O documento discute as principais influências para o desenvolvimento da ciência da administração, incluindo filósofos como Sócrates, Descartes e Hobbes; a Igreja Católica; a organização militar; a Revolução Industrial; economistas liberais como Adam Smith; e pioneiros empreendedores nas indústrias ferroviária e de aço nos EUA no século XIX.
Aula De Ta I Aula 2 InfluêNcias Para CiêNcia Da AdministraçãO
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INFLUÊNCIAS PARA CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO
TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO I
Prof. Solange Marques
AULA 2
INFLUÊNCIA DOS FILÓSOFOS
A administração recebeu enorme influência dos filósofos desde os tempos da antigüidade.
Sócrates em suas discussões com Nicomaquides, expõe seu ponto de vista sobre a
administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da
experiência.
Sócrates: Diz que sobre qualquer coisa que o homem presidir será sempre igual, seja um
coro, uma família, uma cidade ou um exército. Não desprezeis os homens hábeis em
administrar seus haveres; pois os afazeres privados diferem do público somente em
magnitude.
René Descartes: desenvolveu o método cartesiano, que se forma por quatro princípios:
1) Princípio da dúvida sistemática ou da evidência
2) Princípio da análise da decomposição
3) Princípio da síntese da composição
4) Princípio da enumeração ou da verificação
Thomas Hobbes (filósofo político): defendia o governo absoluto em função de sua visão
pessimista sobre o homem. Assim, o Estado representa um pacto social, mas ao crescer
alcança as dimensões de um dinossauro, ameaçando a liberdade de todos.
Karl Marx e seu parceiro Friedrich Engels: defendem a teoria da origem econômica do
estado. O surgimento do poder político e do Estado nada mais é do que o fruto da
dominação do homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ordem coativa imposta por
uma classe social exploradora. Afirma que a história da humanidade sempre foi a história
da luta de classes, patrícios e plebeus, nobres e servos, mestre e artesãos, enfim,
exploradores e explorados.
INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA
Ao longo do tempo a Igreja Católica foi estruturando sua organização, sua hierarquia de
autoridade, seu estado-maior (assessoria) e sua coordenação funcional.
INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO MILITAR
- Organização linear ou princípio da unidade de comando;
- Escala hierárquica;
- Centralização do comando e descentralização da execução;
- Conceitos de linha e assessoria;
- Princípio de direção.
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INFLUÊNCIA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial pode ser dividida em duas épocas bem distintas:
1780 a 1860: 1a Revolução Industrial ou revolução do ferro e do carvão.
1860 a 1914: 2a Revolução Industrial ou revolução do aço e da eletricidade.
1a Revolução Industrial:
1a fase: a mecanização da indústria e da agricultura (máquina de fiar, descaroçador de
algodão);
2a fase: a aplicação da força motriz à indústria (máquina a vapor);
3a fase: o desenvolvimento do sistema fabril: artesão e oficina – operário e fábrica (divisão
do trabalho).
4a fase: um espetacular aceleramento dos transportes e das comunicações: navegação a
vapor e locomotiva a vapor.
2a Revolução Industrial:
Três acontecimentos importantes que provocaram a 2a Revolução Industrial:
- desenvolvimento de novo processo de fabricação do aço (1856);
- aperfeiçoamento do dínamo (1873);
- invenção do motor de combustão interna (1873).
Característica da 2a Revolução Industrial:
1) A substituição do ferro pelo aço;
2) A substituição do vapor pela eletricidade e pelos derivados de petróleo como fonte
de energia.
3) O desenvolvimento da maquinaria automática e um alto grau de especialização do
trabalho.
4) O crescente domínio da indústria pela ciência.
5) Transformações radicais nos transportes e nas comunicações.
6) O desenvolvimento de novas formas de organização.
7) A expansão da industrialização (Europa Central e Oriental, e até o extremo oriente).
Houve uma súbita modificação de situação, provocada por dois aspectos:
1. A transferência da habilidade do artesão para a máquina;
2. A substituição da força animal ou do músculo humano pela maior potência
da máquina a vapor (e posteriormente pelo motor).
INFLUÊNCIA DOS ECONOMISTAS LIBERAIS
Adam Smith: é considerado o fundador da economia clássica, cuja idéia principal é a
competição. Embora os indivíduos ajam apenas em proveito próprio, os mercados em que
vigora a competição funcionam espontaneamente, de modo que garantem a alocação mais
eficiente dos recursos e da produção, sem que haja excesso de lucros. Por essa razão, o
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único papel econômico do governo (além do básico que é garantir a lei e a ordem) é a
intervenção na economia quando o mercado não existe ou quando deixa de funcionar em
condições satisfatórias, ou seja, quando não ocorre competição livre.
INFLUÊNCIA DOS PIONEIROS E EMPREENDEDORES
As ferrovias americanas foram fruto do empreendimento privado em sua grande maioria e
constituíram um poderoso núcleo de investimentos e de toda uma classe de investidores.
Foi a partir das estradas de ferro que a ação de investimento e o ramo de seguros tornaram-
se populares. Além disso, foram as ferrovias americanas que permitiram o desbravamento
dos territórios e provocaram o fenômeno da rápida urbanização, que criou novas
necessidades de habitação, alimento, roupa, luz e aquecimento. O que gerou um rápido
crescimento das indústrias voltadas para o consumo direto.
Antes de 1850 havia em sua grande maioria empresas familiares, sem estrutura
administrativa moderna. Após 1850, os troncos ferroviários estavam praticamente
completados e cobriam completamente o mercado americano do Este urbano e do Oeste
agrícola. O desenvolvimento ferroviário e a construção urbana criaram o mercado do ferro
e do aço.
Em 1871 a Inglaterra era a maior potência econômica mundial.
Em 1865, John D. Rockfeller funda a Standard Oil.
Em 1890, Carnegie funda o truste do aço, ultrapassando rapidamente a produção de toda a
Inglaterra. Swift e Armour formam o truste das conservas. Guggenheim forma o truste do
cobre e Mello, o truste do alumínio. Teve início a integração vertical nas empresas. Os
criadores de impérios (empire builders), passaram a comprar e integrar o maior número de
concorrentes, fornecedores ou distribuidores para garantir a defesa de seus interesses.
Gustavus Swift, o pioneiro da indústria frigorífica, desenvolveu uma estratégia que
consistia em consolidar a fabricação; avançar para a distribuição própria; voltar atrás até o
controle da matéria-prima. Por volta de 1895, a indústria frigorífica tornou-se um
oligopólio.
Oligopólio: Situação de mercado em que a oferta é controlada por um pequeno número de
vendedores, e em que a competição tem por base, não as variações de preços, mas a
propaganda e as diferenças de qualidade: As montadoras de automóveis no Brasil
constituem um oligopólio.
Os pioneiros e empreendedores não tinham condições de sistematizar seus vastos negócios
e gerar eficiência. A organização era tarefa tão ou mais difícil que a criação dessas
empresas. A impressionante magnitude dos recursos que conseguiram reunir complicava as
coisas. A preocupação dominante deslocou-se para os riscos do continuado crescimento
sem uma organização adequada.
Na virada do século XX, várias grandes corporações sucumbiram financeiramente. Os
pioneiros e empreendedores deram lugar aos organizadores. Estava chegando a era da
competição e da concorrência como decorrência de fatores como:
1) aprofundamento e disseminação do conhecimento tecnológico;
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2) o livre comércio;
3) a mudança dos mercados vendedores para mercados compradores;
4) o aumento da capacidade de investimento de capital e a elevação dos níveis de
ponto de equilíbrio;
5) a rapidez do ritmo de mudança tecnológica que pode rapidamente tornar obsoleto
um produto ou reduzir drasticamente seus custos de produção.
Todos esses complexos fatores completariam as condições propícias à procura de bases
científicas para a melhoria da prática empresarial e o surgimento das teorias
administrativas.