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AnoXXVIIIInO148
Maio 2008
R$ 12,00
EscolaNacionalde Seguros
www.funenseg.org.br
Resumenen Espaííol
A percepção de riscos
e o meio ambiente
.
Umagestãopela
culturadobemcoletivo
Antonio Fernando Navarro e Mônica lopes Gonçalves'
Introdução
Aquestão da percepção de riscos sempre foi um ponto
muitodiscutidono processode gestão de riscosenvolvendo
o meio ambiente. Muitasvezes incluía-sea percepção nas
questões relacionadas à psicologia, outras vezes ela era
relacionadaà comunicação.
No período de agosto de 2003 a fevereiro de 2005
foram realizadas inúmeras visitas para fins de pesquisa
em um bairro periférico da cidade de Joinville, ocupado
por moradores das classes de renda "O"e "E",denomi-
nado Jardim Sofia, com o objetivo de avaliar, através do
preenchimento de questionário específico, as questões
relacionadas ao_meio ambiente. Após visitas iniciais,
de reconhecimento da área e da situação, incluindo
conversas com alguns moradores, detectou-se que, no
tratamento das questões ambientais, não seria possível
deixar de lado os temas relacionados à percepção dos
riscos ambientais por parte dessa população, ainda
mais considerandoque muitosjá haviamsofrido, por
inúmeras vezes, fortes e expressivos danos materiais,
causados pelo alagamento do rio do Braço,afluente do
rio Cubatão, que nessas ocasiões chegou a deixar várias
residências submersas.
No preenchimento dos questionários de percepção de
riscos foram abordados moradores de 211 residências uni-
familiares,sendo 32 emterrenos em aclivese 179em locais
planos, além de 44 proprietários de imóveis comerciais,
abrangendo cerca de 35%dos moradores do local.
maio2008 23
Discussão
Segundo Lima (2002), citando os resultados de análises
efetuadas por rVranuelVillaverde Cabral e Jorge Vala, o Ins-
tituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (lC5)
lançou, em 2000, um inquérito sobre questões ambientais.
Esse inquérito constitui mais uma edição do International
Social Survey progràmme (lSSP),rede internacional de es-
tudos longitudinais e 'transnacionajs na qual Põrtugal se
encontra representado, desde 1997, pelo ICS.Referindo-se
a esse inquérito, Lima informa:
Os problemas ambientais estão hoje n~turalmente pre-
sentes no nosso quotidiano. Habituamo-nos a ver uma seção
sobre ambiente nos jornais e revistas, a assistir a notícias
sobre protestos ambientais nos noticiários, e a sermos alvo
de campanhas de informação e sensibílização para melho-
rar o ambiente. É hoje para nós pacificamente aceite que a
poluição das águas ou do ar é preocupante, ou que é uma
causa nobre contribuir para que não se extingam espécies
selvagens. Também não achamos estranho sermos interpela-
dos para responder a questões sobre as nossas opiniões sobre
o estado do ambiente, como aconteceu com o questionário
do Intemational Social Survey Programme (ISSP) que agora
apresentamos.
'No âmbito das atitudes acerca do ambiente incluem-se
indicadores relativos tanto a crenças como a preocupações
ou atitudes face a diversos aspectos relacion~dos com o am-
biente e questões gerais relativas ao ambiente e à natureza.
Caracteriza-se, ainda, o envolvimento relativo às questões
ambientais, considerando a percepção de auto-eficácia
ambiental (por exemplo: "É difícil para uma pessoa como
eu fazer muito pelo am~iente. Em Portugal, a percepção de
ameaça ambiental é maiselevadanas mulheres, nos mehos
instruídos, nos mais velhos e nos que têm menores rendi-
. mentos"). Além destas características sociodemográficas,
procurou-se analisar a relação com posições sociais mais
gerais. A percepção quanto ao grau de periculosidade é
apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 -.Graude periculosidade para o ambiente
(extremamente + muito perigoso -%)
Centrais nucleares 91
Poluiçãodos rios, lagos e albufeiras 87
Aumentoda temperatura do planeta 88
Poluiçãodo ar causada pela indústria 86
Poluição do ar causada pelos automóveis 84
Pesticidas e produtos 'q.uímicosusados na agricultura 79
Modificaçãogenética de produtos agrícolas 77
Fonte: Intemational Social Survey programme (ISSP) 2000.
Ainda segundo Lima,a progressivadegradação das con-
dições ambientais e, sobretudo, a sua crescente visibilidade,
transformaram a questão ambiental num problema social
.que tem vindo a ganhar terreno na sociedade portuguesa,
suscitando emergência no surgimento de novas atitudes,
valores e comportamentos que corporizam um processo
progressivo de mobilização social pela def~sa do ambiente e
das condições ecológicas em geral. No que diz respeito a di-
mensões como a,disponibilidade para aceitar sacrifícios em
nome da preservação ambiental, os níveis de preocupação
com o estado do ambLente ou, ainda, algum sentido crítico
face à vida moderna e suas consequências, as respostas dos
portugueses não se distanciam significativamente das res-
Rostas dos alemães, britânicos ou espanhóis (Tabela 2).
. 
Tabela 2 -Activismo, disponibilidade
e crítica ao crescimento (%)
3S
30
25
20
15
10
5
o
~Alemanha
. Grã-Bretanha
. Espanha
-Portugal
Disponibilidade Confiança Crítica ao crescimento
Fernandeset ai(2005),em trabalhode pesquisajunto aos alunosda Faculdade
Brasileira' Univix, enfocando a temática ambiental em um segmento específico _
da sociedade (alunos de uma instituição de ensino super!or), escolheram como
objeto da amostra os estudantes desta faculdade, tendo como base o seu Projeto
Interdisciplinar (PI)adot'tdo em seu Curso de Engenharia de Produção Civil(EPC).
Para tanto, desenvolveram o estudo "Percepção Ambiental", abrangendo um
universo de 1.449 alunos. Em alguns dos inúmeros questionamentos, os alunos
assim se pfOnunciaram sobre os temas (Tabela 3):
Tabela 3 - Vocêtem interesse por assuntos
relacionados ao meio ambiente?
Classe
Sim
Não
Ocorrências % do Total
90,1
3,8
6,1
100,0
118
5
8
131
Não Responderam
Total
Fonte: Faculdade Brasileira - Univix_
Faggionato (2005), quando aborda a questão da percepção ambiental, declara
que o homem está constantemente agindo sobre o meio a fim de sanar suas neces-
sidades e desejos. Vocêjá pensou-em quantas das nossas ações sobre o ambiente,
. naturalou construído,afetama qualidadede vidade váriasgerações?Enosdiversos
projetos arquitetônicos ou urbanísticos .!Lueafetam as respostas dos seus usuários e
moradores? Enão estamos falando de respostas emocionais, que dependem do-nosso
humor ou predisposição do momento, mas da nossa própria satisfação psicológica
com o ambiente. Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente
às ações sobre o meio. As respostas ou.manifestações são, portanto, resultado das
percepções, dos processos cognitivos,julgamE!ntos e expectativas de cada indivíduo.
Embora nem todas, as manifestações psicológicas sejam evidentes, são constantes,
e afetam nossa conduta, na maioria das vezes, inconscientemente.
Questionamentos
Abordando especificamente a questão da percepção de riscos com relação aos
questionamentos feitos aos moradores do Jardim Sofia, como contido na Tabela
4, foram desenvolvidos questionamentos com uma série de perguntas, de caráter
pessoal e algumas genéricas.
Através da análise desses dados consegue-se entender por que as p:ssoas
se preocupam mais com certas situações do que com outras. Por exemplo, se a
população é afetada por uma tragédia, não seria natural que buscasse o apoio
dos órgãos públicos, através de reclamações? Por outro lado, será que a opinião
de terceiros é importante para a sua compreensão ou maior envolvimento? Será
que a população acredita e espera algum tipo de apoio dos órgãos públicos?
Procurou-se trabalhar mais o resultado dessas análises através de várias
associações de respostas.
Tabela 4 - Comparativo (%)entre depoimentos de homens (H)e mulheres (M)
Fonte: Dados da pesquisa de campo.
._im__ . . .... > NãÇ!
1) Foi você mesmo quem construiu o imóvel? H I M H I M
65,0 I 61,8 35,0 I 38,2
-- Sim Não
2) Você tem preocupação quanto à segurança de sua família por residir neste H I M H I M
local?
53,8 I 70,6 46,7 I 29,4
3) O que você faria para melhorar a segurança de sua família? Homens Mulheres
Mudaria de local H= 28,6% M= 28,4%
Investiria mais na proteção do terreno H= 30,3% M= 35,2%
Investiria mais na segurança da casa H= 41,2% M= 40,4%
Sim
-.,..
Não, F
4) Você acredita que, ao desmatar o seu lote, poderá provocar acidentes
....-
H I M H I M
envolvendo seu imóvel e os demais da região? .. 40,6 1 42,6 59,5 I 57,4
Sim
.
Nãó
5) Seus vizinhos estão preocupados com a segurança deles? H I M H I M
- 57,4 I 75,0 42,7 I 25,0
sim
-
_Não. . -' . "
6) Seus vizinhos já comentaram com você a respeito do risco de morarem neste H 1 M H I M
local?
T I37,8 57,4 62,2 42,6
il!1 Não
-
.
7) Você já fez alguma reclamação na Prefeitura? H I M H I M
- 12,6 I 17,6 87,4 I 82,4
Sim > No ..
8) Já aconteceu algum tipo de acidente neste local? H T M H I M
62,93 I 69,12 37,07 I 30,88
..Sim
..
No
..
9) Você acredita que as chuvas fortes podem prejudicar sua segurança? H I M H I M
74,8 I 85,3 25,2 I 14,7
Sim ,Não . .
10) Você acredita que sua fossa pode prejudicar a qualidade da água que todos irão H' T M H I M
beber depois?
14,0 I 42,7 86,0 I 57,4
Sin:t .
..-
Não
11) Você acha que o seu poço artesiano pode estar contaminado com a infiltração H I M H I M
provocada pelas fossas das casas das famílias próximas?
0,0 I 0,0 100,0 I 100,0
Sim
..,
ãó
12) Você ou alguém de sua família deposita lixo nas encostas? H T M H I M
,
30,1 1 35,3 69,9 I 64,7
Sim Não
.-
, _.-
13) Você acredita que os órgãos públicos estão preocupados com sua segurança e H I M H I M
de seus vizinhos?
I I29,4 42,6 70,6 57,4
Sim-- J.
14) Você ou seus vizinhos já foram procurados pelas assistentes sociais da H I M H I M
Prefeitura ou de outro Órgão?
6,29 1 1,48 93,71 I 98,72
$Im Não
. , ,.
-. .
15) Você acha importante que a Prefeitura se preocupe com você? H I M H I M
69,93 I 72,05 30,07 I 27,95
Sim H.Ao _
16) Você gostaria de fazer algum comentário específico? H I M H I M
44,1 T 51,5% 56,0 I 48,5%
..ambosdisseram "sim" à possibilidade das chuvas fortes
prejudicarem seus imóveis. Ou seja, todos têm a preocu-
pação com a incidência de chuvas fortes e as associam a
alagamentos.Também em épocaspassadastiveram preju-
ízos por causàda subida das águas do rio.
Na resposta à pergunta: "Vocêacredita que os órgãos
públicos estão preocupadoscom sua segurançae de seus
vizinhos?",enquanto os homens sãoperemptórios edizem
"não",asmulheresdeixamà mostracertaansiedade.Dema-
neirageral,os órgãospúblicosencontram-sedesacreditados
parauma parceladaquelapopulação,já que suasaçõesnão
sãotão evidentesassim, pelo menos para eles.
No cômputo geral, analisando-se todas as respostas
dadas,obteve-seo seguinte:
66,35% declaram gue os órgãos públicos não estão
preocupadoscom<asegurançadeles;
70,62%declaram que é importante que a Prefeitura se
preocupe com eles.
Com relação às duas últimas perguntas, as mulheres
apresentamum nívelde percepçãoparaasquestõesambien-
tais um poucomaior do queo os homens.Conversandocom
elas,verificou-se que, em parte, issosedeveao sentimento
de proteçãodafamília ea um nívelmaior de esclarecimento.
Ointeressantetambém é quesãoos homfns que maisparti-
cipam dasreuniõesperiódicasda associaçãode moradores.
Talvezaí estejaembutida aquestãodo machismo,já queas
reuniões sãoà noite. Entretanto, sãoas mulheres que mais
discutem as questões com as amigas, durante o dia.
Do total de moradores entrevistados 46,45%não qui-
seram fazer qualquer comentário ou sugestão a respeito
de acidentes afetando ou envolvendo seus imóveis. Para
aquelesque optaram por fazer comentários, o que mais se
ouviu foi o seguinte: ,
"Não acredito nos órgãos públicos";
"A Prefeituradevefiscalizar mais a região";
"A Prefeituradevedisponibilizar caçambasde lixo junto
às margens do rio";
"A Prefeituradevefiscalizar as construçõesirregulares";
"As valas negras precisam ser fechadas";
"As encostas dos morros precisam ser reflorestadas";
"O rio não deveriater as margensdesmatadas";
"As Assistentes Sociaisdeveriam/isitar os moradores
atingidos pelas catástrofes";
"A populaçãodeveserconscientizadaparaa preseryação
do MeioAmbiente".
Paratodos os moradores entrevistadosforam feitos os
seguintes questionamentos:
Vocêtem preocupaçãoquantoàsegurançade suafamília
por residir neste local?
59,24% disseram "sim";
O que você faria para melhorar a segurança de sua
família?
28,52%disseram que mudariam de local;
Você acredita que, ao desmatar o seu lote, poderá
provocar acidentesenvolvendo você e sua família e as
demais famílias da região?
58,77%dos depoentes disseram "não".
A maioria dos depoentes,62,559§do total de entrevista-
dos, declarou que ocorreram acidentesambientais em seu
bairro, mas apenas 28,52% desses mudaria de local. Em
_parte, essaaparentecontradição sedeveaofato de que nos
últimos anosa inçidênciade alagamentosfoi muito menor,
ficando restrita às proximidades das margens do rio, na
épocadaschuvasmaisfortes. Em59,24%dosdepoimentos
observou-seque os moradorestêm preocupaçãopor morar
naquele bairro.
Analisando-seas respostas dadas emfunçãoda classede rendados depoentes,
estratificadas como abaixo, verificou-se (Tabelas 5 e 6):
Classe "A"- renda de até 2 salários mínimos;
· Classe "B" - rendaêompreendida entre 2 e 5 salários mínimos;
Classe "(" - renda superior a 5 salários mínimos.'
Tabela 5 - O que você fal"iapara melhorar a segurança de sua família?
Considerando-se classes de renda e sexo
Fonte: Dados da pesquisa de campo.
Tabela 6 - Vocêacredita que os órgãos públicos estão preocupados
com a sua segurança e a de seus vizinhos?
Sim
Não
Fonte: Dados da pesquisa de campo.
Percepção de risco: conceito científico ou reação subjetiva?
Quando se fala sobre percepção de riscos, quase sempre se notam dúvidas
nas respostas, porque os conceitos sobre riscos algumas vezes não são perfeita-
mente claros.Aprópriadistinção técnicaentre "riscoobjetivo"e "riscosubjetivo"
é controversa, pois, numa área complexa e pouco explorada como a análise de
risco, o "risco objetivo",que deveria ser reprodutível (isto é, gerar resultados
iguais, independente de quem realize a análise), não o é, pois a sua determina-
ção possui subjetividade,já que requer o exercício do julgamento. Julgamento
científico,mas, ainda assim,julgamento.
Abordando a questão da percepção sob a ótica das indústrias, De Martini
(2005) declara que este desprezo foi respondido com pressões sociais, que se
concretizavam nos países desenvolvidosatravés da reversão da opinião pública
sobre a indústria, o que impulsionoua ampliaçãoexponencial de uma legislação
ambiental, a qual passou a agir como instrumento regulador.Aconstatação pela
indústriade que percepção é realidade,força uma mudançade postura, exempli-
ficadapelosingularepisódio em que a Shelldecidiususpender o afundamento de
uma plataforma obsoleta de petróleo no Mardo Norte por ter sido pressionada
por umacampanha popular, lideradapelaorganizaçãoambientalistaGreenpeace,
Classesde renda Sexo
A 8 C Masculino Feminino
a) Mudariade local. 68,20 26,30 12,90 28,57 28,40
b) Investiriamais na proteção do
9,10 33,50 37,10 30,28 35,22terreno.
c)
Investiriamaisna segurançada I22,70 I40,20 I50,00 I 41,15 'I 40,38casa.
Cltfsses de renda SeJlo
A 8 C Masculino Feminino
40,9 41,5 15,3 29,4 42,6
59,1 58,5 84,7 70,6 57,4
/
que denunciavaefeitos ambientais negativos relevantesda
operaçãode afundamento.A alternativa de rebocara plata-
forma paraterra firme e seudesmontegerariaumadespesa
extra para a Shellde US$100 milhões. Três mesesapós a
suspensãodo afundamento, porém, o Greenpeaceadmitiu
um erro de avaliaçãoe refez suaposição:Emboraa aborda-
gem técnica atenda às decisõesde caráter exclusivamente
técnico, ela mostra-seincompleta quando sãoincluídos na
análise os aspectos sociais. Portanto, deve-seconsiderar a
percepçãopública no gerenciamento de risco tecnológico,
mas não deve ser a mesma para todos os grupos, pois, as
experiênciassociaisvariameaseleçãodostipos deatributos
de percepção,e suas respectivas magnitudes, mudam em
cadasituação.
Confiançae credibilidade sãovaloresconstruídos, pau-
latinamente, atravésda coerênciae consistência de ações,
competência e ética. Contudo, podem ser rapidamente~
desconstruídos se for percebidaa incompetência, omissão
ou manipulação.Os segmentosenvolvidosnacomunicação
de risco devemperceberconfiançaecredibilidade paraque
o processoseconcluadeforma consensual.Oaparecimento
de incertezascientíficas,em geral por variaçõesnasestima-
tivasconsideradasnasanálisestécnicasepelacomplexidade
das informações, comuns no gerenciamento de risco tec-
nolÓgico,é um dos problemas principais na comunicação
de risco, pois provocam,peladesconfiança,uma percepção
pública negativa (DEMARTINI,2005).
Usinasatômicas,petroquímicas,automóveis,pesticidas,
fertilizantes, enfim, os diversoselementosdaatividade eco-
nômicachegaram,ainda que silenciosamente,aosambien-
tes de trabalho e moradia, e até mesmo ao próprio corpo,
atravésdos reflexos de suainserçãonacadeiaalimentar. Éa
convivênciacomo risco,cujos reconhecimentoeconcepção,
conforme lembram Thompson & Dean (1997), são muito
mais fáceis para os estudiosos que para os leigos.
30 cadernosdeseguro
Foisob estaótica eperantea consideraçãodacrescente
universalidade da noçãode perigo e risco ambiental que a
antropólogasocialMaryDouglasiniciou seutrabalhode pes-
quisasobre perigos.Douglas(1966)estabeleceu,emtermos
antropológicos, asprimeiras análisesparaasistematização
de um conhecim~ntoquepudesseexplicar como os perigos
sãoculturalmenteentendidospelaspessoaseorganizações.
Apenasatítulo de lembrança,destaca-seque, nessamesma
época,paralelamente,desenvolvia-seo pensamentoecoló-
gico que ganhou força através de uma nova visão, a qual
levouàcriaçãodasescolasatuais do pensamentoecológico,
conforme se observaem Diegues(1996).
A continuidade de tal perspectiva de análise veio a
fundar, mais tarde, a Teoria Cultural do Risco, ou Teoria
Cultural, como foi proposta por Douglas em seu trabalho
mais importante, escrito em parceria com Wildavsky(DOU-
, GLAS& WILDAVSKY,1983). A relevância dessa teoria foi.
amplamentereconhecida,e mesmoalgunsdosseuscríticos,
atuais, como Boholm(1996) eSjõberg(1996), entre outros,
, assinalamo quanto a mesmatornou-se influente no campo
interdisciplinar da percepçãoe comunicaçãodo risco.
DeacordocomThompson& Dean(1996),duasposições
têm marcadoas discussõessobre a percepçãode risco. De
um ladoestãoos positivistas,queentendemquea percepção
de riscoé um conceito puramentecientífico,admitindo uma
completacaracterizaçãoeanáliseatravésdacoletadedados
e do uso de métodos quantitativos. De outro lado estão os
relativistas, que entendemque a percepçãode risco é uma
reaçãopuramentesubjetivaa um fenômenodentro da expe-
riênciadevida pessoalou socialeorganizacional.A primeira
po.siçãoreferenciaobjetivamenteascondiçõesdo munc!ofisi-
cd.Jáasegundaassumeumaconstruçãopuramentemental,
queexpressareaçõesemocionais,moraise políticas(VIEIRA,
2005).A rigor, Douglas&Wildavsky(1983:5)assinalamquea
faltade sincroniaestánaraizdo problemacon~emporâneoda
.
f
j
avaliaçãode risco.Porumladotem-sea possibilidadedo conhecimentosobreo risco
ser certo ou incerto, e por outro há a condição da aprovação de encaminhamento
sobre o risco ser completa ou contestada. A constituição dessa dualidade resulta
em situações onde a solução para o risco pode ser calculada, pesquisada, imposta
ou discutida, ou até mesmo absolutamente aberta e indefinida.
Demodocomplementar,Douglas&Wildavsky(1983)defendemque,em função
do fato de que cada grupo social tem seu próprio e típico "portfólio" de riscos,
são os diferentes princípios que guiam o comportamento das pessoas que afetam
as suas percepções de risco.
No sentido negativo, o risco deixa implícito o perigo de conseqüências adver-
sas e sugere o esforço gerencial para a conscientização de sua existência, para
evitá-Io ou minimizá-Io. Estar em risco é estar vulnerável ao acaso ou a fatores
que provocam danos, independentemente de ações individuais. Evitar o risco é
tentar precaver-se contra o perigo do inesperado, do não-familiar ou do inusitado.
Quando visto como algo ruim, o risco incentiva a busca de segurança. Miniinizar
ou reduzir risco são expressões que procuram dar segurança à decisão. Vista
como algo positivo, a percepção de risco:
(1) revelaa coragem de arriscar apesar das adversidades;
(2) conscientizaas pessoas sobre ameaçase danos potenciaise reaisà empresa;e
(3) valofizao espírito empreendedor e de prosseguir e se aventurar em direção
ao êxito. O risco chega a fascinar algumas pessoas.
Risco, uma percepção individual e uma construção mental
Não é por acaso que dirigentes se vangloriam de sua capacidade de;éorrer
riscos. Muitas vez~s, exageram a inexistência de dados ou sua inexatidão para
realçar a sua capacidade de intuir e de prosseguir apesar de conselhos por cau-
tela. Proclamam-se mais intuitivos do que realmente são para parecerem mais
corajosos, hábeis e autônomos perante o risco.
Ademais, a preocupação e a ansiedade fazem companhia à pessoa, ocupam
a sua mente em momentos de mais solidão e podem até ser prazerosas como
parte da aventura de decidir e de dirigir uma organ{zação. Em esportes de maior
risco, parte da aventura é ficar amedrontado por antecedência.
Aansiedade tem suas dimensões positivas porque, antes de tudo, provoca a aten-
ção para os problemas, além de gerar comportamentos cautelosos diante do risco
e da incerteza(BECKER,1999;PEURIFOY,1997; BOURNE,1995; EMERY,2000).
A ansiedade alerta a pessoa e a faz agir no sentido de evitar o perigo ou safar-
se dele. Na realidade, é melhor receber alarmes falsos do que não perceber uma
~ituação ameaçadora. O anúncio do risco traz a ajuda de terceiros. Gerentes se
beneficiam da colaboração adicional. Por essa razão, muitos provocam o medo para
tentar reações mais efetivas e tomar decisões mais radicais, que seriam difíceis
se todos não fossem conscientizados da ameaça iminente. Exageros ajudam a
mobilizar pessoas, mas conduzem a uma percepção mais generalizada do risco
e, portanto, a mais medo e ansiedade.
No entanto, quando se induz ao medo, também se desloca a atenção das
. pessoas de recursos importantes para ações baseadas em ilusões pré-fabricadas.
--
Possivelmente,esses recursos se destinariam melhor a
outros projetos da própria organização.
O medo surge na mente da mesmamaneira que apare-
cem os sonhos. Quando pensam sobre possibilidades, as
pessoasimaginam coisastanto positivas quanto negativas.
Como as possibilidades são infinitas, os sonhos e as preo-
cupaçõesevoluem de fqrma interminável e recorrente. Nos
sonhos, as pessoas ampliam seus desejos e encontram
alternativas para quase tudo, mas não para a redução da
ansiedadeedo medo. Nossonhos, repete-seatensãoentre
o imagin"adoe a realidade, e entre o êxito e o fracasso.
Quanto maior a percepçãode risco, maior a predispo-
sição para a ação cautelosa. Se no futuro há imprevisibi-
lidades, não se conhecem, na verdade, os resultados das
decisões presentes.Ademais, por serem obrigados a ante-
cipar, a prever e a agir para o futuro, os dirigentes jamais
podem ser inconseqüentesevalorizar somenteo presente.
Há uma pressãO'paraa cautela, ou seja, evitar o perigo, ou
reduzir a exposição a fatores de risco.
A percepçãosobre perigos, em grande parte dasvezes,
pouco tem a ver com as referências e os dados coletados
sobreo problema.A possibilidadede haverdanos énormal-
mente menor do quea imaginaçãodaspessoasaotomarem
decisõese, portanto, a percepçãode risco é maior do que
a realidade demonstra.
Apesar de existirem situações materiais de perigo, o
riscoé,antesdetudo, umapercepçãoindividual eumacons-
trução mental.Osestudos maisprofundos sobre percepção
de riscossociais,originados naperspectivacognitiva,presu-
mem o risco como subjetivamente definido pelo indivíduo,
e influenciável por uma variedade de fatores psicológicos,
sociais, institucionais e culturais {SLOVIC,2000).
Portanto,a percepçãode riscotem suadimensãointerna
e subjetiva; a maneira como as pessoassentem e atribuem
pesoao risco influenciaos comportamentosadministrativos
defensivos e preventivos (STARR,1969; SLOVIC,1987).
Medo e ansiedade
Nasteorias contextuais, a ansiedadee o medo sãopro-
dutos de uma relaçãosocial com a informação oriunda do
meioexternoe processadaatravésde percepçõesindividuais
típicas. A ansiedadeaumentapelaatençãoexcessivaafato-
resverificados na realidade, mastambém por imaginações
de como essesfatores poderiam atingir a própria pessoa
negativamente(MOITA, 2005).
Ansiedade e medo são formas mais intensas de se
demonstrar uma preocupação.O medo está na interface
do mundo exterior com o mundo interior. Exteriormente,
começa pela consciência de fatores de risco que variam
fora do controle da pessoa.O risco é uma probabilidade de
dano relacionado ao acaso:significa uma ameaçaàs insti-
tuições, às empresas,às pessoase a seusvalores. Cabeao
indivíduo reagir aesses fatores parapreservara suaprópria
segurançae a das pessoase instituições pelas quais é res-
ponsável.Portanto, àconsciênciado risco estãoassociadas
a percepçãointerna da pessoasobre a suavulnerabilidade
a essesfatores e suacapacidadede reaçãoexitosa. Assim,
pode-sedizer queo medoadministrativo compõe-sedetrês
elementos básicos:
Percepçãode risco:aconsciênciade quealgo negativo
ou danoso pode acontecer.
Vulnerabilidade:o sentimentodequeaprópria pessoae
suaorganizaçãopodem ser atingidas por essesfatores.
Capacidade de resposta: seos recursosdisponíveise as
habilidades gerenciais serão suficientes para tratar com
êxito a incidência desses fatores sobre a organização.
O medovariana medidada alteraçãodesses três fatores.
Por exemplo, quanto maiores as habilidades e as competên-
cias para a resposta, menora percepçãodevulnerabilidàde,
e, portantõ, menores são a preocupação e o medo. Secres-
cem os sentimentos de vulnerabilidade e de incapacidade
de resposta, aguça-se proporcionalmente a intensidade do
medo. O medo é a preocupação com o risco e a incerteza
"Quanto maior a percepção de risco, maior a
predisposição paraa ação cautelosa: evitaro perigo
ou reduzira exposição a fatoresde risco"
32 cadernosdeseguro
...
rão a ser mais precavidosao construírem suas residências.
Os ribeirinhos de rios que costumam alargar seu leito em
épocas de cheias, como na região amazônica, costumam
edificar suas casas sobre estacas de madeira (palafitas),. "-
precavendo-se dos fenômenos de alagamento. Nesses casos,
os indivíduos praticam a prevenção de riscos.
Entendemos que" como nem todos os cidadãos têm essa
sensibilidade para as questões ambientais, cabe aos órgãos
públicos oferecer as orientações adequadas, assim como
fiscalizar as ocupações de espaços urbanos feitas de modo
inadequado, de maneira a prevenir as populações contra
riscos aos quais possam estar sujeitas.
Deve-se ter em mente que, muitas vezes, as pessoas
têm a correta percepção para os riscos, mas não têm como
construir suas casas em locais mais seguros, ou já não
mais encontram espaços disponíveis nas áreas onde podem
pagar por um lot!!de terra. "I.ambém nestes casos, cabe aos
órgãos fiscalizadoresdefiniráreas destinadas a essetipo de
ocupação urbana. Todavia, nem por isso devem ser vistas
de modo diferente.
Deve-se criar a cultura do bem e do mal coletivo,
principalmente nás questões ambientais. Ações isoladas
podem ser nefastas a muita gente. Esse talvez seja o
maior recado. ~
"
Antonio Fernando Navarro
Engenheiro civil, especialista em Gestão de Riscos, mestre em
Saúdee Meio Ambiente pela Universidade da Regiãode Joinville
(IIniville)
afnavarro@terra.com.br
Mônica Lopes Gonçalves
GeóloÇ{.a,mestre em Geologia pela UFRJ,doutora em Recursos
Minerais e Hidrogeologia pela USP,coordenadora do Programade
'Mestrado em Saúdee Meio Ambienteda Univille
mlopes@univille.br
34 cadernosde seguro
--
Referências Bibliográficas:
BAYERISH, R., ed. Risk Is a construct: perceptions and risk
perception. Munique, Knesebeck, 1993.
BECKER,G.Virtudesdo medo: sinaisde alertaque nosprotegem
da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. .
BOHOLM,A.Risk perception and social anthropology: critique
of cultural theory. Ethnos, 61 (1-2): 64-84.1996.
BOURNE,Edmund.The ansiety and phobia workbook. Oakland:
New Harbinger Publications, 1995.
DE MARTINI,Jr. L. C. A comunicação de riscos na emergência.
Revista Saneamento Ambiental, n°49, p. 46-50. Disponível em
http://www.cienciaviva.ptlrede/risc02004/materiais/guiao. Ddf.
Acesso em 02/03/2005.
DIEGUES,A.C. S. O mito moderno da natureza intocada. São
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DOUGLAS,M~& WILDAVSKY,A. Risk and culture - An essay on
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University of California Press. 1983.
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(primeiraparte).EnglewoodCliffs,N.J.: PrenticeHall,1980.
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educar.sc.usp.br/bioloaiaYtextos/m a txt4.html. Acesso em
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FERNANDES,R.S.; GORZA,L.S.; LARANJA,A.C.; PELlSSARI,
V. B.; SOUZA, V. J. Como os Jovens percebem a questão
ambiental. Disponível em: http://www.acrendervirtual.com/ver
noticia.phD?codiao=48. Acesso em 22/03/2005.
LIMA,L. Percepção de riscos ambientals. Instituto de Ciências
Sociais da Universidade de Usboa (ICS). Boletim de Divulgação,
março de 2002. Disponível em http://www.ics.uI.Dtlasp/boletins/
boI5/boletim5.htm. Acesso em 22/03/2005.
MOTIA,P.R.M.Ansiedade e medo no trabalho: a percepção do
risco nas decisões administrativas. Disponívelem: http://unDan1.
un.orglintradoc/groups/DUblic/documents/CLAD/clad0043637 .
...m!!.Acesso em 08/03/2005.
PERETTI-WATEL,P. Soclologle du rlsqué. Paris: Armand
Colin, 2000. 
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May 31. Higher Education Supplement.1996.
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New Hampshire: Franklin Pierce Law Center. 1996.
VIEIRA, F. G. D. The cultural definitlons of danger and
envlronmental rlsks of brazilian automoblle organizations.
UniversidadeEstadualde Maringá,16p. Disponivelem: http://www.
uem.br. Acesso em 13/03/2005.

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  • 2.
  • 3. A percepção de riscos e o meio ambiente . Umagestãopela culturadobemcoletivo Antonio Fernando Navarro e Mônica lopes Gonçalves' Introdução Aquestão da percepção de riscos sempre foi um ponto muitodiscutidono processode gestão de riscosenvolvendo o meio ambiente. Muitasvezes incluía-sea percepção nas questões relacionadas à psicologia, outras vezes ela era relacionadaà comunicação. No período de agosto de 2003 a fevereiro de 2005 foram realizadas inúmeras visitas para fins de pesquisa em um bairro periférico da cidade de Joinville, ocupado por moradores das classes de renda "O"e "E",denomi- nado Jardim Sofia, com o objetivo de avaliar, através do preenchimento de questionário específico, as questões relacionadas ao_meio ambiente. Após visitas iniciais, de reconhecimento da área e da situação, incluindo conversas com alguns moradores, detectou-se que, no tratamento das questões ambientais, não seria possível deixar de lado os temas relacionados à percepção dos riscos ambientais por parte dessa população, ainda mais considerandoque muitosjá haviamsofrido, por inúmeras vezes, fortes e expressivos danos materiais, causados pelo alagamento do rio do Braço,afluente do rio Cubatão, que nessas ocasiões chegou a deixar várias residências submersas. No preenchimento dos questionários de percepção de riscos foram abordados moradores de 211 residências uni- familiares,sendo 32 emterrenos em aclivese 179em locais planos, além de 44 proprietários de imóveis comerciais, abrangendo cerca de 35%dos moradores do local. maio2008 23
  • 4. Discussão Segundo Lima (2002), citando os resultados de análises efetuadas por rVranuelVillaverde Cabral e Jorge Vala, o Ins- tituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (lC5) lançou, em 2000, um inquérito sobre questões ambientais. Esse inquérito constitui mais uma edição do International Social Survey progràmme (lSSP),rede internacional de es- tudos longitudinais e 'transnacionajs na qual Põrtugal se encontra representado, desde 1997, pelo ICS.Referindo-se a esse inquérito, Lima informa: Os problemas ambientais estão hoje n~turalmente pre- sentes no nosso quotidiano. Habituamo-nos a ver uma seção sobre ambiente nos jornais e revistas, a assistir a notícias sobre protestos ambientais nos noticiários, e a sermos alvo de campanhas de informação e sensibílização para melho- rar o ambiente. É hoje para nós pacificamente aceite que a poluição das águas ou do ar é preocupante, ou que é uma causa nobre contribuir para que não se extingam espécies selvagens. Também não achamos estranho sermos interpela- dos para responder a questões sobre as nossas opiniões sobre o estado do ambiente, como aconteceu com o questionário do Intemational Social Survey Programme (ISSP) que agora apresentamos. 'No âmbito das atitudes acerca do ambiente incluem-se indicadores relativos tanto a crenças como a preocupações ou atitudes face a diversos aspectos relacion~dos com o am- biente e questões gerais relativas ao ambiente e à natureza. Caracteriza-se, ainda, o envolvimento relativo às questões ambientais, considerando a percepção de auto-eficácia ambiental (por exemplo: "É difícil para uma pessoa como eu fazer muito pelo am~iente. Em Portugal, a percepção de ameaça ambiental é maiselevadanas mulheres, nos mehos instruídos, nos mais velhos e nos que têm menores rendi- . mentos"). Além destas características sociodemográficas, procurou-se analisar a relação com posições sociais mais gerais. A percepção quanto ao grau de periculosidade é apresentada na Tabela 1. Tabela 1 -.Graude periculosidade para o ambiente (extremamente + muito perigoso -%) Centrais nucleares 91 Poluiçãodos rios, lagos e albufeiras 87 Aumentoda temperatura do planeta 88 Poluiçãodo ar causada pela indústria 86 Poluição do ar causada pelos automóveis 84 Pesticidas e produtos 'q.uímicosusados na agricultura 79 Modificaçãogenética de produtos agrícolas 77 Fonte: Intemational Social Survey programme (ISSP) 2000. Ainda segundo Lima,a progressivadegradação das con- dições ambientais e, sobretudo, a sua crescente visibilidade, transformaram a questão ambiental num problema social .que tem vindo a ganhar terreno na sociedade portuguesa, suscitando emergência no surgimento de novas atitudes, valores e comportamentos que corporizam um processo progressivo de mobilização social pela def~sa do ambiente e das condições ecológicas em geral. No que diz respeito a di- mensões como a,disponibilidade para aceitar sacrifícios em nome da preservação ambiental, os níveis de preocupação com o estado do ambLente ou, ainda, algum sentido crítico face à vida moderna e suas consequências, as respostas dos portugueses não se distanciam significativamente das res- Rostas dos alemães, britânicos ou espanhóis (Tabela 2). . Tabela 2 -Activismo, disponibilidade e crítica ao crescimento (%) 3S 30 25 20 15 10 5 o ~Alemanha . Grã-Bretanha . Espanha -Portugal Disponibilidade Confiança Crítica ao crescimento
  • 5. Fernandeset ai(2005),em trabalhode pesquisajunto aos alunosda Faculdade Brasileira' Univix, enfocando a temática ambiental em um segmento específico _ da sociedade (alunos de uma instituição de ensino super!or), escolheram como objeto da amostra os estudantes desta faculdade, tendo como base o seu Projeto Interdisciplinar (PI)adot'tdo em seu Curso de Engenharia de Produção Civil(EPC). Para tanto, desenvolveram o estudo "Percepção Ambiental", abrangendo um universo de 1.449 alunos. Em alguns dos inúmeros questionamentos, os alunos assim se pfOnunciaram sobre os temas (Tabela 3): Tabela 3 - Vocêtem interesse por assuntos relacionados ao meio ambiente? Classe Sim Não Ocorrências % do Total 90,1 3,8 6,1 100,0 118 5 8 131 Não Responderam Total Fonte: Faculdade Brasileira - Univix_ Faggionato (2005), quando aborda a questão da percepção ambiental, declara que o homem está constantemente agindo sobre o meio a fim de sanar suas neces- sidades e desejos. Vocêjá pensou-em quantas das nossas ações sobre o ambiente, . naturalou construído,afetama qualidadede vidade váriasgerações?Enosdiversos projetos arquitetônicos ou urbanísticos .!Lueafetam as respostas dos seus usuários e moradores? Enão estamos falando de respostas emocionais, que dependem do-nosso humor ou predisposição do momento, mas da nossa própria satisfação psicológica com o ambiente. Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio. As respostas ou.manifestações são, portanto, resultado das percepções, dos processos cognitivos,julgamE!ntos e expectativas de cada indivíduo. Embora nem todas, as manifestações psicológicas sejam evidentes, são constantes, e afetam nossa conduta, na maioria das vezes, inconscientemente. Questionamentos Abordando especificamente a questão da percepção de riscos com relação aos questionamentos feitos aos moradores do Jardim Sofia, como contido na Tabela 4, foram desenvolvidos questionamentos com uma série de perguntas, de caráter pessoal e algumas genéricas. Através da análise desses dados consegue-se entender por que as p:ssoas se preocupam mais com certas situações do que com outras. Por exemplo, se a população é afetada por uma tragédia, não seria natural que buscasse o apoio dos órgãos públicos, através de reclamações? Por outro lado, será que a opinião de terceiros é importante para a sua compreensão ou maior envolvimento? Será que a população acredita e espera algum tipo de apoio dos órgãos públicos? Procurou-se trabalhar mais o resultado dessas análises através de várias associações de respostas.
  • 6. Tabela 4 - Comparativo (%)entre depoimentos de homens (H)e mulheres (M) Fonte: Dados da pesquisa de campo. ._im__ . . .... > NãÇ! 1) Foi você mesmo quem construiu o imóvel? H I M H I M 65,0 I 61,8 35,0 I 38,2 -- Sim Não 2) Você tem preocupação quanto à segurança de sua família por residir neste H I M H I M local? 53,8 I 70,6 46,7 I 29,4 3) O que você faria para melhorar a segurança de sua família? Homens Mulheres Mudaria de local H= 28,6% M= 28,4% Investiria mais na proteção do terreno H= 30,3% M= 35,2% Investiria mais na segurança da casa H= 41,2% M= 40,4% Sim -.,.. Não, F 4) Você acredita que, ao desmatar o seu lote, poderá provocar acidentes ....- H I M H I M envolvendo seu imóvel e os demais da região? .. 40,6 1 42,6 59,5 I 57,4 Sim . Nãó 5) Seus vizinhos estão preocupados com a segurança deles? H I M H I M - 57,4 I 75,0 42,7 I 25,0 sim - _Não. . -' . " 6) Seus vizinhos já comentaram com você a respeito do risco de morarem neste H 1 M H I M local? T I37,8 57,4 62,2 42,6 il!1 Não - . 7) Você já fez alguma reclamação na Prefeitura? H I M H I M - 12,6 I 17,6 87,4 I 82,4 Sim > No .. 8) Já aconteceu algum tipo de acidente neste local? H T M H I M 62,93 I 69,12 37,07 I 30,88 ..Sim .. No .. 9) Você acredita que as chuvas fortes podem prejudicar sua segurança? H I M H I M 74,8 I 85,3 25,2 I 14,7 Sim ,Não . . 10) Você acredita que sua fossa pode prejudicar a qualidade da água que todos irão H' T M H I M beber depois? 14,0 I 42,7 86,0 I 57,4 Sin:t . ..- Não 11) Você acha que o seu poço artesiano pode estar contaminado com a infiltração H I M H I M provocada pelas fossas das casas das famílias próximas? 0,0 I 0,0 100,0 I 100,0 Sim .., ãó 12) Você ou alguém de sua família deposita lixo nas encostas? H T M H I M , 30,1 1 35,3 69,9 I 64,7 Sim Não .- , _.- 13) Você acredita que os órgãos públicos estão preocupados com sua segurança e H I M H I M de seus vizinhos? I I29,4 42,6 70,6 57,4 Sim-- J. 14) Você ou seus vizinhos já foram procurados pelas assistentes sociais da H I M H I M Prefeitura ou de outro Órgão? 6,29 1 1,48 93,71 I 98,72 $Im Não . , ,. -. . 15) Você acha importante que a Prefeitura se preocupe com você? H I M H I M 69,93 I 72,05 30,07 I 27,95 Sim H.Ao _ 16) Você gostaria de fazer algum comentário específico? H I M H I M 44,1 T 51,5% 56,0 I 48,5%
  • 7. ..ambosdisseram "sim" à possibilidade das chuvas fortes prejudicarem seus imóveis. Ou seja, todos têm a preocu- pação com a incidência de chuvas fortes e as associam a alagamentos.Também em épocaspassadastiveram preju- ízos por causàda subida das águas do rio. Na resposta à pergunta: "Vocêacredita que os órgãos públicos estão preocupadoscom sua segurançae de seus vizinhos?",enquanto os homens sãoperemptórios edizem "não",asmulheresdeixamà mostracertaansiedade.Dema- neirageral,os órgãospúblicosencontram-sedesacreditados parauma parceladaquelapopulação,já que suasaçõesnão sãotão evidentesassim, pelo menos para eles. No cômputo geral, analisando-se todas as respostas dadas,obteve-seo seguinte: 66,35% declaram gue os órgãos públicos não estão preocupadoscom<asegurançadeles; 70,62%declaram que é importante que a Prefeitura se preocupe com eles. Com relação às duas últimas perguntas, as mulheres apresentamum nívelde percepçãoparaasquestõesambien- tais um poucomaior do queo os homens.Conversandocom elas,verificou-se que, em parte, issosedeveao sentimento de proteçãodafamília ea um nívelmaior de esclarecimento. Ointeressantetambém é quesãoos homfns que maisparti- cipam dasreuniõesperiódicasda associaçãode moradores. Talvezaí estejaembutida aquestãodo machismo,já queas reuniões sãoà noite. Entretanto, sãoas mulheres que mais discutem as questões com as amigas, durante o dia. Do total de moradores entrevistados 46,45%não qui- seram fazer qualquer comentário ou sugestão a respeito de acidentes afetando ou envolvendo seus imóveis. Para aquelesque optaram por fazer comentários, o que mais se ouviu foi o seguinte: , "Não acredito nos órgãos públicos"; "A Prefeituradevefiscalizar mais a região"; "A Prefeituradevedisponibilizar caçambasde lixo junto às margens do rio"; "A Prefeituradevefiscalizar as construçõesirregulares"; "As valas negras precisam ser fechadas"; "As encostas dos morros precisam ser reflorestadas"; "O rio não deveriater as margensdesmatadas"; "As Assistentes Sociaisdeveriam/isitar os moradores atingidos pelas catástrofes"; "A populaçãodeveserconscientizadaparaa preseryação do MeioAmbiente". Paratodos os moradores entrevistadosforam feitos os seguintes questionamentos: Vocêtem preocupaçãoquantoàsegurançade suafamília por residir neste local? 59,24% disseram "sim"; O que você faria para melhorar a segurança de sua família? 28,52%disseram que mudariam de local; Você acredita que, ao desmatar o seu lote, poderá provocar acidentesenvolvendo você e sua família e as demais famílias da região? 58,77%dos depoentes disseram "não". A maioria dos depoentes,62,559§do total de entrevista- dos, declarou que ocorreram acidentesambientais em seu bairro, mas apenas 28,52% desses mudaria de local. Em _parte, essaaparentecontradição sedeveaofato de que nos últimos anosa inçidênciade alagamentosfoi muito menor, ficando restrita às proximidades das margens do rio, na épocadaschuvasmaisfortes. Em59,24%dosdepoimentos observou-seque os moradorestêm preocupaçãopor morar naquele bairro.
  • 8. Analisando-seas respostas dadas emfunçãoda classede rendados depoentes, estratificadas como abaixo, verificou-se (Tabelas 5 e 6): Classe "A"- renda de até 2 salários mínimos; · Classe "B" - rendaêompreendida entre 2 e 5 salários mínimos; Classe "(" - renda superior a 5 salários mínimos.' Tabela 5 - O que você fal"iapara melhorar a segurança de sua família? Considerando-se classes de renda e sexo Fonte: Dados da pesquisa de campo. Tabela 6 - Vocêacredita que os órgãos públicos estão preocupados com a sua segurança e a de seus vizinhos? Sim Não Fonte: Dados da pesquisa de campo. Percepção de risco: conceito científico ou reação subjetiva? Quando se fala sobre percepção de riscos, quase sempre se notam dúvidas nas respostas, porque os conceitos sobre riscos algumas vezes não são perfeita- mente claros.Aprópriadistinção técnicaentre "riscoobjetivo"e "riscosubjetivo" é controversa, pois, numa área complexa e pouco explorada como a análise de risco, o "risco objetivo",que deveria ser reprodutível (isto é, gerar resultados iguais, independente de quem realize a análise), não o é, pois a sua determina- ção possui subjetividade,já que requer o exercício do julgamento. Julgamento científico,mas, ainda assim,julgamento. Abordando a questão da percepção sob a ótica das indústrias, De Martini (2005) declara que este desprezo foi respondido com pressões sociais, que se concretizavam nos países desenvolvidosatravés da reversão da opinião pública sobre a indústria, o que impulsionoua ampliaçãoexponencial de uma legislação ambiental, a qual passou a agir como instrumento regulador.Aconstatação pela indústriade que percepção é realidade,força uma mudançade postura, exempli- ficadapelosingularepisódio em que a Shelldecidiususpender o afundamento de uma plataforma obsoleta de petróleo no Mardo Norte por ter sido pressionada por umacampanha popular, lideradapelaorganizaçãoambientalistaGreenpeace, Classesde renda Sexo A 8 C Masculino Feminino a) Mudariade local. 68,20 26,30 12,90 28,57 28,40 b) Investiriamais na proteção do 9,10 33,50 37,10 30,28 35,22terreno. c) Investiriamaisna segurançada I22,70 I40,20 I50,00 I 41,15 'I 40,38casa. Cltfsses de renda SeJlo A 8 C Masculino Feminino 40,9 41,5 15,3 29,4 42,6 59,1 58,5 84,7 70,6 57,4
  • 9. / que denunciavaefeitos ambientais negativos relevantesda operaçãode afundamento.A alternativa de rebocara plata- forma paraterra firme e seudesmontegerariaumadespesa extra para a Shellde US$100 milhões. Três mesesapós a suspensãodo afundamento, porém, o Greenpeaceadmitiu um erro de avaliaçãoe refez suaposição:Emboraa aborda- gem técnica atenda às decisõesde caráter exclusivamente técnico, ela mostra-seincompleta quando sãoincluídos na análise os aspectos sociais. Portanto, deve-seconsiderar a percepçãopública no gerenciamento de risco tecnológico, mas não deve ser a mesma para todos os grupos, pois, as experiênciassociaisvariameaseleçãodostipos deatributos de percepção,e suas respectivas magnitudes, mudam em cadasituação. Confiançae credibilidade sãovaloresconstruídos, pau- latinamente, atravésda coerênciae consistência de ações, competência e ética. Contudo, podem ser rapidamente~ desconstruídos se for percebidaa incompetência, omissão ou manipulação.Os segmentosenvolvidosnacomunicação de risco devemperceberconfiançaecredibilidade paraque o processoseconcluadeforma consensual.Oaparecimento de incertezascientíficas,em geral por variaçõesnasestima- tivasconsideradasnasanálisestécnicasepelacomplexidade das informações, comuns no gerenciamento de risco tec- nolÓgico,é um dos problemas principais na comunicação de risco, pois provocam,peladesconfiança,uma percepção pública negativa (DEMARTINI,2005). Usinasatômicas,petroquímicas,automóveis,pesticidas, fertilizantes, enfim, os diversoselementosdaatividade eco- nômicachegaram,ainda que silenciosamente,aosambien- tes de trabalho e moradia, e até mesmo ao próprio corpo, atravésdos reflexos de suainserçãonacadeiaalimentar. Éa convivênciacomo risco,cujos reconhecimentoeconcepção, conforme lembram Thompson & Dean (1997), são muito mais fáceis para os estudiosos que para os leigos. 30 cadernosdeseguro Foisob estaótica eperantea consideraçãodacrescente universalidade da noçãode perigo e risco ambiental que a antropólogasocialMaryDouglasiniciou seutrabalhode pes- quisasobre perigos.Douglas(1966)estabeleceu,emtermos antropológicos, asprimeiras análisesparaasistematização de um conhecim~ntoquepudesseexplicar como os perigos sãoculturalmenteentendidospelaspessoaseorganizações. Apenasatítulo de lembrança,destaca-seque, nessamesma época,paralelamente,desenvolvia-seo pensamentoecoló- gico que ganhou força através de uma nova visão, a qual levouàcriaçãodasescolasatuais do pensamentoecológico, conforme se observaem Diegues(1996). A continuidade de tal perspectiva de análise veio a fundar, mais tarde, a Teoria Cultural do Risco, ou Teoria Cultural, como foi proposta por Douglas em seu trabalho mais importante, escrito em parceria com Wildavsky(DOU- , GLAS& WILDAVSKY,1983). A relevância dessa teoria foi. amplamentereconhecida,e mesmoalgunsdosseuscríticos, atuais, como Boholm(1996) eSjõberg(1996), entre outros, , assinalamo quanto a mesmatornou-se influente no campo interdisciplinar da percepçãoe comunicaçãodo risco. DeacordocomThompson& Dean(1996),duasposições têm marcadoas discussõessobre a percepçãode risco. De um ladoestãoos positivistas,queentendemquea percepção de riscoé um conceito puramentecientífico,admitindo uma completacaracterizaçãoeanáliseatravésdacoletadedados e do uso de métodos quantitativos. De outro lado estão os relativistas, que entendemque a percepçãode risco é uma reaçãopuramentesubjetivaa um fenômenodentro da expe- riênciadevida pessoalou socialeorganizacional.A primeira po.siçãoreferenciaobjetivamenteascondiçõesdo munc!ofisi- cd.Jáasegundaassumeumaconstruçãopuramentemental, queexpressareaçõesemocionais,moraise políticas(VIEIRA, 2005).A rigor, Douglas&Wildavsky(1983:5)assinalamquea faltade sincroniaestánaraizdo problemacon~emporâneoda
  • 10. . f j avaliaçãode risco.Porumladotem-sea possibilidadedo conhecimentosobreo risco ser certo ou incerto, e por outro há a condição da aprovação de encaminhamento sobre o risco ser completa ou contestada. A constituição dessa dualidade resulta em situações onde a solução para o risco pode ser calculada, pesquisada, imposta ou discutida, ou até mesmo absolutamente aberta e indefinida. Demodocomplementar,Douglas&Wildavsky(1983)defendemque,em função do fato de que cada grupo social tem seu próprio e típico "portfólio" de riscos, são os diferentes princípios que guiam o comportamento das pessoas que afetam as suas percepções de risco. No sentido negativo, o risco deixa implícito o perigo de conseqüências adver- sas e sugere o esforço gerencial para a conscientização de sua existência, para evitá-Io ou minimizá-Io. Estar em risco é estar vulnerável ao acaso ou a fatores que provocam danos, independentemente de ações individuais. Evitar o risco é tentar precaver-se contra o perigo do inesperado, do não-familiar ou do inusitado. Quando visto como algo ruim, o risco incentiva a busca de segurança. Miniinizar ou reduzir risco são expressões que procuram dar segurança à decisão. Vista como algo positivo, a percepção de risco: (1) revelaa coragem de arriscar apesar das adversidades; (2) conscientizaas pessoas sobre ameaçase danos potenciaise reaisà empresa;e (3) valofizao espírito empreendedor e de prosseguir e se aventurar em direção ao êxito. O risco chega a fascinar algumas pessoas. Risco, uma percepção individual e uma construção mental Não é por acaso que dirigentes se vangloriam de sua capacidade de;éorrer riscos. Muitas vez~s, exageram a inexistência de dados ou sua inexatidão para realçar a sua capacidade de intuir e de prosseguir apesar de conselhos por cau- tela. Proclamam-se mais intuitivos do que realmente são para parecerem mais corajosos, hábeis e autônomos perante o risco. Ademais, a preocupação e a ansiedade fazem companhia à pessoa, ocupam a sua mente em momentos de mais solidão e podem até ser prazerosas como parte da aventura de decidir e de dirigir uma organ{zação. Em esportes de maior risco, parte da aventura é ficar amedrontado por antecedência. Aansiedade tem suas dimensões positivas porque, antes de tudo, provoca a aten- ção para os problemas, além de gerar comportamentos cautelosos diante do risco e da incerteza(BECKER,1999;PEURIFOY,1997; BOURNE,1995; EMERY,2000). A ansiedade alerta a pessoa e a faz agir no sentido de evitar o perigo ou safar- se dele. Na realidade, é melhor receber alarmes falsos do que não perceber uma ~ituação ameaçadora. O anúncio do risco traz a ajuda de terceiros. Gerentes se beneficiam da colaboração adicional. Por essa razão, muitos provocam o medo para tentar reações mais efetivas e tomar decisões mais radicais, que seriam difíceis se todos não fossem conscientizados da ameaça iminente. Exageros ajudam a mobilizar pessoas, mas conduzem a uma percepção mais generalizada do risco e, portanto, a mais medo e ansiedade. No entanto, quando se induz ao medo, também se desloca a atenção das . pessoas de recursos importantes para ações baseadas em ilusões pré-fabricadas. --
  • 11. Possivelmente,esses recursos se destinariam melhor a outros projetos da própria organização. O medo surge na mente da mesmamaneira que apare- cem os sonhos. Quando pensam sobre possibilidades, as pessoasimaginam coisastanto positivas quanto negativas. Como as possibilidades são infinitas, os sonhos e as preo- cupaçõesevoluem de fqrma interminável e recorrente. Nos sonhos, as pessoas ampliam seus desejos e encontram alternativas para quase tudo, mas não para a redução da ansiedadeedo medo. Nossonhos, repete-seatensãoentre o imagin"adoe a realidade, e entre o êxito e o fracasso. Quanto maior a percepçãode risco, maior a predispo- sição para a ação cautelosa. Se no futuro há imprevisibi- lidades, não se conhecem, na verdade, os resultados das decisões presentes.Ademais, por serem obrigados a ante- cipar, a prever e a agir para o futuro, os dirigentes jamais podem ser inconseqüentesevalorizar somenteo presente. Há uma pressãO'paraa cautela, ou seja, evitar o perigo, ou reduzir a exposição a fatores de risco. A percepçãosobre perigos, em grande parte dasvezes, pouco tem a ver com as referências e os dados coletados sobreo problema.A possibilidadede haverdanos énormal- mente menor do quea imaginaçãodaspessoasaotomarem decisõese, portanto, a percepçãode risco é maior do que a realidade demonstra. Apesar de existirem situações materiais de perigo, o riscoé,antesdetudo, umapercepçãoindividual eumacons- trução mental.Osestudos maisprofundos sobre percepção de riscossociais,originados naperspectivacognitiva,presu- mem o risco como subjetivamente definido pelo indivíduo, e influenciável por uma variedade de fatores psicológicos, sociais, institucionais e culturais {SLOVIC,2000). Portanto,a percepçãode riscotem suadimensãointerna e subjetiva; a maneira como as pessoassentem e atribuem pesoao risco influenciaos comportamentosadministrativos defensivos e preventivos (STARR,1969; SLOVIC,1987). Medo e ansiedade Nasteorias contextuais, a ansiedadee o medo sãopro- dutos de uma relaçãosocial com a informação oriunda do meioexternoe processadaatravésde percepçõesindividuais típicas. A ansiedadeaumentapelaatençãoexcessivaafato- resverificados na realidade, mastambém por imaginações de como essesfatores poderiam atingir a própria pessoa negativamente(MOITA, 2005). Ansiedade e medo são formas mais intensas de se demonstrar uma preocupação.O medo está na interface do mundo exterior com o mundo interior. Exteriormente, começa pela consciência de fatores de risco que variam fora do controle da pessoa.O risco é uma probabilidade de dano relacionado ao acaso:significa uma ameaçaàs insti- tuições, às empresas,às pessoase a seusvalores. Cabeao indivíduo reagir aesses fatores parapreservara suaprópria segurançae a das pessoase instituições pelas quais é res- ponsável.Portanto, àconsciênciado risco estãoassociadas a percepçãointerna da pessoasobre a suavulnerabilidade a essesfatores e suacapacidadede reaçãoexitosa. Assim, pode-sedizer queo medoadministrativo compõe-sedetrês elementos básicos: Percepçãode risco:aconsciênciade quealgo negativo ou danoso pode acontecer. Vulnerabilidade:o sentimentodequeaprópria pessoae suaorganizaçãopodem ser atingidas por essesfatores. Capacidade de resposta: seos recursosdisponíveise as habilidades gerenciais serão suficientes para tratar com êxito a incidência desses fatores sobre a organização. O medovariana medidada alteraçãodesses três fatores. Por exemplo, quanto maiores as habilidades e as competên- cias para a resposta, menora percepçãodevulnerabilidàde, e, portantõ, menores são a preocupação e o medo. Secres- cem os sentimentos de vulnerabilidade e de incapacidade de resposta, aguça-se proporcionalmente a intensidade do medo. O medo é a preocupação com o risco e a incerteza "Quanto maior a percepção de risco, maior a predisposição paraa ação cautelosa: evitaro perigo ou reduzira exposição a fatoresde risco" 32 cadernosdeseguro ...
  • 12. rão a ser mais precavidosao construírem suas residências. Os ribeirinhos de rios que costumam alargar seu leito em épocas de cheias, como na região amazônica, costumam edificar suas casas sobre estacas de madeira (palafitas),. "- precavendo-se dos fenômenos de alagamento. Nesses casos, os indivíduos praticam a prevenção de riscos. Entendemos que" como nem todos os cidadãos têm essa sensibilidade para as questões ambientais, cabe aos órgãos públicos oferecer as orientações adequadas, assim como fiscalizar as ocupações de espaços urbanos feitas de modo inadequado, de maneira a prevenir as populações contra riscos aos quais possam estar sujeitas. Deve-se ter em mente que, muitas vezes, as pessoas têm a correta percepção para os riscos, mas não têm como construir suas casas em locais mais seguros, ou já não mais encontram espaços disponíveis nas áreas onde podem pagar por um lot!!de terra. "I.ambém nestes casos, cabe aos órgãos fiscalizadoresdefiniráreas destinadas a essetipo de ocupação urbana. Todavia, nem por isso devem ser vistas de modo diferente. Deve-se criar a cultura do bem e do mal coletivo, principalmente nás questões ambientais. Ações isoladas podem ser nefastas a muita gente. Esse talvez seja o maior recado. ~ " Antonio Fernando Navarro Engenheiro civil, especialista em Gestão de Riscos, mestre em Saúdee Meio Ambiente pela Universidade da Regiãode Joinville (IIniville) afnavarro@terra.com.br Mônica Lopes Gonçalves GeóloÇ{.a,mestre em Geologia pela UFRJ,doutora em Recursos Minerais e Hidrogeologia pela USP,coordenadora do Programade 'Mestrado em Saúdee Meio Ambienteda Univille mlopes@univille.br 34 cadernosde seguro -- Referências Bibliográficas: BAYERISH, R., ed. Risk Is a construct: perceptions and risk perception. Munique, Knesebeck, 1993. BECKER,G.Virtudesdo medo: sinaisde alertaque nosprotegem da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. . BOHOLM,A.Risk perception and social anthropology: critique of cultural theory. Ethnos, 61 (1-2): 64-84.1996. BOURNE,Edmund.The ansiety and phobia workbook. Oakland: New Harbinger Publications, 1995. DE MARTINI,Jr. L. C. A comunicação de riscos na emergência. Revista Saneamento Ambiental, n°49, p. 46-50. Disponível em http://www.cienciaviva.ptlrede/risc02004/materiais/guiao. Ddf. Acesso em 02/03/2005. DIEGUES,A.C. S. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: Hucitec. 1996. DOUGLAS,M~& WILDAVSKY,A. Risk and culture - An essay on the selection oftechnological and environmentaldangers. Berkley: University of California Press. 1983. DOUGLAS,'M. Purlty and danger: an analysis of concepts of pollution and taboo. London: Routledge & Kegan Paul. 1966. EMERY,Jean-Luc.Sunnontez vos peur. Paris: Odile Jacob, 2000 (primeiraparte).EnglewoodCliffs,N.J.: PrenticeHall,1980. FAGGIONATO,S. Percepção ambiental. Disponível em: !Jtm;il educar.sc.usp.br/bioloaiaYtextos/m a txt4.html. Acesso em 22/03/2005. FERNANDES,R.S.; GORZA,L.S.; LARANJA,A.C.; PELlSSARI, V. B.; SOUZA, V. J. Como os Jovens percebem a questão ambiental. Disponível em: http://www.acrendervirtual.com/ver noticia.phD?codiao=48. Acesso em 22/03/2005. LIMA,L. Percepção de riscos ambientals. Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Usboa (ICS). Boletim de Divulgação, março de 2002. Disponível em http://www.ics.uI.Dtlasp/boletins/ boI5/boletim5.htm. Acesso em 22/03/2005. MOTIA,P.R.M.Ansiedade e medo no trabalho: a percepção do risco nas decisões administrativas. Disponívelem: http://unDan1. un.orglintradoc/groups/DUblic/documents/CLAD/clad0043637 . ...m!!.Acesso em 08/03/2005. PERETTI-WATEL,P. Soclologle du rlsqué. Paris: Armand Colin, 2000. PEURIFOY,R. Obercomlng anxlety. New York: Henry Holt and Company, 1997. SJÕBERG, L. Signed-up members of the at-risk reglster: what makessomepeoplefeelmoreatriskthanothers?The limes, London, May 31. Higher Education Supplement.1996. SLOVIC,P.Perception of risk. Science, 236, 280-285,1987. SLOVIC,P.Trust, emotlon, sex, politics and sclence: surveying the risk-assessement battlefield, in SLOVIC,P.The perception of risk. London: Earthscan, 2000. . SLOVlC,P.The perception of risk. London: Earthscan,2000. STARR,C.Social benefit versus techno/ogicalrisk.Science, 165, 1232-1238,1969. THOMPSON, P.B. & DEAN, W.Competing conceptions of rlsk. New Hampshire: Franklin Pierce Law Center. 1996. VIEIRA, F. G. D. The cultural definitlons of danger and envlronmental rlsks of brazilian automoblle organizations. UniversidadeEstadualde Maringá,16p. Disponivelem: http://www. uem.br. Acesso em 13/03/2005.