1. Discurso feito na solenidade realizada pelo CRMV-MG em homenagem
aos Zootecnistas destaques 2011.
Zootecnista – Profissional Fazendo a Produção Animal do Futuro.
Adauto Ferreira Barcelos – Zootecnista – CRMV-MG 0127/Z
Exmo. Sr. Elmiro Alves do Nascimento, Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento de Minas Gerais, na pessoa do qual cumprimento as demais autoridades
presentes.
lImo Sr. Antônio Felipe Paulino de Figueiredo Wouk, Secretário Geral do CFMV, na
pessoa do qual cumprimento os demais Presidentes dos Conselhos Regionais.
lImo. Sr. Prof. Dr. Nivaldo da Silva, DD. Presidente do CRMV-MG, na pessoa do qual
cumprimento os demais membros da Diretoria e o Corpo de Conselheiros do CRMV-MG.
Ilmo. Sr. Prof. Dr. Walter Motta Ferreira, DD. Presidente da Associação Brasileira de
Zootecnistas.
Exmo. Sr. Vilmar Resende, Presidente da Câmara de Vereadores de Uberlândia.
Caros colegas zootecnistas hemenageados. Senhoras e senhores.
! Inicio com o tema central da campanha do CRMV-MG, para o Dia do Zootecnista
deste ano – “Zootecnia, a profissão do Futuro.”
!
! "O Brasil é um país reconhecido pela qualidade dos produtos de origem animal, e o
zootecnista tem papel fundamental nesta realidade. Profissional capacitado e
preocupado com a produção animal, procura fazer com que os animais produzam mais
em um menor tempo, de uma forma economicamente viável, socialmente justa,
ambientalmente correta, buscando a segurança alimentar e o desenvolvimento científico”.
! Tudo teve início com a idéia de Adrien Étienne Pierre, o conde de Gasparin, em
1848, na França, no Cours d’Agriculture, do Instituto Agronômico de Versailles, quando
reconheceu na arte de criar animais um objeto próprio da ciência, independente da
agricultura, e criou uma cátedra e a palavra “zootechnie”. Em 1849, o naturalista (biólogo)
Emile Baudment ocupou a nova cátedra, começou a formular o corpo de doutrinas com
base científica, e a ensinar a Zootecnia.
2. ! No Brasil, em 24 de setembro de 1952, durante o encerramento da II Reunião
Anual da SBZ, Dr. Manuel Machado, propôs a criação da profissão de zootecnista.
Apoiaram a idéia os Profs. Waldemar Raythe, Octávio Domingues e Glacy Pinheiro
Machado.
!
! Em 29 de julho 1953, na UFRRJ, sob a presidência de Octávio Domingues,
reuniram-se 16 professores catedráticos de zootecnia, representando dez universidades,
que aprovaram o primeiro currículo de Zootecnia com 56 disciplinas obrigatórias e seis
eletivas. Treze anos depois, em 1966, foi criado, na PUC de Uruguaiana, RS, o primeiro
curso de graduação em Zootecnia no Brasil. A aula inaugural foi realizada em 13 de maio
com o currículo feito por Octávio Domingues, José Francisco Sanchotene Felice e Mário
Hamilton Vilela, e, em 4 de dezembro de 1968, a profissão foi regulamentada pela Lei
Federal n. 5.550.
! Depois desse breve histórico, gostaríamos de falar dessa Zootecnia que cresce e
evolui, vencendo desafios da produção animal, que, nas últimas décadas, proporcionou
um aumento de mais de 170% na produção de carne de frango, 71%, na de carne bovina
e 113%, na de carne suína, lembrando que a redução na gordura das carcaças desses
animais foi na mesma proporção. Com relação ao leite e aos produtos lácteos, passamos
de importadores a exportadores. Tudo isso graças, em grande parte, aos profissionais
zootecnistas.
! A Zootecnia brasileira tem de trabalhar para o mundo, pois a globalização veio para
ficar, mesmo com os aspectos bons e ruins, e não teremos o privilégio de ficar somente
com a parte boa. Nesse sentido, previsões indicam que, em 2030, teremos 61% da
população mundial no meio urbano e 39% no meio rural, e será responsabilidade destes
39% produzirem alimentos para os 100%, e isso pode significar algo entre 9 e 10 bilhões
de pessoas, a maioria na Ásia, sedenta por produtos de origem animal. O zootecnista
brasileiro terá a maior cota de responsabilidade para vencer o desafio de fornecer
produtos de origem animal para esta gente.
! Agora, estamos diante de grandes desafios que envolvem a produção animal do
futuro como as mudanças climáticas, a legislação ambiental brasileira, a produção
agropecuária familiar, pois a produção agrícola deve progressivamente, fundamentar-se
em práticas conservacionistas. Assim, teremos que desenvolver tecnologias que
3. conservem a água, as florestas e a fertilidade natural das terras, e o Cerrado brasileiro
será o bioma seriamente considerado, pelo seu potencial agropecuário.
! Para vencer estes desafios, nossos zootecnistas devem saber usar as novas
ferramentas da Zootecnia como a de Precisão, Nanotecnologia, Agroecologia e o bem-
estar animal, além de administrar o Agronegócio Agropecuário, Biossegurança Alimentar,
Biotecnologia e Melhoramento Animal, os quais saberemos superar com competência.
Afinal, segundo o Prof. PatricK Schidt, da UFPR, a Zootecnia está vencendo pela
competência, pois ultrapassou as fronteiras ocidentais, sendo assimilada pelo chinês de
Tawian, como Shee Moo Shuey.
! As grandes economias mundiais visam o mercado chinês e asiático, como fonte
consumidora de produtos industrializados de origem animal. O Brasil, por meio de seus
zootecnistas e profissionais das Ciências Agrárias, terá de ser capaz de fornecer produtos
frescos, a qualquer lugar do mundo, a preços compatíveis com a dignidade humana. Para
isso, devemos considerar a África e a Índia como parceiros e consumidores de serviços
zootécnicos, oferecendo-lhes tecnologias para a agropecuária tropical local, sem
equívocos internacionais.
! Um exemplo de uso equivocado de tecnologias zootécnicas foi a aplicação, no
Brasil, do Sistema de Pastejo Rotacionado Voisin, que, nas condições de pastejo tropical,
gerou uma condição zootécnica denominada: "Aceleração fatídica e paradoxal", mas os
zootecnistas brasileiros, da área de forragicultura, resolveram a situação e, hoje, temos a
melhor tecnologia de pastejo rotacionado dos trópico.
! Neste sentido, permitam-me citar a reportagem de capa da Revista DBO n. 379, de
maio de 2012. "A fazenda Brasil, situada no município de Barra do Garças, na região leste
do Mato Grosso, vai ganhando os contornos do que os especialistas acreditam ser, no
futuro, as propriedades que se dedicarão à pecuária de corte no País. Sem desmatar 1 ha
e ainda refazendo 59 ha que havia de passivo ambiental em área de preservação
permanente, a propriedade, com uma área total de 8.902 ha, reduziu, entre 2006 e 2012,
sua área de pastagens de 5.259 ha para 4.372 ha. No mesmo período, aumentou seu
rebanho bovino de, aproximadamente, 4.500 cabeças para 16.000 animais (dados de
março último), em recria e engorda, e a produção de estimados 2 mil bovinos para 16 mil,
com taxa de desfrute dos cerca de 40% para 100%". Este é um exemplo da Zootecnia
4. atual e uma amostra do que será no futuro.
! Assim encerro, parabenizando a todos os zootecnistas mineiros e brasileiros, em
especial os homenageados, desejando-lhes sucesso e competência para vencerem, por
meio do desenvolvimento científico, o desafio futuro de fornecer, aos consumidores do
Brasil e do mundo, um produto de origem animal seguro, vindo de animais que produzam
cada vez mais em menor tempo, mas que seja um produto economicamente viável,
socialmente justo e ambientalmente correto.
Muito obrigado e boa noite a todos.