SlideShare a Scribd company logo
1 of 15
Páris Theoeidés e a sua
Função Paidêutica Através
da Ilíada
Renata Cardoso de Sousa
Universidade Federal do Rio de Janeiro
História - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais
Laboratório de História Antiga (LHIA)
Bolsista de Iniciação Científica do CNPq/PIBIC
Orientador: Fábio de Souza Lessa
APRESENTAÇÃO GERAL DA
PESQUISA
 Propomos analisar em nossa pesquisa a
construção do herói homérico a partir de Páris,
um herói controverso.
 Faremos isso a partir da leitura das epopeias de
Homero, sobretudo a Ilíada.
RECORTE TEMPORAL
 As obras homéricas foram compostas entre os séculos IX e VII
a.C., período no qual a pólis começava a se formar.
 Entretanto, os acontecimentos descritos pelo poeta situam-se no
Período Palaciano (XVII-XII a.C.), uma vez que a guerra de
Troia aconteceu por volta de 1250-1240 a.C.
“É possível que o período descrito na obra [de Homero] abarque
um milênio completo, do ano 1600 ao 600 a.C. Os especialistas
situam a composição da dita descrição [da guerra de Troia] em
uma época entre fins do século IX e começos do século VII,
quando se constitui e se consolida na Grécia europeia, insular e
asiática essa forma extraordinária de vida social, cultural,
econômica e política que foi a pólis” (COLOMBANI, 2005, p.
8).
COLOMBANI, María Cecilia. Homero. Ilíada: Una introducción crítica. Buenos
Aires: Santiago Arcos, 2005.
LEITURA DAS OBRAS
HOMÉRICAS
Fundamenta-se na adaptação da
metodologia de leitura semiótica de
Algirdas Greimas para a História Antiga,
realizada por Ciro Flamarion Cardoso, que
consiste na análise dos elementos que se
repetem ao longo das epopeias. Desse
modo, pois, observaremos aqueles que
forem euforizados, disforizados ou
aforizados.
CARDOSO, Ciro Flamarion. Narrativa, Sentido, História. Campinas: Papirus,
1997.
APRESENTAÇÃO DESSA
COMUNICAÇÃO
O objetivo desta comunicação é:
Mostrar como Páris pode ser considerado
um herói, embora ele não possua tanta
areté (virtude) guerreira quanto outros
heróis da Ilíada.
Explicitar o caráter educativo das obras
homéricas para aqueles aristocratas, os
kaloì kagathoí (belos e bons), que viriam
a dominar o cenário político da pólis.
COMO PÁRIS É
REPRESENTADO NA ILÍADA
Fica claro, nessa obra, que ele não possui
grande areté guerreira a partir do modo
como ele é caracterizado pelo poeta, seja
na atribuição de adjetivos e/ou epítetos,
seja pelas palavras de outras personagens,
isto é, os comentários que elas fazem
acerca de Páris.
 “divo” (theoeidés), (vários versos);
 “marido de Helena cacheada” (vários versos);
 “Páris funesto” (Dýsparis), (III, v. 39);
 “fautor desta guerra” (III, v. 87; VII, v. 374);
 “fautor de desgraças” (VI, v. 282);
 “de belas feições” (III, v. 39);
 “sedutor de mulheres” (III, v. 39);
 “careces de força e coragem” (III, v. 45);
 “Esses cabelos, a cítara, os dons de Afrodite, a
beleza” (III, v. 54);
 “Mas, voluntário, te escusas; não queres lutar”
(VI, v. 523);
 “Este, porém, nunca teve firmeza, nem nunca há
de tê-la” (VI, v. 352).
COMPARANDO-O COM
OUTROS HERÓIS DA ILÍADA
Aquiles: “de rápidos pés”;
Heitor: “de penacho ondulante”,
“domador de cavalos”;
Menelau: “de Ares forte discípulo”;
Odisseu: “astucioso”.
QUESTÃO DO ESTATUTO
HEROICO DE PÁRIS
 A partir da análise da Ilíada e da Odisseia, podemos
perceber que no modelo de conduta homérico preza-se a
coragem e a honra.
 Embora ele seja da maneira como vimos, a Páris não lhe
faltam tais características, pois ele participa das batalhas,
matando, inclusive, alguns guerreiros e procura reaver a
sua honra quando a vergonha pelos seus atos lhe atinge.
No Canto III, por exemplo, Páris irá retornar à luta que
ele mesmo propôs travar contra Menelau, o rei de
Esparta de quem ele arrebatou a esposa, após recuar da
refrega e ser alvo de risos por parte dos aqueus.
FUNCIONALIDADE
EDUCACIONAL DA ILÍADA
 “Mas, para que a honra heroica permaneça viva no seio de
uma civilização, para que todo o sistema de valores
permaneça marcado pelo seu selo [do herói], é preciso que
a função poética, mais do que objeto de divertimento, tenha
conservado um papel de educação e formação, que por ela
e nela se transmita, se ensine, se atualize na alma de cada
um este conjunto de saberes, crenças, atitudes, valores de
que é feita uma cultura. (...) a epopeia desempenha o papel
de paideía [educação helênica], exaltando os heróis
exemplares, assim como os gêneros literários ‘puros’ como
o romance, a autobiografia, o diário íntimo o fazem hoje”
(VERNANT, 1978, p. 42).
VERNANT, Jean-Pierre. A bela morte e o cadáver ultrajado. Tradução, Elisa A. Kossovitch e
João. A. Hansen. Discurso, São Paulo, Editora Ciências Humanas, n. 9, 1978, p. 31-62.
FUNCIONALIDADE EDUCACIONAL
DA REPRESENTAÇÃO DE UM HERÓI
COMO PÁRIS
Páris é um modelo de como não se deve
agir no campo de batalha.
Ele é mostrado assim porque ele é o
Outro.
QUESTÃO DA ALTERIDADE ENTRE
OS GREGOS DO PELOPONESO E OS
TROIANOS
 Na Ilíada, a alteridade que
se dá entre os helenos do
Peloponeso e os troianos
não tem a ver com estes
serem o estrangeiro, ou o
não-grego, uma vez que os
habitantes de Troia
pertencem à faixa asiática
de território heleno, sendo,
portanto, também helenos.
QUESTÃO DA ALTERIDADE ENTRE
OS GREGOS DO PELOPONESO E OS
TROIANOS
 Na Ilíada, a alteridade que
se dá entre os helenos do
Peloponeso e os troianos
não tem a ver com estes
serem o estrangeiro, ou o
não-grego, uma vez que os
habitantes de Troia
pertencem à faixa asiática
de território heleno, sendo,
portanto, também helenos.
Fonte: HUGHES, Bettany. Mapa 1. O
mundo micenese. In: Helena de Troia:
Deusa, Princesa e Prostituta.
Tradução, S. Duarte. Rio de Janeiro:
Record, 2009, p. 19.
 O que marca a alteridade entre gregos e troianos,
então, é o fato de estes serem inimigos daqueles,
uma vez que “(...) a identidade helênica conhece
tensões, fissuras e oposições de alteridades
internas no seu seio – o Outro pode, também,
ser o Grego, como rival, inimigo, invasor,
infrator de códigos de comportamento”
(FIALHO, 2010, p. 114).
FIALHO, Maria do Céu. Rituais de cidadania na Grécia Antiga. In: FERREIRA, José
Ribeiro; FIALHO, Maria do Céu; LEÃO, Delfim Ferreira (Orgs.). Cidadania e
Paideía na Grécia Antiga. Coimbra: Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos,
2010, p. 112-144.
CONCLUSÃO
 A Ilíada, por possuir uma função paidêutica, traz Páris
como um modelo de como não se deve agir.
 Isso se dá porque ele é um representante da alteridade
helênica.
 Entretanto, seu estatuto heroico não pode ser
questionado, pois ele, de certa forma, tenta reaver sua
honra através de atos corajosos, mesmo tendo que ser
exortado sempre pelo irmão ou pela própria Helena.

More Related Content

What's hot

Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 111-112
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 111-112Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 111-112
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 111-112luisprista
 
Os Lusíadas de Luís de Camões
Os Lusíadas de Luís de CamõesOs Lusíadas de Luís de Camões
Os Lusíadas de Luís de CamõesGijasilvelitz 2
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 109-110
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 109-110Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 109-110
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 109-110luisprista
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 143-144
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 143-144Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 143-144
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 143-144luisprista
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 142
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 142Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 142
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 142luisprista
 
Narrativa épica texto_de_apoio_Lusíadas
Narrativa épica texto_de_apoio_LusíadasNarrativa épica texto_de_apoio_Lusíadas
Narrativa épica texto_de_apoio_LusíadasCarla Ribeiro
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141luisprista
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 113-114
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 113-114Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 113-114
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 113-114luisprista
 
2 dedicatória narração_reflexão _canto_i
2 dedicatória narração_reflexão _canto_i2 dedicatória narração_reflexão _canto_i
2 dedicatória narração_reflexão _canto_iFilipa Costa
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 123
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 123Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 123
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 123luisprista
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 136-137
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 136-137Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 136-137
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 136-137luisprista
 
Contextualizando os lusiadas
Contextualizando os lusiadasContextualizando os lusiadas
Contextualizando os lusiadasVanda Marques
 
Contextualização d'Os Lusíadas
Contextualização d'Os LusíadasContextualização d'Os Lusíadas
Contextualização d'Os LusíadasDina Baptista
 

What's hot (20)

Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 111-112
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 111-112Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 111-112
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 111-112
 
Os Lusíadas de Luís de Camões
Os Lusíadas de Luís de CamõesOs Lusíadas de Luís de Camões
Os Lusíadas de Luís de Camões
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 109-110
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 109-110Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 109-110
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 109-110
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 143-144
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 143-144Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 143-144
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 143-144
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 142
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 142Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 142
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 142
 
Narrativa épica texto_de_apoio_Lusíadas
Narrativa épica texto_de_apoio_LusíadasNarrativa épica texto_de_apoio_Lusíadas
Narrativa épica texto_de_apoio_Lusíadas
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
 
Juvenal
JuvenalJuvenal
Juvenal
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 113-114
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 113-114Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 113-114
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 113-114
 
2 dedicatória narração_reflexão _canto_i
2 dedicatória narração_reflexão _canto_i2 dedicatória narração_reflexão _canto_i
2 dedicatória narração_reflexão _canto_i
 
Os Lusíadas
Os LusíadasOs Lusíadas
Os Lusíadas
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 123
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 123Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 123
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 123
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 136-137
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 136-137Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 136-137
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 136-137
 
Canto vii est 78_97
Canto vii est 78_97Canto vii est 78_97
Canto vii est 78_97
 
Contextualizando os lusiadas
Contextualizando os lusiadasContextualizando os lusiadas
Contextualizando os lusiadas
 
Contextualização d'Os Lusíadas
Contextualização d'Os LusíadasContextualização d'Os Lusíadas
Contextualização d'Os Lusíadas
 
Ol geral+reflexões-ct12
Ol geral+reflexões-ct12Ol geral+reflexões-ct12
Ol geral+reflexões-ct12
 
Os Lusíadas
Os Lusíadas Os Lusíadas
Os Lusíadas
 
OS Lusíadas
OS LusíadasOS Lusíadas
OS Lusíadas
 
Homero e seus poemas
Homero e seus poemasHomero e seus poemas
Homero e seus poemas
 

Viewers also liked

Páris homérico e Páris trágico
Páris homérico e Páris trágicoPáris homérico e Páris trágico
Páris homérico e Páris trágicoRenata Cardoso
 
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógicaO Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógicaRenata Cardoso
 
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de Discurso
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de DiscursoA Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de Discurso
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de DiscursoRenata Cardoso
 
Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang Petersen
Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang PetersenPáris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang Petersen
Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang PetersenRenata Cardoso
 

Viewers also liked (7)

Páris homérico e Páris trágico
Páris homérico e Páris trágicoPáris homérico e Páris trágico
Páris homérico e Páris trágico
 
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógicaO Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
O Cineclube de História como instrumento de prática pedagógica
 
TRÓIA 1MF ITALO
TRÓIA 1MF ITALOTRÓIA 1MF ITALO
TRÓIA 1MF ITALO
 
Homero
HomeroHomero
Homero
 
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de Discurso
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de DiscursoA Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de Discurso
A Arquearia entre a Cinésica Social e a Análise de Discurso
 
Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang Petersen
Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang PetersenPáris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang Petersen
Páris versus Menelau entre a Troia de Homero e a de Wolfgang Petersen
 
Guerra de troia
Guerra de troiaGuerra de troia
Guerra de troia
 

Similar to A função educativa de Páris na Ilíada

"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de..."Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...Renata Cardoso
 
_Colecao_Os_Pensadores__Vol_01.pdf
_Colecao_Os_Pensadores__Vol_01.pdf_Colecao_Os_Pensadores__Vol_01.pdf
_Colecao_Os_Pensadores__Vol_01.pdfAllan Barros
 
01 os-pré-socraticos-coleção-os-pensadores-1996
01 os-pré-socraticos-coleção-os-pensadores-199601 os-pré-socraticos-coleção-os-pensadores-1996
01 os-pré-socraticos-coleção-os-pensadores-1996MGS High School
 
5 gladiadores e representações
5   gladiadores e representações5   gladiadores e representações
5 gladiadores e representaçõesAmanda Cardoso
 
01 os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)
01   os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)01   os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)
01 os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)Silvestre Lacerda
 
01 os pré-socráticos - coleção os pensadores (1996)
01   os pré-socráticos - coleção os pensadores (1996)01   os pré-socráticos - coleção os pensadores (1996)
01 os pré-socráticos - coleção os pensadores (1996)Esdras Cardoso
 
01 os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)
01   os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)01   os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)
01 os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)Américo Moraes
 
Renascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoRenascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoAntónio Fernandes
 
Plutarco - Vidas Paralelas - Péricles e Fábio Máximo
Plutarco - Vidas Paralelas - Péricles e Fábio MáximoPlutarco - Vidas Paralelas - Péricles e Fábio Máximo
Plutarco - Vidas Paralelas - Péricles e Fábio Máximoluvico
 
Mitologia grega pronto
Mitologia grega prontoMitologia grega pronto
Mitologia grega prontoFilipe Matos
 
Sistema de Bibliotecas UCS - L'Odissea di Omero
Sistema de Bibliotecas UCS - L'Odissea di OmeroSistema de Bibliotecas UCS - L'Odissea di Omero
Sistema de Bibliotecas UCS - L'Odissea di OmeroBiblioteca UCS
 
Grécia roma wilfred
Grécia roma wilfredGrécia roma wilfred
Grécia roma wilfredWhistoriapi
 
Literatura - Gêneros Literários
Literatura - Gêneros LiteráriosLiteratura - Gêneros Literários
Literatura - Gêneros LiteráriosMiriam Zelmikaitis
 
Dialnet-Ficcao-5524805.pdf
Dialnet-Ficcao-5524805.pdfDialnet-Ficcao-5524805.pdf
Dialnet-Ficcao-5524805.pdfJoana Darc
 

Similar to A função educativa de Páris na Ilíada (20)

Seminário Antiga I
Seminário Antiga ISeminário Antiga I
Seminário Antiga I
 
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de..."Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...
"Mas muito medrosos [são] os troianos": a representação do Outro na Ilíada de...
 
_Colecao_Os_Pensadores__Vol_01.pdf
_Colecao_Os_Pensadores__Vol_01.pdf_Colecao_Os_Pensadores__Vol_01.pdf
_Colecao_Os_Pensadores__Vol_01.pdf
 
Apolônio de Tiana
Apolônio de TianaApolônio de Tiana
Apolônio de Tiana
 
01 os-pré-socraticos-coleção-os-pensadores-1996
01 os-pré-socraticos-coleção-os-pensadores-199601 os-pré-socraticos-coleção-os-pensadores-1996
01 os-pré-socraticos-coleção-os-pensadores-1996
 
Marinao
MarinaoMarinao
Marinao
 
5 gladiadores e representações
5   gladiadores e representações5   gladiadores e representações
5 gladiadores e representações
 
01 os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)
01   os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)01   os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)
01 os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)
 
01 os pré-socráticos - coleção os pensadores (1996)
01   os pré-socráticos - coleção os pensadores (1996)01   os pré-socráticos - coleção os pensadores (1996)
01 os pré-socráticos - coleção os pensadores (1996)
 
01 os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)
01   os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)01   os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)
01 os pré-socraticos - coleção os pensadores (1996)
 
Renascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e ClassicismoRenascimento, Humanismo e Classicismo
Renascimento, Humanismo e Classicismo
 
Heroísmo épico
Heroísmo épicoHeroísmo épico
Heroísmo épico
 
Plutarco - Vidas Paralelas - Péricles e Fábio Máximo
Plutarco - Vidas Paralelas - Péricles e Fábio MáximoPlutarco - Vidas Paralelas - Péricles e Fábio Máximo
Plutarco - Vidas Paralelas - Péricles e Fábio Máximo
 
Mitologia grega pronto
Mitologia grega prontoMitologia grega pronto
Mitologia grega pronto
 
Imaginário e matérias
Imaginário e matériasImaginário e matérias
Imaginário e matérias
 
Sistema de Bibliotecas UCS - L'Odissea di Omero
Sistema de Bibliotecas UCS - L'Odissea di OmeroSistema de Bibliotecas UCS - L'Odissea di Omero
Sistema de Bibliotecas UCS - L'Odissea di Omero
 
Grécia roma wilfred
Grécia roma wilfredGrécia roma wilfred
Grécia roma wilfred
 
Literatura - Gêneros Literários
Literatura - Gêneros LiteráriosLiteratura - Gêneros Literários
Literatura - Gêneros Literários
 
Dialnet-Ficcao-5524805.pdf
Dialnet-Ficcao-5524805.pdfDialnet-Ficcao-5524805.pdf
Dialnet-Ficcao-5524805.pdf
 
INTRODUÇÃO À LITERATURA
INTRODUÇÃO À LITERATURAINTRODUÇÃO À LITERATURA
INTRODUÇÃO À LITERATURA
 

Recently uploaded

Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfHELENO FAVACHO
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxLusGlissonGud
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecniCleidianeCarvalhoPer
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTailsonSantos1
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 

Recently uploaded (20)

Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 

A função educativa de Páris na Ilíada

  • 1. Páris Theoeidés e a sua Função Paidêutica Através da Ilíada Renata Cardoso de Sousa Universidade Federal do Rio de Janeiro História - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais Laboratório de História Antiga (LHIA) Bolsista de Iniciação Científica do CNPq/PIBIC Orientador: Fábio de Souza Lessa
  • 2. APRESENTAÇÃO GERAL DA PESQUISA  Propomos analisar em nossa pesquisa a construção do herói homérico a partir de Páris, um herói controverso.  Faremos isso a partir da leitura das epopeias de Homero, sobretudo a Ilíada.
  • 3. RECORTE TEMPORAL  As obras homéricas foram compostas entre os séculos IX e VII a.C., período no qual a pólis começava a se formar.  Entretanto, os acontecimentos descritos pelo poeta situam-se no Período Palaciano (XVII-XII a.C.), uma vez que a guerra de Troia aconteceu por volta de 1250-1240 a.C. “É possível que o período descrito na obra [de Homero] abarque um milênio completo, do ano 1600 ao 600 a.C. Os especialistas situam a composição da dita descrição [da guerra de Troia] em uma época entre fins do século IX e começos do século VII, quando se constitui e se consolida na Grécia europeia, insular e asiática essa forma extraordinária de vida social, cultural, econômica e política que foi a pólis” (COLOMBANI, 2005, p. 8). COLOMBANI, María Cecilia. Homero. Ilíada: Una introducción crítica. Buenos Aires: Santiago Arcos, 2005.
  • 4. LEITURA DAS OBRAS HOMÉRICAS Fundamenta-se na adaptação da metodologia de leitura semiótica de Algirdas Greimas para a História Antiga, realizada por Ciro Flamarion Cardoso, que consiste na análise dos elementos que se repetem ao longo das epopeias. Desse modo, pois, observaremos aqueles que forem euforizados, disforizados ou aforizados. CARDOSO, Ciro Flamarion. Narrativa, Sentido, História. Campinas: Papirus, 1997.
  • 5. APRESENTAÇÃO DESSA COMUNICAÇÃO O objetivo desta comunicação é: Mostrar como Páris pode ser considerado um herói, embora ele não possua tanta areté (virtude) guerreira quanto outros heróis da Ilíada. Explicitar o caráter educativo das obras homéricas para aqueles aristocratas, os kaloì kagathoí (belos e bons), que viriam a dominar o cenário político da pólis.
  • 6. COMO PÁRIS É REPRESENTADO NA ILÍADA Fica claro, nessa obra, que ele não possui grande areté guerreira a partir do modo como ele é caracterizado pelo poeta, seja na atribuição de adjetivos e/ou epítetos, seja pelas palavras de outras personagens, isto é, os comentários que elas fazem acerca de Páris.
  • 7.  “divo” (theoeidés), (vários versos);  “marido de Helena cacheada” (vários versos);  “Páris funesto” (Dýsparis), (III, v. 39);  “fautor desta guerra” (III, v. 87; VII, v. 374);  “fautor de desgraças” (VI, v. 282);  “de belas feições” (III, v. 39);  “sedutor de mulheres” (III, v. 39);  “careces de força e coragem” (III, v. 45);  “Esses cabelos, a cítara, os dons de Afrodite, a beleza” (III, v. 54);  “Mas, voluntário, te escusas; não queres lutar” (VI, v. 523);  “Este, porém, nunca teve firmeza, nem nunca há de tê-la” (VI, v. 352).
  • 8. COMPARANDO-O COM OUTROS HERÓIS DA ILÍADA Aquiles: “de rápidos pés”; Heitor: “de penacho ondulante”, “domador de cavalos”; Menelau: “de Ares forte discípulo”; Odisseu: “astucioso”.
  • 9. QUESTÃO DO ESTATUTO HEROICO DE PÁRIS  A partir da análise da Ilíada e da Odisseia, podemos perceber que no modelo de conduta homérico preza-se a coragem e a honra.  Embora ele seja da maneira como vimos, a Páris não lhe faltam tais características, pois ele participa das batalhas, matando, inclusive, alguns guerreiros e procura reaver a sua honra quando a vergonha pelos seus atos lhe atinge. No Canto III, por exemplo, Páris irá retornar à luta que ele mesmo propôs travar contra Menelau, o rei de Esparta de quem ele arrebatou a esposa, após recuar da refrega e ser alvo de risos por parte dos aqueus.
  • 10. FUNCIONALIDADE EDUCACIONAL DA ILÍADA  “Mas, para que a honra heroica permaneça viva no seio de uma civilização, para que todo o sistema de valores permaneça marcado pelo seu selo [do herói], é preciso que a função poética, mais do que objeto de divertimento, tenha conservado um papel de educação e formação, que por ela e nela se transmita, se ensine, se atualize na alma de cada um este conjunto de saberes, crenças, atitudes, valores de que é feita uma cultura. (...) a epopeia desempenha o papel de paideía [educação helênica], exaltando os heróis exemplares, assim como os gêneros literários ‘puros’ como o romance, a autobiografia, o diário íntimo o fazem hoje” (VERNANT, 1978, p. 42). VERNANT, Jean-Pierre. A bela morte e o cadáver ultrajado. Tradução, Elisa A. Kossovitch e João. A. Hansen. Discurso, São Paulo, Editora Ciências Humanas, n. 9, 1978, p. 31-62.
  • 11. FUNCIONALIDADE EDUCACIONAL DA REPRESENTAÇÃO DE UM HERÓI COMO PÁRIS Páris é um modelo de como não se deve agir no campo de batalha. Ele é mostrado assim porque ele é o Outro.
  • 12. QUESTÃO DA ALTERIDADE ENTRE OS GREGOS DO PELOPONESO E OS TROIANOS  Na Ilíada, a alteridade que se dá entre os helenos do Peloponeso e os troianos não tem a ver com estes serem o estrangeiro, ou o não-grego, uma vez que os habitantes de Troia pertencem à faixa asiática de território heleno, sendo, portanto, também helenos.
  • 13. QUESTÃO DA ALTERIDADE ENTRE OS GREGOS DO PELOPONESO E OS TROIANOS  Na Ilíada, a alteridade que se dá entre os helenos do Peloponeso e os troianos não tem a ver com estes serem o estrangeiro, ou o não-grego, uma vez que os habitantes de Troia pertencem à faixa asiática de território heleno, sendo, portanto, também helenos. Fonte: HUGHES, Bettany. Mapa 1. O mundo micenese. In: Helena de Troia: Deusa, Princesa e Prostituta. Tradução, S. Duarte. Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 19.
  • 14.  O que marca a alteridade entre gregos e troianos, então, é o fato de estes serem inimigos daqueles, uma vez que “(...) a identidade helênica conhece tensões, fissuras e oposições de alteridades internas no seu seio – o Outro pode, também, ser o Grego, como rival, inimigo, invasor, infrator de códigos de comportamento” (FIALHO, 2010, p. 114). FIALHO, Maria do Céu. Rituais de cidadania na Grécia Antiga. In: FERREIRA, José Ribeiro; FIALHO, Maria do Céu; LEÃO, Delfim Ferreira (Orgs.). Cidadania e Paideía na Grécia Antiga. Coimbra: Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, 2010, p. 112-144.
  • 15. CONCLUSÃO  A Ilíada, por possuir uma função paidêutica, traz Páris como um modelo de como não se deve agir.  Isso se dá porque ele é um representante da alteridade helênica.  Entretanto, seu estatuto heroico não pode ser questionado, pois ele, de certa forma, tenta reaver sua honra através de atos corajosos, mesmo tendo que ser exortado sempre pelo irmão ou pela própria Helena.