O presidente da OAB pediu a renúncia imediata do senador Demóstenes Torres, investigado por envolvimento em esquema de exploração ilegal de jogos de azar. O senador foi flagrado em negociações com um contraventor e deve ser expulso de seu partido. A OAB acredita que a renúncia é a única saída moral para o político diante da gravidade das acusações.
1. Presidente da OAB pede renúncia imediata de Demóstenes Torres (DEM)
Segundo Ophir Cavalcante, político vive situação 'mortal' para um político e não tem
saída
01 de abril de 2012
Marta Salomon, BRASÍLIA
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, pediu ontem a
renúncia imediata do senador Demóstenes Torres (DEM), investigado pelo Supremo
Tribunal Federal por envolvimento em esquema de exploração ilegal de jogos de azar
em Goiás. Para Cavalcante, Demóstenes vive uma situação "mortal" para um político e
não tem saída, além da imediata renúncia ao mandato, considerada por ele uma
"atitude moral".
Demóstenes foi flagrado em negociações com o contraventor Carlos Augusto de
Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O senador recebeu um ultimato do DEM e deve
ser expulso do partido até terça-feira. Neste final de semana, tem se reunido com
assessores. Até ontem à noite, não admitia renunciar.
"É uma medida extrema, pessoal, mas o teor das conversas telefônicas mantidas com o
empresários Carlos Ramos, divulgadas pela imprensa, evidenciam uma situação mortal
para qualquer político", afirmou Ophir Cavalcante ao Estado. "A gravidade das
denúncias por si só recomendam uma atitude moral. Continuar no cargo significa
expor-se cada vez mais e ao seu partido", continuou o presidente da OAB.
Ao cobrar uma solução rápida para o desgaste que o envolvimento de Demóstenes
com corrupção expõe o Congresso Nacional, Ophir Cavalcanti insistiu em que a
renúncia ao mandato não impedirá a defesa de Demóstenes Torres, e caberá à Justiça
decidir sobre sua inocência ou não.
No ano passado, Demóstenes escreveu o prefácio de um livro lançado pelo presidente
da OAB sobre a lei da Ficha Limpa. O senador, que foi relator do projeto de lei,
destacou que a sociedade brasileira "não admite que os destinos da nação possam ser
geridos por representantes que não possuem conduta adequada à dignidade das
relevantes funções públicas".
Procurador de Justiça licenciado e senador há nove anos, Demóstenes começou a cair
em desgraça em fevereiro, pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que apura
esquema de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás. Carlinhos Cachoeira está
preso desde 29 de fevereiro. Outros seis parlamentares estão envolvidos em
negociações com o contraventor.