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A Família
Sociologia 12º Ano
Escola Secundária de São João da Talha
Aluno: Ana Teresa Baião dos Santos
Docente: Leonor Alves
Introdução
A família sofre as alterações da sociedade
que a rodeia, tanto na sua estrutura como nas
suas funções. Esta instituição social
encontra-se, pois, num processo contínuo de
mutação.
Este trabalho foi realizado no âmbito da
disciplina de Sociologia com o objectivo de
analisar, em termos Sociológicos e
Históricos a família.
Nesta pesquisa foi analisada a evolução, desta instituição social, em contexto com o século
XVII, analisando as razões do decréscimo demográfico e as crianças no seio familiar. Ainda na
análise histórica, que vão ser acompanhados por documentos, é descrita a evolução da noção de
familiar no século XVIII, assim como os progressos na medicina e na imagem de criança.
Após a breve descrição histórica, esta pesquisa descreve os aspetos sociológicos da família de
acordo com o programa de ensino de Sociologia do 12ºano. Esta análise ao programa é
acompanhado de gráficos e tabelas estatísticas que permitem comprovar o que é descrito ao
longo do trabalho.
Famílias do século XVIII
Em contexto…
O século XVII ficou para a História como um tempo
de desgraças e dificuldades. A trilogia da morte (a
fome, a peste e a guerra) conjugou-se mais uma vez,
após o século XIV, e voltou a assolar a Europa.
O século inaugurou-se sob o sigo da fome. Todos os
estudos indicam que esta pequena época correspondeu
a um arrefecimento climático: invernos rigorosos
alternam com verões frescos e húmidos que fazem
apodrecer as colheitas. Então, o preço dos cereais
eleva-se e as crises de subsistência sucedem-se.
A fome arrastava consigo a doença. Nos corpos
debilitados, a infeção instalava-se mais facilmente. O
contágio era mais rápido e os bandos de esfomeados
que percorriam os caminhos em busca de pão
ajudavam a disseminar o mal. Por isso, raramente uma crise se ficava pela falta de alimento.
As epidemias, ao contrário das fomes, atingiam todos, mesmo os mais ricos. O único remédio
era fugir: deixavam-se precipitadamente as casas, os negócios, as contendas, os projetos de
casamento. Só os pobres ficavam na cidade.
De todo o cortejo de doenças, a mais temida era a peste. A peste bubónica (“Peste Negra”)
voltou a atormentar a Europa, originando, entre 1560 e 1670, o ciclo de epidemias mais
virulento desde o século XIV.
O século XVII conheceu também um clima de guerra permanente. Guerras de religião, entre
Estados, guerras civis, revoltas e sublevações dilaceraram a Europa. Poucas regiões foram
poupadas.
Entre todas as guerras deste tempo merece destaque a Guerra dos Trinta Anos. De 1618 a
1648 devastou regiões inteiras da Alemanha, percorrida incessantemente pelos vários exércitos
em luta.
Quanto ao balanço demográfico, o número de europeus, no entanto, não diminuiu. Terá, quando
muito, estagnado, admitindo-se até um crescimento ligeiro. Estes valores demográficos revelam
disparidades regionais: enquanto em algumas regiões, poupadas pelos flagelos, a população
cresceu a bom ritmo, noutras registou-se uma quebra significativa.
Documento 1
A conjuntura depressiva do século XVII prolonga-se pelas primeiras décadas da centúria
seguinte. Porém, a partir de 1730-40, a situação modifica-se e a população inicia um período de
crescimento longo e continuado.
Todos os dados indicam que este crescimento, inicialmente lento mas ininterrupto, se ficou a
dever a uma acentuada diminuição da mortalidade. O recuo da morte pode ser explicado pelos
fatores mais diversos. Podem referir-se as inovações da agricultura, os progressos da indústria, o
desenvolvimento dos transportes, as conquistas da medicina. O clima também melhorou, o
século XVIII terá correspondido a um período favorável, farto em anos de boas colheitas e
adverso à propagação das epidemias.
A terrível peste negra desaparece da Europa ocidental
depois de 1720. Independentemente de outros fatores, o
seu recuo poderá também explicar-se pela intervenção do
Homem: as quarentenas, até aí isoladas, generalizam-se, ao
mesmo tempo que aumentam os cuidados higiénico-
sanitários. Também a varíola, doença endémica na Europa
está em regressão, tendência que se acentuará com a
descoberta da sua vacina, por Jenner.
Os novos avanços na medicina e as práticas de vacinação,
mais acarinhada pelos poderes públicos, mais bem
organizada, mais bem divulgada por escritos simples, a
prática médica ganha terreno, nomeadamente no campo da
obstetrícia: Criam-se as primeiras cátedras desta disciplina
nas universidades e inicia-se a sensibilização e formação de parteiras. Toda esta evolução reflete
o advento de uma nova mentalidade relativamente à infância e ao seu valor. A criança está
prestes a tornar-se o centro de atenções da família e a sua morte deixa de ser encarada como
corrente e inevitável.
Por exemplo o hábito estético de enfaixamento das crianças que prejudicava o desenvolvimento
físico. Segundo os preconceitos da época, o enfaixamento tinha por objetivo dar à criança uma
1692: O presente ano de 1692 foi de grane penúria, tendo morrido muita gente de miséria.
[…] A colheita prometia ser boa masos nevoeirosquecomeçaramemmeados demaio e que
duraram até ao mês de Outubro estragaram tudo.
1693: O ano foi muito seco, o inverno sem geadas, a primavera muito seca, o verão sem
chuva. O outono seco e com tão pouco vinho.
1694: O inverno do ano de 1694 foi muito seco e frio. O trigo vendeu-se no mês de janeiro a
dozee a treze libras, no mês de fevereiro a catorzee a quinze.Todosvendiamnosmercados,
com grandespregões,roupa branca,vestuário, móveis. Os recém-casados vendiam os seus
vestidos nupciais. As terras vendiam-se por uma ninharia. O rei concedeu grandes
liberdades. Apesar destas precauções, morreu de miséria, um terço das gentes.
Chronique do abade Laplaigne, registos paroquiais de Fals, em François Cadilhon
postura ereta, humana, evitando que, mais tarde, andasse a quatro patas, como os animais. O
costume de enfaixar as crianças, de forma mais ou menos apertada, persistiu té ao início do
século XX, sobretudo nas zonas rurais.
Neste sentido, entre os finais do século XVIII e o século XIX, é difundido um novo corpo de
saberes e técnicas, codificado em diversos tratados sobre a criação, a arte da educação, a
medicalização das crianças21 e destinado ao uso das famílias.
Documento 2
A Família Sociologicamente Analisada
A família, considerada a mais antiga instituição
social, tem um carácter universal, embora varie
de geração em geração condicionada no espaço
e no tempo. É considerada a instituição social
básica, a partir da qual outras desenvolveram
dada a complexidade da vida social.
No entanto, esta instituição social tem sofrido
grandes alterações na idade moderna. O
decréscimo da taxa de natalidade, a
emancipação da mulher que resulta no aumento de crianças entregues aos cuidados dos jardins-
de-infância, a união livre (casais homossexuais), o divórcio, o aumento da esperança média de
vida, revelam novas formas de organização familiar.
Algumas mudanças que podemos encontrar na estrutura em relação ao padrão de uma família
tradicional são:
Novos tipos de famílias, como as famílias monoparentais, recompostas e homossexuais;
Nova relações entre gerações, implicando uma participação mais ativa dos avós nas
funções habitualmente entregues à família nuclear;
Consequênciasdoenfaixamento
Para além do peso e do calor que fazem estas roupas do enfaixamento, elas são postas tão
apertadasea criança fica tão comprimida por elas, que os órgãos internos ficam sem espaço, e os
membros sem liberdade para se moverem e exercitarem da maneira que deviam. E isto é muito
prejudicial,porqueosmembrosquenão se usamnunca setornarão fortese corpos tão frágeis não
aguentamtantapressão […] sobretudo porque os músculos das crianças se distendem com muita
facilidade.A isto se devem,semdúvida,asmuitasdeformidadescomquenos deparamos por toda
a parte.
William Catogan; médico britânico (1711-1797) Ensaio sobre a Alimentação e o Tratamento das
Crianças, do Nascimento até aos Três Anos de Idade, 1748.
Novo relacionamento entre os membros do casal, em que se destaca uma aproximação
dos papéis familiares e a democratização das relações conjugais;
Nova forma de “família”, naturalmente atípica, que consiste na monorresidência, por
exemplo.
Noção de Família
A forma usual de vivência da família é a partilhada de um espaço comum – a casa, pelo que, em
termos conceptuais, a família será um grupo social doméstico, girando a sua constituição e
organização à volta do conceito de domus (casa),local agregador dos membros da família para o
exercício de algumas das suas funções básicas – reprodução, socialização, produção e consumo.
É um grupo social doméstico baseado em relações de parentesco entre os seus membros
(sangue, casamento ou adoção).
Estrutura da família
O tipo de família, designado por família extensa ou consanguínea, estende-se por mais de duas
gerações,incluindo os pais, os filhos casados ou solteiros, os genros e noras, os netos, os tios,
por exemplo.
Tipos de Famílias
Nucleares [dominantes nos meios urbanos] – constituídas por dois adultos vivendo
juntos com filhos biológicos ou adotados.
Extensas [existem principalmente nos meios rurais] – situação em que outros
parentes, de gerações diferentes, coabitam ou vivem muito próximo do casal e
filhos.
Monoparentais – constituída por apenas um adulto e respetivo(s) progenitor(es).
Esta situação pode ser causada pelo divórcio ou separação dos pais, pela morte de um
dos elementos da família ou pelas «mães solteiras».
Recompostas – famílias resultantes da constituição de laços conjugais depois do
divórcio, sendo que pelo menos um dos adultos tenha filhos de casamentos anteriores e
existindo um progenitor biológico que vive fora da casa de família.
Os seus elementos não estão forçosamente ligados por laços de parentesco e
consanguinidade. Estas surgem com novos tipos de relações, uma vez que agregam
filhos provenientes de lares diferentes, o que pode gerar confrontos de hábitos e
perspetivas.
Uniões de facto [situação cada vez mais comum na sociedade ocidental] – constituída
por um casal que decide viver junto e ter relações sexuais sem haver casamento.
Nem sempre esta situação é temporária, isto é, uma experiência que antecede o
casamento; existem, cada vez mais, uniões de facto que perduram e que, com base em
compromissos livremente aceites, decidem criar os seus filhos.
Unipessoais – constituída por apenas uma pessoa a viver sozinha.
Homossexuais – constituída por homens ou mulheres homossexuais que vivem como
casais cujas relações se baseiam num compromisso pessoal.
O tipo de família, designado por família extensa ou consanguínea, estende-se por mais de duas
gerações, incluindo os pais, os filhos casados ou solteiros, os genros e noras, os netos, etc.
Mas a família é usualmente pensada em termos de um grupo mais restrito, isto é, o homem
(pai), a mulher (mãe) e os filhos. É a chamada família conjugal ou nuclear, baseada no
relacionamento conjugal.
Funções Sociaisda Família
Geralmente, as funções atribuídas à família em qualquer contexto social são as funções:
Reprodutiva e sexual – continua a ter um papel fundamental, tendo a seu cargo a
reprodução biológica.
De socialização das crianças – apesar de outras instituições concorrerem com a família
na socialização dos jovens, o papel da família continua a ser primordial na sua
integração social.
Económica – antigamente, ter uma descendência numerosa não era considerado um
encargo, mas sim uma mais-valia, dado que os filhos eram encarados como força de
trabalho e uma segurança para a velhice dos pais. Atualmente, a função da família é
apenas a unidade-base do consumo.
Outras Funções – A família atual implica interações entre gerações, podendo
constatar-se que a família atual implica interações entre gerações, ou seja, é a
redescoberta do parentesco. A família, enquanto força social, está mais forte.
As Famílias Portuguesas– Alguns Indicadores demográficos
Queda das taxas de nupcialidade;
Aumento do casamento civil contra o religioso;
Existência de outras formas de conjugalidade;
Aumento da idade média do primeiro casamento para ambos os sexos;
Aumento dos divórcios;
Diminuição média das famílias;
Diminuição do número médio de filhos por mulher;
Aumento dos nascimentos fora do casamento.
Estas estatísticas podem ser comprovadas na seguinte tabela
Evolução da Família
A família tem evoluído no temo, apresentando dimensões, estruturas e funções variadas. É
possível, segundo o historiador e sociólogo Lawrance Stone, dividir em três períodos distintos
as alterações na vida familiar, desde a Idade Média até aos nossos dias.
No 1º Período (Século XVI) – A forma
familiar predominante era um tipo de
familiar nuclear que vivia numa
habitação modesta, mas profundamente
inserida em relacionamentos
comunitários, incluindo outros parentes.
A estrutura familiar não estava separada
de uma forma clara da comunidade.
Naquele tempo a família não era um foco
principal de laços emocionais ou de
dependência entre os seus membros. As pessoas não obtinham as intimidades
emocionais que hoje associamos à vida familiar, nem as procuravam. O ato sexual no
casamento não era visto como uma fonte de prazer, mas como algo necessário à
procriação. Fora dos círculos aristocráticos o amor romântico ou erótico era considerado
doentio pelos teólogos e moralistas.
No 2º Período (Século XVII até início do século XVIII) – Esta forma estava em
grande medida confinada às classes altas da sociedade , mas não deixou de ser muito
importante dado ter difundido atitudes que vieram a tornar-se, desde então, universais.
A família nuclear tornou-se uma entidade mais autónoma, distinguindo-se dos laços
com os outros parentes e com a comunidade local.
No 3º Período (século XVIII) – Desenvolveu-se de uma forma gradual o tipo de
sistema familiar hoje mais comum no Ocidente. Este tipo de organização familiar
consistem em grupos unidos por laços emocionais, com um nível alto de privacidade
doméstica e preocupados com a criação e educação dos filhos, tendo sido marcada pelo
aparecimento do individualismo afetivo, a formação de laços matrimoniais assente
numa escolha pessoal e guiados pela atração sexual ou pelo amor romântico. Os aspetos
sexuais do amor começaram a ser exaltados no sio do casamento e não em relações
extramatrimoniais.
Novos Tipos de Famílias
O divórcio tornou-se numa prática comum; a autoridade do pai de família declinou; a divisão do
trabalho no seio da família alterou-se; os filhos são, desde pequenos, entregues aos cuidados de
outras instituições, isto é, as funções sociais da família foram afetadas pelas recentes mudanças
sociais.
Esta “crise da família” tem levado à divulgação de formas de vida familiar alternativas à família
nuclear tradicional. De facto, os grupos domésticos conheceram profundas alterações nos
últimos quarenta anos, dando origem a novas formas fe famílias recompostas e da famílias
homossexuais. Podemos ainda referir a situação de jovens casais, que durante parte da semana
vivem com os pais e no resto da semana vivem juntos, partilhando um realção estável, mas sem
partilhar um espaço de vida. É também o caso dos casais divorciados que voltaram a casa dos
pais, mas esperam reconstruir uma nova família. Mais recentemente, aumentou o número de
pessoas a viverem sós.
Coabitação – É uma forma familiar em que i casal mantém uma relação sexual estável,
vive em conjunto mas não efetuou um casamento. Em muito países é uma prática social
legítima e tem vindo a aumentar, o que implicou o estabelecimento de direitos, isto é,
um estatuto legal. Em Portugal, esta forma de família é apelidada de união de facto.
Famílias Homossexuais – É um novo tipo de família em que o casal é formado por
indivíduos do mesmo sexo. Em muitos países o casamento entre homossexuais é
permitido, estando legalmente previsto e tendo um quadro legal estabelecido para o
caso da sua dissolução. Em 2014 catorze países, entre os quais Portugal, já tinham
legalizado o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A Geração “Canguru” – Uma das novas formas de vida familiar consiste na vida dos
filhos em idade adulta em casa dos seus pais. São sobretudo do sexo masculino que,
tendo dificuldade em se tornarem independentes financeiramente, por não encontrarem
emprego, ou por dificuldades de ter a sua própria residência, encontram na casa paterna
o apoio de que necessitam para uma vida independente, para além do suporte emocional
sempre necessário.
“Sós” ou Monorresidência – Outra forma de vida, que tem aumentado de forma
continuada nas últimas décadas, é designada por Monorresidência. Caracterizava-se
pelo facto das pessoas viverem sós e abrange transversalmente a sociedade: jovens,
indivíduos em idade adulta ou em situação transitória e idosos.
Novos Papéis Parentais
Os valores e comportamentos associados à família foram sendo objeto de transformação,
nomeadamente com a industrialização e com a globalização. Essas mudanças não são uniformes
em todas as sociedades, mas coexiste uma diversidade de padrões, onde se podem identificar
algumas caraterísticas comuns:
A escolha do cônjuge passou a ser feita segundo critérios amorosos e não segundo
qualquer conveniência económica ou social como antigamente;
As famílias deixaram de ser unidades de produção económica. Embora a lógica
económica continue a estar presente nas famílias, agora é na gestão dos rendimentos de
que dispõem e não na lógica da produção;
O papel da mulher na família alterou-se profundamente, tanto a nível económico –
autonomia financeira feminina – como jurídica – deixou de existir o chefe da
família –, resultando numa democratização das relações conjugais, sendo que tanto
o homen com a mulher são responsáveis pela educação dos filhos. Estas mudanças
explicam-se com a generalização da atividade feminina no mercado de trabalho e com o
contributo da mulher para os rendimentos da família de forma igual à do homem.
As práticas familiares nem sempre coincidem com os princípios estabelecidos,
nomeadamente no que se refere à partilha das tarefas domésticas, em que a sobrecarga
de trabalho para as mulheres é ainda muito grande.
A introdução de contracetivos leva ao controlo da natalidade, estando na origem da
distinção entre procriação e sexualidade e permitindo o planeamento da vida
familiar. Assim, a vivência plena da sexualidade e a realização pessoal do indivíduo
passam a fazer parte dominante da conjugalidade.
Novo Lugar da Criança em Casa e na Sociedade
Antigamente, a criança era considerada um pequeno adulto e começava desde cedo a
desempenhar uma profissão. A partir da era industrial, a infância começou a ser encarada de
outro modo:
A criança passa a estar no centro da vida familiar, devido ao controlo da
fecundidade, sendo considerada como o fruto do amor dos pais, fazendo parte do seu
projeto familiar e sendo, portanto, um filho desejado. Para além disto, adquire um
estatuto e personalidade própria.
A família moderna investe grandemente na socialização escolar dos filhos para
poderem adquirir diplomas que permitam a mobilidade social. Com isto, a entrada
no mercado de trabalho verifica-se cada vez mais tarde, prolongando-se a dependência
material e afetiva entre pais e filhos.
Passa-se de uma relação democrática entre pais e filho em detrimento do dever de
obediência cega dos filhos relativamente ao pai (enquanto chefe de família) para aos
pais, tanto o pai como a mãe (depois do desaparecimento da figura do chefe de família).
Atualmente, as relações entre pais e filhos são baseadas sobretudo na negociação e
no diálogo,embora ainda haja desigualdade relativamente às classes sociais. As classes
mais favorecidas utilizam a negociação e o diálogo, transmitindo-lhes valores de
autonomia e sensibilidade que promovam o desenvolvimento das suas potencialidades.
As classes mais desfavorecidas geralmente têm atitudes constrangedoras e de algum
autoritarismo, chegando a utilizar o medo e a violência com o fim de condicionar as
crianças, transmitindo-lhes valores como a acomodação e a obediência às regras.
A Violência Intrafamiliar
Violência doméstica - Abuso físico ou psíquico de um elemento do agregado familiar em
relação a outro ou outros dos seus membros.
Violência Intrafamiliar – A violência doméstica é uma forma de abuso, geralmente físico, de
um membro da família sobre outro ou outros. Mulheres e crianças são, geralmente, as principais
vítimas.
A violência doméstica ocorre devido ao facto de as relações familiares consubstanciarem
emoções muito fortes e íntimas, pelo que o amor e o ódio podem misturar-se neste contexto.
Pelo facto de, atualmente, serem conhecidas mais situações de violência física, psicológica e de
abuso sexual, que se desenvolvem no quadro das relações familiares, isso não significa
necessariamente que a violência intrafamiliar tenha aumentado pois sempre houve violência na
família.
Antes, alguma violência intrafamiliar era socialmente aceite, como o pai ou a mãe dar uma
estalada nos filhos e mesmo isso poder acontecer entre cônjuges, o que fez com que durante
muito tempo estas situações fossem consideradas normais por parte de agressores e vítimas
(“entre marido e mulher ninguém meta a colher”, “quanto mais me bates mais gosto de ti”). Os
crimes passionais eram também olhados com mais compreensão se fossem praticados por
homens “para defesa da sua honra”. Só na década de 70 do século XX é que o problema da
violência doméstica começou a ser denunciado, em virtude da ação dos grupos feministas.
Hoje, estes fenómenos são considerados crimes, no plano jurídico e social, daí que as situações
sejam mais noticiadas e sobretudo mais participadas à polícia e que as crianças e as mulheres
disponham de maior proteção através de organizações próprias e dispondo de linhas telefónicas
de emergência (APAV, por exemplo).
Segundo Giddens, na obra Sociologia, “há um conjunto de fatores envolvidos. Um deles reside
na combinação entre a intensidade emocional e a intimidade pessoal, características da vida
familiar. Os laços familiares estão normalmente impregnados de emoções fortes, que misturam
frequentemente amor e ódio. As desavenças que ocorrem no contexto doméstico podem libertar
antagonismos que não seriam sentidos da mesma forma em outros contextos sociais. Uma
segunda influência reside no facto de se tolerar e até mesmo aprovar um ceto grau de violência
no âmbito da família. Embora a violência familiar socialmente aprovada seja de natureza
relativamente limitada, pode facilmente degenerar em formas mais severas de agressão.
Conclusão
A instituição mais antiga de todas as sociedades, não é estática. É moldada e alterada pela
sociedade ao longo dos séculos. É uma instituição social de carácter universal, embora as
formas de vida familiar variam no tempo e no espaço.
A família pode ser nuclear ou extensa. As suas unções são a reprodução, a socialização e o
consumo.
Por não ser uma instituição social estática, verificam-se mudanças ao nível da sai dimensão,
estrutura, funções, papéis sociais dos seus membros, independência na escolha do cônjuge,
direitos,tipode privacidade e afetos.Assim, a noção de família é adaptada pela sociedade ao
longo dos séculos.
Por fim,a violênciaintrafamiliaré umfenómenosocial grave que temtido resposta através da
instituição de defesa dos direitos das crianças e das mulheres. A instituição que mais acolhe
este problema é a APAV (Associação de Apoio à Vítima).

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Família

  • 1. A Família Sociologia 12º Ano Escola Secundária de São João da Talha Aluno: Ana Teresa Baião dos Santos Docente: Leonor Alves
  • 2. Introdução A família sofre as alterações da sociedade que a rodeia, tanto na sua estrutura como nas suas funções. Esta instituição social encontra-se, pois, num processo contínuo de mutação. Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Sociologia com o objectivo de analisar, em termos Sociológicos e Históricos a família. Nesta pesquisa foi analisada a evolução, desta instituição social, em contexto com o século XVII, analisando as razões do decréscimo demográfico e as crianças no seio familiar. Ainda na análise histórica, que vão ser acompanhados por documentos, é descrita a evolução da noção de familiar no século XVIII, assim como os progressos na medicina e na imagem de criança. Após a breve descrição histórica, esta pesquisa descreve os aspetos sociológicos da família de acordo com o programa de ensino de Sociologia do 12ºano. Esta análise ao programa é acompanhado de gráficos e tabelas estatísticas que permitem comprovar o que é descrito ao longo do trabalho.
  • 3. Famílias do século XVIII Em contexto… O século XVII ficou para a História como um tempo de desgraças e dificuldades. A trilogia da morte (a fome, a peste e a guerra) conjugou-se mais uma vez, após o século XIV, e voltou a assolar a Europa. O século inaugurou-se sob o sigo da fome. Todos os estudos indicam que esta pequena época correspondeu a um arrefecimento climático: invernos rigorosos alternam com verões frescos e húmidos que fazem apodrecer as colheitas. Então, o preço dos cereais eleva-se e as crises de subsistência sucedem-se. A fome arrastava consigo a doença. Nos corpos debilitados, a infeção instalava-se mais facilmente. O contágio era mais rápido e os bandos de esfomeados que percorriam os caminhos em busca de pão ajudavam a disseminar o mal. Por isso, raramente uma crise se ficava pela falta de alimento. As epidemias, ao contrário das fomes, atingiam todos, mesmo os mais ricos. O único remédio era fugir: deixavam-se precipitadamente as casas, os negócios, as contendas, os projetos de casamento. Só os pobres ficavam na cidade. De todo o cortejo de doenças, a mais temida era a peste. A peste bubónica (“Peste Negra”) voltou a atormentar a Europa, originando, entre 1560 e 1670, o ciclo de epidemias mais virulento desde o século XIV. O século XVII conheceu também um clima de guerra permanente. Guerras de religião, entre Estados, guerras civis, revoltas e sublevações dilaceraram a Europa. Poucas regiões foram poupadas. Entre todas as guerras deste tempo merece destaque a Guerra dos Trinta Anos. De 1618 a 1648 devastou regiões inteiras da Alemanha, percorrida incessantemente pelos vários exércitos em luta. Quanto ao balanço demográfico, o número de europeus, no entanto, não diminuiu. Terá, quando muito, estagnado, admitindo-se até um crescimento ligeiro. Estes valores demográficos revelam disparidades regionais: enquanto em algumas regiões, poupadas pelos flagelos, a população cresceu a bom ritmo, noutras registou-se uma quebra significativa.
  • 4. Documento 1 A conjuntura depressiva do século XVII prolonga-se pelas primeiras décadas da centúria seguinte. Porém, a partir de 1730-40, a situação modifica-se e a população inicia um período de crescimento longo e continuado. Todos os dados indicam que este crescimento, inicialmente lento mas ininterrupto, se ficou a dever a uma acentuada diminuição da mortalidade. O recuo da morte pode ser explicado pelos fatores mais diversos. Podem referir-se as inovações da agricultura, os progressos da indústria, o desenvolvimento dos transportes, as conquistas da medicina. O clima também melhorou, o século XVIII terá correspondido a um período favorável, farto em anos de boas colheitas e adverso à propagação das epidemias. A terrível peste negra desaparece da Europa ocidental depois de 1720. Independentemente de outros fatores, o seu recuo poderá também explicar-se pela intervenção do Homem: as quarentenas, até aí isoladas, generalizam-se, ao mesmo tempo que aumentam os cuidados higiénico- sanitários. Também a varíola, doença endémica na Europa está em regressão, tendência que se acentuará com a descoberta da sua vacina, por Jenner. Os novos avanços na medicina e as práticas de vacinação, mais acarinhada pelos poderes públicos, mais bem organizada, mais bem divulgada por escritos simples, a prática médica ganha terreno, nomeadamente no campo da obstetrícia: Criam-se as primeiras cátedras desta disciplina nas universidades e inicia-se a sensibilização e formação de parteiras. Toda esta evolução reflete o advento de uma nova mentalidade relativamente à infância e ao seu valor. A criança está prestes a tornar-se o centro de atenções da família e a sua morte deixa de ser encarada como corrente e inevitável. Por exemplo o hábito estético de enfaixamento das crianças que prejudicava o desenvolvimento físico. Segundo os preconceitos da época, o enfaixamento tinha por objetivo dar à criança uma 1692: O presente ano de 1692 foi de grane penúria, tendo morrido muita gente de miséria. […] A colheita prometia ser boa masos nevoeirosquecomeçaramemmeados demaio e que duraram até ao mês de Outubro estragaram tudo. 1693: O ano foi muito seco, o inverno sem geadas, a primavera muito seca, o verão sem chuva. O outono seco e com tão pouco vinho. 1694: O inverno do ano de 1694 foi muito seco e frio. O trigo vendeu-se no mês de janeiro a dozee a treze libras, no mês de fevereiro a catorzee a quinze.Todosvendiamnosmercados, com grandespregões,roupa branca,vestuário, móveis. Os recém-casados vendiam os seus vestidos nupciais. As terras vendiam-se por uma ninharia. O rei concedeu grandes liberdades. Apesar destas precauções, morreu de miséria, um terço das gentes. Chronique do abade Laplaigne, registos paroquiais de Fals, em François Cadilhon
  • 5. postura ereta, humana, evitando que, mais tarde, andasse a quatro patas, como os animais. O costume de enfaixar as crianças, de forma mais ou menos apertada, persistiu té ao início do século XX, sobretudo nas zonas rurais. Neste sentido, entre os finais do século XVIII e o século XIX, é difundido um novo corpo de saberes e técnicas, codificado em diversos tratados sobre a criação, a arte da educação, a medicalização das crianças21 e destinado ao uso das famílias. Documento 2 A Família Sociologicamente Analisada A família, considerada a mais antiga instituição social, tem um carácter universal, embora varie de geração em geração condicionada no espaço e no tempo. É considerada a instituição social básica, a partir da qual outras desenvolveram dada a complexidade da vida social. No entanto, esta instituição social tem sofrido grandes alterações na idade moderna. O decréscimo da taxa de natalidade, a emancipação da mulher que resulta no aumento de crianças entregues aos cuidados dos jardins- de-infância, a união livre (casais homossexuais), o divórcio, o aumento da esperança média de vida, revelam novas formas de organização familiar. Algumas mudanças que podemos encontrar na estrutura em relação ao padrão de uma família tradicional são: Novos tipos de famílias, como as famílias monoparentais, recompostas e homossexuais; Nova relações entre gerações, implicando uma participação mais ativa dos avós nas funções habitualmente entregues à família nuclear; Consequênciasdoenfaixamento Para além do peso e do calor que fazem estas roupas do enfaixamento, elas são postas tão apertadasea criança fica tão comprimida por elas, que os órgãos internos ficam sem espaço, e os membros sem liberdade para se moverem e exercitarem da maneira que deviam. E isto é muito prejudicial,porqueosmembrosquenão se usamnunca setornarão fortese corpos tão frágeis não aguentamtantapressão […] sobretudo porque os músculos das crianças se distendem com muita facilidade.A isto se devem,semdúvida,asmuitasdeformidadescomquenos deparamos por toda a parte. William Catogan; médico britânico (1711-1797) Ensaio sobre a Alimentação e o Tratamento das Crianças, do Nascimento até aos Três Anos de Idade, 1748.
  • 6. Novo relacionamento entre os membros do casal, em que se destaca uma aproximação dos papéis familiares e a democratização das relações conjugais; Nova forma de “família”, naturalmente atípica, que consiste na monorresidência, por exemplo. Noção de Família A forma usual de vivência da família é a partilhada de um espaço comum – a casa, pelo que, em termos conceptuais, a família será um grupo social doméstico, girando a sua constituição e organização à volta do conceito de domus (casa),local agregador dos membros da família para o exercício de algumas das suas funções básicas – reprodução, socialização, produção e consumo. É um grupo social doméstico baseado em relações de parentesco entre os seus membros (sangue, casamento ou adoção). Estrutura da família O tipo de família, designado por família extensa ou consanguínea, estende-se por mais de duas gerações,incluindo os pais, os filhos casados ou solteiros, os genros e noras, os netos, os tios, por exemplo. Tipos de Famílias Nucleares [dominantes nos meios urbanos] – constituídas por dois adultos vivendo juntos com filhos biológicos ou adotados. Extensas [existem principalmente nos meios rurais] – situação em que outros parentes, de gerações diferentes, coabitam ou vivem muito próximo do casal e filhos. Monoparentais – constituída por apenas um adulto e respetivo(s) progenitor(es). Esta situação pode ser causada pelo divórcio ou separação dos pais, pela morte de um dos elementos da família ou pelas «mães solteiras». Recompostas – famílias resultantes da constituição de laços conjugais depois do divórcio, sendo que pelo menos um dos adultos tenha filhos de casamentos anteriores e existindo um progenitor biológico que vive fora da casa de família. Os seus elementos não estão forçosamente ligados por laços de parentesco e consanguinidade. Estas surgem com novos tipos de relações, uma vez que agregam filhos provenientes de lares diferentes, o que pode gerar confrontos de hábitos e perspetivas. Uniões de facto [situação cada vez mais comum na sociedade ocidental] – constituída por um casal que decide viver junto e ter relações sexuais sem haver casamento. Nem sempre esta situação é temporária, isto é, uma experiência que antecede o
  • 7. casamento; existem, cada vez mais, uniões de facto que perduram e que, com base em compromissos livremente aceites, decidem criar os seus filhos. Unipessoais – constituída por apenas uma pessoa a viver sozinha. Homossexuais – constituída por homens ou mulheres homossexuais que vivem como casais cujas relações se baseiam num compromisso pessoal. O tipo de família, designado por família extensa ou consanguínea, estende-se por mais de duas gerações, incluindo os pais, os filhos casados ou solteiros, os genros e noras, os netos, etc. Mas a família é usualmente pensada em termos de um grupo mais restrito, isto é, o homem (pai), a mulher (mãe) e os filhos. É a chamada família conjugal ou nuclear, baseada no relacionamento conjugal. Funções Sociaisda Família Geralmente, as funções atribuídas à família em qualquer contexto social são as funções: Reprodutiva e sexual – continua a ter um papel fundamental, tendo a seu cargo a reprodução biológica. De socialização das crianças – apesar de outras instituições concorrerem com a família na socialização dos jovens, o papel da família continua a ser primordial na sua integração social. Económica – antigamente, ter uma descendência numerosa não era considerado um encargo, mas sim uma mais-valia, dado que os filhos eram encarados como força de trabalho e uma segurança para a velhice dos pais. Atualmente, a função da família é apenas a unidade-base do consumo. Outras Funções – A família atual implica interações entre gerações, podendo constatar-se que a família atual implica interações entre gerações, ou seja, é a redescoberta do parentesco. A família, enquanto força social, está mais forte. As Famílias Portuguesas– Alguns Indicadores demográficos Queda das taxas de nupcialidade; Aumento do casamento civil contra o religioso; Existência de outras formas de conjugalidade; Aumento da idade média do primeiro casamento para ambos os sexos;
  • 8. Aumento dos divórcios; Diminuição média das famílias; Diminuição do número médio de filhos por mulher; Aumento dos nascimentos fora do casamento. Estas estatísticas podem ser comprovadas na seguinte tabela Evolução da Família A família tem evoluído no temo, apresentando dimensões, estruturas e funções variadas. É possível, segundo o historiador e sociólogo Lawrance Stone, dividir em três períodos distintos as alterações na vida familiar, desde a Idade Média até aos nossos dias. No 1º Período (Século XVI) – A forma familiar predominante era um tipo de familiar nuclear que vivia numa habitação modesta, mas profundamente inserida em relacionamentos comunitários, incluindo outros parentes. A estrutura familiar não estava separada de uma forma clara da comunidade. Naquele tempo a família não era um foco principal de laços emocionais ou de dependência entre os seus membros. As pessoas não obtinham as intimidades emocionais que hoje associamos à vida familiar, nem as procuravam. O ato sexual no casamento não era visto como uma fonte de prazer, mas como algo necessário à
  • 9. procriação. Fora dos círculos aristocráticos o amor romântico ou erótico era considerado doentio pelos teólogos e moralistas. No 2º Período (Século XVII até início do século XVIII) – Esta forma estava em grande medida confinada às classes altas da sociedade , mas não deixou de ser muito importante dado ter difundido atitudes que vieram a tornar-se, desde então, universais. A família nuclear tornou-se uma entidade mais autónoma, distinguindo-se dos laços com os outros parentes e com a comunidade local. No 3º Período (século XVIII) – Desenvolveu-se de uma forma gradual o tipo de sistema familiar hoje mais comum no Ocidente. Este tipo de organização familiar consistem em grupos unidos por laços emocionais, com um nível alto de privacidade doméstica e preocupados com a criação e educação dos filhos, tendo sido marcada pelo aparecimento do individualismo afetivo, a formação de laços matrimoniais assente numa escolha pessoal e guiados pela atração sexual ou pelo amor romântico. Os aspetos sexuais do amor começaram a ser exaltados no sio do casamento e não em relações extramatrimoniais. Novos Tipos de Famílias O divórcio tornou-se numa prática comum; a autoridade do pai de família declinou; a divisão do trabalho no seio da família alterou-se; os filhos são, desde pequenos, entregues aos cuidados de outras instituições, isto é, as funções sociais da família foram afetadas pelas recentes mudanças sociais. Esta “crise da família” tem levado à divulgação de formas de vida familiar alternativas à família nuclear tradicional. De facto, os grupos domésticos conheceram profundas alterações nos últimos quarenta anos, dando origem a novas formas fe famílias recompostas e da famílias homossexuais. Podemos ainda referir a situação de jovens casais, que durante parte da semana vivem com os pais e no resto da semana vivem juntos, partilhando um realção estável, mas sem partilhar um espaço de vida. É também o caso dos casais divorciados que voltaram a casa dos pais, mas esperam reconstruir uma nova família. Mais recentemente, aumentou o número de pessoas a viverem sós. Coabitação – É uma forma familiar em que i casal mantém uma relação sexual estável, vive em conjunto mas não efetuou um casamento. Em muito países é uma prática social legítima e tem vindo a aumentar, o que implicou o estabelecimento de direitos, isto é, um estatuto legal. Em Portugal, esta forma de família é apelidada de união de facto. Famílias Homossexuais – É um novo tipo de família em que o casal é formado por indivíduos do mesmo sexo. Em muitos países o casamento entre homossexuais é permitido, estando legalmente previsto e tendo um quadro legal estabelecido para o caso da sua dissolução. Em 2014 catorze países, entre os quais Portugal, já tinham legalizado o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A Geração “Canguru” – Uma das novas formas de vida familiar consiste na vida dos filhos em idade adulta em casa dos seus pais. São sobretudo do sexo masculino que, tendo dificuldade em se tornarem independentes financeiramente, por não encontrarem
  • 10. emprego, ou por dificuldades de ter a sua própria residência, encontram na casa paterna o apoio de que necessitam para uma vida independente, para além do suporte emocional sempre necessário. “Sós” ou Monorresidência – Outra forma de vida, que tem aumentado de forma continuada nas últimas décadas, é designada por Monorresidência. Caracterizava-se pelo facto das pessoas viverem sós e abrange transversalmente a sociedade: jovens, indivíduos em idade adulta ou em situação transitória e idosos. Novos Papéis Parentais Os valores e comportamentos associados à família foram sendo objeto de transformação, nomeadamente com a industrialização e com a globalização. Essas mudanças não são uniformes em todas as sociedades, mas coexiste uma diversidade de padrões, onde se podem identificar algumas caraterísticas comuns: A escolha do cônjuge passou a ser feita segundo critérios amorosos e não segundo qualquer conveniência económica ou social como antigamente; As famílias deixaram de ser unidades de produção económica. Embora a lógica económica continue a estar presente nas famílias, agora é na gestão dos rendimentos de que dispõem e não na lógica da produção; O papel da mulher na família alterou-se profundamente, tanto a nível económico – autonomia financeira feminina – como jurídica – deixou de existir o chefe da família –, resultando numa democratização das relações conjugais, sendo que tanto o homen com a mulher são responsáveis pela educação dos filhos. Estas mudanças explicam-se com a generalização da atividade feminina no mercado de trabalho e com o contributo da mulher para os rendimentos da família de forma igual à do homem. As práticas familiares nem sempre coincidem com os princípios estabelecidos, nomeadamente no que se refere à partilha das tarefas domésticas, em que a sobrecarga de trabalho para as mulheres é ainda muito grande.
  • 11. A introdução de contracetivos leva ao controlo da natalidade, estando na origem da distinção entre procriação e sexualidade e permitindo o planeamento da vida familiar. Assim, a vivência plena da sexualidade e a realização pessoal do indivíduo passam a fazer parte dominante da conjugalidade. Novo Lugar da Criança em Casa e na Sociedade Antigamente, a criança era considerada um pequeno adulto e começava desde cedo a desempenhar uma profissão. A partir da era industrial, a infância começou a ser encarada de outro modo: A criança passa a estar no centro da vida familiar, devido ao controlo da fecundidade, sendo considerada como o fruto do amor dos pais, fazendo parte do seu projeto familiar e sendo, portanto, um filho desejado. Para além disto, adquire um estatuto e personalidade própria. A família moderna investe grandemente na socialização escolar dos filhos para poderem adquirir diplomas que permitam a mobilidade social. Com isto, a entrada no mercado de trabalho verifica-se cada vez mais tarde, prolongando-se a dependência material e afetiva entre pais e filhos. Passa-se de uma relação democrática entre pais e filho em detrimento do dever de obediência cega dos filhos relativamente ao pai (enquanto chefe de família) para aos pais, tanto o pai como a mãe (depois do desaparecimento da figura do chefe de família). Atualmente, as relações entre pais e filhos são baseadas sobretudo na negociação e no diálogo,embora ainda haja desigualdade relativamente às classes sociais. As classes mais favorecidas utilizam a negociação e o diálogo, transmitindo-lhes valores de autonomia e sensibilidade que promovam o desenvolvimento das suas potencialidades. As classes mais desfavorecidas geralmente têm atitudes constrangedoras e de algum autoritarismo, chegando a utilizar o medo e a violência com o fim de condicionar as crianças, transmitindo-lhes valores como a acomodação e a obediência às regras. A Violência Intrafamiliar Violência doméstica - Abuso físico ou psíquico de um elemento do agregado familiar em relação a outro ou outros dos seus membros. Violência Intrafamiliar – A violência doméstica é uma forma de abuso, geralmente físico, de um membro da família sobre outro ou outros. Mulheres e crianças são, geralmente, as principais vítimas.
  • 12. A violência doméstica ocorre devido ao facto de as relações familiares consubstanciarem emoções muito fortes e íntimas, pelo que o amor e o ódio podem misturar-se neste contexto. Pelo facto de, atualmente, serem conhecidas mais situações de violência física, psicológica e de abuso sexual, que se desenvolvem no quadro das relações familiares, isso não significa necessariamente que a violência intrafamiliar tenha aumentado pois sempre houve violência na família. Antes, alguma violência intrafamiliar era socialmente aceite, como o pai ou a mãe dar uma estalada nos filhos e mesmo isso poder acontecer entre cônjuges, o que fez com que durante muito tempo estas situações fossem consideradas normais por parte de agressores e vítimas (“entre marido e mulher ninguém meta a colher”, “quanto mais me bates mais gosto de ti”). Os crimes passionais eram também olhados com mais compreensão se fossem praticados por homens “para defesa da sua honra”. Só na década de 70 do século XX é que o problema da violência doméstica começou a ser denunciado, em virtude da ação dos grupos feministas. Hoje, estes fenómenos são considerados crimes, no plano jurídico e social, daí que as situações sejam mais noticiadas e sobretudo mais participadas à polícia e que as crianças e as mulheres disponham de maior proteção através de organizações próprias e dispondo de linhas telefónicas de emergência (APAV, por exemplo). Segundo Giddens, na obra Sociologia, “há um conjunto de fatores envolvidos. Um deles reside na combinação entre a intensidade emocional e a intimidade pessoal, características da vida familiar. Os laços familiares estão normalmente impregnados de emoções fortes, que misturam frequentemente amor e ódio. As desavenças que ocorrem no contexto doméstico podem libertar antagonismos que não seriam sentidos da mesma forma em outros contextos sociais. Uma segunda influência reside no facto de se tolerar e até mesmo aprovar um ceto grau de violência no âmbito da família. Embora a violência familiar socialmente aprovada seja de natureza relativamente limitada, pode facilmente degenerar em formas mais severas de agressão.
  • 13. Conclusão A instituição mais antiga de todas as sociedades, não é estática. É moldada e alterada pela sociedade ao longo dos séculos. É uma instituição social de carácter universal, embora as formas de vida familiar variam no tempo e no espaço. A família pode ser nuclear ou extensa. As suas unções são a reprodução, a socialização e o consumo. Por não ser uma instituição social estática, verificam-se mudanças ao nível da sai dimensão, estrutura, funções, papéis sociais dos seus membros, independência na escolha do cônjuge, direitos,tipode privacidade e afetos.Assim, a noção de família é adaptada pela sociedade ao longo dos séculos. Por fim,a violênciaintrafamiliaré umfenómenosocial grave que temtido resposta através da instituição de defesa dos direitos das crianças e das mulheres. A instituição que mais acolhe este problema é a APAV (Associação de Apoio à Vítima).