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Jornal



                 O Bandeirante
                         Ano XIX - no 214 - setembro de 2010
                         Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP




                         Perfilando o Prêmio Nobel de
                                   Literatura
                                     “O homem é, no universo, uma força, porém superior às outras, pelo pensamento.”
                                                 Thomas Wittlam Atkinson (1799-1861), arquiteto e escritor inglês.


             Helio Begliomini
             Médico urologista
             Presidente da SOBRAMES-SP (2009-2010).


               Quaisquer que sejam as premiações                   a ver com a Fundação Nobel, não deven-                      (Karl Adolph Gjellerup e Henrik Pon-
           em concursos em âmbito nacional ou                      do ser erroneamente denominado de                           toppidan, ambos dinamarqueses); 1966
           mundial, nenhuma delas sequer se apro-                  Prêmio Nobel de Economia.                                   (Shmuel Yosef Agnon, israelense, e Nelly
           xima ao valor do galardão auferido com                      Por sua vez, entre os jurados dos Prê-                  Sachs, alemã) e 1974 (Eyvind Johnson e
           um Nobel.                                               mios Nobel têm-se a Academia Real de                        Harry Martinson, ambos suecos).(...)
               Seu inesquecível mecenas foi Alfred                 Ciências da Suécia para os prêmios de                           Apesar de o português ser falado por
           Bernhard Nobel (1833-1896), quími-                      Física, Química e Economia; Instituto                       230 milhões de pessoas – o quinto idio-
           co sueco, que se tornou milionário por                  Real da Suécia de Medicina e Cirurgia;                      ma mais falado no mundo (!) –, apenas
           causa de suas numerosas descobertas na                  de Caroline para o de Fisiologia ou Me-                     Portugal, dos países lusófonos, recebeu
           área de explosivos, particularmente a                   dicina; Academia de Literatura da Suécia                    um Nobel de Literatura. O nosso Conti-
           dinamite, em 1866, e que passou a ser                   para o de Literatura; e um comitê desig-                    nente Americano recebeu 16 premiações
           comercializada em grande escala no fi-                  nado pelo parlamento norueguês para o                       (15%), sendo que nove destas (56,2%)
           nal do século XIX. Seu gênio inventor                   prêmio da Paz.                                              foram destinadas aos Estados Unidos da
           proporcionou-lhe a detenção de mais                         A cerimônia de premiação é realizada                    América. Dos seis países restantes, um é
           de 350 patentes. Fundou companhias e                    anualmente no dia 10 de dezembro, dia                       da América do Norte (México); dois são
           laboratórios em cerca de 20 países. Tam-                do aniversário da morte de Alfred Ber-                      da América do Sul (Chile e Colômbia), e
           bém escreveu poesia e drama e chegou a                  nhard Nobel. Em Estocolmo – Suécia,                         três são da América Central (Guatemala,
           pensar em se tornar escritor. Entretanto,               para os prêmios de Física, Química, Fisio-                  Santa Lúcia e Trinidad e Tobago), sendo
           era consciente dos perigos que envol-                   logia ou Medicina e Literatura, e, em Oslo                  que dois têm o vernáculo inglês como
           viam o uso indevido de sua invenção e,                  – Noruega, para o da Paz. Os agraciados                     idioma oficial.(...)
           por causa disso, sempre apoiou movi-                    recebem uma medalha de ouro com a efí-                          Ninguém se torna um escritor para
           mentos em prol da paz.                                  gie de Alfred Nobel, gravada com o seu                      receber quaisquer que sejam os prêmios
               Ao falecer era dono de um ciclópico                 nome, um diploma e um prêmio em di-                         e, de modo particular, um Nobel. A vo-
           império industrial. Idealista, destinou                 nheiro, que geralmente ultrapassa a quan-                   cação de escritor flui espontaneamente
           colossal fortuna à criação de uma funda-                tia de 1 milhão de dólares ou euros.                        e se realiza por si mesma. As premiações
           ção que deveria financiar, anualmente,                      A primeira cerimônia de entrega, na                     não são a finalidade, mas meros aciden-
           cinco grandes prêmios internacionais,                   Suécia, ocorreu no Conservatório Real de                    tes de percurso na trajetória de qualquer
           não somente àqueles que serviram ao                     Estocolmo, em 1901. A partir de 1902 os                     profissional. A Sociedade Brasileira de
           bem da humanidade, ou que a ela pro-                    prêmios de Física, Química, Fisiologia ou                   Médicos Escritores – Regional do Estado
           porcionaram benefícios, destacando-se                   Medicina e Literatura são formalmente                       de São Paulo (Sobrames – SP) sabe disso
           em Física, Química, Fisiologia ou Me-                   concedidos pelo rei da Suécia, e o prê-                     há muito tempo. Congratula-se não so-
           dicina, Literatura, mas também àqueles                  mio da Paz, pelo rei da Noruega.                            mente com as deidades do Nobel, mas
           que mais se dedicassem em prol da Paz,                      Ao longo de 108 anos de Prêmio Nobel                    com cada um de seus membros, sobre-
           ou seja, da amizade e do entendimento                   de Literatura (1901-2009), não houve pre-                   modo, com aqueles que jamais recebe-
           entre as nações.                                        miação em sete anos (1914, 1918, 1935,                      ram alguma comenda, pois todos têm
               Em 1968, o Sveriges Riksbank – ban-                 1940, 1941, 1942 e 1943). Houve 41 pa-                      um só denomidador comum – a arte de
           co central sueco – instituiu o Prêmio de                íses agraciados e 106 ganhadores, uma                       compartilhar suas vidas, colocando pe-
           Ciências Econômicas em memória de Al-                   vez que dois autores ganharam nos anos                      culiarmente no papel, em versos ou em
           fred Nobel. Entretanto, essa honraria é                 de 1904 (Frédéric Mistral, francês, e José                  prosa, seus sonhos, anseios, ficções, his-
           custeada pelo banco central e nada tem                  Echegaray y Eizaguirre, espanhol); 1917                     tórias, pensamentos e sentimentos.




setembro 10.indd 1                                                                                                                                                 19/10/2010 23:54:01
2   O BANDEIRANTE - Setembro de 2010



                                                                                                                É sempre prazeroso notar a alegria que tem tomado
            eXPeDIeNte
                                                                                                            conta de nossas Pizzas Literárias, com uma interação en-
           Jornal O Bandeirante
           ANO XIX - no 214 - Setembro 2010
                                                                                                            tre este universo que se forma sempre na terceira quinta-
                                                                                                            feira de cada mês. Assistimos a um feliz casamento entre
           Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos
                                                                                                            amigos, textos, pizzas e principalmente aplausos que to-
           Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP   .                                     dos merecem. Participe desta festa na qual o traje de gala
           Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros
           - São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604
                                                                                                            está vestindo o coração de quem escreve, sinta o prazer de
           Editores: Carlos A. F. Galvão, Roberto A. Aniche. Jornalista                                     participar de uma família que aqui se reúne, fortalecendo
           Responsável e revisora: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb
           17.671 - SP). Colaboradores desta edição: Carlos Augusto
                                                                                                            cada vez mais a nossa Sobrames São Paulo!
           F. Galvão, Geovah Paulo da Cruz, Helio Begliomini, Hélio
           José Déstro, Luiz Jorge Ferreira, Márcia Etelli Coelho,
           Roberto Antonio Aniche, Rodolpho Civile, Sergio Perazzo
           e Walter Whitton Harris.Tiragem desta edição: 300                                                                               Carlos Augusto F. Galvão
           exemplares (papel) e mais de 1.000 exemplares PDF
           enviados por e-mail.                                                                                                            Roberto Antonio Aniche
           Diretoria - Gestão 2009/2010 - Presidente: Helio
           Begliomini. Vice-Presidente: Josyanne Rita de Arruda
           Franco. Primeiro-Secretário: Ligia Terezinha Pezzuto.
           Segundo-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã.
           Primeiro-Tesoureiro: Marcos Gimenes Salun. Segundo-
           Tesoureiro: Roberto Antonio Aniche. Conselho Fiscal
           Efetivos: Flerts Nebó, Carlos Augusto Ferreira Galvão, Luiz
           Jorge Ferreira. Conselho Fiscal Suplentes: Geovah Paulo
           da Cruz; Rodolpho Civile; Helmut Adolf Mataré.


            Matérias assinadas são de responsabilidade de seus
             autores e não representam, necessariamente, a

                                                                                                                   O Malho
                          opinião da Sobrames-SP


                           Editores de O Bandeirante
                                                                             Parece que os sobramistas de Sampa já estão entendendo o espírito da coisa.
           Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992
                                                                          Textos curtos não agridem os ouvidos e o cérebro os analisa, o que não acontece
           Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994
           Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996     com textos longos, próprios para serem degustados em leituras, nunca ouvidos.
           Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000                Foi show! A competência, sobretudo o discernimento dos colegas. Acredito que
           Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009
                                                                          textos cansativos sejam coisas do passado.
           Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009
           Roberto A. Aniche e Carlos A. F. Galvão - janeiro 2010 -

                          Presidentes da Sobrames – SP

           1 Flerts Nebó (1988-1990;1990-1992 e out/2005 a dez/2006)
             o


           2o Helio Begliomini (1992-1994; 2007-2008 e 2009-2010)
           3o Carlos Luiz Campana (1994-1996)
           4o Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)
           5o Walter Whitton Harris (1999-2000)
           6o Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)
           7o Luiz Giovani (2003-2004)
           8o Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)
                                                                           Walter Whitton Harris
                                                                                  Cirurgia do Pé e Tornozelo
                                                                                    Ortopedia e Traumatologia Geral
            Editores: Carlos A. F Galvão, Roberto A. Aniche
                                 .
                                                                                     CRM 18317
            Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto                                          Av. República do Líbano, 344                 Rua Luverci Pereira de Souza, 1797 - Sala 3
            Diagramação: Mateus Marins Cardoso                                         04502-000 - São Paulo - SP                Cidade Universitária - Campinas (19) 3579-3833
            Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica                              Tel. 3885 8535                                 www.veridistec.com.br
                                                                                           Cel. 9932 5098

      
                                CUPOM DE ASSINATURAS*                                                                                             longevità
                   Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00                                                                                     (11) 3531-6675
                  Nome:___________________________________________________________                                               estética facial, corporal e odontológica *
                                                                                                                                 massagem * Drenagem * bronze spray *
                  End.completo: (Rua/Av./etc.) _______________________________________                                                      Nutricionista * rPG
                                                                                                                              Rua Maria Amélia L. de Azevedo, 147 - 1o. andar
                  ________________________________ nº. _______ complemento _________

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                                                                                                                                        Clínica Benatti
                     Grátis:   Além da edição impressa que será enviada por correio, o assinante                                                     Ginecologia
                     receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF)
                                                                                                                                                     Obstetrícia
                                     *Disponível para o público em geral e para não sócios da SOBRAMES-SP
                 Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal à SOBRAMES-SP para REDAÇÃO
                                                                                                                                                     Mastologia
                         “O Bandeirante” R. Costa Rego, 29 - V. Guilhermina - CEP 03542-030 - São Paulo - SP
                      Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega                                                         (11) 2215-2951



setembro 10.indd 2                                                                                                                                                           19/10/2010 23:54:01
SUPLEMENTO LITERÁRIO
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                                                             Notícias
           EXPOSIÇÃO – Os confrades Dumara e Nelson Jacintho apresentam, entre 27 de agosto e 6 de outubro em Ribeirão
           Preto, no Espaço Cultural Pier Luigi Castelfranchi, na Rua Lafaiete, 789 uma vernissage de livros e telas de suas auto-
           rias. Todos os confrades estão convidados a uma visita.



           Eleições e aniversário da Sobrames São Paulo
           Em 16 de setembro a querida Sobrames-SP completou 22 anos de profícua existência.
           Nessa mesma data houve eleição da diretoria para o biênio 2011-2012. Apenas uma chapa concorreu, liderada pela
           sócia Josyanne Rita de Arruda Franco, atual vice-presidente e membro da entidade desde 1991.




                     Estranhas considerações sobre o ser humano
            Rodolpho Civile



              Na Natureza nada se destrói ou se perde, tudo se transforma. É uma lei de Física. Na sociedade huma-
           na o preceito é semelhante: um agrupamento de seres convivem em colaboração mútua. As normas são
           comuns, mas o discernimento entre os membros muda de acordo com o lugar, interesses, desenvolvimento
           intelectual e religioso. Convivem, mas nem sempre se amam... Às vezes, sorrateiramente, se suportam...
              Mudanças...Mudanças... No grande cosmos e no minúsculo cosmos. Principalmente, na mente humana.
           Nela, as três grandes fases: na infância, com os seus brinquedos. Na mocidade, com o trabalho, o estudo
           e o amor. Na velhice, com a aposentadoria, os remédios, as doenças, a comida e a sonolência. Mas, não
           vamos encarar a vida de uma maneira pessimista. Existe o amor! Aquele de que a natureza se utiliza para
           a continuidade... Pelo amor a vida se renova e a morte é anulada. “Aquele que não ama, no escuro anda”.
              O amor se expressa de várias maneiras, principalmente pela língua, algumas bem compridas e vene-
           nosas... Assim: Na fase de namoro e noivado ele é: alto, magro simpático, belo, de olhos azuis fascinantes,
           cabelos compridos sedosos, pele acetinada, barba espessa, nariz grego, boca bem feita, dentes perfeitos,
           queixo dominante, voz tronante, unhas aparadas, mãos grandes delicadas, pés pequenos, silhueta de atleta.
           Um verdadeiro macho latino! Tudo isso, não se considerando a família nobre, um bom emprego e a posse
           de alguns cavalos brancos...
              Na fase pós-casamento ou simplesmente união, como se usa agora, dependendo da situação econômica
           (se ele for um fracassado), ele é ou se transforma em: careca, usa peruca, desdentado, barrigudo, corcunda,
           com um olho de vidro e uma perna de pau e ainda por cima, ou melhor, por baixo, um eunuco. Os cavalos
           brancos ele os utiliza, pois virou cocheiro... A família é falida. Não tem onde cair morta... Agora, se ele
           enriqueceu, estas falhas da natureza são perdoáveis, aceitáveis...
              E ela? Durante o namoro e o noivado: é linda, cabelos loiros compridos, boca, nariz, orelhas, olhos, todos
           maravilhosos... E virgem... Depois do casamento: feia, velha, implicante, gastona, com pneus na barriga
           e silicone nos peitos. Só pensa em comer, dormir, viajar e gastar o dinheiro que não tem... É visionária ou
           idealista... Gostaria e sonha ter ao seu lado um Robert Taylor ou um Tyronne Power. Contenta-se com um
           Clark Gable de “O Vento Levou”. Não vê a hora que o marido bata os borzeguins e vá para o inferno, onde
           ele deveria estar há muito tempo... Tudo isso e o céu também, se a sogra de ambos já morreu...
              No tempo de padre Carmelo, vigário da igreja de Nossa Senhora da Achiropita, no Bexiga, havia sem-
           pre os comentários jocosos das comadres e beatas. Se a noiva entrava de “barriga”, elas não perdoavam o
           noivo. Se ela era namoradeira, diziam: “está vendo, aquela civetona (assanhada, perua), conseguiu pegar
           aquele trouxa. Que pena! Um rapaz de tão boa família!”
              Ah! Ah! O amor! O Amor! Sem ele o que seria deste mundo?
              Vamos rir! Vamos rir! O riso é bom para a saúde: evita as rugas e fortalece as gengivas. O bom humor
           prolonga a vida e afasta os males do corpo e da alma! Portanto: vamos rir! Vamos rir!




setembro 10.indd 3                                                                                                           19/10/2010 23:54:02
4   O BANDEIRANTE - Setembro de 2010
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                                                     Tragédia no mar

            Walter Whitton Harris




               Nunca havia ouvido falar do Arandora Star.
           Durante muitos anos fora tabu entre os britânicos
           comentar a seu respeito, principalmente pelos
           ítalo-escoceses, descendentes dos imigrantes que
           sucumbiram na tragédia que irei relatar.
              Era plena Segunda Guerra Mundial. Nos
           anos que a precederam, havia muitos italianos
           nas Ilhas Britânicas, com uma importante con-
           centração na Escócia. Essas famílias moravam ali
           desde o começo do século XX. Eram vendedores
           de sorvete ou tinham lanchonetes onde se vendia
           peixe e batata frita, uma iguaria que vem até
           nossos dias, conhecida como fish and chips. Muitos
           deles tinham filhos e outros parentes servindo
           nas Forças Armadas Britânicas.
              Havia pouco que a Itália entrara no conflito. O primeiro-ministro Winston Churchill considerou que os
           imigrantes italianos ofereciam perigo à população britânica e achou necessário seu encarceramento. No
           começo de junho de 1940, todos os homens italianos não fardados, entre 18 e 70 anos de idade, foram
           presos pela polícia ou pelos militares, levados de suas casas ou de seu trabalho. Relatórios da Cruz Ver-
           melha comprovam que foram maltratados pelas autoridades e mantidos em campos de internamento, em
           condições desumanas, sem alimentação apropriada, facilidades sanitárias ou assistência médica.
              Os detentos não tinham quaisquer direitos e lhes foram negados até mesmo aqueles básicos permitidos
           a prisioneiros pela Convenção de Genebra. Tiveram seus pertences roubados. Os parentes não foram in-
           formados do que acontecera a seus maridos, irmãos ou pais. Quando foram mandados para o além-mar,
           ninguém foi notificado. As famílias deles que residiam em áreas costeiras foram obrigadas a mudar para
           cidades do interior, sem nenhum apoio governamental. Eram mulheres e crianças sem casa e sem qualquer
           assistência.
              Decidiu-se mandar um grupo de cativos para o Canadá e a Austrália a bordo de um navio de nome
           Arandora Star. Este saiu de Liverpool, levando 1.570 italianos, alemães e judeus. A embarcação fora pintada
           de cinza, parecendo um navio de transporte de tropas. Não levava nenhuma cruz vermelha ou qualquer
           outro meio de identificação e não tinha nenhum comboio de suporte. O número de barcos salva-vidas era
           suficiente para atender a apenas 500 passageiros e havia uma superlotação a bordo. Oitenta por cento da
           tripulação fora engajada na manhã do embarque e não houve nenhum treinamento para emergências nem
           para a tripulação, nem para os soldados ou prisioneiros.
               Na manhã de 2 de julho de 1940, próximo à costa da Irlanda, o Arandora Star foi torpedeado pelos
           alemães e afundou, com a perda de quase 700 vidas, das quais 446 eram de imigrantes italianos que haviam
           feito do Reino Unido sua residência permanente. Muitos dos italianos dormiam no chão do salão de bailes
           do navio quando o torpedo atingiu a embarcação e foram gravemente feridos por estilhaços dos grandes
           espelhos lá existentes.

                                                                                                   continua na próxima página




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SUPLEMENTO LITERÁRIO
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           continuação da página anterior


              Os sobreviventes do Arandora Star foram mais uma vez maltratados pelos britânicos quando chegaram à
           terra firme e, apesar de tudo pelo qual tinham passado, foram colocados em outros navios e transportados
           para campos de internamento na Austrália.
              O governo britânico jamais se desculpou pelo ocorrido às vítimas do Arandora Star. O governo ameri-
           cano, que teve vários campos para japoneses durante a Guerra, mais tarde pediu desculpas e providenciou
           compensação para eles e suas famílias. Entretanto, esses detidos não chegaram a sofrer as mesmas atroci-
           dades dos italianos.
             Anualmente são celebradas missas na Itália e nas comunidades italianas do Reino Unido, em memória
           dos que pereceram, para que nunca se esqueça os sofrimentos pelos quais as vítimas passaram.
              Recentemente, o primeiro-ministro escocês e um arcebispo de origem italiana anunciaram que um me-
           morial seria erguido em Glasgow, próximo à Catedral de St. Andrews, para lembrar essa “tragédia esque-
           cida” e consideraram-no um “símbolo adequado” da amizade existente entre a Escócia e a Itália. Contudo,
           muitos não concordam com isso: gostariam de ouvir desculpas oficiais do governo britânico e ver as famílias
           compensadas pela perda de seus entes queridos.




                                            Quarto de entulhos

            Sergio Perazzo




              Nos papéis que se avolumam no tampo da escrivaninha, um não mais acabar de memórias. Objetos
           inumeráveis nas prateleiras da estante. Não importa se bibelôs, gatos de louça, medalhas antigas, peças de
           cerâmica, pequenas esculturas, bonequinhos de papel machê, máscaras africanas, uma tapeçaria berrante
           de Quito, um pedaço de papiro egípcio, um mapa-múndi envelhecido por mil navegações imaginárias,
           uma bailarina de porcelana em graciosa reverência.
              Não são enfeites, são afetos apenas, colecionados na passagem dos dias. Porta-retratos balizando ins-
           tantâneos desenxabidos ou irreverentes de adolescência, penteados mirabolantes (diria escalafobéticos?)
           ou línguas de fora, ou de ingênua ou espaçosa infância de tudo querer participar com a intensidade que a
           vida nunca mais ousou repetir, nunca mais reproduziu brilhar (nada pior que uma infância contida). Cacos
           de um longo estilhaçamento a teimar permanecer na lembrança, sem que se queira jogar fora ou esquecer
           no quarto de entulhos, espirrando bolas de marfim numa mesa de bilhar. Na pilha empoeirada das quase
           inutilidades. Caixas de papelão. Tampas de isopor. Fitas descoloridas que amarraram presentes e olhos em
           embrulhos de natais e páscoas. Em cada um de todos os aniversários com seus bolos confeitados com flores
           de anilina coloridas, que dava pena de comer, e o resto de granulado de chocolate no fundo das forminhas
           de brigadeiro, a ponta dos dedos pegajosa de quindins e cajuzinhos de amendoim.
              No fundo da gaveta, envelopes manchados de sobrescritos, o endereço do amor já meio apagado, como
           tinta invisível de tudo que faltou dizer das emoções não realmente vividas. Estandarte encardido de sonhos.
           Mortalha de paixões não mais revividas ou revisitadas. Telescópio embaçado de fragmentos de recordações
           que migraram no inverno com os pássaros loucos, batendo as asas por verões distantes, em formação de
           esquadrilha, sumindo na nuvem que antecede a tempestade ou que somente emoldura um esboço de raio
           de sol teimando amanhecer, insistindo dissolver o orvalho, lágrimas de pedra a congelar o verde e o velu-
           do das folhas da macieira que guardava o muro de tijolo do fundo do quintal. Bem ali onde se divisava o
           reflexo do vidro da janela do vizinho e o gancho de pendurar rede na sesta preguiçosa do meio-dia.




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6   O BANDEIRANTE - Setembro de 2010
                                                                                              SUPLEMENTO LITERÁRIO




                     Um triste 2 de julho

            Márcia Etelli Coelho



                 No ruidoso estádio sul-africano
                 um grito, bem alto, o mundo todo ouviu.
                 No rosto do povo, muita dor e espanto:
                 o grito de GOL era contra o Brasil.

                 Mais um favorito deixaria a Copa
                 por despreparo, arrogância ou azar.
                 E o meu coração, no amargor da derrota,
                 segura o choro... Vontade é de xingar!          Imagination, without
                 O sonho desfeito abraça a realidade.
                 Não dá mais pra encobrir imensas mazelas.
                                                                      rebolation
                 O placar me obriga a encarar a verdade.
                 Irritada estou com as mil vuvuzelas.          Geovah Paulo da Cruz
                                                               Médico - Biólogo - Escritor
                 Perdemos o hexa e eu pergunto: E daí?
                 A vida prossegue... É bola pra frente!
                 E eu posso ajudar a mim mesma e ao País.        Em sonho uma melosa sereia
                 No próximo voto ser mais consciente.            Cantou-me um samba-canção;
                                                                 Eu mergulhei de sapato e meia
                 Com a urna e a lei, vou driblar os entraves     No mar da imaginação.
                 e todo infiel jogar para escanteio.
                                                                 Ainda que me prendessem com peia,
                 Um craque serei com belíssimos passes
                 no progresso feliz de um lance certeiro.        Fosse ela bonita ou feia,
                                                                 Eu tentaria uma fecundação.
                 Vitórias, eu sei, hei de ter no futuro.         Pro instinto não tem cadeia,
                 Meu Brasil se destina a ser campeão.
                                                                 Gozar é uma compulsão.
                 Mas o céu, de repente, ficou tão escuro
                                                                 Seria virgem aquela sereia?
                 que eu irei me animar... Mas, hoje, não!
                                                                 Tingiria o mar com menstruação?
                 Hoje eu descobri o avesso do sonho              Para curiosidade minha ou alheia
                 Ao ver o meu filho em frente à janela           Nem soube se era mulher ou cação.
                 retirar em silêncio, lento e tristonho,
                                                                 A água ocultava seu “rebolation”
                 a velha bandeirola verde e amarela.
                                                                 Eu quis levá-la para areia
                                                                 Mas não venci sua “esquivation”.
                                                                 Tentar, tentei. Amar, quase amei-a
                                                                 E sequer alcancei uma noturna polução.
                                                                 A quem que me ouça ou me leia:
                                                                 -Nem mesmo com imaginação...
                                                                 Sonhos e fantasias me ocupem
                                                                 Com outro tipo de fêmea fatal.
                                                                 As sereias que me desculpem:
                                                                 Mas, xota é fundamental!




setembro 10.indd 6                                                                                            19/10/2010 23:54:03
sUPLemeNto LIterÁrIo
                                                                              O BANDEIRANTE - Setembro de 2010       7
                                    No contexto
            Luiz Jorge Ferreira



              Doutro lado do aquário estavam, o sol por trás da janela, um pé de     Dr. Carlos Augusto Galvão
           jabuticaba.                                                               Psiquiatria e Psicoterapia
              Duas aranhas que, transando naturalmente, balançavam na teia, ao
                                                                                     Rua Maestro Cardim, 517
           sopro de uma brisa preguiçosa.                                            Paraíso – Tel: 3541-2593

              Deste lado Liborio atirava comida de peixe para suas duas pai-
           xões. Um carpado quase azulado e um tigre avermelhado, ambos de                PUBLICIDADE
                                                                                          TABELA DE PREÇOS 2009
           espécies diferentes e os dois machos. O primeiro ele ganhara em uma           (valor do anúncio por edição)
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                                                                                      3 módulos horizontais   R$ 90,00
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              Liborio chegou da Espanha todo assado. Maldita hora em que fora         6 módulos               R$ 180,00
           montar. Por duas horas galopara como um dos personagens de Rodol-          Outros tamanhos         sob consulta
           fo Valentino. Quase cairá e isto lhe rendera duas carnes vivas entre as
                                                                                        sobramessaopaulo@gmail.com
           virilhas. E uma dor extrema ao defecar.
             Do sofá viu o aquário. Estava iluminado pelos últimos raios de sol
           que se dividia em nuances coloridas por ação do vidro fosco da janela.    reVIsÃo
              Esperou que ela ligasse. Dois meses sem vê-la. Podia imaginá-la        de textos em geral
           entre espumas e bocejos comendo avelãs. Sempre explosiva e fatal.
                                                                                     Ligia Pezzuto
              Embrulhou as aranhas em um papel laminado e as pôs para assar          Especialista em Língua Portuguesa
           no micro-ondas por 15 segundos. Tomou a água do Aquário e depen-           (11) 3864-4494 ou 8546-1725
           durou os dois peixes satisfeitos de ração para secar na jabuticabeira.
           Ligou o telefone celular no site de música e ficou a ouvir Elis Regina
                                                                                      roberto CAetANo mIrAGLIA
           cantando “Dois pra lá e dois pra cá”. Como se ela estivesse viva ali na     ADVoGADo - oAb-sP 51.532
           sala próxima à cristaleira cheia de copos nunca usados. Dançou do
           sofá a geladeira sempre em uma das pernas. À esquerda.                    ADVOCACIA – ADMINISTRAÇÃO DE BENS
                                                                                      NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS – LOCAÇÃO
              Esta era a mais curta, porém a mais forte, suportava seu peso, mas        COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS
           balançava como um pêndulo.                                                ASSESSORIA E CONSULTORIA JURÍDICA
                                                                                     teLeFoNes: (11) 3277-1192 – 3207-9224
                 Ouviu o som da campainha tocando.
                 Espremeu algumas gotas de limão sobre o prato de jabuticabas.
                                                                                     terminou de
             Riscou o seu retrato sobre um baú envelhecido com traços fortes de      escrever seu
           uma caneta de cor preta para acentuar as sobrancelhas espessas.
                                                                                     livro? então
              Rápido abriu o trinco facilitando a entrada dela na sala. Mais rá-     publique!
           pido ainda, correu e se escondeu dentro do baú. Como um passe de
           mágica.
                                                                                     Nesta hora importante, não deixe de
              Quando ela entrou na sala, a sala estava cheia de um cheiro de         consultar a rUmo eDItorIAL.
           aranhas queimadas.                                                        Publicações com qualidade impecável,
                                                                                     dedicação, cuidado artesanal e preço
              Ela não o encontrando, ficou gritando de raiva, logo em seguida,       justo. Você não tem mais desculpas
           arrastou o baú e o atirou dentro do aquário. Saiu carregando o par de     para deixar seu talento na gaveta.
           sapatos nos dedos da mão direita.                                            rumoeditorial@uol.com.br
                                                                                             (11) 9182-4815
                 Não ligando a mínima para o celular que tocava insistentemente.




setembro 10.indd 7                                                                                                      19/10/2010 23:54:03
8   O BANDEIRANTE - Setembro de 2010
                                                                                                 SUPLEMENTO LITERÁRIO




                                 “O bebê e o ancião” (são extremos)

            Hélio José Déstro




                 Aqui... Ali

                 O bebê é um musical infantil... o ancião um péssimo dramalhão.
                 O bebê ao sorrir encanta... o ancião seu sorriso desencanta.
                 O bebê ao comer é um lindo porquinho... o ancião é o verdadeiro porcão.
                 No sono o bebê está na paz de DEUS...o ancião não dorme, anda é um deus nos acuda.
                 Os primeiros passos quanta emoção... os trôpegos passos traz preocupação.
                 Quando o bebê faz cocô quanta alegria... o ancião só faz porcaria.
                 Se o ancião fizer cocô fora da bacia não tem educação.
                 Mas cocô normal do bebê traz enorme alegria.

                 Se o bebê chorar será sempre mimado... o ancião é sempre criticado.
                 Bebê lindo... de todos tem semelhança é sempre admirado.
                 O ancião quer e deseja só ser elogiado.
                 Após a mamada é bom o bebê dar um alto arroto. O ancião, só dá camuflado.
                 Se o bebê for turrão, chorão e teimoso é sempre perdoado.
                 Se o ancião for turrão, teimoso é um velho safado.
                 O bebê ao dar os primeiros passos quanta beleza.
                 O ancião só dá passos com plena certeza.

                 Ao pronunciar as primeiras palavras é motivo de grande satisfação.
                 O ancião fala sozinho e sempre os mesmos assuntos.
                 O bebê é como os três macacos: surdo, cego e mudo.
                 O ancião perde o direito de ouvir, perde a visão e é proibido de aconselhar.
                 Bebê de pele é tenra, macia e sedosa.
                 O ancião enrugado, estriado, todo pintado é de pele sebosa.
                 Se o bebê nascer careca tem acolhida.
                 O ancião perde os cabelos, que embranquecem final do ciclo da vida.

                 O bebê é o presente com sonhos de futuro, o ancião é passado e suas saudades.
                 Um é o princípio, a busca da felicidade, ao outro se entreabre a porta da eternidade.

                 Viver não é nada...
                 Saber viver é tudo

                 Enfim quem soube viver não tem medo de morrer.

                 O ancião passou por todas as fases...

                 Não tem o que reclamar.
                 O bebê quer amor e tem amor a dar.

                 – Em plena idade... Será?




setembro 10.indd 8                                                                                               19/10/2010 23:54:04

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O Bandeirante - n.214 - Setembro de 2010

  • 1. Jornal O Bandeirante Ano XIX - no 214 - setembro de 2010 Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP Perfilando o Prêmio Nobel de Literatura “O homem é, no universo, uma força, porém superior às outras, pelo pensamento.” Thomas Wittlam Atkinson (1799-1861), arquiteto e escritor inglês. Helio Begliomini Médico urologista Presidente da SOBRAMES-SP (2009-2010). Quaisquer que sejam as premiações a ver com a Fundação Nobel, não deven- (Karl Adolph Gjellerup e Henrik Pon- em concursos em âmbito nacional ou do ser erroneamente denominado de toppidan, ambos dinamarqueses); 1966 mundial, nenhuma delas sequer se apro- Prêmio Nobel de Economia. (Shmuel Yosef Agnon, israelense, e Nelly xima ao valor do galardão auferido com Por sua vez, entre os jurados dos Prê- Sachs, alemã) e 1974 (Eyvind Johnson e um Nobel. mios Nobel têm-se a Academia Real de Harry Martinson, ambos suecos).(...) Seu inesquecível mecenas foi Alfred Ciências da Suécia para os prêmios de Apesar de o português ser falado por Bernhard Nobel (1833-1896), quími- Física, Química e Economia; Instituto 230 milhões de pessoas – o quinto idio- co sueco, que se tornou milionário por Real da Suécia de Medicina e Cirurgia; ma mais falado no mundo (!) –, apenas causa de suas numerosas descobertas na de Caroline para o de Fisiologia ou Me- Portugal, dos países lusófonos, recebeu área de explosivos, particularmente a dicina; Academia de Literatura da Suécia um Nobel de Literatura. O nosso Conti- dinamite, em 1866, e que passou a ser para o de Literatura; e um comitê desig- nente Americano recebeu 16 premiações comercializada em grande escala no fi- nado pelo parlamento norueguês para o (15%), sendo que nove destas (56,2%) nal do século XIX. Seu gênio inventor prêmio da Paz. foram destinadas aos Estados Unidos da proporcionou-lhe a detenção de mais A cerimônia de premiação é realizada América. Dos seis países restantes, um é de 350 patentes. Fundou companhias e anualmente no dia 10 de dezembro, dia da América do Norte (México); dois são laboratórios em cerca de 20 países. Tam- do aniversário da morte de Alfred Ber- da América do Sul (Chile e Colômbia), e bém escreveu poesia e drama e chegou a nhard Nobel. Em Estocolmo – Suécia, três são da América Central (Guatemala, pensar em se tornar escritor. Entretanto, para os prêmios de Física, Química, Fisio- Santa Lúcia e Trinidad e Tobago), sendo era consciente dos perigos que envol- logia ou Medicina e Literatura, e, em Oslo que dois têm o vernáculo inglês como viam o uso indevido de sua invenção e, – Noruega, para o da Paz. Os agraciados idioma oficial.(...) por causa disso, sempre apoiou movi- recebem uma medalha de ouro com a efí- Ninguém se torna um escritor para mentos em prol da paz. gie de Alfred Nobel, gravada com o seu receber quaisquer que sejam os prêmios Ao falecer era dono de um ciclópico nome, um diploma e um prêmio em di- e, de modo particular, um Nobel. A vo- império industrial. Idealista, destinou nheiro, que geralmente ultrapassa a quan- cação de escritor flui espontaneamente colossal fortuna à criação de uma funda- tia de 1 milhão de dólares ou euros. e se realiza por si mesma. As premiações ção que deveria financiar, anualmente, A primeira cerimônia de entrega, na não são a finalidade, mas meros aciden- cinco grandes prêmios internacionais, Suécia, ocorreu no Conservatório Real de tes de percurso na trajetória de qualquer não somente àqueles que serviram ao Estocolmo, em 1901. A partir de 1902 os profissional. A Sociedade Brasileira de bem da humanidade, ou que a ela pro- prêmios de Física, Química, Fisiologia ou Médicos Escritores – Regional do Estado porcionaram benefícios, destacando-se Medicina e Literatura são formalmente de São Paulo (Sobrames – SP) sabe disso em Física, Química, Fisiologia ou Me- concedidos pelo rei da Suécia, e o prê- há muito tempo. Congratula-se não so- dicina, Literatura, mas também àqueles mio da Paz, pelo rei da Noruega. mente com as deidades do Nobel, mas que mais se dedicassem em prol da Paz, Ao longo de 108 anos de Prêmio Nobel com cada um de seus membros, sobre- ou seja, da amizade e do entendimento de Literatura (1901-2009), não houve pre- modo, com aqueles que jamais recebe- entre as nações. miação em sete anos (1914, 1918, 1935, ram alguma comenda, pois todos têm Em 1968, o Sveriges Riksbank – ban- 1940, 1941, 1942 e 1943). Houve 41 pa- um só denomidador comum – a arte de co central sueco – instituiu o Prêmio de íses agraciados e 106 ganhadores, uma compartilhar suas vidas, colocando pe- Ciências Econômicas em memória de Al- vez que dois autores ganharam nos anos culiarmente no papel, em versos ou em fred Nobel. Entretanto, essa honraria é de 1904 (Frédéric Mistral, francês, e José prosa, seus sonhos, anseios, ficções, his- custeada pelo banco central e nada tem Echegaray y Eizaguirre, espanhol); 1917 tórias, pensamentos e sentimentos. setembro 10.indd 1 19/10/2010 23:54:01
  • 2. 2 O BANDEIRANTE - Setembro de 2010 É sempre prazeroso notar a alegria que tem tomado eXPeDIeNte conta de nossas Pizzas Literárias, com uma interação en- Jornal O Bandeirante ANO XIX - no 214 - Setembro 2010 tre este universo que se forma sempre na terceira quinta- feira de cada mês. Assistimos a um feliz casamento entre Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos amigos, textos, pizzas e principalmente aplausos que to- Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP . dos merecem. Participe desta festa na qual o traje de gala Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 está vestindo o coração de quem escreve, sinta o prazer de Editores: Carlos A. F. Galvão, Roberto A. Aniche. Jornalista participar de uma família que aqui se reúne, fortalecendo Responsável e revisora: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671 - SP). Colaboradores desta edição: Carlos Augusto cada vez mais a nossa Sobrames São Paulo! F. Galvão, Geovah Paulo da Cruz, Helio Begliomini, Hélio José Déstro, Luiz Jorge Ferreira, Márcia Etelli Coelho, Roberto Antonio Aniche, Rodolpho Civile, Sergio Perazzo e Walter Whitton Harris.Tiragem desta edição: 300 Carlos Augusto F. Galvão exemplares (papel) e mais de 1.000 exemplares PDF enviados por e-mail. Roberto Antonio Aniche Diretoria - Gestão 2009/2010 - Presidente: Helio Begliomini. Vice-Presidente: Josyanne Rita de Arruda Franco. Primeiro-Secretário: Ligia Terezinha Pezzuto. Segundo-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-Tesoureiro: Marcos Gimenes Salun. Segundo- Tesoureiro: Roberto Antonio Aniche. Conselho Fiscal Efetivos: Flerts Nebó, Carlos Augusto Ferreira Galvão, Luiz Jorge Ferreira. Conselho Fiscal Suplentes: Geovah Paulo da Cruz; Rodolpho Civile; Helmut Adolf Mataré. Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a O Malho opinião da Sobrames-SP Editores de O Bandeirante Parece que os sobramistas de Sampa já estão entendendo o espírito da coisa. Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992 Textos curtos não agridem os ouvidos e o cérebro os analisa, o que não acontece Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994 Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996 com textos longos, próprios para serem degustados em leituras, nunca ouvidos. Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000 Foi show! A competência, sobretudo o discernimento dos colegas. Acredito que Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009 textos cansativos sejam coisas do passado. Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009 Roberto A. Aniche e Carlos A. F. Galvão - janeiro 2010 - Presidentes da Sobrames – SP 1 Flerts Nebó (1988-1990;1990-1992 e out/2005 a dez/2006) o 2o Helio Begliomini (1992-1994; 2007-2008 e 2009-2010) 3o Carlos Luiz Campana (1994-1996) 4o Paulo Adolpho Leierer (1996-1998) 5o Walter Whitton Harris (1999-2000) 6o Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002) 7o Luiz Giovani (2003-2004) 8o Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005) Walter Whitton Harris Cirurgia do Pé e Tornozelo Ortopedia e Traumatologia Geral Editores: Carlos A. F Galvão, Roberto A. Aniche . CRM 18317 Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto Av. República do Líbano, 344 Rua Luverci Pereira de Souza, 1797 - Sala 3 Diagramação: Mateus Marins Cardoso 04502-000 - São Paulo - SP Cidade Universitária - Campinas (19) 3579-3833 Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica Tel. 3885 8535 www.veridistec.com.br Cel. 9932 5098  CUPOM DE ASSINATURAS* longevità Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00 (11) 3531-6675 Nome:___________________________________________________________ estética facial, corporal e odontológica * massagem * Drenagem * bronze spray * End.completo: (Rua/Av./etc.) _______________________________________ Nutricionista * rPG Rua Maria Amélia L. de Azevedo, 147 - 1o. andar ________________________________ nº. _______ complemento _________ Cidade:_____________ Estado:_____ E-mail:___________________________ Clínica Benatti Grátis: Além da edição impressa que será enviada por correio, o assinante Ginecologia receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF) Obstetrícia *Disponível para o público em geral e para não sócios da SOBRAMES-SP Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal à SOBRAMES-SP para REDAÇÃO Mastologia “O Bandeirante” R. Costa Rego, 29 - V. Guilhermina - CEP 03542-030 - São Paulo - SP Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega (11) 2215-2951 setembro 10.indd 2 19/10/2010 23:54:01
  • 3. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Setembro de 2010 3 Notícias EXPOSIÇÃO – Os confrades Dumara e Nelson Jacintho apresentam, entre 27 de agosto e 6 de outubro em Ribeirão Preto, no Espaço Cultural Pier Luigi Castelfranchi, na Rua Lafaiete, 789 uma vernissage de livros e telas de suas auto- rias. Todos os confrades estão convidados a uma visita. Eleições e aniversário da Sobrames São Paulo Em 16 de setembro a querida Sobrames-SP completou 22 anos de profícua existência. Nessa mesma data houve eleição da diretoria para o biênio 2011-2012. Apenas uma chapa concorreu, liderada pela sócia Josyanne Rita de Arruda Franco, atual vice-presidente e membro da entidade desde 1991. Estranhas considerações sobre o ser humano Rodolpho Civile Na Natureza nada se destrói ou se perde, tudo se transforma. É uma lei de Física. Na sociedade huma- na o preceito é semelhante: um agrupamento de seres convivem em colaboração mútua. As normas são comuns, mas o discernimento entre os membros muda de acordo com o lugar, interesses, desenvolvimento intelectual e religioso. Convivem, mas nem sempre se amam... Às vezes, sorrateiramente, se suportam... Mudanças...Mudanças... No grande cosmos e no minúsculo cosmos. Principalmente, na mente humana. Nela, as três grandes fases: na infância, com os seus brinquedos. Na mocidade, com o trabalho, o estudo e o amor. Na velhice, com a aposentadoria, os remédios, as doenças, a comida e a sonolência. Mas, não vamos encarar a vida de uma maneira pessimista. Existe o amor! Aquele de que a natureza se utiliza para a continuidade... Pelo amor a vida se renova e a morte é anulada. “Aquele que não ama, no escuro anda”. O amor se expressa de várias maneiras, principalmente pela língua, algumas bem compridas e vene- nosas... Assim: Na fase de namoro e noivado ele é: alto, magro simpático, belo, de olhos azuis fascinantes, cabelos compridos sedosos, pele acetinada, barba espessa, nariz grego, boca bem feita, dentes perfeitos, queixo dominante, voz tronante, unhas aparadas, mãos grandes delicadas, pés pequenos, silhueta de atleta. Um verdadeiro macho latino! Tudo isso, não se considerando a família nobre, um bom emprego e a posse de alguns cavalos brancos... Na fase pós-casamento ou simplesmente união, como se usa agora, dependendo da situação econômica (se ele for um fracassado), ele é ou se transforma em: careca, usa peruca, desdentado, barrigudo, corcunda, com um olho de vidro e uma perna de pau e ainda por cima, ou melhor, por baixo, um eunuco. Os cavalos brancos ele os utiliza, pois virou cocheiro... A família é falida. Não tem onde cair morta... Agora, se ele enriqueceu, estas falhas da natureza são perdoáveis, aceitáveis... E ela? Durante o namoro e o noivado: é linda, cabelos loiros compridos, boca, nariz, orelhas, olhos, todos maravilhosos... E virgem... Depois do casamento: feia, velha, implicante, gastona, com pneus na barriga e silicone nos peitos. Só pensa em comer, dormir, viajar e gastar o dinheiro que não tem... É visionária ou idealista... Gostaria e sonha ter ao seu lado um Robert Taylor ou um Tyronne Power. Contenta-se com um Clark Gable de “O Vento Levou”. Não vê a hora que o marido bata os borzeguins e vá para o inferno, onde ele deveria estar há muito tempo... Tudo isso e o céu também, se a sogra de ambos já morreu... No tempo de padre Carmelo, vigário da igreja de Nossa Senhora da Achiropita, no Bexiga, havia sem- pre os comentários jocosos das comadres e beatas. Se a noiva entrava de “barriga”, elas não perdoavam o noivo. Se ela era namoradeira, diziam: “está vendo, aquela civetona (assanhada, perua), conseguiu pegar aquele trouxa. Que pena! Um rapaz de tão boa família!” Ah! Ah! O amor! O Amor! Sem ele o que seria deste mundo? Vamos rir! Vamos rir! O riso é bom para a saúde: evita as rugas e fortalece as gengivas. O bom humor prolonga a vida e afasta os males do corpo e da alma! Portanto: vamos rir! Vamos rir! setembro 10.indd 3 19/10/2010 23:54:02
  • 4. 4 O BANDEIRANTE - Setembro de 2010 SUPLEMENTO LITERÁRIO Tragédia no mar Walter Whitton Harris Nunca havia ouvido falar do Arandora Star. Durante muitos anos fora tabu entre os britânicos comentar a seu respeito, principalmente pelos ítalo-escoceses, descendentes dos imigrantes que sucumbiram na tragédia que irei relatar. Era plena Segunda Guerra Mundial. Nos anos que a precederam, havia muitos italianos nas Ilhas Britânicas, com uma importante con- centração na Escócia. Essas famílias moravam ali desde o começo do século XX. Eram vendedores de sorvete ou tinham lanchonetes onde se vendia peixe e batata frita, uma iguaria que vem até nossos dias, conhecida como fish and chips. Muitos deles tinham filhos e outros parentes servindo nas Forças Armadas Britânicas. Havia pouco que a Itália entrara no conflito. O primeiro-ministro Winston Churchill considerou que os imigrantes italianos ofereciam perigo à população britânica e achou necessário seu encarceramento. No começo de junho de 1940, todos os homens italianos não fardados, entre 18 e 70 anos de idade, foram presos pela polícia ou pelos militares, levados de suas casas ou de seu trabalho. Relatórios da Cruz Ver- melha comprovam que foram maltratados pelas autoridades e mantidos em campos de internamento, em condições desumanas, sem alimentação apropriada, facilidades sanitárias ou assistência médica. Os detentos não tinham quaisquer direitos e lhes foram negados até mesmo aqueles básicos permitidos a prisioneiros pela Convenção de Genebra. Tiveram seus pertences roubados. Os parentes não foram in- formados do que acontecera a seus maridos, irmãos ou pais. Quando foram mandados para o além-mar, ninguém foi notificado. As famílias deles que residiam em áreas costeiras foram obrigadas a mudar para cidades do interior, sem nenhum apoio governamental. Eram mulheres e crianças sem casa e sem qualquer assistência. Decidiu-se mandar um grupo de cativos para o Canadá e a Austrália a bordo de um navio de nome Arandora Star. Este saiu de Liverpool, levando 1.570 italianos, alemães e judeus. A embarcação fora pintada de cinza, parecendo um navio de transporte de tropas. Não levava nenhuma cruz vermelha ou qualquer outro meio de identificação e não tinha nenhum comboio de suporte. O número de barcos salva-vidas era suficiente para atender a apenas 500 passageiros e havia uma superlotação a bordo. Oitenta por cento da tripulação fora engajada na manhã do embarque e não houve nenhum treinamento para emergências nem para a tripulação, nem para os soldados ou prisioneiros. Na manhã de 2 de julho de 1940, próximo à costa da Irlanda, o Arandora Star foi torpedeado pelos alemães e afundou, com a perda de quase 700 vidas, das quais 446 eram de imigrantes italianos que haviam feito do Reino Unido sua residência permanente. Muitos dos italianos dormiam no chão do salão de bailes do navio quando o torpedo atingiu a embarcação e foram gravemente feridos por estilhaços dos grandes espelhos lá existentes. continua na próxima página setembro 10.indd 4 19/10/2010 23:54:02
  • 5. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Setembro de 2010 5 continuação da página anterior Os sobreviventes do Arandora Star foram mais uma vez maltratados pelos britânicos quando chegaram à terra firme e, apesar de tudo pelo qual tinham passado, foram colocados em outros navios e transportados para campos de internamento na Austrália. O governo britânico jamais se desculpou pelo ocorrido às vítimas do Arandora Star. O governo ameri- cano, que teve vários campos para japoneses durante a Guerra, mais tarde pediu desculpas e providenciou compensação para eles e suas famílias. Entretanto, esses detidos não chegaram a sofrer as mesmas atroci- dades dos italianos. Anualmente são celebradas missas na Itália e nas comunidades italianas do Reino Unido, em memória dos que pereceram, para que nunca se esqueça os sofrimentos pelos quais as vítimas passaram. Recentemente, o primeiro-ministro escocês e um arcebispo de origem italiana anunciaram que um me- morial seria erguido em Glasgow, próximo à Catedral de St. Andrews, para lembrar essa “tragédia esque- cida” e consideraram-no um “símbolo adequado” da amizade existente entre a Escócia e a Itália. Contudo, muitos não concordam com isso: gostariam de ouvir desculpas oficiais do governo britânico e ver as famílias compensadas pela perda de seus entes queridos. Quarto de entulhos Sergio Perazzo Nos papéis que se avolumam no tampo da escrivaninha, um não mais acabar de memórias. Objetos inumeráveis nas prateleiras da estante. Não importa se bibelôs, gatos de louça, medalhas antigas, peças de cerâmica, pequenas esculturas, bonequinhos de papel machê, máscaras africanas, uma tapeçaria berrante de Quito, um pedaço de papiro egípcio, um mapa-múndi envelhecido por mil navegações imaginárias, uma bailarina de porcelana em graciosa reverência. Não são enfeites, são afetos apenas, colecionados na passagem dos dias. Porta-retratos balizando ins- tantâneos desenxabidos ou irreverentes de adolescência, penteados mirabolantes (diria escalafobéticos?) ou línguas de fora, ou de ingênua ou espaçosa infância de tudo querer participar com a intensidade que a vida nunca mais ousou repetir, nunca mais reproduziu brilhar (nada pior que uma infância contida). Cacos de um longo estilhaçamento a teimar permanecer na lembrança, sem que se queira jogar fora ou esquecer no quarto de entulhos, espirrando bolas de marfim numa mesa de bilhar. Na pilha empoeirada das quase inutilidades. Caixas de papelão. Tampas de isopor. Fitas descoloridas que amarraram presentes e olhos em embrulhos de natais e páscoas. Em cada um de todos os aniversários com seus bolos confeitados com flores de anilina coloridas, que dava pena de comer, e o resto de granulado de chocolate no fundo das forminhas de brigadeiro, a ponta dos dedos pegajosa de quindins e cajuzinhos de amendoim. No fundo da gaveta, envelopes manchados de sobrescritos, o endereço do amor já meio apagado, como tinta invisível de tudo que faltou dizer das emoções não realmente vividas. Estandarte encardido de sonhos. Mortalha de paixões não mais revividas ou revisitadas. Telescópio embaçado de fragmentos de recordações que migraram no inverno com os pássaros loucos, batendo as asas por verões distantes, em formação de esquadrilha, sumindo na nuvem que antecede a tempestade ou que somente emoldura um esboço de raio de sol teimando amanhecer, insistindo dissolver o orvalho, lágrimas de pedra a congelar o verde e o velu- do das folhas da macieira que guardava o muro de tijolo do fundo do quintal. Bem ali onde se divisava o reflexo do vidro da janela do vizinho e o gancho de pendurar rede na sesta preguiçosa do meio-dia. setembro 10.indd 5 19/10/2010 23:54:02
  • 6. 6 O BANDEIRANTE - Setembro de 2010 SUPLEMENTO LITERÁRIO Um triste 2 de julho Márcia Etelli Coelho No ruidoso estádio sul-africano um grito, bem alto, o mundo todo ouviu. No rosto do povo, muita dor e espanto: o grito de GOL era contra o Brasil. Mais um favorito deixaria a Copa por despreparo, arrogância ou azar. E o meu coração, no amargor da derrota, segura o choro... Vontade é de xingar! Imagination, without O sonho desfeito abraça a realidade. Não dá mais pra encobrir imensas mazelas. rebolation O placar me obriga a encarar a verdade. Irritada estou com as mil vuvuzelas. Geovah Paulo da Cruz Médico - Biólogo - Escritor Perdemos o hexa e eu pergunto: E daí? A vida prossegue... É bola pra frente! E eu posso ajudar a mim mesma e ao País. Em sonho uma melosa sereia No próximo voto ser mais consciente. Cantou-me um samba-canção; Eu mergulhei de sapato e meia Com a urna e a lei, vou driblar os entraves No mar da imaginação. e todo infiel jogar para escanteio. Ainda que me prendessem com peia, Um craque serei com belíssimos passes no progresso feliz de um lance certeiro. Fosse ela bonita ou feia, Eu tentaria uma fecundação. Vitórias, eu sei, hei de ter no futuro. Pro instinto não tem cadeia, Meu Brasil se destina a ser campeão. Gozar é uma compulsão. Mas o céu, de repente, ficou tão escuro Seria virgem aquela sereia? que eu irei me animar... Mas, hoje, não! Tingiria o mar com menstruação? Hoje eu descobri o avesso do sonho Para curiosidade minha ou alheia Ao ver o meu filho em frente à janela Nem soube se era mulher ou cação. retirar em silêncio, lento e tristonho, A água ocultava seu “rebolation” a velha bandeirola verde e amarela. Eu quis levá-la para areia Mas não venci sua “esquivation”. Tentar, tentei. Amar, quase amei-a E sequer alcancei uma noturna polução. A quem que me ouça ou me leia: -Nem mesmo com imaginação... Sonhos e fantasias me ocupem Com outro tipo de fêmea fatal. As sereias que me desculpem: Mas, xota é fundamental! setembro 10.indd 6 19/10/2010 23:54:03
  • 7. sUPLemeNto LIterÁrIo O BANDEIRANTE - Setembro de 2010 7 No contexto Luiz Jorge Ferreira Doutro lado do aquário estavam, o sol por trás da janela, um pé de Dr. Carlos Augusto Galvão jabuticaba. Psiquiatria e Psicoterapia Duas aranhas que, transando naturalmente, balançavam na teia, ao Rua Maestro Cardim, 517 sopro de uma brisa preguiçosa. Paraíso – Tel: 3541-2593 Deste lado Liborio atirava comida de peixe para suas duas pai- xões. Um carpado quase azulado e um tigre avermelhado, ambos de PUBLICIDADE TABELA DE PREÇOS 2009 espécies diferentes e os dois machos. O primeiro ele ganhara em uma (valor do anúncio por edição) partida de pôquer na casa de Lourdinha, a segunda esposa de Paulo 1 módulo horizontal R$ 30,00 Rodolfo. O segundo trouxera de um hotel em que fora para um Con- 2 módulos horizontais R$ 60,00 3 módulos horizontais R$ 90,00 gresso de Mágicos no Caribe. 2 módulos verticais R$ 60,00 4 módulos R$ 120,00 Liborio chegou da Espanha todo assado. Maldita hora em que fora 6 módulos R$ 180,00 montar. Por duas horas galopara como um dos personagens de Rodol- Outros tamanhos sob consulta fo Valentino. Quase cairá e isto lhe rendera duas carnes vivas entre as sobramessaopaulo@gmail.com virilhas. E uma dor extrema ao defecar. Do sofá viu o aquário. Estava iluminado pelos últimos raios de sol que se dividia em nuances coloridas por ação do vidro fosco da janela. reVIsÃo Esperou que ela ligasse. Dois meses sem vê-la. Podia imaginá-la de textos em geral entre espumas e bocejos comendo avelãs. Sempre explosiva e fatal. Ligia Pezzuto Embrulhou as aranhas em um papel laminado e as pôs para assar Especialista em Língua Portuguesa no micro-ondas por 15 segundos. Tomou a água do Aquário e depen- (11) 3864-4494 ou 8546-1725 durou os dois peixes satisfeitos de ração para secar na jabuticabeira. Ligou o telefone celular no site de música e ficou a ouvir Elis Regina roberto CAetANo mIrAGLIA cantando “Dois pra lá e dois pra cá”. Como se ela estivesse viva ali na ADVoGADo - oAb-sP 51.532 sala próxima à cristaleira cheia de copos nunca usados. Dançou do sofá a geladeira sempre em uma das pernas. À esquerda. ADVOCACIA – ADMINISTRAÇÃO DE BENS NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS – LOCAÇÃO Esta era a mais curta, porém a mais forte, suportava seu peso, mas COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS balançava como um pêndulo. ASSESSORIA E CONSULTORIA JURÍDICA teLeFoNes: (11) 3277-1192 – 3207-9224 Ouviu o som da campainha tocando. Espremeu algumas gotas de limão sobre o prato de jabuticabas. terminou de Riscou o seu retrato sobre um baú envelhecido com traços fortes de escrever seu uma caneta de cor preta para acentuar as sobrancelhas espessas. livro? então Rápido abriu o trinco facilitando a entrada dela na sala. Mais rá- publique! pido ainda, correu e se escondeu dentro do baú. Como um passe de mágica. Nesta hora importante, não deixe de Quando ela entrou na sala, a sala estava cheia de um cheiro de consultar a rUmo eDItorIAL. aranhas queimadas. Publicações com qualidade impecável, dedicação, cuidado artesanal e preço Ela não o encontrando, ficou gritando de raiva, logo em seguida, justo. Você não tem mais desculpas arrastou o baú e o atirou dentro do aquário. Saiu carregando o par de para deixar seu talento na gaveta. sapatos nos dedos da mão direita. rumoeditorial@uol.com.br (11) 9182-4815 Não ligando a mínima para o celular que tocava insistentemente. setembro 10.indd 7 19/10/2010 23:54:03
  • 8. 8 O BANDEIRANTE - Setembro de 2010 SUPLEMENTO LITERÁRIO “O bebê e o ancião” (são extremos) Hélio José Déstro Aqui... Ali O bebê é um musical infantil... o ancião um péssimo dramalhão. O bebê ao sorrir encanta... o ancião seu sorriso desencanta. O bebê ao comer é um lindo porquinho... o ancião é o verdadeiro porcão. No sono o bebê está na paz de DEUS...o ancião não dorme, anda é um deus nos acuda. Os primeiros passos quanta emoção... os trôpegos passos traz preocupação. Quando o bebê faz cocô quanta alegria... o ancião só faz porcaria. Se o ancião fizer cocô fora da bacia não tem educação. Mas cocô normal do bebê traz enorme alegria. Se o bebê chorar será sempre mimado... o ancião é sempre criticado. Bebê lindo... de todos tem semelhança é sempre admirado. O ancião quer e deseja só ser elogiado. Após a mamada é bom o bebê dar um alto arroto. O ancião, só dá camuflado. Se o bebê for turrão, chorão e teimoso é sempre perdoado. Se o ancião for turrão, teimoso é um velho safado. O bebê ao dar os primeiros passos quanta beleza. O ancião só dá passos com plena certeza. Ao pronunciar as primeiras palavras é motivo de grande satisfação. O ancião fala sozinho e sempre os mesmos assuntos. O bebê é como os três macacos: surdo, cego e mudo. O ancião perde o direito de ouvir, perde a visão e é proibido de aconselhar. Bebê de pele é tenra, macia e sedosa. O ancião enrugado, estriado, todo pintado é de pele sebosa. Se o bebê nascer careca tem acolhida. O ancião perde os cabelos, que embranquecem final do ciclo da vida. O bebê é o presente com sonhos de futuro, o ancião é passado e suas saudades. Um é o princípio, a busca da felicidade, ao outro se entreabre a porta da eternidade. Viver não é nada... Saber viver é tudo Enfim quem soube viver não tem medo de morrer. O ancião passou por todas as fases... Não tem o que reclamar. O bebê quer amor e tem amor a dar. – Em plena idade... Será? setembro 10.indd 8 19/10/2010 23:54:04