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                                                                                                                 O GLOBO
                                                                                                                          OPINIÃO


        Discriminação e arbítrio no uso de algemas
        A
                  Polícia Federal, a partir do primeiro                  é claro, não ocorria com o habeas corpus con-     graha, um festival de irregularidades, o Supre-                      da caso é um caso e exige a explicação formal
                  governo Lula, realizou várias ope-                     cedido pelo juiz, por considerar que o inqué-     mo Tribunal Federal baixou súmula para limi-                         de por que o preso foi manietado, a regra tem
                  rações de repercussão. Batizadas                       rito policial, de formulação precária, não jus-   tar o uso de algemas, punir abusos e exigir a                        de ser cumprida. Se não, cai-se num vácuo em
                  por nomes criativos, as investidas                     tificava a prisão preventiva. Mas                              justificativa, por escrito, da polí-                    que vale aquilo que decidir o policial. Dois
        policiais, sempre acompanhadas pela im-                          o show já havia sido dado.                                     cia, quando fossem utilizadas. A                        exemplos recentes são esclarecedores do es-
        prensa, convocada com antecedência, gera-                            O uso de algemas sem justifi-                              Corte foi levada a endurecer                            paço existente para o desmando: enquanto
        vam imagens de impacto para o noticiário.                        cativa era constante. O desvio fi-        Súmula do            diante do caso de um preso acu-                         Marcos Valério, do mensalão, foi detido sem
           Raras operações não eram contra empre-                        cou evidente em pelo menos                                     sado de homicídio ter compare-                          ser algemado, William da Rocinha, acusado de
        sários acusados de sonegação ou de estar li-                     duas operações da PF em 2005:            Supremo é             cido ao tribunal do júri algema-                        conivência com o tráfico, apareceu para ser
        gados a algum esquema de corrupção. Inten-                       na sede da Daslu, à época grande                               do. O STF anulou o julgamento.                          fotografado com argolas nos pulsos.
        cionalmente ou não, a linha de trabalho da PF                    e sofisticada loja em São Paulo, e      ignorada por              Como mostrou reportagem de                              O comportamento dos policiais no caso de
        conquistou apoio popular. Pessoas bem ves-                       para deter executivos e acionis-                               ontem do GLOBO, a súmula não                            Marcos Valério, sempre envolvido em opera-
        tidas e algemadas pareciam reforçar a ideia                      tas da Schincariol, fabricante de         polícias e           “pegou”, é letra morta, mesmo                           ções obscuras, foi correto. Por que não fize-
        de uma polícia de fato “republicana” — como                      cerveja. Prisões foram feitas em                               sendo “vinculante” — todas as                           ram o mesmo com William, não conhecido
        costumava qualificar o então ministro da Jus-                    dez estados, além de São Paulo e             juízes            instâncias inferiores da Justiça                        por ser de “alta periculosidade”? Pelas expli-
        tiça Marcio Thomaz Bastos —, um órgão pú-                        Rio de Janeiro. E era indiscutível                             têm de obedecer a ela. Não é o                          cações oficiais, deduz-se que não se cumpriu
        blico de Estado cumpridor da lei, blindado                       que se abusara das algemas. As                                 que acontece. Há vários argu-                           a súmula do STF, ou seja, não houve justifica-
        contra interferências políticas.                                 operações, contra sonegação, fi-                               mentos a favor da algema, inclu-                        tiva específica por escrito. É grande a tenta-
           Não demorou para se detectarem os exces-                      zeram aumentar as críticas. Em algum mo-          sive o da proteção do próprio preso. Nos Es-                         ção de se criticar a diferença de atitude da po-
        sos. Um deles, a própria exposição de acusa-                     mento, a própria PF anunciou a criação de         tados Unidos, pelo menos em Nova York, nem                           lícia nos dois casos pela discriminação social
        dos como se já culpados fossem. Se a deten-                      normas de conduta, mas, em agosto de 2008,        Strauss-Kahn, ainda diretor-gerente do FMI,                          e racial. Mais um motivo para ser cumprida à
        ção conquistava grande destaque, o mesmo,                        depois de detenções feitas na Operação Satia-     escapou delas. Mas, se a lei estabelece que ca-                      risca a súmula do Supremo.



                        Cameron voltou a morar em uma ilha
        O
                  primeiro-ministro David Came-                          partido, o vice-premier Nick Clegg, criticou  Um dos objetivos do novo instrumento é au-                               xelas a apressar o passo rumo a uma maior
                  ron fez um movimento arriscado                         a decisão do primeiro-ministro, mostrando     mentar a credibilidade da zona do euro e                                 integração que pudesse dar respaldo à moe-
                  ao manter a Grã-Bretanha fora                          fissuras na coalizão.                         convencer o Banco Central Europeu a ele-                                 da comum.
                  do pacto de disciplina fiscal                             Para a Grã-Bretanha, o perigo                           var substancialmente a compra                                  A decisão de Cameron embute o risco de
        aprovado semana passada pelos países da                          é cair no isolamento e perder                              de títulos dos países em dificul-                           deixar o país isolado. E talvez não valha cor-
        União Europeia com o objetivo de tentar                          paulatinamente espaço na UE.                               dades, contribuindo para a re-                              rê-lo, pois o argumento do premier, de que
        salvar o euro. O premier alegou que o acor-                      No entanto, embora o país não Primeiro-ministro dução do custo do endivida-                                            sua prioridade é a saúde da City, é inconsis-
        do, que deverá estar pronto em março, não                        tenha aderido ao euro, sua de-                             mento. Não é fácil, pois estatu-                            tente: no caso de um colapso do euro, as on-
        incluiu as salvaguardas necessárias para                         fecção pode enfraquecer, aos        inglês se isola,       tariamente o BCE tem limita-                                das de choque arrastarão também a Grã-
        proteger os serviços financeiros britâni-                        olhos dos ariscos mercados fi-                             ções.                                                       Bretanha e atingirão todos os mercados fi-
        cos, cujo maior símbolo é a City londrina.                       nanceiros, o esforço europeu         abala aliança,            A posição ambivalente da                                nanceiros, hoje intensamente conectados. É
          No curto prazo, houve um ganho político:                       para estancar a crise que amea-                            Grã-Bretanha em relação à UE é                              razoável supor que Cameron tenha se pre-
        o apoio interno aos conservadores, muitos                        ça a moeda comum.                 mas ganha apoio antiga e, no passado, levou De                                       cipitado ao vetar o projeto de acordo de res-
        dos quais são os chamados “eurocéticos”,                            O pacto que amplia a vigilân-                           Gaulle a, por duas vezes, dizer                             ponsabilidade fiscal, o que significou o ali-
        subiu sete pontos percentuais, para 41%, e,                      cia sobre as contas dos gover-            popular          “não” ao ingresso do país. Lon-                             jamento britânico desse instrumento em
        pela primeira vez em 2011, ultrapassou a                         nos busca evitar uma recorrên-                             dres nunca viu com bons olhos                               particular — o país continua fazendo parte
        oposição trabalhista, que recuou dois pon-                       cia da crise que hoje angustia a                           o caminho para uma união po-                                da União Europeia. Tudo indica que ele po-
        tos para 39%, segundo pesquisa Reuters/Ip-                       Europa, e foi aprovado por 23                              lítica na Europa e esteve sem-                              deria ter manobrado diplomaticamente pa-
        sos. Mas há riscos políticos também, pois                        países-membros. Outros três — Suécia,         pre mais interessada na abertura dos mer-                                ra fazer com que a Grã-Bretanha acompa-
        os conservadores de Cameron governam                             Hungria e República Tcheca — decidiram        cados e na livre circulação de mercadorias e                             nhasse o processo, sem que isto significas-
        com os liberais-democratas, e o líder do                         submetê-lo aos respectivos parlamentos.       pessoas. Mas a crise do euro obrigou Bru-                                se a adoção do euro. Aguardemos.




Geisel e Lula                                                                                                                                                                                                                                                     Marcelo
CARLOS ALBERTO SARDENBERG                 capital não se move por ideologia, mas
                                          por... dinheiro. Devia ser um bom negó-



N
          ão foi por acaso que parte cio entrar num país sem competição,
          da esquerda brasileira en- com apoio de um governo local que
          cantou-se com a política não devia satisfações ao Legislativo, ao
          econômica do presidente Judiciário ou à imprensa.
Ernesto Geisel, na década de 70. O ge-      Do mesmo modo, as multinacio-
neral, que trazia uma bronca dos ame- nais do petróleo, hoje, vão topar (ou
ricanos, tinha uma visão muito ao não) o novo modelo de exploração
gosto da chamada ala desenvolvimen- do pré-sal não por motivos políticos,
tista da América Latina: o Estado co- mas pela possibilidade de ganhar (ou
manda as atividades, investindo, fi- não) dinheiro.
nanciando, subsidiando, autorizando         Lula, no regime democrático, substi-
(ou vetando) os negócios e a atuação tuiu o AI-5 pela ampla base partidária,
de empresas. Mais ainda: com a força cooptada e/ou comprada com vanta-
das estatais e seus ban-                                 gens e cargos. Na econo-
cos, o governo organiza                                  mia, sobraram instrumen-
companhias para atuar                                    tos poderosos, como os
em determinadas áreas.         Lula recuperou o bancos públicos, espe-
   O presidente Geisel,                                  cialmente o braço arma-
claro, tinha mais poderes modelo, no que do de empréstimos espe-
do que os governantes da                                 ciais do BNDES. Além dis-
democracia. Todos os se-         foi apoiado e           so, em um país de carga
tores impor tantes da                                    tributária tão elevada,
economia estavam nas              seguido por            qualquer redução dá uma
mãos de estatais, de mo-                                 vantagem enorme ao se-
do que o controle era                 Dilma              tor escolhido. O governo
mais direto. Além disso,                                 Lula-Dilma usa e abusa                         nem ONGs para suspender obras.                      crise mundial dos anos 70, com inflação               mes, como a transposição do Rio São
havia o AI-5. Quando o                                   desse recurso.                                    Já Lula e Dilma passam o tempo todo              e recessão, consequência da alta dos                  Francisco ou o trem-bala.
presidente dizia a um em-                                   Geisel ampliou a ação                       tentando driblar esses “estorvos”, mas              preços do petróleo, de alimentos e, em                  Como Geisel, Lula também herdou
presário ou banqueiro o que deveria da Petrobras, levando-a à petroquími-                               vai tudo mais devagar. Inclusive porque             seguida, do choque de juros, a fonte se-              uma estabilidade construída pela ad-
fazer, a proposta, digamos assim, ti- ca, ao comércio externo e ao varejo dos                           a repartição do governo por critérios               cou e o Brasil quebrou.                               ministração anterior e se beneficiou
nha uma força extra.                      postos de gasolina. O presidente Lula                         partidários retira eficiência da adminis-              Resultaram estatais tão grandes                    de um ambiente internacional extre-
   Mas Lula arranjou um modo de recu- também mandou a Petrobras ampliar                                 tração, abre espaço para a corrupção.               quanto ineficientes. E empresas pri-                  mamente favorável.
perar o modelo, no que foi apoiado e seus negócios e tratou de devolver à es-                              O governo Geisel deixou uma ampla                vadas que não resistiam à menor                         O ambiente internacional está mais
seguido por Dilma. Geisel, por exemplo, tatal parte do poder que perdera com a                          coleção de cemitérios fiscais e empre-              competição. Sem as tetas do gover-                    hostil. E já são visíveis alguns ossos de
era o dono da Vale. Lula não era, mas lei do petróleo de 1997, colocando-a co-                          sariais. Sua presidência beneficiou-se              no, simplesmente sumiram, deixan-                     esqueletos: obras atrasadas e mais ca-
pressionou a mineradora, impôs negó- mo dominante no pré-sal.                                           da estabilidade promovida pelas refor-              do empresários ricos e uma conta pa-                  ras, investimentos ficando pelo cami-
cios e terminou substituindo o presi-       Geisel tocou grandes obras, grandes                         mas da dupla Bulhões/Roberto Cam-                   ra o contribuinte.                                    nho, indústrias locais protegidas (e
dente da companhia. Geisel montou as projetos. Lula, idem. Não é coincidên-                             pos, no governo Castello Branco, e de                  Convém pensar nisso quando Lula e                  ineficientes), gasto público elevado,
famosas companhias da área petroquí- cia que o petista tenha retomado usi-                              uma conjuntura mundial favorável. En-               Dilma forçam os bancos públicos a                     desequilíbrios econômicos voltando,
mica, tripartites, constituídas por uma nas nucleares que constavam do Brasil                           quanto o Brasil conseguiu financiamen-              ampliarem seus financiamentos. Quan-                  como a persistente inflação.
empresa estrangeira, uma nacional pri- Potência do general. Geisel tinha outra                          to externo, com os bancos internacio-               do levam a Petrobras e empresas pri-
vada e uma estatal, na base do um ter- grande vantagem. Na época, não tinha                             nais passando para os países em de-                 vadas a investimentos provavelmente                   CARLOS ALBERTO SARDENBERG é
ço cada. Aliás, convém notar: não fal- licença ambiental, não tinha Ministério                          senvolvimento os petrodólares, a juros              acima de suas capacidades. Ou quan-                   jornalista. E-mail: sardenberg@cbn.com.br;
taram multinacionais interessadas. O Público, nem sindicatos, nem juízes,                               baratos, o modelo ficou de pé. Com a                do o governo toca essas obras enor-                   carlos.sardenberg@tvglobo.com.br.


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          Ciência: Ana Lucia Azevedo; Saúde: Marília Martins;                                                                                                                                   o dobro do de capa atual
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Opinião 15 dez 1

  • 1. 6 Quinta-feira, 15 de dezembro de 2011 . O GLOBO OPINIÃO Discriminação e arbítrio no uso de algemas A Polícia Federal, a partir do primeiro é claro, não ocorria com o habeas corpus con- graha, um festival de irregularidades, o Supre- da caso é um caso e exige a explicação formal governo Lula, realizou várias ope- cedido pelo juiz, por considerar que o inqué- mo Tribunal Federal baixou súmula para limi- de por que o preso foi manietado, a regra tem rações de repercussão. Batizadas rito policial, de formulação precária, não jus- tar o uso de algemas, punir abusos e exigir a de ser cumprida. Se não, cai-se num vácuo em por nomes criativos, as investidas tificava a prisão preventiva. Mas justificativa, por escrito, da polí- que vale aquilo que decidir o policial. Dois policiais, sempre acompanhadas pela im- o show já havia sido dado. cia, quando fossem utilizadas. A exemplos recentes são esclarecedores do es- prensa, convocada com antecedência, gera- O uso de algemas sem justifi- Corte foi levada a endurecer paço existente para o desmando: enquanto vam imagens de impacto para o noticiário. cativa era constante. O desvio fi- Súmula do diante do caso de um preso acu- Marcos Valério, do mensalão, foi detido sem Raras operações não eram contra empre- cou evidente em pelo menos sado de homicídio ter compare- ser algemado, William da Rocinha, acusado de sários acusados de sonegação ou de estar li- duas operações da PF em 2005: Supremo é cido ao tribunal do júri algema- conivência com o tráfico, apareceu para ser gados a algum esquema de corrupção. Inten- na sede da Daslu, à época grande do. O STF anulou o julgamento. fotografado com argolas nos pulsos. cionalmente ou não, a linha de trabalho da PF e sofisticada loja em São Paulo, e ignorada por Como mostrou reportagem de O comportamento dos policiais no caso de conquistou apoio popular. Pessoas bem ves- para deter executivos e acionis- ontem do GLOBO, a súmula não Marcos Valério, sempre envolvido em opera- tidas e algemadas pareciam reforçar a ideia tas da Schincariol, fabricante de polícias e “pegou”, é letra morta, mesmo ções obscuras, foi correto. Por que não fize- de uma polícia de fato “republicana” — como cerveja. Prisões foram feitas em sendo “vinculante” — todas as ram o mesmo com William, não conhecido costumava qualificar o então ministro da Jus- dez estados, além de São Paulo e juízes instâncias inferiores da Justiça por ser de “alta periculosidade”? Pelas expli- tiça Marcio Thomaz Bastos —, um órgão pú- Rio de Janeiro. E era indiscutível têm de obedecer a ela. Não é o cações oficiais, deduz-se que não se cumpriu blico de Estado cumpridor da lei, blindado que se abusara das algemas. As que acontece. Há vários argu- a súmula do STF, ou seja, não houve justifica- contra interferências políticas. operações, contra sonegação, fi- mentos a favor da algema, inclu- tiva específica por escrito. É grande a tenta- Não demorou para se detectarem os exces- zeram aumentar as críticas. Em algum mo- sive o da proteção do próprio preso. Nos Es- ção de se criticar a diferença de atitude da po- sos. Um deles, a própria exposição de acusa- mento, a própria PF anunciou a criação de tados Unidos, pelo menos em Nova York, nem lícia nos dois casos pela discriminação social dos como se já culpados fossem. Se a deten- normas de conduta, mas, em agosto de 2008, Strauss-Kahn, ainda diretor-gerente do FMI, e racial. Mais um motivo para ser cumprida à ção conquistava grande destaque, o mesmo, depois de detenções feitas na Operação Satia- escapou delas. Mas, se a lei estabelece que ca- risca a súmula do Supremo. Cameron voltou a morar em uma ilha O primeiro-ministro David Came- partido, o vice-premier Nick Clegg, criticou Um dos objetivos do novo instrumento é au- xelas a apressar o passo rumo a uma maior ron fez um movimento arriscado a decisão do primeiro-ministro, mostrando mentar a credibilidade da zona do euro e integração que pudesse dar respaldo à moe- ao manter a Grã-Bretanha fora fissuras na coalizão. convencer o Banco Central Europeu a ele- da comum. do pacto de disciplina fiscal Para a Grã-Bretanha, o perigo var substancialmente a compra A decisão de Cameron embute o risco de aprovado semana passada pelos países da é cair no isolamento e perder de títulos dos países em dificul- deixar o país isolado. E talvez não valha cor- União Europeia com o objetivo de tentar paulatinamente espaço na UE. dades, contribuindo para a re- rê-lo, pois o argumento do premier, de que salvar o euro. O premier alegou que o acor- No entanto, embora o país não Primeiro-ministro dução do custo do endivida- sua prioridade é a saúde da City, é inconsis- do, que deverá estar pronto em março, não tenha aderido ao euro, sua de- mento. Não é fácil, pois estatu- tente: no caso de um colapso do euro, as on- incluiu as salvaguardas necessárias para fecção pode enfraquecer, aos inglês se isola, tariamente o BCE tem limita- das de choque arrastarão também a Grã- proteger os serviços financeiros britâni- olhos dos ariscos mercados fi- ções. Bretanha e atingirão todos os mercados fi- cos, cujo maior símbolo é a City londrina. nanceiros, o esforço europeu abala aliança, A posição ambivalente da nanceiros, hoje intensamente conectados. É No curto prazo, houve um ganho político: para estancar a crise que amea- Grã-Bretanha em relação à UE é razoável supor que Cameron tenha se pre- o apoio interno aos conservadores, muitos ça a moeda comum. mas ganha apoio antiga e, no passado, levou De cipitado ao vetar o projeto de acordo de res- dos quais são os chamados “eurocéticos”, O pacto que amplia a vigilân- Gaulle a, por duas vezes, dizer ponsabilidade fiscal, o que significou o ali- subiu sete pontos percentuais, para 41%, e, cia sobre as contas dos gover- popular “não” ao ingresso do país. Lon- jamento britânico desse instrumento em pela primeira vez em 2011, ultrapassou a nos busca evitar uma recorrên- dres nunca viu com bons olhos particular — o país continua fazendo parte oposição trabalhista, que recuou dois pon- cia da crise que hoje angustia a o caminho para uma união po- da União Europeia. Tudo indica que ele po- tos para 39%, segundo pesquisa Reuters/Ip- Europa, e foi aprovado por 23 lítica na Europa e esteve sem- deria ter manobrado diplomaticamente pa- sos. Mas há riscos políticos também, pois países-membros. Outros três — Suécia, pre mais interessada na abertura dos mer- ra fazer com que a Grã-Bretanha acompa- os conservadores de Cameron governam Hungria e República Tcheca — decidiram cados e na livre circulação de mercadorias e nhasse o processo, sem que isto significas- com os liberais-democratas, e o líder do submetê-lo aos respectivos parlamentos. pessoas. Mas a crise do euro obrigou Bru- se a adoção do euro. Aguardemos. Geisel e Lula Marcelo CARLOS ALBERTO SARDENBERG capital não se move por ideologia, mas por... dinheiro. Devia ser um bom negó- N ão foi por acaso que parte cio entrar num país sem competição, da esquerda brasileira en- com apoio de um governo local que cantou-se com a política não devia satisfações ao Legislativo, ao econômica do presidente Judiciário ou à imprensa. Ernesto Geisel, na década de 70. O ge- Do mesmo modo, as multinacio- neral, que trazia uma bronca dos ame- nais do petróleo, hoje, vão topar (ou ricanos, tinha uma visão muito ao não) o novo modelo de exploração gosto da chamada ala desenvolvimen- do pré-sal não por motivos políticos, tista da América Latina: o Estado co- mas pela possibilidade de ganhar (ou manda as atividades, investindo, fi- não) dinheiro. nanciando, subsidiando, autorizando Lula, no regime democrático, substi- (ou vetando) os negócios e a atuação tuiu o AI-5 pela ampla base partidária, de empresas. Mais ainda: com a força cooptada e/ou comprada com vanta- das estatais e seus ban- gens e cargos. Na econo- cos, o governo organiza mia, sobraram instrumen- companhias para atuar tos poderosos, como os em determinadas áreas. Lula recuperou o bancos públicos, espe- O presidente Geisel, cialmente o braço arma- claro, tinha mais poderes modelo, no que do de empréstimos espe- do que os governantes da ciais do BNDES. Além dis- democracia. Todos os se- foi apoiado e so, em um país de carga tores impor tantes da tributária tão elevada, economia estavam nas seguido por qualquer redução dá uma mãos de estatais, de mo- vantagem enorme ao se- do que o controle era Dilma tor escolhido. O governo mais direto. Além disso, Lula-Dilma usa e abusa nem ONGs para suspender obras. crise mundial dos anos 70, com inflação mes, como a transposição do Rio São havia o AI-5. Quando o desse recurso. Já Lula e Dilma passam o tempo todo e recessão, consequência da alta dos Francisco ou o trem-bala. presidente dizia a um em- Geisel ampliou a ação tentando driblar esses “estorvos”, mas preços do petróleo, de alimentos e, em Como Geisel, Lula também herdou presário ou banqueiro o que deveria da Petrobras, levando-a à petroquími- vai tudo mais devagar. Inclusive porque seguida, do choque de juros, a fonte se- uma estabilidade construída pela ad- fazer, a proposta, digamos assim, ti- ca, ao comércio externo e ao varejo dos a repartição do governo por critérios cou e o Brasil quebrou. ministração anterior e se beneficiou nha uma força extra. postos de gasolina. O presidente Lula partidários retira eficiência da adminis- Resultaram estatais tão grandes de um ambiente internacional extre- Mas Lula arranjou um modo de recu- também mandou a Petrobras ampliar tração, abre espaço para a corrupção. quanto ineficientes. E empresas pri- mamente favorável. perar o modelo, no que foi apoiado e seus negócios e tratou de devolver à es- O governo Geisel deixou uma ampla vadas que não resistiam à menor O ambiente internacional está mais seguido por Dilma. Geisel, por exemplo, tatal parte do poder que perdera com a coleção de cemitérios fiscais e empre- competição. Sem as tetas do gover- hostil. E já são visíveis alguns ossos de era o dono da Vale. Lula não era, mas lei do petróleo de 1997, colocando-a co- sariais. Sua presidência beneficiou-se no, simplesmente sumiram, deixan- esqueletos: obras atrasadas e mais ca- pressionou a mineradora, impôs negó- mo dominante no pré-sal. da estabilidade promovida pelas refor- do empresários ricos e uma conta pa- ras, investimentos ficando pelo cami- cios e terminou substituindo o presi- Geisel tocou grandes obras, grandes mas da dupla Bulhões/Roberto Cam- ra o contribuinte. nho, indústrias locais protegidas (e dente da companhia. Geisel montou as projetos. Lula, idem. Não é coincidên- pos, no governo Castello Branco, e de Convém pensar nisso quando Lula e ineficientes), gasto público elevado, famosas companhias da área petroquí- cia que o petista tenha retomado usi- uma conjuntura mundial favorável. En- Dilma forçam os bancos públicos a desequilíbrios econômicos voltando, mica, tripartites, constituídas por uma nas nucleares que constavam do Brasil quanto o Brasil conseguiu financiamen- ampliarem seus financiamentos. Quan- como a persistente inflação. empresa estrangeira, uma nacional pri- Potência do general. Geisel tinha outra to externo, com os bancos internacio- do levam a Petrobras e empresas pri- vada e uma estatal, na base do um ter- grande vantagem. Na época, não tinha nais passando para os países em de- vadas a investimentos provavelmente CARLOS ALBERTO SARDENBERG é ço cada. Aliás, convém notar: não fal- licença ambiental, não tinha Ministério senvolvimento os petrodólares, a juros acima de suas capacidades. Ou quan- jornalista. E-mail: sardenberg@cbn.com.br; taram multinacionais interessadas. O Público, nem sindicatos, nem juízes, baratos, o modelo ficou de pé. Com a do o governo toca essas obras enor- carlos.sardenberg@tvglobo.com.br. ORGANIZAÇÕES GLOBO FA L E C O M O G LO B O Presidente: Roberto Irineu Marinho Classifone: (21) 2534-4333 Para assinar: (21) 2534-4315 ou oglobo.com.br/assine Geral e Redação: (21) 2534-5000 Vice-Presidentes: João Roberto Marinho • José Roberto Marinho AGÊNCIA O GLOBO PUBLICIDADE SUCURSAIS A S S I N AT U R A V E N D A AV U L S A AT E N D I M E N T O OGLOBO DE NOTÍCIAS Noticiário: (21) 2534-4310 Belo Horizonte: Atendimento ao assinante ESTADOS DIAS ÚTEIS DOMINGOS AO LEITOR é publicado pela Infoglobo Comunicação e Participações S.A. 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