil, pois é o inicio da
expressão que conduzirá a palavra escrita.




Os traços que uma criança faz num papel noticiam o que ela sente e pensa sobre as
coisas, e ela o faz de maneira prazerosa, brincando. Logo, é difícil idealizar uma
criança que não goste ou que jamais tenha desenhado; Sobre o desenho infantil,
Moreira (2008), afirma:



                     Toda criança desenha. Tendo um instrumento que deixe uma marca: a
                     varinha na areia, a pedra na terra, o caco de tijolo no cimento, o carvão nos
                     muros e calçadas, o lápis, o pincel com tinta no papel, a criança brincando
                     vai deixando a sua marca. Desenhando, cria em torno de si um espaço de
                     jogo, seguido de comentários e canções, mas sempre um espaço de
                     criação. A criança desenha para brincar (p.15).




A criança, desde muito pequena, já começa a registrar seus primeiros traços num
papel, antes mesmo do seu ingresso na escola. “O desenho em si já se faz presente
em sua vida, através de desenhos infantis na televisão, desenhos de amigos,
irmãos, do pai ou da mãe, em livros para colorir e/ou nas mais variadas formas de
representação gráfica‟‟. O ambiente que as cerca foi constituído historicamente, para
a criança estabelecer os conceitos sobre o mundo ao seu redor, e ela precisa
interagir com esse mundo e suas representações‟‟ (PAULA; MENDONÇA, 2009, p.
68).
22




Sobre este “mundo’‟ comum à cultura infantil, Wallon e Lurcart (1979) nos dizem que
a importância dos desenhos está nos esquemas representacionais, que são
fornecidos principalmente pelo meio exterior, de maneira cultural, e produzidos a
partir dos desenhos aprendidos (vendo o desenho de outras crianças, desenhos
animados ou histórias em quadrinhos).




Piaget (1973) considera que o conhecimento da criança resulta na sua interação e
ação com o ambiente em que vive. Todo conhecimento é uma espécie de edificação
que vai sendo ordenado desde a infância, por meio de interações do sujeito com os
objetos que busca conhecer, sejam eles do mundo físico ou do mundo cultural.
Sobre os aspectos culturais, Vygotsky (1988) ressalta que é por meio desses
processos de interiorização que as crianças começam a controlar o ambiente e o
próprio comportamento. São esses aspectos que geram novas relações sociais que
compõem a estrutura para a formação do intelecto.




Bessa (2010, p. 69) beneficia-se dos estudos de Vygotsky (1988) para salientar que
a aprendizagem pode ser determinada, como o despertar de processos de
desenvolvimento no interior do sujeito, o que não ocorreria sem o seu contato com
um ambiente cultural. Diante disso: “(...) a criança que desenha presentifica
constantes movimentos de recriação e reinterpretações de informações, conceitos e
significados. Desenvolvendo seu conhecimento e aprendizagem a partir das
aquisições e experiências‟‟(BESSA apud VYGOTSKY,2010, p 71).




O desenho é como produto do que a criança vê e sente, e é utilizado por meio da
memória, o que garante a sua imaginação. Vygotsky (2000) afirma que o desenho,
assim como o brinquedo, participa deste aspecto em comum que é a função
simbólica, pois é a partir de então que se inicia o desenvolvimento da aprendizagem.
23



Sobre o desenvolvimento da aprendizagem, Lev Vygotsky enfatiza que a brincadeira
e os desenhos estão relacionados ao desenvolvimento da linguagem escrita.
“Brincar e desenhar devem ser estágios preparatórios ao desenvolvimento da
linguagem escrita. O desenho constitui uma passagem do gesto à imagem, o que
caracteriza a representação gráfica. O desenho é precedido pela garatuja, fase
inicial do grafismo‟‟ (VYGOTSKY, 2000. p. 134).




Sendo assim, o desenho é como a primeira escrita da criança. Para Piaget (1986) é
o limiar do caminho para que a criança evolua juntamente com seu desenho,
seguindo em caminho da escrita, que já então é compreendida, pela criança, como a
representação mais apropriada do que se pensa e se fala.             Através desse
desenvolvimento a criança vai construindo suas interações por meio do seu
desenvolvimento motor, cognitivo e social; como é visto por Vygotsky (1988), que
ressalta que o desenvolvimento por meio do desenho começa quando a criança já
está habituada a falar; logo, o desenho é uma linguagem gráfica que vem depois da
linguagem verbal.




2.3    O desenho e sua percepção verbalizada




A linguagem falada é comumente usada como um meio de comunicação, nos
permitindo traduzir e expressar o que se sente e o que se sabe. Vigotsky (2000, p.
24), em estudo sobre a percepção e atenção no desenvolvimento infantil – A
formação social da mente – observou que a fala adota o desenho como uma
atividade prática e especifica, fazendo uma ligação entre as garatujas e o seu
significado.   „‟O desenho é uma linguagem gráfica que surge tendo por base a
linguagem verbal (...) é possível presenciar a fala como um elo intermediário entre o
desenho e a ação da criança em produzi-lo‟‟.
24



E complementa: “O desenho começa quando a linguagem falada já alcançou grande
progresso e já se tornou habitual à criança (...) a fala predomina no geral e modela a
maior parte da vida interior, submetendo-se a suas leis. Isso inclui o desenho.
‟‟(VYGOTSKY, 1987. P. 24).




Para Wallon e Lurcart (1979), é factual que os desenhos passam a ser concebidos a
partir de reproduções aprendidas, como as palavras. A criança utiliza-se da fala para
que seu desenho seja identificado, inclusive ele próprio. Essa ação seguida da fala
está construída em um campo visual, assinalando o comportamento infantil.

“A fala da criança é tão importante quanto a ação para atingir um objeto, as crianças
não ficam simplesmente falando o que elas estão fazendo, sua fala e ação fazem
parte de uma mesma função psicológica‟‟ (VIGOTSKY, 2000. p. 34); A fala e a ação,
de formas coordenadas, formam uma linguagem, uma forma de comunicação da
criança; é a sua maneira ordenada que elas encontram para planejar uma ação. É
visível notar essa ordenação quando as crianças se aproveitam da fala para a
atuação do que estão desejando realizar.




Vygotsky (1988, p. 62-63) analisa que na fase em que as crianças pequenas
começam a desenhar elas comentam em voz alta sobre a cor do lápis que irão
utilizar; os traços que irão fazer, o que pretendem desenhar enfim, descrevem o
processo que irão realizar. No entanto, elas dão nome aos desenhos somente
depois de completá-los, pois têm necessidade de ver primeiro o desenho pronto
antes de decidir o que ele realmente significa. Diferentemente, as crianças maiores,
antes de desenhar, já conseguem esquematizar e nomear o que vão fazer antes
desse processo.




Vygotsky considera que a fala acompanha as ações das crianças pequenas, a fala
irá anteceder uma ação. Inicialmente a criança desenha e escuta os seus próprios
comentários. Sobre tal procedimento, Vygotsky (2000) diz:
25




                      Inicialmente a fala segue a ação, sendo provocada e dominada pela
                      atividade. Posteriormente, entretanto, a fala se desloca para o inicio da
                      atividade, surge uma nova relação entre palavra e ação. Neste instante a
                      fala dirige, determina e domina o curso da ação; surge à função planejadora
                      da fala, além da função já existente da linguagem, de refletir o mundo
                      exterior. (p. 38).




A linguagem, como uma habilitação especialmente humana, capacita as crianças em
seu desenvolvimento. A percepção verbalizada da criança faz parte de um sistema
dinâmico do seu comportamento, comum no seu cotidiano e de imprescindível
importância no seu desenvolvimento intelectual. „‟A fala adquire uma função
sintetizadora, a qual, por sua vez, é instrumental para se atingirem formas mais
complexas da percepção cognitiva.‟‟. (VIGOTSKY, 2000, p. 40).




Vygotsky (1987, p. 47) afirma que o desenho infantil é tão natural quanto à fala.‘‟A
criança que fala tem, dessa forma, a capacidade de dirigir sua atenção de uma
maneira dinâmica‟‟E acrescenta: “(...) em todas as formas da criação literária, a arte
da palavra, do falar é mais típica da idade escolar. ‟‟.
26



                                                CAPITULO III



3.1 A relação entre Desenho e a Escrita




Alguns dados históricos alegam que o desenho nasceu primeiro que a escrita. Para
Widlöcher (1971), a escrita, historicamente, nasceu de um encontro entre a coisa
desenhada e a palavra. O desenho e a escrita são meios de comunicação e
expressão, com simultâneos elementos comuns, dentre eles o desenvolvimento da
aprendizagem.            „‟O desenho, todavia, possibilita uma leitura que ultrapassa a
linguagem individual de cada um, ao passo que a escrita é dependente da
linguagem‟‟ (REILY, 1990, p.66).




É sabido que o desenho é uma linguagem que a criança utiliza para representar o
que ela sabe e/ou sente. Sobre essa ‘’transcrição’’ em um papel, Moreira (2008)
afirma: „‟A criança desenha para registrar sua fala. Para escrever. O desenho é a
sua primeira escrita. Para deixar a sua marca, antes de aprender a escrever a
criança se serve do desenho‟‟(p. 20).




A escrita pode ser considerada como a representação da linguagem, assim como a
fala e o gesto, no caso das crianças é caracterizado na forma de desenhos. Todavia,
faz-se necessário a distinção entre „‟desenhar‟‟ e „‟escrever‟‟ sobre; Emília Ferrero
(2011), nos diz:



                              Ao desenhar se está no domínio do icônico¹; as formas dos grafismos
                              importam porque reproduzem a forma dos objetos. Ao escrever se está fora
                              do icônico: as formas do grafismo não reproduzem a forma dos objetos,
                              nem sua ordenação espacial reproduz o contorno dos mesmos. Por isso,
                              tanto a arbitrariedade das formas utilizadas como ordenação linear das
                              mesmas são as primeiras características manifestadas da escrita pré-
                              escolar‟‟(p. 22).

¹ Descrição gráfica de aspecto perceptível, ou com a aparência de algum elemento do conteúdo da mensagem.
27




No processo da construção da escrita, é possível ver uma notória relação entre o
limiar da escrita e o desenho infantil.       Ferrero (2011) faz uma analogia entre a
construção da escrita e a pictografia: a forma de escrita mais antiga, onde eram
representados objetos através do desenho, portanto, pode-se dizer que a escrita
começa como uma forma de desenho. Diante disso, Ferrero apud Luria (1998), nos
diz:




                     Linhas e rabiscos são substituídos por figuras e imagens, e estas dão lugar
                     a signos. Nesta sequencia de acontecimentos está todo o caminho do
                     desenvolvimento da escrita, tanto na historia da civilização como no
                     desenvolvimento da criança. (p. 154).




E mesmo sem ainda traçar exatos signos gráficos, os desenhos infantis são
marcados por suas espontâneas produções; talvez seja a forma mais natural da
criança compreender a natureza da escrita (seus rabiscos). Na fase pré-escolar, as
crianças „’escrevem’’ as palavras da maneira como imaginam que elas sejam. Emília
Ferrero considera que essa primeira escrita é um documento de grande estima, pois
cada uma delas tem as suas interpretações, que podem ser avaliadas. Diante disso,
pode-se dizer que:




                     Essas escritas infantis têm sido consideradas, displicentemente, como
                     garatujas, „‟puro jogo‟‟, o resultado de fazer „‟como se‟‟ soubesse escrever.
                     Aprender a lê-las – Isto é, a interpretá-las – é um longo aprendizado que
                     requer uma atitude teórica definida. Se pensarmos que a criança aprende
                     só quando submetida a um ensino sistemático, e que sua ignorância está
                     garantida ate que receba tal tipo de ensino, nada poderemos enxergar. Mas
                     se pensarmos que as crianças são seres que ignoram que devem pedir
                     permissão para começar a aprender, talvez comecemos a aceitar que
                     podem saber, embora não tenha sido dada a elas a autorização institucional
                     para tanto‟‟ (FERRERO, 2011, p. 20).




Para a autora, a criança constrói a sua noção sobre a língua escrita na interação
com o objeto (o que ocorre com o desenho). E como vimos acima, esse processo
rumo à alfabetização é uma conquista que a criança comete, na abrangência desta
28



natureza da escrita, do seu princípio. Acerca de seus estudos sobre a prática da
alfabetização infantil, Ferrero (2011, p.55) nos diz: „‟Sabemos, desde Luquet, que
desenhar não é reproduzir o que se vê, mas sim o que se sabe. Se este princípio é
verdadeiro para o desenho, com mais razão o é para a escrita ‟‟.




E concordando com essa ideia de Ferrero, a autora Ana Teberosky (2003, p.15) diz
que é possível notar essa apropriação do desenho com a escrita quando se pede
para uma criança que escreva determinada história e ela irá responder desenhando
alguma coisa relacionada ao que ela conhece da história.




Sabemos que para escrever, de maneira tradicional, são necessários lápis e papel,
itens comuns no cotidiano da criança que desenha. Esses itens além de serem
instrumentos de um exercício agradável e prazeroso, trazem benfeitorias para a
comunicação da criança. Para Lowenfeld (1977), o desenho é um meio pelo qual a
criança vai desenvolver suas relações e pensamentos. O ato de desenhar é uma
experiência essencial para seu aprendizado.




Sobre o desenvolvimento da aprendizagem infantil através dos desenhos como pré-
estágios da escrita, Mèredieu (2006: 10) nos diz que “A escrita exerce uma
verdadeira fascinação sobre a criança, e isso bem antes de ela própria poder traçar
verdadeiros signos‟‟.
29




3.2. Do desenho à Escrita Infantil




Seguindo a teoria construtivista da psicogênese da alfabetização, de Emília Ferrero -
psicolinguística dedicada à alfabetização- é necessário respeitar o ritmo de cada
criança, não inibindo seu contato com o „‟lápis e papel‟‟. Segundo a mesma, esta
proposta estabelece progressivamente as estruturas da inteligência infantil, partindo
do ponto do limiar da construção da escrita, onde é indispensável um número prévio
de experiências para o alcance da alfabetização.




Sobre essas experiências, Luria (1988) nos diz que a história da escrita na criança
começa muito antes da primeira vez em que o professor põe um lápis em sua mão e
lhe mostra como desenvolver letras. Para Luria, a criança, ao entrar na escola, já
possui um tipo de escrita de brincadeira, que é uma cópia imitativa dos movimentos
da mão de um adulto ao escrever, sem ainda nenhum significado ativo.




Os autores Viktor Lowenfeld e Brittain (1977) afirmam que as experiências gráficas
se iniciam através das garatujas e rabiscos, por meio dos desenhos de simples
riscos, e que estas experiências são um estagio de caráter expressivo para o
desenvolvimento da criança. „‟O primeiro rabisco é um importante passo para seu
desenvolvimento, pois é o inicio da expressão que conduzirá não só ao desenho e à
pintura, mas também à palavra escrita‟‟ (p. 115).




Esse desenvolvimento é uma das principais características do desenho nessa fase.
É através dos desenhos, do domínio do lápis e da ‘intimidade’ com os traços e
rabiscos que a criança começará a analisar e desenvolver mais facilmente a escrita
alfabética. Sinclair (1987, p. 77) afirma que „‟(...) existe uma evolução da garatuja ao
desenho, como linha evolutiva direta e reta, mas a escrita com derivação particular‟‟.
30




E seguindo a mesma linha de pensamento de Sinclair, os autores Santos & Sanson
(2005), salientam a imensa contribuição que os estudos de Emília Ferrero (2011)
trouxeram para a alfabetização infantil, pois eles consideram, através de uma
consciência critica, um universo que envolva a criança num contexto de
aprendizagem.

Diante disto, podemos perceber que os desenhos, como estágios no processo de
alfabetização infantil, são o pontapé inicial para que a criança aproprie-se,
gradativamente, da língua escrita. Todavia, é importante perceber e respeitar o ritmo
de desenvolvimento de cada criança, onde cada momento é assinalado por
determinado nível de aprendizagem, que é caracterizado pelos procedimentos,
representações ou atributos. Alguns autores, como Emília Ferrero (1998), Grossi
(1997) e Pillar (1996), regeram parte de suas indagações nos processos de
alfabetização infantil definindo os cinco níveis na psicogênese da alfabetização: pré-
silábico, Intermediário I, silábico, Intermediário II ou silábico-alfabético e alfabético.




3.2.1. Nível pré-silábico ou Nível I




Esse nível é caracterizado pelas crianças que, realmente, escrevem com desenhos.
As letras, até então, não apresentam nenhum significado, pois ainda não
compreendem que elas estão co-relacionadas com o som da fala. Logo, as letras,
números, símbolos e desenhos não apresentam diferença para a criança. „‟ A
criança pensa que letras e números são a mesma coisa, pois são sinais gráficos
muito parecidos para ela‟‟ (PILLAR, 1996, p. 59).




As Autoras Emília Ferrero e Ana Teberosky afirmam que a criança para, ler textos,
acredita que sejam necessários desenhos e figuras onde, através das ilustrações,
possa entender o que está ali. Nessa fase, de limiar da escrita, a criança desenha o
31



„‟nome‟‟ do objeto, ou sua hipótese, por exemplo: um desenho de uma flor e um
desenho de uma menina: Isso pode significar ser uma menina tão bonita como uma
flor, ou uma menina cheirando a flor...




A escrita, nessa fase, não é interpretável por outra pessoa, a não ser pela própria
criança, pois ela enleia o desenho com a escrita vista em seu repertório, não lhe
admitindo, ainda, conhecer o verdadeiro desígnio da escrita.




Para Grossi (1997), essas características linguísticas (letras, palavras, traços) não
são claramente definidas, são amalgamadas e por esta razão é necessário trabalhá-
las simultaneamente para que a criança, então, se familiarize com elas e comece a
esquematizar a sua distinção. As crianças que já apresentam essa distinção entre os
elementos começam a ter uma visão sincrética dos elementos que dirigem a
alfabetização. „‟Letras podem estar associadas a palavras inteiras, portanto,
representam um ente global, por exemplo, quando eles se referem á „minha letra‟,
isto é, à letra do seu nome. Por outro lado, uma página inteira de letras pode
corresponder a uma só palavra‟‟(p. 56). Grossi (1997), apresenta em seu livro
Didática da Alfabetização Ilustrações de desempenhos de crianças nas fases de
alfabetização.
32




Figura 1. Fonte: Claudiomiro, criança com 7 anos.

Claudiomiro, em seu desenho acima, „‟escreveu‟‟: gato, cavalo, borboleta, cão e gato
bebe leite, apenas com desenhos; esta é uma característica do Nível pré-silábico.
No mesmo Nível pré-silábico vemos, abaixo, o desempenho de Jaime, uma criança
de 6 anos e 8 meses, e Luiz Paulo, uma criança de 8 anos. Ambos apresentam em
sua „’escrita’’ desenhos figurativos, típicos dessa fase.
33




Figura 2. Fonte: Luiz Paulo, criança de 8 anos e Jaime, criança com 6 anos e 8meses.




Nessa fase a criança acredita que o nome dos objetos, os desenhos, são
proporcionais aos seus tamanhos reais, alheia a qualquer outra característica
(sonora ou realidade qualificada); é o que é chamado de „‟Realismo nominal‟‟,
expressão usada por Jean Piaget para denominar a concepção que a criança tem
em relação ao objeto.




Por exemplo, uma criança nessa fase acredita que a palavra ‘’pequeno’’ deve ser
menor que a palavra ‘’grande‟’. É possível notar essa característica nas ilustrações
34



acima, onde a ‘’palavra’’ borboleta desenhada pelas crianças Jaime e Claudiomiro é
visivelmente menor que a palavra cavalo.




3.2.2 Nível Intermediário I




Nesse nível a criança vai deixando gradativamente de utilizar os traços com aspecto
figurativo para utilizar sinais gráficos. Já consegue compreender que o desenho
difere da escrita convencional e consegue distinguir alguns traços de letras e de
números. “No nível intermediário I, a escrita começa a se desvincular das imagens e
os números podem se distinguir das letras, isto é, as concepções do nível-silábico
vão sendo questionadas á luz de ideias da vinculação da pronúncia com escrita‟‟
(GROSSI, 1997, p. 58).




É nessa fase que a criança esboça certa estabilidade na escrita, normalmente com
uma quantidade mínima de letras, em torno de três, pois ainda conserva o valor de
palavras com varias letras e diferentes umas das outras.




3.2.3 Nível Silábico




Nessa fase de nível silábico a criança já passa a estabelecer certa relação entre a
fala e a escrita, utilizando-se do grafismo e de outros símbolos. Suas
correspondências silábicas estão mais próximas da escrita convencional. ‘‟As letras
podem começar a adquirir valores sonoros (silábicos) relativamente estáveis, o que
a leva a estabelecer correspondência com o eixo qualitativo‟‟(FERRERO, 2011. p.
25). Uma das hipóteses deste terceiro nível é de que, para a criança, cada silaba
vai corresponder a uma letra, e uma letra corresponde a cada palavra. Neste
Sentido, pode-se dizer:
35




                        É muito comum ouvir as crianças dizendo que precisam escrever o número
                        de letras que corresponde à quantidade de vezes que abriram a boca para
                        falar. Isso confere uma sistemática à escrita da criança. Muitas vezes ela
                        “conta” os pedaços sonoros antes de escrever. Outras vezes,
                        principalmente no início dessa fase, a criança não prevê a quantidade de
                        letras que deve colocar na palavra, mas ao ler, como sua leitura já é
                        silábica, percebe que sobram elementos e decide apagá-los ou riscá-los.
                        (OÑATIVIA, 2009, p. 30)




Diante disso, Grossi (1997, p. 19) diz „‟ (...) é importante assinalar que, neste nível
silábico, a leitura e escrita começam a ser vistas como duas ações com certo tipo de
interligação coerente‟‟. Na figura abaixo, veremos o desenho de Luis Gustavo, uma
criança no nível silábico, que esboçou em seu desenho sinais gráficos aparentados
com letras.




Figura 3. Fonte: Luis Gustavo, criança com 7 anos.
36




3.2.4 Nível Intermediário II ou Silábico-Alfabético




Esse nível depara um momento em que a criança apresenta um certo conflito que
poderá fazê-la regredir para o nível intermediário I, caso ela não „‟abandone‟‟ o nível
silábico. Pois o nível intermediário II se caracteriza pela superação da hipótese
silábica (de que cada silaba corresponde a uma letra). Emília Ferrero (1998)
acredita que o período silábico-Alfabético assinala a passagem entre os esquemas
prévios a ponto de serem abdicados, e os esquemas futuros em vias de serem
construídos. Sobre esta linha de pensamento, Grossi (1997, p. 60) complementa: „‟A
experiência desta instabilidade é difícil de ser vivida, tanto pelo aluno como pelo
professor. Mas somente ela permite a passagem para o nível alfabético‟‟.




Doravante a esta dificuldade, Cagliari (1993) diz que, para começar a escrever, a
criança não necessita estudar nem conhecer a gramática, pois já domina a Língua
Portuguesa na sua modalidade Oral. Passando do nível Intermediário II,a sua futura
e possível, dificuldade será unicamente ortográfica, por ainda estar entrando em
contato com o alfabeto.




3.2.5 Nível Alfabético




Nesse momento existe uma „‟desconstrução‟‟ necessária de alguns elementos que
compõem o sistema de escrita. Os desenhos e rabiscos que deram um pontapé
inicial na escrita infantil deverão ser separados de forma mais clara para a criança,
pois nesse nível não poderá mais haver o desenvolvimento desordenado dos traços.
37




É o momento da estruturação dos elementos que compõem o sistema de escrita, de
um estagio significativo; será nesse momento que a criança conhecerá com mais
clareza e definição as letras, e irá começar a „juntá-las‟ na constituição das silabas.
É nesse momento que a criança desvenda que a silaba não representa uma única
unidade, como então era imaginado. E como é visto no desenho abaixo, de uma
criança no nível alfabético, que já consegue escrever com letras bem definidas.




Figura 4. Fonte: Noberto, uma criança de 7 anos.
38



Segundo Grossi (1997, p.62), é importante assinalar que a vivência deste nível
significa a etapa de vinculação de diversos elementos que antes estavam ou
amalgamados ou independentes. Esses elementos constituem agora o sistema de
escrita e leitura, no qual se relacionam mutuamente; “No entanto, desejamos
enfatizar que essas novas aprendizagens são posteriores a um fato fundamental,
qual seja o da estruturação primeira do sistema da escrita na cabeça do aluno,
vivido no nível alfabético da psicogênese da leitura e da escrita‟‟.




O desenvolvimento da criança acontece na escola e no âmbito em que vive; e
através de algumas leituras podemos conhecer diversos pontos que assinalam a
importância que o desenho infantil traz consigo, nesses dois momentos, no que se
refere à aprendizagem infantil. Para Vygotsky (1987, p. 134), o desenho é um meio
de expressão da criança e é considerado como uma linguagem indispensável para a
aquisição da linguagem escrita. „‟Desenhar e brincar deveriam ser estágios
preparatórios ao desenvolvimento da linguagem das crianças‟‟. Considerando que
por este motivo as crianças introduzidas neste meio assimilam com mais facilidade a
escrita alfabética. Diante deste pensamento, Moreira (2008), afirma que a suposta
perda do desenho é, visivelmente, a substituição de um código por outro, o que é
feito quando a criança entra na escola.
39



                                  CAPITULO IV



  4.1 Discussão



Através dos conteúdos sintetizados nos capítulos II e III deste trabalho foi efetuada
uma analogia dos autores estudados e de suas considerações sobre o fenômeno
deste estudo. O fim é situar o significado do desenho nos processos de
aprendizagem e desenvolvimento infantis. Num primeiro momento veremos o
desenho como uma produção da criança, gerada através de sua imaginação e
expressão. Moreira (2008); Lowenfeld (1970-1977), Pillar (1996) e Luquet (1969)
seguem essa linha de pensamento, incorporando ao desenho a representação e
interpretação do que a criança sabe, vê e vivencia no seu dia-a-dia. É o registro das
informações que cabem á criança, onde esta usa o desenho como um meio de
comunicação, meio que lhe é cultural, como é visto por Derdyck (1989), Paula e
Mendonça (2009) e Bessa (2010).



Num segundo momento, observaremos que desenho, também é acrescentado como
um fator de desenvolvimento da criança. O desenho é o reflexo da criatividade e
autonomia infantil, além de estimular o desenvolvimento social, cognitivo e motor,
itens que, segundo Jean Piaget (1973-1986), são característicos de um contínuo
processo de conhecimento e de aprendizagem da criança.



Diante das leituras feitas sobre o fenômeno objeto deste estudo, acreditamos que os
diversos autores que foram utilizados neste estudo concordam entre si no que diz
respeito ao desenho como estimulador do conhecimento e como um estágio do
desenvolvimento da futura escrita infantil. Diferem apenas pelos seus
aprofundamentos.



Para Jean Piaget (1973), o desenho infantil é uma manifestação semiótica ou
simbólica, pois o desenho é produzido – inicialmente- de forma involuntária, pelo bel
prazer da criança em rabiscar um papel, é uma brincadeira! Depois de algum tempo,
com um maior contato da criança com seu desenho é possível notar traços e
estruturas que são intencionais na representação do que ela conhece e deseja
registrar naquele momento, é a expressão da criança, do seu meio físico e social. O
autor Piaget acredita que de alguma forma a criança constrói conhecimentos, assim
como toda atividade lúdica que, nesse caso, é o desenho.
40




Seguindo essa linha de pensamento, Piaget (1986) e os estudiosos Lowenfeld
(1970) e Lev Vygotsky (1987-1988-2000) aderem, mais profundamente, à ideia do
desenvolvimento de traços e rabiscos como um facilitador e precursor da futura
escrita da criança, defendendo o desenho como o limiar do desenvolvimento gráfico,
numa espécie de ensaio preparatório.



Notamos que as ideias desses autores se assimilam em pontos comuns; eles partem
da ideia de que o desenho é como a escrita de palavras e frases, pois a criança
desenha o que pode ser visto, sentido e falado, assim como uma palavra escrita
num papel.



E, neste sentido, Vygotsky (1987) e Lowenfeld (1970) interpretam o desenvolvimento
e a produção do desenho através de um ponto de vista social, onde esse desenho é
a representação do que a criança sabe e/ou interpreta, é a manifestação da sua
autoexpressão, que leva ao desenvolvimento da capacidade criativa e intelectual da
criança.



Os autores Wallon e Lurcart (1979) e Reily (1990) acreditam que o desenho surge
através do que a criança já aprendeu, como a fala. Afirmam que essa linguagem
gráfica só nasce através da linguagem verbal. No esquema de que a escrita vem do
desenho que, por sua vez, depende da fala oral da criança.



Ana Angélica Moreira (2008), com seus estudos, irá nos expor que desenho, além
de prazeroso para a criança, é caracterizado como a sua primeira escrita, e assim
como Ana Teberosky (2003) acredita que existe uma disponibilidade do desenho
sobre a escrita, é o instrumento de comunicação que a criança utiliza, já que ela (a
criança) -ainda- não sabe escrever (escrita convencional), ela desenha! O desenho é
o registro de sua fala, é o meio que a criança tem para se comunicar com liberdade.
E em meio a suas análises, as autoras Moreira e Teberosky ainda acreditam ser
conveniente relacionar a ação da criança em desenhar no meio escolar, período da
alfabetização, pois o desenho e a escrita são espaços de linguagem, como também
é creditado por Emília Ferrero(2011).



Observamos que esses estudos apontam o desenho e a escrita como linguagem -
que mais se complementam do que diferem- pois é através dos rabiscos e traços
41



que a criança começa a produzir suas variadas representações gráficas, que vão se
apurando e evoluindo até atingir a escrita alfabética.



Desta forma, Luria (1988), Lowenfeld e Brittani (1977) e Sinclair (1987) direcionaram
seus pensamentos ao momento em que o desenho começa a ser um facilitador da
escrita infantil; logo, afirmam que a escrita da criança começa desde o momento em
que ela começa a desenhar seus primeiros traços, as garatujas. Ferrero (1998-
2011), Grossi (1997) e Oñatavia (2009) já direcionam seus estudos ligados ao
desenho infantil diretamente para o processo do desenvolvimento da aprendizagem
da criança na alfabetização e, assim como Mèredieu (2006), creditam ao desenho a
confiança e a compreensão que ela, a criança, precisa para entender a natureza da
escrita rumo à alfabetização.



Sobre este inicial desenvolvimento da aprendizagem da criança, Emília Ferrero
(2011), que foi aluna de Jean Piaget, começa assimilando o desenho infantil com a
pictografia, uma escrita antiga representada pelo uso de desenhos; ela então
associa o desenho como o limiar da construção da escrita e observa a maneira
como a criança atribui essa escrita. Porém, a ideia principal de Ferrero diferencia-se
da ideia de Luria e Vygotsky (1998), que assinalam a escrita como uma ‘’técnica
sociocultural’’. Luria caracteriza a escrita através de duas funções: a mnemônica e a
comunicativa, não observando as funções ou subsídios que a escrita pode ocasionar
a um sujeito em desenvolvimento, como é feito nos estudos de Ferrero.



Ferrero (2011), não atribui ao desenho, nem à inicial escrita, as funções que elas
assumem sobre um ser adulto, como assim foi feito pelo psicólogo Luria (1988).
Logo, Ferrero (1998: 155), não tenta antecipar nenhum processo de
desenvolvimento do desenho infantil para algum avanço da escrita convencional; ela
confia serem viáveis apenas circunstâncias que colaborem para esse
desenvolvimento. „‟Mal poderia nessa época tratar de acelerar um processo que,
ainda, se desconhece‟‟. E é através dessa ideia que é notório perceber o
aprofundamento de Ferrero sobre o desenho infantil com a escrita inicial da criança.
Ferrero acredita que o ingresso da criança na escola interage com os
conhecimentos e as concepções prévias que a criança leva consigo, contribuindo
para seu desenvolvimento em sistemas silábicos.



Emília Ferrero (1998-2011), juntamente com Teberosky (2003), Pillar (1996) e Grossi
(1997), representam em fases a gradativa evolução do desenho que leva a
aprendizagem da criança até chegar aos signos gráficos aprendidos na pré-escola.
Essas fases são subdivididas em cinco níveis na psicogênese da alfabetização:
42




 Pré-silábico;

 Intermediário I;

 Silábico;

 Intermediário II ou Silábico-alfabético;

 Alfabético.
43




                              CONSIDERAÇÕES FINAIS




É sabido que o desenho é uma ação natural da criança, pois é uma forma criativa e
original que ela tem para expressar, seus sentimentos e conhecimento, inclusive
sobre si mesmo. O desenho nos consente descobrir dados sobre o temperamento e
o caráter da criança, assim como reconhecer as diferentes fases pelas quais ela
esta atravessando (Bédard; 1998). Com bases nas leituras realizadas, buscamos
identificar a contribuição do desenho infantil na aprendizagem e no desenvolvimento
da criança. Vimos que o desenho – a garatuja-mesmo surgindo de forma
espontânea, demonstra toda a autonomia e criatividade que há em uma criança.




Percebemos através da contribuição de vários autores que o desenho, além de ser
uma forma de expressão e comunicação da criança e, de contribuir para o seu
desenvolvimento, é uma espécie de estágio preparatório para a escrita alfabética. E
quando cultivado, contribui para que a criança aprenda a escrever, como é creditado
por Lev Vygotsky e Jean Piaget. Ao alcançar nossos objetivos, acreditamos ser
válido e estimulante estudar e conhecer os demais aspectos que envolvem o
desenho e o seu universo de significados e explorações.




Enquanto estudante de pedagogia acredita-se que, um estudo aprofundado do
desenho infantil irá ajudar o educador a compreender as várias etapas do desenho
produzido pela criança, assim como sua importância e benefícios no âmbito escolar,
se utilizado através de um caráter lúdico e educativo. Neste sentido vale ressaltar a
importância do educador no processo de desenvolvimento da criança, para que este
tenha como objetivo principal criar situações que promovam o conhecimento,
preservando a autenticidade e a liberdade de expressão infantil, sempre na busca de
uma aprendizagem significativa.
44




                                REFERÊNCIAS


A pesquisa na produção do conhecimento: Questões Metodológicas. Eccos
revista cientifica. Julho-dezembro. Vol7. nº 002 (UNINOVE), São Paulo, Brasil. 2005.
Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/pdf/715/71570202.pdf. Acesso:
30.05.2012

BÉDARD, Nicole. Como interpretar os desenhos das crianças. São Paulo: Editora
Isis Ltda. 1998.

BESSA, Valéria da Hora. Teorias da Aprendizagem. Curitiba: IESDE S.A, 2010.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização &Lingüística. 6º edição. São Paulo:
Scipione, 1993.

CASTORINA, José Antonio; FERRERO, Emilia; LERNER, Delia; OLIVEIRA, Marta
Kohl de. PIAGET-VYGOTSKY: novas contribuições para o debate. 5ª edição. Ed.
Ática: 1998.

DERDYCK, E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo
infantil. São Paulo: Scipione, 1989.

FERRERO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 26 ed. São Paulo: Cortez,
2011. Volume 6.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.3Ed. São Paulo: Atlas,
1991.

GROSSI, Esther Pillar. Didática da alfabetização: Didática do Nível Pré-silábico.
Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1997(p. 20 e 21).

GROSSI, Esther Pillar. Didática da alfabetização: Didática do Nível alfabético.
Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1997 (p. 22 e 24).

LIPMAN , Mathew. A filosofia vai à escola. 2ª ed. Summus, São Paulo, 1990.

LOWENFELD, V. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo:
MestraJou, 1970.

LOWENFELD, Viktor; BRITTAIN, W. Lambert. Desenvolvimento da capacidade
criadora. São Paulo, Editora Mestre Jou, 1977.
45




LUQUET, G. H. O desenho infantil. Porto, Ed; do Minho, 1969.

MEREDIEU, Florence. O desenho Infantil. 11ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2006.

MERLEAU-PONTY,Maurice. Merleau-Ponty na Sorbone. Resumo de cursos
filosofia e linguagem.Campinas: Papirus, 1990.

MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: A educação do
educador. 12 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2008.

OÑATIVIA, Ana Cecília. Alfabetização em três propostas: Da teoria à prática.
São Paulo: Ática, 2009.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: ARTE / Ministério da educação.
Secretaria da educação básica. Volume 6; Brasília, 2001.

PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira de; MENDONÇA, Fernando Wolff. Psicologia
do Desenvolvimento. 3 ed. Curitiba :IESDE Brasil S.A, 2009.

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. 3ª edição ed. Guanabara
kooganS.A ; 1973.

PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. Colecção: Plural, nº 10.
1971, Delachaux&Niestlé S.A I. a Ed: Outubro 1986.

PILLAR, A. D. P. Desenho e construção de conhecimento na criança. Porto
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REILY, Lúcia H.Atividades de artes plásticas na escola: Hoje é meu dia, dona
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SANTOS, C.M.C dos & J.M de S. SANSON. Descobertas & Relações -
Alfabetização. Cibele Mendes Curto dos Santos e Josiane Maria de Souza Sanson.
2ª EDIÇÃO. São Paulo: Editora do Brasil. 2005.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico – 21ed.
Revisada e ampliada. São Paulo: Cortez, 2000.

SINCLAIR, Hermine. O desenvolvimento da escrita: avanços, problemas e
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TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a escrever. Perspectivas psicológicas e
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46



TEIXEIRA, Elizabeth. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da
pesquisa. 6ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

TIBURI, Marcia; CHUÍ, Fernando. Dialogo/Desenho. Editora Senac, São Paulo,
2010.

VIGOTSKY, L. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos
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VIGOTSKY, L. S., LURIA, A. R. & LEONTIEV, A. N. Linguagem, Desenvolvimento
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VYGOTSKY, Lev. S. Imaginación y El arte em La infância. México: Hispanicas
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VYGOTSKII; LURIA; LEONTIV.Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem.
São Paulo; Ícone Editora& Editora da USP. 1988.

WALLON, Henri; LURCART, L. El dibujo Del personaje por El niño. Em Xerox s/d.
Ensaio de psicologia comparada. Lisboa: Moraes Editores, 1979.

WEIL, Pierre, A criança, o lar e a escola. Editora Vozes_ 21ed. - Petrópolis, 2000.

WIDLÖCHER, Daniel, Interpretação dos desenhos infantis. Rio de Janeiro:
Vozes. 1971.

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O Significado do Desenho na Aprendizagem Infantil

  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA ERICA CAVALCANTE O SIGNIFICADO DO DESENHO NOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E DE DESENVOLVIMENTO INFANTIS SENHOR DO BONFIM-BA 2012
  • 2. 2 ERICA CAVALCANTE O SIGNIFICADO DO DESENHO NOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E DE DESENVOLVIMENTO INFANTIS Monografia apresentada ao Departamento de Educação-Campus VII, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Orientador: ProfºDrº Gilberto Lima dos Santos SENHOR DO BONFIM-BA 2012
  • 3. 3 ERICA CAVALCANTE Monografia apresentada ao Departamento de Educação-Campus VII, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia Aprovada em 17 de Agosto, de 2012. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Profº Drº Gilberto Lima dos Santos Universidade do Estado da Bahia – UNEB Orientador _____________________________________________________ Prof _________________________________ Universidade do Estado da Bahia – UNEB Examinadora (a) _____________________________________________________ Prof____________________________ Universidade do Estado da Bahia – UNEB Examinador (a)
  • 4. 4 A meus irmãos Everton e Helder.
  • 5. 5 Primordialmente a Deus! A meu marido, Alexandre, a quem tanto amo! A meu Orientador Gilberto, pelo constante estímulo e pela sua singular paciência! E as minhas queridas parceiras de estágios, risos e sorvetes: Magali, Michelle e Vanessa. Muito Obrigada!
  • 6. 6 "Antes eu desenhava como Rafael, mas precisei de toda uma existência para aprender a desenhar como as crianças”. (Picasso)
  • 7. 7 RESUMO Este estudo tem por tema o desenho Infantil e como objetivo uma analise da importância do desenho na aprendizagem da criança, bem como a sua possível contribuição ao desenvolvimento inicial da grafia infantil. Trata-se, portanto, de um estudo de cunho teórico que utilizou como método de pesquisa um levantamento bibliográfico. Suas bases são os estudiosos que abordam o fenômeno em foco, possibilitando entender e avaliar a sua importância. Alguns autores como Mèredieu (2006), Lowenfeld (1970), Luquet (1969), Vigotsky (2000), Widlöcher (1971), Pillar (1973) e Derdyck (1989) nos ajudaram a compreender o espaço do desenho no desenvolvimento infantil, as suas concepções e atribuições. E outros autores como Piaget (1973), Bessa (2010), Cagliari (1993), Ferrero (2011), Teberosky (2003), Grossi (1997) e Sinclair (1987) esboçaram em seus estudos a relação do desenho com o desenvolvimento cognitivo e social da criança e a sua real associação e contribuição para o desenvolvimento da escrita infantil. Todos os autores citados assinalaram as idéias e as características que norteiam o desenho infantil. Como resultado, encontramos o reconhecimento da importância do tema, citado e identificado por respeitáveis estudiosos que ressaltaram a seriedade e a contribuição do desenho para o desenvolvimento infantil, como meio de comunicação que ajuda a criança a expor sua imaginação e expressão, auxiliando o entendimento da natureza da escrita alfabética através do registro, facilitando assim o desenvolvimento da aprendizagem e a futura aquisição da escrita infantil. Palavras-Chave: Desenho Infantil, Grafismo, Aprendizagem, Desenvolvimento.
  • 8. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA FONTE PÁGINA 01 Imagem do livro: A didática do Nível pré-silábico 32 02 Imagem do livro: A didática do Nível pré-silábico 33 03 Imagem do livro: A didática do Nível Alfabético 35 04 Imagem do livro: A didática do Nível Alfabético 37
  • 9. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10 1. CAPITULO I 15 1.1. Delineamento Metodológico 15 1.1.2. Procedimento de Coleta de Dados 16 1.1.3. Procedimento de Análise de Dados 17 2. CAPITULO II 19 2.1. O Desenho 19 2.2. A importância do desenho para o conhecimento da criança 21 2.3. O desenho e sua percepção verbalizada 23 3. CAPITULO III 26 3.1. A relação entre o Desenho e a Escrita 26 3.2. Do desenho a Escrita Infantil 29 3.2.1. Nível Pré-silábico ou Nível I 30 3.2.2. Nível Intermediário I 34 3.2.3. Nível Silábico 34 3.2.4. Nível Intermediário II ou Silábico-Alfabético 36 3.2.5. Nível Alfabético 36 4. CAPITULO IV 39 4.1. Discussões 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS 43 REFERÊNCIAS 44
  • 10. 10 INTRODUÇÃO Desde a pré-história, de forma bem rudimentar, vários desenhos eram feitos nas paredes das cavernas. Mesmo sem conhecer a escrita formal, os primórdios já transmitiam suas informações através de uma representação cultural, onde cada desenho era um símbolo de determinados objetos e/ou acontecimentos, identificando as prováveis palavras de sua língua e iniciando, por sua vez, uma primitiva comunicação. A comunicação descreve acontecimentos e características. Hoje, uma das principais representações da nossa comunicação é a escrita; um instrumento essencial para a decodificação da língua, que veio se desenvolvendo quando a representação da simbologia passou a ser reproduzida de uma forma gráfica. Os desenhos deram inicio a uma linguagem informativa, que é caracterizada pela representação. É o primeiro registro que uma criança faz em um papel, na sua forma de comunicação e expressão, representando o seu modo de pensar e as suas sensações; são os seus conhecimentos além de uma exata intenção. Neste sentido pode-se dizer que: Seja no significado mágico que o desenho assumiu para o homem das cavernas, seja no desenvolvimento do desenho para a construção dos maquinários no início da era industrial, seja na função de comunicação que o desenho exerce na ilustração, na história em quadrinhos, o desenho reclama a sua autonomia e sua capacidade de abrangência como meio de comunicação, expressão e conhecimento (DERDYCK, 1989. p. 29). Os traços e rabiscos da criança são a expressão do seu ‘’mundo’’, numa simples imitação da maneira de como ela o interpreta no seu modelo particular. É um espaço criado por uma linguagem transcrita, que é assinalado pela união da imaginação e das coisas que a criança sente, vê e vivencia no seu dia a dia. Como afirma Moreira (2008):
  • 11. 11 O que se pode perceber é que no ato de desenhar, pensamento e sentimento estão juntos. Pois também é possível constatar que as crianças, com algum comprometimento a nível intelectual, apresentam acentuado comprometimento no desenho (p.24). Os desenhos estão ligados a uma arte infantil, numa estrutura psicológica que estimula a expressão e as emoções da criança, pois é o momento em que ela esta aberta a se autodescobrir, através de simples ações como pensar, inventar, sentir e imaginar. Lipman (1998) afirma que as crianças, assim como todo mundo, esperam por uma vida carregada de experiências que sejam ricas e significativas. E é diante disso, que podemos perceber a importância que a arte do desenho tem para a integração da identidade infantil. Os autores Tiburi e Chuí (2010), ressaltam que o desenho é uma arte que se encontra dentro da vida humana, pois o ser humano é um animal que desenha, e no ato de desenhar, descobri que desenha. Logo, o desenho é a ponderação e representação sobre si mesmo. É Interessante observar, que esses aspectos que envolvem o desenho infantil estão intimamente ligados ao desenvolvimento da criança, seja como veículo de autoexpressão ou de incremento da capacidade representativa, como é salientado por Lowenfeld (1977). E assim como a brincadeira, ao desenhar, a criança também representa a sua realidade, transformando-a de acordo com a sua vontade. Ela brinca de desenhar e tem prazer com sua produção, sucumbindo uma atividade lúdica. Desta forma, Moreira (2008), nos diz que a criança desenha brinquedos e brinca com os desenhos. Assim sendo, alguns desenhos também refletem muita sensibilidade e uma correlação com a personalidade da criança. As crianças que apresentam dificuldade ou timidez com a comunicação verbal descobrem mais facilidade em expressar-se através dos desenhos, ao invés das palavras. O que não se pode perder de vista é a extraordinária contribuição e importância que o desenho pode trazer para o desenvolvimento global da criança, e é através desse
  • 12. 12 envolvimento e transparência que a criança tem com seus desenhos que acreditamos ser possível descobrir um caminho pedagógico que a leve a interagir com as suas aquisições, num processo contínuo de desenvolvimento e aprendizagem. Como salienta Piaget (1973): Aprendizagem é o processo de apropriação da experiência acumulada historicamente, permitindo que cada indivíduo desenvolva capacidades e habilidades, adquirindo características humanas, desta maneira o mesmo é compreendido como sujeito ativo, tanto no processo de socialização como no de aprendizagem (p. 49). O limiar dessa aprendizagem se dá nas séries iniciais, onde o conhecimento acontece sobre várias situações, num processo integrado entre pensar, sentir, agir e falar, onde a criança passa a expandir, gradativamente, as suas expressões e ideias garantindo, assim, uma parte significativa do seu desenvolvimento. Sobre a aprendizagem com desenhos, Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001), dizem: A educação com desenhos deve considerar a complexidade de uma proposta educacional que leve em conta as possibilidades e os modos de os alunos transformarem seus conhecimentos em arte ou vice-versa; ou seja: o modo como aprendem, criam e se desenvolvem (p.49). Logo, podemos caracterizar a aprendizagem como um dos principais aspectos para a constituição da identidade do ser humano. Onde, nas séries iniciais, a comunicação com o desenho pode contribuir para este desenvolvimento. Para Weil (2000, p. 49), a função essencial do professor é ajudar a criança a desenvolver os seus conhecimentos e a sua personalidade. Partindo deste pressuposto, a experiência que a criança tem com o desenho infantil e a sua utilização pode ser usada como uma poderosa arma para cunhar o desenvolvimento do seu conhecimento. Para Pillar (1996), a criança, quando desenha, inter-relaciona seus conhecimentos, sejam eles objetivos ou imaginários.
  • 13. 13 Convém enfatizar a importância do desenho infantil na pré-escola, fase inicial da criança, visto que o desenho estabelece o espaço em que a expressão da criança passa a ter liberdade, como uma forma de linguagem, comunicação e desenvolvimento. Discutir e avaliar sobre a importância que o desenho infantil proporciona no desenvolvimento infantil não é uma tarefa fácil, considerando que a inspiração da criança parte de um significado particular, numa integração entre sentir, pensar e fazer, onde interpretações não apontam para uma singular direção. A busca da importância da manifestação do desenho infantil no seu processo educativo vai além do simples ensino escolar, visto que abarca o próprio conhecimento humano. O desenho envolve diferentes operações que se correlacionam com estímulos e aspectos que dão início a um processo gradativo de desenvolvimento. E é na pré-escola que a criança deixa as garatujas por traços que vão aprimorando o seu sistema de representação gráfica, num processo de desenvolvimento. É uma característica que possibilita referenciar o desenho como precursor da escrita, como é salientado por Vygotsky (1987). O objetivo geral deste estudo é:  Analisar e caracterizar o significado do desenho nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento infantis, a partir dos diversos aportes teóricos que o abordam.
  • 14. 14 E os Objetivos específicos são: o Realizar uma leitura crítica das contribuições existentes na literatura que tomam o desenho como representação inicial de comunicação da criança. o Caracterizar a compreensão do desenho infantil, relacionado à aprendizagem, apresentada por diversos pesquisadores. o Identificar como o desenho infantil pode contribuir e auxiliar na aprendizagem infantil e no subseqüente desenvolvimento.
  • 15. 15 CAPITULO I 1.1 Delineamento Metodológico O presente trabalho é um estudo de caráter teórico que visa considerar e situar, através de uma visão crítica, o desenho infantil - fenômeno principal deste estudo. Trata-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica, que assume como objetivo geral caracterizar a importância dos desenhos no desenvolvimento infantil. Buscou-se através da analise dos conteúdos do fenômeno deste estudo, obter, além da organização de ideias, uma maior compreensão do desenho infantil no contexto da aprendizagem e do desenvolvimento do grafismo infantil. Diante deste processo, Severino (2000) nos diz que uma documentação temática se completa pela documentação bibliográfica. „‟A documentação bibliográfica deve ser realizada paulatinamente, à medida que o estudante toma contato com os livros ou com os informes sobre os mesmos‟‟(p. 39). O delineamento do método se fez necessário para que se pudesse entender e organizar os conhecimentos, assim como desenvolver as considerações que foram sucumbidas nesta pesquisa através de um caminho. ‘‟A pesquisa deve começar por uma reflexão sobre determinadas informações, que se transformam em dado imediato, e ir apanhando os diversos elementos deste universo sensível, suas varias determinações e significações‟‟ (ECCOS, 2005). Desta forma, considerando a característica descritiva deste estudo, tentamos buscar os subsídios necessários para fundamentar o fenômeno. „‟Assim, o conhecimento científico exige a utilização de métodos, processos e técnicas especiais para analise, compreensão e intervenção da realidade‟‟ (TEIXEIRA, 2009, p. 85)
  • 16. 16 1.1.2 Procedimentos de coleta de dados Para o desenvolvimento deste estudo foram, então, utilizados livros e revistas cientificas como aporte teórico para entendermos a abordagem realizada por diversos estudiosos do fenômeno. Alguns livros foram encontrados na biblioteca da Universidade do Estado da Bahia, Campus VII; outros textos foram buscados em bases de dados disponíveis na Internet, para subsidiar essa pesquisa de cunho teórico. „‟A pesquisa é desenvolvida mediante o curso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos‟‟ (GIL, 1991, p.19). E para o levantamento destes foram utilizados os seguintes descritores: Desenho; Desenvolvimento Infantil, Escrita infantil; Grafismo. Neste trabalho optou-se por autores e estudiosos que direcionaram seus estudos para o desenvolvimento infantil, escrita infantil e desenhos, focando uma circunscrição e discussão dos aspectos em que o desenho produzido por crianças auxilie em sua aprendizagem e em seu desenvolvimento. As concepções e conceitos básicos foram desenvolvidos tendo como referência os estudos dos seguintes Autores Clássicos:  O Suíço Jean Piaget, que se dedicou ao estudo do desenvolvimento intelectual, aos fatores sociais e aos métodos de aquisição do conhecimento da criança, desde o seu nascimento.  Lev Semenovich Vygotsky, que estudou os meios que pudessem levar a criança a desenvolver as suas habilidades cognitivas, seu desenvolvimento e sua aprendizagem através de experiências que são cronologicamente infantis.
  • 17. 17  Viktor Lowenfeld, que ressalta a importância da expressão artística da criança para o seu desenvolvimento, creditando ao desenho a experiência necessária para o desenvolvimento da capacidade intelectual infantil.  Georges-Henri Luquet, que estudou o desenvolvimento da comunicação humana e procurou compreender no desenho da criança as suas intenções e interpretações.  E as autoras Ana Cecília Oñativia, Esther Grossi e Emília Ferrero que contribuíram através de seus estudos, para que pudéssemos entender a relação do desenho com o limiar da escrita infantil, através das fases da Alfabetização. A despeito disso, foram necessárias e efetivamente utilizadas as contribuições de alguns autores Contemporâneos, como: Bessa; Mèredieu; Pillar; Wallon; Cagliari; Moreira; Derdyck; Reily; Sinclair, Widlöcher; Merlau-ponty; Paula e Mendonça, dentre outros; para o desenvolvimento deste trabalho e para a compreensão do fenômeno focado. 1.1.3 Procedimentos de Análise de dados Através das leituras realizadas, as informações e os conceitos obtidos foram organizados de acordo com itens ou categorias, distribuídas nos capítulos II e III, para a melhor compreensão do fenômeno deste estudo, conforme segue: Capitulo II 1. O desenho 1.2 A importância do desenho para o desenvolvimento da criança
  • 18. 18 1.3 O desenho e sua percepção verbalizada Capitulo III 1. A relação entre o desenho e a escrita 1.2 Do desenho à escrita infantil 2. Nível pré-silábico ou Nível I 3. Nível intermediário I 4. Nível Silábico 5. Nível Intermediário II ou Silábico Alfabético 6. Nível Alfabético
  • 19. 19 CAPITULO II 2.1 O desenho O desenvolvimento do desenho é processado pelas etapas em que a criança apresenta seu jeito de se instituir no mundo. Para Piaget (1973), a criança primeiramente conhece o objeto, até preponderar uma ação com relação a este objeto, em contínuos movimentos de equilibração, o chamado período sensório- motor; essa ação passa a ser suprida pela reprodução, numa forma de assimilação. Essa assimilação é, ao mesmo momento, reprodutora e reconhecedora. O desenho é como um fruto da interação da criança com determinado objeto; ela estabelece seu conhecimento acerca do mesmo, não desenhando exatamente o que se vê, mas o que a sua estrutura mental admite. Dessa forma o desenho não é o resultado de uma relação direta com o objeto, mas a interpretação que a criança tem sobre ele. Segundo Merleau-ponty, (1990, p.130):“O desenho é uma intima ligação do psíquico e do moral. A interação de desenhar tal objeto não é senão o prolongamento e a manifestação da sua representação mental; o objeto representado é que, neste momento, ocupará no espírito do desenhador um lugar exclusivo ou preponderante‟‟. Em limiar, o desenho infantil é produzido de forma involuntária, a criança desenha sem intencionalidade de fazer exata ou determinada imagem, pois ela sabe que seus traços podem representar qualquer outro objeto. Piaget (1973) ratifica que no estagio inicial do desenvolvimento gráfico a criança não apresenta uma fase de simbolismo, ela repete traços pelo simples prazer que tem de brincar, de desenhar, em atividades motoras adquiridas.
  • 20. 20 Diante desta fase em que as crianças começam a desenhar, Vygotsky (1988) diz: As crianças pequenas comentam em voz alta sobre a cor do lápis que irão utilizar, os traços que irão fazer, o que pretendem desenhar – enfim, descrevem o processo que irão realizar. No entanto, elas dão nome aos desenhos somente depois de completá-los, pois têm necessidade de ver primeiro antes de decidir o que o desenho significa. Diferentemente, as crianças maiores, antes de desenhar, já conseguem planejar e nomear o que vão fazer (p. 61-62). O desenho intencional só se inicia a partir do momento em que a criança já adota alguns de seus traços e a estrutura de um objeto real. É na etapa do desenho voluntário que a criança passa a ter a intenção de representar no seu desenho tudo o que aspira. Luquet (1969), como um dos primeiros estudiosos a se interessar pelo desenho, afirma que o quê e como a criança desenha estão no aspecto do sujeito da ação. É a fase onde a ação é provida pela representação, e inicialmente se prevalece à ação em relação aos objetos que são conhecidos pela criança. Similar ao brincar, pois se caracteriza, primeiramente, pelo exercício da ação. O desenho passa a ser cotado como tal a partir do reconhecimento da criança sobre o traço que realizou. Sobre os traços reconhecidos pela criança, Piaget (1973) ressalta que essa ação é uma fonte de conhecimento; quanto mais intensa é essa ação da criança, maior é a sua apropriação. Fazendo uma analogia com a teoria de Piaget, as autoras Paula e Mendonça (2009) dizem: O conhecimento, portanto, procede da ação e, desta forma, toda ação que se generaliza por aplicação a novos objetos gera um esquema, uma espécie de conceito prático. O que constitui conhecimento não é apenas uma simples associação entre objetos, mas a assimilação dos objetos ao esquema do indivíduo. [...] A partir da assimilação dos objetos, a ação e o pensamento se acomodam a estes, reajustando-se (p. 93).
  • 21. 21 2.2. A importância do desenho para o conhecimento da criança O limiar da vida de uma criança apresenta momentos decisivos para o seu desenvolvimento, pois é durante este período que a criança desenvolve alguns moldes de aprendizagem através de suas atitudes. Esse período de autoexpressão, vem normalmente seguido das garatujas, uma fase entre os 2 e 4 anos, ato este que contribui intensamente no seu desenvolvimento, pois é um dos meios em que a aprendizagem infantil é estimulada. Lowenfeld (1970) nos diz que os primeiros rabiscos têm um admirável facilitador no desenvolvimento infantil, pois é o inicio da expressão que conduzirá a palavra escrita. Os traços que uma criança faz num papel noticiam o que ela sente e pensa sobre as coisas, e ela o faz de maneira prazerosa, brincando. Logo, é difícil idealizar uma criança que não goste ou que jamais tenha desenhado; Sobre o desenho infantil, Moreira (2008), afirma: Toda criança desenha. Tendo um instrumento que deixe uma marca: a varinha na areia, a pedra na terra, o caco de tijolo no cimento, o carvão nos muros e calçadas, o lápis, o pincel com tinta no papel, a criança brincando vai deixando a sua marca. Desenhando, cria em torno de si um espaço de jogo, seguido de comentários e canções, mas sempre um espaço de criação. A criança desenha para brincar (p.15). A criança, desde muito pequena, já começa a registrar seus primeiros traços num papel, antes mesmo do seu ingresso na escola. “O desenho em si já se faz presente em sua vida, através de desenhos infantis na televisão, desenhos de amigos, irmãos, do pai ou da mãe, em livros para colorir e/ou nas mais variadas formas de representação gráfica‟‟. O ambiente que as cerca foi constituído historicamente, para a criança estabelecer os conceitos sobre o mundo ao seu redor, e ela precisa interagir com esse mundo e suas representações‟‟ (PAULA; MENDONÇA, 2009, p. 68).
  • 22. 22 Sobre este “mundo’‟ comum à cultura infantil, Wallon e Lurcart (1979) nos dizem que a importância dos desenhos está nos esquemas representacionais, que são fornecidos principalmente pelo meio exterior, de maneira cultural, e produzidos a partir dos desenhos aprendidos (vendo o desenho de outras crianças, desenhos animados ou histórias em quadrinhos). Piaget (1973) considera que o conhecimento da criança resulta na sua interação e ação com o ambiente em que vive. Todo conhecimento é uma espécie de edificação que vai sendo ordenado desde a infância, por meio de interações do sujeito com os objetos que busca conhecer, sejam eles do mundo físico ou do mundo cultural. Sobre os aspectos culturais, Vygotsky (1988) ressalta que é por meio desses processos de interiorização que as crianças começam a controlar o ambiente e o próprio comportamento. São esses aspectos que geram novas relações sociais que compõem a estrutura para a formação do intelecto. Bessa (2010, p. 69) beneficia-se dos estudos de Vygotsky (1988) para salientar que a aprendizagem pode ser determinada, como o despertar de processos de desenvolvimento no interior do sujeito, o que não ocorreria sem o seu contato com um ambiente cultural. Diante disso: “(...) a criança que desenha presentifica constantes movimentos de recriação e reinterpretações de informações, conceitos e significados. Desenvolvendo seu conhecimento e aprendizagem a partir das aquisições e experiências‟‟(BESSA apud VYGOTSKY,2010, p 71). O desenho é como produto do que a criança vê e sente, e é utilizado por meio da memória, o que garante a sua imaginação. Vygotsky (2000) afirma que o desenho, assim como o brinquedo, participa deste aspecto em comum que é a função simbólica, pois é a partir de então que se inicia o desenvolvimento da aprendizagem.
  • 23. 23 Sobre o desenvolvimento da aprendizagem, Lev Vygotsky enfatiza que a brincadeira e os desenhos estão relacionados ao desenvolvimento da linguagem escrita. “Brincar e desenhar devem ser estágios preparatórios ao desenvolvimento da linguagem escrita. O desenho constitui uma passagem do gesto à imagem, o que caracteriza a representação gráfica. O desenho é precedido pela garatuja, fase inicial do grafismo‟‟ (VYGOTSKY, 2000. p. 134). Sendo assim, o desenho é como a primeira escrita da criança. Para Piaget (1986) é o limiar do caminho para que a criança evolua juntamente com seu desenho, seguindo em caminho da escrita, que já então é compreendida, pela criança, como a representação mais apropriada do que se pensa e se fala. Através desse desenvolvimento a criança vai construindo suas interações por meio do seu desenvolvimento motor, cognitivo e social; como é visto por Vygotsky (1988), que ressalta que o desenvolvimento por meio do desenho começa quando a criança já está habituada a falar; logo, o desenho é uma linguagem gráfica que vem depois da linguagem verbal. 2.3 O desenho e sua percepção verbalizada A linguagem falada é comumente usada como um meio de comunicação, nos permitindo traduzir e expressar o que se sente e o que se sabe. Vigotsky (2000, p. 24), em estudo sobre a percepção e atenção no desenvolvimento infantil – A formação social da mente – observou que a fala adota o desenho como uma atividade prática e especifica, fazendo uma ligação entre as garatujas e o seu significado. „‟O desenho é uma linguagem gráfica que surge tendo por base a linguagem verbal (...) é possível presenciar a fala como um elo intermediário entre o desenho e a ação da criança em produzi-lo‟‟.
  • 24. 24 E complementa: “O desenho começa quando a linguagem falada já alcançou grande progresso e já se tornou habitual à criança (...) a fala predomina no geral e modela a maior parte da vida interior, submetendo-se a suas leis. Isso inclui o desenho. ‟‟(VYGOTSKY, 1987. P. 24). Para Wallon e Lurcart (1979), é factual que os desenhos passam a ser concebidos a partir de reproduções aprendidas, como as palavras. A criança utiliza-se da fala para que seu desenho seja identificado, inclusive ele próprio. Essa ação seguida da fala está construída em um campo visual, assinalando o comportamento infantil. “A fala da criança é tão importante quanto a ação para atingir um objeto, as crianças não ficam simplesmente falando o que elas estão fazendo, sua fala e ação fazem parte de uma mesma função psicológica‟‟ (VIGOTSKY, 2000. p. 34); A fala e a ação, de formas coordenadas, formam uma linguagem, uma forma de comunicação da criança; é a sua maneira ordenada que elas encontram para planejar uma ação. É visível notar essa ordenação quando as crianças se aproveitam da fala para a atuação do que estão desejando realizar. Vygotsky (1988, p. 62-63) analisa que na fase em que as crianças pequenas começam a desenhar elas comentam em voz alta sobre a cor do lápis que irão utilizar; os traços que irão fazer, o que pretendem desenhar enfim, descrevem o processo que irão realizar. No entanto, elas dão nome aos desenhos somente depois de completá-los, pois têm necessidade de ver primeiro o desenho pronto antes de decidir o que ele realmente significa. Diferentemente, as crianças maiores, antes de desenhar, já conseguem esquematizar e nomear o que vão fazer antes desse processo. Vygotsky considera que a fala acompanha as ações das crianças pequenas, a fala irá anteceder uma ação. Inicialmente a criança desenha e escuta os seus próprios comentários. Sobre tal procedimento, Vygotsky (2000) diz:
  • 25. 25 Inicialmente a fala segue a ação, sendo provocada e dominada pela atividade. Posteriormente, entretanto, a fala se desloca para o inicio da atividade, surge uma nova relação entre palavra e ação. Neste instante a fala dirige, determina e domina o curso da ação; surge à função planejadora da fala, além da função já existente da linguagem, de refletir o mundo exterior. (p. 38). A linguagem, como uma habilitação especialmente humana, capacita as crianças em seu desenvolvimento. A percepção verbalizada da criança faz parte de um sistema dinâmico do seu comportamento, comum no seu cotidiano e de imprescindível importância no seu desenvolvimento intelectual. „‟A fala adquire uma função sintetizadora, a qual, por sua vez, é instrumental para se atingirem formas mais complexas da percepção cognitiva.‟‟. (VIGOTSKY, 2000, p. 40). Vygotsky (1987, p. 47) afirma que o desenho infantil é tão natural quanto à fala.‘‟A criança que fala tem, dessa forma, a capacidade de dirigir sua atenção de uma maneira dinâmica‟‟E acrescenta: “(...) em todas as formas da criação literária, a arte da palavra, do falar é mais típica da idade escolar. ‟‟.
  • 26. 26 CAPITULO III 3.1 A relação entre Desenho e a Escrita Alguns dados históricos alegam que o desenho nasceu primeiro que a escrita. Para Widlöcher (1971), a escrita, historicamente, nasceu de um encontro entre a coisa desenhada e a palavra. O desenho e a escrita são meios de comunicação e expressão, com simultâneos elementos comuns, dentre eles o desenvolvimento da aprendizagem. „‟O desenho, todavia, possibilita uma leitura que ultrapassa a linguagem individual de cada um, ao passo que a escrita é dependente da linguagem‟‟ (REILY, 1990, p.66). É sabido que o desenho é uma linguagem que a criança utiliza para representar o que ela sabe e/ou sente. Sobre essa ‘’transcrição’’ em um papel, Moreira (2008) afirma: „‟A criança desenha para registrar sua fala. Para escrever. O desenho é a sua primeira escrita. Para deixar a sua marca, antes de aprender a escrever a criança se serve do desenho‟‟(p. 20). A escrita pode ser considerada como a representação da linguagem, assim como a fala e o gesto, no caso das crianças é caracterizado na forma de desenhos. Todavia, faz-se necessário a distinção entre „‟desenhar‟‟ e „‟escrever‟‟ sobre; Emília Ferrero (2011), nos diz: Ao desenhar se está no domínio do icônico¹; as formas dos grafismos importam porque reproduzem a forma dos objetos. Ao escrever se está fora do icônico: as formas do grafismo não reproduzem a forma dos objetos, nem sua ordenação espacial reproduz o contorno dos mesmos. Por isso, tanto a arbitrariedade das formas utilizadas como ordenação linear das mesmas são as primeiras características manifestadas da escrita pré- escolar‟‟(p. 22). ¹ Descrição gráfica de aspecto perceptível, ou com a aparência de algum elemento do conteúdo da mensagem.
  • 27. 27 No processo da construção da escrita, é possível ver uma notória relação entre o limiar da escrita e o desenho infantil. Ferrero (2011) faz uma analogia entre a construção da escrita e a pictografia: a forma de escrita mais antiga, onde eram representados objetos através do desenho, portanto, pode-se dizer que a escrita começa como uma forma de desenho. Diante disso, Ferrero apud Luria (1998), nos diz: Linhas e rabiscos são substituídos por figuras e imagens, e estas dão lugar a signos. Nesta sequencia de acontecimentos está todo o caminho do desenvolvimento da escrita, tanto na historia da civilização como no desenvolvimento da criança. (p. 154). E mesmo sem ainda traçar exatos signos gráficos, os desenhos infantis são marcados por suas espontâneas produções; talvez seja a forma mais natural da criança compreender a natureza da escrita (seus rabiscos). Na fase pré-escolar, as crianças „’escrevem’’ as palavras da maneira como imaginam que elas sejam. Emília Ferrero considera que essa primeira escrita é um documento de grande estima, pois cada uma delas tem as suas interpretações, que podem ser avaliadas. Diante disso, pode-se dizer que: Essas escritas infantis têm sido consideradas, displicentemente, como garatujas, „‟puro jogo‟‟, o resultado de fazer „‟como se‟‟ soubesse escrever. Aprender a lê-las – Isto é, a interpretá-las – é um longo aprendizado que requer uma atitude teórica definida. Se pensarmos que a criança aprende só quando submetida a um ensino sistemático, e que sua ignorância está garantida ate que receba tal tipo de ensino, nada poderemos enxergar. Mas se pensarmos que as crianças são seres que ignoram que devem pedir permissão para começar a aprender, talvez comecemos a aceitar que podem saber, embora não tenha sido dada a elas a autorização institucional para tanto‟‟ (FERRERO, 2011, p. 20). Para a autora, a criança constrói a sua noção sobre a língua escrita na interação com o objeto (o que ocorre com o desenho). E como vimos acima, esse processo rumo à alfabetização é uma conquista que a criança comete, na abrangência desta
  • 28. 28 natureza da escrita, do seu princípio. Acerca de seus estudos sobre a prática da alfabetização infantil, Ferrero (2011, p.55) nos diz: „‟Sabemos, desde Luquet, que desenhar não é reproduzir o que se vê, mas sim o que se sabe. Se este princípio é verdadeiro para o desenho, com mais razão o é para a escrita ‟‟. E concordando com essa ideia de Ferrero, a autora Ana Teberosky (2003, p.15) diz que é possível notar essa apropriação do desenho com a escrita quando se pede para uma criança que escreva determinada história e ela irá responder desenhando alguma coisa relacionada ao que ela conhece da história. Sabemos que para escrever, de maneira tradicional, são necessários lápis e papel, itens comuns no cotidiano da criança que desenha. Esses itens além de serem instrumentos de um exercício agradável e prazeroso, trazem benfeitorias para a comunicação da criança. Para Lowenfeld (1977), o desenho é um meio pelo qual a criança vai desenvolver suas relações e pensamentos. O ato de desenhar é uma experiência essencial para seu aprendizado. Sobre o desenvolvimento da aprendizagem infantil através dos desenhos como pré- estágios da escrita, Mèredieu (2006: 10) nos diz que “A escrita exerce uma verdadeira fascinação sobre a criança, e isso bem antes de ela própria poder traçar verdadeiros signos‟‟.
  • 29. 29 3.2. Do desenho à Escrita Infantil Seguindo a teoria construtivista da psicogênese da alfabetização, de Emília Ferrero - psicolinguística dedicada à alfabetização- é necessário respeitar o ritmo de cada criança, não inibindo seu contato com o „‟lápis e papel‟‟. Segundo a mesma, esta proposta estabelece progressivamente as estruturas da inteligência infantil, partindo do ponto do limiar da construção da escrita, onde é indispensável um número prévio de experiências para o alcance da alfabetização. Sobre essas experiências, Luria (1988) nos diz que a história da escrita na criança começa muito antes da primeira vez em que o professor põe um lápis em sua mão e lhe mostra como desenvolver letras. Para Luria, a criança, ao entrar na escola, já possui um tipo de escrita de brincadeira, que é uma cópia imitativa dos movimentos da mão de um adulto ao escrever, sem ainda nenhum significado ativo. Os autores Viktor Lowenfeld e Brittain (1977) afirmam que as experiências gráficas se iniciam através das garatujas e rabiscos, por meio dos desenhos de simples riscos, e que estas experiências são um estagio de caráter expressivo para o desenvolvimento da criança. „‟O primeiro rabisco é um importante passo para seu desenvolvimento, pois é o inicio da expressão que conduzirá não só ao desenho e à pintura, mas também à palavra escrita‟‟ (p. 115). Esse desenvolvimento é uma das principais características do desenho nessa fase. É através dos desenhos, do domínio do lápis e da ‘intimidade’ com os traços e rabiscos que a criança começará a analisar e desenvolver mais facilmente a escrita alfabética. Sinclair (1987, p. 77) afirma que „‟(...) existe uma evolução da garatuja ao desenho, como linha evolutiva direta e reta, mas a escrita com derivação particular‟‟.
  • 30. 30 E seguindo a mesma linha de pensamento de Sinclair, os autores Santos & Sanson (2005), salientam a imensa contribuição que os estudos de Emília Ferrero (2011) trouxeram para a alfabetização infantil, pois eles consideram, através de uma consciência critica, um universo que envolva a criança num contexto de aprendizagem. Diante disto, podemos perceber que os desenhos, como estágios no processo de alfabetização infantil, são o pontapé inicial para que a criança aproprie-se, gradativamente, da língua escrita. Todavia, é importante perceber e respeitar o ritmo de desenvolvimento de cada criança, onde cada momento é assinalado por determinado nível de aprendizagem, que é caracterizado pelos procedimentos, representações ou atributos. Alguns autores, como Emília Ferrero (1998), Grossi (1997) e Pillar (1996), regeram parte de suas indagações nos processos de alfabetização infantil definindo os cinco níveis na psicogênese da alfabetização: pré- silábico, Intermediário I, silábico, Intermediário II ou silábico-alfabético e alfabético. 3.2.1. Nível pré-silábico ou Nível I Esse nível é caracterizado pelas crianças que, realmente, escrevem com desenhos. As letras, até então, não apresentam nenhum significado, pois ainda não compreendem que elas estão co-relacionadas com o som da fala. Logo, as letras, números, símbolos e desenhos não apresentam diferença para a criança. „‟ A criança pensa que letras e números são a mesma coisa, pois são sinais gráficos muito parecidos para ela‟‟ (PILLAR, 1996, p. 59). As Autoras Emília Ferrero e Ana Teberosky afirmam que a criança para, ler textos, acredita que sejam necessários desenhos e figuras onde, através das ilustrações, possa entender o que está ali. Nessa fase, de limiar da escrita, a criança desenha o
  • 31. 31 „‟nome‟‟ do objeto, ou sua hipótese, por exemplo: um desenho de uma flor e um desenho de uma menina: Isso pode significar ser uma menina tão bonita como uma flor, ou uma menina cheirando a flor... A escrita, nessa fase, não é interpretável por outra pessoa, a não ser pela própria criança, pois ela enleia o desenho com a escrita vista em seu repertório, não lhe admitindo, ainda, conhecer o verdadeiro desígnio da escrita. Para Grossi (1997), essas características linguísticas (letras, palavras, traços) não são claramente definidas, são amalgamadas e por esta razão é necessário trabalhá- las simultaneamente para que a criança, então, se familiarize com elas e comece a esquematizar a sua distinção. As crianças que já apresentam essa distinção entre os elementos começam a ter uma visão sincrética dos elementos que dirigem a alfabetização. „‟Letras podem estar associadas a palavras inteiras, portanto, representam um ente global, por exemplo, quando eles se referem á „minha letra‟, isto é, à letra do seu nome. Por outro lado, uma página inteira de letras pode corresponder a uma só palavra‟‟(p. 56). Grossi (1997), apresenta em seu livro Didática da Alfabetização Ilustrações de desempenhos de crianças nas fases de alfabetização.
  • 32. 32 Figura 1. Fonte: Claudiomiro, criança com 7 anos. Claudiomiro, em seu desenho acima, „‟escreveu‟‟: gato, cavalo, borboleta, cão e gato bebe leite, apenas com desenhos; esta é uma característica do Nível pré-silábico. No mesmo Nível pré-silábico vemos, abaixo, o desempenho de Jaime, uma criança de 6 anos e 8 meses, e Luiz Paulo, uma criança de 8 anos. Ambos apresentam em sua „’escrita’’ desenhos figurativos, típicos dessa fase.
  • 33. 33 Figura 2. Fonte: Luiz Paulo, criança de 8 anos e Jaime, criança com 6 anos e 8meses. Nessa fase a criança acredita que o nome dos objetos, os desenhos, são proporcionais aos seus tamanhos reais, alheia a qualquer outra característica (sonora ou realidade qualificada); é o que é chamado de „‟Realismo nominal‟‟, expressão usada por Jean Piaget para denominar a concepção que a criança tem em relação ao objeto. Por exemplo, uma criança nessa fase acredita que a palavra ‘’pequeno’’ deve ser menor que a palavra ‘’grande‟’. É possível notar essa característica nas ilustrações
  • 34. 34 acima, onde a ‘’palavra’’ borboleta desenhada pelas crianças Jaime e Claudiomiro é visivelmente menor que a palavra cavalo. 3.2.2 Nível Intermediário I Nesse nível a criança vai deixando gradativamente de utilizar os traços com aspecto figurativo para utilizar sinais gráficos. Já consegue compreender que o desenho difere da escrita convencional e consegue distinguir alguns traços de letras e de números. “No nível intermediário I, a escrita começa a se desvincular das imagens e os números podem se distinguir das letras, isto é, as concepções do nível-silábico vão sendo questionadas á luz de ideias da vinculação da pronúncia com escrita‟‟ (GROSSI, 1997, p. 58). É nessa fase que a criança esboça certa estabilidade na escrita, normalmente com uma quantidade mínima de letras, em torno de três, pois ainda conserva o valor de palavras com varias letras e diferentes umas das outras. 3.2.3 Nível Silábico Nessa fase de nível silábico a criança já passa a estabelecer certa relação entre a fala e a escrita, utilizando-se do grafismo e de outros símbolos. Suas correspondências silábicas estão mais próximas da escrita convencional. ‘‟As letras podem começar a adquirir valores sonoros (silábicos) relativamente estáveis, o que a leva a estabelecer correspondência com o eixo qualitativo‟‟(FERRERO, 2011. p. 25). Uma das hipóteses deste terceiro nível é de que, para a criança, cada silaba vai corresponder a uma letra, e uma letra corresponde a cada palavra. Neste Sentido, pode-se dizer:
  • 35. 35 É muito comum ouvir as crianças dizendo que precisam escrever o número de letras que corresponde à quantidade de vezes que abriram a boca para falar. Isso confere uma sistemática à escrita da criança. Muitas vezes ela “conta” os pedaços sonoros antes de escrever. Outras vezes, principalmente no início dessa fase, a criança não prevê a quantidade de letras que deve colocar na palavra, mas ao ler, como sua leitura já é silábica, percebe que sobram elementos e decide apagá-los ou riscá-los. (OÑATIVIA, 2009, p. 30) Diante disso, Grossi (1997, p. 19) diz „‟ (...) é importante assinalar que, neste nível silábico, a leitura e escrita começam a ser vistas como duas ações com certo tipo de interligação coerente‟‟. Na figura abaixo, veremos o desenho de Luis Gustavo, uma criança no nível silábico, que esboçou em seu desenho sinais gráficos aparentados com letras. Figura 3. Fonte: Luis Gustavo, criança com 7 anos.
  • 36. 36 3.2.4 Nível Intermediário II ou Silábico-Alfabético Esse nível depara um momento em que a criança apresenta um certo conflito que poderá fazê-la regredir para o nível intermediário I, caso ela não „‟abandone‟‟ o nível silábico. Pois o nível intermediário II se caracteriza pela superação da hipótese silábica (de que cada silaba corresponde a uma letra). Emília Ferrero (1998) acredita que o período silábico-Alfabético assinala a passagem entre os esquemas prévios a ponto de serem abdicados, e os esquemas futuros em vias de serem construídos. Sobre esta linha de pensamento, Grossi (1997, p. 60) complementa: „‟A experiência desta instabilidade é difícil de ser vivida, tanto pelo aluno como pelo professor. Mas somente ela permite a passagem para o nível alfabético‟‟. Doravante a esta dificuldade, Cagliari (1993) diz que, para começar a escrever, a criança não necessita estudar nem conhecer a gramática, pois já domina a Língua Portuguesa na sua modalidade Oral. Passando do nível Intermediário II,a sua futura e possível, dificuldade será unicamente ortográfica, por ainda estar entrando em contato com o alfabeto. 3.2.5 Nível Alfabético Nesse momento existe uma „‟desconstrução‟‟ necessária de alguns elementos que compõem o sistema de escrita. Os desenhos e rabiscos que deram um pontapé inicial na escrita infantil deverão ser separados de forma mais clara para a criança, pois nesse nível não poderá mais haver o desenvolvimento desordenado dos traços.
  • 37. 37 É o momento da estruturação dos elementos que compõem o sistema de escrita, de um estagio significativo; será nesse momento que a criança conhecerá com mais clareza e definição as letras, e irá começar a „juntá-las‟ na constituição das silabas. É nesse momento que a criança desvenda que a silaba não representa uma única unidade, como então era imaginado. E como é visto no desenho abaixo, de uma criança no nível alfabético, que já consegue escrever com letras bem definidas. Figura 4. Fonte: Noberto, uma criança de 7 anos.
  • 38. 38 Segundo Grossi (1997, p.62), é importante assinalar que a vivência deste nível significa a etapa de vinculação de diversos elementos que antes estavam ou amalgamados ou independentes. Esses elementos constituem agora o sistema de escrita e leitura, no qual se relacionam mutuamente; “No entanto, desejamos enfatizar que essas novas aprendizagens são posteriores a um fato fundamental, qual seja o da estruturação primeira do sistema da escrita na cabeça do aluno, vivido no nível alfabético da psicogênese da leitura e da escrita‟‟. O desenvolvimento da criança acontece na escola e no âmbito em que vive; e através de algumas leituras podemos conhecer diversos pontos que assinalam a importância que o desenho infantil traz consigo, nesses dois momentos, no que se refere à aprendizagem infantil. Para Vygotsky (1987, p. 134), o desenho é um meio de expressão da criança e é considerado como uma linguagem indispensável para a aquisição da linguagem escrita. „‟Desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao desenvolvimento da linguagem das crianças‟‟. Considerando que por este motivo as crianças introduzidas neste meio assimilam com mais facilidade a escrita alfabética. Diante deste pensamento, Moreira (2008), afirma que a suposta perda do desenho é, visivelmente, a substituição de um código por outro, o que é feito quando a criança entra na escola.
  • 39. 39 CAPITULO IV 4.1 Discussão Através dos conteúdos sintetizados nos capítulos II e III deste trabalho foi efetuada uma analogia dos autores estudados e de suas considerações sobre o fenômeno deste estudo. O fim é situar o significado do desenho nos processos de aprendizagem e desenvolvimento infantis. Num primeiro momento veremos o desenho como uma produção da criança, gerada através de sua imaginação e expressão. Moreira (2008); Lowenfeld (1970-1977), Pillar (1996) e Luquet (1969) seguem essa linha de pensamento, incorporando ao desenho a representação e interpretação do que a criança sabe, vê e vivencia no seu dia-a-dia. É o registro das informações que cabem á criança, onde esta usa o desenho como um meio de comunicação, meio que lhe é cultural, como é visto por Derdyck (1989), Paula e Mendonça (2009) e Bessa (2010). Num segundo momento, observaremos que desenho, também é acrescentado como um fator de desenvolvimento da criança. O desenho é o reflexo da criatividade e autonomia infantil, além de estimular o desenvolvimento social, cognitivo e motor, itens que, segundo Jean Piaget (1973-1986), são característicos de um contínuo processo de conhecimento e de aprendizagem da criança. Diante das leituras feitas sobre o fenômeno objeto deste estudo, acreditamos que os diversos autores que foram utilizados neste estudo concordam entre si no que diz respeito ao desenho como estimulador do conhecimento e como um estágio do desenvolvimento da futura escrita infantil. Diferem apenas pelos seus aprofundamentos. Para Jean Piaget (1973), o desenho infantil é uma manifestação semiótica ou simbólica, pois o desenho é produzido – inicialmente- de forma involuntária, pelo bel prazer da criança em rabiscar um papel, é uma brincadeira! Depois de algum tempo, com um maior contato da criança com seu desenho é possível notar traços e estruturas que são intencionais na representação do que ela conhece e deseja registrar naquele momento, é a expressão da criança, do seu meio físico e social. O autor Piaget acredita que de alguma forma a criança constrói conhecimentos, assim como toda atividade lúdica que, nesse caso, é o desenho.
  • 40. 40 Seguindo essa linha de pensamento, Piaget (1986) e os estudiosos Lowenfeld (1970) e Lev Vygotsky (1987-1988-2000) aderem, mais profundamente, à ideia do desenvolvimento de traços e rabiscos como um facilitador e precursor da futura escrita da criança, defendendo o desenho como o limiar do desenvolvimento gráfico, numa espécie de ensaio preparatório. Notamos que as ideias desses autores se assimilam em pontos comuns; eles partem da ideia de que o desenho é como a escrita de palavras e frases, pois a criança desenha o que pode ser visto, sentido e falado, assim como uma palavra escrita num papel. E, neste sentido, Vygotsky (1987) e Lowenfeld (1970) interpretam o desenvolvimento e a produção do desenho através de um ponto de vista social, onde esse desenho é a representação do que a criança sabe e/ou interpreta, é a manifestação da sua autoexpressão, que leva ao desenvolvimento da capacidade criativa e intelectual da criança. Os autores Wallon e Lurcart (1979) e Reily (1990) acreditam que o desenho surge através do que a criança já aprendeu, como a fala. Afirmam que essa linguagem gráfica só nasce através da linguagem verbal. No esquema de que a escrita vem do desenho que, por sua vez, depende da fala oral da criança. Ana Angélica Moreira (2008), com seus estudos, irá nos expor que desenho, além de prazeroso para a criança, é caracterizado como a sua primeira escrita, e assim como Ana Teberosky (2003) acredita que existe uma disponibilidade do desenho sobre a escrita, é o instrumento de comunicação que a criança utiliza, já que ela (a criança) -ainda- não sabe escrever (escrita convencional), ela desenha! O desenho é o registro de sua fala, é o meio que a criança tem para se comunicar com liberdade. E em meio a suas análises, as autoras Moreira e Teberosky ainda acreditam ser conveniente relacionar a ação da criança em desenhar no meio escolar, período da alfabetização, pois o desenho e a escrita são espaços de linguagem, como também é creditado por Emília Ferrero(2011). Observamos que esses estudos apontam o desenho e a escrita como linguagem - que mais se complementam do que diferem- pois é através dos rabiscos e traços
  • 41. 41 que a criança começa a produzir suas variadas representações gráficas, que vão se apurando e evoluindo até atingir a escrita alfabética. Desta forma, Luria (1988), Lowenfeld e Brittani (1977) e Sinclair (1987) direcionaram seus pensamentos ao momento em que o desenho começa a ser um facilitador da escrita infantil; logo, afirmam que a escrita da criança começa desde o momento em que ela começa a desenhar seus primeiros traços, as garatujas. Ferrero (1998- 2011), Grossi (1997) e Oñatavia (2009) já direcionam seus estudos ligados ao desenho infantil diretamente para o processo do desenvolvimento da aprendizagem da criança na alfabetização e, assim como Mèredieu (2006), creditam ao desenho a confiança e a compreensão que ela, a criança, precisa para entender a natureza da escrita rumo à alfabetização. Sobre este inicial desenvolvimento da aprendizagem da criança, Emília Ferrero (2011), que foi aluna de Jean Piaget, começa assimilando o desenho infantil com a pictografia, uma escrita antiga representada pelo uso de desenhos; ela então associa o desenho como o limiar da construção da escrita e observa a maneira como a criança atribui essa escrita. Porém, a ideia principal de Ferrero diferencia-se da ideia de Luria e Vygotsky (1998), que assinalam a escrita como uma ‘’técnica sociocultural’’. Luria caracteriza a escrita através de duas funções: a mnemônica e a comunicativa, não observando as funções ou subsídios que a escrita pode ocasionar a um sujeito em desenvolvimento, como é feito nos estudos de Ferrero. Ferrero (2011), não atribui ao desenho, nem à inicial escrita, as funções que elas assumem sobre um ser adulto, como assim foi feito pelo psicólogo Luria (1988). Logo, Ferrero (1998: 155), não tenta antecipar nenhum processo de desenvolvimento do desenho infantil para algum avanço da escrita convencional; ela confia serem viáveis apenas circunstâncias que colaborem para esse desenvolvimento. „‟Mal poderia nessa época tratar de acelerar um processo que, ainda, se desconhece‟‟. E é através dessa ideia que é notório perceber o aprofundamento de Ferrero sobre o desenho infantil com a escrita inicial da criança. Ferrero acredita que o ingresso da criança na escola interage com os conhecimentos e as concepções prévias que a criança leva consigo, contribuindo para seu desenvolvimento em sistemas silábicos. Emília Ferrero (1998-2011), juntamente com Teberosky (2003), Pillar (1996) e Grossi (1997), representam em fases a gradativa evolução do desenho que leva a aprendizagem da criança até chegar aos signos gráficos aprendidos na pré-escola. Essas fases são subdivididas em cinco níveis na psicogênese da alfabetização:
  • 42. 42  Pré-silábico;  Intermediário I;  Silábico;  Intermediário II ou Silábico-alfabético;  Alfabético.
  • 43. 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS É sabido que o desenho é uma ação natural da criança, pois é uma forma criativa e original que ela tem para expressar, seus sentimentos e conhecimento, inclusive sobre si mesmo. O desenho nos consente descobrir dados sobre o temperamento e o caráter da criança, assim como reconhecer as diferentes fases pelas quais ela esta atravessando (Bédard; 1998). Com bases nas leituras realizadas, buscamos identificar a contribuição do desenho infantil na aprendizagem e no desenvolvimento da criança. Vimos que o desenho – a garatuja-mesmo surgindo de forma espontânea, demonstra toda a autonomia e criatividade que há em uma criança. Percebemos através da contribuição de vários autores que o desenho, além de ser uma forma de expressão e comunicação da criança e, de contribuir para o seu desenvolvimento, é uma espécie de estágio preparatório para a escrita alfabética. E quando cultivado, contribui para que a criança aprenda a escrever, como é creditado por Lev Vygotsky e Jean Piaget. Ao alcançar nossos objetivos, acreditamos ser válido e estimulante estudar e conhecer os demais aspectos que envolvem o desenho e o seu universo de significados e explorações. Enquanto estudante de pedagogia acredita-se que, um estudo aprofundado do desenho infantil irá ajudar o educador a compreender as várias etapas do desenho produzido pela criança, assim como sua importância e benefícios no âmbito escolar, se utilizado através de um caráter lúdico e educativo. Neste sentido vale ressaltar a importância do educador no processo de desenvolvimento da criança, para que este tenha como objetivo principal criar situações que promovam o conhecimento, preservando a autenticidade e a liberdade de expressão infantil, sempre na busca de uma aprendizagem significativa.
  • 44. 44 REFERÊNCIAS A pesquisa na produção do conhecimento: Questões Metodológicas. Eccos revista cientifica. Julho-dezembro. Vol7. nº 002 (UNINOVE), São Paulo, Brasil. 2005. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/pdf/715/71570202.pdf. Acesso: 30.05.2012 BÉDARD, Nicole. Como interpretar os desenhos das crianças. São Paulo: Editora Isis Ltda. 1998. BESSA, Valéria da Hora. Teorias da Aprendizagem. Curitiba: IESDE S.A, 2010. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização &Lingüística. 6º edição. São Paulo: Scipione, 1993. CASTORINA, José Antonio; FERRERO, Emilia; LERNER, Delia; OLIVEIRA, Marta Kohl de. PIAGET-VYGOTSKY: novas contribuições para o debate. 5ª edição. Ed. Ática: 1998. DERDYCK, E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione, 1989. FERRERO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 26 ed. São Paulo: Cortez, 2011. Volume 6. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.3Ed. São Paulo: Atlas, 1991. GROSSI, Esther Pillar. Didática da alfabetização: Didática do Nível Pré-silábico. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1997(p. 20 e 21). GROSSI, Esther Pillar. Didática da alfabetização: Didática do Nível alfabético. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1997 (p. 22 e 24). LIPMAN , Mathew. A filosofia vai à escola. 2ª ed. Summus, São Paulo, 1990. LOWENFELD, V. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo: MestraJou, 1970. LOWENFELD, Viktor; BRITTAIN, W. Lambert. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo, Editora Mestre Jou, 1977.
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