2. Estudo de caso
Fornicação entre padres e freiras;
Fornicação entre padres e padres;
Sexo entre senhores e mulatas;
Sexo entre sinazinhas e escravos;
3. “[...] Ali AndAvAm entre eles três ou
quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos
muito pretos, compridos pelas espáduas, e suas
vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das
cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos
nenhuma vergonha... e certo era tão bem feita, e tão
redonda, e sua vergonha (que ela não tinha) tão
graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra, vendolhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua
como elA.”
Carta de Pero Vaz de Caminha
4. “esqueçAm As relAções cordiAis entre os desbrAvAdores portugueses e
suas dominadas. Negras e índias podem ter eventualmente se
beneficiado dos efeitos de uma união com o invasor, mas na maioria dos
casos a violência era o estopim. O colono, mandado para povoar e
defender uma terra distante, longe das legítimas esposas,
encorajava-se com a visão das escravas (que frequentemente usavam
apenas saias) e as nativas (nuas, por hábito). Estupros (inclusive de
crianças) e coação foram o motor inicial da miscigenação, em especial
nas primeiras décadas, antes da chegada das europeias em número
suficiente para desbrutalizar a sociedade. Com o tempo, passou a
valer o velho ditado do século XVIII: “brAncA pArA cAsAr, mulAtA
para foder, negra para trabalhaR”
FREYRE apud. PRIORE, 2006, p. 6
6. A Inquisição estava, é claro, atenta para os desvios
nos costumes. O homossexualismo foi equiparado à
heresia, e os amásios eram perseguidos e quase
forçados e se casar. Os processos do Santo Ofício
estavam repletos de descrições detalhadas
envolvendo membrum virile (pênis), vas naturalis
(vagina), vas preposterum (ânus). Até as posições
eram detalhadas (mulier super virum, ou mulher
por cima do homem)...
7. AS SACANAGENS CLERICAIS
Apesar dos esforços da Igreja, a regra
era o concubinato. Casamentos de papel
passado, até havia em quantidade, mas os
amasiamentos eram muito mais numerosos.
Amancebar-se valia inclusive para os...
padres. Não raros eram os sacerdotes que
se uniam a mucamas que os serviam.
9. “Aos olhos dos jesuítAs, sempre queixosos dAs
dificuldades da catequese, do clima, e da falta de
recursos, o frenesi sexual campeava, antes de tudo,
entre os índios: sempre nus, poligâmicos, incestuosos. [...]
em relação aos primeiros colonos... quase todos... não
satisfeitos em fazer suas escravas de mancebas,
lançavam-se às livres, pedindo-as aos índios por
mulheres. E se os padres ousassem admoestá-los para
que se casassem com uma só índia, como Deus mandava,
eram ofendidos, ameaçados e até perseguidos pelos
escAndAlosos colonos”
12. Hora de levantar o camisolão
A regra era ir para a cama
semivestido. Recorria-se muito “aos
matos”, principalmente os mais pobres.
Sexo sem nudez. Como se dizia à época,
era a hora de “levantar a camisa”,
“abaixar os calções” ou “arriar as fraldas”.
Pouco
espaço
também
para
as
preliminares...
13. “os pecAdos mortAis dA cArne, os sonhos eróticos, o mero pensAr em quAlquer
indecência, nada disso interessava aos inquisidores enquanto simples
manifestações da fragilidade do corpo, da tentação fugaz do demônio e da
corrupção geral da criatura humana resultante da primeira e irreversível
queda. [...] não eram os pecados da carne ou os crimes morais que
despertavam a atenção inquisitorial. Ao Santo Ofício interessavam ... os
erros de doutrina passíveis de serem captados não apenas em afirmações ou
idéias contestatórias à verdade oficial e divina, mas em atitudes ou
comportamentos que, por sua obstinação desafiadora àquela verdade,
implicavam suspeita de heresia, presunção de que o indivíduo pecava e
insistia em fazê-lo, recusando-se a qualquer emenda e urdindo maneiras de
burlar a disciplina normatizadora da Igreja. Interessavam-lhe, enfim,
ainda que no campo das moralidades e do erotismo, os indivíduos que, por
livre arbítrio – e não por eventual tentação demoníaca – escolhiam
doutrinas ou modos de viver francamente hostis aos preceitos do
cAtolicismo.”
14. Século XX
Quando a religião deixa de ter tanto peso na vida do brasileiro, com a
expulsão dos jesuítas no século XVIII, entra em cena a medicina e suas noções
de higiene e saúde pública. Os médicos começam a mostrar que o sexo é
responsável por várias doenças. De pecaminoso, ele passa a ser sujo. E é
somente no século XX que o tema se torna público, a partir da publicação de
diversos livros e dos movimentos sociais como o feminismo e a contracultura.
Nas últimas décadas, o comportamento sexual se viu ainda modificado pela
invenção da pílula e pelo surgimento da Aids, por exemplo. “todos os fatos da
história marcaram nossa educação sexual. Quanto melhor os compreendermos,
mais fácil entender a forma como pensamos e vivemos nossas relações”. No
Brasil Colônia conseguimos ver a essência do que somos: profundamente
contraditórios quando o assunto é sexo.
15. Entre a Luxúria e o pudor:
A história do sexo no brasil
Caio Sergio do Carmo
16. As faces do sexo:
Como ele foi usado como forma de
legitimar o poder
“não há escrAvidão sem deprAvAção sexuAl. É dA essênciA mesmA do
regime. Em primeiro lugar o próprio interesse econômico favorece a
depravação, criando nos proprietários de homens imoderado desejo de
possuir o maior número possível de crias. [...] Dentro de semelhante
atmosfera moral, criada pelo interesse econômico dos senhores, como
esperar que a escravidão atuasse senão no sentido da dissolução, da
libidinagem, da luxúria? O que se queria era que os ventres das
mulheres gerassem. Que as negras produzissem muleques...”