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Jornalismo Literário
    Técnicas Literárias (prática)
Jornalismo Literário - prática
   1.   Abertura de textos
   2.   Técnicas literárias
   3.   Descrição / Atmosfera
   4.   Perfis
Técnicas Literárias
   1.   Construção cena a cena
   2.   Reprodução de diálogos
   3.   Foco narrativo
   4.   Fluxo de consciência
Construção cena a cena
   1) Construção cena a cena (cena presentificada) – é o
    relato detalhado do acontecimento à medida que ele
    se desenvolve, desdobrando-o como em uma projeção
    cinematográfica. Mas, como a vida do personagem não
    transcorre somente no universo de suas ações diretas,
    pode-se estabelecer relações com acontecimentos
    paralelos, que, de alguma forma, contribuíram para o
    destino do biografado
Construção cena a cena
Exemplo 1:
 Chegam à casa ao entardecer. São um pequeno grupo de
  policiais. Todos uniformizados. Passeiam pela sala e olham
  a biblioteca. Riem com sarcasmo. Pegam o livro História da
  Diplomacia. "Assim que os kosovares descendentes de
  albaneses também querem ser diplomatas?" Mudam o tom
  da conversa. Gritam. "Nos dê chaves", exigem. "Pegue uma
  mala", ordenam. "Deixa o resto. Tens 10 minutos. Logo irás
  para a Albânia e nunca mais voltarás. Nem sequer poderás
  voltar a sonhar com Kosovo", profetizam.
Construção cena a cena
 Exemplo 2:
 O texto de Gay Talese sobre o ex-campeão mundial Joe
 Louis começa descrevendo a cena do atleta chegando
 de viagem e termina com a cena da segunda ex-mulher
 de Louis, Rose Morgan, assistindo em casa,como
 amigos e o atual marido, a um tape de uma luta de
 Louis. O tom do texto é o da melancolia pelo
 envelhecimento do ex-campeão.
Construção cena a cena
CENA 1

“Oi, doçura!” Joe Louis chamou a esposa, localizando-a esperando por ele, no aeroporto
 de Los Angeles.

Ela sorriu, caminhou em sua direção e estava para espichar-se sobre os pés para beijá-
lo –mas parou, de repente.

“Joe”, disse ela, “Cadê sua gravata?”

“Ah, docinho”, disse ele, dando de ombros, “passei a noite toda fora em Nova York e
não tive tempo...”

A noite toda!”, interrompeu ela. “Quando você está aqui, tudo o que faz é dormir,
dormir, dormir”.

“Docinho”, disse Joe Louis com um sorriso cansado, “sou um véio”.

 “Sim”, concordou ela, “mas quando você vai para Nova York tenta ser jovem de novo”.
Construção cena a cena
    CENA 2


     Rose parecia entusiasmada em ver Joe no auge da forma e toda vez que um murro de Louis
     golpeava Conn, ela fazia “Pann!” (soco). “Pann” (soco). “Pann!” (soco).

    Billy Conn impressionava bem, na luta, mas, quando a tela anunciou o assalto 13, alguém disse:

    “É aqui que Conn vai cometer seu erro, vai querer sair na força bruta pra cima do Joe Louis”. O
     marido de Rose ficou quieto, saboreando seu scotch.

     Quando os golpes combinados de Joe começaram a encaixar, Rose começou, “Pann! Paann!”, e
     então o corpo pálido de Conn começou a cair no tablado.

    Billy Conn começou lentamente a se levantar. O juiz contava. Suspendeu uma perna, depois as duas,
     depois já estava de pé –mas o juiz o forçou de volta. Era tarde demais.

    E então, pela primeira vez, do fundo da sala, subindo, como em ondas crescentes, desde as felpudas
     almofadas do sofá, surge a voz do atual marido –esta droga de Joe Louis outra vez.

    “Acho que o Conn levantou a tempo”, disse, “mas o juiz não o deixou continuar”.

    Rose Morgan não disse nada –apenas tomou o resto de sua bebida.

    (apud. LIMA, 2009, p.202)
Reprodução de diálogos
   2) Reprodução do diálogo das personagens – segundo
    Tom Wolfe, os diálogos são um dos recursos que mais
    envolvem o leitores.
Reprodução de diálogos
   Exemplo:
   Um antigo balcão de metal – desses típicos de escritório – separa os fregueses da
    área onde estão Roque Mascarin, 71 anos, e Sebastião Peixe, 74 anos. O salão
    forma um “L” e não tem mais que 30 metros quadrados. Nas prateleiras, ao lado
    esquerdo e ao fundo, peças de tecidos. No centro, lado a lado, duas máquinas de
    costura. E outros dois balcões de madeira. São antigos, de imbuia. “Tem mais de
    cem anos”, diria mais tarde seu Mascarin. São usados para riscar moldes e cortar
    tecidos. Um velho rádio, da Motorádio, está sintonizado numa emissora AM que
    toca Nelson Gonçalves quando eu chego. O aparelho completa a decoração do
    ateliê. É como se eu abrisse uma porta para o passado.

    Seu Mascarin deixa a velha máquina PFAFF e vem em minha direção.

    - Você deve ser o repórter. “Sim, eu que liguei hoje de manhã.”
    - Eu só não sei o que você quer com dois velhos. Nós não temos muito para falar.
    Estamos no fim de carreira.
Reprodução de diálogos
   A carreira de Roque Mascarin tem mais de 60 anos. Aos 9, recém- chegado da
    roça, fez o que faziam os meninos ao concluir o grupo escolar. Era hora de
    procurar emprego, um ofício. Bateu na alfaiataria de Geraldo Adabo. Nessa época,
    por volta de1950, São Carlos tinha talvez centenas de alfaiatarias.

    - Eram umas 200 – puxa pela memória seu Mascarin.
    - 280. A voz fraca de Sebastião Peixe quebra o silêncio pela primeira vez para
    corrigir o colega. Foi na alfaiataria do Adabo que os dois se conheceram. Seu Peixe
    tinha 10 anos de idade. Os cabelos estão brancos. É um homem esguio, alto
    mesmo, quase um metro e noventa de altura. Mas o corpo arqueado denuncia os
    efeitos dos anos quando ele se levanta, para os cumprimentos. É homem frágil.
    - Eu que conversei com você no telefone. Eu estou muito doente.

    Seu Peixe caminha lentamente e com dificuldade. De volta a maquina de costura,
    por várias vezes interrompe o vai e vem dos pés no pedal. Para. O olhar se fixa e se
    perde em algum ponto. Parece querer relembrar fatos, pessoas, lugares e histórias
    enquanto seu Mascarin ativa na memória os tempos em que São Carlos era a
    capital dos alfaiates brasileiros.
Foco narrativo
   3) Foco narrativo (ou ponto de vista) – é a perspectiva
    pela qual é contada a história. Pode ser:
   Narrador-observador (3ª. Pessoa) ou narrador-
    personagem (1ª. Pessoa).
   O narrador-observador pode ser:
   Onisciente: quando sabe o enredo
Foco narrativo
   Onisciente: quando sabe o enredo

Exemplo:
  “(…)Quando acordava não sabia mais quem era. Só
  depois é que pensava com satisfação: sou datilógrafa e
  virgem, e gosto de coca-cola.” – A hora da estrela, de
  Clarice Lispector.
Foco narrativo
   Onipresente: quando não sabe o enredo

   Exemplo:
   “Ali pelas onze horas da manhã o velho Joaquim
    Prestes chegou no pesqueiro. Embora fizesse força em
    se mostrar amável por causa da visita convidada para a
    pescaria, vinha mal-humorado daquelas cinco léguas
    cabritando na estrada péssima. Alias o fazendeiro era
    de pouco riso mesmo, já endurecido pelos setenta e
    cinco anos que o mumificavam naquele esqueleto
    agudo e taciturno.” - O poço, de Mário de Andrade.
Foco narrativo
   Narrador- personagem – quando o narrador participa da
    história

   Exemplo
   “Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado;
    fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, enfim
    mais um, que me sacudiu fora da sela,…” “mas um
    almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na
    rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o
    bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.” -
    Memórias Póstuma de Brás Cubas,de Machado de Assis.
Fluxo de consciência
   4) Fluxo de consciência – Escrever um fluxo de
    consciência é como instalar uma câmera na cabeça da
    personagem, retratando fielmente sua imaginação,
    seus pensamentos. Como o pensamento, a consciência
    não é ordenada. Presente e passado, realidade e
    desejos, falas e ações se misturam na narrativa.
Fluxo de consciência
   Exemplo
   Como a humanidade é louca, pensou ela ao atravessar Victoria
    Street. Porque só Deus sabe porque amamos tanto isto, o
    concebemos assim , elevando-o, construindo-o à nossa volta,
    derrubando-o, criando-o novamente a cada instante, mas até as
    próprias megeras, as mendigas mais repelentes sentadas às portas
    (a beberem a sua ruína) fazem o mesmo; não se podia resolver o
    seu caso, ela tinha a certeza, com leis parlamentares por esta
    simples razão: porque amam a vida.(Mrs. Dalloway, 1925, trad.
    port. Lisboa, Ulisseia, 1982, pp.5-6)
EXERCÍCIOS
   1) EXERCÍCIO – FOCO NARRATIVO
   A partir do tema proposto, desenvolva um texto
    utilizando o foco narrativo em primeira pessoa, e
    depois o foco narrativo em terceira pessoa

   Tema: Dois amigos que se encontram depois de muito
    tempo numa padaria.
EXERCÍCIO – FLUXO DE CONSCIÊNCIA
   Carlos Barrios Contreras, 27 anos e o 13º mineiro
    chileno a ser resgatado, ficou o tempo todo da
    clausura sem saber que seria pai pela segunda vez.
    Tem um filho de cinco anos e sua mulher soube que
    estava grávida uma semana depois do
    desmoronamento da mina San José. Sua esposa, no
    entanto, foi orientada a não contar a novidade até que
    ele fosse resgatado. (extraído e adaptado do portal G1)
   A partir do texto acima construa um texto utilizando
    o recurso do fluxo de consciência a partir do ponto de
    vista da mulher do mineiro.
PARA A PRÓXIMA AULA...
   Observe atentamente as pessoas no metrô, no ônibus,
    enfim no modo como elas se comportam durante a sua
    locomoção diária de casa para a faculdade. O exercício
    de observação servirá como subsídio para o exercício
    feito em sala de aula, na próxima semana
BIBLIOGRAFIA
   JATOBÁ, JOÃO FELIPE BRANDÃO. Técnicas Literárias.
    Disponível em: http://migre.me/5KNuv . Acesso em
    7.set.2011

   LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. São Paulo, Manole,
    2004

   PRIOSTE, Roberto Nogueira. Os alfaiates de São carlos,
    Disponível em: http://migre.me/5KNkI . Acesso em
    7.set.2011

   SCARTON, Gilberto. Guia de Produção Textual. Disponível em
    Fonte: http://www.pucrs.br/gpt/index.php. Acesso em
    5.ago.2011

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Jornalismo literário tecnicas - pratica

  • 1. Jornalismo Literário Técnicas Literárias (prática)
  • 2. Jornalismo Literário - prática  1. Abertura de textos  2. Técnicas literárias  3. Descrição / Atmosfera  4. Perfis
  • 3. Técnicas Literárias  1. Construção cena a cena  2. Reprodução de diálogos  3. Foco narrativo  4. Fluxo de consciência
  • 4. Construção cena a cena  1) Construção cena a cena (cena presentificada) – é o relato detalhado do acontecimento à medida que ele se desenvolve, desdobrando-o como em uma projeção cinematográfica. Mas, como a vida do personagem não transcorre somente no universo de suas ações diretas, pode-se estabelecer relações com acontecimentos paralelos, que, de alguma forma, contribuíram para o destino do biografado
  • 5. Construção cena a cena Exemplo 1: Chegam à casa ao entardecer. São um pequeno grupo de policiais. Todos uniformizados. Passeiam pela sala e olham a biblioteca. Riem com sarcasmo. Pegam o livro História da Diplomacia. "Assim que os kosovares descendentes de albaneses também querem ser diplomatas?" Mudam o tom da conversa. Gritam. "Nos dê chaves", exigem. "Pegue uma mala", ordenam. "Deixa o resto. Tens 10 minutos. Logo irás para a Albânia e nunca mais voltarás. Nem sequer poderás voltar a sonhar com Kosovo", profetizam.
  • 6. Construção cena a cena Exemplo 2: O texto de Gay Talese sobre o ex-campeão mundial Joe Louis começa descrevendo a cena do atleta chegando de viagem e termina com a cena da segunda ex-mulher de Louis, Rose Morgan, assistindo em casa,como amigos e o atual marido, a um tape de uma luta de Louis. O tom do texto é o da melancolia pelo envelhecimento do ex-campeão.
  • 7. Construção cena a cena CENA 1 “Oi, doçura!” Joe Louis chamou a esposa, localizando-a esperando por ele, no aeroporto de Los Angeles. Ela sorriu, caminhou em sua direção e estava para espichar-se sobre os pés para beijá- lo –mas parou, de repente. “Joe”, disse ela, “Cadê sua gravata?” “Ah, docinho”, disse ele, dando de ombros, “passei a noite toda fora em Nova York e não tive tempo...” A noite toda!”, interrompeu ela. “Quando você está aqui, tudo o que faz é dormir, dormir, dormir”. “Docinho”, disse Joe Louis com um sorriso cansado, “sou um véio”. “Sim”, concordou ela, “mas quando você vai para Nova York tenta ser jovem de novo”.
  • 8. Construção cena a cena CENA 2 Rose parecia entusiasmada em ver Joe no auge da forma e toda vez que um murro de Louis golpeava Conn, ela fazia “Pann!” (soco). “Pann” (soco). “Pann!” (soco). Billy Conn impressionava bem, na luta, mas, quando a tela anunciou o assalto 13, alguém disse: “É aqui que Conn vai cometer seu erro, vai querer sair na força bruta pra cima do Joe Louis”. O marido de Rose ficou quieto, saboreando seu scotch. Quando os golpes combinados de Joe começaram a encaixar, Rose começou, “Pann! Paann!”, e então o corpo pálido de Conn começou a cair no tablado. Billy Conn começou lentamente a se levantar. O juiz contava. Suspendeu uma perna, depois as duas, depois já estava de pé –mas o juiz o forçou de volta. Era tarde demais. E então, pela primeira vez, do fundo da sala, subindo, como em ondas crescentes, desde as felpudas almofadas do sofá, surge a voz do atual marido –esta droga de Joe Louis outra vez. “Acho que o Conn levantou a tempo”, disse, “mas o juiz não o deixou continuar”. Rose Morgan não disse nada –apenas tomou o resto de sua bebida.  (apud. LIMA, 2009, p.202)
  • 9. Reprodução de diálogos  2) Reprodução do diálogo das personagens – segundo Tom Wolfe, os diálogos são um dos recursos que mais envolvem o leitores.
  • 10. Reprodução de diálogos  Exemplo:  Um antigo balcão de metal – desses típicos de escritório – separa os fregueses da área onde estão Roque Mascarin, 71 anos, e Sebastião Peixe, 74 anos. O salão forma um “L” e não tem mais que 30 metros quadrados. Nas prateleiras, ao lado esquerdo e ao fundo, peças de tecidos. No centro, lado a lado, duas máquinas de costura. E outros dois balcões de madeira. São antigos, de imbuia. “Tem mais de cem anos”, diria mais tarde seu Mascarin. São usados para riscar moldes e cortar tecidos. Um velho rádio, da Motorádio, está sintonizado numa emissora AM que toca Nelson Gonçalves quando eu chego. O aparelho completa a decoração do ateliê. É como se eu abrisse uma porta para o passado. Seu Mascarin deixa a velha máquina PFAFF e vem em minha direção. - Você deve ser o repórter. “Sim, eu que liguei hoje de manhã.” - Eu só não sei o que você quer com dois velhos. Nós não temos muito para falar. Estamos no fim de carreira.
  • 11. Reprodução de diálogos  A carreira de Roque Mascarin tem mais de 60 anos. Aos 9, recém- chegado da roça, fez o que faziam os meninos ao concluir o grupo escolar. Era hora de procurar emprego, um ofício. Bateu na alfaiataria de Geraldo Adabo. Nessa época, por volta de1950, São Carlos tinha talvez centenas de alfaiatarias. - Eram umas 200 – puxa pela memória seu Mascarin. - 280. A voz fraca de Sebastião Peixe quebra o silêncio pela primeira vez para corrigir o colega. Foi na alfaiataria do Adabo que os dois se conheceram. Seu Peixe tinha 10 anos de idade. Os cabelos estão brancos. É um homem esguio, alto mesmo, quase um metro e noventa de altura. Mas o corpo arqueado denuncia os efeitos dos anos quando ele se levanta, para os cumprimentos. É homem frágil. - Eu que conversei com você no telefone. Eu estou muito doente. Seu Peixe caminha lentamente e com dificuldade. De volta a maquina de costura, por várias vezes interrompe o vai e vem dos pés no pedal. Para. O olhar se fixa e se perde em algum ponto. Parece querer relembrar fatos, pessoas, lugares e histórias enquanto seu Mascarin ativa na memória os tempos em que São Carlos era a capital dos alfaiates brasileiros.
  • 12. Foco narrativo  3) Foco narrativo (ou ponto de vista) – é a perspectiva pela qual é contada a história. Pode ser:  Narrador-observador (3ª. Pessoa) ou narrador- personagem (1ª. Pessoa).  O narrador-observador pode ser:  Onisciente: quando sabe o enredo
  • 13. Foco narrativo  Onisciente: quando sabe o enredo Exemplo: “(…)Quando acordava não sabia mais quem era. Só depois é que pensava com satisfação: sou datilógrafa e virgem, e gosto de coca-cola.” – A hora da estrela, de Clarice Lispector.
  • 14. Foco narrativo  Onipresente: quando não sabe o enredo  Exemplo:  “Ali pelas onze horas da manhã o velho Joaquim Prestes chegou no pesqueiro. Embora fizesse força em se mostrar amável por causa da visita convidada para a pescaria, vinha mal-humorado daquelas cinco léguas cabritando na estrada péssima. Alias o fazendeiro era de pouco riso mesmo, já endurecido pelos setenta e cinco anos que o mumificavam naquele esqueleto agudo e taciturno.” - O poço, de Mário de Andrade.
  • 15. Foco narrativo  Narrador- personagem – quando o narrador participa da história  Exemplo  “Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela,…” “mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.” - Memórias Póstuma de Brás Cubas,de Machado de Assis.
  • 16. Fluxo de consciência  4) Fluxo de consciência – Escrever um fluxo de consciência é como instalar uma câmera na cabeça da personagem, retratando fielmente sua imaginação, seus pensamentos. Como o pensamento, a consciência não é ordenada. Presente e passado, realidade e desejos, falas e ações se misturam na narrativa.
  • 17. Fluxo de consciência  Exemplo  Como a humanidade é louca, pensou ela ao atravessar Victoria Street. Porque só Deus sabe porque amamos tanto isto, o concebemos assim , elevando-o, construindo-o à nossa volta, derrubando-o, criando-o novamente a cada instante, mas até as próprias megeras, as mendigas mais repelentes sentadas às portas (a beberem a sua ruína) fazem o mesmo; não se podia resolver o seu caso, ela tinha a certeza, com leis parlamentares por esta simples razão: porque amam a vida.(Mrs. Dalloway, 1925, trad. port. Lisboa, Ulisseia, 1982, pp.5-6)
  • 18. EXERCÍCIOS  1) EXERCÍCIO – FOCO NARRATIVO  A partir do tema proposto, desenvolva um texto utilizando o foco narrativo em primeira pessoa, e depois o foco narrativo em terceira pessoa  Tema: Dois amigos que se encontram depois de muito tempo numa padaria.
  • 19. EXERCÍCIO – FLUXO DE CONSCIÊNCIA  Carlos Barrios Contreras, 27 anos e o 13º mineiro chileno a ser resgatado, ficou o tempo todo da clausura sem saber que seria pai pela segunda vez. Tem um filho de cinco anos e sua mulher soube que estava grávida uma semana depois do desmoronamento da mina San José. Sua esposa, no entanto, foi orientada a não contar a novidade até que ele fosse resgatado. (extraído e adaptado do portal G1)  A partir do texto acima construa um texto utilizando o recurso do fluxo de consciência a partir do ponto de vista da mulher do mineiro.
  • 20. PARA A PRÓXIMA AULA...  Observe atentamente as pessoas no metrô, no ônibus, enfim no modo como elas se comportam durante a sua locomoção diária de casa para a faculdade. O exercício de observação servirá como subsídio para o exercício feito em sala de aula, na próxima semana
  • 21. BIBLIOGRAFIA  JATOBÁ, JOÃO FELIPE BRANDÃO. Técnicas Literárias. Disponível em: http://migre.me/5KNuv . Acesso em 7.set.2011  LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. São Paulo, Manole, 2004  PRIOSTE, Roberto Nogueira. Os alfaiates de São carlos, Disponível em: http://migre.me/5KNkI . Acesso em 7.set.2011  SCARTON, Gilberto. Guia de Produção Textual. Disponível em Fonte: http://www.pucrs.br/gpt/index.php. Acesso em 5.ago.2011