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A FUNÇÃO FINANCEIRA NA EMPRESA
1.1 PRINCIPAIS ÁREAS DE DECISÕES EM ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Uma das possíveis maneiras de se caracterizar a função financeira de uma empresa é
categorizar as áreas que exigem tomada de decisões pelos executivos responsáveis. Isso não nos
diz o que esses executivos fazem especificamente (trataremos desse aspecto na próxima secção
deste capítulo), mas define o tipo de problema com o qual estão envolvidos.
Costuma-se classificar esses problemas de duas maneiras:
a) segundo áreas de decisões de investimento, financiamento e utilização do lucro líquido;
b)segundo tarefas de obtenção de recursos financeiros e análise da utilização desses
recursos pela empresa.
Inicialmente, discutiremos o problema segundo o enfoque sugerido na primeira subdivisão. A
segunda alternativa, porém, será usada nas duas próximas secções deste capítulo, ao tratarmos das
atribuições do administrador financeiro e apresentarmos a organização típica da função financeira
numa empresa.
As principais áreas de decisões na administração financeira de uma empresa são as
seguintes:
a) Investimento: neste caso, a preocupação primordial diz respeito à avaliação e escolha de
alternativas de aplicação de recursos nas atividades normais da empresa.
Consiste ainda num conjunto de decisões visando dar à empresa a estrutura ideal em
termos de ativos — fixos e correntes — para que os objetivos da empresa como um todo sejam
atingidos.
Nesta área, o enfoque básico é a obtenção do maior resultado (retorno) possível, dado o
risco que os proprietários da empresa estão dispostos a correr. Os instrumentos necessários para a
tomada de decisões de investimento serão apresentados mais adiante, que tratam de técnicas de
avaliação de investimentos em ativos fixos, e no que se refere a ativos correntes.
b) Financiamento: nesta segunda área, o que se deseja fazer é definir e alcançar uma
estrutura ideal em termos de fontes de recursos, dada a composição dos investimentos.
É preciso compreender, desde já, que a função financeira, cuja finalidade é assessorar a
empresa como um todo proporcionando-lhe os recursos monetários exigidos, não determina, por isso
mesmo, quais as aplicações a serem feitas pela empresa. Isso decorre dos objetivos e das decisões
da administração e/ou dos proprietários da empresa em um nível mais alto — o nível estratégico. Por
sua vez, tais decisões determinam em que setor a empresa irá atuar e isso condiciona a estrutura do
ativo, dada a tecnologia existente no setor escolhido. A administração financeira resta conseguir os
recursos necessários para financiar essa estrutura de investimento ao mais baixo custo possível. Tal
é o escopo das atividades nesta segunda área fundamental de decisões financeiras.
Para esclarecer um pouco melhor basta dizer que é preciso determinar os custos e
as outras condições de cada fonte disponível de recursos (prazos, datas de pagamento,
garantias exigidas, e assim por diante), conceber métodos para ter acesso a essas fontes, e
procurar montar a melhor estrutura possível de fontes. A melhor estrutura financeira possível
pode ser caracterizada como aquela em que o custo médio ponderado das fontes utilizadas é
o mais baixo possível, embora o custo possa não ser o único fator determinante da
composição da estrutura de fontes de recursos financeiros de uma empresa.
Por sinal, assim como a estrutura de investimento de uma empresa, que reflete as decisões
da primeira área, está corporificada na composição do ativo em seu balanço geral, as decisões desta
segunda área refletem-se no lado do passivo do balanço: que fontes de recursos vêm sendo usadas
pela empresa até o momento ou serão empregadas para sustentar atividades futuras, caso se esteja
falando de uma projeção do balanço.
c) Utilização (destinação) do lucro líquido: por fim, há uma área de decisões, também
comumente conhecida pelo nome de política de dividendos, que se preocupa com a destinação dada
aos recursos financeiros que a própria empresa gera em suas atividades operacionais e extraoperacionais.
É ao discutirmos os principais problemas desta área que surgem as indicações mais claras
do inter-relacionamento das áreas de investimento, financiamento e utilização do lucro liquido.
O inter-relacionamento deve-se ao fato indiscutível de que o lucro retido pela empresa (ou
seja, o lucro não pago sob a forma de dividendos em dinheiro) constitui-se numa de suas fontes de
recursos. Logo, também é problema das decisões de financiamento (segunda área acima) determinar
quanto do lucro liquido disponível deve ser retido, com a decisão complementar forçosa a respeito da
proporção que deve ser distribuída aos proprietários.
Além disso, também há relações entre decisões de investimento e de utilização do lucro
líquido. Nas decisões de investimento (primeira área), um certo retorno deve ser alcançado: digamos
então que seja considerada a utilização de lucros retidos para financiar certas aplicações. Essa
possibilidade deveria ser admitida apenas quando a alternativa de investimento prometesse um
retorno superior ao que os proprietários poderiam conseguir se eles mesmos aplicassem os recursos
porventura recebidos em decorrência da distribuição de lucros. As magnitudes relativas dos riscos
envolvidos nas aplicações disponíveis à empresa e aos proprietários, fora dela, também precisam ser
consideradas.
Como veremos, a procura de fundos pela empresa é determinada pelas taxas de retorno a ela
disponíveis em alternativas de investimento; a oferta de fundos depende do que as pessoas e
instituições com poupanças estão dispostas a fornecer. O custo desses fundos, por fim, depende das
condições de oferta, ou seja, das condições às quais essas pessoas e instituições estão dispostas a
fornecer os recursos necessários ou desejados.
1.2 ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO DE UMA EMPRESA
Em termos gerais, o que chamamos de administrador financeiro, qualquer que seja o título
especifico de seu cargo — diretor financeiro, tesoureiro, controlador, vice-presidente de finanças,
gerente financeiro, etc. — é o indivíduo ou grupo de indivíduos preocupados com (1) a obtenção de
recursos monetários para que a empresa desenvolva as suas atividades correntes e expanda a sua
escala de operações, se assim for desejável, e (2) a análise da maneira (eficiência) com a qual os
recursos obtidos são utilizados pelos diversos setores e nas várias áreas de atuação da empresa.
Via de regra, a função financeira caracteriza-se pela sua centralização e por estar situada
bem perto do nível mais alto da estrutura organizacional de uma empresa. Na verdade, o
“administrador financeiro” é um membro do grupo assessor da alta direção de qualquer empresa.
Essa posição central tem duas explicações:
a) A utilização de uma administração financeira centralizada permite a obtenção de
economias de escala no levantamento de recursos, com a diluição máxima dos custos fixos
decorrentes de emissão de títulos ou negociação de empréstimos.
b) Todas as decisões da empresa possuem aspectos financeiros vitais. Daí dizer-se
também estarem todos os aspectos de uma empresa sob as vistas da administração financeira.
Embora isso seja um exagero, sem dúvida é a função financeira a que mais claramente possui uma
visão global da empresa. Tal fato se verifica mais nitidamente ainda quando a administração da
empresa usa orçamentos globais, pois nesse caso o planejamento e o controle em termos
operacionais e financeiros, de curto e médio prazos, ficam sob a supervisão efetiva de um setor da
administração financeira — o setor de orçamentos.
Em seu livro Administração financeira, FLINK e GRUNEWALD enumeram as seguintes
atribuições do administrador financeiro de uma empresa:
a) Análise de registros e informações contábeis. Aqui fica caracterizado o papel da
contabilidade como principal fonte de dados internos para as tarefas a serem desempenhadas pela
administração financeira; entretanto, outros fatores não contabilizáveis também devem ser levados
em consideração, particularmente porque toda e qualquer decisão é voltada para o futuro, ao passo
que a contabilidade registra apenas fatos já ocorridos. Portanto, vale apenas como indicação do
comportamento passado, dadas certas condições. Assim sendo, o administrador financeiro só se
utiliza desses dados na medida em que possam ajudá-lo a fazer projeções.
b) Projeção do movimento de fundos. O objetivo nesta atividade é aferir o grau de liquidez
da empresa e verificar se a empresa terá condições de manter-se em funcionamento cobrindo os
seus compromissos externos de pagamento e fornecendo os recursos para sustentar o nível previsto
de operações.
Se a liquidez (capacidade de pagar dividas no vencimento e no valor correspondente) for
excessiva, tal como indicada pelas necessidades previstas numa projeção do movimento de fundos,
saber-se-á por quanto tempo os fundos excedentes poderão ser aplicados, e em que volume. Nesse
sentido, o objetivo é evitar que esses recursos monetários se desvalorizem (por inflação e/ou não
aproveitamento de oportunidades de rendimento) ao permanecerem ociosos.
Alternativamente, a projeção pode indicar que nas condições presumidas de atuação a
liquidez será insuficiente, levando a empresa a um risco muito alto de insolvência. Essa constatação
serve de aviso para medidas conducentes à obtenção de recursos adicionais, nas condições de prazo
e montante exigidas e apontadas como necessárias por essa projeção.
Por fim, a projeção pode indicar que a liquidez ou disponibilidade de fundos em conseqüência
das atividades programadas é satisfatória. Nada haverá a fazer neste caso, pois estará sendo
reconhecido, ao mesmo tempo, que as atividades poderão ser desenvolvidas normalmente, com os
recursos disponíveis, e que o risco de insolvência assumido será aceitável.
Essa projeção é representada por um orçamento de caixa que reflete as entradas e saídas
previstas para um dado período em conseqüência das atividades empresariais programadas. Tratase, como orçamento, de uma peça do planejamento orçamentário global de um exercício (período).
Além dele, as empresas podem fazer uso de projeções de fluxo de caixa, o que ocorre com
freqüência. Trata-se de projeções mais limitadas, no tempo, das entradas e saídas já definidas por
vendas a prazo efetuadas, empréstimos e financiamentos já contratados, e compromissos de
pagamento assumidos e conhecidos.
c) Aplicação de fundos excedentes, com o maior rendimento possível e com velocidade de
resgate suficientemente grande para recuperar o dinheiro, caso surja necessidade. E a política que
decorre da situação de liquidez excessiva, conforme o exposto acima sobre a atribuição (b).
d) Fornecimento à alta administração de informações sobre as perspectivas financeiras
futuras da empresa. Estas informações ajudam a tomada de decisões de compra, comercialização
de produtos ou serviços, fixação de preços, etc., que não são tomadas diretamente pelo
administrador financeiro, mas possuem aspectos financeiros ou são suficientemente amplas e
importantes para exigir coordenação entre diversas áreas funcionais, como produção, marketing,
pessoal, e finanças.
e) Elaboração de planos para fontes e usos de fundos, a curto e a longo prazos,
levando-se em conta os custos das fontes e os lucros possibilitados pelas aplicações. Neste caso, a
principal diretriz de raciocínio é o conjunto dos objetivos gerais da empresa, fixados pela alta
administração.
Como se pode notar, as atribuições (a), (b) e (c) são especificas à administração financeira, e
nessas atividades podemos encontrar o tipo de trabalho no qual o administrador financeiro
caracteriza-se mais por relações de linha com os componentes dos departamentos da própria área
financeira, organizados para executar essas tarefas. Nos outros casos, porém, observamos mais uma
tarefa de assessoramento à alta administração e a outros setores da empresa.
1.3

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL TÍPICA DA FUNÇÃO FINANCEIRA

A Figura 1.1 é uma visão esquemática da maneira pela qual as diversas atividades
próprias da administração financeira de uma empresa podem ser normalmente estruturadas.

DIRETOR FINANCEIRO

TESOUREIRO

CONTROLADOR

CAIXA E BANCOS

CONTABILIDADE GERAL E DE CUSTO

CONTAS A RECEBER
CONTA A PAGAR

ELABORAÇÃO DE ORÇAMENTOS E CONTROLE
ORÇAMENTARÁRIO

RELAÇÕES
BANCÁRIAS

AUDITORIA INTERNA

PREPRAÇÃO DO
ORÇAMENTO DE
CAIXA

PREPARAÇÃO DE RELATÓRIOS
FINANCEIROS INTERNOS

Figura 1.1. Estrutura típica da função financeira de uma empresa.
Não se pretende afirmar, evidentemente, que seja necessário a toda e qualquer
empresa adotar esse tipo de estrutura para ter uma boa administração financeira. Ao contrário, são
as circunstancia reveladoras de boa ou má administração que tendem a conduzir a mudanças de
estrutura.
E possível haver casos em que uma só pessoa é, ao mesmo tempo, diretor financeiro,
tesoureiro e controlador. Basta que seja responsável pela supervisão de todas as subáreas indicadas
na Figura 1.1. Em outros casos, um diretor administrativo, por exemplo, pode exercer todas essas
outras três funções, além de cuidar de problemas de pessoal, salários, etc.
O importante, no caso presente, é verificar como essa forma de estruturar a função
financeira diferencia as atividades com dois enfoques distintos (contribuindo para maior
especialização e eficiência).
A área do tesoureiro está mais voltada para atividades que compreendem o uso de dinheiro, a
sua manipulação e a posse real de fundos, enquanto a do controlador preocupa-se com os controles
e os fluxos de informações dentro da empresa. A primeira área tem contato com o público e a
segunda possui tarefas quase exclusivamente voltadas para dentro da empresa.
Por fim, podemos ainda dizer que a área de tesouraria está mais preocupada com os aspectos
de obtenção de fundos, enquanto a de controladoria dedica-se primordialmente à análise da
eficiência relativa com que os recursos obtidos são aplicados pela empresa.
Encerrando esta seção, cumpre acrescentar que o diretor financeiro deve preocupar-se com a
coordenação das áreas em que se subdivide a administração financeira. Cabe-lhe, como membro da
diretoria da empresa, participar da formulação de políticas para toda a organização e, em sua área,
supervisionar a execução das atividades necessárias à execução dessas políticas.
Como veremos mais adiante, uma empresa pode ter um conflito interno entre liquidez e
rentabilidade refletido em opiniões antagônicas sobre o modo pelo qual os fundos devem ser
utilizados. Alcançar a formulação de políticas conducentes à combinação ótima de tais objetivos é
tarefa do diretor financeiro que, além disso, representa esta área funcional na diretoria executiva da
empresa.
1.4
1.4.1

DEFINIÇÃO E OBJETIVOS DA FUNÇÃO FINANCEIRA
Definição

Em vista do que foi exposto até esta altura, a definição da função de administração financeira
não deve estar muito longe. Resta apenas considerar os objetivos para os quais está voltada, o que
será feito ainda nesta secção.
Segundo ARCHE R e D’AMBROSIO, C.A. Administração financeira. São Paulo, Editora Atlas
e Editora da Universidade de São Paulo 1969, p. 367 “ a função financeira compreende os esforços
dispendidos objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos
retornos dos proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que possa
propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez”.
1 .4.2 Objetivos da função financeira
A definição anterior deixa bem claro que o objetivo básico implícito nas decisões de
administração financeira é a maior rentabilidade possível sobre o investimento efetuado por
indivíduos ou instituições caracterizados como proprietários — acionistas ordinários, no caso de uma
sociedade anônima.
Entretanto, é feita uma ressalva: a rentabilidade máxima, desde que não seja comprometida a
liquidez da empresa.
A existência de um conflito entre esses dois objetivos, dos quais o de rentabilidade deve ter
primazia sobre o de liquidez, que o condiciona e restringe, manifestar-se em termos de um dilema
entre aplicar todos os fundos disponíveis <o que deve levar à maior rentabilidade total possível para
uma dada empresa), e manter inativos alguns fundos para, por exemplo, proteção ou defesa contra
riscos de não se poder pagar alguma divida. Parece claro, entretanto, que o dinheiro que permanece
inativo, embora útil como proteção contra riscos, não produz retorno algum.
Em relação ao objetivo de máxima rentabilidade, ainda seria preciso fazer mais uma
observação. Em sua maioria, os especialistas em teoria de Administração Financeira têm definido o
objetivo básico dessa área da seguinte maneira: maximizar o valor atual da riqueza do acionista
ordinário (proprietário).
Mais uma vez encontramos uma referência ao proprietário da empresa como responsável pelo
risco último do negócio, tanto em termos de oscilação dos resultados operacionais, quanto devido ao
fato de ser o último a receber remuneração pelo seu investimento. No entanto, é a expressão “valor
atual da riqueza” que exige maiores esclarecimentos.
Na verdade, não passa de uma forma teoricamente mais correta de se falar em rentabilidade.
Refere-se ao fato de que os retornos para os proprietários estão sujeitos a formas diferentes de
distribuição no tempo.
O proprietário de uma empresa realiza o retorno sobre o investimento efetuado, se possível,
através do recebimento de dividendos em dinheiro e com a liquidação do seu investimento (suas
ações) a um preço superior ao de compra. O aspecto importante é a ocorrência efetiva de
recebimentos e de desembolsos de dinheiro.
O que determina o preço pelo qual uma ação é transacionada?
“O preço das ações de uma empresa representa a avaliação da empresa pelos
agentes de mercado. Leva em conta tanto os lucros correntes quanto os lucros futuros, por ação, sua
distribuição no tempo, seu risco, a política de dividendos da empresa, e diversos outros fatores
importantes. O preço de mercado representa um índice do desempenho ou progresso da empresa;
denota a atuação da administração em face dos interesses dos acionistas”.
Mas o papel fundamental é o dos lucros e dividendos futuros. Assim, ao ser transacionada,
uma ação é avaliada pelo que promete em termos de recebimentos futuros efetivos.
Quando o indivíduo A compra uma ação, ele procura estimar os dividendos que poderá
receber (e quando os receberá), bem como o valor de revenda a qualquer momento. No entanto, este
último valor é fixado em negociação com o indivíduo B, um comprador em potencial, que faz o
mesmo tipo de cálculo, e assim por diante. Portanto, o que realmente deve determinar o valor de uma
ação é a expectativa quanto aos dividendos futuros, independentemente de quem possua a ação, ou
por quanto tempo.
Suponhamos que os dados abaixo, da Tabela 1.1, refiram-se aos dividendos esperados para
o final de um, dois e três anos, para ações de três empresas diferentes, todas adquiridas hoje por $
1,00.
Tabela 1.1 Avaliação de alternativas de aplicação em ações, segundo os dividendos
estimados para o futuro.
Empresa

A

B

C

1

0,06

0,10

0,20

2

0,10

0,10

0,08

3

0,14

0,10

0,02

TOTAL

0,30

0,30

0,30

Ano

Como se observa, ao fim de três anos o rendimento total — isto é, a soma dos dividendos
totais — terá sido o mesmo. As três ações, porém, têm valores diversos. Qual das três ações possui
valor mais alto?
Sem dúvida, a ação da empresa C, pois recebe-se o mesmo dividendo total mais
rapidamente, oferecendo ao investidor a possibilidade de, tendo o dinheiro em mãos, reaplicá-lo para
conseguir um retorno adicional ou comprar bens de consumo que satisfaçam alguma necessidade
corrente. Essa é a noção básica subjacente a comparações de alternativas com base no conceito de
valor atual, que voltará a ser discutido mais detalhadamente nos Capítulos 2, 3 e 4.
No caso acima, o valor atual da riqueza do investidor seria maximizado se ele escolhesse
tornar-se acionista da empresa C.
certo que, tomando-se uma empresa isolada, pode-se discutir se a retenção de lucros agora
não levará a dividendos futuros mais do que compensadores, mesmo em termos de valor de agora,
isto é, valor atual.

5 VISAO GERAL DAS PREOCUPAÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
A Figura 1 .2 é uma representação esquemática da movimentação de dinheiro dentro de uma
empresa. Ela possui uma particularidade que merece explicação. Trata-se dos contatos da empresa
com o ambiente externo, através das entradas e sai’das de dinheiro.
A atividade da empresa está representada pelo retângulo central que abrange toda a
movimentação interna de dinheiro. A esquerda e à direita do retângulo central encontramos o
“mercado de fundos”, representando o setor da economia em que atuam as forças de oferta e procura
(e determina o preço) dos recursos que a administração financeira deve obter para sustentar as
atividades da empresa.
Nota-se assim que as entradas de capital podem provir: de terceiros (empréstimos e
financiamentos), da venda de produtos ou serviços (contas a receber), da liquidação de ativos
imobilizados ou ativos financeiros, e dos proprietários (recursos próprios, aumentos de capital).
Na outra extremidade temos os pagamentos efetuados para remunerar (1) terceiros (principal
e encargos de empréstimos e financiamentos), (2) proprietários (dividendos), (3) fornecedores de
serviços e bens à empresa (fornecedores, funcionários, arrendadores), e para o pagamento de
impostos.
Figura 1.2 Representação esquemática da movimentação do dinheiro

O PROCESSO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Principal e Encargos de
Empréstimos e
Financiamento

Aplicação no Mercado de
Capitais Open Market,
CDB, etc
Empréstimos e
Financiamentos

CAIXA

Contas a Receber
ENTRADA

aos

Pagamento de Pessoal

Recebimento da
Venda de Ativos
Imobilizados

Numerário do
Sistema
Econômico

Pagamento
Fornecedores

SAÍDA
Numerário
para Sistema
Econômico

Pagamento de Impostos

$
$

Desinvestimentos
BANCO

Recursos Próprios,
Integralização e
Aumento de Capital

Pagamento
de
Dividendos e Saída de
Acionistas

Pagamento de
Arrendamentos

Pagamento de
Imobilizados

Ativos
9

Planejamento dos Investimentos de Capital
O nível de lucro da empresa depende do sucesso que ela consegue alcança com o uso de
seus ativos, que podem ser humanos ou materiais.
A lucratividade futura da empresa depende de dois fatores: primeiro manter e ampliar sua
estrutura de ativos e, segundo, desenvolver uma estratégia de sucesso para essa estrutura.
Este capítulo centra atenção no preparo de um plano de investimentos de capital, que faz
parte do processo de planejamento de longo prazo.

A atividade de investir em novos ativos, geralmente, é que determina o
Orçamento de Capital e envolve o planejamento dos investimentos de capital e a
determinação dos financiamentos dessas saídas. É uma área de decisões gerenciais
que tem, ultimamente, chamado a atenção dos economistas e contadores. Nos anos
recentes, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas a respeito deste assunto, visando
melhorar a qualidade dos métodos de tomada de decisão.
Nesse capítulo examinam-se, principalmente, os processos de tomada de
decisão que envolvem gastos de capital. Também são examinados os fatores e os
métodos relevantes, que são empregados correntemente nas decisões de
investimento de capital.
5.1 DECISÕES DE INVESTIMENTO DE CAPITAL
Provavelmente, o fator que mais afeia a lucratividade de um negócio é a qualidade das
decisões gerenciais que envolvem o comprometimento dos recursos da firma em novos
investimentos. As razões que tornam essas decisões estratégicas tão importantes são elencadas a
seguir:
1. envolvem o comprometimento de grandes somas de dinheiro;
2. esse comprometimento é feito por um grande período de tempo e o elemento de incerteza
é, por essa razão, muito maior do que no caso de decisões, cujos efeitos estão limitados a
um curto período de tempo;
3. as decisões de investimento, uma vez tomadas, são quase impossíveis de ser revertidas
se, por acaso, provarem ter sido tomadas erroneamente;
4. existem mesmo ocasiões em que o sucesso ou o fracasso da firma pode depender de uma
única decisão. Em todos os casos, entretanto, a lucratividade futura da firma será afetada
por essas decisões; e
5. a política de gastos de capital não é somente de máxima importância para a firma, mas
também tem grande significado para o setor, e mesmo para a economia nacional.
5.2 TIPOS DE DECISÕES DE INVESTIMENTO DE CAPITAL
Um investimento de capital pode ser definido como um investimento que oferece retorno
durante muitos períodos futuros e se diferencia dos outros tipos de investimentos cujo retorno
pertence ao período de tempo corrente. As decisões de investimento de capital dizem respeito aos
seguintes assuntos:
1. aquisição de ativos de longa duração, como imóveis ou maquinários;
2. investimento em outros fundos, dos quais as receitas serão derivadas;
3.um projeto especial, que afetará a capacidade futura de ganho da firma, com projetos de
pesquisa ou uma campanha promocional; e
Professor SOARES
10

4.ampliação do leque de atividades da firma, que envolva saídas de capital, como uma nova
linha de produção ou mesmo um novo produto.
As decisões de investimento de capital englobam dois aspectos da lucratividade de longo
prazo: primeiro, a estimativa do aumento dos fluxos de caixa líquidos ou das economias nas saídas
de caixa que resultarão desse investimento; e, segundo, o cálculo do total das saídas de caixa
necessárias para efetivar o investimento.
5.3 ANALISE DAS PROPOSTAS DE INVESTIMENTO DE CAPITAL
Nesta análise, muitos dos fatos importantes são incertos; assim, o primeiro problema é reduzir
a área de incerteza antes de a decisão ser tomada.
O segundo problema é assegurar-se de que todos os fatos conhecidos estão corretamente
determinados e quantificados.
Tanto os fatos conhecidos como os incertos são estimados em termos de caixa, e os métodos
de estimativa de investimento de capital centram-se nos fluxos de caixa.
A seleção dos projetos de investimento é sempre uma questão de descobrir qual dentre as
alternativas que se apresentam é melhor segundo o ponto de vista da firma.
Pela quantificação das entradas e saídas de caixa, que envolvem as diversas alternativas,
pode ser selecionada aquela alternativa que é a preferida pela firma.
Exemplo: Foi oferecida à Cia. SP Ltda. a oportunidade de selecionar entre dois investimentos.
Cada um deles trará um retomo anual de $ 500.000.
O investimento "A" requer um total de investimento de caixa de $ 5.000.000. Assim, promete
um nível de retorno de 10%.
O investimento "B" requer um total de investimento de caixa de $ 50.000.000 e oferece um
nível de'retorno de 1% ao ano apenas.
A firma preferirá o investimento "A".
Entretanto, se a firma possui um nível mínimo de retorno aceitável de 15%, nenhum dos
projetos será aceitável.
Pode-se concluir, todavia, que existem três fatores principais que afeiam as decisões de
investimento de capital:
1. o valor líquido de caixa que é necessário investir para dar suporte ao projeto enquanto ele
durar;
2. os retornos líquidos expressos em fluxos futuros de caixa esperados que podem ser fluxos
de caixa reais, ou economias de caixa; e
3. o índice de retorno sobre o investimento, expresso em porcentagem, que determina o nível
mais baixo de retorno que é aceitável para um investimento, é influenciado por inúmeros
fatores. Entre eles estão o índice de retorno determinado pela firma para seus outros
investimentos e o custo do capital da firma.
5.4 RELEVÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA
Antes de começar a examinar os métodos, para selecionar os projetos de investimento, será
feita breve definição do significado dos termos que deverão ser empregados.
Desembolsos Líquidos do Investimento
Consistem não somente no investimento inicial de caixa, necessário para que o projeto seja
implantado, como também nos futuros investimentos que, certamente, serão necessários ao longo da
implantação do projeto; são diferentes das saídas de caixa operacionais.
Dessa forma, os desembolsos do investimento inicial englobam gastos com equipamentos, custos de
instalação, treinamento dos recursos humanos, capital circulante etc. Subseqüentemente, em um
segundo estágio, os desembolsos, podem incluir desenvolvimentos, ampliações da planta etc.
Professor SOARES
11

A análise dos projetos de capital é feita em termos de qual será o custo líquido de caixa para a
empresa. Assim, quando são conseguidas isenções de impostos, esses créditos devem ser
deduzidos do custo total, para que se chegue ao desembolso relevante.
Entradas Líquidas de Caixa
Os fluxos de caixa operacionais são associados com o investimento durante o período de vida
útil, e são calculados depois de serem deduzidos das saídas operacionais de caixa e dos impostos.
Como pode haver uma variação de um ano para outro nos lucros desses fluxos de caixa
líquidos e como o padrão periódico é largamente subJetivo, são os fluxos de caixa mais difíceis de se
quantificar.
Todos os cálculos dos fluxos de caixa são feitos na base da estimativa da vida útil do
investimento que pode ser definida como o intervalo de tempo entre o início do projeto de
investimento até o dia em que as forças combinadas da obsolescência e deterioração Justifiquem a
retirada do ativo ou do projeto.
A vida útil de um investimento pode ser encurtada por mudanças de mercado, que poderão
diminuir os ganhos de tal forma que não justifique mais a continuação do investimento.
5.5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTODE CAPITAL
Os métodos mais comumente usados para avaliar propostas de investimento de capital são:
1. método do período de payback,
2. taxa contábil de retorno;
3. as técnicas de fluxo de caixa descontado, para as quais existem duas formas principais;
a) valor presente líquido; e
b) taxa interna de retorno.
5.5.1 Período de Payback
Esse método projeta o tempo necessário para que os fluxos de caixa esperados paguem os
desembolsos do investimento. O período de payback é calculado da seguinte forma:
Período de payback (anos) =

Desembolsos Líquidos
Entradas Líquidas de Caixa

Exemplo: A Cia. SP Ltda. está considerando a aquisição de uma máquina que reduzirá,
consideravelmente, seus custos de mão-de-obra. Os fatos relevantes para esse
investimento são os seguintes:
Desembolso Líquido de Caixa
Estimativa Anual de Economia de Caixa
Estimativa de Vida Útil
Valor da Remuneração

$ 200.000
$ 60.000
5.000
0

O período de payback é o seguinte:
$ 200.000
$ 60.000

= 3 1/3 anos

O método de payback tem a vantagem da simplicidade.
Professor SOARES
12

Esse método objetiva a seleção dos projetos baseando-se somente no tempo em que os
desembolsos de caixa serão cobertos e recomenda a aceitação somente dos projetos seguros. É um
método que enfatiza a liquidez em vez da lucratividade. Suas limitações são as seguintes:
1. Dá mais importância ao período de retorno do que a vida útil do investimento e ignora os
fluxos de caixa depois do período de payback. Assim, sua ênfase é no ponto de equilíbrio ao
invés de na lucratividade.
2. Ignora o tempo em que os fluxos líquidos de caixa são conseguidos e qualquer padrão de
tempo nos desembolsos de caixa. Qualquer valor de remuneração é também ignorado.
Esse método, portanto, trata todos os fluxos de caixa através do tempo como tendo o mesmo
valor. Assim, no exemplo dado, o valor de $ 200.000 investido agora é igualado com os $200.000 de
entrada líquida de caixa através dos 3 1/3 anos.
Esse problema pode ser ilustrado da seguinte forma:
A Cia. SP Ltda. está estudando quatro diferentes projetos de investimentos, cada um custando
$ 20.000. A tabela a seguir apresenta os dados principais de cada um deles:
Número do Projeto
Desembolso inicial
Entradas de Caixa
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Período de Payback

1
$
20.000

2
$
20.000

3
$
20.000

4
$
20.000

9.000
11.000
2

11.000
9.000
2

3.000
6.000
8.000
10.000
10.000
3 1/3

10.000
6.000
4.000
4.000
3.000
3

A simples aplicação do método de payback selecionaria o projeto 1 ou o 2, mas não seria
capaz de decidir entre esses dois projetos.
5.5.2 Taxa Contábil de Retorno
Esse método procura expressar a média estimada anual dos fluxos de entradas líquidas de
caixa e expressá-los como uma porcentagem do investimento líquido. Nesse caso, portanto, é
possível cobrir a depreciação dos fluxos líquidos anuais. A fórmula é a seguinte:
C–D
R=
I
Onde:
R = Taxa Contábil de Retorno
C = Média Anual de Entradas Líquidas de Caixa
D = Depreciação
I = Desembolso Líquido do Investimento
Substituindo pelos números do exemplo anterior, temos:
R=

$ 60.000 - $ 40.000
$ 200.000

X 100 = 10%

Professor SOARES
13

Pode-se questionar, entretanto, que a depreciação durante a vida útil do investimento reduz o
valor líquido dos desembolsos do investimento, através do tempo.
Assumindo a média, para reconhecimento da depreciação, a equivalente a $40.000 ao ano, a
média do investimento líquido sobre a vida útil estimada de cinco anos é de $ 100.000, calculada
abaixo por média aritmética.
$ 40.000 x 5

Média do Investimento Líquido =

2

= $100.000

A média de vida do investimento pode ser calculada graficamente como se apresenta na
Figura 5.1.
À luz desses argumentos, o índice contábil de retorno deve expressar as entradas líquidas de
caixa anuais, como uma percentagem da média anual do desembolso líquido do investimento, de
modo que, substituindo os valores dados, em nosso exemplo, a média de retorno sobre o
investimento será:
R=

$ 60.000 - $ 40.000

X 100 = 20%
$ 100.000
Este método de avaliar projetos de investimento contorna as desvantagens do método de
payback, pois tenta calcular a lucratividade dos vários projetos em estudo. Sua maior desvantagem é
que não considera as mudanças de valor do dinheiro no tempo, tratando o valor de $ 1,00 no futuro
igual a $ 1,00 investido hoje.
Investimentos
Líquidos

$ 200.000

$ 100.000

1

2

3
4
Anos
Figura 5.1

5

Também ignora as diferenças que podem correr, através do tempo, nos níveis dos retornos
líquidos de caixa. Nestes dois sentidos, este método possui as mesmas limitações do método de
payback.
5.5.3 Fluxo de Caixa Descontado

Os métodos de avaliação de investimento que foram examinados muitas vezes produzem
resultados enganosos. O método do fluxo de caixa descontado possui grande aceitação, porque
reconhece que o valor do dinheiro está sujeito a uma preferência no tempo. Isto é, $ 1,00 hoje é
Professor SOARES
14

preferível a $ 1,00 em um tempo futuro, a não ser que a demora do recebimento seja compensada
com certa quantia de juros. O fator juros é expresso como uma taxa de desconto.
Em termos simples, o método do fluxo de caixa descontado tenta avaliar uma proposta de
investimento pela comparação dos fluxos líquidos de caixa que serão ganhos durante a vida do
investimento em seus valores presentes, em conformidade com os valores dos fundos que precisam
ser investidos. Dessa forma, pela comparação de uma coisa com a outra, é possível calcular a taxa
de retorno sobre o investimento de maneira realística.
Para achar o valor presente equivalente a $ 1,00 recebido em um ano, aplica-se a taxa de
juros para trazer este $ 1,00 a seu valor presente. Isto é a mesma coisa que perguntar:
Qual é a soma de dinheiro, que investida hoje a certa taxa de juros, alcançará o valor de $ 1,00 daqui
a um ano?
Exemplo: Dada uma taxa de juros de 10% ao ano, os seguintes cálculos podem ser feitos:
$ 1,00 investido hoje, a uma taxa de juros de 10% ao ano, será $ 1,10 daqui a um ano. Por
conseguinte, o valor de $ 1,10 recebido daqui a um ano será hoje $ 1,00 a uma taxa de juros de 10%
ao ano.
Usando esse princípio, podem ser construídas tabelas de desconto para o valor de $ 1,00
sobre vários períodos de tempo, pela aplicação da taxa de juros através do tempo, isto é, $ 1,00
investido por um ano a uma taxa de 10% será $1,10 daqui a um ano; $ 1,10 reinvestido por mais um
ano à taxa de 10% será $1,10 + $ 0,11 x $ 1,21 ao final do segundo ano.
Exemplo:

O valor de $ 1,00 ao fim de 1 ano a 10% é 1 x (1 + 0,10)1 = $ 1,10
O valor de $ 1,00 ao fim de 2 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10)2 = $ 1,21
O valor de $ 1,00 ao fim de 3 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10)3 = $ 1,331
O valor de $ 1,00 ao fim de 4 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10)4 = $ 1,464
O valor de $ 1,00 ao fim de 5 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10)5 = $ 1,611

Reciprocamente, o valor presente de $ 1,00 recebido em uma data futura é:
$ 1,00 recebido ao final de 1 ano é $ 1,00 : 1,1 = $ 0,9091
$ 1,00 recebido ao final de 2 anos é $ 1,00 : 1,21 = $ 0,8264
$ 1,00 recebido ao final de 3 anos é $ 1,00 : 1,331 = 0,7513
$ 1,00 recebido ao final de 4 anos é $ 1,00 : 1,464 = 0,6831
$ 1,00 recebido ao final de 5 anos é $ 1,00 : 1,611 = $ 0,6208
O valor do dinheiro é, portanto, diretamente afetado pelo tempo, e a taxa de juros é o método
usado para expressar o valor do dinheiro no tempo.
Existem tabelas de juros compostos, a diferentes taxas e períodos, que auxiliam o cálculo do
valor presente. No entanto, o avanço das planilhas eletrônicas, utilizadas em microcomputadores, e o
crescente uso de calculadoras financeiras simplificaram enormemente esses cálculos.
5.5.4 Valor Presente Líquido
Este método está baseado em uma taxa mínima de retorno assumida. Idealmente, esta taxa
deveria ser a taxa média do custo do capital para a firma. Esta seria a taxa usada para descontar os
fluxos de caixa líquidos a seu valor presente. Os desembolsos líquidos são subtraídos do valor
presente dos fluxos líquidos de entradas de caixa, oferecendo assim um número residual, que é o
valor presente.
Professor SOARES
15

Uma decisão é feita a favor de um projeto se o valor presente líquido é um número positivo.
Esse método também pode ser aplicado na comparação de vários projetos quando são considerados
investimentos mutuamente exclusivos.
Uma regra pode ser estabelecida da seguinte forma:
Aceitar o projeto se:
a1
(1 + i)

+

a2
(1 + i) 2

An
(1 + i)n

+...+

>A

Onde:
A = Custo Inicial do Projeto
a = Fluxos Líquidos de Caixa por Ano
/ = Custo do Capital
n = Tempo de Vida Esperado para o Projeto
Exemplo: A Cia. SP Ltda. está estudando um projeto que tem duração de cinco anos e
produzirá uma entrada líquida de caixa de $ 1.000,00. Os desembolsos do investimento inicial são de
$ 3.000,00 e a taxa de retorno desejada é de 10%.
Anos

Entradas

1
2.
3
4
5

Taxa de Desconto
10%
0,9091
0,8264
0,7513
0,6831
0,6208

$1.000
$1.000
$1.000
$1.000
$1.000

V. Presente Líquido das Entradas
Custo Inicial do Investimento
Valor Presente do Projeto

Valor Presente Entradas
$ 909,10
$ 826,40
$ 751,30
$ 683,10
$ 620,80
$ 3.790,70
$ 3.000,00
$ 790,00

Como o valor presente líquido das entradas de caixa é maior do que o valor
presente líquido do custo inicial do investimento, o projeto deve ser aceito.
5.5.5 Taxa Interna de Retomo
Este método requer que seja calculada a taxa de juros que é usada para desconto, que,
aplicada, irá reduzir o valor presente líquido de um projeto a zero.
Isso possibilita comparar a taxa interna de retorno com essa taxa.
A regra é a seguinte:
A=

a1

+

a2

+ +

an

+
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16

(1 + r)
Com r > i

(1+r)2

(1+n)n

Onde:
A = Custo Inicial do Projeto
a = Fluxos Anuais de Entradas Líquidas de Caixa
r = Taxa de Desconto da Solução
i = Taxa de Retorno Desejada.
Exemplo: Considerando os dados do exemplo anterior e aplicando a análise da taxa interna
de retorno ao projeto, têm-se os seguintes resultados:
Anos
1
2.
3
4
5

Entradas
$
1.000
1.000
1.000
1.000
1.000

V. P. Líquido das Entradas
Custo Inicial do Investimento
Valor Presente do Projeto

Taxa de
Valor Presente
Taxa de
Valor Presente
Desconto 19%
Entradas
Desconto 20%
Entradas
$
$
0,8403
840,30
0,8333
833,30
0,7062
706,20
0,6944
694,40
0,5934
593,40
0,5787
578,70
0,4987
498,70
0,4823
482,30
0,4190
419,00
0,4019
401,90
3.057,60
3.000,00
+ 57,60

2.990,60
3.000,00
- 9,40

Pode-se observar que a Taxa Interna de Retorno é de quase 20%. (É sempre possível
aproximar mais do índice real assumindo um relacionamento linear e fazendo uma interpolação entre
os dois pontos mais aproximados.)
A fixação da Taxa Interna de Retorno a 20% possibilita fazer uma comparação dessa taxa
com a Taxa Interna de Retorno desejada pela empresa.
Comparação do Valor Presente com a Taxa Interna de Retorno
Quando se lida com simples estimativas de projetos de investimento, como aqueles que
envolvem uma única saída de capital, seguida de fluxos de entrada de caixa, ambos os métodos, o
do valor presente líquido e o da taxa interna de retorno, produzem a mesma decisão.
Mas a vantagem do método do valor presente líquido é a simplicidade com que estes
resultados são alcançados.
O exemplo mostra que, com o método do valor presente líquido, o resultado esperado é
expresso em termos de unidades monetárias, o que reflete diretamente o aumento da riqueza.
A Taxa Interna de Retorno, por outro lado, produz resultado em termos de porcentagem, e
este resultado tem que ser comparado com a taxa mínima de retorno requerida pela empresa, antes
de tomar a decisão por este ou outro projeto.

Professor SOARES
17

Exemplo: A Cia. SP Ltda. está estudando dois projetos, cada um requer um investimento
líquido de capital de $ 3.000. Ambos possuem uma vida útil de cinco anos. O lucro estimado e os
fluxos líquidos de entrada de caixa são os seguintes:
Final do ano
1
2
3
4
5

Projeto "A"
$
500
1.000
1.500
2.000
2.000
7.000

Projeto “B”
$
2.000
1.500
1.500
2.000
500
6.500

A taxa de retorno desejada é de 10%.
Análise do Método do Valor Presente Líquido
O valor presente dos dois projetos pode ser calculado pelo uso da taxa de retorno desejada
como fator de desconto.
Anos
1
2.
3
4
5

Taxa de
Desconto 10%
$
0,9091
0,8264
0,7153
0,6831
0,6208

V. P. Líquido das Entradas
(-) Custo Investimento
V. Presente do Projeto

Projeto “A”
$
500
1.000
1.500
2.000
2.000

Valor Presente Projeto “B”
Entradas
$
$
454,60
2.000
826,40
1.500
1.073,00
1.500
1.366,20
1.000
1.241,60
500
4.961,80
3.000,00
1.961,80

Valor Presente
Entradas
$
1.818,20
1.239,60
1.073,00
683,10
310,40
5.124,30
3.000,00
2.124,30

Ambos os projetos podem ser aceitos pela firma e, se uma escolha precisa ser feita entre eles,
o Projeto "B" deve ser o selecionado, pois produz o maior valor presente.
O tempo das entradas líquidas de caixa é um fator de influência na determinação do resultado,
pois as entradas de caixa totais, antes do desconto, eram maior no projeto "A". O fluxo de caixa
associado com o projeto "B" está concentrado nos primeiros anos, mas, quando descontado, tem um
valor presente mais alto que o do projeto "A",
Análise da Taxa Interna de Retorno
Tomando as entradas líquidas de caixa, estimadas para o projeto "A", a taxa de desconto que
será usada nessas entradas de $ 3.000,00 é encontrada novamente por tentativa e erro.1
Usando as tabelas de desconto, conclui-se que a taxa de retorno situa-se entre 28% e 29%

Professor SOARES
18

Entradas
$
500
1.000
1.500
2.000
2.000

Fator de Desconto
29%
$
0,7752
0,6009
0,4658
0,3611
0,2799

Investimento
Custo Inicial do Investimento

Valor Presente
Entradas
$
387,70
600,90
698,70
722,20
559,80
2.969,30
3.000,00
- 30,70

Fator de
Desconto 28%
0,7813
0,6104
0,4768
0,3725
0,2910

Valor Presente
Entradas
$
390,70
610,40
715,20
745,00
582,00
3.043,30
3.000,00
+ 43,30

Usando a mesma abordagem da Taxa Interna de Retorno para o Projeto "B", pode-se calcular
uma taxa de 29%.
O teste principal para aceitação final de um projeto depende da comparação favorável da taxa
interna de retorno com o índice de retorno desejado, de 20%, o que qualifica ambos os projetos.

Um dos problemas da comparação de taxas de retorno dos projetos é que a
comparação direta entre as duas percentagens não tem muito sentido, a não ser
com referência ao investimento inicial. Assim, sua verdadeira dimensão pode ser
preservada. Este problema nunca deve ser deixado de lado, quando são usadas
percentagens de taxas internas de retorno.
Em problemas de investimento mais complicados, por exemplo, aqueles que requerem que os
excedentes de caixa sejam economizados para que façam frente a obrigações que surgirão no final
da vida do projeto, ambos os métodos assumem que esses excedentes de caixa serão reinvestidos a
uma taxa de retorno apropriada.
Dessa maneira, uma aplicação pode ser resgatada para financiar o projeto. O método da Taxa
Interna de Retorno projeta que os excedentes de caixa serão reinvestidos a uma taxa de desconto
igual à taxa interna de retorno. Por sua vez, o método do Valor Presente Líquido prevê que eles serão
reinvestidos a uma taxa mínima aceitável de retorno usada neste método.
Assim, a vantagem do método do Valor Presente Líquido é que ele assume premissas mais
realísticas a respeito das oportunidades de reinvestimento.
Um problema mais completo surge quando aplicamos o método da Taxa Interna de Retorno a
projetos de investimento, que não têm um padrão simples de fluxos de caixa, como os dos exemplos
anteriores.
Impostos e Outros Fatores
Para que o cálculo dos Fluxos de Caixa Descontados apure resultados correios, é importante
que sejam considerados todos os fatores que afetam o cálculo desses fluxos.
Professor SOARES
19

O mais importante desses fatores é, naturalmente, constituído pêlos impostos. De fato,
assumimos que os valores dos fluxos de caixa eram líquidos de impostos. Podem-se ajustar os
valores desses fluxos aos efeitos diretos dos impostos. Deve-se também proceder aos efeitos
indiretos dessa taxação, tais como incentivos fiscais, e o leitor deve lembrar-se de que, no cálculo do
valor líquido a ser investido, quaisquer ganhos provenientes de incentivos fiscais devem ser
deduzidos do cálculo do Fluxo de Caixa Descontado. Os efeitos desses incentivos variam de projeto
para projeto.
5.6 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E INFLAÇÃO
Como um fluxo de caixa, associado com um projeto particular, pode estender-se por um
período de tempo considerável, é evidente que o nível de inflação durante esse período de tempo
afetará significativamente a rentabilidade do projeto.
Na estimativa de eventos futuros, deve-se levar em conta a inflação. É necessário que seja
estabelecida a distinção entre os conceitos de nível geral de preços e variação específica de preços.
Existe a necessidade de ajustar as estimativas de fluxo de caixa ás variações específicas de
preços que podem afetar o empreendimento e comprometer a sua capacidade operacional.
Dessa forma, o custo inflacionado dos itens específicos é que deve ser levado em conta, na
avaliação dos investimentos. Os custos dos itens específicos terão diferentes taxas de mudanças,
assim como o preço dos produtos que agregam esses itens de custo.
Com efeito, a existência de um descompasso entre os aumentos dos itens de custos e os
aumentos de preços pode reduzir consideravelmente a rentabilidade de um projeto, em condições
inflacionárias.
À medida que aumenta a taxa de inflação, este problema se torna mais grave. Por essa razão,
os contratos com preços fixos, que cobrem longo período de tempo, devem possuir cláusulas de
reescalonamento de custos para minimizar os efeitos da inflação.
O método mais apropriado para incorporar os efeitos inflacionários no cálculo do Fluxo de
Caixa Descontado é ajustar as estimativas do fluxo de caixa às variações específicas de preços. Este
fluxo de caixa ajustado é, então, descontado pelo custo monetário do capital.
Exemplo: A Cia. SP Ltda. teve um fluxo de caixa líquido anual de $ 1.000 por um período de
cinco anos; a taxa de desconto usada foi de 10%. Pode-se assumir agora que o fluxo de caixa
líquido anual foi derivado como segue:
Em $
Entrada de Caixa
Vendas
Saídas de Caixa
Matérias-primas
Mão-de-obra
Fluxo de Caixa Líquido Anual

5.000
3.000
1.000

4.000
1.000

PLANEJAMENTO FINANCEIRO A CURTO A PRAZO
Freqüentemente, a expressão capital de giro líquido é associada à tomada de decisões
financeiras a curto prazo. O capital de giro líquido é a diferença entre ativo circulante e passivo
Professor SOARES
20

circulante. Usualmente, a administração financeira a curto prazo é denominada administração do
capital de giro líquido. As duas expressões têm o mesmo significado.
Não há definição universalmente aceita de finanças a curto prazo. A diferença mais
importante entre finanças a curto prazo e finanças a longo prazo é a distribuição de fluxo de caixa no
tempo. As decisões financeiras a curto prazo tipicamente envolvem entradas e saídas de caixa que
ocorrem no prazo de um ano, ou menos. Por exemplo, decisões financeiras a curto prazo envolvem
encomendas de matéria-prima, pagamentos a vista ou descontos na venda de produtos acabados.
Por outro lado, a compra de determinada máquina para reduzir os custos operacionais, digamos,
pelos próximos cinco anos, é uma decisão financeira a longo prazo.
Que tipos de questões situam-se na categoria geral de administração financeira a curto prazo?
Para citar alguns poucos casos:
1. Qual é o nível razoável de caixa de ser mantido (num banco) para pagar contas?
2. Quanto a empresa deve tomar emprestado a curto prazo?
3. Quanto crédito deve ser concedido aos clientes?
Este capítulo apresenta os elementos básicos das decisões financeiras a curto prazo.
Em primeiro lugar, discutimos as atividades operacionais da empresa a curto prazo. A seguir,
identificamos algumas políticas financeiras alternativas a curto prazo. Finalmente, delineamos os
elementos básicos de um plano financeiro a curto prazo e descrevemos instrumentos de
financiamento a curto prazo.
EVOLUÇÃO DO CAIXA E DO CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO
Nesta seção, examinamos os componentes do saldo de caixa e do capital de giro líquido e
suas variações de um ano para outro. Nossa meta é descrever as atividades operacionais da
empresa e seu impacto sobre o saldo de caixa e o capital de giro. Para começar, lembre-se de que
os ativos circulantes são compostos por caixa e outros ativos que, espera-se sejam convertidos em
caixa no prazo de um ano. Os ativos circulantes são apresentados no balanço em ordem decrescente
de liquidez contábil – a facilidade com a qual podem ser convertidos em caixa e o prazo necessário
para que isso ocorra. Quatro itens mais importantes encontrados no ativo circulante de um balanço
são caixa e contas correntes, aplicações financeiras, contas a receber e estoques.
Tal como ocorre com seu investimentos em ativos circulantes as empresas usam diversas
formas de dívidas a curto prazo, chamadas de passivos circulantes. Passivos circulantes são
obrigações que, conforme se prevê, exigirão o pagamento dentro do prazo de um ano. Os três
principais itens encontrados em passivos circulantes são contas a pagar, despesas a pagar, incluindo
salários e impostos e notas promissórias a pagar a instituições financeiras.
Como desejamo-nos concentrar nas variações do saldo de caixa, começamos por definir
caixa em termos dos outros elementos do balanço. Isso nos permite isolar a conta Caixa e explorar o
impacto das operações e decisões financeiras da empresa sobre o caixa. A identidade básica do
balanço pode ser escrita da seguinte maneira:
Capital de giro líquido + Ativos permanentes = Exigível a longo prazo + Patrimônio líquido
Professor SOARES
21

O capital de giro líquido é dado por caixa mais outros ativos circulantes, menos passivos
circulantes:
Capital de giro líquido = (Caixa + Outros ativos circulantes) – Passivo Circulante
Se substituirmos o capital de giro líquido por estas expressão na identidade do balanço, e
a reorganizarmos um pouco, teremos a seguinte expressão para o saldo de caixa:
Caixa = Exigível a longo prazo + Patrimônio Líquido – Ativos circulantes (exceto caixa) –
Ativos permanentes
Isso nos diz em termos gerais, que algumas atividades naturalmente aumentam o saldo de
caixa e outras o diminuem. Podemos enumera-las juntamente com um exemplo de cada uma:
Atividades que aumentam o saldo de caixa
Aumento do exigível a longo prazo (obtenção de um empréstimo a longo prazo)
Aumento do patrimônio líquido (lançamento de novas ações)
Aumento de passivos circulantes (obtenção de um empréstimos por 90 dias)
Redução dos ativos circulantes, exceto caixa (venda de mercadoria a vista)
Redução de ativos permanentes (vendas de algum bem)
Atividades que reduzem o saldo de caixa
Redução do exigível a longo prazo (liquidação de empréstimo a longo prazo)
Redução do patrimônio líquido (recompra de algumas ações)
Redução do passivo circulante (liquidação de um empréstimo por 90 dias)
Aumento dos ativos circulantes, exceto caixa (compra de matéria-prima a vista)
Aumento dos ativos permanentes (compra de alguns bens)
Note que as duas listas são exatamente opostas uma à outra. Por exemplo, o lançamento de
obrigações a longo prazo aumenta o saldo de caixa (pelo menos até que o dinheiro seja gasto), o
resgate de obrigações a longo prazo reduz o saldo de caixa.
As atividades que aumentam o saldo de caixa são denominadas fontes de caixa. Aquelas
atividades que reduzem o saldo de caixa são denominadas aplicações de caixa. Examinando
novamente nossa lista, verificamos que as fontes de caixa sempre envolvem o aumento de uma
conta de passivo (ou de patrimônio líquido) ou a redução de uma conta de ativo. Isso faz sentido,
porque o aumento do passivo significa que foi levantando dinheiro por meio de empréstimos ou venda
de direitos de participação acionária na empresa. Uma redução de um ativo significa que vendemos
ou liquidamos alguma propriedade da empresa. Em ambos os casos, há uma entrada de caixa.
Professor SOARES
22

As aplicações de caixa são exatamente o posto. Uma aplicação de caixa acarreta a redução
de um passivo por seu pagamento, talvez, ou o aumento de um ativo pela compra de algo. Ambas as
atividades exigem que a empresa gaste algum dinheiro.
Exemplo – Fontes de aplicação
Fazemos agora uma breve verificação de seu entendimento a respeito de fontes e aplicações;
se as contas a pagar aumentarem $ 100, isso será uma fonte de aplicação? Se as contas a receber
aumentarem $ 100, isso será uma fonte de aplicação?
As contas a pagar representam nossas dívidas com fornecedores. Isso é uma dívida a curto
prazo.Se elas aumentarem $ 100, estaremos efetivamente tomando dinheiro emprestado e, portanto,
isso é uma fonte de caixa. As contas a receber representam as dívidas de nossos clientes conosco;
logo um aumento de $ 100 nessas contas a receber significa que estamos emprestando dinheiro; isso
é um uso de caixa.

CICLO OPERACIONAL E CICLO DE CAIXA
A principal preocupação, nas finanças a curto prazo, está associada às atividades
operacionais e financeiras da empresa a curto prazo. Numa empresa industrial típica, essas
atividades poderiam envolver esta seqüência de eventos e decisões:

Eventos
1. Compra de matéria-prima
2. Pagamento a vista
3. Fabricação do produto
4. Venda do produto
5. Cobrança

Decisões
1. Quanto deve ser encomendado para
estoque?
2. Tomar emprestado ou usar o saldo de
caixa?
3. Que alternativa de tecnologia de
produção se deve utilizar?
4. Dever sr concedido crédito a certo
cliente?
5. Como cobrar?

Essas atividades geram séries de entradas e saídas de caixa. Tais fluxos de caixa não são
sincronizados, são incertos. Não são sincronizados porque, por exemplo, o pagamento de compras
de matérias primas não ocorre ao mesmo tempo em que ocorre o recebimento pela venda do
produto. São incertos porque as vendas e os custos futuros não podem ser previstos com exatidão.

DEFINIÇÃO DOS CICLOS OPERACIONAIS E DE CAIXA
Podemos começar com um caso simples. Certo dia, que chamaremos de dia 0, você
adquire mercadorias a prazo no valor de $ 1.000. A conta é paga 30 dias a mais tarde, e, após mais
30 dias, alguém compra essas mercadorias por $ 1.400. Seu comprador só paga depois de passados
mais 45 dias. Podemos resumir esses eventos cronologicamente da seguinte maneira:
Professor SOARES
23

Dia
0
30
60
105

Atividade
Compra de mercadoria
Pagamento da compra
Venda da mercadoria a prazo
Recebimento da venda

Efeito sobre o caixa
Nenhum
-$ 1.000
Nenhum
+ $ 1.400

Ciclo operacional
Existem diversas coisas que devem ser observadas em nosso exemplo. Em primeiro lugar, o
ciclo completo, desde o momento da compra da mercadoria até o momento do recebimento de caixa,
leva 105 dias. Esse período é denominado ciclo operacional.
Conforme ilustramos, o ciclo operacional é o período que vai desde a compra da mercadoria,
até sua venda e o recebimento dessa venda. Esse ciclo tem dois componentes distintos. A primeira
parte é o tempo que se leva para comprar e vender a mercadoria. Tal período, 60 dias em nosso
exemplo, é denominado período de estoque. A segunda parte é o tempo necessário para receber a
venda, 45 dias em nosso exemplo. Esse período é denominado período de contas a receber.
Com base em nossas definições, o ciclo operacional obviamente é a soma dos períodos de
estoque e conta a receber:
Ciclo operacional = Período de estoque + Período de conta a receber
105 dias = 60 dias + 45 dias.
O ciclo operacional descreve como o produto se move entre as contas de ativo circulante.
Sua vida começa como estoque, é convertida em contas a receber ao ser vendida e finalmente em
caixa quando as vendas são pagas. Observe que, a cada etapa, o ativo está-se movendo para mais
perto do caixa.
Ciclo operacional
Período entre a compra de mercadoria e o recebimento das vendas.
Período de estoque
Período entre a compra e a venda da mercadoria.
Período de contas a receber
Período entre a venda da mercadoria e o recebimento da venda.
Ciclo de caixa
A segunda coisa a ser observada é que os fluxos de caixa e outros eventos não são
sincronizados. Por exemplo, não pagamos pelos estoques senão 30 dias após adquiri-los. Esse prazo
de 30 dias é denominado período de contas a pagar. A seguir, gastamos dinheiro no dia 30 e não
recebemos até o dia 105. De algum modo, precisamos financiar $ 1.000 por 105 – 30 dias = 75 dias.
Esse período é o ciclo de caixa.
O ciclo de caixa, portanto, é o número de dias transcorridos até recebemos o valor de uma
venda, medido desde o momento em que pagamos pelo estoque adquirido. Note que, com base em
nossas definições, o ciclo de caixa é a diferença entre o ciclo operacional e o período de contas a
pagar:
Professor SOARES
24

Ciclo de caixa = Ciclo operacional – Período de conta a pagar
75 dias = 105 dias – 30 dias
A figura 1 representa as atividades operacionais a curto prazo e os fluxos de caixa de uma
empresa industrial típica mostrando uma linha de tempo do fluxo de caixa. Como é apresentado, a
linha de tempo de fluxo de caixa é composta pelo ciclo operacional e pelo ciclo de caixa. Na figura 1,
a necessidade de administração financeira a curto prazo é indicada pela defasagem entre as
entradas e saída de caixa. Essa defasagem está relacionada à extensão do ciclo operacional e do
período de contas a pagar.
A defasagem entre as entradas e saídas de caixa a curto prazo podem ser cobertas por
empréstimos ou pela manutenção de uma reserva de liquidez sob a forma de caixa ou título
negociáveis a curto prazo. Alternativamente, pode ser reduzida mudando-se os períodos de estoque,
contas a receber e contas a pagar.
Período de contas a pagar
Período entre o recebimento do estoque e o seu pagamento.
Ciclo de caixa
Período entre o desembolso de caixa e o recebimento de caixa.
Linha de tempo do fluxo de caixa
Representação gráfica dos ciclos operacional e de caixa
FIGURA 1

Compra de
Matéria -prima

Linha de tempo do
fluxo de caixa e
atividades
operacionais a curto
prazo de uma empresa
industrial típica.

Venda de
Matéria-prima

Período de estoque

Período de conta a receber

Período de
Contas a pagar

Ciclo de caixa

Pagamento de compra
De Matéria-prima

Recebimento pela venda
de produtos acabados

Professor SOARES
Ciclo operacional
25

Antes de examinarmos os ciclos operacional e de caixa mais detalhadamente, é útil considerar
quem são as pessoas envolvidas na gestão dos ativos e passivos circulantes de uma empresa.
Conforme ilustrado na tabela 1, a administração financeira a curto prazo numa grande empresa
envolve uma variedade de administradores financeiros e não financeiros. Examinando a tabela 16.1,
verifica-se que a venda a prazo envolve pelo menos três pessoas diferentes: o gerente de crédito, o
gerente de marketing e o controller. Dessas três pessoas, somente duas são subordinadas ao vicepresidente de finanças (geralmente, a gerência de markenting é subordinada à diretoria comercial).
Portanto, existe um potencial de conflito, particularmente se os diversos administradores
concentrarem-se apenas em parte do problema. Por exemplo, se a área de marketing estiver
tentando conquistar um novo cliente, poderá oferecer condições de crédito mais liberais como
incentivos. Entretanto, isso poderá aumentar o investimento em contas a receber pela empresa ou
sua exposição a risco de perda, o que gerará os conflitos.
CÁLCULO DOS CICLOS OPERACIONAL E DE CAIXA
Em nosso exemplo, os prazos que formavam os diversos períodos eram evidentes. Se
tudo que possuirmos for informação proveniente de demonstrações financeiras, teremos um pouco
mais de trabalho a fazer. Esses cálculos são ilustrados a seguir.
Para começar, precisamos determinar diversas coisas, tais como o prazo médio para
venda de produtos estocados e o prazo médio de cobrança de uma venda. Inicialmente, coletamos
alguns dados de balanço, como os seguintes (em milhares):
Item
Valor Inicial
Valor Final
Média
Estoque
$ 2.000
$ 3.000
$ 2.500
Contas a Receber
1.600
2.000
1.800
Contas a pagar
750
1.000
875
Tabela 1 – Administradores que lidam com problemas financeiros a curto prazo
Titulo
Administrador
Tesoureiro

do Atribuições
relacionadas
à
administração financeira a curto prazo
Cobrança, concentração de contas,
desembolso; aplicações a curto prazo;
empréstimos a curto prazo; relações
bancárias
Gerente de crédito
Monitoramento e controle de contas a
receber; decisões de política de crédito
Gerente
de Decisões de política de crédito
marketing
Gerente de compras Decisões sobre compras, fornecedores;
pode negociar condições de pagamento
Gerente
de Fixação de programas de produção e
produção
necessidades de matéria-prima
Gerente de contas a Decisões quanto à política de pagamento
pagar
e aproveitamento de desconto

Ativos/passivos afetados
Caixa, aplicações financeiras a
curto prazo, empréstimos a
curto prazo
Contas a receber
Contas a receber
Estoque, conta a pagar
Estoques, contas a pagar
Contas a pagar
Professor SOARES
26

Controller

Informações contábeis sobre fluxos de Contas a receber, contas a
caixa; reconciliação de conta a pagar; pagar
aplicação de pagamento a contas a
receber

Fonte: HILL, Ned C., SARTORIS, William L. Short-Term financial management 2. Ed. New York: Macmillan, l992. p. 15.

Além disso, a partir da demonstração de resultado do exercício, temos as seguintes cifras
(milhares):
Vendas
Custo da mercadoria vendida

$ 11.500
8.200

Agora, precisamos calcular alguns índices financeiros. Esses índices foram discutidos
detalhadamente no Capítulo 3; neste momento, apenas os enunciaremos e utilizaremos quando
apropriado.
Ciclo operacional
Em primeiro lugar, precisamos do período de estoque. Gastamos $ 8,2 milhões em itens
estocados (o custo da mercadoria vendida). Nosso estoque médio foi $ 2,500 milhões. Portanto,
giramos nosso estoque $ 8,2/2,5 vezes durante o ano.
2. Note que, no calculo do giro de estoques, usamos o estoque médio, em lugar do
estoque final, como fizemos no Capítulo 3. Ambos os enfoques são adotados na prática. Para
adquirir alguma prática com a utilização de valores médios, continuaremos usando este
enfoque no cálculo de índices em todo este capítulo.
Giro de = Custo de Mercadoria Vendida
Estoques
Estoque médio
= $ 8,2 milhões = 3,28 vezes
2,5 milhões
Grosso modo, este resultado nos diz que compramos e vendemos nosso estoque 3,28
vezes durante o ano. Isso significa que, em média, mantivemos nosso estoque por:
Período de estoque =

365 dias
.
Giro de estoques

= 365 = 111,3 dias
3,28
Portando, o período de estoque é cerca de 111 dias. Em média, o estoque ficou parado
durante 111 dias antes de ser vendido.

Professor SOARES
27

Do mesmo modo, as contas a receber tiveram um saldo médio de $ 1,8 milhão, e as
vendas totalizaram $ 11,5 milhões. Supondo que todas as vendas tenham sido feitas a prazo, o giro
de contas a receber Ter sido:
Se menos de 100% das vendas fossem a prazo, então necessitaríamos de mais
informações; mas especificamente, precisaríamos saber qual foi o valor das vendas a prazo
durante o ano.
Giro de contas = Vendas a prazo
a receber
Saldo médio de
contas a receber
= $ 11,5 milhões = 6,4 vezes
$ 1,8 milhões
Se girarmos nossas contas a receber 6,4 vezes, então o período de contas a receber
será:
Período de =
365
.
contas a receber Giro de contas a receber
= 365 = dias
6,4
O período de contas a receber também é denominado dias em contas a receber ou prazo
médio de recebimento. Independentemente de como seja denominado, ele nos diz que nossos
clientes levam 57 dias, em média, para pagar suas contas.
Ciclo operacional = Período de estoque +
Período de contas a receber
= 111 dias + 57 dias
= 168 dias
Isso nos diz que, em média, passa-se 168 dias desde o momento em que adquirimos
estoques, até vendermos e recebermos o valor da venda.
Ciclo de caixa
Agora precisamos determinar o período de contas a pagar. Com base nas informações
fornecidas, sabemos que o valor médio de contas a pagar foi de $ 875.000, e que o custo dos
produtos vendidos alcançou $ 8,2 milhões. Portanto, nosso giro de contas a pagar é:
Giro de contas =
a pagar

Custo da mercadoria
vendida
.
Saldo médio de
contas a pagar

= $ 8,2 milhões = 9,4 vezes
$ 0,875 milhão
O período de contas a pagar é:
Período de
=
365 _
.
contas a pagar
Giro de conta a pagar
Professor SOARES
28

365 = 39 dias
9,4
Portanto, levamos em média 39 dias para pagar nossas contas.
Finalmente, o ciclo de caixa é a diferença entre o ciclo operacional e o período médio de
contas a pagar:
Ciclo de caixa = Ciclo operacional –
Período médio de contas a pagar
= 168 dias – 39 dias.
= 129 dias
Portanto, em média, existe um atraso de 129 dias desde o momento em que pagamos
pela compra de mercadoria e o momento em que recebemos o valor da venda.
EXEMPLO 16.2 Ciclos operacional e de caixa
Você reuniu as seguintes informações sobre Slowpay Company;
Item
Estoque
Contas a Receber
Contas a pagar

Valor Inicial
$ 5.000
1.600
2.700

Valor Final
$ 7.000
2.400
4.800

As vendas a prazo durante o ano que acaba de se encerrar foram de $ 50.000, e o custo
dos produtos vendidos alcançou $30.000. Quanto tempo é necessário para que a Slowpay receba
suas vendas? Por quanto tempo as mercadorias permanecem em estoque até serem vendidas?
Quanto tempo a empresa leva para pagar suas contas?.

ORÇAMENTO DE CAIXA
O Orçamento de caixa é uma ferramenta básica do planejamento financeiro a curto
prazo. Permite ao administrador financeiro a identificação de necessidades e oportunidades
financeiras a curto prazo. Mais importante, porém, é o fato de que o orçamento de caixa ajuda o
administrador a analisar as necessidades de financiamento a curto prazo. A idéia do orçamento de
caixa é simples: ele registra as estimativas de entradas e saída de caixa. O resultado é uma
estimativa de superávits ou déficits de caixa.
Orçamento de caixa
Uma projeção das entradas e saídas de caixa para o período de planejamento
seguinte.
VENDAS E ENTRADAS DE CAIXA
Começamos com um exemplo referente à Fun Toys Corporation. Elaboraremos um
orçamento trimestral de caixa. Poderíamos também elabora-lo em bases diárias, semanais ou
mensais. Escolhemos o trimestre por uma questão de conveniência e também porque representa um
período usual de planejamento empresarial a curto prazo.
Professor SOARES
29

Todas as entradas de caixa de Fun Toys resultam da venda de brinquedos. A elaboração
de orçamentos de caixa da empresa, portanto, deve começar com uma previsão de vendas para o
próximo ano, em base trimestrais:
Observe-se que estas são vendas projetadas, e, portanto, há um risco de previsão, já que
as vendas efetivas podem ser superiores ou inferiores a esses níveis. Além, disso, a Fun Toys
começou o ano com um saldo de contas a receber igual a $ 120.
O período médio de recebimento ou cobrança de contas a receber da Fun Toys é igual a
45 dias. Isso significa que metade das vendas de determinado trimestre é recebida no trimestre
seguinte. Tal fato ocorre porque as vendas realizadas durante os primeiro 45 dias do trimestre são
cobradas no próprio trimestre. As vendas realizadas nos últimos 45 dias são cobradas no trimestre
seguinte. Note-se que estamos supondo que cada trimestre tem 90 dias e que, portanto, o período de
cobrança de 45 dias é igual a metade do período trimestral.
Com base nas previsões de vendas, podemos agora estimar os recebimentos projetados
da Fun Toys. Em primeiro lugar, quaisquer contas a receber existente no início de um trimestre serão
recebidas dentro de 45 dias, de modo que todas serão recebidas em algum momento do trimestre.
Em segundo lugar, tal como foi discutido, quaisquer vendas feitas na primeira metade do trimestre
também serão recebidas no próprio trimestre o que faz com que os recebimentos totais sejam:
Recebimentos = Saldo inicial de contas a receber + 1/2 Vendas
Por exemplo, no primeiro trimestre, os recebimentos seriam iguais ao saldo inicial de
contas a receber, de $ 120, mais metade das vendas, ou 1/2 x $ 200 = $ 100, perfazendo um total de
$ 220.
Como o saldo inicial de contas a receber é recebido integralmente, junto com metade das
vendas, o saldo final de contas a receber e um trimestre deve ser a outra metade das vendas. As
vendas projetadas do primeiro trimestre são iguais a $ 200. Assim, o saldo final de contas a receber
deve ser igual a $ 100. Este será o saldo inicial de contas a receber no segundo trimestre. Os
recebimentos no segundo trimestre, portanto, serão de $ 100 mais metade das vendas projetadas de
$ 300, ou seja, $ 250 no total.
Continuando esse processo, podemos resumir os recebimentos projetados da Fun Toys
conforme é apresentado na tabela 16.3.
Na tabela 16.3, os recebimentos de vendas são apresentados como única fonte de caixa.
Evidentemente, nem sempre é assim. Outras fontes de caixa poderiam incluir vendas de ativo,
rendimentos de aplicações financeiras e entradas provenientes de financiamento a longo prazo.
Tabela 16.3 – Recebimentos da Fun Toys (em milhões)
Saldo inicial de contas a receber
Vendas
Recebimentos
Saldo final de contas a receber

T1
$120
200
220
100

T2
$ 100
300
250
150

T3
$ 150
250
275
125

T4
$ 125
400
325
200

SAIDAS DE CAIXA

Professor SOARES
30
Consideramos a seguir a saída de caixa, ou pagamentos. Existem quatro categorias básicas:
1.
Pagamentos a fornecedores. Correspondem a pagamentos por bens e serviços
adquiridos de fornecedores, como matérias-primas. Em geral,, tais pagamentos são feitos
algum tempo após a compra.
2.
3.
Salários, impostos e outras despesas. Esta categoria inclui todos os outros custos
regulares de operação que exigem desembolso. A depreciação, por exemplo, é
normalmente considerada como custo regular de operação, mas não exige desembolso, e
por isso não é incluída.

4.
5.

Gastos de capital. Pagamentos pela aquisição de ativos permanentes.
Despesas de financiamento a longo prazo. Esta categoria inclui, por exemplo,
pagamentos de juros de dívidas a longo prazo e dividendos ao acionistas.

As compras da Fun Toys junto a seus fornecedores (em dólares), em um trimestre,
correspondem a 60% das vendas previstas para o trimestre seguinte. Os pagamentos são iguais às
compras no trimestre anterior, de modo que o prazo médio de pagamento é de 90 dias. Por exemplo, no
trimestre recém-encerrado, a Fun Toys encomendou 0,60 x # 200 = $ 120 de seu fornecedores. Esse valor
será efetivamente pago no primeiro trimestre (T1) do ano seguinte.
Salários, impostos e outras despesas alcançam normalmente 20% das vendas; os juros e
dividendos são atualmente iguais a $ 20 por trimestre. Além disso, a Fun Toys planeja importante
ampliação de suas instalações (um gasto de capital) de $ 100 no segundo trimestre. Se juntarmos todos
esses dados, concluiremos que as saídas de caixa correspondem ao que é apresentado na tabela 16.4.

Tabela 16.4 - Saída de caixa da Fun Toys (em milhões)
Pagamento a fornecedores (60%)
Salário, impostos e outras despesas
Gastos de Capital
Despesas de financiamento a longo prazo
(juros e dividendos)
Total das saída

T1
$120
40
0
20

T2
$ 180
60
100
20

T3
$ 150
50
0
20

T4
$ 240
80
0
20

$ 180

$ 360

$ 220

$ 340

SALDO DE CAIXA
As entradas líquidas de caixa correspondem à diferença entre recebimentos e saída de
caixa. As entradas líquidas de caixa da Fun Toys são apresentadas na Tabela 16.5. De imediato,
pode-se observar que há um superávit no primeiro e no terceiro trimestre e que há um déficit no
segundo e no quarto trimestre.
Faremos a suposição de que a Fun Toys começa o ano com um saldo de caixa de $ 20.
Além do mais, a empresa mantém um saldo mínimo de caixa de $ 10 para se precaver contra
contingências inesperadas e erros de previsão. Portanto, começamos o primeiro trimestre com $ 20
em caixa. Esse saldo aumenta $ 40 durante o trimestre, de modo que o saldo final é igual a $ 60.
Desse valor, $ 10 estão reservados como saldo mínimo; portanto, subtraímos esse valor e
descobrimos que o superávit do primeiro trimestre é 60 – 10 = $ 50.

Professor SOARES
31

A empresa começa o segundo trimestre com $ 60 em caixa (o saldo final do trimestre
anterior). Há uma entrada líquida de - $ 110; portanto, o saldo final é $ 60 – 110 = - $ 50. Precisamos
de mais $ 10 com saldo mínimo, e assim o déficit total é - $60. Esses cálculos, bem como os
correspondentes aos dois últimos trimestres, são resumidos na tabela 16.6.
A partir do segundo trimestre, a empresa tem insuficiência de caixa no valor de $ 60. Isso
é causado pelo comportamento sazonal da vendas (maiores no final do segundo trimestre), pela
demora nos recebimentos e pelo gasto de capital programado.
A situação de caixa da Fun Toys prevê uma melhora para um déficit de $ 5 no terceiro
trimestre, mas, no final do ano, a empresa ainda deverá ter um déficit de $ 20. Sem alguma fonte de
financiamento, esse déficit será carregado para o ano seguinte. Tal questão será explorada na
próxima seção.
Por ora, podemos fazer os seguintes comentários gerais sobre as necessidades de caixa
da Fun Toys:
1. A grande saída de caixa da Fun Toys no segundo trimestre não é
necessariamente um sinal de dificuldades. Resulta da defasagem no recebimento
das vendas e um gasto de capital planejado (presumivelmente um gasto
vantajoso).
2. Os dados de nosso exemplo foram baseados em projeções. As vendas poderão
ser muito piores (ou melhores) do que os dados projetados.
Tabela 16.4 - Saídas de caixas de Fun Toys (em milhões)
Pagamentos a fornecedores (60%)
Salários, impostos e outras despesas
Gastos de capital
Despesas de financiamentos a longo prazo
(juros e dividendos)
Total das saídas

T1
$ 120
40
0

T2
$ 180
60
100

T3
$ 150
50
0

T4
$ 240
80
0

20
$ 180

20
$ 360

20
$ 220

20
$ 340

Tabela 16.5 - Entradas Líquidas de caixa da Fun Toys (em milhões)
Total dos recebimentos
Total de saídas
Entradas líquidas de caixa

T1
$ 220
180
$ 40

T2
$ 250
360
- $ 110

T3
$ 275
220
$ 55

T4
$ 325
340
- $ l5

T3
$ 50

T4
$
5

Tabela 16.6 – Saldo de caixa da Fun Toys (em milhões)
Saldo inicial de caixa

T1
$120

T2
$ 60

Professor SOARES
32

Entradas líquidas de caixa
Saldo final de caixa
Saldo mínimo em de caixa
Superávit (déficit) acumulado

40
$ 60
- 10
$ 50

- 110
-$ 50
- 10
- $ 60

55
$ 5
- 10
-$ 5

- 15
- $ 10
10
- $ 20

ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE
Tal como as contas a receber, os estoques representam um investimento significativo
em várias empresas. Numa empresa industrial típica, os estoques podem muito bem superar o nível
de 15% dos ativos. Numa empresa varejista, os estoques podem representar mais de 25% dos
ativos. Em vista do que foi discutido no Capítulo 16, sabemos que o ciclo operacional de uma
empresa é composto por seu período de estoque e por seu período de contas a receber. Este é uma
dos motivos para considerar a política de crédito e a política de estoque no mesmo capítulo. Além
disso, ambas as políticas são usadas para estimular as vendas, e as duas precisam ser coordenadas
para garantir que o processo de aquisição e venda do estoque e a cobrança das vendas,
desenvolvam-se sem problemas. Por exemplo, as mudanças da política de crédito visando estimular
as vendas devem ser simultaneamente acompanhadas pelo planejamento de um estoque adequado.
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRO E POLÍTICA DE ESTOQUE
A despeito da magnitude do investimento em estoques de uma empresa típica, o
administrador financeiro não exerce controle direto sobre a gestão dos estoques. Em vez disso,
outras áreas funcionais, tais como compras, produção e marketing geralmente compartilham a
autoridade decisória. A gestão de estoque tem-se transformado numa especialidade cada vez mais
importante, e a administração financeira normalmente só contribuiu parcialmente para a tomada de
decisões. Entretanto, como indica o quadro Princípios em Ação que acompanha esta seção, a política
de estoque pode exercer efeitos financeiros dramáticos. Conseqüentemente, examinaremos alguns
fundamentos da política de estoque nas seções a seguir.
TIPOS DE ESTOQUE
Numa empresa industrial, o estoque normalmente é classificado numa de três categorias
possíveis. A primeira é matéria-prima, que representa tudo aquilo que a empresa utiliza como ponto
de partida em seu processo produtivo. A matéria-prima pode ser básica, como minério de ferro para
uma siderúrgica, ou algo tão sofisticado quanto drives de disco para um fabricante de computadores.
O segundo tipo de estoque é de produção em andamento, representado exatamente pelo
que seu nome indica – produto não acabado. A magnitude desse tipo de estoque depende, em parte,
da duração do processo produtivo. No caso de um fabricante de aeronaves, por exemplo, a produção
em andamento pode ser substancial. O terceiro e último tipo de estoque é o de produtos acabados,
ou seja, produtos prontos para entrega ou venda.
Há três coisas a serem levada em conta em relação aos tipos de estoque. Em primeiro
lugar, os nomes dos diversos tipos podem ser um pouco enganoso, porque a matéria-prima de uma
empresa pode ser o produto acabado de outra. Por exemplo, voltando a nossa usina siderúrgica, o
minério de ferro seria uma matéria-prima, e o aço seu produto final. Num setor de estamparia de
carrocerias de automóveis, o aço seria a matéria prima e as carrocerias os produtos finais, e uma
montadora de automóveis teria as carrocerias como matérias-primas e os automóveis como produtos
finais.
A segunda coisa a ter em mente é o fato de que os vários tipos de estoque podem diferir
muito em termos de liquidez. As matérias-primas são bens homogêneos ou relativamente
padronizados, que podem ser facilmente convertidos em dinheiro. A produção em andamento, por
Professor SOARES
33

outro lado, pode ser de liquidez muito reduzida, de valor pouco superior ao que seria conseguido se
fosse vencida como sucata. Com sempre, a liquidez do produtos acabados depende da natureza do
produto.
Finalmente, uma distinção muito importante, entre produtos acabados e outros tipos de
estoque que é o fato de que a demanda por um item de estoque que se torna parte de outro item é
geralmente denominada demanda derivada ou dependente, porque a necessidade que uma empresa
tem desses tipos de estoque depende de sua necessidade de produtos acabados. Em contraste, a
demanda de produtos acabados da empresa não depende da demanda de outros itens de estoque, e
por isso às vezes e dita independente.
CUSTOS DE ESTOQUE
Conforme discutimos no Capítulo 16, existem dois tipos básicos de custos associados aos
ativos circulantes em geral e a estoques em particular. O primeiro deles é o custo de carregamento.
Neste caso, o custo de carregamento representa todas as despesas diretas e os custos de
oportunidade de manter estoque. Isso inclui:
1.
2.
3.
4.

Custo de armazenamento e controle.
Seguros e impostos.
Perdas devidas a obsolescência, deterioração ou furto.
Custo de oportunidade do capital aplicado em estoques.

A soma desses custos pode ser substancial, variando aproximadamente entre 20 e 40%
do valor do estoque de cada ano.
Os outros tipos de custos associados aos estoques são custos de falta. Estes são custos
decorrentes de estoque insuficientes. Os dois componentes do custo de falta são o custo de
reabastecimento e os custos relacionados a reservas de segurança. Dependendo do tipo de atividade
da empresa, os custos de reabastecimento ou pedido são representados pelos custos de colocação
de um pedido junto a fornecedores ou pelos custos de preparação de novo lote de produção. Os
custos relacionados a reserva de segurança são custos de oportunidade, tais como vendas perdidas
e perdas de clientes resultantes da existência de estoques inadequados.
Há uma relação básica de benefício versus custos na gestão de estoques, porque os
custos de carregamento aumentam com o nível do estoque, ao passo que os custos de falta ou
reabastecimento caem com o nível do estoque. O objetivo fundamental do processo de gestão de
estoques passas a ser, portanto, a minimização da soma desses dois custos. Consideraremos as
maneiras de atingir esse objetivo na próxima seção>
TÉCNICAS ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE
Como discutirmos anteriormente, o objetivo da administração de estoque geralmente
consiste na minimização de custo. Discutimos três técnicas nesta seção, desde a mais simples à
mais complexa.
ENFOQUE ABC
O enfoque ABC é uma técnica simples de administração de estoques, cuja idéia básica
consiste em dividir o estoque em três (ou mais) grupos. O raciocínio implícito é o de que um pequeno
número de itens estocados pode representar um grande proporção do estoque em termos de valor.
Por exemplo, essa situação existiria numa empresa industrial que usasse componentes de
tecnologia avançada e relativamente caros, bem como alguns materiais básicos, relativamente
baratos, na fabricação de seu produtos*.
Professor SOARES
34

*O enfoque ABC para estoque não deve ser confundido com o custeio ABC (custeio por
atividade, ou em inglês “Activity Based Consting”), um tópico bastante difundido em Contabilidade
Gerencial.
A figura 17.6 ilustra um comparação ABC de itens estocados em termos da porcentagem
do valor total representando por grupo, contra a porcentagem que cada grupo representa no número
total de itens. Conforme mostra a , o grupo A é a apenas 10% do número de itens totais, mas
representa mais da metade do valor total do estoque. Portanto, o grupo A precisa ser controlado de
perto, e o nível de estoque é mantido relativamente baixo. Por outro lado, itens básicos de estoque,
tais como parafusos e porcas, também existirão, mas como são cruciais e baratos, são mantidos em
grandes quantidades. Estes seriam os itens do grupo C. O grupo B é constituído por itens
intermediários.

MODELO DO LOTE ECONÔMICO (EOQ)
O modelo do lote econômico de compra (EOQ) é a abordagem mais famosa para o
estabelecimento explícito de um nível ótimo de estoque. A idéias básicas é ilustrada na figura 17.7,
que representa graficamente os vários custos associados a manter estoque (no eixo vertical) em
função do nível de estoque (eixo horizontal). Conforme ilustrado, o custo de carregamento de estoque
eleva-se o custo de reabastecimento descreve à medida que o nível de estoque aumenta. Dada
nossa discussão neste capítulo sobre a curva do custo total de crédito, a forma geral da curva de
custo total de estoque já é conhecida. A partir do modelo EOQ, tentaremos localizar especificamente
o ponto que minimizar o custo total, Q*.
Em nossa discussão a seguir, um ponto importante a ser lembrando é o de que o custo
efetivo do próprio estoque não está incluído. O motivo para isso é que o volume total de estoque de
que a empresa precisa em determinado ano é ditado pelas vendas. O que estamos analisando, neste
caso, é quanto a empresa deveria ter disponível em qualquer momento. Mais precisamente,
queremos determinar qual é o tamanho do lote que a empresa deveria encomendar quanto fosse
reabastecer seu estoque.
Consumo de estoque
Para desenvolver o EOQ, iremos supor que o estoque da empresa é consumido a uma
taxa constante até que a quantidade de estoque chegue a zero. Nesse ponto, a empresa repõe o
estoque num nível ótimo. Por exemplo, suponha que a Eyssell Corporation comece o dia de hoje
com um estoque de 3.600 unidades de certo item. As vendas anuais desse item são de 46.800
unidades. Se a Eyssell vender 900 unidades por semana, então, após quatro semanas, todo o
estoque disponível terá sido vendido, e a empresa o reabastecerá, fazendo um pedido de compra (ou
produção) de outras 3.600 unidades, começando tudo novamente. Esse processo de venda e
reabastecimento do estoque gera o padrão em forma de dente de serra que vemos na figura 17.8.
Com é mostrado pela figura, a Eyssell começa com 3.600 unidades estocadas e termina com zero
unidade. Em média, portanto, o estoque é a metade de 3.600, ou seja, 1.800 unidades.
Custo de carregamento
Conforme ilustra a Figura 17.7, normalmente se supõe que o custo de carregamento é
diretamente proporcional ao nível de estoque. Seja Q a quantidade encomendada pela Eyssel a cada
vez (3.600 unidades); iremos chamá-la de quantidade de reabastecimento. O estoque médio será
então igual a Q/2, ou 1.800 unidades. Sendo CC o custo de carregamento por unidade por ano, o
custo total de carregamento da Eyssel será:
Professor SOARES
35

Custo de carregamento total =
= Estoque médio X Custo de carregamento = Q/2 X CC (17.1)
No caso da Eyssell, se o custo de carregamento fosse igual a $ 0,75 por unidade, o custo
total de carregamento seria igual ao estoque médio de 1.800 multiplicando por $ 0,75, ou seja, $
1.350 ao ano.
Custo de falta
Por ora, concentramo-nos apenas no custo de reabastecimento. Essencialmente,
estamos supondo que a empresa na realidade nunca fica sem estoque, e portanto os custos
associados a reservas de segurança são irrelevantes. Voltaremos a esta questão a mais adiante.
Os custos de reabastecimento são geralmente tratados como se fossem fixos. Em outras
palavras, cada vez que fazemos um pedido, há custos fixos associados ao pedido (lembre-se de que
o custo do estoque não é considerado neste caso). Suponha que T seja o número total de unidades
vendidas por ano. Se a empresa encomendar Q unidades de cada vez, precisará fazer T/Q ordens de
compra.
No caso da Eyssell, as vendas anuais são 46.800, e o tamanho de cada pedido é 3.600. A
Eyssel, portanto, faz um total de 46.800/3.600 = 13 pedidos por ano. Se o custo fixo por pedido for F,
o custo total de reabastecimento será:
Custo total de reabastecimento =
= Custo fixo por pedido X Número de pedidos
= F X (T/Q)
(17.2)
No caso da Eyssell, os custos pedidos ploderiam ser iguais a $ 50 por pedido, de modo
que o custo total de reabastecimento, no caso de 13 pedidos, seria de $ 50 X 13 = $ 650 ao ano.
Custo Total
Os custos totais associados à manutenção de estoque são a soma dos custos de
carregamento e custo de reabastecimento:
Custo total =
= Custo de carregamento + Custo de reabastecimento
= (Q/2) X CC + F X (T/Q)
Nosso objetivo consiste em calcular o valor de Q, a quantidade de reabastecimento que
minimiza este custo. Para isso, podemos calcular o custo total supondo alguns valores diferentes de
Q. No caso da Eyssell Corporation, tínhamos um custo unitário de carregamento (CC) de $ 0,75 ao
ano, custos fixos de pedido (F) de $ 50, e um total de unidades vendidas (T) de 46.800 unidades. A
partir desses dados, podemos calcular algumas possibilidades de custo (verifique alguns destes
custos para praticar):
Quantidade
Encomendada
(Q)
500

Custo Total
de
Carregamento
(Q/2 x CC)
$ 187,5

+

Custo de
Reabastecimento
(F x T/Q)
$ 4.680,0

=

Custo
Total

$ 4.867,5
Professor SOARES
36

1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500

375,0
562,5
750,0
937,5
1.125,0
1.312,5

2.340,0
1.560,0
1.170,0
936,0
780,0
668,6

2.715,0
2.122,5
1.920,0
1.837,5
1.905,0
1.981,1

Examinando os números, vemos que o custo total começa em quase $ 5.000 e cai até um
pouco menos do que 1.900. A quantidade minimizadora de custo parece ser de aproximadamente
2.500 unidades.
Para determinar a quantidade ótima exata, podemos novamente examinar a Figura 17.7.
O que podemos notar é que o ponto mínimo ocorre exatamente onde as duas linhas se cruzam.
Nesse ponto os custos de carregamento e reabastecimento são iguais. Considerando os tipos
específicos de custo que supusemos aqui, sempre acontecerá, o que significa que podemos
determinar o ponto mínimo simplesmente igualando esses custos e calculado Q*:
Custo de carregamento = Custo de reabastecimento
(Q*/2) X CC = F X (T/Q*)

17.4

Com um pouco de álgebra, obtemos:
(Q*)² =

2T X F
CC

17.5

Para determinar Q*, extraímos a raiz quadrada de ambos os lados, resultados em:

Q* =

2T X F .
CC

17.5

Esta quantidade de reabastecimento que minimiza o custo total de estoque é chamada de
lote econômico, ou EOQ. No caso da Eyssell Corporation, o EOQ é:

Q* =

2T X F .
CC

=
(2 X 46.800) X $ 50
Professor SOARES
37

0,75

=

6.240.000

=

2.498 unidades

Portanto, no caso da Eyssell, o lote econômico é igual a 2.498 unidades. Verifique que os
custos de reabastecimento e de carregamento são idênticos (ambos são iguais a $ 936,75) neste
nível de Q.

Lote econômico (EOQ)
A quantidade de reabastecimento que minimiza os custos totais de estoque.

FIGURA ABC DE ESTOQUE
Porcentagem
do valor
de estoque

FIGURA 17.6

100
80
60

Grupo A

40
57%
20
0
20

Grupo B
Grupo C
27%

16%

10%
40%

50%

40
60
Professor SOARES
38

Porcentagem
do número de
itens no estoque

80
100

CUSTO DE MANTER ESTOQUE

FIGURA 17.7

Custo de manter
estoque
Custo total de manter estoque
Custo de Carregamento

Custo de reabastecimento
Número de itens
encomendados (Q)
Q*
Número ótimo de
Itens encomendados

NÍVEIS DE ESTOQUE DA EYSSELL CORPORATION

FIGURA 17.8

Estoque Inicial:
Q = 3.600

Q/2 = 1.800

Estoque médio

Professor SOARES
39

Estoque Final: 0

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Semanas

EXEMPLOS
1. Uso da regra do VPL
Suponha que tivéssemos sido chamados para decidir se um novo produto de consumo deveria
não ser lançado. Com base nas projeções de vendas e custos, esperamos que o fluxo de caixa
durante os cinco anos de vida do projeto seja de $ 2.000 nos dois primeiros anos, $ 4.000 nos dois
anos seguintes e $ 5.000 no último ano. O custo para iniciar a produção será cerca de $ 10.000.
Utilizamos uma taxa de desconto de 10% para avaliar novos produtos. O que devemos fazer nesse
caso?
Dados os fluxos de caixa e a taxa de desconto, podemos calcular o valor total do produto
descontando os fluxos de caixa:
OU

2. Cálculo do payback
Os fluxos de caixa projetados para uma proposta de investimento são:
Ano
Fluxo de Caixa
1
$ 100
2
200
3
500
Esse projeto custa $ 500. Qual é o período de payback desse investimento?

3. Cálculo da TIR
Um projeto tem um custo inicial de $ 435,44. Os fluxos de caixa são de $ 100 no primeiro ano, $
200 no segundo e $ 300 no terceiro. Qual é a TIR? Se exigirmos um retorno de 18%, deveremos
aceitar esse investimento?

4. Cálculo do RCM. Você está decidindo se expande ou não sua empresa com a construção de uma
nova fábrica. A fábrica possui um custo de instalação de $ 3 milhões, que será depreciado em linha
reta ao longo de sua vida de cinco anos. Sabendo que o projeto tem lucros líquidos estimados de $
Professor SOARES
40

500.000, $300.000, $250.000 e $350.000 durante esses quatro anos, qual é o retorno contábil médio,
ou RCM?

EXERCÍCIOS
1) Critérios de Investimentos. Esse problema lhe oferecerá prática no cálculo de VPLs e
períodos de payback. Uma proposta de expansão no exterior tem os seguintes fluxos de caixa:

Ano
0
1
2
3
4

Fluxo de Caixa
- $ 100
50
40
40
15

Calcule o período de payback e o VPL a uma taxa exigida de retorno de 15%.

2) Calculo do período de payback. Um investimento gera entradas anuais de caixa de
$850 durante sete anos. Qual é o período de payback se o custo inicial é de $ 2.500? E se o custo
inicial fosse igual a $5.000? E se for $7.500?

3) Cálculo do RCM. Você está decidindo se expande ou não sua empresa com a
construção de uma nova fábrica. A fábrica possui um custo de instalação de $ 2 milhões, que será
depreciado em linha reta ao longo de sua vida de quatro anos. Sabendo que o projeto tem lucros
líquidos estimados de $ 417.000, $329.500, $258.100 e $358.000 durante esses quatro anos, qual é
o retorno contábil médio, ou RCM?

4) Cálculo da TIR. Uma empresa avalia todos os seus projetos por meio da regra da TIR.
Sendo a taxa de retorno exigida de 15%, a empresa deveria aceita o projeto a seguir?
Ano
0
1
2
3

Fluxo de Caixa
- $ 30.000
25.000
15.000
10.000

5) Cálculo da TIR – Qual é a TIR do seguinte conjunto de fluxo de caixa?
Professor SOARES
41

Ano
0
1
2
3

Fluxo de Caixa
- $ 1.300
400
300
1.200

6) Cálculo do VPL. No caso dos fluxos de caixa do problema anterior, qual é o VPL a uma
taxa de desconto de 0%? E se a taxa de desconto for de 10%? E se for de 20%? E se for de 30%?
7) VPL. Suponhamos que tivéssemos sido chamados para decidir se um novo produto de
consumo deveria ou não ser lançado. Com base nas projeções de vendas e custos, esperamos que o
fluxo de caixa durante os cincos anos de vida do projeto seja de $2.000 nos dois primeiros anos,
$4.000 nos dois anos seguintes e $5.000 no último ano. O custo para iniciar a produção será cerca de
$10.000. Utilizamos uma taxa de desconto de 10% para avaliar novos produtos. O que devemos fazer
nesse caso?
8) Cálculo do payback
Os fluxos de caixa projetados para uma proposta de investimentos são:
Ano
1
2
3

Fluxo de Caixa
$ 100
200
500

Esse projeto custa $ 500. Qual é o período de payback desse investimento?
9) Cálculo da TIR
Um projeto tem um custo inicial de $ 435,44. Os fluxos de caixa são de $100 no primeiro
ano, $ 200 no segundo e $300 no terceiro. Qual é a TIR? Se exigirmos um retorno de 18%,
deveremos aceitar esse investimento?

10. Retorno Contábil Médio. Você está examinado um projeto de três anos que tem lucro
líquido projetado de $ 1.000 no ano 1, $2.000 no ano 2 e $4.000 no ano 3. O custo é de $ 9.000, a ser
depreciação pelo método da linha reta durante os três nos de vida útil do projeto. Qual é o retorno
contábil médio ou RCM?

11. Cálculo do período de payback. Qual é o período de payback para o seguinte
conjunto de fluxos de caixa?
Ano
0
1
2
3

Fluxo de Caixa
- $ 3.000
1.000
800
900
Professor SOARES
42

4

1.200

12. Critérios de Investimentos. Esse problema lhe oferecerá prática no cálculo de VPLs
e períodos de payback. Uma proposta de expansão no exterior tem os seguintes fluxos de caixa:
Ano
0
1
2
3
4

Fluxo de Caixa
- $ 150
40
40
40
35

Calcule o período de payback e o VPL a uma taxa exigida de retorno de 10%.
13. Cálculo do RCM. Você decidindo se expande ou não sua empresa com a construção
de uma nova fábrica. A fábrica possui um custo de instalação de $ 2 milhões, que será depreciado
em linha reta ao longo de sua vida de quatro anos. Sabendo que o projeto tem lucros líquidos
estimados de $410.000, $ 320.500, $260.000 e $370.000 durante esses quatro anos, qual é o retorno
contábil médio, ou RCM?
14. Cálculo da TIR. Uma empresa avalia todos os seus projetos por meio da regra da TIR.
Sendo a taxa de retorno exigida de 11%, a empresa deveria aceitar o projeto a seguir?
Ano
0
1
2
3

Fluxo de Caixa
- $ 30.000
25.000
0
15.000

15. Cálculo do VPL. No caso dos fluxos de caixa do problema anterior, qual é o VPL a
uma taxa de desconto de 0%? E se a taxa de desconto for de 15%? E se for de 25%?
17. Ciclos operacionais e de caixa.
1)Considere os seguintes dados de demonstrações financeiras da Cia Vasco.
Item
Estoques
Contas a receber
Fornecedores
Vendas líquidas
Custo da Mercadoria vendida

Valor Inicial
$ 1.543
4.418
2.551

Valor Final
$ 1.669
3.952
2.673
$ 11.500
8.200

Calcule os ciclos operacionais e de caixa:
Professor SOARES
43

b. Considere as seguintes informações provenientes de demonstrações financeiras da
Mengão:
Item
Estoques
Contas a receber
Contas a pagar
Vendas líquidas
Custo da Mercadoria
vendida

Valor Inicial
$ 8.152
6.537
10.128

Valor Final
$ 10.300
7.147
10.573
$ 93.125
46.152

Calcule os ciclos operacional e de caixa. Como você interpreta os resultados?
c. Considere as seguintes informações provenientes de demonstrações financeiras da
Botafogo:
Item
Estoques
Contas a receber
Contas a pagar
Vendas líquidas
Custo da Mercadoria
vendida

Valor Inicial
$ 9.344
3.400
12.128

Valor Final
$ 12.300
7.147
12.573
$ 93.000
46.000

Calcule os ciclos operacional e de caixa. Como você interpreta os resultados?
d. Considere as seguintes informações provenientes de demonstrações financeiras da
Fluminense:
Item
Estoques
Contas a receber
Contas a pagar
Vendas líquidas
Custo da Mercadoria
vendida

Valor Inicial
$ 4.002
4.250
3.898

Valor Final
$ 8.454
9.005
21.666
$ 33.212
22.243

18. Calcule os ciclos operacional e de caixa. Como você interpreta os resultados?
1) Alterações do Ciclo Operacional. Indique o efeito que cada uma das medidas a seguir
terá sobre o ciclo operacional. Utilize as letras A para indicar aumento, R para redução, e N para
nenhum efeito.
a. O saldo médio das contas a receber diminui.
b. Os prazos de pagamentos pelos clientes diminuem.
c. O giro de estoque diminui de 10 para 5 vezes.
d. O giro de contas a pagar diminui de 10 para 5 vezes.
e. O giro de contas a receber diminui de 10 para 5 vezes.
Professor SOARES
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As principais áreas de decisão financeira em empresas

  • 2. 1.1 PRINCIPAIS ÁREAS DE DECISÕES EM ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Uma das possíveis maneiras de se caracterizar a função financeira de uma empresa é categorizar as áreas que exigem tomada de decisões pelos executivos responsáveis. Isso não nos diz o que esses executivos fazem especificamente (trataremos desse aspecto na próxima secção deste capítulo), mas define o tipo de problema com o qual estão envolvidos. Costuma-se classificar esses problemas de duas maneiras: a) segundo áreas de decisões de investimento, financiamento e utilização do lucro líquido; b)segundo tarefas de obtenção de recursos financeiros e análise da utilização desses recursos pela empresa. Inicialmente, discutiremos o problema segundo o enfoque sugerido na primeira subdivisão. A segunda alternativa, porém, será usada nas duas próximas secções deste capítulo, ao tratarmos das atribuições do administrador financeiro e apresentarmos a organização típica da função financeira numa empresa. As principais áreas de decisões na administração financeira de uma empresa são as seguintes: a) Investimento: neste caso, a preocupação primordial diz respeito à avaliação e escolha de alternativas de aplicação de recursos nas atividades normais da empresa. Consiste ainda num conjunto de decisões visando dar à empresa a estrutura ideal em termos de ativos — fixos e correntes — para que os objetivos da empresa como um todo sejam atingidos. Nesta área, o enfoque básico é a obtenção do maior resultado (retorno) possível, dado o risco que os proprietários da empresa estão dispostos a correr. Os instrumentos necessários para a tomada de decisões de investimento serão apresentados mais adiante, que tratam de técnicas de avaliação de investimentos em ativos fixos, e no que se refere a ativos correntes. b) Financiamento: nesta segunda área, o que se deseja fazer é definir e alcançar uma estrutura ideal em termos de fontes de recursos, dada a composição dos investimentos. É preciso compreender, desde já, que a função financeira, cuja finalidade é assessorar a empresa como um todo proporcionando-lhe os recursos monetários exigidos, não determina, por isso mesmo, quais as aplicações a serem feitas pela empresa. Isso decorre dos objetivos e das decisões da administração e/ou dos proprietários da empresa em um nível mais alto — o nível estratégico. Por sua vez, tais decisões determinam em que setor a empresa irá atuar e isso condiciona a estrutura do ativo, dada a tecnologia existente no setor escolhido. A administração financeira resta conseguir os recursos necessários para financiar essa estrutura de investimento ao mais baixo custo possível. Tal é o escopo das atividades nesta segunda área fundamental de decisões financeiras. Para esclarecer um pouco melhor basta dizer que é preciso determinar os custos e as outras condições de cada fonte disponível de recursos (prazos, datas de pagamento, garantias exigidas, e assim por diante), conceber métodos para ter acesso a essas fontes, e procurar montar a melhor estrutura possível de fontes. A melhor estrutura financeira possível pode ser caracterizada como aquela em que o custo médio ponderado das fontes utilizadas é o mais baixo possível, embora o custo possa não ser o único fator determinante da composição da estrutura de fontes de recursos financeiros de uma empresa. Por sinal, assim como a estrutura de investimento de uma empresa, que reflete as decisões da primeira área, está corporificada na composição do ativo em seu balanço geral, as decisões desta segunda área refletem-se no lado do passivo do balanço: que fontes de recursos vêm sendo usadas pela empresa até o momento ou serão empregadas para sustentar atividades futuras, caso se esteja
  • 3. falando de uma projeção do balanço. c) Utilização (destinação) do lucro líquido: por fim, há uma área de decisões, também comumente conhecida pelo nome de política de dividendos, que se preocupa com a destinação dada aos recursos financeiros que a própria empresa gera em suas atividades operacionais e extraoperacionais. É ao discutirmos os principais problemas desta área que surgem as indicações mais claras do inter-relacionamento das áreas de investimento, financiamento e utilização do lucro liquido. O inter-relacionamento deve-se ao fato indiscutível de que o lucro retido pela empresa (ou seja, o lucro não pago sob a forma de dividendos em dinheiro) constitui-se numa de suas fontes de recursos. Logo, também é problema das decisões de financiamento (segunda área acima) determinar quanto do lucro liquido disponível deve ser retido, com a decisão complementar forçosa a respeito da proporção que deve ser distribuída aos proprietários. Além disso, também há relações entre decisões de investimento e de utilização do lucro líquido. Nas decisões de investimento (primeira área), um certo retorno deve ser alcançado: digamos então que seja considerada a utilização de lucros retidos para financiar certas aplicações. Essa possibilidade deveria ser admitida apenas quando a alternativa de investimento prometesse um retorno superior ao que os proprietários poderiam conseguir se eles mesmos aplicassem os recursos porventura recebidos em decorrência da distribuição de lucros. As magnitudes relativas dos riscos envolvidos nas aplicações disponíveis à empresa e aos proprietários, fora dela, também precisam ser consideradas. Como veremos, a procura de fundos pela empresa é determinada pelas taxas de retorno a ela disponíveis em alternativas de investimento; a oferta de fundos depende do que as pessoas e instituições com poupanças estão dispostas a fornecer. O custo desses fundos, por fim, depende das condições de oferta, ou seja, das condições às quais essas pessoas e instituições estão dispostas a fornecer os recursos necessários ou desejados. 1.2 ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO DE UMA EMPRESA Em termos gerais, o que chamamos de administrador financeiro, qualquer que seja o título especifico de seu cargo — diretor financeiro, tesoureiro, controlador, vice-presidente de finanças, gerente financeiro, etc. — é o indivíduo ou grupo de indivíduos preocupados com (1) a obtenção de recursos monetários para que a empresa desenvolva as suas atividades correntes e expanda a sua escala de operações, se assim for desejável, e (2) a análise da maneira (eficiência) com a qual os recursos obtidos são utilizados pelos diversos setores e nas várias áreas de atuação da empresa. Via de regra, a função financeira caracteriza-se pela sua centralização e por estar situada bem perto do nível mais alto da estrutura organizacional de uma empresa. Na verdade, o “administrador financeiro” é um membro do grupo assessor da alta direção de qualquer empresa. Essa posição central tem duas explicações: a) A utilização de uma administração financeira centralizada permite a obtenção de economias de escala no levantamento de recursos, com a diluição máxima dos custos fixos decorrentes de emissão de títulos ou negociação de empréstimos. b) Todas as decisões da empresa possuem aspectos financeiros vitais. Daí dizer-se também estarem todos os aspectos de uma empresa sob as vistas da administração financeira. Embora isso seja um exagero, sem dúvida é a função financeira a que mais claramente possui uma visão global da empresa. Tal fato se verifica mais nitidamente ainda quando a administração da empresa usa orçamentos globais, pois nesse caso o planejamento e o controle em termos operacionais e financeiros, de curto e médio prazos, ficam sob a supervisão efetiva de um setor da administração financeira — o setor de orçamentos. Em seu livro Administração financeira, FLINK e GRUNEWALD enumeram as seguintes
  • 4. atribuições do administrador financeiro de uma empresa: a) Análise de registros e informações contábeis. Aqui fica caracterizado o papel da contabilidade como principal fonte de dados internos para as tarefas a serem desempenhadas pela administração financeira; entretanto, outros fatores não contabilizáveis também devem ser levados em consideração, particularmente porque toda e qualquer decisão é voltada para o futuro, ao passo que a contabilidade registra apenas fatos já ocorridos. Portanto, vale apenas como indicação do comportamento passado, dadas certas condições. Assim sendo, o administrador financeiro só se utiliza desses dados na medida em que possam ajudá-lo a fazer projeções. b) Projeção do movimento de fundos. O objetivo nesta atividade é aferir o grau de liquidez da empresa e verificar se a empresa terá condições de manter-se em funcionamento cobrindo os seus compromissos externos de pagamento e fornecendo os recursos para sustentar o nível previsto de operações. Se a liquidez (capacidade de pagar dividas no vencimento e no valor correspondente) for excessiva, tal como indicada pelas necessidades previstas numa projeção do movimento de fundos, saber-se-á por quanto tempo os fundos excedentes poderão ser aplicados, e em que volume. Nesse sentido, o objetivo é evitar que esses recursos monetários se desvalorizem (por inflação e/ou não aproveitamento de oportunidades de rendimento) ao permanecerem ociosos. Alternativamente, a projeção pode indicar que nas condições presumidas de atuação a liquidez será insuficiente, levando a empresa a um risco muito alto de insolvência. Essa constatação serve de aviso para medidas conducentes à obtenção de recursos adicionais, nas condições de prazo e montante exigidas e apontadas como necessárias por essa projeção. Por fim, a projeção pode indicar que a liquidez ou disponibilidade de fundos em conseqüência das atividades programadas é satisfatória. Nada haverá a fazer neste caso, pois estará sendo reconhecido, ao mesmo tempo, que as atividades poderão ser desenvolvidas normalmente, com os recursos disponíveis, e que o risco de insolvência assumido será aceitável. Essa projeção é representada por um orçamento de caixa que reflete as entradas e saídas previstas para um dado período em conseqüência das atividades empresariais programadas. Tratase, como orçamento, de uma peça do planejamento orçamentário global de um exercício (período). Além dele, as empresas podem fazer uso de projeções de fluxo de caixa, o que ocorre com freqüência. Trata-se de projeções mais limitadas, no tempo, das entradas e saídas já definidas por vendas a prazo efetuadas, empréstimos e financiamentos já contratados, e compromissos de pagamento assumidos e conhecidos. c) Aplicação de fundos excedentes, com o maior rendimento possível e com velocidade de resgate suficientemente grande para recuperar o dinheiro, caso surja necessidade. E a política que decorre da situação de liquidez excessiva, conforme o exposto acima sobre a atribuição (b). d) Fornecimento à alta administração de informações sobre as perspectivas financeiras futuras da empresa. Estas informações ajudam a tomada de decisões de compra, comercialização de produtos ou serviços, fixação de preços, etc., que não são tomadas diretamente pelo administrador financeiro, mas possuem aspectos financeiros ou são suficientemente amplas e importantes para exigir coordenação entre diversas áreas funcionais, como produção, marketing, pessoal, e finanças. e) Elaboração de planos para fontes e usos de fundos, a curto e a longo prazos, levando-se em conta os custos das fontes e os lucros possibilitados pelas aplicações. Neste caso, a principal diretriz de raciocínio é o conjunto dos objetivos gerais da empresa, fixados pela alta administração. Como se pode notar, as atribuições (a), (b) e (c) são especificas à administração financeira, e nessas atividades podemos encontrar o tipo de trabalho no qual o administrador financeiro caracteriza-se mais por relações de linha com os componentes dos departamentos da própria área financeira, organizados para executar essas tarefas. Nos outros casos, porém, observamos mais uma tarefa de assessoramento à alta administração e a outros setores da empresa.
  • 5. 1.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL TÍPICA DA FUNÇÃO FINANCEIRA A Figura 1.1 é uma visão esquemática da maneira pela qual as diversas atividades próprias da administração financeira de uma empresa podem ser normalmente estruturadas. DIRETOR FINANCEIRO TESOUREIRO CONTROLADOR CAIXA E BANCOS CONTABILIDADE GERAL E DE CUSTO CONTAS A RECEBER CONTA A PAGAR ELABORAÇÃO DE ORÇAMENTOS E CONTROLE ORÇAMENTARÁRIO RELAÇÕES BANCÁRIAS AUDITORIA INTERNA PREPRAÇÃO DO ORÇAMENTO DE CAIXA PREPARAÇÃO DE RELATÓRIOS FINANCEIROS INTERNOS Figura 1.1. Estrutura típica da função financeira de uma empresa. Não se pretende afirmar, evidentemente, que seja necessário a toda e qualquer empresa adotar esse tipo de estrutura para ter uma boa administração financeira. Ao contrário, são as circunstancia reveladoras de boa ou má administração que tendem a conduzir a mudanças de estrutura. E possível haver casos em que uma só pessoa é, ao mesmo tempo, diretor financeiro, tesoureiro e controlador. Basta que seja responsável pela supervisão de todas as subáreas indicadas na Figura 1.1. Em outros casos, um diretor administrativo, por exemplo, pode exercer todas essas outras três funções, além de cuidar de problemas de pessoal, salários, etc. O importante, no caso presente, é verificar como essa forma de estruturar a função financeira diferencia as atividades com dois enfoques distintos (contribuindo para maior especialização e eficiência). A área do tesoureiro está mais voltada para atividades que compreendem o uso de dinheiro, a sua manipulação e a posse real de fundos, enquanto a do controlador preocupa-se com os controles e os fluxos de informações dentro da empresa. A primeira área tem contato com o público e a segunda possui tarefas quase exclusivamente voltadas para dentro da empresa. Por fim, podemos ainda dizer que a área de tesouraria está mais preocupada com os aspectos de obtenção de fundos, enquanto a de controladoria dedica-se primordialmente à análise da eficiência relativa com que os recursos obtidos são aplicados pela empresa. Encerrando esta seção, cumpre acrescentar que o diretor financeiro deve preocupar-se com a coordenação das áreas em que se subdivide a administração financeira. Cabe-lhe, como membro da diretoria da empresa, participar da formulação de políticas para toda a organização e, em sua área, supervisionar a execução das atividades necessárias à execução dessas políticas. Como veremos mais adiante, uma empresa pode ter um conflito interno entre liquidez e rentabilidade refletido em opiniões antagônicas sobre o modo pelo qual os fundos devem ser
  • 6. utilizados. Alcançar a formulação de políticas conducentes à combinação ótima de tais objetivos é tarefa do diretor financeiro que, além disso, representa esta área funcional na diretoria executiva da empresa. 1.4 1.4.1 DEFINIÇÃO E OBJETIVOS DA FUNÇÃO FINANCEIRA Definição Em vista do que foi exposto até esta altura, a definição da função de administração financeira não deve estar muito longe. Resta apenas considerar os objetivos para os quais está voltada, o que será feito ainda nesta secção. Segundo ARCHE R e D’AMBROSIO, C.A. Administração financeira. São Paulo, Editora Atlas e Editora da Universidade de São Paulo 1969, p. 367 “ a função financeira compreende os esforços dispendidos objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos retornos dos proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que possa propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez”. 1 .4.2 Objetivos da função financeira A definição anterior deixa bem claro que o objetivo básico implícito nas decisões de administração financeira é a maior rentabilidade possível sobre o investimento efetuado por indivíduos ou instituições caracterizados como proprietários — acionistas ordinários, no caso de uma sociedade anônima. Entretanto, é feita uma ressalva: a rentabilidade máxima, desde que não seja comprometida a liquidez da empresa. A existência de um conflito entre esses dois objetivos, dos quais o de rentabilidade deve ter primazia sobre o de liquidez, que o condiciona e restringe, manifestar-se em termos de um dilema entre aplicar todos os fundos disponíveis <o que deve levar à maior rentabilidade total possível para uma dada empresa), e manter inativos alguns fundos para, por exemplo, proteção ou defesa contra riscos de não se poder pagar alguma divida. Parece claro, entretanto, que o dinheiro que permanece inativo, embora útil como proteção contra riscos, não produz retorno algum. Em relação ao objetivo de máxima rentabilidade, ainda seria preciso fazer mais uma observação. Em sua maioria, os especialistas em teoria de Administração Financeira têm definido o objetivo básico dessa área da seguinte maneira: maximizar o valor atual da riqueza do acionista ordinário (proprietário). Mais uma vez encontramos uma referência ao proprietário da empresa como responsável pelo risco último do negócio, tanto em termos de oscilação dos resultados operacionais, quanto devido ao fato de ser o último a receber remuneração pelo seu investimento. No entanto, é a expressão “valor atual da riqueza” que exige maiores esclarecimentos. Na verdade, não passa de uma forma teoricamente mais correta de se falar em rentabilidade. Refere-se ao fato de que os retornos para os proprietários estão sujeitos a formas diferentes de distribuição no tempo. O proprietário de uma empresa realiza o retorno sobre o investimento efetuado, se possível, através do recebimento de dividendos em dinheiro e com a liquidação do seu investimento (suas ações) a um preço superior ao de compra. O aspecto importante é a ocorrência efetiva de recebimentos e de desembolsos de dinheiro. O que determina o preço pelo qual uma ação é transacionada? “O preço das ações de uma empresa representa a avaliação da empresa pelos agentes de mercado. Leva em conta tanto os lucros correntes quanto os lucros futuros, por ação, sua distribuição no tempo, seu risco, a política de dividendos da empresa, e diversos outros fatores
  • 7. importantes. O preço de mercado representa um índice do desempenho ou progresso da empresa; denota a atuação da administração em face dos interesses dos acionistas”. Mas o papel fundamental é o dos lucros e dividendos futuros. Assim, ao ser transacionada, uma ação é avaliada pelo que promete em termos de recebimentos futuros efetivos. Quando o indivíduo A compra uma ação, ele procura estimar os dividendos que poderá receber (e quando os receberá), bem como o valor de revenda a qualquer momento. No entanto, este último valor é fixado em negociação com o indivíduo B, um comprador em potencial, que faz o mesmo tipo de cálculo, e assim por diante. Portanto, o que realmente deve determinar o valor de uma ação é a expectativa quanto aos dividendos futuros, independentemente de quem possua a ação, ou por quanto tempo. Suponhamos que os dados abaixo, da Tabela 1.1, refiram-se aos dividendos esperados para o final de um, dois e três anos, para ações de três empresas diferentes, todas adquiridas hoje por $ 1,00. Tabela 1.1 Avaliação de alternativas de aplicação em ações, segundo os dividendos estimados para o futuro. Empresa A B C 1 0,06 0,10 0,20 2 0,10 0,10 0,08 3 0,14 0,10 0,02 TOTAL 0,30 0,30 0,30 Ano Como se observa, ao fim de três anos o rendimento total — isto é, a soma dos dividendos totais — terá sido o mesmo. As três ações, porém, têm valores diversos. Qual das três ações possui valor mais alto? Sem dúvida, a ação da empresa C, pois recebe-se o mesmo dividendo total mais rapidamente, oferecendo ao investidor a possibilidade de, tendo o dinheiro em mãos, reaplicá-lo para conseguir um retorno adicional ou comprar bens de consumo que satisfaçam alguma necessidade corrente. Essa é a noção básica subjacente a comparações de alternativas com base no conceito de valor atual, que voltará a ser discutido mais detalhadamente nos Capítulos 2, 3 e 4. No caso acima, o valor atual da riqueza do investidor seria maximizado se ele escolhesse tornar-se acionista da empresa C. certo que, tomando-se uma empresa isolada, pode-se discutir se a retenção de lucros agora não levará a dividendos futuros mais do que compensadores, mesmo em termos de valor de agora, isto é, valor atual. 5 VISAO GERAL DAS PREOCUPAÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA A Figura 1 .2 é uma representação esquemática da movimentação de dinheiro dentro de uma empresa. Ela possui uma particularidade que merece explicação. Trata-se dos contatos da empresa com o ambiente externo, através das entradas e sai’das de dinheiro. A atividade da empresa está representada pelo retângulo central que abrange toda a movimentação interna de dinheiro. A esquerda e à direita do retângulo central encontramos o “mercado de fundos”, representando o setor da economia em que atuam as forças de oferta e procura
  • 8. (e determina o preço) dos recursos que a administração financeira deve obter para sustentar as atividades da empresa. Nota-se assim que as entradas de capital podem provir: de terceiros (empréstimos e financiamentos), da venda de produtos ou serviços (contas a receber), da liquidação de ativos imobilizados ou ativos financeiros, e dos proprietários (recursos próprios, aumentos de capital). Na outra extremidade temos os pagamentos efetuados para remunerar (1) terceiros (principal e encargos de empréstimos e financiamentos), (2) proprietários (dividendos), (3) fornecedores de serviços e bens à empresa (fornecedores, funcionários, arrendadores), e para o pagamento de impostos. Figura 1.2 Representação esquemática da movimentação do dinheiro O PROCESSO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Principal e Encargos de Empréstimos e Financiamento Aplicação no Mercado de Capitais Open Market, CDB, etc Empréstimos e Financiamentos CAIXA Contas a Receber ENTRADA aos Pagamento de Pessoal Recebimento da Venda de Ativos Imobilizados Numerário do Sistema Econômico Pagamento Fornecedores SAÍDA Numerário para Sistema Econômico Pagamento de Impostos $ $ Desinvestimentos BANCO Recursos Próprios, Integralização e Aumento de Capital Pagamento de Dividendos e Saída de Acionistas Pagamento de Arrendamentos Pagamento de Imobilizados Ativos
  • 9. 9 Planejamento dos Investimentos de Capital O nível de lucro da empresa depende do sucesso que ela consegue alcança com o uso de seus ativos, que podem ser humanos ou materiais. A lucratividade futura da empresa depende de dois fatores: primeiro manter e ampliar sua estrutura de ativos e, segundo, desenvolver uma estratégia de sucesso para essa estrutura. Este capítulo centra atenção no preparo de um plano de investimentos de capital, que faz parte do processo de planejamento de longo prazo. A atividade de investir em novos ativos, geralmente, é que determina o Orçamento de Capital e envolve o planejamento dos investimentos de capital e a determinação dos financiamentos dessas saídas. É uma área de decisões gerenciais que tem, ultimamente, chamado a atenção dos economistas e contadores. Nos anos recentes, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas a respeito deste assunto, visando melhorar a qualidade dos métodos de tomada de decisão. Nesse capítulo examinam-se, principalmente, os processos de tomada de decisão que envolvem gastos de capital. Também são examinados os fatores e os métodos relevantes, que são empregados correntemente nas decisões de investimento de capital. 5.1 DECISÕES DE INVESTIMENTO DE CAPITAL Provavelmente, o fator que mais afeia a lucratividade de um negócio é a qualidade das decisões gerenciais que envolvem o comprometimento dos recursos da firma em novos investimentos. As razões que tornam essas decisões estratégicas tão importantes são elencadas a seguir: 1. envolvem o comprometimento de grandes somas de dinheiro; 2. esse comprometimento é feito por um grande período de tempo e o elemento de incerteza é, por essa razão, muito maior do que no caso de decisões, cujos efeitos estão limitados a um curto período de tempo; 3. as decisões de investimento, uma vez tomadas, são quase impossíveis de ser revertidas se, por acaso, provarem ter sido tomadas erroneamente; 4. existem mesmo ocasiões em que o sucesso ou o fracasso da firma pode depender de uma única decisão. Em todos os casos, entretanto, a lucratividade futura da firma será afetada por essas decisões; e 5. a política de gastos de capital não é somente de máxima importância para a firma, mas também tem grande significado para o setor, e mesmo para a economia nacional. 5.2 TIPOS DE DECISÕES DE INVESTIMENTO DE CAPITAL Um investimento de capital pode ser definido como um investimento que oferece retorno durante muitos períodos futuros e se diferencia dos outros tipos de investimentos cujo retorno pertence ao período de tempo corrente. As decisões de investimento de capital dizem respeito aos seguintes assuntos: 1. aquisição de ativos de longa duração, como imóveis ou maquinários; 2. investimento em outros fundos, dos quais as receitas serão derivadas; 3.um projeto especial, que afetará a capacidade futura de ganho da firma, com projetos de pesquisa ou uma campanha promocional; e Professor SOARES
  • 10. 10 4.ampliação do leque de atividades da firma, que envolva saídas de capital, como uma nova linha de produção ou mesmo um novo produto. As decisões de investimento de capital englobam dois aspectos da lucratividade de longo prazo: primeiro, a estimativa do aumento dos fluxos de caixa líquidos ou das economias nas saídas de caixa que resultarão desse investimento; e, segundo, o cálculo do total das saídas de caixa necessárias para efetivar o investimento. 5.3 ANALISE DAS PROPOSTAS DE INVESTIMENTO DE CAPITAL Nesta análise, muitos dos fatos importantes são incertos; assim, o primeiro problema é reduzir a área de incerteza antes de a decisão ser tomada. O segundo problema é assegurar-se de que todos os fatos conhecidos estão corretamente determinados e quantificados. Tanto os fatos conhecidos como os incertos são estimados em termos de caixa, e os métodos de estimativa de investimento de capital centram-se nos fluxos de caixa. A seleção dos projetos de investimento é sempre uma questão de descobrir qual dentre as alternativas que se apresentam é melhor segundo o ponto de vista da firma. Pela quantificação das entradas e saídas de caixa, que envolvem as diversas alternativas, pode ser selecionada aquela alternativa que é a preferida pela firma. Exemplo: Foi oferecida à Cia. SP Ltda. a oportunidade de selecionar entre dois investimentos. Cada um deles trará um retomo anual de $ 500.000. O investimento "A" requer um total de investimento de caixa de $ 5.000.000. Assim, promete um nível de retorno de 10%. O investimento "B" requer um total de investimento de caixa de $ 50.000.000 e oferece um nível de'retorno de 1% ao ano apenas. A firma preferirá o investimento "A". Entretanto, se a firma possui um nível mínimo de retorno aceitável de 15%, nenhum dos projetos será aceitável. Pode-se concluir, todavia, que existem três fatores principais que afeiam as decisões de investimento de capital: 1. o valor líquido de caixa que é necessário investir para dar suporte ao projeto enquanto ele durar; 2. os retornos líquidos expressos em fluxos futuros de caixa esperados que podem ser fluxos de caixa reais, ou economias de caixa; e 3. o índice de retorno sobre o investimento, expresso em porcentagem, que determina o nível mais baixo de retorno que é aceitável para um investimento, é influenciado por inúmeros fatores. Entre eles estão o índice de retorno determinado pela firma para seus outros investimentos e o custo do capital da firma. 5.4 RELEVÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA Antes de começar a examinar os métodos, para selecionar os projetos de investimento, será feita breve definição do significado dos termos que deverão ser empregados. Desembolsos Líquidos do Investimento Consistem não somente no investimento inicial de caixa, necessário para que o projeto seja implantado, como também nos futuros investimentos que, certamente, serão necessários ao longo da implantação do projeto; são diferentes das saídas de caixa operacionais. Dessa forma, os desembolsos do investimento inicial englobam gastos com equipamentos, custos de instalação, treinamento dos recursos humanos, capital circulante etc. Subseqüentemente, em um segundo estágio, os desembolsos, podem incluir desenvolvimentos, ampliações da planta etc. Professor SOARES
  • 11. 11 A análise dos projetos de capital é feita em termos de qual será o custo líquido de caixa para a empresa. Assim, quando são conseguidas isenções de impostos, esses créditos devem ser deduzidos do custo total, para que se chegue ao desembolso relevante. Entradas Líquidas de Caixa Os fluxos de caixa operacionais são associados com o investimento durante o período de vida útil, e são calculados depois de serem deduzidos das saídas operacionais de caixa e dos impostos. Como pode haver uma variação de um ano para outro nos lucros desses fluxos de caixa líquidos e como o padrão periódico é largamente subJetivo, são os fluxos de caixa mais difíceis de se quantificar. Todos os cálculos dos fluxos de caixa são feitos na base da estimativa da vida útil do investimento que pode ser definida como o intervalo de tempo entre o início do projeto de investimento até o dia em que as forças combinadas da obsolescência e deterioração Justifiquem a retirada do ativo ou do projeto. A vida útil de um investimento pode ser encurtada por mudanças de mercado, que poderão diminuir os ganhos de tal forma que não justifique mais a continuação do investimento. 5.5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTODE CAPITAL Os métodos mais comumente usados para avaliar propostas de investimento de capital são: 1. método do período de payback, 2. taxa contábil de retorno; 3. as técnicas de fluxo de caixa descontado, para as quais existem duas formas principais; a) valor presente líquido; e b) taxa interna de retorno. 5.5.1 Período de Payback Esse método projeta o tempo necessário para que os fluxos de caixa esperados paguem os desembolsos do investimento. O período de payback é calculado da seguinte forma: Período de payback (anos) = Desembolsos Líquidos Entradas Líquidas de Caixa Exemplo: A Cia. SP Ltda. está considerando a aquisição de uma máquina que reduzirá, consideravelmente, seus custos de mão-de-obra. Os fatos relevantes para esse investimento são os seguintes: Desembolso Líquido de Caixa Estimativa Anual de Economia de Caixa Estimativa de Vida Útil Valor da Remuneração $ 200.000 $ 60.000 5.000 0 O período de payback é o seguinte: $ 200.000 $ 60.000 = 3 1/3 anos O método de payback tem a vantagem da simplicidade. Professor SOARES
  • 12. 12 Esse método objetiva a seleção dos projetos baseando-se somente no tempo em que os desembolsos de caixa serão cobertos e recomenda a aceitação somente dos projetos seguros. É um método que enfatiza a liquidez em vez da lucratividade. Suas limitações são as seguintes: 1. Dá mais importância ao período de retorno do que a vida útil do investimento e ignora os fluxos de caixa depois do período de payback. Assim, sua ênfase é no ponto de equilíbrio ao invés de na lucratividade. 2. Ignora o tempo em que os fluxos líquidos de caixa são conseguidos e qualquer padrão de tempo nos desembolsos de caixa. Qualquer valor de remuneração é também ignorado. Esse método, portanto, trata todos os fluxos de caixa através do tempo como tendo o mesmo valor. Assim, no exemplo dado, o valor de $ 200.000 investido agora é igualado com os $200.000 de entrada líquida de caixa através dos 3 1/3 anos. Esse problema pode ser ilustrado da seguinte forma: A Cia. SP Ltda. está estudando quatro diferentes projetos de investimentos, cada um custando $ 20.000. A tabela a seguir apresenta os dados principais de cada um deles: Número do Projeto Desembolso inicial Entradas de Caixa Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Período de Payback 1 $ 20.000 2 $ 20.000 3 $ 20.000 4 $ 20.000 9.000 11.000 2 11.000 9.000 2 3.000 6.000 8.000 10.000 10.000 3 1/3 10.000 6.000 4.000 4.000 3.000 3 A simples aplicação do método de payback selecionaria o projeto 1 ou o 2, mas não seria capaz de decidir entre esses dois projetos. 5.5.2 Taxa Contábil de Retorno Esse método procura expressar a média estimada anual dos fluxos de entradas líquidas de caixa e expressá-los como uma porcentagem do investimento líquido. Nesse caso, portanto, é possível cobrir a depreciação dos fluxos líquidos anuais. A fórmula é a seguinte: C–D R= I Onde: R = Taxa Contábil de Retorno C = Média Anual de Entradas Líquidas de Caixa D = Depreciação I = Desembolso Líquido do Investimento Substituindo pelos números do exemplo anterior, temos: R= $ 60.000 - $ 40.000 $ 200.000 X 100 = 10% Professor SOARES
  • 13. 13 Pode-se questionar, entretanto, que a depreciação durante a vida útil do investimento reduz o valor líquido dos desembolsos do investimento, através do tempo. Assumindo a média, para reconhecimento da depreciação, a equivalente a $40.000 ao ano, a média do investimento líquido sobre a vida útil estimada de cinco anos é de $ 100.000, calculada abaixo por média aritmética. $ 40.000 x 5 Média do Investimento Líquido = 2 = $100.000 A média de vida do investimento pode ser calculada graficamente como se apresenta na Figura 5.1. À luz desses argumentos, o índice contábil de retorno deve expressar as entradas líquidas de caixa anuais, como uma percentagem da média anual do desembolso líquido do investimento, de modo que, substituindo os valores dados, em nosso exemplo, a média de retorno sobre o investimento será: R= $ 60.000 - $ 40.000 X 100 = 20% $ 100.000 Este método de avaliar projetos de investimento contorna as desvantagens do método de payback, pois tenta calcular a lucratividade dos vários projetos em estudo. Sua maior desvantagem é que não considera as mudanças de valor do dinheiro no tempo, tratando o valor de $ 1,00 no futuro igual a $ 1,00 investido hoje. Investimentos Líquidos $ 200.000 $ 100.000 1 2 3 4 Anos Figura 5.1 5 Também ignora as diferenças que podem correr, através do tempo, nos níveis dos retornos líquidos de caixa. Nestes dois sentidos, este método possui as mesmas limitações do método de payback. 5.5.3 Fluxo de Caixa Descontado Os métodos de avaliação de investimento que foram examinados muitas vezes produzem resultados enganosos. O método do fluxo de caixa descontado possui grande aceitação, porque reconhece que o valor do dinheiro está sujeito a uma preferência no tempo. Isto é, $ 1,00 hoje é Professor SOARES
  • 14. 14 preferível a $ 1,00 em um tempo futuro, a não ser que a demora do recebimento seja compensada com certa quantia de juros. O fator juros é expresso como uma taxa de desconto. Em termos simples, o método do fluxo de caixa descontado tenta avaliar uma proposta de investimento pela comparação dos fluxos líquidos de caixa que serão ganhos durante a vida do investimento em seus valores presentes, em conformidade com os valores dos fundos que precisam ser investidos. Dessa forma, pela comparação de uma coisa com a outra, é possível calcular a taxa de retorno sobre o investimento de maneira realística. Para achar o valor presente equivalente a $ 1,00 recebido em um ano, aplica-se a taxa de juros para trazer este $ 1,00 a seu valor presente. Isto é a mesma coisa que perguntar: Qual é a soma de dinheiro, que investida hoje a certa taxa de juros, alcançará o valor de $ 1,00 daqui a um ano? Exemplo: Dada uma taxa de juros de 10% ao ano, os seguintes cálculos podem ser feitos: $ 1,00 investido hoje, a uma taxa de juros de 10% ao ano, será $ 1,10 daqui a um ano. Por conseguinte, o valor de $ 1,10 recebido daqui a um ano será hoje $ 1,00 a uma taxa de juros de 10% ao ano. Usando esse princípio, podem ser construídas tabelas de desconto para o valor de $ 1,00 sobre vários períodos de tempo, pela aplicação da taxa de juros através do tempo, isto é, $ 1,00 investido por um ano a uma taxa de 10% será $1,10 daqui a um ano; $ 1,10 reinvestido por mais um ano à taxa de 10% será $1,10 + $ 0,11 x $ 1,21 ao final do segundo ano. Exemplo: O valor de $ 1,00 ao fim de 1 ano a 10% é 1 x (1 + 0,10)1 = $ 1,10 O valor de $ 1,00 ao fim de 2 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10)2 = $ 1,21 O valor de $ 1,00 ao fim de 3 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10)3 = $ 1,331 O valor de $ 1,00 ao fim de 4 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10)4 = $ 1,464 O valor de $ 1,00 ao fim de 5 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10)5 = $ 1,611 Reciprocamente, o valor presente de $ 1,00 recebido em uma data futura é: $ 1,00 recebido ao final de 1 ano é $ 1,00 : 1,1 = $ 0,9091 $ 1,00 recebido ao final de 2 anos é $ 1,00 : 1,21 = $ 0,8264 $ 1,00 recebido ao final de 3 anos é $ 1,00 : 1,331 = 0,7513 $ 1,00 recebido ao final de 4 anos é $ 1,00 : 1,464 = 0,6831 $ 1,00 recebido ao final de 5 anos é $ 1,00 : 1,611 = $ 0,6208 O valor do dinheiro é, portanto, diretamente afetado pelo tempo, e a taxa de juros é o método usado para expressar o valor do dinheiro no tempo. Existem tabelas de juros compostos, a diferentes taxas e períodos, que auxiliam o cálculo do valor presente. No entanto, o avanço das planilhas eletrônicas, utilizadas em microcomputadores, e o crescente uso de calculadoras financeiras simplificaram enormemente esses cálculos. 5.5.4 Valor Presente Líquido Este método está baseado em uma taxa mínima de retorno assumida. Idealmente, esta taxa deveria ser a taxa média do custo do capital para a firma. Esta seria a taxa usada para descontar os fluxos de caixa líquidos a seu valor presente. Os desembolsos líquidos são subtraídos do valor presente dos fluxos líquidos de entradas de caixa, oferecendo assim um número residual, que é o valor presente. Professor SOARES
  • 15. 15 Uma decisão é feita a favor de um projeto se o valor presente líquido é um número positivo. Esse método também pode ser aplicado na comparação de vários projetos quando são considerados investimentos mutuamente exclusivos. Uma regra pode ser estabelecida da seguinte forma: Aceitar o projeto se: a1 (1 + i) + a2 (1 + i) 2 An (1 + i)n +...+ >A Onde: A = Custo Inicial do Projeto a = Fluxos Líquidos de Caixa por Ano / = Custo do Capital n = Tempo de Vida Esperado para o Projeto Exemplo: A Cia. SP Ltda. está estudando um projeto que tem duração de cinco anos e produzirá uma entrada líquida de caixa de $ 1.000,00. Os desembolsos do investimento inicial são de $ 3.000,00 e a taxa de retorno desejada é de 10%. Anos Entradas 1 2. 3 4 5 Taxa de Desconto 10% 0,9091 0,8264 0,7513 0,6831 0,6208 $1.000 $1.000 $1.000 $1.000 $1.000 V. Presente Líquido das Entradas Custo Inicial do Investimento Valor Presente do Projeto Valor Presente Entradas $ 909,10 $ 826,40 $ 751,30 $ 683,10 $ 620,80 $ 3.790,70 $ 3.000,00 $ 790,00 Como o valor presente líquido das entradas de caixa é maior do que o valor presente líquido do custo inicial do investimento, o projeto deve ser aceito. 5.5.5 Taxa Interna de Retomo Este método requer que seja calculada a taxa de juros que é usada para desconto, que, aplicada, irá reduzir o valor presente líquido de um projeto a zero. Isso possibilita comparar a taxa interna de retorno com essa taxa. A regra é a seguinte: A= a1 + a2 + + an + Professor SOARES
  • 16. 16 (1 + r) Com r > i (1+r)2 (1+n)n Onde: A = Custo Inicial do Projeto a = Fluxos Anuais de Entradas Líquidas de Caixa r = Taxa de Desconto da Solução i = Taxa de Retorno Desejada. Exemplo: Considerando os dados do exemplo anterior e aplicando a análise da taxa interna de retorno ao projeto, têm-se os seguintes resultados: Anos 1 2. 3 4 5 Entradas $ 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 V. P. Líquido das Entradas Custo Inicial do Investimento Valor Presente do Projeto Taxa de Valor Presente Taxa de Valor Presente Desconto 19% Entradas Desconto 20% Entradas $ $ 0,8403 840,30 0,8333 833,30 0,7062 706,20 0,6944 694,40 0,5934 593,40 0,5787 578,70 0,4987 498,70 0,4823 482,30 0,4190 419,00 0,4019 401,90 3.057,60 3.000,00 + 57,60 2.990,60 3.000,00 - 9,40 Pode-se observar que a Taxa Interna de Retorno é de quase 20%. (É sempre possível aproximar mais do índice real assumindo um relacionamento linear e fazendo uma interpolação entre os dois pontos mais aproximados.) A fixação da Taxa Interna de Retorno a 20% possibilita fazer uma comparação dessa taxa com a Taxa Interna de Retorno desejada pela empresa. Comparação do Valor Presente com a Taxa Interna de Retorno Quando se lida com simples estimativas de projetos de investimento, como aqueles que envolvem uma única saída de capital, seguida de fluxos de entrada de caixa, ambos os métodos, o do valor presente líquido e o da taxa interna de retorno, produzem a mesma decisão. Mas a vantagem do método do valor presente líquido é a simplicidade com que estes resultados são alcançados. O exemplo mostra que, com o método do valor presente líquido, o resultado esperado é expresso em termos de unidades monetárias, o que reflete diretamente o aumento da riqueza. A Taxa Interna de Retorno, por outro lado, produz resultado em termos de porcentagem, e este resultado tem que ser comparado com a taxa mínima de retorno requerida pela empresa, antes de tomar a decisão por este ou outro projeto. Professor SOARES
  • 17. 17 Exemplo: A Cia. SP Ltda. está estudando dois projetos, cada um requer um investimento líquido de capital de $ 3.000. Ambos possuem uma vida útil de cinco anos. O lucro estimado e os fluxos líquidos de entrada de caixa são os seguintes: Final do ano 1 2 3 4 5 Projeto "A" $ 500 1.000 1.500 2.000 2.000 7.000 Projeto “B” $ 2.000 1.500 1.500 2.000 500 6.500 A taxa de retorno desejada é de 10%. Análise do Método do Valor Presente Líquido O valor presente dos dois projetos pode ser calculado pelo uso da taxa de retorno desejada como fator de desconto. Anos 1 2. 3 4 5 Taxa de Desconto 10% $ 0,9091 0,8264 0,7153 0,6831 0,6208 V. P. Líquido das Entradas (-) Custo Investimento V. Presente do Projeto Projeto “A” $ 500 1.000 1.500 2.000 2.000 Valor Presente Projeto “B” Entradas $ $ 454,60 2.000 826,40 1.500 1.073,00 1.500 1.366,20 1.000 1.241,60 500 4.961,80 3.000,00 1.961,80 Valor Presente Entradas $ 1.818,20 1.239,60 1.073,00 683,10 310,40 5.124,30 3.000,00 2.124,30 Ambos os projetos podem ser aceitos pela firma e, se uma escolha precisa ser feita entre eles, o Projeto "B" deve ser o selecionado, pois produz o maior valor presente. O tempo das entradas líquidas de caixa é um fator de influência na determinação do resultado, pois as entradas de caixa totais, antes do desconto, eram maior no projeto "A". O fluxo de caixa associado com o projeto "B" está concentrado nos primeiros anos, mas, quando descontado, tem um valor presente mais alto que o do projeto "A", Análise da Taxa Interna de Retorno Tomando as entradas líquidas de caixa, estimadas para o projeto "A", a taxa de desconto que será usada nessas entradas de $ 3.000,00 é encontrada novamente por tentativa e erro.1 Usando as tabelas de desconto, conclui-se que a taxa de retorno situa-se entre 28% e 29% Professor SOARES
  • 18. 18 Entradas $ 500 1.000 1.500 2.000 2.000 Fator de Desconto 29% $ 0,7752 0,6009 0,4658 0,3611 0,2799 Investimento Custo Inicial do Investimento Valor Presente Entradas $ 387,70 600,90 698,70 722,20 559,80 2.969,30 3.000,00 - 30,70 Fator de Desconto 28% 0,7813 0,6104 0,4768 0,3725 0,2910 Valor Presente Entradas $ 390,70 610,40 715,20 745,00 582,00 3.043,30 3.000,00 + 43,30 Usando a mesma abordagem da Taxa Interna de Retorno para o Projeto "B", pode-se calcular uma taxa de 29%. O teste principal para aceitação final de um projeto depende da comparação favorável da taxa interna de retorno com o índice de retorno desejado, de 20%, o que qualifica ambos os projetos. Um dos problemas da comparação de taxas de retorno dos projetos é que a comparação direta entre as duas percentagens não tem muito sentido, a não ser com referência ao investimento inicial. Assim, sua verdadeira dimensão pode ser preservada. Este problema nunca deve ser deixado de lado, quando são usadas percentagens de taxas internas de retorno. Em problemas de investimento mais complicados, por exemplo, aqueles que requerem que os excedentes de caixa sejam economizados para que façam frente a obrigações que surgirão no final da vida do projeto, ambos os métodos assumem que esses excedentes de caixa serão reinvestidos a uma taxa de retorno apropriada. Dessa maneira, uma aplicação pode ser resgatada para financiar o projeto. O método da Taxa Interna de Retorno projeta que os excedentes de caixa serão reinvestidos a uma taxa de desconto igual à taxa interna de retorno. Por sua vez, o método do Valor Presente Líquido prevê que eles serão reinvestidos a uma taxa mínima aceitável de retorno usada neste método. Assim, a vantagem do método do Valor Presente Líquido é que ele assume premissas mais realísticas a respeito das oportunidades de reinvestimento. Um problema mais completo surge quando aplicamos o método da Taxa Interna de Retorno a projetos de investimento, que não têm um padrão simples de fluxos de caixa, como os dos exemplos anteriores. Impostos e Outros Fatores Para que o cálculo dos Fluxos de Caixa Descontados apure resultados correios, é importante que sejam considerados todos os fatores que afetam o cálculo desses fluxos. Professor SOARES
  • 19. 19 O mais importante desses fatores é, naturalmente, constituído pêlos impostos. De fato, assumimos que os valores dos fluxos de caixa eram líquidos de impostos. Podem-se ajustar os valores desses fluxos aos efeitos diretos dos impostos. Deve-se também proceder aos efeitos indiretos dessa taxação, tais como incentivos fiscais, e o leitor deve lembrar-se de que, no cálculo do valor líquido a ser investido, quaisquer ganhos provenientes de incentivos fiscais devem ser deduzidos do cálculo do Fluxo de Caixa Descontado. Os efeitos desses incentivos variam de projeto para projeto. 5.6 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E INFLAÇÃO Como um fluxo de caixa, associado com um projeto particular, pode estender-se por um período de tempo considerável, é evidente que o nível de inflação durante esse período de tempo afetará significativamente a rentabilidade do projeto. Na estimativa de eventos futuros, deve-se levar em conta a inflação. É necessário que seja estabelecida a distinção entre os conceitos de nível geral de preços e variação específica de preços. Existe a necessidade de ajustar as estimativas de fluxo de caixa ás variações específicas de preços que podem afetar o empreendimento e comprometer a sua capacidade operacional. Dessa forma, o custo inflacionado dos itens específicos é que deve ser levado em conta, na avaliação dos investimentos. Os custos dos itens específicos terão diferentes taxas de mudanças, assim como o preço dos produtos que agregam esses itens de custo. Com efeito, a existência de um descompasso entre os aumentos dos itens de custos e os aumentos de preços pode reduzir consideravelmente a rentabilidade de um projeto, em condições inflacionárias. À medida que aumenta a taxa de inflação, este problema se torna mais grave. Por essa razão, os contratos com preços fixos, que cobrem longo período de tempo, devem possuir cláusulas de reescalonamento de custos para minimizar os efeitos da inflação. O método mais apropriado para incorporar os efeitos inflacionários no cálculo do Fluxo de Caixa Descontado é ajustar as estimativas do fluxo de caixa às variações específicas de preços. Este fluxo de caixa ajustado é, então, descontado pelo custo monetário do capital. Exemplo: A Cia. SP Ltda. teve um fluxo de caixa líquido anual de $ 1.000 por um período de cinco anos; a taxa de desconto usada foi de 10%. Pode-se assumir agora que o fluxo de caixa líquido anual foi derivado como segue: Em $ Entrada de Caixa Vendas Saídas de Caixa Matérias-primas Mão-de-obra Fluxo de Caixa Líquido Anual 5.000 3.000 1.000 4.000 1.000 PLANEJAMENTO FINANCEIRO A CURTO A PRAZO Freqüentemente, a expressão capital de giro líquido é associada à tomada de decisões financeiras a curto prazo. O capital de giro líquido é a diferença entre ativo circulante e passivo Professor SOARES
  • 20. 20 circulante. Usualmente, a administração financeira a curto prazo é denominada administração do capital de giro líquido. As duas expressões têm o mesmo significado. Não há definição universalmente aceita de finanças a curto prazo. A diferença mais importante entre finanças a curto prazo e finanças a longo prazo é a distribuição de fluxo de caixa no tempo. As decisões financeiras a curto prazo tipicamente envolvem entradas e saídas de caixa que ocorrem no prazo de um ano, ou menos. Por exemplo, decisões financeiras a curto prazo envolvem encomendas de matéria-prima, pagamentos a vista ou descontos na venda de produtos acabados. Por outro lado, a compra de determinada máquina para reduzir os custos operacionais, digamos, pelos próximos cinco anos, é uma decisão financeira a longo prazo. Que tipos de questões situam-se na categoria geral de administração financeira a curto prazo? Para citar alguns poucos casos: 1. Qual é o nível razoável de caixa de ser mantido (num banco) para pagar contas? 2. Quanto a empresa deve tomar emprestado a curto prazo? 3. Quanto crédito deve ser concedido aos clientes? Este capítulo apresenta os elementos básicos das decisões financeiras a curto prazo. Em primeiro lugar, discutimos as atividades operacionais da empresa a curto prazo. A seguir, identificamos algumas políticas financeiras alternativas a curto prazo. Finalmente, delineamos os elementos básicos de um plano financeiro a curto prazo e descrevemos instrumentos de financiamento a curto prazo. EVOLUÇÃO DO CAIXA E DO CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO Nesta seção, examinamos os componentes do saldo de caixa e do capital de giro líquido e suas variações de um ano para outro. Nossa meta é descrever as atividades operacionais da empresa e seu impacto sobre o saldo de caixa e o capital de giro. Para começar, lembre-se de que os ativos circulantes são compostos por caixa e outros ativos que, espera-se sejam convertidos em caixa no prazo de um ano. Os ativos circulantes são apresentados no balanço em ordem decrescente de liquidez contábil – a facilidade com a qual podem ser convertidos em caixa e o prazo necessário para que isso ocorra. Quatro itens mais importantes encontrados no ativo circulante de um balanço são caixa e contas correntes, aplicações financeiras, contas a receber e estoques. Tal como ocorre com seu investimentos em ativos circulantes as empresas usam diversas formas de dívidas a curto prazo, chamadas de passivos circulantes. Passivos circulantes são obrigações que, conforme se prevê, exigirão o pagamento dentro do prazo de um ano. Os três principais itens encontrados em passivos circulantes são contas a pagar, despesas a pagar, incluindo salários e impostos e notas promissórias a pagar a instituições financeiras. Como desejamo-nos concentrar nas variações do saldo de caixa, começamos por definir caixa em termos dos outros elementos do balanço. Isso nos permite isolar a conta Caixa e explorar o impacto das operações e decisões financeiras da empresa sobre o caixa. A identidade básica do balanço pode ser escrita da seguinte maneira: Capital de giro líquido + Ativos permanentes = Exigível a longo prazo + Patrimônio líquido Professor SOARES
  • 21. 21 O capital de giro líquido é dado por caixa mais outros ativos circulantes, menos passivos circulantes: Capital de giro líquido = (Caixa + Outros ativos circulantes) – Passivo Circulante Se substituirmos o capital de giro líquido por estas expressão na identidade do balanço, e a reorganizarmos um pouco, teremos a seguinte expressão para o saldo de caixa: Caixa = Exigível a longo prazo + Patrimônio Líquido – Ativos circulantes (exceto caixa) – Ativos permanentes Isso nos diz em termos gerais, que algumas atividades naturalmente aumentam o saldo de caixa e outras o diminuem. Podemos enumera-las juntamente com um exemplo de cada uma: Atividades que aumentam o saldo de caixa Aumento do exigível a longo prazo (obtenção de um empréstimo a longo prazo) Aumento do patrimônio líquido (lançamento de novas ações) Aumento de passivos circulantes (obtenção de um empréstimos por 90 dias) Redução dos ativos circulantes, exceto caixa (venda de mercadoria a vista) Redução de ativos permanentes (vendas de algum bem) Atividades que reduzem o saldo de caixa Redução do exigível a longo prazo (liquidação de empréstimo a longo prazo) Redução do patrimônio líquido (recompra de algumas ações) Redução do passivo circulante (liquidação de um empréstimo por 90 dias) Aumento dos ativos circulantes, exceto caixa (compra de matéria-prima a vista) Aumento dos ativos permanentes (compra de alguns bens) Note que as duas listas são exatamente opostas uma à outra. Por exemplo, o lançamento de obrigações a longo prazo aumenta o saldo de caixa (pelo menos até que o dinheiro seja gasto), o resgate de obrigações a longo prazo reduz o saldo de caixa. As atividades que aumentam o saldo de caixa são denominadas fontes de caixa. Aquelas atividades que reduzem o saldo de caixa são denominadas aplicações de caixa. Examinando novamente nossa lista, verificamos que as fontes de caixa sempre envolvem o aumento de uma conta de passivo (ou de patrimônio líquido) ou a redução de uma conta de ativo. Isso faz sentido, porque o aumento do passivo significa que foi levantando dinheiro por meio de empréstimos ou venda de direitos de participação acionária na empresa. Uma redução de um ativo significa que vendemos ou liquidamos alguma propriedade da empresa. Em ambos os casos, há uma entrada de caixa. Professor SOARES
  • 22. 22 As aplicações de caixa são exatamente o posto. Uma aplicação de caixa acarreta a redução de um passivo por seu pagamento, talvez, ou o aumento de um ativo pela compra de algo. Ambas as atividades exigem que a empresa gaste algum dinheiro. Exemplo – Fontes de aplicação Fazemos agora uma breve verificação de seu entendimento a respeito de fontes e aplicações; se as contas a pagar aumentarem $ 100, isso será uma fonte de aplicação? Se as contas a receber aumentarem $ 100, isso será uma fonte de aplicação? As contas a pagar representam nossas dívidas com fornecedores. Isso é uma dívida a curto prazo.Se elas aumentarem $ 100, estaremos efetivamente tomando dinheiro emprestado e, portanto, isso é uma fonte de caixa. As contas a receber representam as dívidas de nossos clientes conosco; logo um aumento de $ 100 nessas contas a receber significa que estamos emprestando dinheiro; isso é um uso de caixa. CICLO OPERACIONAL E CICLO DE CAIXA A principal preocupação, nas finanças a curto prazo, está associada às atividades operacionais e financeiras da empresa a curto prazo. Numa empresa industrial típica, essas atividades poderiam envolver esta seqüência de eventos e decisões: Eventos 1. Compra de matéria-prima 2. Pagamento a vista 3. Fabricação do produto 4. Venda do produto 5. Cobrança Decisões 1. Quanto deve ser encomendado para estoque? 2. Tomar emprestado ou usar o saldo de caixa? 3. Que alternativa de tecnologia de produção se deve utilizar? 4. Dever sr concedido crédito a certo cliente? 5. Como cobrar? Essas atividades geram séries de entradas e saídas de caixa. Tais fluxos de caixa não são sincronizados, são incertos. Não são sincronizados porque, por exemplo, o pagamento de compras de matérias primas não ocorre ao mesmo tempo em que ocorre o recebimento pela venda do produto. São incertos porque as vendas e os custos futuros não podem ser previstos com exatidão. DEFINIÇÃO DOS CICLOS OPERACIONAIS E DE CAIXA Podemos começar com um caso simples. Certo dia, que chamaremos de dia 0, você adquire mercadorias a prazo no valor de $ 1.000. A conta é paga 30 dias a mais tarde, e, após mais 30 dias, alguém compra essas mercadorias por $ 1.400. Seu comprador só paga depois de passados mais 45 dias. Podemos resumir esses eventos cronologicamente da seguinte maneira: Professor SOARES
  • 23. 23 Dia 0 30 60 105 Atividade Compra de mercadoria Pagamento da compra Venda da mercadoria a prazo Recebimento da venda Efeito sobre o caixa Nenhum -$ 1.000 Nenhum + $ 1.400 Ciclo operacional Existem diversas coisas que devem ser observadas em nosso exemplo. Em primeiro lugar, o ciclo completo, desde o momento da compra da mercadoria até o momento do recebimento de caixa, leva 105 dias. Esse período é denominado ciclo operacional. Conforme ilustramos, o ciclo operacional é o período que vai desde a compra da mercadoria, até sua venda e o recebimento dessa venda. Esse ciclo tem dois componentes distintos. A primeira parte é o tempo que se leva para comprar e vender a mercadoria. Tal período, 60 dias em nosso exemplo, é denominado período de estoque. A segunda parte é o tempo necessário para receber a venda, 45 dias em nosso exemplo. Esse período é denominado período de contas a receber. Com base em nossas definições, o ciclo operacional obviamente é a soma dos períodos de estoque e conta a receber: Ciclo operacional = Período de estoque + Período de conta a receber 105 dias = 60 dias + 45 dias. O ciclo operacional descreve como o produto se move entre as contas de ativo circulante. Sua vida começa como estoque, é convertida em contas a receber ao ser vendida e finalmente em caixa quando as vendas são pagas. Observe que, a cada etapa, o ativo está-se movendo para mais perto do caixa. Ciclo operacional Período entre a compra de mercadoria e o recebimento das vendas. Período de estoque Período entre a compra e a venda da mercadoria. Período de contas a receber Período entre a venda da mercadoria e o recebimento da venda. Ciclo de caixa A segunda coisa a ser observada é que os fluxos de caixa e outros eventos não são sincronizados. Por exemplo, não pagamos pelos estoques senão 30 dias após adquiri-los. Esse prazo de 30 dias é denominado período de contas a pagar. A seguir, gastamos dinheiro no dia 30 e não recebemos até o dia 105. De algum modo, precisamos financiar $ 1.000 por 105 – 30 dias = 75 dias. Esse período é o ciclo de caixa. O ciclo de caixa, portanto, é o número de dias transcorridos até recebemos o valor de uma venda, medido desde o momento em que pagamos pelo estoque adquirido. Note que, com base em nossas definições, o ciclo de caixa é a diferença entre o ciclo operacional e o período de contas a pagar: Professor SOARES
  • 24. 24 Ciclo de caixa = Ciclo operacional – Período de conta a pagar 75 dias = 105 dias – 30 dias A figura 1 representa as atividades operacionais a curto prazo e os fluxos de caixa de uma empresa industrial típica mostrando uma linha de tempo do fluxo de caixa. Como é apresentado, a linha de tempo de fluxo de caixa é composta pelo ciclo operacional e pelo ciclo de caixa. Na figura 1, a necessidade de administração financeira a curto prazo é indicada pela defasagem entre as entradas e saída de caixa. Essa defasagem está relacionada à extensão do ciclo operacional e do período de contas a pagar. A defasagem entre as entradas e saídas de caixa a curto prazo podem ser cobertas por empréstimos ou pela manutenção de uma reserva de liquidez sob a forma de caixa ou título negociáveis a curto prazo. Alternativamente, pode ser reduzida mudando-se os períodos de estoque, contas a receber e contas a pagar. Período de contas a pagar Período entre o recebimento do estoque e o seu pagamento. Ciclo de caixa Período entre o desembolso de caixa e o recebimento de caixa. Linha de tempo do fluxo de caixa Representação gráfica dos ciclos operacional e de caixa FIGURA 1 Compra de Matéria -prima Linha de tempo do fluxo de caixa e atividades operacionais a curto prazo de uma empresa industrial típica. Venda de Matéria-prima Período de estoque Período de conta a receber Período de Contas a pagar Ciclo de caixa Pagamento de compra De Matéria-prima Recebimento pela venda de produtos acabados Professor SOARES Ciclo operacional
  • 25. 25 Antes de examinarmos os ciclos operacional e de caixa mais detalhadamente, é útil considerar quem são as pessoas envolvidas na gestão dos ativos e passivos circulantes de uma empresa. Conforme ilustrado na tabela 1, a administração financeira a curto prazo numa grande empresa envolve uma variedade de administradores financeiros e não financeiros. Examinando a tabela 16.1, verifica-se que a venda a prazo envolve pelo menos três pessoas diferentes: o gerente de crédito, o gerente de marketing e o controller. Dessas três pessoas, somente duas são subordinadas ao vicepresidente de finanças (geralmente, a gerência de markenting é subordinada à diretoria comercial). Portanto, existe um potencial de conflito, particularmente se os diversos administradores concentrarem-se apenas em parte do problema. Por exemplo, se a área de marketing estiver tentando conquistar um novo cliente, poderá oferecer condições de crédito mais liberais como incentivos. Entretanto, isso poderá aumentar o investimento em contas a receber pela empresa ou sua exposição a risco de perda, o que gerará os conflitos. CÁLCULO DOS CICLOS OPERACIONAL E DE CAIXA Em nosso exemplo, os prazos que formavam os diversos períodos eram evidentes. Se tudo que possuirmos for informação proveniente de demonstrações financeiras, teremos um pouco mais de trabalho a fazer. Esses cálculos são ilustrados a seguir. Para começar, precisamos determinar diversas coisas, tais como o prazo médio para venda de produtos estocados e o prazo médio de cobrança de uma venda. Inicialmente, coletamos alguns dados de balanço, como os seguintes (em milhares): Item Valor Inicial Valor Final Média Estoque $ 2.000 $ 3.000 $ 2.500 Contas a Receber 1.600 2.000 1.800 Contas a pagar 750 1.000 875 Tabela 1 – Administradores que lidam com problemas financeiros a curto prazo Titulo Administrador Tesoureiro do Atribuições relacionadas à administração financeira a curto prazo Cobrança, concentração de contas, desembolso; aplicações a curto prazo; empréstimos a curto prazo; relações bancárias Gerente de crédito Monitoramento e controle de contas a receber; decisões de política de crédito Gerente de Decisões de política de crédito marketing Gerente de compras Decisões sobre compras, fornecedores; pode negociar condições de pagamento Gerente de Fixação de programas de produção e produção necessidades de matéria-prima Gerente de contas a Decisões quanto à política de pagamento pagar e aproveitamento de desconto Ativos/passivos afetados Caixa, aplicações financeiras a curto prazo, empréstimos a curto prazo Contas a receber Contas a receber Estoque, conta a pagar Estoques, contas a pagar Contas a pagar Professor SOARES
  • 26. 26 Controller Informações contábeis sobre fluxos de Contas a receber, contas a caixa; reconciliação de conta a pagar; pagar aplicação de pagamento a contas a receber Fonte: HILL, Ned C., SARTORIS, William L. Short-Term financial management 2. Ed. New York: Macmillan, l992. p. 15. Além disso, a partir da demonstração de resultado do exercício, temos as seguintes cifras (milhares): Vendas Custo da mercadoria vendida $ 11.500 8.200 Agora, precisamos calcular alguns índices financeiros. Esses índices foram discutidos detalhadamente no Capítulo 3; neste momento, apenas os enunciaremos e utilizaremos quando apropriado. Ciclo operacional Em primeiro lugar, precisamos do período de estoque. Gastamos $ 8,2 milhões em itens estocados (o custo da mercadoria vendida). Nosso estoque médio foi $ 2,500 milhões. Portanto, giramos nosso estoque $ 8,2/2,5 vezes durante o ano. 2. Note que, no calculo do giro de estoques, usamos o estoque médio, em lugar do estoque final, como fizemos no Capítulo 3. Ambos os enfoques são adotados na prática. Para adquirir alguma prática com a utilização de valores médios, continuaremos usando este enfoque no cálculo de índices em todo este capítulo. Giro de = Custo de Mercadoria Vendida Estoques Estoque médio = $ 8,2 milhões = 3,28 vezes 2,5 milhões Grosso modo, este resultado nos diz que compramos e vendemos nosso estoque 3,28 vezes durante o ano. Isso significa que, em média, mantivemos nosso estoque por: Período de estoque = 365 dias . Giro de estoques = 365 = 111,3 dias 3,28 Portando, o período de estoque é cerca de 111 dias. Em média, o estoque ficou parado durante 111 dias antes de ser vendido. Professor SOARES
  • 27. 27 Do mesmo modo, as contas a receber tiveram um saldo médio de $ 1,8 milhão, e as vendas totalizaram $ 11,5 milhões. Supondo que todas as vendas tenham sido feitas a prazo, o giro de contas a receber Ter sido: Se menos de 100% das vendas fossem a prazo, então necessitaríamos de mais informações; mas especificamente, precisaríamos saber qual foi o valor das vendas a prazo durante o ano. Giro de contas = Vendas a prazo a receber Saldo médio de contas a receber = $ 11,5 milhões = 6,4 vezes $ 1,8 milhões Se girarmos nossas contas a receber 6,4 vezes, então o período de contas a receber será: Período de = 365 . contas a receber Giro de contas a receber = 365 = dias 6,4 O período de contas a receber também é denominado dias em contas a receber ou prazo médio de recebimento. Independentemente de como seja denominado, ele nos diz que nossos clientes levam 57 dias, em média, para pagar suas contas. Ciclo operacional = Período de estoque + Período de contas a receber = 111 dias + 57 dias = 168 dias Isso nos diz que, em média, passa-se 168 dias desde o momento em que adquirimos estoques, até vendermos e recebermos o valor da venda. Ciclo de caixa Agora precisamos determinar o período de contas a pagar. Com base nas informações fornecidas, sabemos que o valor médio de contas a pagar foi de $ 875.000, e que o custo dos produtos vendidos alcançou $ 8,2 milhões. Portanto, nosso giro de contas a pagar é: Giro de contas = a pagar Custo da mercadoria vendida . Saldo médio de contas a pagar = $ 8,2 milhões = 9,4 vezes $ 0,875 milhão O período de contas a pagar é: Período de = 365 _ . contas a pagar Giro de conta a pagar Professor SOARES
  • 28. 28 365 = 39 dias 9,4 Portanto, levamos em média 39 dias para pagar nossas contas. Finalmente, o ciclo de caixa é a diferença entre o ciclo operacional e o período médio de contas a pagar: Ciclo de caixa = Ciclo operacional – Período médio de contas a pagar = 168 dias – 39 dias. = 129 dias Portanto, em média, existe um atraso de 129 dias desde o momento em que pagamos pela compra de mercadoria e o momento em que recebemos o valor da venda. EXEMPLO 16.2 Ciclos operacional e de caixa Você reuniu as seguintes informações sobre Slowpay Company; Item Estoque Contas a Receber Contas a pagar Valor Inicial $ 5.000 1.600 2.700 Valor Final $ 7.000 2.400 4.800 As vendas a prazo durante o ano que acaba de se encerrar foram de $ 50.000, e o custo dos produtos vendidos alcançou $30.000. Quanto tempo é necessário para que a Slowpay receba suas vendas? Por quanto tempo as mercadorias permanecem em estoque até serem vendidas? Quanto tempo a empresa leva para pagar suas contas?. ORÇAMENTO DE CAIXA O Orçamento de caixa é uma ferramenta básica do planejamento financeiro a curto prazo. Permite ao administrador financeiro a identificação de necessidades e oportunidades financeiras a curto prazo. Mais importante, porém, é o fato de que o orçamento de caixa ajuda o administrador a analisar as necessidades de financiamento a curto prazo. A idéia do orçamento de caixa é simples: ele registra as estimativas de entradas e saída de caixa. O resultado é uma estimativa de superávits ou déficits de caixa. Orçamento de caixa Uma projeção das entradas e saídas de caixa para o período de planejamento seguinte. VENDAS E ENTRADAS DE CAIXA Começamos com um exemplo referente à Fun Toys Corporation. Elaboraremos um orçamento trimestral de caixa. Poderíamos também elabora-lo em bases diárias, semanais ou mensais. Escolhemos o trimestre por uma questão de conveniência e também porque representa um período usual de planejamento empresarial a curto prazo. Professor SOARES
  • 29. 29 Todas as entradas de caixa de Fun Toys resultam da venda de brinquedos. A elaboração de orçamentos de caixa da empresa, portanto, deve começar com uma previsão de vendas para o próximo ano, em base trimestrais: Observe-se que estas são vendas projetadas, e, portanto, há um risco de previsão, já que as vendas efetivas podem ser superiores ou inferiores a esses níveis. Além, disso, a Fun Toys começou o ano com um saldo de contas a receber igual a $ 120. O período médio de recebimento ou cobrança de contas a receber da Fun Toys é igual a 45 dias. Isso significa que metade das vendas de determinado trimestre é recebida no trimestre seguinte. Tal fato ocorre porque as vendas realizadas durante os primeiro 45 dias do trimestre são cobradas no próprio trimestre. As vendas realizadas nos últimos 45 dias são cobradas no trimestre seguinte. Note-se que estamos supondo que cada trimestre tem 90 dias e que, portanto, o período de cobrança de 45 dias é igual a metade do período trimestral. Com base nas previsões de vendas, podemos agora estimar os recebimentos projetados da Fun Toys. Em primeiro lugar, quaisquer contas a receber existente no início de um trimestre serão recebidas dentro de 45 dias, de modo que todas serão recebidas em algum momento do trimestre. Em segundo lugar, tal como foi discutido, quaisquer vendas feitas na primeira metade do trimestre também serão recebidas no próprio trimestre o que faz com que os recebimentos totais sejam: Recebimentos = Saldo inicial de contas a receber + 1/2 Vendas Por exemplo, no primeiro trimestre, os recebimentos seriam iguais ao saldo inicial de contas a receber, de $ 120, mais metade das vendas, ou 1/2 x $ 200 = $ 100, perfazendo um total de $ 220. Como o saldo inicial de contas a receber é recebido integralmente, junto com metade das vendas, o saldo final de contas a receber e um trimestre deve ser a outra metade das vendas. As vendas projetadas do primeiro trimestre são iguais a $ 200. Assim, o saldo final de contas a receber deve ser igual a $ 100. Este será o saldo inicial de contas a receber no segundo trimestre. Os recebimentos no segundo trimestre, portanto, serão de $ 100 mais metade das vendas projetadas de $ 300, ou seja, $ 250 no total. Continuando esse processo, podemos resumir os recebimentos projetados da Fun Toys conforme é apresentado na tabela 16.3. Na tabela 16.3, os recebimentos de vendas são apresentados como única fonte de caixa. Evidentemente, nem sempre é assim. Outras fontes de caixa poderiam incluir vendas de ativo, rendimentos de aplicações financeiras e entradas provenientes de financiamento a longo prazo. Tabela 16.3 – Recebimentos da Fun Toys (em milhões) Saldo inicial de contas a receber Vendas Recebimentos Saldo final de contas a receber T1 $120 200 220 100 T2 $ 100 300 250 150 T3 $ 150 250 275 125 T4 $ 125 400 325 200 SAIDAS DE CAIXA Professor SOARES
  • 30. 30 Consideramos a seguir a saída de caixa, ou pagamentos. Existem quatro categorias básicas: 1. Pagamentos a fornecedores. Correspondem a pagamentos por bens e serviços adquiridos de fornecedores, como matérias-primas. Em geral,, tais pagamentos são feitos algum tempo após a compra. 2. 3. Salários, impostos e outras despesas. Esta categoria inclui todos os outros custos regulares de operação que exigem desembolso. A depreciação, por exemplo, é normalmente considerada como custo regular de operação, mas não exige desembolso, e por isso não é incluída. 4. 5. Gastos de capital. Pagamentos pela aquisição de ativos permanentes. Despesas de financiamento a longo prazo. Esta categoria inclui, por exemplo, pagamentos de juros de dívidas a longo prazo e dividendos ao acionistas. As compras da Fun Toys junto a seus fornecedores (em dólares), em um trimestre, correspondem a 60% das vendas previstas para o trimestre seguinte. Os pagamentos são iguais às compras no trimestre anterior, de modo que o prazo médio de pagamento é de 90 dias. Por exemplo, no trimestre recém-encerrado, a Fun Toys encomendou 0,60 x # 200 = $ 120 de seu fornecedores. Esse valor será efetivamente pago no primeiro trimestre (T1) do ano seguinte. Salários, impostos e outras despesas alcançam normalmente 20% das vendas; os juros e dividendos são atualmente iguais a $ 20 por trimestre. Além disso, a Fun Toys planeja importante ampliação de suas instalações (um gasto de capital) de $ 100 no segundo trimestre. Se juntarmos todos esses dados, concluiremos que as saídas de caixa correspondem ao que é apresentado na tabela 16.4. Tabela 16.4 - Saída de caixa da Fun Toys (em milhões) Pagamento a fornecedores (60%) Salário, impostos e outras despesas Gastos de Capital Despesas de financiamento a longo prazo (juros e dividendos) Total das saída T1 $120 40 0 20 T2 $ 180 60 100 20 T3 $ 150 50 0 20 T4 $ 240 80 0 20 $ 180 $ 360 $ 220 $ 340 SALDO DE CAIXA As entradas líquidas de caixa correspondem à diferença entre recebimentos e saída de caixa. As entradas líquidas de caixa da Fun Toys são apresentadas na Tabela 16.5. De imediato, pode-se observar que há um superávit no primeiro e no terceiro trimestre e que há um déficit no segundo e no quarto trimestre. Faremos a suposição de que a Fun Toys começa o ano com um saldo de caixa de $ 20. Além do mais, a empresa mantém um saldo mínimo de caixa de $ 10 para se precaver contra contingências inesperadas e erros de previsão. Portanto, começamos o primeiro trimestre com $ 20 em caixa. Esse saldo aumenta $ 40 durante o trimestre, de modo que o saldo final é igual a $ 60. Desse valor, $ 10 estão reservados como saldo mínimo; portanto, subtraímos esse valor e descobrimos que o superávit do primeiro trimestre é 60 – 10 = $ 50. Professor SOARES
  • 31. 31 A empresa começa o segundo trimestre com $ 60 em caixa (o saldo final do trimestre anterior). Há uma entrada líquida de - $ 110; portanto, o saldo final é $ 60 – 110 = - $ 50. Precisamos de mais $ 10 com saldo mínimo, e assim o déficit total é - $60. Esses cálculos, bem como os correspondentes aos dois últimos trimestres, são resumidos na tabela 16.6. A partir do segundo trimestre, a empresa tem insuficiência de caixa no valor de $ 60. Isso é causado pelo comportamento sazonal da vendas (maiores no final do segundo trimestre), pela demora nos recebimentos e pelo gasto de capital programado. A situação de caixa da Fun Toys prevê uma melhora para um déficit de $ 5 no terceiro trimestre, mas, no final do ano, a empresa ainda deverá ter um déficit de $ 20. Sem alguma fonte de financiamento, esse déficit será carregado para o ano seguinte. Tal questão será explorada na próxima seção. Por ora, podemos fazer os seguintes comentários gerais sobre as necessidades de caixa da Fun Toys: 1. A grande saída de caixa da Fun Toys no segundo trimestre não é necessariamente um sinal de dificuldades. Resulta da defasagem no recebimento das vendas e um gasto de capital planejado (presumivelmente um gasto vantajoso). 2. Os dados de nosso exemplo foram baseados em projeções. As vendas poderão ser muito piores (ou melhores) do que os dados projetados. Tabela 16.4 - Saídas de caixas de Fun Toys (em milhões) Pagamentos a fornecedores (60%) Salários, impostos e outras despesas Gastos de capital Despesas de financiamentos a longo prazo (juros e dividendos) Total das saídas T1 $ 120 40 0 T2 $ 180 60 100 T3 $ 150 50 0 T4 $ 240 80 0 20 $ 180 20 $ 360 20 $ 220 20 $ 340 Tabela 16.5 - Entradas Líquidas de caixa da Fun Toys (em milhões) Total dos recebimentos Total de saídas Entradas líquidas de caixa T1 $ 220 180 $ 40 T2 $ 250 360 - $ 110 T3 $ 275 220 $ 55 T4 $ 325 340 - $ l5 T3 $ 50 T4 $ 5 Tabela 16.6 – Saldo de caixa da Fun Toys (em milhões) Saldo inicial de caixa T1 $120 T2 $ 60 Professor SOARES
  • 32. 32 Entradas líquidas de caixa Saldo final de caixa Saldo mínimo em de caixa Superávit (déficit) acumulado 40 $ 60 - 10 $ 50 - 110 -$ 50 - 10 - $ 60 55 $ 5 - 10 -$ 5 - 15 - $ 10 10 - $ 20 ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE Tal como as contas a receber, os estoques representam um investimento significativo em várias empresas. Numa empresa industrial típica, os estoques podem muito bem superar o nível de 15% dos ativos. Numa empresa varejista, os estoques podem representar mais de 25% dos ativos. Em vista do que foi discutido no Capítulo 16, sabemos que o ciclo operacional de uma empresa é composto por seu período de estoque e por seu período de contas a receber. Este é uma dos motivos para considerar a política de crédito e a política de estoque no mesmo capítulo. Além disso, ambas as políticas são usadas para estimular as vendas, e as duas precisam ser coordenadas para garantir que o processo de aquisição e venda do estoque e a cobrança das vendas, desenvolvam-se sem problemas. Por exemplo, as mudanças da política de crédito visando estimular as vendas devem ser simultaneamente acompanhadas pelo planejamento de um estoque adequado. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRO E POLÍTICA DE ESTOQUE A despeito da magnitude do investimento em estoques de uma empresa típica, o administrador financeiro não exerce controle direto sobre a gestão dos estoques. Em vez disso, outras áreas funcionais, tais como compras, produção e marketing geralmente compartilham a autoridade decisória. A gestão de estoque tem-se transformado numa especialidade cada vez mais importante, e a administração financeira normalmente só contribuiu parcialmente para a tomada de decisões. Entretanto, como indica o quadro Princípios em Ação que acompanha esta seção, a política de estoque pode exercer efeitos financeiros dramáticos. Conseqüentemente, examinaremos alguns fundamentos da política de estoque nas seções a seguir. TIPOS DE ESTOQUE Numa empresa industrial, o estoque normalmente é classificado numa de três categorias possíveis. A primeira é matéria-prima, que representa tudo aquilo que a empresa utiliza como ponto de partida em seu processo produtivo. A matéria-prima pode ser básica, como minério de ferro para uma siderúrgica, ou algo tão sofisticado quanto drives de disco para um fabricante de computadores. O segundo tipo de estoque é de produção em andamento, representado exatamente pelo que seu nome indica – produto não acabado. A magnitude desse tipo de estoque depende, em parte, da duração do processo produtivo. No caso de um fabricante de aeronaves, por exemplo, a produção em andamento pode ser substancial. O terceiro e último tipo de estoque é o de produtos acabados, ou seja, produtos prontos para entrega ou venda. Há três coisas a serem levada em conta em relação aos tipos de estoque. Em primeiro lugar, os nomes dos diversos tipos podem ser um pouco enganoso, porque a matéria-prima de uma empresa pode ser o produto acabado de outra. Por exemplo, voltando a nossa usina siderúrgica, o minério de ferro seria uma matéria-prima, e o aço seu produto final. Num setor de estamparia de carrocerias de automóveis, o aço seria a matéria prima e as carrocerias os produtos finais, e uma montadora de automóveis teria as carrocerias como matérias-primas e os automóveis como produtos finais. A segunda coisa a ter em mente é o fato de que os vários tipos de estoque podem diferir muito em termos de liquidez. As matérias-primas são bens homogêneos ou relativamente padronizados, que podem ser facilmente convertidos em dinheiro. A produção em andamento, por Professor SOARES
  • 33. 33 outro lado, pode ser de liquidez muito reduzida, de valor pouco superior ao que seria conseguido se fosse vencida como sucata. Com sempre, a liquidez do produtos acabados depende da natureza do produto. Finalmente, uma distinção muito importante, entre produtos acabados e outros tipos de estoque que é o fato de que a demanda por um item de estoque que se torna parte de outro item é geralmente denominada demanda derivada ou dependente, porque a necessidade que uma empresa tem desses tipos de estoque depende de sua necessidade de produtos acabados. Em contraste, a demanda de produtos acabados da empresa não depende da demanda de outros itens de estoque, e por isso às vezes e dita independente. CUSTOS DE ESTOQUE Conforme discutimos no Capítulo 16, existem dois tipos básicos de custos associados aos ativos circulantes em geral e a estoques em particular. O primeiro deles é o custo de carregamento. Neste caso, o custo de carregamento representa todas as despesas diretas e os custos de oportunidade de manter estoque. Isso inclui: 1. 2. 3. 4. Custo de armazenamento e controle. Seguros e impostos. Perdas devidas a obsolescência, deterioração ou furto. Custo de oportunidade do capital aplicado em estoques. A soma desses custos pode ser substancial, variando aproximadamente entre 20 e 40% do valor do estoque de cada ano. Os outros tipos de custos associados aos estoques são custos de falta. Estes são custos decorrentes de estoque insuficientes. Os dois componentes do custo de falta são o custo de reabastecimento e os custos relacionados a reservas de segurança. Dependendo do tipo de atividade da empresa, os custos de reabastecimento ou pedido são representados pelos custos de colocação de um pedido junto a fornecedores ou pelos custos de preparação de novo lote de produção. Os custos relacionados a reserva de segurança são custos de oportunidade, tais como vendas perdidas e perdas de clientes resultantes da existência de estoques inadequados. Há uma relação básica de benefício versus custos na gestão de estoques, porque os custos de carregamento aumentam com o nível do estoque, ao passo que os custos de falta ou reabastecimento caem com o nível do estoque. O objetivo fundamental do processo de gestão de estoques passas a ser, portanto, a minimização da soma desses dois custos. Consideraremos as maneiras de atingir esse objetivo na próxima seção> TÉCNICAS ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE Como discutirmos anteriormente, o objetivo da administração de estoque geralmente consiste na minimização de custo. Discutimos três técnicas nesta seção, desde a mais simples à mais complexa. ENFOQUE ABC O enfoque ABC é uma técnica simples de administração de estoques, cuja idéia básica consiste em dividir o estoque em três (ou mais) grupos. O raciocínio implícito é o de que um pequeno número de itens estocados pode representar um grande proporção do estoque em termos de valor. Por exemplo, essa situação existiria numa empresa industrial que usasse componentes de tecnologia avançada e relativamente caros, bem como alguns materiais básicos, relativamente baratos, na fabricação de seu produtos*. Professor SOARES
  • 34. 34 *O enfoque ABC para estoque não deve ser confundido com o custeio ABC (custeio por atividade, ou em inglês “Activity Based Consting”), um tópico bastante difundido em Contabilidade Gerencial. A figura 17.6 ilustra um comparação ABC de itens estocados em termos da porcentagem do valor total representando por grupo, contra a porcentagem que cada grupo representa no número total de itens. Conforme mostra a , o grupo A é a apenas 10% do número de itens totais, mas representa mais da metade do valor total do estoque. Portanto, o grupo A precisa ser controlado de perto, e o nível de estoque é mantido relativamente baixo. Por outro lado, itens básicos de estoque, tais como parafusos e porcas, também existirão, mas como são cruciais e baratos, são mantidos em grandes quantidades. Estes seriam os itens do grupo C. O grupo B é constituído por itens intermediários. MODELO DO LOTE ECONÔMICO (EOQ) O modelo do lote econômico de compra (EOQ) é a abordagem mais famosa para o estabelecimento explícito de um nível ótimo de estoque. A idéias básicas é ilustrada na figura 17.7, que representa graficamente os vários custos associados a manter estoque (no eixo vertical) em função do nível de estoque (eixo horizontal). Conforme ilustrado, o custo de carregamento de estoque eleva-se o custo de reabastecimento descreve à medida que o nível de estoque aumenta. Dada nossa discussão neste capítulo sobre a curva do custo total de crédito, a forma geral da curva de custo total de estoque já é conhecida. A partir do modelo EOQ, tentaremos localizar especificamente o ponto que minimizar o custo total, Q*. Em nossa discussão a seguir, um ponto importante a ser lembrando é o de que o custo efetivo do próprio estoque não está incluído. O motivo para isso é que o volume total de estoque de que a empresa precisa em determinado ano é ditado pelas vendas. O que estamos analisando, neste caso, é quanto a empresa deveria ter disponível em qualquer momento. Mais precisamente, queremos determinar qual é o tamanho do lote que a empresa deveria encomendar quanto fosse reabastecer seu estoque. Consumo de estoque Para desenvolver o EOQ, iremos supor que o estoque da empresa é consumido a uma taxa constante até que a quantidade de estoque chegue a zero. Nesse ponto, a empresa repõe o estoque num nível ótimo. Por exemplo, suponha que a Eyssell Corporation comece o dia de hoje com um estoque de 3.600 unidades de certo item. As vendas anuais desse item são de 46.800 unidades. Se a Eyssell vender 900 unidades por semana, então, após quatro semanas, todo o estoque disponível terá sido vendido, e a empresa o reabastecerá, fazendo um pedido de compra (ou produção) de outras 3.600 unidades, começando tudo novamente. Esse processo de venda e reabastecimento do estoque gera o padrão em forma de dente de serra que vemos na figura 17.8. Com é mostrado pela figura, a Eyssell começa com 3.600 unidades estocadas e termina com zero unidade. Em média, portanto, o estoque é a metade de 3.600, ou seja, 1.800 unidades. Custo de carregamento Conforme ilustra a Figura 17.7, normalmente se supõe que o custo de carregamento é diretamente proporcional ao nível de estoque. Seja Q a quantidade encomendada pela Eyssel a cada vez (3.600 unidades); iremos chamá-la de quantidade de reabastecimento. O estoque médio será então igual a Q/2, ou 1.800 unidades. Sendo CC o custo de carregamento por unidade por ano, o custo total de carregamento da Eyssel será: Professor SOARES
  • 35. 35 Custo de carregamento total = = Estoque médio X Custo de carregamento = Q/2 X CC (17.1) No caso da Eyssell, se o custo de carregamento fosse igual a $ 0,75 por unidade, o custo total de carregamento seria igual ao estoque médio de 1.800 multiplicando por $ 0,75, ou seja, $ 1.350 ao ano. Custo de falta Por ora, concentramo-nos apenas no custo de reabastecimento. Essencialmente, estamos supondo que a empresa na realidade nunca fica sem estoque, e portanto os custos associados a reservas de segurança são irrelevantes. Voltaremos a esta questão a mais adiante. Os custos de reabastecimento são geralmente tratados como se fossem fixos. Em outras palavras, cada vez que fazemos um pedido, há custos fixos associados ao pedido (lembre-se de que o custo do estoque não é considerado neste caso). Suponha que T seja o número total de unidades vendidas por ano. Se a empresa encomendar Q unidades de cada vez, precisará fazer T/Q ordens de compra. No caso da Eyssell, as vendas anuais são 46.800, e o tamanho de cada pedido é 3.600. A Eyssel, portanto, faz um total de 46.800/3.600 = 13 pedidos por ano. Se o custo fixo por pedido for F, o custo total de reabastecimento será: Custo total de reabastecimento = = Custo fixo por pedido X Número de pedidos = F X (T/Q) (17.2) No caso da Eyssell, os custos pedidos ploderiam ser iguais a $ 50 por pedido, de modo que o custo total de reabastecimento, no caso de 13 pedidos, seria de $ 50 X 13 = $ 650 ao ano. Custo Total Os custos totais associados à manutenção de estoque são a soma dos custos de carregamento e custo de reabastecimento: Custo total = = Custo de carregamento + Custo de reabastecimento = (Q/2) X CC + F X (T/Q) Nosso objetivo consiste em calcular o valor de Q, a quantidade de reabastecimento que minimiza este custo. Para isso, podemos calcular o custo total supondo alguns valores diferentes de Q. No caso da Eyssell Corporation, tínhamos um custo unitário de carregamento (CC) de $ 0,75 ao ano, custos fixos de pedido (F) de $ 50, e um total de unidades vendidas (T) de 46.800 unidades. A partir desses dados, podemos calcular algumas possibilidades de custo (verifique alguns destes custos para praticar): Quantidade Encomendada (Q) 500 Custo Total de Carregamento (Q/2 x CC) $ 187,5 + Custo de Reabastecimento (F x T/Q) $ 4.680,0 = Custo Total $ 4.867,5 Professor SOARES
  • 36. 36 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 375,0 562,5 750,0 937,5 1.125,0 1.312,5 2.340,0 1.560,0 1.170,0 936,0 780,0 668,6 2.715,0 2.122,5 1.920,0 1.837,5 1.905,0 1.981,1 Examinando os números, vemos que o custo total começa em quase $ 5.000 e cai até um pouco menos do que 1.900. A quantidade minimizadora de custo parece ser de aproximadamente 2.500 unidades. Para determinar a quantidade ótima exata, podemos novamente examinar a Figura 17.7. O que podemos notar é que o ponto mínimo ocorre exatamente onde as duas linhas se cruzam. Nesse ponto os custos de carregamento e reabastecimento são iguais. Considerando os tipos específicos de custo que supusemos aqui, sempre acontecerá, o que significa que podemos determinar o ponto mínimo simplesmente igualando esses custos e calculado Q*: Custo de carregamento = Custo de reabastecimento (Q*/2) X CC = F X (T/Q*) 17.4 Com um pouco de álgebra, obtemos: (Q*)² = 2T X F CC 17.5 Para determinar Q*, extraímos a raiz quadrada de ambos os lados, resultados em: Q* = 2T X F . CC 17.5 Esta quantidade de reabastecimento que minimiza o custo total de estoque é chamada de lote econômico, ou EOQ. No caso da Eyssell Corporation, o EOQ é: Q* = 2T X F . CC = (2 X 46.800) X $ 50 Professor SOARES
  • 37. 37 0,75 = 6.240.000 = 2.498 unidades Portanto, no caso da Eyssell, o lote econômico é igual a 2.498 unidades. Verifique que os custos de reabastecimento e de carregamento são idênticos (ambos são iguais a $ 936,75) neste nível de Q. Lote econômico (EOQ) A quantidade de reabastecimento que minimiza os custos totais de estoque. FIGURA ABC DE ESTOQUE Porcentagem do valor de estoque FIGURA 17.6 100 80 60 Grupo A 40 57% 20 0 20 Grupo B Grupo C 27% 16% 10% 40% 50% 40 60 Professor SOARES
  • 38. 38 Porcentagem do número de itens no estoque 80 100 CUSTO DE MANTER ESTOQUE FIGURA 17.7 Custo de manter estoque Custo total de manter estoque Custo de Carregamento Custo de reabastecimento Número de itens encomendados (Q) Q* Número ótimo de Itens encomendados NÍVEIS DE ESTOQUE DA EYSSELL CORPORATION FIGURA 17.8 Estoque Inicial: Q = 3.600 Q/2 = 1.800 Estoque médio Professor SOARES
  • 39. 39 Estoque Final: 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Semanas EXEMPLOS 1. Uso da regra do VPL Suponha que tivéssemos sido chamados para decidir se um novo produto de consumo deveria não ser lançado. Com base nas projeções de vendas e custos, esperamos que o fluxo de caixa durante os cinco anos de vida do projeto seja de $ 2.000 nos dois primeiros anos, $ 4.000 nos dois anos seguintes e $ 5.000 no último ano. O custo para iniciar a produção será cerca de $ 10.000. Utilizamos uma taxa de desconto de 10% para avaliar novos produtos. O que devemos fazer nesse caso? Dados os fluxos de caixa e a taxa de desconto, podemos calcular o valor total do produto descontando os fluxos de caixa: OU 2. Cálculo do payback Os fluxos de caixa projetados para uma proposta de investimento são: Ano Fluxo de Caixa 1 $ 100 2 200 3 500 Esse projeto custa $ 500. Qual é o período de payback desse investimento? 3. Cálculo da TIR Um projeto tem um custo inicial de $ 435,44. Os fluxos de caixa são de $ 100 no primeiro ano, $ 200 no segundo e $ 300 no terceiro. Qual é a TIR? Se exigirmos um retorno de 18%, deveremos aceitar esse investimento? 4. Cálculo do RCM. Você está decidindo se expande ou não sua empresa com a construção de uma nova fábrica. A fábrica possui um custo de instalação de $ 3 milhões, que será depreciado em linha reta ao longo de sua vida de cinco anos. Sabendo que o projeto tem lucros líquidos estimados de $ Professor SOARES
  • 40. 40 500.000, $300.000, $250.000 e $350.000 durante esses quatro anos, qual é o retorno contábil médio, ou RCM? EXERCÍCIOS 1) Critérios de Investimentos. Esse problema lhe oferecerá prática no cálculo de VPLs e períodos de payback. Uma proposta de expansão no exterior tem os seguintes fluxos de caixa: Ano 0 1 2 3 4 Fluxo de Caixa - $ 100 50 40 40 15 Calcule o período de payback e o VPL a uma taxa exigida de retorno de 15%. 2) Calculo do período de payback. Um investimento gera entradas anuais de caixa de $850 durante sete anos. Qual é o período de payback se o custo inicial é de $ 2.500? E se o custo inicial fosse igual a $5.000? E se for $7.500? 3) Cálculo do RCM. Você está decidindo se expande ou não sua empresa com a construção de uma nova fábrica. A fábrica possui um custo de instalação de $ 2 milhões, que será depreciado em linha reta ao longo de sua vida de quatro anos. Sabendo que o projeto tem lucros líquidos estimados de $ 417.000, $329.500, $258.100 e $358.000 durante esses quatro anos, qual é o retorno contábil médio, ou RCM? 4) Cálculo da TIR. Uma empresa avalia todos os seus projetos por meio da regra da TIR. Sendo a taxa de retorno exigida de 15%, a empresa deveria aceita o projeto a seguir? Ano 0 1 2 3 Fluxo de Caixa - $ 30.000 25.000 15.000 10.000 5) Cálculo da TIR – Qual é a TIR do seguinte conjunto de fluxo de caixa? Professor SOARES
  • 41. 41 Ano 0 1 2 3 Fluxo de Caixa - $ 1.300 400 300 1.200 6) Cálculo do VPL. No caso dos fluxos de caixa do problema anterior, qual é o VPL a uma taxa de desconto de 0%? E se a taxa de desconto for de 10%? E se for de 20%? E se for de 30%? 7) VPL. Suponhamos que tivéssemos sido chamados para decidir se um novo produto de consumo deveria ou não ser lançado. Com base nas projeções de vendas e custos, esperamos que o fluxo de caixa durante os cincos anos de vida do projeto seja de $2.000 nos dois primeiros anos, $4.000 nos dois anos seguintes e $5.000 no último ano. O custo para iniciar a produção será cerca de $10.000. Utilizamos uma taxa de desconto de 10% para avaliar novos produtos. O que devemos fazer nesse caso? 8) Cálculo do payback Os fluxos de caixa projetados para uma proposta de investimentos são: Ano 1 2 3 Fluxo de Caixa $ 100 200 500 Esse projeto custa $ 500. Qual é o período de payback desse investimento? 9) Cálculo da TIR Um projeto tem um custo inicial de $ 435,44. Os fluxos de caixa são de $100 no primeiro ano, $ 200 no segundo e $300 no terceiro. Qual é a TIR? Se exigirmos um retorno de 18%, deveremos aceitar esse investimento? 10. Retorno Contábil Médio. Você está examinado um projeto de três anos que tem lucro líquido projetado de $ 1.000 no ano 1, $2.000 no ano 2 e $4.000 no ano 3. O custo é de $ 9.000, a ser depreciação pelo método da linha reta durante os três nos de vida útil do projeto. Qual é o retorno contábil médio ou RCM? 11. Cálculo do período de payback. Qual é o período de payback para o seguinte conjunto de fluxos de caixa? Ano 0 1 2 3 Fluxo de Caixa - $ 3.000 1.000 800 900 Professor SOARES
  • 42. 42 4 1.200 12. Critérios de Investimentos. Esse problema lhe oferecerá prática no cálculo de VPLs e períodos de payback. Uma proposta de expansão no exterior tem os seguintes fluxos de caixa: Ano 0 1 2 3 4 Fluxo de Caixa - $ 150 40 40 40 35 Calcule o período de payback e o VPL a uma taxa exigida de retorno de 10%. 13. Cálculo do RCM. Você decidindo se expande ou não sua empresa com a construção de uma nova fábrica. A fábrica possui um custo de instalação de $ 2 milhões, que será depreciado em linha reta ao longo de sua vida de quatro anos. Sabendo que o projeto tem lucros líquidos estimados de $410.000, $ 320.500, $260.000 e $370.000 durante esses quatro anos, qual é o retorno contábil médio, ou RCM? 14. Cálculo da TIR. Uma empresa avalia todos os seus projetos por meio da regra da TIR. Sendo a taxa de retorno exigida de 11%, a empresa deveria aceitar o projeto a seguir? Ano 0 1 2 3 Fluxo de Caixa - $ 30.000 25.000 0 15.000 15. Cálculo do VPL. No caso dos fluxos de caixa do problema anterior, qual é o VPL a uma taxa de desconto de 0%? E se a taxa de desconto for de 15%? E se for de 25%? 17. Ciclos operacionais e de caixa. 1)Considere os seguintes dados de demonstrações financeiras da Cia Vasco. Item Estoques Contas a receber Fornecedores Vendas líquidas Custo da Mercadoria vendida Valor Inicial $ 1.543 4.418 2.551 Valor Final $ 1.669 3.952 2.673 $ 11.500 8.200 Calcule os ciclos operacionais e de caixa: Professor SOARES
  • 43. 43 b. Considere as seguintes informações provenientes de demonstrações financeiras da Mengão: Item Estoques Contas a receber Contas a pagar Vendas líquidas Custo da Mercadoria vendida Valor Inicial $ 8.152 6.537 10.128 Valor Final $ 10.300 7.147 10.573 $ 93.125 46.152 Calcule os ciclos operacional e de caixa. Como você interpreta os resultados? c. Considere as seguintes informações provenientes de demonstrações financeiras da Botafogo: Item Estoques Contas a receber Contas a pagar Vendas líquidas Custo da Mercadoria vendida Valor Inicial $ 9.344 3.400 12.128 Valor Final $ 12.300 7.147 12.573 $ 93.000 46.000 Calcule os ciclos operacional e de caixa. Como você interpreta os resultados? d. Considere as seguintes informações provenientes de demonstrações financeiras da Fluminense: Item Estoques Contas a receber Contas a pagar Vendas líquidas Custo da Mercadoria vendida Valor Inicial $ 4.002 4.250 3.898 Valor Final $ 8.454 9.005 21.666 $ 33.212 22.243 18. Calcule os ciclos operacional e de caixa. Como você interpreta os resultados? 1) Alterações do Ciclo Operacional. Indique o efeito que cada uma das medidas a seguir terá sobre o ciclo operacional. Utilize as letras A para indicar aumento, R para redução, e N para nenhum efeito. a. O saldo médio das contas a receber diminui. b. Os prazos de pagamentos pelos clientes diminuem. c. O giro de estoque diminui de 10 para 5 vezes. d. O giro de contas a pagar diminui de 10 para 5 vezes. e. O giro de contas a receber diminui de 10 para 5 vezes. Professor SOARES