2. - antes de 10 a.C - 64 d.C
Saulo
"Apóstolo dos Gentios“
3. Saulo nasceu na cidade de Tarso em data desconhecida mas sem
dúvida antes do ano 10 da nossa era. Membro de uma rica e importante
família judia do grupo judeu que viviam espalhados pelo mundo, sobretudo
na Pérsia, mas também em torno do mediterrâneo, em Alexandria, norte da
África, Turquia, Grécia, Espanha e outras partes do Império Romano,
conhecidos como Judeus da Diáspora.
A cidade de Tarso fica na província Romana da Cilícia, na parte
oriental da Ásia Menor, hoje Turquia, que não deve ser confundida com
Tarsis, no sul da Espanha. No primeiro século, Tarso era a capital da
província da Cilícia, embora localizada cerca de 16 km ao interior, a cidade
era um importante porto que dava acesso ao mar pelo rio Cnido. Ao norte
de Tarso erguem-se imponentes, cobertas de neve, as montanhas de Tauro,
que na época forneciam a madeira que constituía um dos principais artigos
de comércio dos mercadores tarsenses. Uma importante estrada romana
corria ao norte, fora da cidade e através de um estreito desfiladeiro nas
montanhas, conhecido como “Portões Cilicianos”.
4. Nos tempos Romanos a cidade era o lugar de encontro de Antônio e
Cleópatra. O general romano Marco Antônio concedeu-lhe o privilégio de
cidade livre (“libera civitas”) em 42 a.C. Portanto, embora fizesse parte de
uma província romana, era autônoma, e não estava sujeita ao pagamento
de tributo à Roma.
As tradições democráticas da cidade-estado de Tarso de longa data estavam
estabelecidas quando Saulo nasceu e a cidade também era importante
centro de filosofia. Não é de admirar que Saulo se referisse a Tarso como
“cidade não insignificante” em Atos 21:39.
Os filósofos de Tarso eram quase todos estóicos. As idéias estóicas, embora
essencialmente pagãs, produziram alguns dos mais nobres pensadores do
mundo antigo. Atenodoro de Tarso é um esplêndido exemplo.
Embora Atenodoro tenha morrido no ano 7 d.C., quando Saulo não passava
de um menino, por muito tempo o seu nome permaneceu como herói em
Tarso sendo impossível que o jovem Saulo não tivesse ouvido algo a respeito
dele.
5. A língua materna de Saulo era o grego mas também foi educado na
cultura judaica. Começou a receber aos 14 anos a formação rabínica, sendo
criado de uma forma rígida no cumprimento das rigorosas normas dos
fariseus, classe religiosa dominante daquela época e ensinado a ter o
orgulho racial peculiar aos judeus da antiguidade. Destacou-se dos outros
apóstolos, na maioria pescadores sem cultura e analfabetos, mas Saulo não
conheceu a Cristo durante a Sua pregação.
Quando se mudou para Jerusalém, Saulo foi instruído “segundo a exatidão
da lei. . .“ (At 22:3) pelo rabino Gamaliel, onde passou uma parte
importante da juventude até se tornar um dos principais sacerdotes do
Templo de Salomão. Gamaliel era neto de Hillel, um dos maiores rabinos
judeus. A escola de Hillel era a mais liberal das duas principais escolas de
pensamento entre os fariseus. Em Atos 5:33-39 temos um vislumbre de
Gamaliel, descrito como “acatado por todo o povo.” Na época exigia-se dos
estudantes rabínicos que aprendessem um ofício para que pudessem, mais
tarde, ensinar sem tornar-se um ônus para o povo. Saulo escolheu uma
indústria típica de Tarso, fabricar tendas de tecido de pêlo de cabra. Sua
perícia nessa profissão proporcionou-lhe mais tarde uma grande vantagem
em sua obra missionária.
6. Numa ocasião Paulo chamou a si de “israelita da descendência de
Abraão, da tribo de Benjamim” (Rm 11:1) mas também era cidadão
Romano por direito de nascença, pois seu pai o era. A cidadania romana
era preciosa, pois acarretava direitos e privilégios especiais como, por
exemplo, a isenção de certas formas de castigo, um cidadão romano não
podia ser açoitado nem crucificado. O Fato é que o relacionamento dos
judeus com Roma não era harmonioso, raramente os judeus se tornavam
cidadãos romanos. Quase todos os judeus que alcançaram a cidadania
moravam fora da Palestina.
Não temos qualquer relato confiável do aspecto físico de Saulo. Os únicos
relatos que possuímos são um escrito apócrifo do segundo século e não são
mais do que a projeção dos ideais estéticos a uma figura lendária mas, há
vários indícios de que Saulo tinha problemas de saúde, padecendo de uma
doença crônica e dolorosa, que lhe foi um obstáculo na atividade normal.
“Ele era um homem de pequena estatura”, afirmam os Atos de Paulo. No
escrito apócrifo do segundo século afirma que era “parcial-mente calvo,
pernas arqueadas, de compleição robusta, olhos próximos um do outro, e
nariz um tanto curvo.”
7. Quando era sacerdote do Templo deparou-se com uma seita
iniciante que tinha nascido dentro do judaísmo, mas que era contrária aos
principais ensinos farisaicos.
Dentro da extrema honestidade para com a sua fé e sentindo-se
profundamente ofendido com esta seita cristã, começou a persegui-la,
culminando com a morte de Estêvão, diácono grego e pregador cristão,
primeiro mártir do cristianismo morto com a participação de Saulo em um
apedrejamento.
Estêvão era um líder do grupo mais radical dos seguidores de Jesus,
formado por Gregos, chamado grupo dos helenistas, núcleo de cristãos de
cultura grega que procuravam difundir a nova fé entre os judeus de cultura
grega em Jerusalém.
O argumento de Saulo na sua perseguição aos helenistas era a defesa da
"tradição dos pais" e da lei mosaica, que ele via como ameaçada, talvez
pela visão que tinha como membro do grupo Zelote, ala radical dos fariseus
"zelosa" pela tradição e que fazia oposição à dominação romana.
8. No ano de 32 D.C., dois anos após a crucificação de Jesus, Saulo
viajou para Damasco para perseguir os seguidores do cristianismo,
principalmente de um, que se chamava Barnabé, devido a agitação deste
helenista, que contestava o Templo e anunciava a sua destruição.
Na entrada desta cidade, teve uma visão de Jesus, que em espírito lhe
perguntava: "Saulo, Saulo, por que me persegues?” e ficou cego
imediatamente. Foi então levado para a cidade e depois de alguns dias, um
discípulo de Jesus, chamado Ananias, foi incumbido de curá-lo. Após voltar
a enxergar, converteu-se ao cristianismo, mudando o seu nome para Paulo.
Paulo, a partir de então, se tornaria o "Apóstolo dos Gentios", ou seja,
aquele enviado para disseminar o Evangelho para o povo não judeu.
Em 34 D.C., foi a Jerusalém, levado por Barnabé, para se
encontrar com Pedro e Tiago, líderes da principal comunidade cristã até
então.
Durante 16 anos , após sua conversão, ele pregou no vale do Jordão, na
Síria e na Cilícia. Foi especialmente perseguido pelos judeus, que o
consideravam um grande traidor.
9. Fez quatro grandes viagens missionárias:
1ª Viagem (46-48 D.C.)
2ª Viagem (49-52 D.C.)
3ª Viagem (53-57 D.C.)
4ª Viagem (59-62 D.C.)
Paulo de Tarso saiu do mundo judaico e em Atenas, na sua estadia na
Acrópolis, consegue converter apenas Dionisio Ariopaseta, desistindo então
e indo para Corinto. Na última viagem, foi à Roma como prisioneiro, para
ser julgado, quando ocorreu um naufrágio que os levou à ilha de Malta,
seguindo à Roma nunca mais retornou para à Judéia.
A sua fé soma-se um fator fundamental: o seu temperamento, que era
passional, enérgico, ativo, corajoso e também capaz de idéias elevadas e
poéticas. Escreveu inúmeras cartas conhecidas em conjunto como Corpus
Paulinum, quatorze chegaram até nós, conhecidas como Epístolas Paulinas.
Através de suas cartas, Paulo transmitiu às comunidades cristãs e aos seus
discípulos uma fé fervorosa em Jesus Cristo, na sua morte e ressurreição.
10. As suas Epístolas formam uma seção fundamental do Novo Testamento.
Epístola aos Romanos;
1ª e a 2ª
aos Coríntios;
aos Gálatas;
aos Efésios,
aos Filipenses;
aos Colossenses;
1ª e a 2ª aos Tessalonicenses;
1ª e 2ª a Timóteo;
a Tito;
a Filemon
aos Hebreus (anônima, mas atribuída a Paulo)
11. Afirma-se que ele foi quem verdadeiramente transformou o
cristianismo de uma seita do judaísmo numa nova religião. Foi a mais
destacada figura cristã a favorecer a abolição da necessidade da circuncisão
e dos restritos hábitos alimentares tradicionais judaicos. Esta opção teve a
princípio a oposição de outros líderes cristãos, mas, em conseqüência desta
revolução, a adoção do cristianismo pelos povos gentios tornou-se viável.
Os Judeus mais conservadores, muitos deles vivendo na Europa,
permaneceram fiéis à sua tradição, que também não tem um movimento
missionário.
Por volta dos anos 58-60 ele descrevia-se a si próprio como um velho na
missão que Deus preparou.
No ano de 64 D.C., foi morto pelas Legiões Romanas, nas perseguições aos
Cristãos instauradas por Nero, depois do grande incêndio de Roma, na
praça chamada Aquae Salviae (hoje Piazza Tre Fontane), um pouco ao
oeste da Via Ostia, cerca de três quilômetros da basílica de São Paulo Extra
Muros, lugar onde foi enterrado.
Basílica de São Paulo
Detalhe da Basílica de São Paulo
13. - antes de 10 a.C - 64 d.C
Saulo
"Apóstolo dos Gentios"
14. 1ª Epístola aos Coríntios, cap. XIII, v. de 1 a 7 e 13
Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens, e mesmo a
língua dos anjos, se não tivesse caridade não seria senão como um
bronze sonante, e um címbalo retumbante; e quando eu tivesse o
dom de profecia, penetrasse todos os mistérios, e tivesse uma
perfeita ciência de todas as coisas; quando tivesse ainda toda a fé
possível, até transportar as montanhas, se não tivesse a caridade eu
nada seria. E quando tivesse distribuído meus bens para alimentar
os pobres, e tivesse entregue meu corpo para ser queimado, se não
tivesse caridade, tudo isso não me serviria de nada.
A caridade é paciente; é doce e benfazeja; a caridade não é invejosa;
não é temerária e precipitada; não se enche de orgulho; não é
desdenhosa; não procura seus próprios interesses; não se melindra e
não se irrita com nada; não suspeita mal; não se regozija com a
injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo suporta, tudo crê,
tudo espera, tudo sofre. Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança
e a caridade, permanecem; mas, entre elas, a mais excelente é a
caridade.