O documento discute a importância da imaginação sociológica proposta por Mills para que os estudantes consigam entender como fatores sociais influenciam suas vidas. A imaginação sociológica representa a conexão entre fenômenos individuais e instituições, permitindo compreender como as pessoas fazem parte de um contexto social maior. O documento defende o uso da imaginação sociológica em sala de aula para que os estudantes possam refletir sobre questões sociais e suas próprias experiências.
2. Incentivar os estudantes a olhar a vida cotidiana a partir dos pressupostos da
Sociologia, os desperta para a reflexão e elucidação do
cotidiano.
Lei 11.684/2008, que instituiu a Sociologia e a Filosofia como disciplinas
obrigatórias no Ensino Médio.
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4. “Mills Alerta, a nossa consciência é moldada pela nossa vivência cotidiana; as
relações com vizinhos, família e amigos, constroem nosso olhar para a
realidade.
Raramente conseguimos pautar nossas ações a partir de referências mais
amplas históricas e sociais; as relações entre “homem e sociedade” e
“biografia e história” não estão no centro de nossas preocupações habituais,
seguimos nos guiando pelo imediato e próximo”.
5. Por outro lado, a tomada de consciência das influências sociais em nossas
rotinas faz, por diversas vezes, que tenhamos a sensação de que estamos
aprisionados a elas. Isto porque, as mudanças sociais se processam em um
ritmo cada vez mais rápido e tem nos afetado de forma virulenta; assim, não
nos sentimos capazes de escapar das mesmas.
Wright Mills, dessa forma, conclama: O que precisam [...] é uma qualidade de
espírito que lhes ajude a usar a informação e desenvolver a razão, a fim se
perceber, com lucidez, o que está ocorrendo no mundo e o que pode estar
acontecendo dentro deles mesmos. É essa qualidade, afirmo, que jornalistas
e professores, artistas e públicos, cientistas e editores estão começando a
esperar daquilo que poderemos chamar de imaginação sociológica. (MILLS,
1975, p.11).
6. Os jovens e adolescentes do século XXI vivenciam essa realidade,
apresentando questionamentos e inseguranças em relação ao presente,
mas também à construção do futuro.
O exercício da imaginação sociológica, nesse contexto, pode se apresentar
com uma eficaz ferramenta na construção de respostas a essa infinita gama de
perguntas; instrumentalizando os estudantes para estabelecerem uma conexão
entre o cenário social mais amplo e suas vidas particulares.
7. A imaginação sociológica é um termo criado por Mills para designar aquilo que o pensador
acredita ser a melhor maneira para se “fazer” Sociologia.
Representa a conexão entre os fenômenos para além da experiência individual com as
instituições com as quais as pessoas convivem.
A primeira conquista da imaginação sociológica é o entendimento de que os seres
humanos só podem compreender sua existência e analisar seu futuro percebendo-se parte
de um determinado contexto social.
Para compreender as modificações de muitos ambientes pessoais, temos a
necessidade de olharmos além deles. (MILLS, 1975, p.17).
No âmbito dos valores, uma sociedade em constante mudança como a atual gera nos
indivíduos o sentimento de contradição entre os valores.
A Imaginação Sociológica
8. A ciência social contribui, nesse aspecto, ao buscar definir quais são os elementos que
de fato produzem essa inquietação e apatia nos indivíduos; obviamente, conectando-as
às questões sociais.
9. Em defesa da Sociologia
É comum a professores de todas as áreas ouvirem de seus alunos a famosa pergunta:
“Por que estamos estudando isso?
Uma excelente “arma” na defesa da Sociologia é apresentar os frutos da imaginação
sociológica.
10. Tal como Mills, Giddens elabora sua defesa efatiza a relação da sociologia com o nosso
cotidiano em função de temas que a aproximam das inquietações pessoais –
urbanismo, crime, gênero, religião e poder.
A habilidade da sociologia em estabelecer uma relação entre as questões individuais e
as estruturas sociais, desvenda o comportamento humano através da análise das
regularidades e padronizações as quais este se encontra submetido.
Giddens destaca que o anseio pela explicação sociológica para o entendimento do
humano não se afigura hoje tal como Mills esperava que ocorresse.
11. O reforço da Antropologia
Os debates metodológicos da Antropologia também nos permitem acrescentar
ingredientes a esta receita.
O exercício de “transformar o exótico em familiar e o familiar em exótico”
proposto por Roberto Da Matta é um eficiente caminho para despertar a
imaginação sociológica.
A primeira parte da proposta se constitui na avaliação de nossos sistemas
culturais através do olhar para o “outro”.
Desse modo, ao buscarmos compreender outras realidades, possamos
entender a nós mesmos pelos contrastes que se apresentam, relativizando os
nossos próprios costumes.
12. Nesse debate a contribuição do antropólogo Gilberto Velho atenta para o fato
de que nem sempre conhecemos ou entendemos aquilo que tomamos por
particular ou familiar.
Em uma sociedade complexa como a nossa, onde coexistem diferentes
grupos culturais; não é possível afirmar que o cotidiano seja de fato algo que
conhecemos.
13. O Movimento Passe Livre traz para rua a máxima de Wright Mills, de
transformar um problema pessoal de pegar ônibus lotado e pagar caro por
isso, em um assunto público, da necessidade de se rever a política de
transporte da capital paulista.
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15. Ao olhar sociologicamente este movimento, podemos dizer que Wright Mills com certeza
estaria feliz com esta experiência, ao saber que hoje os “homens comuns” sabem bem
que seus problemas não são apenas pessoais, traduzindo-os em lutas e
movimentos por direitos coletivos.
16. A vida é um parágrafo único. A dinâmica da leitura é impressionante – da primeira palavra à última
o tempo passa com tanta rapidez que não percebemos, e quando damos conta já é tarde demais.
O que fizemos evaporou como o éter, o que deixamos de fazer agora não tem a menor
importância. As poucas boas lembranças que ficaram atormentam a alma pela insistência da
recordação, perdem o valor e não servem como referência.
Augusto Avlis