Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Correio Popular
1. Proteção a
espaços verdes
vive expansão
“Isso faz de
Campinas a
cidade com a
maior área
ambiental
tombada do
Estado de
São Paulo e
possivelmente,
também a
maior do Brasil.”
Historiadora da Coordenadoria Setorial
do Patrimônio Cultural (CSPC)
Condepacc tomba 147 bens naturais
DAISY RIBEIRO
MEIO AMBIENTE ||| PRESERVAÇÃO
Maria Teresa Costa
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
teresa@rac.com.br
O Conselho de Defesa do Patri-
mônio Artístico e Cultural de
Campinas (Condepacc) tomou
uma decisão histórica, na tenta-
tiva de salvar o pouco que ainda
resta de áreas verdes naturais
na cidade: aprovou o tomba-
mento de 147 bens naturais, en-
tre eles fragmentos de florestas,
matas de brejo, cerrado e par-
ques. A decisão conclui um pro-
cesso aberto há 15 anos para tor-
nar cerca de 895,67 hectares
(ha) de matas patrimônio da ci-
dade. Com a conclusão do tom-
bamento, Campinas passou a
ter 1.616,9 ha protegidos como
patrimônio natural, o equivalen-
te a 1.616 campos de futebol.
Assim, a cidade chega a 172
áreas protegidas como bens na-
turais, que correspondem a
80% das áreas remanescentes.
“Isso faz de Campinas a cidade
com a maior área ambiental
tombada do Estado de São Pau-
lo e possivelmente, também, a
maior do Brasil”, diz a historia-
dora Daisy Ribeiro, da Coorde-
nadoria Setorial do Patrimônio
Cultural (CSPC).
O tombamento é um meca-
nismo político para exigir que o
entorno do bem tombado – fai-
xa de até 300 metros – seja disci-
plinado, proibindo, por exem-
plo, a construção de prédios
que podem incidir sombra so-
bre a mata.
O estudo de tombamento
aberto em 2003, para analisar
895,67 ha, ocorreu a pedido do
engenheiro agrônomo do Insti-
tuto Agronômico de Campinas
(IAC) Luiz Mathes e da pesquisa-
dora Dionete Santin, do Núcleo
de Estudos e Pesquisas Ambien-
tais (Nepam) da Unicamp. As
áreas que entram em estudo de
preservação foram identificadas
por Dionete em sua tese de dou-
torado (A Vegetação Remanes-
cente do Município de Campi-
nas: Mapeamento e Levanta-
mento Florístico Visando a Con-
servação), defendida em 1999.
Até o tombamento decidido
na semana passada, Campinas
possuía 631,65 ha de florestas
protegidas, caso da Mata Santa
Genebra (241ha), Mata Ribeirão
Cachoeira (221ha), Mata da Fa-
zenda Santana (82,8ha), Mata
da fazenda São Vicente (72,7ha)
e Mata da Fazenda Santa Elisa-
IAC (14,15ha). Também havia
mais 189,95 ha de matas higrófi-
las, florestas paludosas e matas
de várzeas protegidas, como o
Complexo Rio das Pedras
(83ha), Maciço C (43,59ha), Ma-
ciço D (40,92ha), Várzea próxi-
ma a Mata Sta. Genebra
(7,12ha), Recanto Yara (6,91ha),
Mata nativa de brejo Boldrini
(4,9ha) e Várzea à Montante
(3,5ha).
Entre os novos tombamen-
tos estão a mata nativa do Bos-
que Chico Mendes, a mata ciliar
nativa do Parque Xangrilá e Lu-
ciamar, o conjunto de áreas ver-
des naturais, fragmentos de ma-
tas remanescentes incluídos os
parques e bosques que tem ve-
getação nativa, o arboreto da se-
de do Coral Pio XI, a mata da
margem esquerda do Ribeirão
Anhumas e a mata nativa da
Praça 10 do Condomínio Cami-
nhos de San Conrado.
Os critérios de análise de
bens naturais em processo de
tombamento levam em conta
risco de perda, degradação, em-
preendimentos próximos, com-
posição paisagística, característi-
ca e estado de conservação, bio-
diversidade, associação a curso
d´água, tamanho, conexão com
outros fragmentos e solicitação
de entidades.
Henrique Hein
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
henrique.hein@rac.com.br
O Dia da Árvore foi comemora-
do ontem pela Prefeitura de
Campinas com o plantio de
duas mudas de jequitibás-bran-
co nos jardins do Palácio dos Je-
quitibás. As novas árvores, plan-
tadas pelo prefeito Jonas Doni-
zette e pelo vice-prefeito Henri-
que Magalhães Teixeira, am-
bos do PSB, fazem companhia
aos três jequitibás-rosa adultos
que são símbolos da cidade,
um deles com cerca de 400
anos.
A ação de ontem, contou
ainda com a participação de
um grupo de 180 alunos da Es-
cola Municipal de Educação In-
fantil (EMEF) Carmelina de
Castro Rinco , do Jardim Cristi-
na. Ao lado das crianças, o pre-
feito lembrou a importância de
valorizar a importância da da-
ta, que marca o início da Prima-
vera, que começa hoje em todo
Hemisfério Sul. Em seu discur-
so, Jonas relembrou os dois
anos do microexplosão na cida-
de, ocorrida em junho de 2016
— fenômeno que só não foi
pior por conta da vegetação.
“As árvores protegem nossas vi-
das. Se não houvesse árvores
como barreira para o vento for-
te poderia ter sido muito pior”,
avaliou.
O prefeito aproveitou tam-
bém para enfatizar a marca de
1 milhão de árvores plantadas
em Campinas desde 2013,
quando assumiu a Prefeitura e
reativou o Viveiro Municipal
para produzir mudas. Antes de
tomar posse, o local permane-
ceu dez anos fechado. “Quanto
mais árvores nós plantamos,
mais nós cuidamos da saúde
das pessoas e evitamos doen-
ças respiratórias, por exem-
plo”, disse o prefeito, ao desta-
car a qualidade de vida propor-
cionada pelas áreas verdes.
O secretário do Verde, Meio
Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, Rogério Menezes,
também participou da cerimo-
nia. Ele contou que, além dos
dois novos jequitibás, outras 15
mil árvores foram plantadas on-
tem no Parque Dom Bosco, o
que ampliou o adensamento
da vegetação na região. Do to-
tal de 1 milhão de mudas ini-
ciais plantadas, cerca de 650
mil foram distribuídas em
áreas públicas por equipes da
Secretaria de Serviços Públicos
e as outras 350 mil tiveram
plantio definido pela Secretaria
do Verde como compensações
ambientais em projetos desen-
volvidos em várias regiões.
Números positivos
Segundo o secretário de Servi-
ços Públicos, Ernesto Paulella,
o Viveiro Municipal produz
atualmente cerca de 80 mil mu-
das por mês, entre plantas or-
namentais e árvores da flora na-
tiva, utilizadas nos espaços pú-
blicos. Além do benefício am-
biental, o trabalho no local tem
caráter socioeducativo e benefi-
cia 40 adolescentes da Associa-
ção de Pais e Amigos dos Ex-
cepcionais (Apae) e 30 reedu-
candos, que recebem bolsas-
auxílio por meio de convênios.
Ele destacou que enquanto
a Organização das Nações Uni-
das (ONU) preconiza cerca de
12 metros quadrados de área
verde por habitante, Campinas
já soma o número muito supe-
rior de 80 metros quadrados
por habitante. Paulella estima
que a cidade possua atualmen-
te cerca de 2 milhões de árvo-
res consideradas adultas.
O vice-prefeito, Henrique
Magalhães Teixeira, lembrou a
evolução no selo ambiental de
Município VerdeAzul. Em
2012, a cidade ocupava a 231º
posição no Estado de São Pau-
lo. Seis anos depois, ocupa a 1ª
colocação.
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Editores: Carlãozinho Lemes, Hélio Paschoal, Marcelo Pereira e Marco Antonio Martins Chefe de reportagem: Ricardo Fernandes
Bosque Chico Mendes integra os locais que passam agora a contar com as garantias oficiais de perenidade
Mata ciliar nativa do Parque Xangrilá também foi beneficiada pela medida de proteção do órgão municipal
Sob o olhar atento dos pequenos, prefeito homenageia data simbólica
172
Jonas planta dois jequitibás-branco na frente do Paço
São patrimônios ambientais
DIA DA ÁRVORE ||| CELEBRAÇÃO
Cidades
Entre as áreas estão fragmentos de florestas, matas de brejo, cerrado e parques de Campinas
Luiz Granzotto/Divulgação/PMC
Fotos: Leandro Torres/AAN
Cedoc/RAC
Processo foi aberto
em 2003 a pedido do
Instituto Agronômico
O
tombamento de
áreas verdes em
Campinas ao longo
dos anos e os estudos
visando a preservação já
mostram pontos positivos
em relação ao aumento de
áreas de mata desses bens.
Segundo técnicos da
Coordenadoria Setorial do
Patrimônio Cultural, a
inserção dos bens de
interesse do Condepacc no
programa Quantum Gis
(Sistema de Informação
Geográfica) da Prefeitura de
Campinas, mostra um
incremento da área ao
longo do tempo.
Um exemplo é a mata de
São Martinho/Boldrini que
de 2002 até 2017 houve um
aumento significativo em
termos de área e densidade
de espécies. Na Mata
Santa Elisa no I Instituto
Agronômico de Campinas
(IAC) foi notado um
aumento de 50% tendo em
vista a não utilização de sua
área envoltória para
experimentos e também ao
plantio de espécies
nativas ao seu redor.
A proteção institucional por
meio do tombamento
mostrou também uma
dinâmica variada no
comportamento das matas.
A Mata da Fazenda Santana,
por exemplo, sofreu uma
redução na face leste, mas
houve aumento na face
nordeste. Os fragmentos
Grota Horta (1,25ha),
Fazenda Recanto A(2,1ha)
e B (2,7ha) se tornaram o
Parque Natural Municipal
da Mata com 35 ha
incluindo as matas ciliares,
unindo-os.
A mesma coisa ocorreu na
mata da Granja Bela
Aliança, onde foi aprovado
o Loteamento Residencial
Bela Aliança. Este
fragmento de mata tinha,
em 1998 área de 12,83 ha e
pelo levantamento
topográfico do
empreendimento em 2016,
ela chegou a 22,9 ha, um
aumento de 78% na área da
mata. (MTC/AAN)
ESPAÇOS
Grupo com 180 alunos da Escola Municipal Carmelina de Castro Rinco acompanhou o ato na manhã de ontem
A4 CORREIO POPULARA4 Campinas, sábado, 22 de setembro de 2018