O documento descreve a história da flauta doce, desde suas origens há 35 mil anos como flautas de osso e marfim até seu apogeu nos séculos XVI-XVIII. A flauta doce declinou no século XVIII com o surgimento da orquestra clássica, mas renasceu no século XIX graças a pesquisadores como Arnold Dolmetsch. Hoje a flauta doce é um instrumento importante para a música antiga e contemporânea.
Metodologia de ensino de educac`ao musical messias cossa
Rinascita formação e história dos instrumentos
1. Rinascita
Breve histórico instrumental.
FLAUTA DOCE
Sopranino, Soprano, Contralto, Tenor e Baixo
A flauta é, provavelmente, um dos instrumentos mais antigos que se
conhece. A asa de um abutre e presas de mamute serviu de matéria-prima
para produzir os mais antigos instrumentos musicais do mundo, afirma um
estudo da revista científica "Nature". São flautas encontradas em cavernas
do sudoeste da Alemanha. As flautas de osso (a mais completa e bem
preservada) e de marfim foram encontradas e analisadas e datam cerca
de 35 mil anos.
Os nomes padrões do século XX para flauta doce incluem: flûte a bec ou
flûte douce (francês), blockflöte (alemão), flauto dolce, flauto a becco ou
flauto diritto (italiano), flauta de pico (espanhol), flauta dulce (espanhol
latino-americano).
FLAUTAS MEDIEVAIS
O instrumento mais antigo e completo conhecido é a chamada flauta doce
de Dordrecht, pois foi encontrada próximo à Dordrecht e provavelmente
data da época de ocupação do castelo (1335-1418). Esta "flauta doce
medieval" é caracterizada pelo seu corpo estreito e cilíndrico.
A segunda flauta doce medieval, mais ou menos completa, datada do século
XIV foi reportado de Göttingen (norte da Alemanha) onde foi achada em
uma latrina na Weender Straßer número 26 em 1987. É feita em duas
partes e tem aberturas para sete dedos e o buraco do polegar, os buracos
mais baixos são dobrados. É feita de madeira de frutas e seu bico está
estragado, o que provavelmente explica por que estava descartada.
2. A Flauta Doce de Dordrecht A Flauta Doce de Göttingen
FLAUTAS DA RENASCENÇA
A flauta doce como instrumento artístico
teve, provavelmente, origem na Itália do séc. XIV.
Durante o século XV fabricantes de instrumentos
começaram a produzir conjuntos de instrumentos
em diferentes tamanhos conhecidos como consort.
O primeiro método completo sobre o instrumento
foi A Fontegara publicado em Veneza em 1535. No
século XVII Praetorius descreveu a flauta em oito
tamanhos diferentes e o inventário do rei
Henrique VIII menciona 76 flautas doces em jogos
de 4 a 9 instrumentos, sem dúvida feitos e
afinados conjuntamente para música de consort.
As flautas doces desenvolvidas neste período
alcançaram seu apogeu em meados do século XVI
e ficaram conhecidas devido ao grande número de exemplos sobreviventes.
3. FLAUTA BARROCA
Enquanto a música renascentista tinha uma forte tradição
vocal, a barroca dirigia-se a um estilo verdadeiramente
instrumental. Com isso, a flauta doce precisou de uma série de
modificações na construção para aumentar sua extensão e modificar seu
timbre.
No interior da França, na segunda metade do século XVII, a família
Hotetterre (família de músicos e construtores de instrumentos,
especialmente os de sopro) foi responsável pela divisão da flauta em 3
partes (cabeça, corpo e pé). Uma furação mais precisa possibilitou uma
escala cromática de duas oitavas e, finalmente, se alcançava as duas
oitavas e uma terça.
O período em que a flauta doce barroca atinge o seu apogeu compreende o
final do séc. XVII e o começo do séc. XVIII. Muitos compositores escreviam
para o instrumento e muitos construtores se especializavam na sua
fabricação. Nesta época temos também o surgimento de outras flautas
doces como, por exemplo, a flauta de voz ou flûte de voix.
O DECLÍNIO E O RENASCER DA FLAUTA DOCE
Com o nascimento da orquestra clássica, os compositores procuravam
instrumentos com maiores recursos dinâmicos. A flauta doce, que já por
volta de 1750 desaparecia do repertório de qualquer compositor, foi
substituída em popularidade pela flauta transversa.
4. Durante um século e meio a flauta doce constou somente na história dos
instrumentos musicais. Por volta do final do século XIX alguns músicos,
através de suas pesquisas em música antiga e graças ao interesse desses
intérpretes em utilizar os instrumentos originais daquela época, voltaram a
ter contato com a família das flautas doces. Um dos principais iniciadores de
seu uso foi Arnold Dolmetsch (1858-1940) no Reino Unido, que junto a
outros estudiosos e intérpretes na Alemanha ajudaram a difundir o
instrumento. Como resultado de muita pesquisa, Dolmetsch conseguiu
construir um quarteto de flautas doces e tocá-las com sua família num
concerto histórico no Festival Haslemere em 1926. Essas flautas foram
copiadas e produzidas em série na Alemanha e algumas modificações foram
feitas surgindo, então, o chamado dedilhado germânico. Em 1935 Edgar
Hunt introduzia o ensino de flauta doce nas escolas primárias inglesas.
Com o aumento do número de grandes intérpretes a flauta doce tornou-se
um instrumento de pesquisa. Sua técnica contemporânea utiliza diversos
recursos como, por exemplo, glissandos, dedilhados alternativos, vibratos,
multifônicos, harmônicos, frulatos, além de vários outros efeitos
possibilitando, assim, aos compositores contemporâneos escreverem
também para esse instrumento.
Referência Bibliográfica
PENA, Joaquín; ANGLÉS, Higinio. Diccionario de la música labor. Barcelona:
Editorial Labor, 1954, Tomo I, p.927-929.
SADIE, Stanley. Dicionário Grove de Música – edição concisa. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p.332.
SADIE, Stanley. The New Grove Dictionary of Music and Musicians. 2. ed.
New York: Oxford University Press, 2001, Vol. 21. p.37-53.
Texto de: Nathália Domingos