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-57023042545 4635500399415A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em HYPERLINK 
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Mário de Andrade em aceitar a designação, a palavra “futurismo” passa a ser utilizada indiscriminadamente para toda e qualquer manifestação de comportamento modernista, em tom na maioria das vezes pejorativo. Em contrapartida, os modernistas chamam de “passadistas” os defensores da tradição em geral.   Semana, de uma certa maneira, nada mais foi do que uma ebulição de novas idéias totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade própria e de uma maneira mais livre de expressão. Não se tinha, porém, um programa definido: sentia-se muito mais um desejo de experimentar diferentes caminhos do que de definir um único ideal moderno. 13 de fevereiro (Segunda-feira) - Casa cheia, abertura oficial do evento. Espalhadas pelo saguão do Theatro Municipal de São Paulo, várias pinturas e esculturas provocam reações de espanto e repúdio por parte do público. O espetáculo tem início com a confusa conferência de Graça Aranha, intitulada 
A emoção estética da Arte Moderna
. Tudo transcorreu em certa calma neste dia.  15 de fevereiro (Quarta-feira) - HYPERLINK 
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Ronald de Carvalho lê o poema intitulado Os Sapos de Manuel Bandeira, (poema criticando abertamente o parnasianismo e seus adeptos) o público faz coro atrapalhando a leitura do texto. A noite acaba em algazarra. Ronald teve de declamar o poema pois Bandeira estava impedido de fazê-lo por causa de uma crise de HYPERLINK 
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A emoção estética da arte moderna
 abriu o evento. Houve ainda palestras, conferências e discursos de escritores como Ronald de Carvalho, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade.Entre os pintores que participaram da Semana estavam Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Oswaldo Goeldi, John Graz, Zina Aita, Inácio da Costa Ferreira, João Fernando de Almeida Prado, Antônio Paim Vieira e Alberto Martins Ribeiro. Tomaram parte também os escultores Victor Brecheret, Wilhelm Haerberg e Hildergardo Leão Veloso, e os arquitetos Antônio Garcia Moya e Georg Przyrembel.Os músicos modernistas que participaram da Semana foram Villa-Lobos, Guiomar Novaes, Ernani Braga, Frutuoso Viana, Paulina D'Ambrosio, Lucília Villa-Lobos, Alfredo Corazza, Pedro Vieira, Antão Soares, Orlando Frederico e outros coadjuvantes. A dança teve a contribuição de Yvonne Daumierie.Vários outros escritores estiveram presentes, dando apoio aos conferencistas. Entre eles, Guilherme de Almeida, Agenor Barbosa, Plínio Salgado, Cândido Mota Filho, Renato de Almeida, Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Prado, Henri Mugnier, Rubens Borba de Morais e Luís Aranha.A respeito do movimento modernista, os críticos e os estudiosos entram em sintonia num ponto: a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, em São Paulo, representou um marco, verdadeiro ponto de inflexão no modo de ver o Brasil.Não só de ver como de escrever sobre o Brasil. Em geral, os artistas e intelectuais de 1922 queriam arejar o quadro mental da nossa 
intelligentsia
, queriam pôr fim ao ranço beletrista, à postura verborrágica e à mania de falar difícil e não dizer nada. Enfim, queriam eliminar o mofo passadista da vida intelectual brasileira.Do ponto de vista artístico, o objetivo fundamental da Semana foi acertar os ponteiros da nossa literatura com a modernidade contemporânea.Para isso, era necessário entrar em contacto com as técnicas literárias e visões de mundo do futurismo, do dadaísmo, do expressionismo e do surrealismo, que formavam, na mesma época, a vanguarda européia. Desse ângulo, o modernismo é expressão da modernização operada no Brasil a partir da década de 20, que começava a dar sinais de mudança (vide, no plano político, o movimento rebelde dos tenentes) de uma economia agro-exportadora para uma economia industrial.Esse juízo é, do ponto de vista mais geral, certeiro; no entanto, ele não deve esconder as diferenças no seio do movimento de 22. Diferenças de ordem política, ideológica e estética. Na verdade, houve duas correntes modernistas: uma de inspiração conservadora e totalitária, que iria, em 1932, engrossar as fileiras do integralismo, e outra, mais crítica e dissonante, interessada em demolir os mitos ufanistas e contribuir para o conhecimento de um Brasil real que não aparecia nas manifestações oficiais e oficiais da nossa cultura. O pressuposto essencial de 22, o autoconhecimento do País, tinha a um só tempo de acabar com o mimetismo mental e denunciar o atraso, a miséria e o subdesenvolvimento. Mas denunciar com uma linguagem do nosso tempo, moderna, coloquial, aproveitando o arsenal estilístico e estético das inovações vanguardas européia.Essas duas correntes se delineiam em 1924, com a publicação do primeiro manifesto de Oswald de Andrade, Pau-Brasil, no 
Correio da Manhã
. Nele já estava inscrito o lema que guiaria toda a atividade artística e intelectual da ala crítica modernista: 
A língua sem arcaísmos, sem erudição. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos
. A outra corrente, conservadora, que iria opor-se a Oswald de Andrade, seria conhecida por verde amarelismo, cujo batismo mostra bem a filiação nacionalista e xenófoba: um canto de amor, cego e irrestrito, às 
glórias pátrias
. Em 1928, essa oposição recrudesce. E, com ela, a politização do modernismo. Verde-amarelismo transmuta-se em Anta; Paulo-Brasil deságua no movimento antropofágico.Neste mês de maio faz 50 anos que o inquieto, o irreverente e zombeteiro Oswald de Andrade escreveu o manifesto literário antropofágico. De lá para cá muita coisa mudou no Brasil. Tanto política como culturalmente. Apesar de marcado ainda por traços de dependência, o País se industrializou nas últimas d écadas; houve mudanças sociais e econômicas significativas. Se não quisermos apenas celebrar ingenuamente a data, temos de nos perguntar: teria ainda alguma coisa a dizer e a ensinar o manifesto literário escrito em 1928?Para isso, seria preciso situar o núcleo da antropofagia, que Oswald de Andrade, aliás, nunca formulou clara e explicitamente; seu manifesto foi escrito numa linguagem elíptica, repleta de ambiguidades e sem ligação explícita entre as frases. Mas, mesmo assim, dele é possível extrair algumas formulações. O que o caracteriza é a retratação do caráter assimétrico da nossa cultura, onde coexistiam o bacharelismo de Rui Barbosa, ou as piruetas verborrágicas de Coelho Neto, junto com as experiências vanguardistas do pintor Portinari. E hoje, de um lado, a moda de viola e a música sertaneja; doutro lado, a bossa nova e o cinema novo. Essa mistura, por assim dizer, era vista como resultado do desenvolvimento histórico no Brasil que, apesar de unitário, apresenta um abismo entre os aspectos arcaicos e modernos, entre as favelas e os arranha-céus, entre os guardadores de carro e os 
shopping-centers
, entre Embratel e Piauí.— O manifesto antropofágico tocou no cerne do capitalismo no terceiro mundo: a dependência. Ou pelo menos captou seus reflexos no plano da cultura. Denunciou o bacharelismo das camadas cultas, que permanecem alheadas da realidade do País, reproduzindo os simulacros dos países capitalistas hegemônicos. Ironizou a consciência enlatada de largos setores do pensamento brasileiro, que se comprazem, quando muito, em assimilar idéias, jamais criá-las. Se Oswald de Andrade teve a lucidez de ridicularizar com o mimetismo que tanto seduz o intelectual solene e bacharel, ele não caiu no equívoco de fechar as portas do País do ponto de vista cultural. Ao contrário, sua formulação em torno da 
deglutição antropofágica
 exige o remanejamento das idéias mais avançadas do Ocidente em conformidade com a especificidade de nosso contorno social e político.Nesse ponto é difícil negar sua atualidade. Ademais, a estrutura social que a antropofagia reflete e denuncia ainda não mudou em seus aspectos fundamentais. A industrialização das últimas décadas, realizada sob a égide do capitalismo concentracionista, aguçou ainda mais o desenvolvimento desigual em nosso País, trazendo, de um lado, sofisticação e modernização tecnológicas e, doutro lado, engendrando bóias-frias e marginalidade urbana. O Brasil em que Oswald escreveu o manifesto antropofágico e o Brasil de hoje é ainda o mesmo, ostentando, entre outras coisas, 
berne nas costas e calosidades portinarescas nos pés descalços
. — A retomada oswaldina na década de 60 sobretudo pela música popular (através do movimento tropicalista), tem a sua razão de ser em parte na persistência dessa estrutura social. Ao contrário da década de 40 - época em que foi injustamente criticado de escritor desleixado e superficial - Oswald de Andrade goza, nos dias de hoje, de enorme receptividade, principalmente junto ao público universitário. Ao lado de Mário de Andrade, que forma o outro pólo da moderna literatura brasileira, é impossível compreender o sentido e a dinâmica do movimento de 22 sem levá-lo em conta.
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Semana de Arte Moderna de 1922

  • 1. -57023042545 4635500399415A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/São_Paulo São Paulo São Paulo no ano de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/1922 1922 1922, de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/11_de_fevereiro 11 de fevereiro 11 a HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/18_de_fevereiro 18 de fevereiro 18 de fevereiro, no HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Theatro_Municipal_de_São_Paulo Theatro Municipal de São Paulo Teatro Municipal. O presidente do HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_de_São_Paulo Estado de São Paulo Estado de São Paulo, da época, Dr. HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Washington_Luís Washington Luís Washington Luís apoiou o movimento, especialmente atráves de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Plínio_Salgado Plínio Salgado Plínio Salgado e Menotti Del Pichia, membros de seu partido, o HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Republicano_Paulista Partido Republicano Paulista Partido Republicano Paulista. Durante os sete dias de exposição, foram expostos quadros e apresentadas HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia Poesia poesias, músicas e palestras sobre a HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernidade Modernidade modernidade. A Semana de Arte Moderna representou uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado e até corporal, pois a arte passou então da HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Vanguarda Vanguarda vanguarda, para o HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo Modernismo modernismo. O evento marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos, como a HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia Poesia poesia através da declamação, que antes era só escrita; a música por meio de concertos, que antes só havia cantores sem acompanhamento de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Orquestra_sinfônica Orquestra sinfônica orquestras sinfônicas; e a HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_plástica Arte plástica arte plástica exibida em telas, HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Escultura Escultura esculturas e maquetes de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura Arquitetura arquitetura, com desenhos arrojados e modernos. O adjetivo novo passou a ser marcado em todas estas manifestações que propunha algo no mínimo curioso e de interesse. Participaram da Semana nomes consagrados do HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo_brasileiro Modernismo brasileiro modernismo brasileiro, como HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Mário_de_Andrade Mário de Andrade Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Pichia, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Tarsila do Amaral entre outros. Origens A Semana de Arte Moderna ocorreu em uma época cheia de turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. As novas HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Vanguarda Vanguarda vanguardas estéticas surgiam e o mundo se espantava com as novas linguagens desprovidas de regras. Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época. A Semana de Arte Moderna se encaixa no contexto da HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/República_Velha República Velha República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e pela HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Política_do_café-com-leite Política do café-com-leite política do café-com-leite. O capitalismo crescia no HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil Brasil Brasil, consolidando a República e a elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionalistas. Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual , como informava o HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Correio_Paulistano Correio Paulistano Correio Paulistano, orgão do partido governista paulista, em HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/29_de_janeiro 29 de janeiro 29 de janeiro de 1922. Vanguardas européias A nova intelectualidade brasileira dos anos 10-20 viu-se em um momento de necessidade de abandono dos antigos ideais estéticos do HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Século_XIX Século XIX século XIX ainda em moda no país. Havia algumas notícias sobre as experiências estéticas que ocorriam na Europa no momento, mas ainda não se tinha certeza do que estava acontecendo e quais seriam os rumos a se tomar. O principal foco de descontentamento com a ordem estética estabelecida se dava no campo da HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura Literatura literatura (e da HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia Poesia poesia, em especial). Exemplares do HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Futurismo Futurismo Futurismo italiano chegavam ao país e começavam a influenciar alguns escritores, como Oswald de Andrade e HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_de_Almeida Guilherme de Almeida Guilherme de Almeida. A jovem pintora HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Anita_Malfatti Anita Malfatti Anita Malfatti voltava da Europa trazendo a experiência das novas vanguardas, e em HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/1917 1917 1917 realiza a que foi chamada de primeira exposição modernista brasileira, com influências do HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Cubismo Cubismo cubismo, expressionismo e futurismo. A exposição causa escândalo e é alvo de duras críticas de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Monteiro_Lobato Monteiro Lobato Monteiro Lobato, o que foi o estopim para que a Semana de Arte Moderna tivesse o sucesso que, com o tempo, ganhou. Antecedentes Alguns eventos que direta ou indiretamente motivaram a realização da Semana de 1922, mudando as atitudes dos jovens artistas modernistas, constitui uma informação importante para o reconhecimento da forma como foi se tornando realidade. 1912. HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Oswald_de_Andrade Oswald de Andrade Oswald de Andrade retorna da Europa, impregnado do HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Futurismo Futurismo Futurismo de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Marinetti Marinetti Marinetti, e afirmando que “estamos atrasados cinqüenta anos em cultura, chafurdados ainda em pleno HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Parnasianismo Parnasianismo Parnasianismo”. 1913. HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Lasar_Segall Lasar Segall Lasar Segall, pintor lituano, realiza “a primeira exposição de pintura não acadêmica em nosso país”, nas palavras de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Mário_de_Andrade Mário de Andrade Mário de Andrade. 1914. Primeira exposição de pintura de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Anita_Malfatti Anita Malfatti Anita Malfatti, que retorna da Europa trazendo influências pós-impressionistas. 1917. – HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Mário_de_Andrade Mário de Andrade Mário de Andrade e Oswald de Andrade, os dois grandes líderes da primeira geração de nosso HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo Modernismo Modernismo, se tornam amigos. Publicação de Há uma gota de sangue em cada poema; livro de poemas de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Mário_de_Andrade Mário de Andrade Mário de Andrade, que utilizou o pseudônimo Mário Sobral para assinar essa obra pacifista, protestando contra a HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Guerra_Mundial Primeira Guerra Mundial Primeira Guerra Mundial. Publicação de Moisés e Juca Mulato, poemas regionalistas de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Menotti_Del_Pichia Menotti Del Pichia Menotti Del Pichia, que conseguem sucesso junto ao público. Publicação de A cinza das horas, de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira Manuel Bandeira Manuel Bandeira. 4476750511175O músico francês HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Darius_Milhaud Darius Milhaud Darius Milhaud, que vive no Rio de Janeiro e entusiasma-se com maxixe, samba e os chorinhos de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernesto_Nazareth Ernesto Nazareth Ernesto Nazareth, se encontra com HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Villa-Lobos Villa-Lobos Villa-Lobos. O então jovem compositor, já impressionado com a descoberta de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Stravinski Stravinski Stravinski, entra em contato com a moderna música francesa. Segunda exposição de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Anita_Malfatti Anita Malfatti Anita Malfatti, exibindo quadros expressionistas, criticados com dureza por HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Monteiro_Lobato Monteiro Lobato Monteiro Lobato, no artigo “Paranóia ou mistificação?”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, Esse artigo é considerado o “estopim” de nosso HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo Modernismo modernismo, já que provocou a união dos jovens artistas, levando-os a discutir a necessidade de divulgar coletivamente o movimento. Palácio Trianon e túnel 9 de Julho 1919. Publicação de Carnaval, de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira Manuel Bandeira Manuel Bandeira, já com versos livres. 1921. Banquete no HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Trianon Parque Trianon palácio do Trianon, em homenagem ao lançamento de As máscaras, de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Menotti_Del_Picchia Menotti Del Picchia Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade faz um discurso, afirmando a chegada da revolução modernista em nosso país. Exposições de quadros de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_do_Rêgo_Monteiro Vicente do Rêgo Monteiro Vicente do Rêgo Monteiro, em Recife e no Rio de Janeiro, explorando a temática indígena. Mostra de desenhos e caricaturas de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Di_Cavalcanti Di Cavalcanti Di Cavalcanti, denominada “Fantoches da Meia-noite”, na cidade de São Paulo. Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Cândido Mota Filho e Mário de Andrade divulgam o Modernismo, em revistas e jornais. Mário de Andrade escreve a série Os mestres do passado, analisando esteticamente a poesia parnasiana que estava no auge da reputação literária e mostrando a necessidade de superá-la, porque a sua missão já foi cumprida. Oswald de Andrade publica um artigo sobre os poemas de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Mário_de_Andrade Mário de Andrade Mário de Andrade, intitulando-o “O meu poeta futurista”. A partir de então, apesar da recusa de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Mário_de_Andrade Mário de Andrade Mário de Andrade em aceitar a designação, a palavra “futurismo” passa a ser utilizada indiscriminadamente para toda e qualquer manifestação de comportamento modernista, em tom na maioria das vezes pejorativo. Em contrapartida, os modernistas chamam de “passadistas” os defensores da tradição em geral. Semana, de uma certa maneira, nada mais foi do que uma ebulição de novas idéias totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade própria e de uma maneira mais livre de expressão. Não se tinha, porém, um programa definido: sentia-se muito mais um desejo de experimentar diferentes caminhos do que de definir um único ideal moderno. 13 de fevereiro (Segunda-feira) - Casa cheia, abertura oficial do evento. Espalhadas pelo saguão do Theatro Municipal de São Paulo, várias pinturas e esculturas provocam reações de espanto e repúdio por parte do público. O espetáculo tem início com a confusa conferência de Graça Aranha, intitulada A emoção estética da Arte Moderna . Tudo transcorreu em certa calma neste dia. 15 de fevereiro (Quarta-feira) - HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Guiomar_Novais Guiomar Novais Guiomar Novais era para ser a grande atração da noite. Contra a vontade dos demais artistas modernistas, aproveitou um intervalo do espetáculo para tocar alguns clássicos consagrados, iniciativa aplaudida pelo público. Mas a atração dessa noite foi a palestra de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Menotti_del_Picchia Menotti del Picchia Menotti del Picchia sobre a arte estética. Menotti apresenta os novos escritores dos novos tempos e surgem vaias e barulhos diversos (miados, latidos, grunhidos, relinchos...) que se alternam e confundem com aplausos. Quando HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Ronald_de_Carvalho Ronald de Carvalho Ronald de Carvalho lê o poema intitulado Os Sapos de Manuel Bandeira, (poema criticando abertamente o parnasianismo e seus adeptos) o público faz coro atrapalhando a leitura do texto. A noite acaba em algazarra. Ronald teve de declamar o poema pois Bandeira estava impedido de fazê-lo por causa de uma crise de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Tuberculose Tuberculose tuberculose. 17 de fevereiro (Sexta-feira) - O dia mais tranqüilo da semana, apresentações musicais de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Villa-Lobos Villa-Lobos Villa-Lobos, com participação de vários músicos. O público em número reduzido, portava-se com mais respeito, até que HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Villa-Lobos Villa-Lobos Villa-Lobos entra de casaca, mas com um pé calçado com um sapato, e outro com chinelo; o público interpreta a atitude como futurista e desrespeitosa e vaia o artista impiedosamente. Mais tarde, o maestro explicaria que não se tratava de modismo e, sim, de um calo inflamado... Desdobramentos Vale ressaltar, que a Semana em si não teve grande importância em sua época, foi com o tempo que ganhou valor histórico ao projetar-se ideologicamente ao longo do século. Devido à falta de um ideário comum a todos os seus participantes, ela desdobrou-se em diversos movimentos diferentes, todos eles declarando levar adiante a sua herança. Ainda assim, nota-se até as últimas décadas do Século XX a influência da Semana de 1922, principalmente no HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Tropicalismo Tropicalismo Tropicalismo e na geração da Lira Paulistana nos anos 70 (Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, entre outros). O próprio nome Lira Paulistana é tirado de uma obra de HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Mário_de_Andrade Mário de Andrade Mário de Andrade. Mesmo a HYPERLINK http://pt.wikipedia.org/wiki/Bossa_Nova Bossa Nova Bossa Nova deve muito à turma modernista, pela sua lição peculiar de antropofagia , traduzindo a influência da música popular norte-americana à linguagem brasileira do samba e do baião. 310705516764027940091440 ENCONTRO Mário de Andrade (sentado), Anita Malfatti (sentada, ao centro) e amigos na exposição de Zina Aita (à esq. de Anita) em São Paulo, em 1922 O saguão do Municipal A Semana de Arte Moderna realizou-se no Teatro Municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. A conferência de Graça Aranha intitulada A emoção estética da arte moderna abriu o evento. Houve ainda palestras, conferências e discursos de escritores como Ronald de Carvalho, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade.Entre os pintores que participaram da Semana estavam Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Oswaldo Goeldi, John Graz, Zina Aita, Inácio da Costa Ferreira, João Fernando de Almeida Prado, Antônio Paim Vieira e Alberto Martins Ribeiro. Tomaram parte também os escultores Victor Brecheret, Wilhelm Haerberg e Hildergardo Leão Veloso, e os arquitetos Antônio Garcia Moya e Georg Przyrembel.Os músicos modernistas que participaram da Semana foram Villa-Lobos, Guiomar Novaes, Ernani Braga, Frutuoso Viana, Paulina D'Ambrosio, Lucília Villa-Lobos, Alfredo Corazza, Pedro Vieira, Antão Soares, Orlando Frederico e outros coadjuvantes. A dança teve a contribuição de Yvonne Daumierie.Vários outros escritores estiveram presentes, dando apoio aos conferencistas. Entre eles, Guilherme de Almeida, Agenor Barbosa, Plínio Salgado, Cândido Mota Filho, Renato de Almeida, Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Prado, Henri Mugnier, Rubens Borba de Morais e Luís Aranha.A respeito do movimento modernista, os críticos e os estudiosos entram em sintonia num ponto: a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, em São Paulo, representou um marco, verdadeiro ponto de inflexão no modo de ver o Brasil.Não só de ver como de escrever sobre o Brasil. Em geral, os artistas e intelectuais de 1922 queriam arejar o quadro mental da nossa intelligentsia , queriam pôr fim ao ranço beletrista, à postura verborrágica e à mania de falar difícil e não dizer nada. Enfim, queriam eliminar o mofo passadista da vida intelectual brasileira.Do ponto de vista artístico, o objetivo fundamental da Semana foi acertar os ponteiros da nossa literatura com a modernidade contemporânea.Para isso, era necessário entrar em contacto com as técnicas literárias e visões de mundo do futurismo, do dadaísmo, do expressionismo e do surrealismo, que formavam, na mesma época, a vanguarda européia. Desse ângulo, o modernismo é expressão da modernização operada no Brasil a partir da década de 20, que começava a dar sinais de mudança (vide, no plano político, o movimento rebelde dos tenentes) de uma economia agro-exportadora para uma economia industrial.Esse juízo é, do ponto de vista mais geral, certeiro; no entanto, ele não deve esconder as diferenças no seio do movimento de 22. Diferenças de ordem política, ideológica e estética. Na verdade, houve duas correntes modernistas: uma de inspiração conservadora e totalitária, que iria, em 1932, engrossar as fileiras do integralismo, e outra, mais crítica e dissonante, interessada em demolir os mitos ufanistas e contribuir para o conhecimento de um Brasil real que não aparecia nas manifestações oficiais e oficiais da nossa cultura. O pressuposto essencial de 22, o autoconhecimento do País, tinha a um só tempo de acabar com o mimetismo mental e denunciar o atraso, a miséria e o subdesenvolvimento. Mas denunciar com uma linguagem do nosso tempo, moderna, coloquial, aproveitando o arsenal estilístico e estético das inovações vanguardas européia.Essas duas correntes se delineiam em 1924, com a publicação do primeiro manifesto de Oswald de Andrade, Pau-Brasil, no Correio da Manhã . Nele já estava inscrito o lema que guiaria toda a atividade artística e intelectual da ala crítica modernista: A língua sem arcaísmos, sem erudição. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos . A outra corrente, conservadora, que iria opor-se a Oswald de Andrade, seria conhecida por verde amarelismo, cujo batismo mostra bem a filiação nacionalista e xenófoba: um canto de amor, cego e irrestrito, às glórias pátrias . Em 1928, essa oposição recrudesce. E, com ela, a politização do modernismo. Verde-amarelismo transmuta-se em Anta; Paulo-Brasil deságua no movimento antropofágico.Neste mês de maio faz 50 anos que o inquieto, o irreverente e zombeteiro Oswald de Andrade escreveu o manifesto literário antropofágico. De lá para cá muita coisa mudou no Brasil. Tanto política como culturalmente. Apesar de marcado ainda por traços de dependência, o País se industrializou nas últimas d écadas; houve mudanças sociais e econômicas significativas. Se não quisermos apenas celebrar ingenuamente a data, temos de nos perguntar: teria ainda alguma coisa a dizer e a ensinar o manifesto literário escrito em 1928?Para isso, seria preciso situar o núcleo da antropofagia, que Oswald de Andrade, aliás, nunca formulou clara e explicitamente; seu manifesto foi escrito numa linguagem elíptica, repleta de ambiguidades e sem ligação explícita entre as frases. Mas, mesmo assim, dele é possível extrair algumas formulações. O que o caracteriza é a retratação do caráter assimétrico da nossa cultura, onde coexistiam o bacharelismo de Rui Barbosa, ou as piruetas verborrágicas de Coelho Neto, junto com as experiências vanguardistas do pintor Portinari. E hoje, de um lado, a moda de viola e a música sertaneja; doutro lado, a bossa nova e o cinema novo. Essa mistura, por assim dizer, era vista como resultado do desenvolvimento histórico no Brasil que, apesar de unitário, apresenta um abismo entre os aspectos arcaicos e modernos, entre as favelas e os arranha-céus, entre os guardadores de carro e os shopping-centers , entre Embratel e Piauí.— O manifesto antropofágico tocou no cerne do capitalismo no terceiro mundo: a dependência. Ou pelo menos captou seus reflexos no plano da cultura. Denunciou o bacharelismo das camadas cultas, que permanecem alheadas da realidade do País, reproduzindo os simulacros dos países capitalistas hegemônicos. Ironizou a consciência enlatada de largos setores do pensamento brasileiro, que se comprazem, quando muito, em assimilar idéias, jamais criá-las. Se Oswald de Andrade teve a lucidez de ridicularizar com o mimetismo que tanto seduz o intelectual solene e bacharel, ele não caiu no equívoco de fechar as portas do País do ponto de vista cultural. Ao contrário, sua formulação em torno da deglutição antropofágica exige o remanejamento das idéias mais avançadas do Ocidente em conformidade com a especificidade de nosso contorno social e político.Nesse ponto é difícil negar sua atualidade. Ademais, a estrutura social que a antropofagia reflete e denuncia ainda não mudou em seus aspectos fundamentais. A industrialização das últimas décadas, realizada sob a égide do capitalismo concentracionista, aguçou ainda mais o desenvolvimento desigual em nosso País, trazendo, de um lado, sofisticação e modernização tecnológicas e, doutro lado, engendrando bóias-frias e marginalidade urbana. O Brasil em que Oswald escreveu o manifesto antropofágico e o Brasil de hoje é ainda o mesmo, ostentando, entre outras coisas, berne nas costas e calosidades portinarescas nos pés descalços . — A retomada oswaldina na década de 60 sobretudo pela música popular (através do movimento tropicalista), tem a sua razão de ser em parte na persistência dessa estrutura social. Ao contrário da década de 40 - época em que foi injustamente criticado de escritor desleixado e superficial - Oswald de Andrade goza, nos dias de hoje, de enorme receptividade, principalmente junto ao público universitário. Ao lado de Mário de Andrade, que forma o outro pólo da moderna literatura brasileira, é impossível compreender o sentido e a dinâmica do movimento de 22 sem levá-lo em conta.