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AUGUSTA GERN
Brasil sem homofobia.
Projeto aprovado pelo MEC
gera polêmica na sociedade
O projeto Escola sem
Homofobia foi criado
para abordar a questão
da homossexualidade
com alunos do ensino
fundamental e médio. O kit
composto por boletins e
materiais audiovisuais será
distribuído para professores
de escolas publicas este ano.
EDUCAÇÃO | PÁGINA 7
Inaugurada em 2004, a Arena
Joinville aguarda a retomada
para conclusão das obras
ESPECIAL | PÁGINA 5
Os tablets possibilitam às pessoas
carregarem verdadeiras bibliotecas
Apaixonados pela leitura aderem cada vez mais
aos livros digitais. Os e-books ficam populares
e caem no gosto principalmente dos jovens.
ESPECIAL | PÁGINAS 8 E 9
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC JOINVILLE, MAIO DE 2011 - EDIÇÃO 87 - GRATUITO
Saiba como está o planejamento para a
construção do parque municipal de Joinville
A cidade possui diversos espaços possíveis para serem áreas
de lazer como Morro do Finder e Boa Vista, porém os
problemas burocráticos impedem o início dos projetos.
MEIO AMBIENTE | PÁGINA 13
Conheça a origem do esporte
que tem crescido no país,
gerado investimento de times
tradicionais e conquistado
adeptos: o“football brasileiro”
ESPORTE | PÁGINA 4
www.primeirapautaielusc.blogspot.com
Organizações sem fins lucrativos
buscam ajuda profissional
para captação de recursos
ONGs de Joinville têm
dificuldades e dependem de
doações e apoio da comunidade
para sobreviverem. Feiras, bazares,
caixas em pontos comerciais e
parcerias com órgãos públicos
são algumas das estratégias
utilizadas para arrecadar verbas.
ESPECIAL | PÁGINA 11
COMPORTAMENTO | PÁGINA 12
TintanaagulhaA tatuagem como forma de expressão
é usada há mais de 3.500 anos.
LUÍSADESIDERÁ
COMPORTAMENTO | PÁGINAS 14 E 15
OladodeJoinvilleque
nãocostumaaparecer
CHUMBINHOBECKER
ENTREVISTA | PÁGINA 3
Um grande piloto
é feito de uma
soma de detalhes.
É o preparo físico,
mas também é
olhar para a pista”
“
DIVULGAÇÃO
BÁRBARAELICE
02 Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA Opinião
O show midiático na cobertura de Realengo
No mês passado foi comemorado o dia do jorna-
lista, e, este ano, o presente veio em forma de pauta.
Todos os veículos de comunicação e seus profissionais
se movimentaram de alguma maneira para contar o
caso do atirador da escola de Realengo. A disputa pela
informação em primeira mão entre as grandes corpo-
rações lembrou o período da Guerra Fria, quando Es-
tados Unidos e União Soviética travavam uma corrida
armamentista. A comparação é possível: as potências
— midiáticas ou bélicas — mostram
ao que vieram, mas não chegam efeti-
vamente ao seu objetivo, que no caso
do jornalismo é levar a informação ao
público. Tudo gira em torno de quem é
melhor, ou parece ser.
As empresas de comunicação costu-
mam se sustentar por três pilares: jor-
nalístico, administrativo e comercial.
Em teoria, são áreas independentes, mas
quando acontecem fatos como o da es-
cola do Rio de Janeiro tudo se mistura. O sensaciona-
lismo que regeu a cobertura de Realengo dá o tom ao
desenrolar dos fatos. A maior audiência das empresas
estimula o comercial, que por sua vez faz com que o se-
tor administrativo tome decisões que priorizem certas
coisas. Tudo isso é rebocado pela força de trabalho jor-
nalística. Quanto mais o jornalista produzir em menos
tempo, mais lucro a empresa terá.
Pelo lado do público também há uma aparente
ganância pelo sensacionalismo. As empresas de co-
municação sugerem o sensacionalismo e o público
garante a audiência. Uma combinação quase perfeita
para que esse ciclo não se modifique. E não importa a
plataforma, seja ela TV, rádio, impresso ou internet.
As pessoas recebem esse bombardeio de informações,
sem saber o que selecionar nem como podem refletir
sobre o fato.
É nesse contexto que muitos profissionais colocam
de lado uma série de princípios éticos e
morais de jornalismo e abraçam a corri-
da frenética das empresas pela maior au-
diência. Não importa o choque que as
informações causam na sociedade, nem
pela cena de um assassino morto sen-
do mostrado ao vivo ou pela entrevista
com uma criança ainda com as roupas
sujas de sangue.
Isso tem que parar. Os jornalistas
precisam ter autonomia e saber qual o
seu verdadeiro papel na sociedade. Os veículos de co-
municação não precisam ser apenas um meio de deixar
mais rico quem já é rico. O jornalismo se mostrou di-
versas vezes na história como uma forma de levar cons-
cientização até as pessoas, mas da forma como funcio-
na hoje só ajuda a alienar ainda mais. Cabe também à
sociedade que cobre mudanças. Não é mais admissível
que as informações que recebemos pela imprensa sejam
pautadas por outros interesses que não os da maioria.
editorial
É inadmissível que
as informações
que recebemos
sejam pautadas por
interesses escusos
MANIPULAÇÃO
em foco
@twitterOqueosjornalistas
falam em 140 caracteres
@nilsonlage Em casos como o de Realengo, o
certo é focar a cobertura nas vítimas. O foco
no criminosos o torna modelo a ser copiado
por outros malucos.
Professoruniversitário(UFSCeUFRJ)aposentadocompulsoria-
menteem2006.DoutoremLinguística,comênfaseemsemântica.
@upiara O desarmamento é uma discussão
válida, mas não tem nada a ver com o que
aconteceu em Realengo.
JáatuounojornalANotíciadeJoinvilleehojeestánoDiário
Catarinense,emFlorianópolis.
@realwbonner Daqui a 50 anos, quando
pesquisadores forem vasculhar arquivos
da imprensa, terão um registro valioso da
tragédia brutal que vimos ontem.
Editor-chefeeapresentadordoJornalNacional.Seuperfilno
twittertemquase1,5milhãodeseguidores.
@ joseantoniobaco“Como todo jornalista é
candidato a intelectual, abriga a ilusão de que
tem poder. Mas, no jornal o poder é do dono”.
Cláudio Abramo.
Apresenta-senotwittercomojornalistaepublicitário.Tem
ligaçãocomJoinville,masatualmenteresideemLisboa.
@__MAG__ Será muito pedir um pouco
de sobriedade da mídia na cobertura dessa
tragédia já em si tão chocante? por que
sempre exagerar o já exagerado?
JornalistadaFolhadeSãoPaulo.
@samucalima O impacto humano profundo
da tragédia na escola mun.Tasso da Silveira
expõe o despreparo da grande mídia para
cobrir os fatos lamentáveis.
Jornalista,professordaFaculdadedeComunicaçãodaUnBe
professor-visitantedocursodejornalismodaUFSC.
AO PÉ DA LETRA. Trauma no uniforme e trauma no corpo. São lances como o da foto que fazem do futebol ame-
ricano um esporte de contato físico. As proteções dos jogadores não são à toa. As jogadas não poupam força e
nem quem tem medo de se sujar na hora de garantir o ponto. Vale a pena conferir uma partida para conhecer
um pouco melhor esse esporte importado.
DIRETORGERALDOBOMJESUS/IELUSC|Tito
LívioLermen
COORDENADOR DO CURSO | Sílvio Melatti
DISCIPLINA | Jornal Laboratório II
PROFESSOR RESPONSÁVEL | Lucio Baggio
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO | Eduardo Schmitz
EDITOR GRÁFICO | Edinei Schimieguel Knop
DIAGRAMADORES |AlineSeitenfus,Emanoele
Girardi, Francine Ribeiro e Ronaldo Santos
EDITORES DE TEXTO | Ariane Pereira, Daiana
Constantino, Fabiane Borges, Fernanda Rosa,
Gustavo Cidral, Neyfi Müller eTiffani dos Santos
REPÓRTERES|AnaPauladaSilva,Augusta
Gern,BárbaraElicedaSilva,DiegoPorcincula,
GabrielFronzi,JaquelineDias,LizandraCarpesda
Silveira,MarlondeSouza,MatheusMello,Mayara
Silva,PatríciaSchmauchePoliannaMoraes.
EDITORA DE FOTOGRAFIA | Jéssica Michels
FOTÓGRAFOS | Ana Luiza Abdala, Augusta
Gern, Camilla Gonçalves, Gisele Silveira,
Jaqueline Dias, Jacqueline Mello, Luísa Desiderá
e Polianna Moraes
IMPRESSÃO | A Notícia
TIRAGEM | 3 mil exemplaresContato com a redação
Endereço: Rua Princesa Isabel, 438 - Centro
CEP 89201-270 | Joinville | Santa Catarina
Telefone: (47) 3026-8000 - Fax: (47) 3026-8090
E-mail: jornalismoielusc@gmail.com
Blog: primeirapautaielusc.blogspot.com
Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - Jornalismo
Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc
XXI Prêmio de Direitos Humanos de
Jornalismo, MJDH - OAB/RS, 2004
EDIÇÃO 87 | MAIO DE 2011
@SergioRafael Jornalismo mesquinho
disfarçado de informação, museu de
curiosidades bizarras sobre a vida de pessoas,
espetacularização da tragédia.
Nadescriçãodoseutwitterdefendealiberdadedeopiniãocomo
imprescindível.Temsimpatiaporpolítica,culturaeeducação.
DiagramaçãodeRonaldoSantos|EdiçãodeArianePereiraeEduardoSchmitz
LUÍSA DESIDERÁ
Sugira tweets para a coluna doTwitter no jornal
Primeira Pauta. Sua opinião é muito importante!
Siga: twitter.com/primeira_pauta
03Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTAEntrevista | Chumbinho Becker
Diagramação de Ronaldo Santos | Edição deTiffani dos Santos
14vezescampeãobrasileiroelíderdocampeonato2011,Chumbinhofazdoesporteumametáforadavida
S
eu nome é Milton
Becker, mas é como
Chumbinho que ficou
conhecido. O piloto de
motocross lembra um
daqueles personagens
tiradosdeumfilmedeação,emque
vive pela aventura. É a adrenalina
que lhe dá o sentido da existência.
Venceu mais de 14 competições
nacionais de motocross.
No dia 29 de julho do ano
passado, liderava novamente a
competição nacional na categoria
MX3 450 cilindradas (cc), quando
sofreu um acidente no treino —
quebrou quatro costelas e teve o
baço perfurado. Ficou quatro dias
internado na Unidade de Trata-
mento Intensivo (UTI)do Hospital
Dona Helena em Joinville. Depois
de um processo de recuperação e
treinamento, atualmente está em
primeiro na classificação geral da
categoria MX4 450 cc, na Super
Liga BrasildeMotocrossetambém
lidera o Campeonato Brasileiro de
Motocross. Disputa seu 15º título.
Chumbinho é um exemplo de su-
peração.
Nasceu em 1967 em Ituporan-
ga, cidade localizada a 167 km de
Florianópolis. É filho de agricul-
tores e, aos 9 anos, trabalhava na
lavoura junto com os pais. Aos 16
anos começou a trabalhar em uma
oficina de motos. Em 1983, com
uma moto emprestada na própria
oficina em que trabalhava — uma
Yamaha DT 180 cc —, disputou a
primeira corrida. “Andei bem, mas
caí e me ralei um pouco”, recorda.
A família o incentivou. Seguiu
no campeonato regional e naquele
ano ficou em segundo na classifi-
cação geral. No ano seguinte, dis-
putou o campeonato catarinense
e foi pela primeira vez campeão
estadual. Na cidade de São Miguel
do Oeste, correu pelo campeonato
brasileiro, liderou parte da prova e
terminou em segundo. Em Chape-
có, no ano de 1989, em uma nova
prova do Campeonato Brasileiro,
liderou parte dela e terminou em
primeiro. Daí em diante não parou
mais. Em 1990, já corria profissio-
nalmente por Chapecó.
Já consagrado campeão, em
2006, o piloto foi preso pela Polícia
Federal acusado de contrabandear
motos do Uruguai e de revender
no Brasil. Ele nega e ainda hoje
o Ministério Público não provou
o seu envolvimento no caso. Foi
durante um treino junto aos seus
assistentes e mecânico que Chum-
binho concedeu esta entrevista ao
Primeira Pauta.
PRIMEIRA PAUTA - Quando você
chegou à Joinville?
CHUMBINHO BECKER - Vim para
Joinville em 1992, para compe-
tir no campeonato estadual onde
moro até hoje, no bairro Floresta.
PP-Oquevocêachaqueodiferencia
dos outros pilotos?
CHUMBINHO - Mesmo aos 44
anos, pratico exercícios físi-
cos diariamente na academia
de casa. Treino quase todos os
dias das 13 às 17 horas na pis-
ta do Ipê, um terreno à beira
da BR-101, no bairro Costa e
Silva. Além disso, eu mesmo
arrumo com a enxada a área
de escape da pista e acerto os
obstáculos de barro. Isso faz
parte do meu exercício físico.
O trabalho com a enxada dá
calos na mão, isso é importan-
te, pois se o piloto tiver a mão
frágil no final de uma corrida,
a mão fica em carne viva. (con-
ta mostrando as mãos)
PP - O que move a sua vida?
CHUMBINHO - O que me move é
a possibilidade de ganhar. Uma
corrida de moto é isso, é superar
o outro e é se superar. É conse-
guir achar o caminho para ser
mais rápido e ganhar a corrida.
PP - E como você fez para ser tan-
tas vezes campeão?
CHUMBINHO - Tem que ser apai-
xonado. Tem as coisas boas,
mas também tem muita coisa
ruim e diante das dificuldades
não pode desistir. Aí é que tem
que ter dedicação.
PP - O preparo da moto conta muito?
CHUMBINHO - Muito. Desde
como o piloto segura no guidão
até mesmo como ele posiciona
o pé na pedaleira. Uma boa es-
colha do pneu também faz dife-
rença. Para se ter uma ideia, só
no suporte traseiro da moto há
quatro regulagens diferentes.
PP - E o preparo físico?
CHUMBINHO - O preparo físico
conta e muito, mas também a
estratégia adotada pelo piloto.
Se o piloto usar toda a ener-
gia no início da prova, antes
da metade da corrida ele está
exausto. Tem que saber distri-
buir esse esforço físico.
PP - Você prefere a pista seca?
CHUMBINHO - Eu prefiro a pista
molhada. Com a pista úmida
você usa mais o freio, mexe mais
Temqueserapaixonado.Temas
coisasboas,mastambémtem
muitacoisaruimediantedas
dificuldadesnãopodedesistir.
Aíéquetemqueterdedicação”
“
Marlon de Souza
marlonluiz@hotmail.com
Caçador de emoções sobre duas rodas
a moto, o piloto aparece mais.
PP - Nunca se interessou pelo cir-
cuito internacional?
CHUMBINHO - Quando me mudei
de Ituporanga para Joinville pra
correr, minha mãe ficou triste.
Eu era adolescente, de cidade
pequena, foi difícil para minha
família. Logo que eu comecei
a me destacar no campeona-
to nacional recebi um convite
para ir aos EUA disputar o
campeonato internacional por
uma equipe de lá. Eu não fui
porque fiquei preocupado com
a minha mãe, se ela não recebeu
bem quando vim para Joinville,
imaginei como ela ficaria se eu
fosse para fora do país. Mais
tarde cheguei a correr uma eta-
pa do mundial na França, mas
caí logo nas primeiras voltas e
não me classifiquei. A minha
equipe e eu chegamos a pensar
em correr o mundial, mas re-
quer um investimento grande.
Tem que levar toda a equipe,
toda uma estrutura para vários
países durante todo o ano e não
há patrocínio. A única forma
viável seria se eu me mudasse
para um país que invista nessa
modalidade, aí se tornaria viá-
vel, mas isto não está nos meus
planos atualmente.
PP - Se você fosse apresentar uma
fórmula para alguém ser um gran-
de piloto, qual seria?
CHUMBINHO - Um grande piloto
é feito de uma soma de deta-
lhes. É o preparo físico, mas
também é olhar para a pista
e saber qual é a linha mais rá-
pida e mesmo quando o pilo-
to estiver na linha mais lenta,
mesmo assim, ele tem como
conseguir ser mais rápido
que o adversário. A experiên-
cia permite que o piloto saiba
qual é a linha mais rápida. Por
exemplo, quando há uma ram-
pa tem aqueles que ao se apro-
ximarem, param de acelerar e
pulam a rampa apenas com o
impulso. Eu ganho tempo aí,
acelero até o mais próximo
possível, então eu freio para
dar o pulo. Há ainda formas
de pular mais alto para ultra-
passar no ar um adversário ou
pular mais longe para quando
tocar no solo já cair na frente.
Isso tudo depende da corrida.
É a corrida que vai determinar
a ação do piloto.
Oquememoveéganhar.
Umacorridademotoé
conseguiracharocaminho
parasermaisrápido”
“
Fotos: BÁRBARA ELICE
04 Esporte
Diagramação de Francine Ribeiro | Edição de Fernanda da Rosa
Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA
Esporte popular nos EUA, o futebol americano cresce no país e ganha adeptos em diversos estados
O“football”ganha destaque no Brasil
Rúgbi também está crescendo
Se o filho está se fortalecen-
do, o pai não fica atrás. O rúgbi,
esporte que serviu de base para
a criação do football na segunda
metade do século XIX por univer-
sidades americanas, aos poucos,
ganha adeptos por todo o país. O
segundo esporte mais praticado
no mundo, apenas atrás do ‘nos-
so’ futebol, tem menos apoio que
seu descendente, contudo, vem
fazendo história no cenário con-
tinental. Na modalidade sevens,
na qual são sete atletas em vez de
quinze, a seleção brasileira femini-
na conseguiu o hepta campeonato
no início deste ano, no município
de Bento Gonçalves- RS. Já entre
os homens, o Brasil ficou em ter-
ceiro lugar, melhor resultado da
história, além de vencer a Argen-
tina, potência do esporte, pela pri-
meira vez. Ambas estão classifica-
das para os jogos pan-americanos
em Guadalajara este ano e, a partir
de 2016, nas olimpíadas do Rio de
Janeiro, o rúgbi sevens será espor-
te olímpico.
O começo
Dentremuitashistóriassobreo
rúgbi, uma delas explica de forma
curiosa a origem do esporte. Em
um jogo de futebol na Inglaterra,
um jovem estava achando aquele
esporte monótono e sem graça.
Em um ato de loucura, ele pegou
a bola com as mãos e saiu corren-
do em direção ao gol adversário.
Seus oponentes teriam o agarra-
do, tentando impedir sua corrida.
Tal partida, segundo a história,
ocorreu na Rugby School, em
Rugby, Inglaterra. O nome deste
aluno era Willian Wabb Ellis, que
dá nome ao troféu da IRB World
Cup, a copa do mundo de rúgbi.
Já o futebol americano co-
meçou a se desenvolver após um
consenso de regras entre as uni-
versidades de Yale e Harward, que
jogavam o rúgbi de maneiras dife-
rentes. Na década de 1870, ocor-
reu a Massoit Convencion, que
implantou as principais mudanças
que distanciaram o football de seu
ascendente. Uma das diferenças
notáveis entre os dois esportes é
o número de jogadores. No rúgbi,
15 jogadores ou sete em campo,
no football, 11. Também se difere
a duração de cada partida, no rúg-
bi são dois tempos de 40 minutos,
ação contínua; já no football são
4 tempos de 15 minutos, o relógio
pode ser parado constantemente.
Q
ue o Bra-
sil é o país
do futebol,
todo mundo
sabe. O que
poucos têm
conhecimento é o crescimento
considerável nos últimos anos
de um esporte que movimenta a
paixão de milhões de pessoas e
ativa a circulação de bilhões de
dólares: o futebol americano. O
famoso jogo da bola oval possui
confederação e ligas organizadas,
tanto em nível es-
tadual quanto na-
cional. No entanto,
o pouco incentivo
financeiro faz com
que os praticantes
façam da modali-
dade um hobby, e
não uma profissão.
Se para nós é
praticamente obri-
gaçãoescolherumtimedefutebol
(o mesmo do pai, de preferência),
assistir aos jogos, jogar com os
amigos na escola desde peque-
no, nos Estados Unidos não é
diferente. O football é uma paixão
nacional, o esporte mais popular
da América. “Os milhões de fãs
de costa a costa fazem do esporte
o mais emocionante e incrível”,
afirma Jason Tate, 24 anos, atleta
recém contratado pelo Joinville
Gladiators que, durante a facul-
dade nos EUA, atuou na liga uni-
versitária de futebol americano,
a NCAA. Apesar das diferenças
técnicas nos dois países, Jason
está extremamente eufórico com
a oportunidade de trocar conhe-
cimento com os praticantes bra-
sileiros. “Joinville é uma grande
cidade e estou ansioso para en-
sinar e aprender sobre footbaal
com meus companheiros de time.
Quero fazer história na equipe e
na cidade”, almeja.
O Gladiators é uma das re-
ferências do esporte no Brasil.
Bicampeão catari-
nense (e buscando
o tricampeona-
to), foi finalista da
conferência Sul na
segunda edição da
Liga Brasileira de
Futebol America-
no (LBFA) no final
do ano passado. A
passos pequenos,
porém importantes, o número de
adeptos deste futebol diferente
do nosso aumenta, principalmen-
te no sul e no sudeste do país.
“Foi feita uma pesquisa durante a
última LBFA na qual foi constata-
da um enorme avanço do esporte
no sul e no sudeste brasileiro.
Enquanto no sul comenta-se
mais sobre futebol americano, o
sudeste ganha em número de jo-
gadores”, explica Romenito Silva,
jogadorepresidentedoGladiators.
Além disso, outros fatores mos-
tram tamanho desenvolvimento:
o último try out (seletiva de joga-
dores) dos glads em Joinville reu-
niu cerca de 400 pessoas; no eixo
Rio- São Paulo, times de grande
tradição do ‘nosso’ futebol estão
patrocinando e apoiando clubes
de FA. Santos Tsunamis, Corin-
thians Steamrollers, Fluminense
Imperadores e Vasco Patriotas são
exemplos desta parceria.
Matheus Mello
senso_de_humor@hotmail.com
No Sudeste, o futebol
tradicional investe
no football, um
exemplo disso é o time
SantosTsunamis
EXPANSÃO
 110 milhões de pessoas as-
sistem pela televisão o Super
Bowl, final da NFL. Dessa forma,
tem os maiores índices de audi-
ência no país.
232. É o número de países que
o Super Bowl é transmitido, e é
narrado em 30 idiomas.
300 mil pessoas estavam pre-
sentes no último Super Bowl,
que aconteceu em Arlington,
no Texas.
U$ 10 bilhões foram gasta-
dos aproximadamente pelos
visitantes do evento.
U$1 milhão é o preço por se-
gundo cobrado para exibir um
comercial durante o intervalo do
Super Bowl. A rede Pizza Hut de-
sembolsou U$30 milhões para
um comercial de 30 segundos
U$9 milhões é o faturamento
anual da NFL
Os números do esporte
Futebolamericano
JoinvilleGladiators(esquerda)enfrentaJaraguáBreakers(direita)pelaterceirarodadadocampeonatocatarinensedefutebolamericano
Shoulder Pads: R$200*
Capacete: R$610**
Proteção para coxas,
joelho e quadril: R$50
*Este valor refere-se ao
fabricante importado. O preço
do pad feito no Brasil é similar.
**O artigo mais caro entre
todos os artigos de proteção.
Este valor é referente ao
fabricante importado, pois não
há produção de capacetes no
território brasileiro.
luísa desiderá
No Brasil, o futebol americano
não é muito divulgado, por isso
muitos brasileiros não sabem o
que o esporte representa para a
economia dos EUA. Abaixo, dados
que mostram a força do football:
Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTAEspecial 05
Diagramação de Francine Ribeiro | Edição de Fabiane Borges
O
sonho join-
vilense de
c o n s t r u i r
um estádio
M u l t i u s o
parecia en-
caminhar para um final feliz. A
Arena Joinville estava comple-
tamente planejada, e tinha bons
indícios de que daria certo. Mas
poucos se deram conta de que se
tratava de uma obra política, o
resultado do atropelamento das
situações é o que se vê atualmen-
te. Ainda hoje, o prefeito de Join-
ville, Carlito Merss, afirma ter
perdido a eleição de 2004 devido
à inauguração do estádio. “Eu es-
tava eleito e a Arena Joinville me
derrubou”, garante.
O projeto do gigante de con-
creto, construído na época do
mandatodoprefeitoMarcoTebal-
di, foi gerenciado pela Excem, em-
presa de Curitiba responsável por
fazer o investimento dar certo, na
medida em que o custo-benefício
fosse mútuo. A Excem cuidaria
dos camarotes para licitação e dos
espaços que poderiam ser comer-
cializados no interior do estádio,
como lojas, praça de alimentação
e agências bancárias. Entretanto,
a empresa paranaense deparou-se
com um problema.
No projeto inicial da Arena
Joinville,constavaaaberturadaRua
Coronel Francisco Gomes para que
a torcida visitante e o clube adver-
sário pudessem entrar pelos fundos
do estádio. Porém, esse terreno, que
hoje é propriedade da Comfloresta,
contém 40 mil toneladas de entu-
lho que não podem ser retiradas do
local. Com isso, essa parte da obra
também parou e não existe previsão
de progresso. O empresário Nival-
do Scremin, diretamente ligado à
prefeitura, garante que o local do
lixo não pode ser alterado, pois não
existe estrutura física na cidade para
abrigar o que hoje se encontra aos
fundos do estádio municipal.
A Excem tinha como ideia ven-
der o “nome” da Arena Joinville.
Algo parecido com o que foi feito
na Arena da Baixada, em Curitiba,
que tem o nome social Kyocera
Arena, devido à comercialização
realizada junto à empresa japone-
sa Global Kyocera. Naturalmente,
como não houve conclusão do pro-
jeto, não houve compradores inte-
ressados em pagar os valores exigi-
dos pela empresa curitibana, cujos
números não foram revelados.
Outro projeto vinculado à Are-
na Joinville, que também não se-
guiu em frente, foi o da construção
deumelevadoentreasaídadoestá-
dioeaRuaNacar,nobairroGuana-
bara, para desafogar o trânsito nas
horasdepico.Desdeaqueletempo,
em2004,olocaljáapresentavapro-
blemas. Além disso, o estádio, em
2008, começou a preocupar. Logo
após a conclusão da segunda parte
da obra, as rachaduras começaram,
o terreno cedeu e as infiltrações
tornaram-se frequentes. “Talvez o
tipo de cimento utilizado na obra
não tenha sido o adequado. Natu-
ralmente que por se tratar de uma
obra política também houve um
atropelamento no planejamento,
o que dificultou ainda mais as coi-
sas. O estádio é construído em uma
área de mangue. Era óbvio que isso
aconteceria”, garante o engenheiro
Fernando Simas.
Deste modo, acabou o dinhei-
ro. Faltam ainda cerca de 20 mi-
lhõesparaaconclusãototaldopro-
jeto, e sem um retorno em médio
prazo,aempresacuritibanadecidiu
abandonarorestantedasobras.Em
2009, Jorge Luis do Nascimento,
presidente da Fundação Municipal
de Esportes e Lazer de Joinville, a
Felej, garantiu que a prefeitura iria
atrás da verba para a conclusão da
obra. “Vamos atrás do valor para a
terceira parte. Precisamos de apoio
político”, destacou.
Em maio do ano passado, o
então governador Luiz Henrique
da Silveira alegou, em entrevista à
Rádio Cultura de Joinville, que fal-
tavahumildadeparaospolíticosda
cidade em pedir auxílio. “Querem
terminar a Arena, mas ninguém
nos comunica, ninguém nos pro-
cura para falar sobre isso. Se fize-
rem um levantamento completo,
levaremos os valores até o governo
federal para que essa obra possa ser
concluída”, garantiu.
Apenas um ano depois, prati-
camente, o governo do estado vi-
sitou a Arena. Na ocasião, estava o
deputado estadual Darci de Mattos
e o secretario do Turismo, Esporte
e Cultura do Estado, César Souza
Júnior, que se assustou com a situ-
ação do complexo esportivo. “O
estádio sequer completou dez anos
e já esta neste estágio. Consigo per-
ceberváriasinfiltraçõeseproblemas
primários.Jáexistemrachadurasem
um projeto que deveria estar próxi-
mo às obras de primeiro mundo”,
salientou o secretário.
Até o momento, não há novi-
dades em termos de investimentos
para a conclusão da obra. O maior
estádio de Santa Catarina permane-
ce inacabado e segue com diversos
problemas estruturais e em cons-
tante degradação.
GabrielFronzi
gabrielfronzi@ligaedesliga.com.br
Oitoanosdepoisdainauguração,oestádio jáapresenta
diversosproblemas,comorachaduraseinfiltrações
Aparalisaçãodasobras
naArenaJoinville
ESTÁDIO MUNICIPAL, DO MODELO AO REFUGO
fOTOS: pOLIANnA mORAES
Oabandonoeodescasopodeserpercebidoatravésdasinfiltraçõeserachaduraspresentesemtodoaestrutura.Nastrêsprimeirasfotos,asrachadurassãovisíveisnasarquibancadas.Aúltimaimagemmostraoentulhoacumuladonosfundosdoestádio
MAIO
A paralisação das obras
JUNHO
O abandono
ABRIL
A promessa
Inaugurada em 2004, a Arena Joinville
aguarda pela finalização das obras
06 Educação
Diagramação de Francine Ribeiro | Edição de Daiana Constantino
Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA
As chances de ingressar em
universidades privadas aumen-
taram no Brasil. Isso porque,
os programas de incentivo à
Educação como o Artigo 170,
o Programa Universidade para
Todos (ProUni) e o Fundo
de Financiamento Estudantil
(Fies) oferecem ajuda financei-
ra aos acadêmicos.
O ProUni e o Artigo 170,
por exemplo, disponibilizam
benefícios aos estudantes sem
renda familiar suficiente para
pagar as mensalidades. Gabriela
Roberta dos Santos conseguiu
uma bolsa e garantiu a vaga no
curso de Pedagogia. “Com a
bolsa de estudos pude alcançar
meu objetivo de entrar na facul-
dade. Muitos alunos, inclusive
eu, não têm condições de pagar
um curso superior no valor in-
tegral”, relata.
Já o Fies possibilita o finan-
ciamento parcial ou integral das
faturas mensais das graduações.
Para ter acesso ao benefício, os
alunos matriculados em cursos
superiores precisam fazer a ava-
liação do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior
(Sinaes). Segundo informações
do Ministério da Educação, to-
das as instituições particulares
de Joinville estão dentro dos
critérios para oferecer o auxílio.
Com bom desempenho no
ensino médio, Angélica Peccher
Glen, conseguiu uma bolsa inte-
gral para cursar Direito na Uni-
versidade da Região de Joinville
(Univille). A seleção foi feita
por meio do histórico escolar
dela. Nesse caso, o benefício é
oferecido pela própria faculda-
de. “Sem a bolsa não teria como
fazer um curso superior, pois a
renda da minha família não per-
mite pagar o valor da mensali-
dade que é de R$900”.
Mais informações sobre os
programas e bolsas de estudos
devem ser obtidas junto ao setor
de Serviço de Apoio ao Estudan-
te (SAE) ou a Assistência Social
das instituições de ensino.
Diego Porcincula
diegoporcincula@gmail.com
D
ia 21 de maio
é o dia da lín-
gua nacional.
Aqui no Bra-
sil e em mais
sete países
homenageamos a língua portu-
guesa, a sexta mais falada no mun-
do. O português já sofreu muitas
alterações como o surgimento de
neologismos (expressões novas) e
gírias, mas a mais significativa foi
a reforma ortográfica, assinada
em 1º de janeiro de 2009. A nova
regra ainda está em fase de adap-
tação e começa a valer a partir de
janeiro de 2013.
No entanto,
há especialistas da
língua portuguesa
que criticam o uso
das novas regras
da língua nacional.
De acordo com
a escritora joinvi-
lense Ana Ribas
Diefenthaeler, os
dialetos regionais do Brasil deve-
riam ser levados em consideração
em algumas mudanças da refor-
ma ortográfica. “No país existem
muitas falas e regionalismos. São
mundos bem diferentes que pos-
sibilitam várias versões da língua
portuguesa”, observa.
Mesmoqueaospoucosaescri-
tora esteja adotando as mudanças
na escrita da língua portuguesa,
ela insiste em usar alguns acen-
tos. Ela lamenta a perda do tre-
ma, por exemplo. “Ainda não me
acostumei com a ideia de escrever
palavras sem alguns acentos, em
especial o trema. Vou sentir sau-
dades de acentuar as palavras que
levavam trema”, declara.
No Brasil, as mudanças fo-
ram poucas em relação ao nú-
mero de palavras. Com o novo
acordo, o Ministério da Educa-
ção informa que será alterado
somente 0,5% do vocabulário
brasileiro. “A supressão do tre-
ma e do acento di-
ferencial,doacento
agudo e circunfle-
xo em alguns ca-
sos, e alterações
quanto ao uso do
hífen, são altera-
ções consideradas
mais importantes”,
segundo o MEC.
Além disso, foram
incorporadas as letras k, w e y
ao alfabeto. Nos outros países
a reforma foi maior, abrange
1,5% das palavras usadas.
O novo acordo foi elabora-
do para uniformizar a grafia das
palavras dos países lusófonos,
ou seja, os que têm o português
como língua oficial. Já houve
várias tentativas para esta unifi-
cação, a primeira delas ocorreu
em 1911 e culminou na primei-
ra grande reforma em Portugal.
Depois existiram várias tentati-
vas, sendo a mais importante a
de 1990, a qual levantou toda a
discussão da atual reforma.
No Brasil, quatro anos é o
período para começar a valer a
aplicação das novas regras. Já
em Portugal, o prazo transitó-
rio é de seis anos, pela mudança
no maior número de palavras.
Hoje, após dois anos do perío-
do de adaptação, já foram toma-
das várias medidas para garantir
a aplicação do acordo. Tanto no
Brasil como em Portugal a ado-
ção das novas regras pelos ór-
gãos de comunicação tem con-
tribuído para a familiarização da
população com o acordo.
Conforme Preciosa Pais, che-
fe de divisão da Secretaria Geral
do Ministério de Educação de
Portugal, a Resolução do Conse-
lho de Ministros n°08/2011, de
25 de janeiro, instituiu a aplica-
ção do novo acordo no sistema
educativo deste ano e estabele-
ceu que a partir de 2012 todos os
serviços, organismos e entidades
na dependência do governo tam-
bém estejam adequados.
Com o novo acordo
ortográfico, somente
0,5% do vocabulário
brasileiro será
alterado
MUDANÇAS
Semdesculpasparanãoiniciarumcursodeensinosuperior
Oportunidade
Bolsas de auxílio financeiro são oferecidas para facilitar a permanência de estudantes nas faculdades particulares do Brasil
Comonovoacordo,oMinistériodaEducaçãoafirmaque0,5%dovocabulário seráalterado
Com dois anos de acordo, especialistas ainda criticam as mudanças impostas para a escrita
Nemtodossãofavoráveisanovagrafia
LÍNGUA MÃE
Jaqueline Mello
Alínguaportuguesaéasextamaisfaladanomundoeumpatrimônio
comum de mais de 200 milhões de falantes.
Além do Brasil, confira os países onde o português é o idioma oficial:
Saiba mais
Artigo 170
 O que é: bolsa do Governo do
Estado que dá desconto de 50 a
100 % do valor da mensalidade
Onde e como fazer: Procurar o
Serviço de Apoio ao Estudante
(SAE). Apresentar a documen-
tação exigida
Obs.: É necessário fazer a reno-
vação da documentaçãosemes-
tralmente.
Prouni
O que é: programa do Governo
Federal que oferece bolsas inte-
grais e parciais
Onde e como fazer:Preencher
cadastro no www.prouniportal.
mec.gov.br. É obrigatório apre-
sentar a nota do Exame Nacio-
nal do Ensino Médio (Enem).
Aguardar a seleção feita pela
instituição
Fies
O que é: utilizado pelos estu-
dantes como financiador de 50
a 100% do valor de sua gradu-
ação
Ondeecomofazer:Fazerocadas-
tro no site e aguardar avaliação
www.sisfiesportal.mec.gov.br.
GUINÉ-BISSAU
A sexta mais falada
PORTUGAL
ANGOLA
CABO VERDE
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Augusta Gern
augustagern@gmail.com
MOÇAMBIQUE
M
edo, insegu-
rança, mo-
dernidade,
direitos hu-
manos, re-
ligião, opi-
nião pública, violência, liberdade
de expressão e um assunto que
sempre gera polêmica: a homos-
sexualidade. Pela primeira vez, o
Instituto Brasileiro de Geografia
e Estaística (IBGE) levantou o
número de casais gays em todo
o país. Sessenta mil brasileiros
declararam viver com pessoas do
mesmo sexo no Censo 2010. Só
na região sul do Brasil, existem
8.034 casais. Junto com o cresci-
mento de homossexuais que assu-
mem sua opção, tem crescido na
mesma proporção a homofobia,
ou seja, aversão a gays, lésbicas,
bissexuais, travestis e transexuais.
Em uma entrevista concedida
em 27 de abril ao Portal Infonet,
o fundador do Grupo Gay e pro-
fessor titular da Universidade da
Bahia, Luiz Mott, apresenta um
relatório anual sobre assassinatos
de homossexuais no Brasil, que
aponta 260 casos de assassinatos
em todo o país. Ele ainda afirma
que o país registra o maior número
de homicídios no mundo.
Para criar um diálogo sobre
o assunto, o Governo Federal e a
Sociedade Civil Organizada desen-
volveu um programa de combate à
homofobia.Onomedaarticulação
é “Brasil sem Homofobia” e tem
como objetivo a educação. A ex-
pectativa da organização segundo
o ex - Secretário Especial dos Direi-
tos Humanos, Nilmário Miranda,
é que as propostas avancem na im-
plementação de novos parâmetros
paradefiniçãodepolíticaspúblicas.
O programa está em trâmite na As-
sembleia Federal como Projeto de
lei 122, mas por falta de pressão ao
governo, ainda não foi aprovado.
Outro projeto é Escola sem
Homofobia, apoiado pelo Minis-
tério da Educação/Secretaria de
Educação Continuada, Alfabeti-
zação e Diversidade (MEC/SE-
CAD), tem como objetivo “con-
tribuir para a implementação do
Programa Brasil sem Homofobia
pelo Ministério da Educação”. Ele
nasceu a partir da constatação de
que as escolas brasileiras são, em
geral, ambientes hostis para ado-
lescentes homossexuais. O projeto
foi desenvolvido com a proposta
de ajudar a contornar o problema,
e recebeu o sugestivo nome de Kit
contra a homofobia e apelidado
de Kit Gay. A previsão é que sua
distribuição ocorra inicialmente
em seis mil escolas públicas a par-
tir deste ano. Mesmo sem ter sido
lançado pelo MEC, o material di-
dático já provoca polêmicas. O de-
putado federal Jair Bolsonaro (PP-
RJ) sugeriu “couro” para corrigir
filho “meio gayzinho”. Em sessão
realizada no Plenário da Câmara,
criticou a iniciativa e desencadeou
ataques ao projeto.
O material é composto de um
caderno, seis boletins, três audiovi-
suais,umcartazecartasdeapresen-
tação para o gestor
e para o educador.
Professores e gesto-
res de ensino funda-
mental e médio se-
rãocapacitadoscom
seminários e pales-
tras e o kit será sub-
sídio para abordar o
assunto da homos-
sexualidade. Para o
professor de administração e coor-
denador do Núcleo de Diversidade
Sexual da Grande Florianópolis,
Fabrício Lima, a implantação desse
trabalho resultará em mais facilida-
de para convivência entre héteros
e homossexuais. Profissionais que
trabalham na área social em Join-
ville dizem que o kit é um avan-
ço na democracia. “É importante
para a sociedade abrir esse assunto
para discussão, que seja pautado
nas escolas e igrejas, porque é um
tabu ainda hoje em dia”, salienta a
Diretora dos Direitos Humanos
de Joinville, Irma Kniess.
A homossexualidade é um
fato, mas encontrar um ponto de
equilíbrio para falar do assunto
parece estar longe. O pedagogo
e professor de ensino religioso
José Ivonildo de Oliveira, afirma
que dentro das escolas a questão
da religiosidade é muito forte.
“Aceitar o kit é aceitar o pecado”.
Ivonildo acredita que será difícil
não encontrar dificuldades.
Dentro do serviço social que
precisa de material para trabalhar
a questão da homossexualidade,
acredita-se que o kit nasceu de um
estudo entre profissionais gabarita-
dos sobre o assunto e querem que
a situação seja enfrentada sem pre-
conceito. “É importante porque é
uma luta em favor da diversidade”,
explica a Assistente Social Silvana
Aparecida Bernardino de Oliveira.
De acordo com a Declaração
Universal dos Direitos Humanos,
no artigo três, toda pessoa tem di-
reito à vida, à liberdade e à seguran-
ça pessoal. No site do Vaticano na
página de instrução acerca de pes-
soas homossexuais, existe uma dis-
tinção de atos e tendências homos-
sexuais. Quanto aos atos, ensina
que, na Sagrada Escritura, esses são
apresentados como pecados graves.
Atradiçãoconsideraimoraisecon-
trários à lei natural. Já as tendências
homossexuais devem ser acolhidas
com respeito e delicadeza. Essas
pessoas são chamadas a realizar na
sua vida a vontade de Deus.
O vice-presidente do conselho
de pastores da igreja evangélica de
Joinville,pastorMarcosCoelhoRa-
mos, relata que o tema tem causado
grande preocupação e o kit escolar
do projeto Brasil sem Homofobia
é tendencioso, incentivando ao
homossexualismo. “Deus ama o
homossexual e abomina o homos-
sexualismo”, completa o pastor, ele
acredita que faltou diálogo entre os
criadores do projeto
easigrejas.
Para a igreja ca-
tólica, Deus ama
o pecador e não o
pecado e a relação
entre homossexuais
nunca será aceita
porque o homem
não foi criado para
esse tipo de relacio-
namento. Para o padre da Diocese
de Joinville, Ivanor Macieski não se
pode fugir da realidade, principal-
mente no sentido de acolher o dife-
rente, mas não se deve transformar
o homossexualismo em algo banal
e natural. “Essas pessoas carecem de
apoio para superar essa dificuldade”,
enfatizaopadre.
Seja nas igrejas, escolas e insti-
tuições se percebe a necessidade de
ver a homossexualidade como uma
manifestação humana que precisa
decuidadosaoserquestionadaetra-
tada.“Aquestãonãoésaberseokité
bom ou não, se a igreja está certa ou
não, a questão está em chegar a um
consenso,”dizIrmaKniess.
Educação Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA
Diagramação de Francine Ribeiro | Edição de Fabiane Borges
07
HSH: Sigla da expressão“Ho-
mens que fazem Sexo com Ho-
mens. Utilizada principalmente
por profissionais da sáude, na
área da epidemiologia.
Homossexuais: São aqueles
que têm orientação sexual
afetiva por pessoas do mesmo
sexo.
Gays: São indivíduos que,
além de se relacionarem afeti-
va e sexualmente com pessoas
do mesmo sexo, têm um estilo
de vida de acordo com essa
sua preferência, vivendo aber-
tamente a sexualidade.
Bissexuais: São indivíduos
que se relacionam sexual
e/ou afetivamente com
qualquer dos sexos. Alguns
assumem a sua sexualidade
abertamente, enquanto ou-
tros vivem sua conduta sexual
de forma fechada.
Transgêneros: Terminologia
utilizada que engloba tanto as
travestis quanto as transexuais.
Transexuais: São pessoas
que não aceitam o sexo que
ostentam anatomicamente.
Sendo o fato psicológico pre-
dominante na transexualidade,
o indivíduo identifica-se com
o sexo oposto, embora dotado
de genitália externa e interna
de um único sexo.
Lésbicas: Terminologia utili-
zada para designar a homosse-
xualidade.
Escolas do país irão receber material aprovado pelo Ministério da Educação ainda este ano e professores serão capacitados para utilizá-lo
Algunsconceitos,segundomaterial “Brasilsemhomofobia”
Gisele silveira
Instituições buscam a melhor forma de abordar o assunto sobre
orientaçãosexualnasescolas,mas,édifícilchegaraumconsenso
A homossexualidade
emdiscussãonoBrasil
POLÊMICA
Segundo pastor
evangélico,
quem tem que educar
sobre orientação
sexual são os pais
CUIDADO
LizandraCarpes
lizandra.carpes@hotmail.com.br
Espe08 Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA
Diagramação de Emanoele Girardi |
N
o bolso do je-
ans, ele carre-
ga um smar-
tphone. Na
escrivaninha
do escritório,
um laptop. Dentro da mochila,
um iPad. Os equipamentos ao re-
dor de Mauro Gonçalves Pinhei-
ro o conectam 24 horas por dia
às informações e às redes sociais.
O diretor de operações de uma
agência de conteúdo digital arti-
cula o trabalho e os afazeres pes-
soais por meio dos aparelhos.
Apesar de ser
um usuário das
tecnologias, há
uma controvérsia
na rotina de Mau-
ro. Possui um ta-
blet desde o início
do ano, mas ainda
não leu um livro
inteiro no formato
digital. A preferên-
cia dele ainda é por livros impres-
sos, com o cheiro do papel .
O futuro da literatura não pa-
rece ter lugar para o tradicional
papel, mas sim, para os e-papers
e e-books — arquivos digitais de
publicações. Apesar da leitura di-
gital ainda ser pouco abordada
no Brasil, é inevitável o rumo que
o desenvolvimento dos meios di-
gitais vêm tomando nos últimos
anos, sobretudo entre os jovens.
Henrique Puccini, por exem-
plo, é gerente de conteúdo digital.
Possui smartphone, tablet e tem
contato diário com computado-
res. Porém, continua preferindo a
leitura impressa. Os dispositivos
tecnológicos são
usados nos estudos
e na atualização
profissional. “Uti-
lizo basicamente o
iPad, onde a maioria
dos conteúdos está
no formato PDF e
consigo manipular
os textos”, afirma.
Segundo Mauro,
a vantagem que os softwares de
leitura exclusivos apresentam nos
e-books, como o Kindle, é a edi-
ção dos livros, com a possibilidade
de riscos, grifos e anotações. “Os
e-books nasceram exclusivamente
para a leitura eletrônica, e depois
evoluíram para os tablets”, conta,
abrindo uma edição de “A arte da
Guerra”, em língua japonesa. Mau-
ro possui poucos livros digitais no
aparelho, mas espera aumentar a
coleção em breve. “Consigo baixar
livros do mundo inteiro e depois
traduzo com o dicionário”, relata.
Uma pesquisa realizada em
maio de 2010 pela GfK, empresa
de pesquisa de mercado, indica
que aproximadamente 67% da
população brasileira ainda desco-
nhece os livros digitais. A resis-
tência das pessoas não para por
aí: 71% dos entrevistados disse-
ram que o meio eletrônico não
ameaça o impresso e 56% consi-
deram o alto custo o motivo para
a falta de acesso a esses equipa-
mentos tecnológicos. Eles com-
prariam um e-book se os preços
fossem mais acessíveis.
Henrique comprou um Ipad
no Brasil quando o produto ain-
da era novidade, oito meses de-
pois do lançamento nos Estados
Unidos. Apesar de ter amigos
que trariam do exterior, ele op-
tou pela compra nacional devido
à ausência de questões burocráti-
cas e à praticidade. “Já pude sair
tecnologia
Uma biblioteca intei
na ponta dos ded
Leitura digital ainda é novidade no país, mas
ganhando espaço entre os jovens amantes da tec
Os hábitos ainda resistem às
mudanças tecnológicas, mas não
à indústria. Prova disso é que
há alguns anos muitos jornais,
livros e revistas já nascem e cir-
culam em formato digital. Assim
como uma razoável parcela de
conhecimento que a humanida-
de imprimiu sobre o papel ao
longo do tempo está digitalizada
e disponível na Internet.
No Brasil, o impacto com a
chegada das novas tecnologias
ainda não foi tão grande, nem
todos estão ligados às novas pla-
taformas de leitura. Joel Gehlen,
proprietário de uma editora ale-
ga que não teme o fim dos livros
impressos. “Os formatos digitais
contribuem na distribuição, mas
nada substitui o livro”, afirma.
São muitas as editoras que ale-
gam que o sucesso desta nova
plataforma depende do público-
alvo, que é formado principal-
mente por jovens que estão mais
ligados às novas tecnologias. Mas
nem todos pensam assim. Joel,
por exemplo, diz que a chamada
geração “Y” lê pouco e assegura
que “a Internet não vai fazer as
pessoas gostarem mais ou me-
nos do impresso”.
O crescimento do número
de publicações digitais na web
e sua consequente populariza-
ção tem despertado a polêmica
do fim do papel. O jornal ame-
ricano The New York Times já
se rendeu ao formato digital.
As estimativas são que a edição
impressa deixe de circular em
2015. Um caso semelhante faz
a ameaça do livro digital parecer
mais real — o fim da circulação
impressa do Jornal do Brasil,
um dos diários mais antigos do
Brasil, em setembro de 2010.
Apesar da ascensão dos
meios digitais, o mercado de pu-
blicações impressas deve mudar,
e para melhor. É o que diz Joel,
que acredita que o livro vai virar
um produto de época. “Livros
serão feitos de forma mais arte-
sanal, serão considerados obje-
tos raros e requintados”, opina.
Joel ainda enfatiza que a impres-
são de livros não vai ser uma ne-
cessidade, “o impresso será um
diferencial”. Ele acredita na di-
minuição das tiragens, mas acha
que os preços continuarão os
mesmos. “O que vai importar é
o objeto, não mais o conteúdo”,
conclui. Atualmente, os livros di-
gitais têm quase o mesmo preço
do impresso. Com o tempo, a ex-
pectativa é que eles devem ficar
entre 20 e 30% mais baratos do
que os de papel.
De acordo com estudo realizado
pela International Data Corporation
(IDC), a Apple e a Amazon são as maio-
res vendedoras de tablets e leitores di-
gitais.. A pesquisa também revelou que,
no terceiro trimestre de 2010, foram
vendidos 4,8 milhões de tablets, 90%
dos quais eram iPads, e 2,7 milhões de
leitores digitais — o mercado norte-
americano consome 75% do total. Isso
presenta crescimentos de 45,1% e 40%,
respectivamente, em relação ao trimes-
tre anterior. As vendas de tablets totali-
zam 17 milhões e as de leitores digitais,
10,8 milhões em 2010. Já para 2011, a
previsão é que esses números subam
para 44,6 milhões e 14,7 milhões.
Um levantamento realizado pelo
banco canadense Royal Bank of Cana-
da que mostra que 99,7% das pessoas
não têm um tabl
1% da populaçã
tablet. Para calc
aparelhos vendid
unir os tablets ao
chegou à consta
juntos representa
de usuários.
Como efeito c
do, mais de 5 bil
suem serviço de
internet chega a
possuem PCs, 1
linhas telefônicas
600 milhões, jorn
gam a 513 milhõ
da larga são 555 m
Os consultore
nada, estimam q
lhões de pessoas
Evolução: do papiro ao silício
Vendasaceleradas
oprivilégioédepo
Livros serão feitos
de forma mais
artesanal, serão
considerados
objetos raros
“JOEL GEHLEN
proprietário de editora
Equipamentos digitais
conectam as pessoas
o tempo inteiro, mas
ainda são de difícil
acesso no Brasil
OFFLINE
Joel é adepto dos impressos e afirma que os formatos digitais não substituem os livros
ecial
Apesar de úteis e divertidos
para usuários como Mauro, os
aparelhos tecnológicos para a
leitura digital ainda deixam a de-
sejar quando o quesito é acessi-
bilidade. Osmar Pavesi é enfáti-
co quanto ao assunto. “Ela não
existe”, afirma.
Da caixa de som do compu-
tador, ouve-se um emaranhado
de vozes. Logo se veem dedos
digitando fervorosamente no
teclado como se estivessem con-
versando com o computador.
E de fato estão. Cada vez mais
rápido. Coordenador do setor
braile da Biblioteca Pública de
Joinville há 14 anos, Osmar é de-
ficiente visual e tem nos tradicio-
nais computadores a forma mais
simples de se comunicar. Através
de comandos de voz, ele conse-
gue ler qualquer tipo de e-mail,
texto e mensagem. “Menos as
imagens”, lamenta.
O software responsável
pela leitura se chama Jaws e
ainda é recente no Brasil. Para
Osmar, o programa apresenta
muita praticidade e oferece ser-
viços de manuseio e marcações,
além de facilitar a produção de
material em braile e acelerar a
produção do trabalho e leitu-
ra — tudo em um computador
normal. O software, voltado
para a conversão de texto e
áudio não pode ser encontra-
do nos e-readers. Uma grande
perca, segundo Osmar.
Em Joinville, cerca de 60
pessoas, a maioria estudante,
procuram com frequência o
acervo didático ou obras literá-
rias em formato braile ou digi-
tal. Na biblioteca, há livros fala-
dos, fitas cassetes e CDs, todos
no padrão internacional. Quan-
do não há material disponível
nesse formato, um grupo de
ledores voluntários transforma
os impressos em digital. “São as
pessoas cegas sendo inseridas
na tecnologia e no ensino supe-
rior”, comenta Osmar.
Fã de literatura brasileira,
Osmar costuma realizar trocas
de materiais escaneados com
grupos de todo o Brasil. Assim,
ele consegue ter acesso a obras
de diversos gêneros, principal-
mente de suspense e drama,
seus prediletos. Para a leitura
no formato digital, basta que
os arquivos estejam em editores
de texto como o word. “Mas
as editoras não oferecem essa
abertura”, lamenta.
09Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA
| Edição de Gustavo Cidral
usando”, conta entusiasmado.
Mesmo assim, Henrique acredita
que em pouco tempo o livro di-
gital também será uma realidade
no Brasil. “Há anos que muitos
usuários virtuais disseminam os
livros em formatos digitais, mas
isso era um consumo de nicho”,
explica. “Hoje, com o crescimen-
to de equipamentos móveis mais
velozes e adaptados para leitura,
esse mercado novamente cresce
e ganha adeptos”.
Outra pesquisa denominada
“Os leitores brasileiros e o livro
digital”, divulgada em abril deste
ano pela Imprensa Oficial do Es-
tado de São Paulo e Câmara Brasi-
leira do Livro (CBL), mostra que a
maior parte da população brasilei-
ra aposta que a funcionalidade dos
aparelhos tecnológicos será fator
decisivo para vencer a resistência
atual da população com os livros
digitais. Afinal, o leitor poderá le-
var a sua biblioteca a qualquer lu-
gar sem utilizar espaço físico.
Entre os vários pontos positi-
vos da leitura digital, pode-se des-
tacar a mobilidade, praticidade,
busca rápida e a sustentabilidade.
Um e-book economiza toneladas
de papel e, com isso, reduz o des-
matamento de árvores. Mauro
conta que o dele pode ter mais de
mil títulos baixados da Internet.
“O número varia de acordo com
a capacidade de memória do apa-
relho”, diz. “E ainda há a função
multimídia, que dá a opção de in-
teragir com os livros”, destaca.
Henrique enxerga a tecnolo-
gia digital como uma forma mais
rápida e prática de estudar e man-
ter a leitura em dia. “No meu ta-
blet, faço anotações, rabisco, su-
blinho, copio e até deixo notas de
voz nas páginas e marcados mais
importantes de um livro”, conta.
Para ele, a questão da praticidade
é fundamental: “Posso carregar
milhares de títulos sem acres-
centar peso na bagagem e poder
compartilhar de informações va-
liosas com amigos e professores
sempre que necessário”.
ira
dos
s está
cnologia
let. Ou seja, menos de
ão mundial possui um
cular a quantidade de
dos, a pesquisa teve de
os smartphones, então
atação de que os dois
am apenas 394 milhões
comparativo, no mun-
lhões de pessoas pos-
e celular, usuários de
a 2 bilhões, 1,2 bilhão
bilhão têm acesso à
s, assinantes de TV são
nais em circulação che-
ões, e usuários de ban-
milhões.
es do Royal Bank of Ca-
que, em 2014, 400 mi-
s possuirão um tablet.
Digital, mas sem acessibilidade(Nem sempre)
Ecologicamente
correto
Houve um grande salto no de-
senvolvimento dos equipamentos
para a leitura digital durante os úl-
timos anos, mesmo assim, ainda
não não se tem conhecimento se
realmente eles são uma alternati-
va mais ecologicamente correta
que o papel. Em contrapartida,
é um dos principais resíduos ge-
rados pelas pessoas. Na questão
ambiental, cultivar árvores, derru-
bá-las, processá-las e transportar
a madeira é considerado um pro-
blema. São gastos de combustível
e energia desnecessários quando
há a opção de distribuir o mesmo
conteúdo de forma digital.
Por outro lado, os livros di-
gitais são visualizados em dis-
positivos eletrônicos fabricados
com peças que dificilmente são
recicladas, além de precisarem de
energia para funcionar. Um estu-
do realizado pelo Centro KTH
de Comunicação Sustentável,
em Estocolmo, concluiu que, no
caso dos jornais, o melhor é ler
na internet se olhar apenas o ge-
ral das notícias. Para quem leva
mais de 30 minutos, o jornal ain-
da é a escolha mais ecológica.
O Kindle, um dos leitores de
conteúdo digital, substitui uma es-
tante com cerca de uma tonelada
depapelimpresso.Oaparelhodura
em média dez anos, com leitura de
260 livros em sua tela, levando em
conta o fato de as pessoas não le-
rem todos os livros que adquirem.
s,mas
oucos
No tablet, faço
anotações, rabisco
e deixo notas de
voz nas páginas
mais importantes
“HENRIQUE PUCCINI
jornalista
Henrique Puccini está sempre conectado ao trabalho, estudos e lazer através do seu Ipad
Osmar é deficiente visual e usa os computadores como principal forma de se comunicar
fotos: ana luiza abdala
Ana Paula da Silva
anaonda@gmail.com
Patrícia Schmauch
patriciaschmauch@hotmail.com
10 Economia
Diagramação de Ronaldo Santos | Edição de Ariane Pereira
Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA
Atividades do cônsul honorário
Não é funcionário de carreira,
mas é nomeado pelo país que
representa por reconhecida-
mente ter um vínculo com
aquele país
O cônsul honorário estabelece
a relação diplomática do país
que representa com a cidade e
o estado em que está sediado
no Brasil.
Observatambémaoportunida-
de de investimento e a troca de
experiências culturais e científi-
cas entre os dois países.
Auxilia o imigrante ou descen-
dente com informações sobre
questões jurídicas internacio-
nais como passaporte e requi-
sição de dupla cidadania
FRANÇA
Francisco Borghoff
Suíça
Alberto Holderegger
Alemanha
Udo Döhler
EslovÁQUIA
Ernesto Heinzelmann
República Tcheca
Ingo Doubrawa
Itália
Moacir Bogo
Cônsules de Joinville
V
ocê já parou para
pensar no que
faz um cônsul
honorário? As
funções são as
mesmas do côn-
sul de carreira, mas sem receber
salário e sem imunidade diplomá-
tica permanente. O cônsul hono-
rário é geralmente um cidadão do
país em que reside, e representa
os interesses de outra nação, com
a qual tem algum tipo de ligação.
Entre os papéis do cônsul hono-
rário estão estabelecer a relação di-
plomática do país que representa
com a cidade e o estado em que
está sediado e observar oportuni-
dades de investimento e a troca de
experiências culturais e científicas
entre os dois países. Em Joinville,
não há embaixadas nem consula-
dos oficiais, mas como a cidade é
um pólo industrial e tem muitos
imigrantes e descendentes de vá-
rios países, conta com seis cônsu-
les honorários.
O presidente da representa-
ção consular de Santa Catarina é
Francisco Borghoff, que também
é cônsul honorário da França em
Joinville. Borghoff faz questão de
dizer que a função não é remune-
rada: “A pessoa que é nomeada
cônsul honorário não é alguém
necessariamente daquela nacio-
nalidade ou descendente, mas já
tem um forte relacionamento com
aquele país e é um profissional al-
tamente capacitado”.
A argumentação do presiden-
te consular se evidencia quando
se observa os outros cônsules de
Joinville: todos eles são, ou foram,
presidentes de grandes empresas
da cidade: o cônsul da Alema-
nha é Udo Döhler (presidente da
Döhler), o da República Tcheca
é Ingo Doubrawa (presidente da
Docol), o da Eslováquia é Ernes-
to Heinzelmann (ex-presidente da
Embraco) e o da Itália é Moacir
Bogo (diretor geral da Gidion).
Assessoriaintelectual
O cônsul da França lembra que
quando o governo municipal de
Joinville (gestão anterior) pensou
em instituir uma empresa pública
municipaldesaneamento,Borgho-
ff trouxe para a discussão a análise
e o estudo da empresa pública da
cidade francesa Joinville-Epon que
fica a 15 km de Paris. “O cônsul
honorário atua como um assessor
intelectual, um assessor de assun-
tos internacionais dos governos
municipal e estadual”, observa.
Em2008,umconvêniofoiassi-
nado pelo governo de Santa Cata-
rina, a Universidade do Estado de
Santa Catarina (Udesc) e a Escola
Nacional de Administração Públi-
ca Francesa (ENA), para capacitar
o funcionalismo público daqui.
O acordo resultou do trabalho
do cônsul honorário francês em
conjunto com o embaixador da
França no Brasil.
A importância da ação do
cônsul é reconhecida pelos ges-
tores públicos. “Acho até que nós
acionamos pouco os cônsules ho-
norários. Aqui em Joinville, eles
têm nos auxiliado muito junto às
autoridades federais para conse-
guirmos a ampliação da infraes-
trutura necessária para a região,
como é o caso dos portos e ae-
roportos, um ponto que interessa
tanto a nós como aos países que
eles representam”, ressalta o se-
cretário municipal de integração
e desenvolvimento econômico,
Rodrigo Thomazi.
Representaçãodiplomática
“Nosso poder legal é limitado.
Porém, quando há um interesse
do embaixador, posso fazer uma
intermediação junto ao governa-
dor ou ao prefeito”, pondera o
cônsul honorário da Eslováquia,
Ernesto Heinzelmann.
Em Joinville, não há registro
de descendentes de eslovacos,
mas empresas do setor plástico,
metalúrgico e térmico da cidade
têm negócios com a Eslováquia.
Profissionaiscapacitadosexercemrelaçõesdiplomáticaseincrementamabalançacomercialdomunicípio
Cônsuleshonoráriosajudamaeconomia
COMÉRCIO EXTERIOR
Francisco Borghoff, cônsul da França em Joinville, destaca que a função não tem salário
Nosconsuladoshonorários,cidadãosbrasileiroseestrangeirospodemteracessoainformaçõesedocumentosparapedidosdeduplacidadania
FOTOS: CAMILLA GONÇALVES
Marlon de Souza
marlonluiz@hotmail.com
11Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTAEspecial
Diagramação de Emanoele Girardi | Edição de Neyfi Müller
ONGs buscam apoio na sociedade
Ação SOcial
Organizaçõessemfinslucrativosdependemdedoaçõeseeventosparasustentaracausaquedefendem
N
em sempre
só a vontade
é suficiente
para realizar
boas ações.
As Organi-
zações Não Governamentais
(ONGs) são criadas pela vonta-
de, mas necessitam de recursos
para a sua sustentação.
O termo ONG surgiu nos
anos 60 e popularizou-se no
Brasil nos anos 90, está liga-
do ao Terceiro Setor dentro da
sociedade civil e são iniciativas
privadas de utilidade pública.
Estas organizações sem fins lu-
crativos atuam em diversas áre-
as, tais como: meio ambiente,
combate à pobreza, assistência
social, saúde, educação, recicla-
gem, desenvolvimento susten-
tável, entre outras. Em Joinville
estão credenciadas 16 ONGs
que recebem incentivos públi-
cos dividindo-se entre ações
sociais ou ambientais.
Locais ou nacionais, todas as
ONGs enfrentam alguma difi-
culdade na captação de recursos,
seja por despreparo da direção
ou excesso de burocracias. Algu-
mas fazem campanha nacional
para arrecadar dinheiro, como o
Criança Esperança que distribui
o valor arrecadado entre 75 pro-
jetos formados por ONGs, ou-
tras se engajam em festas locais
e garantem um espaço para arre-
cadar alimentos, como a Funda-
ção Padre Luiz Fachini.
Leandro Schmitz, assessor de
imprensa da ONG Impacto So-
cial, acredita que este é um pro-
blema geral: “Mesmo as ONGs
que crescem e aparecem acabam
tendo dificuldades financeiras,
ou porque a imagem de quem fi-
nancia será diluída ou porque os
financiadores acham que essas
ONGs já têm o bastante”. A Im-
pacto Social é formada por edu-
cadores, engenheiros, jornalistas,
publicitários, administradores,
pais, mães, avós, filhos.
Sobre a liberação de verbas
Muitas ONGs no Brasil des-
conhecem a legislação que regu-
lamenta a possibilidade de libera-
ção de verbas e têm dificuldades
para arrecadar recursos.
Umexemplodeespecialização
para auxiliar nessa área é Fernan-
da Dearo, que trabalha no ramo
de assessoria para ONGs há 16
anos. A motivação dela para tra-
balhar com esse assessoramento
veio através da procura por au-
xílio: “As pessoas acreditam que
abrir uma ONG é uma realização,
pois é grande o desafio de fazer
dar certo em nome de uma cau-
sa. A intenção é nobre e louvável,
porém, abrir um empreendimen-
to sem entender do assunto pode
gerar problemas”.
Fernanda conta que no Brasil
existem cerca de 400 mil ONGs
e muitas precisam de ajuda. “Al-
gumas estão literalmente falidas,
passando o chapéu a todo custo,
confessando sua má administra-
ção e certamente colocando em
risco pessoas, comunidades e
causas”, afirma a profissional.
A dificuldade de conseguir
patrocínio no Brasil ocorre por-
que a captação de recursos deve
ser feita por um profissional,
pois é complexa, exige dedica-
ção integral, conhecimento de
mercado, técnico e prático.
A estratégia de arrecadação
deve ir além dos adesivos de car-
ro, cartazes e camisetas. Fernanda
diz convicta que tudo e todos são
passíveis de captar recursos, basta
transformar a ideia em produto
e oferecer contrapartidas. Outra
opção de capitalizar verbas vem
de agentes financiadores interna-
cionais disponíveis em sites espe-
cializados no Terceiro Setor.
Documentação
necessária para
montar uma ONG
Captação de
recursos para
entidades exige
capacitação
através de órgãos públicos, o
governo apenas libera verba
para entidades públicas, e como
a organização tem um tempo
de vida menor que um ano, eles
ainda não possuem as creden-
ciais necessárias para este título,
portanto, as doações que eles
recebem são somente de pesso-
as físicas e jurídicas.
Com dez projetos em anda-
mento, eles estão na fase de bus-
car parcerias com empresas para
apoiar suas campanhas.
Algumas entidades até rece-
bem incentivos públicos para
manutenções, como é o caso do
Abrigo Animal de Joinville, mas
não é o suficiente. A organiza-
ção, que completará dez anos em
julho, firmou um convênio com
a Prefeitura em 2003, com res-
paldo na Lei 24.645/1938, que
pronuncia o Estado como tutor
dos animais. “O dinheiro que re-
cebemos da prefeitura não cobre
nem os gastos com a alimentação
Cartão de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica);
Atas e Estatutos;
Certidão Negativa de Débitos;
FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço);
Inscrição Estadual;
Ficha de Inscrição de Cadastro (FAC);
Alvará de Licença para Localização e Funcionamento;
Documento de Inscrição do Imóvel no Município ou
do IPTU;
Vistoria do Corpo de Bombeiros;
Ficha de Inscrição Cadastral, fornecido pela prefeitura
do município;
Pagamento da taxa para concessão do Alvará de
Licença para Localização e Funcionamento.Fonte: SEBRAE/SC
dos animais”. Osnilda Bachtold,
presidente da entidade.
O terreno no qual está locali-
zado o Abrigo Animal no bairro
Vila Nova em Joinville, foi adqui-
rido com as economias e aposen-
tadoria da presidente e seu marido.
A organização se mantém com
doações de cidadãos, bazares e
feiras organizadas por voluntá-
rios. “Meu sonho é construir no
terreno ao lado um ambulatório
próprio, pois gastamos em média
de seis a sete mil reais por mês em
clínicas veterinárias”, conta Osnil-
da. Ela comenta ainda que paga
quatro funcionários, compra ração
e medicamentos que não podem
faltar no dia a dia. Recentemente
eles firmaram um convênio com
a Celesc: “Se todos contribuírem
com R$1,00 será ótimo, levando
em conta uma cidade com 500 mil
habitantes como é Joinville”, de-
clara Osnilda.
Polianna Moraes
polianna.cmoraes@gmail.com
Feiras, bazares e caixas em pontos comerciais são algumas das estratégias utilizadas pelas ONGs para arrecadações de doações
Fotos: Polianna Moraes
O dinheiro da
prefeitura não
cobre nem os
gastos com a
alimentação dos
animais
“
OSNILDABACHTOLD
presidentedoAbrigoAnimal
12 Comportamento
D
esenhos, li-
nhas e muita
cor estão ga-
nhando cada
vez mais es-
paço no cor-
po humano. A tatuagem, a arte
sobre a pele, já ultrapassou mui-
tas barreiras do preconceito e a
cada dia adquire mais adeptos de
diferentes idades, sexos e classes
sociais. Conforme o tatuador
joinvilense Sandro Chaves, o in-
teresse das pessoas por esta arte
aumentou muito nos últimos
anos, tanto dos clientes como
dos próprios tatuadores: “há dez
anos só havia dois estúdios no
centro de Joinville”. Hoje o nú-
mero já chega a dez. Segundo o
tatuador André Pereira o interes-
se também aumentou em Itapoá.
“Não trabalho com divulgação e
a cada ano há mais clientes, prin-
cipalmente na temporada”, afir-
ma ele que trabalha há mais de
cinco anos e já fez mais de duas
mil tatuagens.
Este tipo de arte já faz par-
te da sociedade há muito tempo,
mas por que as pessoas se tatu-
am? Para os estudantes de en-
genharia Diego Leandro da Sil-
va, 21 anos, e Cristiano Wagner
Rissi, 24 anos, fazer tatuagem é
viciante. “Existe a famosa filoso-
fia, ninguém consegue fazer uma
só”, afirmam. Conforme eles,
a vontade é inexplicável, mas é
difícil ver uma pessoa com ape-
nas uma tattoo e sem vontade de
fazer outras. Até o momento os
dois estudantes têm cinco dese-
nhos, mas querem fazer mais. Já
para a estudante de jornalismo
Adriele Evarini, 21 anos, o fazer
tatuagem estámuito mais ligado à
valorização do trabalho artístico:
“há pessoas que compram qua-
dros, eu faço tatuagens”. Adriele
tem dez tattoos e, segundo ela,
cada uma tem um significado.
Além do significado, cada ta-
tuagem carrega características de
um estilo. Existem várias catego-
rias e, conforme o tatuador André
Pereira, as principais são: tradicio-
nal, realismo, oriental, new scho-
ol, old school, comics e maori,
também chamada de tribal. Para
reunir todos esses estilos estam-
pados na pele humana, os tatua-
dores criaram as convenções. O
evento acontece com frequência
em diferentes cidades e é orga-
nizado por um único estúdio ou
uma equipe deles. As convenções
são um espaço para os tatuadores
mostrarem seu trabalho, conhecer
as técnicas dos outros profissio-
nais e comprarem material. “Para
os que buscam tatuar ou participar
de competições é preciso alugar
um stand, o que geralmente cus-
ta mil reais”, explica André que
sempre prestigia as convenções
de Curitiba e São Paulo e já foi
para uma em Ibiza, na Espanha.
Segundo ele, na última convenção
que ocorreu em Curitiba, nos dias
22, 23 e 24 de abril, havia mais de
100 expositores. Além dos stands
o espaço geralmente tem outras
atrações como exposição de obras
de arte, shows e pistas de skate.
Os eventos reúnem tatuadores de
todas as regiões do país.
Mas para conseguir se susten-
tar da arte é preciso investir um
bom dinheiro. Segundo Chaves,
para montar um estúdio profissio-
nal de qualidade é necessário in-
vestir cerca de 100 mil reais. O ta-
tuador também deve estar atento
à legislação. A resolução estadual
da Vigilância Sanitária nº 0004, de
15 de fevereiro deste ano, regula-
menta toda a execução do serviço
e institui que qualquer estabeleci-
mento só poderá funcionar me-
diante o alvará sanitário.
QUASE“PARA SEMPRE”
Apesar de todas as técnicas e
expressão de personalidade é im-
portante lembrar que esta é uma
arte praticamente permanente.
Quando bate o arrependimento,
existemsim,maneirasdesubstituí-
las ou até removê-las, mas segun-
do os tatuadores esses trabalhos
são mais caros e muitas vezes mais
doloridos. Atualmente o processo
de remoção mais utilizada é a la-
ser, que pode eliminar tatuagens
com efeitos colaterais mínimos. O
tempo que se leva para remover
depende do tamanho e das cores
utilizadas na tatuagem. Conforme
Chaves o preço de uma sessão
chega a 300 reais. Outra forma de
remoção é a técnica denominada
cover-up, que é cobrir a tatuagem
antiga por outra com a forma, de-
senho e cores diferentes.
Uma homenagem, lembrança ou a simples vaidade são alguns dos requisitos para aderir a tatuagem
A arte gravada e estampada na pele
EXPRESSÃO
Joinville - Maio de 2011
PRIMEIRA PAUTA
Diagramação de Aline Seitenfus | Edição deTiffani dos Santos
A palavra tatuagem origina-se do inglês “tatoo”. O pai desta pa-
lavra inglesa foi o capitão James Cook, que escreveu em seu diário a
palavra“tattow”, também conhecida como“tatau”, uma onomatopeia
do som feito quando a tatuagem era feita, em que se utilizavam finos
ossos e agulhas, no qual batiam com uma espécie de martelinho de
madeira para introduzir a tinta na pele.
Palavra surgiu de uma onomatopeia
Apesar de todos os registros, pesquisadores alegam
que é difícil afirmar a origem da tatuagem, pois ela foi in-
ventada muitas vezes, em diferentes momentos e partes
domundo.Algunsfatos,objetoseresquíciosencontrados
sugeremqueatatuagemétãoantigaquantoosurgimen-
todohomem.
A descontração e um bom relacionamento do profissional são aliados para o resultado de uma boa tatuagem e satisfação do cliente
Conheça um pouco da história
5000 20004000 3000 2000 1000 0 1000
A múmia mais antiga do mundo, com
5.300 anos antes de Cristo, encontrada na
Itália em 1991, conservou-se congelada
em um bloco de gelo e tinha tatuagens
sobre toda a espinha dorsal, além de uma
cruz em uma das coxas e desenhos tribais
por toda a perna.
3.500 anos atrás – Os primitivos (Idade
do Bronze e Idade do Ferro) se tatuavam
para marcar fatos da vida biológica e da
vida social. Nesta época a tatuagem já
expressa a personalidade de um indivíduo
ou comunidade tribal.
No século XVIII a tatuagem chega ao
Ocidente, com as explorações que
colocaram o europeus em contato com
as culturas do Pacífico. Nessa época não
existiam tatuadores profissionais, mas
alguns amadores já estavam a bordo dos
navios e em grandes portos.
No século XIX vira moda entre a realeza
européia e vira febre na Inglaterra pelos
marinheiros ingleses. Em 1920 ela come-
ça a ficar mais comercial na América e na
Europa.
Em 1959 ela chega ao Brasil. Aqui o pre-
cursor foi o dinamarquês Knud Harald Lu-
cky Gegersen. Conhecido popularmente
como Lucky ou Mr.Tattoo, foi considerado
durante um bom tempo o único tatuador
profissional da América do Sul.
Augusta Gern
augustagern@gmail.com
augusta gern
D.C.A.C.
13Meio Ambiente
Diagramação de Aline Seitenfus | Edição de Fernanda da Rosa
Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA
A
r e i v i n d i c a -
ção antiga dos
joinvilenses
por um espa-
ço público de
lazer resultou
no Programa Linha Verde, ação
proposta pelo Instituto de Pes-
quisa e Planejamento Urbano de
Joinville (Ippuj) que visa implan-
tar parques em diferentes pontos
da maior cidade do estado, com
objetivo de apoiar seu desenvol-
vimento. Além disso, também
está no projeto a construção de
uma rede de aproximadamente
60 quilômetros de ciclovias e ci-
clofaixas urbanas. Oitenta por
cento do financiamento dos
parques contemplados pelo
programa já estão garantidos
devido a uma parceria com o
Fundo Financeiro para o De-
senvolvimento da Bacia do
Prata (Fonplata). O 20% res-
tantes são da Prefeitura Mu-
nicipal, que entra com ações
como: desapropriação de ter-
renos, saneamento básico, e
projetos de arquitetura e enge-
nharia. O que ainda impede a
visitação dos parques é a falta
de interesse das construtoras
em participar das licitações.
Vários editais foram lançados
e encerrados, sem que nenhuma
empresa demonstrasse vontade
de tirar os projetos do papel. Foi
o que aconteceu há pouco tem-
po com o edital para o Parque
Natural Municipal
Morro do Finder,
por exemplo. Os
editais dos par-
ques Morro do
Boa Vista, Porta
do Mar e as obras
do Ciclo Viário
também foram
lançados sem re-
torno das empre-
sas. ‘‘Várias construtoras vieram
aqui buscar os editais, mas até
agora nenhuma se habilitou’’,
afirma Vânio Lester, diretor
executivo do Ippuj. Lester ain-
da antecipou que os editais de-
vem ser reavaliados e relança-
dos, até que haja interesse em
realizar as obras.
O Fonplata, responsável pela
execução do programa, contribui
com a concessão de empréstimos
e financiamentos para obras que
promovam o desenvolvimento
dos países que fazem parte do
sistema hidrográfico do Prata.
Países como Argentina, Uruguai
e Paraguai também contam com
ajuda desse agente financeiro.
A parceria da Prefeitura com
o Fonplata exis-
te desde 2006,
quando o con-
trato foi assinado
pelo então prefei-
to, Marco Tebal-
di. A partir dessa
data o programa
foi desenvolvido
e as obras foram
sendo estudadas.
Elas começariam pelo Parque
do Morro do Boa Vista, mas
segundo o Ippuj, tiveram que
ser canceladas na metade por
problemas de licitação, e com
a construtora, que não estava
cumprindo os prazos definidos
inicialmente. Por conta disso, o
contrato ainda está em proces-
so administrativo. O próximo a
entrar na linha de execução foi
o Parque da Cidade, único que
atualmente está com as obras
adiantadas. Anexo à Arena Join-
ville, na zona sul, o espaço já está
com o asfalto da ciclovia pron-
to, e não houve problemas de
licitação. Segundo o Ippuj, até
o fim do ano a construção deve
estar concluída.
Além do Parque da Cidade,
outros nove espaços ainda deve-
rão ser contemplados: Porta do
Mar, Morro do Boa Vista, Parque
Kaesemodel, Parque das Nas-
centes, Parque das Águas, Parque
Morro do Finder, Parque Caieira,
Morro do Amaral, e Eixo Ecoló-
gico Leste. Segundo Vânio Lester
, o próximo espaço de lazer a ser
executado é o Parque das Águas.
INICIATIVAS
Desde o ano de 1992, o Par-
que Zoobotânico é uma das
únicas áreas em bom estado da
cidade. Ele surgiu através de um
decreto municipal, e com 17 mil
metros quadrados pretendia su-
prir as necessidades de lazer de
uma população de quase 500 mil
habitantes. O parque incentiva a
valorização da Mata Atlântica e
sua fauna, em um espaço com
aproximadamente 200 animais,
sem contar os que co-habitam a
região do Morro do Boa Vista,
em plena área urbana da maior
cidade do estado. A 56 km de
Joinville, um outro exemplo de
sucesso data da década de 70.
A cidade de Jaraguá do Sul pos-
sui um parque público de lazer
desde o ano de 1978, quando
o Parque Malwee foi inaugura-
do. No início o parque era um
espaço privado, e foi fundado
pelo primeiro dono da empre-
sa. Mais tarde ele foi cedido
aos funcionários e só então,
foi aberto ao público. O espa-
ço possui um milhão e meio de
metros quadrados e está situa-
do no interior da cidade. Além
das mais de 35 mil árvores
plantadas ao longo do parque,
o espaço também conta com
um museu, que contém arte-
fatos dos primeiros habitantes
do norte catarinense.
Empresas da construção civil não demonstram interesse em tirar o Programa LinhaVerde do papel
ParquesMunicipaisbuscamconstrutoras
LAZER
Com 17 mil metros quadrados, o Parque Zoobotânico de Joinville é a principal área de lazer da cidade. Lá, a população pode encontrar aproximadamente 200 animais e também, admirar a Mata Atlântica que constitui o espaço
Cicloviaseciclofaixas
tambémestãonos
planosparatrazermais
segurançaaocidadão
nomomentodelazer.
FUTURO
Mayara Silva
mf_silva90@yahoo.com.br
Ana Luiza Abdala
14 Comportamento
Diagramação de Aline Seitenfus| Edição de Gustavo Cidral
Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA
Se Juliano se diferencia nos
passos da dança, Adriano Luís
José destoa com a camisa do
time de futebol. Não é o Join-
ville Esporte Clube que faz
bater mais forte o coração do
mecânico em dia de campeo-
nato. Os ingressos ganhos de
um primo para assistir ao jogo
do Caxias Futebol Clube, em
2003, revelou uma paixão que
permanece até hoje. Os gritos
de gol são reservados ao clube
que nasceu muito antes do JEC
(1920), mas não é tão conheci-
do como o tricolor. Após o pri-
meiro contato com o alvi-negro
joinvilense, Adriano encontrou
mais torcedores pela internet e
hoje comanda um blog e par-
ticipa da torcida organizada do
Caxias, a Legião Alvi-negra.
“Alguns consideram o Caxias
o segundo time da cidade, por
isso torcem para os dois. Mas
torcedor que é torcedor tem só
um no coração e até certa riva-
lidade”, fala.
Ele explica que o time não
é tão reconhecido na cidade
porque parou de competir di-
versas vezes e tem uma torcida
ainda jovem, com apenas dez
anos. “Eu sei que daqui a uns
anos teremos muita credibili-
dade e reconhecimento. Agora
contamos com um assessor de
imprensa, mas não há muito es-
paço na mídia”. Atualmente, o
clube disputa a divisão de aces-
so para a série A do Campeo-
nato Catarinense.
E
ra um domingo
típico na vida
de “João Ville”.
Nada de novo,
apenas aquela
rotina obriga-
tória na vida de qualquer joinvi-
lense. Durante a tarde, antes do
jogo de futebol, foi até a Empa-
das Jerke, tradicional estabeleci-
mento da cidade, tomar seu cho-
pe gelado e comer as deliciosas
empadinhas que nunca faltam na
lista de preferências. Uma des-
cansadinha e logo partiu para
arena assistir ao jogo do time do
coração: o Joinville Esporte Clu-
be, carinhosamente chamado de
JEC. Durante 90 minutos, gritou
vibrou com milhares de torce-
dores. Para fechar a noite, levou
a família ao último dia do Festi-
val de Dança, evento que invade
a cidade todo ano e “não deixa
ninguém parado”.
“João Ville” não tem nada
de incomum. Ele faz as mes-
mas coisas que todo morador de
Joinville costuma fazer. Será?! Ao
contrário do nosso típico joinvi-
lenese, Alexandre Ricardo nunca
foi ao Festival de Dança. Não
que ele não goste de apresenta-
ções culturais ou que seja contra.
O motivo que deixa o motorista
longe das salas do Centreventos
Cau Hansen (local em que acon-
tece o evento) é financeiro. Para
ele, a semana de dança na cidade,
ao contrário do que se propõe,
não atinge a todos os habitantes.
“O Festival de Dança é feito para
ricos”, afirma. Ele comenta que
CidadedosPríncipes,daDançaedasFlores?Conheçaomunicípiosemrealeza,bailarinosoujardinsperfumados
JoinvilleladoB:umlugar“desconhecido”
IDENTIDADE
é uma boa iniciativa, mas que é
feito para empresários, políticos
e pessoas diretamente ligadas à
arte. “Nos dias do festival falam
que a cidade para, mas na minha
rotina não muda nada. Nunca
fui ao evento com minha esposa
e meus filhos”.
A imagem de Joinville vem
sendo construída em cima de
rótulos estendidos aos quatro
cantos, mas a cidade mais po-
pulosa de Santa Catarine não é
feita apenas de dança, flores e
príncipes. Os símbolos que re-
presentam os bairros mais eli-
tizados não são os mesmo que
definem os mais retirados. No
Jarivatuba, por exemplo, não é o
balé da Escola de Teatro Bolshoi
que dá ritmo ao dia-a-dia, mas a
capoeira de Juliano Diettrich Ra-
mos. Há 14 anos, ele começou a
frequentar grupos que ensinavam
a mistura de arte marcial e música
e hoje é professor no Grupo Be-
ribazu, presente desde 1997 em
Joinville. Segundo Ramos, no mo-
vimento capoeirista há cerca de
dez grupos na cidade. “Os primei-
ros registros de capoeira em Join-
ville tem mais ou menos 35 anos
e, desde que comecei, vejo mais
valorização e participação. Há vá-
rios festivais para mostrar a arte,
além de apresentações em escolas,
eventos públicos e festas”, relata.
Coraçãopretoebranco,masnão
vermelho.Ooutrotimedacidade
Juliano Diettrich Ramos (segundo da esquerda para direita) participa há 14 anos de grupos de capoeira no bairro Jarivatuba. Hoje ele é professor do Grupo Beribazu
OCaxiasé maisantigoqueoJec, mastemconquistadotorcedoresjovensnosúltimos10anos
dIVULGAÇÃO
ARQUIVO PESSOAL
Jaqueline Dias
jaqdias@gmail.com
15Comportamento Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA
No Festival de Dança ou na
capoeira, jogos do JEC ou do
Caxias, é impossível imaginar
uma Joinville sem itens básicos
como água encanada, energia
elétrica, telefone. Mas no alto
da cidade ainda há pessoas que
vivem sem isso. No Morro do
Boa Vista, próximo ao Zoo-
botânico, cerca de 150 pessoas
moram sem televisão, banho
quente, internet e nem mesmo
aguá e luz. Nas palavras de Je-
noveva Sabina Vicente, uma
das moradoras do lugar, vivem
“como coruja”. “Há cinquenta
anos vejo políticos vindo aqui
em época de eleição prometen-
do luz e uma vida melhor, mas
nunca mais aparecem depois
que conseguem os votos”, desa-
bafa. Ela veio para Joinville após
perder tudo o que tinha numa
enchente em Balneário Cambo-
riú e comprou a casa para morar
com mais oito filhos. “No início
não tinha nada, era um caminho
de roça. Depois de 20 anos que
eu tava aqui, passaram as má-
quinas pra fazer estrada”.
Segundo a Prefeitura, a indi-
ferença com os moradores do
Morro do Boa Vista é justificada
legalmente. A lei 1410 (cota 40)
proíbe a construção de casas no
morro acima de 40 metros do
nível do mar. O neto de de Jeno-
veva, Ivan Hiller, protesta: “Tem
muita construção em lugares
mais altos, mas como são edifí-
cios de luxo, vivem bem. Aqui,
a prefeitura nunca pôs o pé. É
descaso mesmo”. Ele conta que
o poder público quer tirar os
habitantes do morro, mas sem
pagar indenização ou dar outro
lugar como moradia. “Eles vão
colocar energia elétrica pra cons-
truir um parque e querem todo
esse espaço, aí lembram que esse
lugar existe”, finaliza.
Os banhos são tomados
com bacia na água gelada, mes-
mo em épocas de frio. A água
vem do morro através de uma
mangueira que passa em meio
às árvores e às vezes tem o flu-
xo interrompido pela passagem
das pessoas. A comida é feita
no fogão à lenha. Os alimentos
são conservados em caixas de
isopor e tudo o que se compra
deve ser consumido no dia.
A aposentada não recebe o
que é de direito de todo cida-
dão, mas mantém em dia os im-
postos que chegam sempre na
sua porta.
Estilodevidabem
diferentedoeuropeu
JAQUELINE DIAS
Há cinquenta anos, a aposentada Jenoveva Ivan Hiller espera por luz elétrica e água encanada em sua casa no Morro do BoaVista
Não é à toa que Joinville re-
cebe o título de Manchester Ca-
tarinense. As inúmeras empre-
sas, sejam grandes, médias ou
pequenas estão espalhadas por
toda cidade. Assim também es-
tão os cursos de Ciências Exa-
tas, maioria dentro das facul-
dades públicas ou privadas. O
objetivo é formar profissionais
para manter a polo industrial.
Mas nem todo cidadão joinvi-
lense quer ser engenheiro. Em
todo território do municípo,
existe apenas uma faculdade de
comunicação social.
Estafania Del Valle e Karina
Gonçalves iniciaram juntas o
curso de Publicidade e Propa-
ganda em 2009, no Ielusc. Para
elas, achar emprego na área é
fácil. “As pessoas se restringem
apenas às agências publicitárias,
mas comunicação social abran-
ge muitos caminhos”, explica
Karina, que trabalha no marke-
ting de uma construtora desde
o primeiro ano da faculdade.
Estafania também trabalha na
comunicação de uma empresa
há dois anos e concorda com
a amiga. Ela só lamenta a dife-
rença entre os salários dos es-
tudantes de cursos diferentes.
Nos mesmos corredores,
circula Johanes Halter. Ele
está no primeiro período de
Jornalismo. Ao contrário das
colegas publicitárias, ele diz
que é difícil encontrar empre-
go. “Procurei por três semanas
algo mais próximo ao jornalis-
mo, mas não consegui. Como
as contas me esperavam, tive
que embarcar em outro ramo”,
relata. Johanes trabalha na
prestação de serviço de uma
agência bancária.
Porém, o jornalista e as pu-
blicitárias consentem em um
ponto: a indignação em haver
apenas um curso de Comuni-
cação Social na maior cidade
do estado. “Além de não existir
concorrência, ficamos limita-
dos a um serviço, sem poder
reclamar e procurar por outro”,
concordam.
Um novo perfil no mercado de trabalho joinvilense
Karina Gonçalves, Estafania DelValle, Leonardo e Johanes Halter são estudantes dos cursos de Comunicação Social no Bom Jesus/Ielusc
JAQUELINE DIAS
Diagramação de Aline Seitenfus| Edição de Gustavo Cidral
Joinville - Maio 2011
PRIMEIRA PAUTA16
Diagramação de Edinei S. Knop | Edição de Eduardo Schmitz
Crônica fotográfica
N
ão que eu não
seja uma dama,
longe disso.
Mas eu não me
permito a falso
moralismo,isso
eu não faço. Não importa como o
corpo se delineia, mas devemos ser
no mínimo sensuais. No entan-
to, algumas de nós mulheres so-
mos marginalizadas. Isso porque
somos são pagas pelo sexo, quer
dizer, existem clientes que alugam
oquarto,ocorpoeapaciênciaatrás
apenas de uma conversa.
Durante a tarde de uma terça-
feira, as luzes da casa de show estão
apagadas, as mesas limpas, a barra
de pole dance sem nenhum corpo
esguioeninguémestábebendo.Na
verdade, estamos todas lá, mas len-
do revista e conversando sentadas
em poltronas na sacada da casa de
show. Somos prostitutas de luxo.
Enquanto isso, num outro dia,
em outro lugar, a casa está vazia
e não estamos trabalhando. Ho-
rário comercial é depois das 18h.
Não leve a mal, sexo cansa tam-
bém. Precisamos cuidar da pele,
das unhas, da alimentação e beber
a nossa própria cuba libre tam-
bém. Por que não? Nossa vida não
gira só ao redor do sexo.
Empé,debruçadasobreamesa,
Marta, de 36 anos, segura um por-
tamoedaseafirmaqueotrocodela
é de pelo menos mil reais por noi-
te. Ela é puta há uns 7 anos, agora
sua prima está começando. Somos
muito competentes na nossa área,
admitimos reclamações e quere-
mos sempre dar o melhor de nós.
Custa respeitar? Uma profissão
tão antiga, tão popular e tão usu-
fruída! Entenda que é uma relação
meramente profissional. Por uma
conversa, não custa nada. Por um
serviço, consulte o cardápio.
Uma vida nem tão clandestina e que vai além do sexo profissional por dinheiro
Muito mais que mero prazer
Fetiche é a essência que alimenta a profissão
Prazer, sotisficação e luxo: conceitos de um bordel requintado
Cuidados de miss e nenhum reconhecimento
Durante o trabalho o DJ é instigado ao
voyeurismo; ele tem vista para o quarto
Bárbara Elice
bahfck@gmail.com
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  • 1. AUGUSTA GERN Brasil sem homofobia. Projeto aprovado pelo MEC gera polêmica na sociedade O projeto Escola sem Homofobia foi criado para abordar a questão da homossexualidade com alunos do ensino fundamental e médio. O kit composto por boletins e materiais audiovisuais será distribuído para professores de escolas publicas este ano. EDUCAÇÃO | PÁGINA 7 Inaugurada em 2004, a Arena Joinville aguarda a retomada para conclusão das obras ESPECIAL | PÁGINA 5 Os tablets possibilitam às pessoas carregarem verdadeiras bibliotecas Apaixonados pela leitura aderem cada vez mais aos livros digitais. Os e-books ficam populares e caem no gosto principalmente dos jovens. ESPECIAL | PÁGINAS 8 E 9 JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC JOINVILLE, MAIO DE 2011 - EDIÇÃO 87 - GRATUITO Saiba como está o planejamento para a construção do parque municipal de Joinville A cidade possui diversos espaços possíveis para serem áreas de lazer como Morro do Finder e Boa Vista, porém os problemas burocráticos impedem o início dos projetos. MEIO AMBIENTE | PÁGINA 13 Conheça a origem do esporte que tem crescido no país, gerado investimento de times tradicionais e conquistado adeptos: o“football brasileiro” ESPORTE | PÁGINA 4 www.primeirapautaielusc.blogspot.com Organizações sem fins lucrativos buscam ajuda profissional para captação de recursos ONGs de Joinville têm dificuldades e dependem de doações e apoio da comunidade para sobreviverem. Feiras, bazares, caixas em pontos comerciais e parcerias com órgãos públicos são algumas das estratégias utilizadas para arrecadar verbas. ESPECIAL | PÁGINA 11 COMPORTAMENTO | PÁGINA 12 TintanaagulhaA tatuagem como forma de expressão é usada há mais de 3.500 anos. LUÍSADESIDERÁ COMPORTAMENTO | PÁGINAS 14 E 15 OladodeJoinvilleque nãocostumaaparecer CHUMBINHOBECKER ENTREVISTA | PÁGINA 3 Um grande piloto é feito de uma soma de detalhes. É o preparo físico, mas também é olhar para a pista” “ DIVULGAÇÃO BÁRBARAELICE
  • 2. 02 Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA Opinião O show midiático na cobertura de Realengo No mês passado foi comemorado o dia do jorna- lista, e, este ano, o presente veio em forma de pauta. Todos os veículos de comunicação e seus profissionais se movimentaram de alguma maneira para contar o caso do atirador da escola de Realengo. A disputa pela informação em primeira mão entre as grandes corpo- rações lembrou o período da Guerra Fria, quando Es- tados Unidos e União Soviética travavam uma corrida armamentista. A comparação é possível: as potências — midiáticas ou bélicas — mostram ao que vieram, mas não chegam efeti- vamente ao seu objetivo, que no caso do jornalismo é levar a informação ao público. Tudo gira em torno de quem é melhor, ou parece ser. As empresas de comunicação costu- mam se sustentar por três pilares: jor- nalístico, administrativo e comercial. Em teoria, são áreas independentes, mas quando acontecem fatos como o da es- cola do Rio de Janeiro tudo se mistura. O sensaciona- lismo que regeu a cobertura de Realengo dá o tom ao desenrolar dos fatos. A maior audiência das empresas estimula o comercial, que por sua vez faz com que o se- tor administrativo tome decisões que priorizem certas coisas. Tudo isso é rebocado pela força de trabalho jor- nalística. Quanto mais o jornalista produzir em menos tempo, mais lucro a empresa terá. Pelo lado do público também há uma aparente ganância pelo sensacionalismo. As empresas de co- municação sugerem o sensacionalismo e o público garante a audiência. Uma combinação quase perfeita para que esse ciclo não se modifique. E não importa a plataforma, seja ela TV, rádio, impresso ou internet. As pessoas recebem esse bombardeio de informações, sem saber o que selecionar nem como podem refletir sobre o fato. É nesse contexto que muitos profissionais colocam de lado uma série de princípios éticos e morais de jornalismo e abraçam a corri- da frenética das empresas pela maior au- diência. Não importa o choque que as informações causam na sociedade, nem pela cena de um assassino morto sen- do mostrado ao vivo ou pela entrevista com uma criança ainda com as roupas sujas de sangue. Isso tem que parar. Os jornalistas precisam ter autonomia e saber qual o seu verdadeiro papel na sociedade. Os veículos de co- municação não precisam ser apenas um meio de deixar mais rico quem já é rico. O jornalismo se mostrou di- versas vezes na história como uma forma de levar cons- cientização até as pessoas, mas da forma como funcio- na hoje só ajuda a alienar ainda mais. Cabe também à sociedade que cobre mudanças. Não é mais admissível que as informações que recebemos pela imprensa sejam pautadas por outros interesses que não os da maioria. editorial É inadmissível que as informações que recebemos sejam pautadas por interesses escusos MANIPULAÇÃO em foco @twitterOqueosjornalistas falam em 140 caracteres @nilsonlage Em casos como o de Realengo, o certo é focar a cobertura nas vítimas. O foco no criminosos o torna modelo a ser copiado por outros malucos. Professoruniversitário(UFSCeUFRJ)aposentadocompulsoria- menteem2006.DoutoremLinguística,comênfaseemsemântica. @upiara O desarmamento é uma discussão válida, mas não tem nada a ver com o que aconteceu em Realengo. JáatuounojornalANotíciadeJoinvilleehojeestánoDiário Catarinense,emFlorianópolis. @realwbonner Daqui a 50 anos, quando pesquisadores forem vasculhar arquivos da imprensa, terão um registro valioso da tragédia brutal que vimos ontem. Editor-chefeeapresentadordoJornalNacional.Seuperfilno twittertemquase1,5milhãodeseguidores. @ joseantoniobaco“Como todo jornalista é candidato a intelectual, abriga a ilusão de que tem poder. Mas, no jornal o poder é do dono”. Cláudio Abramo. Apresenta-senotwittercomojornalistaepublicitário.Tem ligaçãocomJoinville,masatualmenteresideemLisboa. @__MAG__ Será muito pedir um pouco de sobriedade da mídia na cobertura dessa tragédia já em si tão chocante? por que sempre exagerar o já exagerado? JornalistadaFolhadeSãoPaulo. @samucalima O impacto humano profundo da tragédia na escola mun.Tasso da Silveira expõe o despreparo da grande mídia para cobrir os fatos lamentáveis. Jornalista,professordaFaculdadedeComunicaçãodaUnBe professor-visitantedocursodejornalismodaUFSC. AO PÉ DA LETRA. Trauma no uniforme e trauma no corpo. São lances como o da foto que fazem do futebol ame- ricano um esporte de contato físico. As proteções dos jogadores não são à toa. As jogadas não poupam força e nem quem tem medo de se sujar na hora de garantir o ponto. Vale a pena conferir uma partida para conhecer um pouco melhor esse esporte importado. DIRETORGERALDOBOMJESUS/IELUSC|Tito LívioLermen COORDENADOR DO CURSO | Sílvio Melatti DISCIPLINA | Jornal Laboratório II PROFESSOR RESPONSÁVEL | Lucio Baggio SECRETÁRIO DE REDAÇÃO | Eduardo Schmitz EDITOR GRÁFICO | Edinei Schimieguel Knop DIAGRAMADORES |AlineSeitenfus,Emanoele Girardi, Francine Ribeiro e Ronaldo Santos EDITORES DE TEXTO | Ariane Pereira, Daiana Constantino, Fabiane Borges, Fernanda Rosa, Gustavo Cidral, Neyfi Müller eTiffani dos Santos REPÓRTERES|AnaPauladaSilva,Augusta Gern,BárbaraElicedaSilva,DiegoPorcincula, GabrielFronzi,JaquelineDias,LizandraCarpesda Silveira,MarlondeSouza,MatheusMello,Mayara Silva,PatríciaSchmauchePoliannaMoraes. EDITORA DE FOTOGRAFIA | Jéssica Michels FOTÓGRAFOS | Ana Luiza Abdala, Augusta Gern, Camilla Gonçalves, Gisele Silveira, Jaqueline Dias, Jacqueline Mello, Luísa Desiderá e Polianna Moraes IMPRESSÃO | A Notícia TIRAGEM | 3 mil exemplaresContato com a redação Endereço: Rua Princesa Isabel, 438 - Centro CEP 89201-270 | Joinville | Santa Catarina Telefone: (47) 3026-8000 - Fax: (47) 3026-8090 E-mail: jornalismoielusc@gmail.com Blog: primeirapautaielusc.blogspot.com Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - Jornalismo Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc XXI Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo, MJDH - OAB/RS, 2004 EDIÇÃO 87 | MAIO DE 2011 @SergioRafael Jornalismo mesquinho disfarçado de informação, museu de curiosidades bizarras sobre a vida de pessoas, espetacularização da tragédia. Nadescriçãodoseutwitterdefendealiberdadedeopiniãocomo imprescindível.Temsimpatiaporpolítica,culturaeeducação. DiagramaçãodeRonaldoSantos|EdiçãodeArianePereiraeEduardoSchmitz LUÍSA DESIDERÁ Sugira tweets para a coluna doTwitter no jornal Primeira Pauta. Sua opinião é muito importante! Siga: twitter.com/primeira_pauta
  • 3. 03Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTAEntrevista | Chumbinho Becker Diagramação de Ronaldo Santos | Edição deTiffani dos Santos 14vezescampeãobrasileiroelíderdocampeonato2011,Chumbinhofazdoesporteumametáforadavida S eu nome é Milton Becker, mas é como Chumbinho que ficou conhecido. O piloto de motocross lembra um daqueles personagens tiradosdeumfilmedeação,emque vive pela aventura. É a adrenalina que lhe dá o sentido da existência. Venceu mais de 14 competições nacionais de motocross. No dia 29 de julho do ano passado, liderava novamente a competição nacional na categoria MX3 450 cilindradas (cc), quando sofreu um acidente no treino — quebrou quatro costelas e teve o baço perfurado. Ficou quatro dias internado na Unidade de Trata- mento Intensivo (UTI)do Hospital Dona Helena em Joinville. Depois de um processo de recuperação e treinamento, atualmente está em primeiro na classificação geral da categoria MX4 450 cc, na Super Liga BrasildeMotocrossetambém lidera o Campeonato Brasileiro de Motocross. Disputa seu 15º título. Chumbinho é um exemplo de su- peração. Nasceu em 1967 em Ituporan- ga, cidade localizada a 167 km de Florianópolis. É filho de agricul- tores e, aos 9 anos, trabalhava na lavoura junto com os pais. Aos 16 anos começou a trabalhar em uma oficina de motos. Em 1983, com uma moto emprestada na própria oficina em que trabalhava — uma Yamaha DT 180 cc —, disputou a primeira corrida. “Andei bem, mas caí e me ralei um pouco”, recorda. A família o incentivou. Seguiu no campeonato regional e naquele ano ficou em segundo na classifi- cação geral. No ano seguinte, dis- putou o campeonato catarinense e foi pela primeira vez campeão estadual. Na cidade de São Miguel do Oeste, correu pelo campeonato brasileiro, liderou parte da prova e terminou em segundo. Em Chape- có, no ano de 1989, em uma nova prova do Campeonato Brasileiro, liderou parte dela e terminou em primeiro. Daí em diante não parou mais. Em 1990, já corria profissio- nalmente por Chapecó. Já consagrado campeão, em 2006, o piloto foi preso pela Polícia Federal acusado de contrabandear motos do Uruguai e de revender no Brasil. Ele nega e ainda hoje o Ministério Público não provou o seu envolvimento no caso. Foi durante um treino junto aos seus assistentes e mecânico que Chum- binho concedeu esta entrevista ao Primeira Pauta. PRIMEIRA PAUTA - Quando você chegou à Joinville? CHUMBINHO BECKER - Vim para Joinville em 1992, para compe- tir no campeonato estadual onde moro até hoje, no bairro Floresta. PP-Oquevocêachaqueodiferencia dos outros pilotos? CHUMBINHO - Mesmo aos 44 anos, pratico exercícios físi- cos diariamente na academia de casa. Treino quase todos os dias das 13 às 17 horas na pis- ta do Ipê, um terreno à beira da BR-101, no bairro Costa e Silva. Além disso, eu mesmo arrumo com a enxada a área de escape da pista e acerto os obstáculos de barro. Isso faz parte do meu exercício físico. O trabalho com a enxada dá calos na mão, isso é importan- te, pois se o piloto tiver a mão frágil no final de uma corrida, a mão fica em carne viva. (con- ta mostrando as mãos) PP - O que move a sua vida? CHUMBINHO - O que me move é a possibilidade de ganhar. Uma corrida de moto é isso, é superar o outro e é se superar. É conse- guir achar o caminho para ser mais rápido e ganhar a corrida. PP - E como você fez para ser tan- tas vezes campeão? CHUMBINHO - Tem que ser apai- xonado. Tem as coisas boas, mas também tem muita coisa ruim e diante das dificuldades não pode desistir. Aí é que tem que ter dedicação. PP - O preparo da moto conta muito? CHUMBINHO - Muito. Desde como o piloto segura no guidão até mesmo como ele posiciona o pé na pedaleira. Uma boa es- colha do pneu também faz dife- rença. Para se ter uma ideia, só no suporte traseiro da moto há quatro regulagens diferentes. PP - E o preparo físico? CHUMBINHO - O preparo físico conta e muito, mas também a estratégia adotada pelo piloto. Se o piloto usar toda a ener- gia no início da prova, antes da metade da corrida ele está exausto. Tem que saber distri- buir esse esforço físico. PP - Você prefere a pista seca? CHUMBINHO - Eu prefiro a pista molhada. Com a pista úmida você usa mais o freio, mexe mais Temqueserapaixonado.Temas coisasboas,mastambémtem muitacoisaruimediantedas dificuldadesnãopodedesistir. Aíéquetemqueterdedicação” “ Marlon de Souza marlonluiz@hotmail.com Caçador de emoções sobre duas rodas a moto, o piloto aparece mais. PP - Nunca se interessou pelo cir- cuito internacional? CHUMBINHO - Quando me mudei de Ituporanga para Joinville pra correr, minha mãe ficou triste. Eu era adolescente, de cidade pequena, foi difícil para minha família. Logo que eu comecei a me destacar no campeona- to nacional recebi um convite para ir aos EUA disputar o campeonato internacional por uma equipe de lá. Eu não fui porque fiquei preocupado com a minha mãe, se ela não recebeu bem quando vim para Joinville, imaginei como ela ficaria se eu fosse para fora do país. Mais tarde cheguei a correr uma eta- pa do mundial na França, mas caí logo nas primeiras voltas e não me classifiquei. A minha equipe e eu chegamos a pensar em correr o mundial, mas re- quer um investimento grande. Tem que levar toda a equipe, toda uma estrutura para vários países durante todo o ano e não há patrocínio. A única forma viável seria se eu me mudasse para um país que invista nessa modalidade, aí se tornaria viá- vel, mas isto não está nos meus planos atualmente. PP - Se você fosse apresentar uma fórmula para alguém ser um gran- de piloto, qual seria? CHUMBINHO - Um grande piloto é feito de uma soma de deta- lhes. É o preparo físico, mas também é olhar para a pista e saber qual é a linha mais rá- pida e mesmo quando o pilo- to estiver na linha mais lenta, mesmo assim, ele tem como conseguir ser mais rápido que o adversário. A experiên- cia permite que o piloto saiba qual é a linha mais rápida. Por exemplo, quando há uma ram- pa tem aqueles que ao se apro- ximarem, param de acelerar e pulam a rampa apenas com o impulso. Eu ganho tempo aí, acelero até o mais próximo possível, então eu freio para dar o pulo. Há ainda formas de pular mais alto para ultra- passar no ar um adversário ou pular mais longe para quando tocar no solo já cair na frente. Isso tudo depende da corrida. É a corrida que vai determinar a ação do piloto. Oquememoveéganhar. Umacorridademotoé conseguiracharocaminho parasermaisrápido” “ Fotos: BÁRBARA ELICE
  • 4. 04 Esporte Diagramação de Francine Ribeiro | Edição de Fernanda da Rosa Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA Esporte popular nos EUA, o futebol americano cresce no país e ganha adeptos em diversos estados O“football”ganha destaque no Brasil Rúgbi também está crescendo Se o filho está se fortalecen- do, o pai não fica atrás. O rúgbi, esporte que serviu de base para a criação do football na segunda metade do século XIX por univer- sidades americanas, aos poucos, ganha adeptos por todo o país. O segundo esporte mais praticado no mundo, apenas atrás do ‘nos- so’ futebol, tem menos apoio que seu descendente, contudo, vem fazendo história no cenário con- tinental. Na modalidade sevens, na qual são sete atletas em vez de quinze, a seleção brasileira femini- na conseguiu o hepta campeonato no início deste ano, no município de Bento Gonçalves- RS. Já entre os homens, o Brasil ficou em ter- ceiro lugar, melhor resultado da história, além de vencer a Argen- tina, potência do esporte, pela pri- meira vez. Ambas estão classifica- das para os jogos pan-americanos em Guadalajara este ano e, a partir de 2016, nas olimpíadas do Rio de Janeiro, o rúgbi sevens será espor- te olímpico. O começo Dentremuitashistóriassobreo rúgbi, uma delas explica de forma curiosa a origem do esporte. Em um jogo de futebol na Inglaterra, um jovem estava achando aquele esporte monótono e sem graça. Em um ato de loucura, ele pegou a bola com as mãos e saiu corren- do em direção ao gol adversário. Seus oponentes teriam o agarra- do, tentando impedir sua corrida. Tal partida, segundo a história, ocorreu na Rugby School, em Rugby, Inglaterra. O nome deste aluno era Willian Wabb Ellis, que dá nome ao troféu da IRB World Cup, a copa do mundo de rúgbi. Já o futebol americano co- meçou a se desenvolver após um consenso de regras entre as uni- versidades de Yale e Harward, que jogavam o rúgbi de maneiras dife- rentes. Na década de 1870, ocor- reu a Massoit Convencion, que implantou as principais mudanças que distanciaram o football de seu ascendente. Uma das diferenças notáveis entre os dois esportes é o número de jogadores. No rúgbi, 15 jogadores ou sete em campo, no football, 11. Também se difere a duração de cada partida, no rúg- bi são dois tempos de 40 minutos, ação contínua; já no football são 4 tempos de 15 minutos, o relógio pode ser parado constantemente. Q ue o Bra- sil é o país do futebol, todo mundo sabe. O que poucos têm conhecimento é o crescimento considerável nos últimos anos de um esporte que movimenta a paixão de milhões de pessoas e ativa a circulação de bilhões de dólares: o futebol americano. O famoso jogo da bola oval possui confederação e ligas organizadas, tanto em nível es- tadual quanto na- cional. No entanto, o pouco incentivo financeiro faz com que os praticantes façam da modali- dade um hobby, e não uma profissão. Se para nós é praticamente obri- gaçãoescolherumtimedefutebol (o mesmo do pai, de preferência), assistir aos jogos, jogar com os amigos na escola desde peque- no, nos Estados Unidos não é diferente. O football é uma paixão nacional, o esporte mais popular da América. “Os milhões de fãs de costa a costa fazem do esporte o mais emocionante e incrível”, afirma Jason Tate, 24 anos, atleta recém contratado pelo Joinville Gladiators que, durante a facul- dade nos EUA, atuou na liga uni- versitária de futebol americano, a NCAA. Apesar das diferenças técnicas nos dois países, Jason está extremamente eufórico com a oportunidade de trocar conhe- cimento com os praticantes bra- sileiros. “Joinville é uma grande cidade e estou ansioso para en- sinar e aprender sobre footbaal com meus companheiros de time. Quero fazer história na equipe e na cidade”, almeja. O Gladiators é uma das re- ferências do esporte no Brasil. Bicampeão catari- nense (e buscando o tricampeona- to), foi finalista da conferência Sul na segunda edição da Liga Brasileira de Futebol America- no (LBFA) no final do ano passado. A passos pequenos, porém importantes, o número de adeptos deste futebol diferente do nosso aumenta, principalmen- te no sul e no sudeste do país. “Foi feita uma pesquisa durante a última LBFA na qual foi constata- da um enorme avanço do esporte no sul e no sudeste brasileiro. Enquanto no sul comenta-se mais sobre futebol americano, o sudeste ganha em número de jo- gadores”, explica Romenito Silva, jogadorepresidentedoGladiators. Além disso, outros fatores mos- tram tamanho desenvolvimento: o último try out (seletiva de joga- dores) dos glads em Joinville reu- niu cerca de 400 pessoas; no eixo Rio- São Paulo, times de grande tradição do ‘nosso’ futebol estão patrocinando e apoiando clubes de FA. Santos Tsunamis, Corin- thians Steamrollers, Fluminense Imperadores e Vasco Patriotas são exemplos desta parceria. Matheus Mello senso_de_humor@hotmail.com No Sudeste, o futebol tradicional investe no football, um exemplo disso é o time SantosTsunamis EXPANSÃO 110 milhões de pessoas as- sistem pela televisão o Super Bowl, final da NFL. Dessa forma, tem os maiores índices de audi- ência no país. 232. É o número de países que o Super Bowl é transmitido, e é narrado em 30 idiomas. 300 mil pessoas estavam pre- sentes no último Super Bowl, que aconteceu em Arlington, no Texas. U$ 10 bilhões foram gasta- dos aproximadamente pelos visitantes do evento. U$1 milhão é o preço por se- gundo cobrado para exibir um comercial durante o intervalo do Super Bowl. A rede Pizza Hut de- sembolsou U$30 milhões para um comercial de 30 segundos U$9 milhões é o faturamento anual da NFL Os números do esporte Futebolamericano JoinvilleGladiators(esquerda)enfrentaJaraguáBreakers(direita)pelaterceirarodadadocampeonatocatarinensedefutebolamericano Shoulder Pads: R$200* Capacete: R$610** Proteção para coxas, joelho e quadril: R$50 *Este valor refere-se ao fabricante importado. O preço do pad feito no Brasil é similar. **O artigo mais caro entre todos os artigos de proteção. Este valor é referente ao fabricante importado, pois não há produção de capacetes no território brasileiro. luísa desiderá No Brasil, o futebol americano não é muito divulgado, por isso muitos brasileiros não sabem o que o esporte representa para a economia dos EUA. Abaixo, dados que mostram a força do football:
  • 5. Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTAEspecial 05 Diagramação de Francine Ribeiro | Edição de Fabiane Borges O sonho join- vilense de c o n s t r u i r um estádio M u l t i u s o parecia en- caminhar para um final feliz. A Arena Joinville estava comple- tamente planejada, e tinha bons indícios de que daria certo. Mas poucos se deram conta de que se tratava de uma obra política, o resultado do atropelamento das situações é o que se vê atualmen- te. Ainda hoje, o prefeito de Join- ville, Carlito Merss, afirma ter perdido a eleição de 2004 devido à inauguração do estádio. “Eu es- tava eleito e a Arena Joinville me derrubou”, garante. O projeto do gigante de con- creto, construído na época do mandatodoprefeitoMarcoTebal- di, foi gerenciado pela Excem, em- presa de Curitiba responsável por fazer o investimento dar certo, na medida em que o custo-benefício fosse mútuo. A Excem cuidaria dos camarotes para licitação e dos espaços que poderiam ser comer- cializados no interior do estádio, como lojas, praça de alimentação e agências bancárias. Entretanto, a empresa paranaense deparou-se com um problema. No projeto inicial da Arena Joinville,constavaaaberturadaRua Coronel Francisco Gomes para que a torcida visitante e o clube adver- sário pudessem entrar pelos fundos do estádio. Porém, esse terreno, que hoje é propriedade da Comfloresta, contém 40 mil toneladas de entu- lho que não podem ser retiradas do local. Com isso, essa parte da obra também parou e não existe previsão de progresso. O empresário Nival- do Scremin, diretamente ligado à prefeitura, garante que o local do lixo não pode ser alterado, pois não existe estrutura física na cidade para abrigar o que hoje se encontra aos fundos do estádio municipal. A Excem tinha como ideia ven- der o “nome” da Arena Joinville. Algo parecido com o que foi feito na Arena da Baixada, em Curitiba, que tem o nome social Kyocera Arena, devido à comercialização realizada junto à empresa japone- sa Global Kyocera. Naturalmente, como não houve conclusão do pro- jeto, não houve compradores inte- ressados em pagar os valores exigi- dos pela empresa curitibana, cujos números não foram revelados. Outro projeto vinculado à Are- na Joinville, que também não se- guiu em frente, foi o da construção deumelevadoentreasaídadoestá- dioeaRuaNacar,nobairroGuana- bara, para desafogar o trânsito nas horasdepico.Desdeaqueletempo, em2004,olocaljáapresentavapro- blemas. Além disso, o estádio, em 2008, começou a preocupar. Logo após a conclusão da segunda parte da obra, as rachaduras começaram, o terreno cedeu e as infiltrações tornaram-se frequentes. “Talvez o tipo de cimento utilizado na obra não tenha sido o adequado. Natu- ralmente que por se tratar de uma obra política também houve um atropelamento no planejamento, o que dificultou ainda mais as coi- sas. O estádio é construído em uma área de mangue. Era óbvio que isso aconteceria”, garante o engenheiro Fernando Simas. Deste modo, acabou o dinhei- ro. Faltam ainda cerca de 20 mi- lhõesparaaconclusãototaldopro- jeto, e sem um retorno em médio prazo,aempresacuritibanadecidiu abandonarorestantedasobras.Em 2009, Jorge Luis do Nascimento, presidente da Fundação Municipal de Esportes e Lazer de Joinville, a Felej, garantiu que a prefeitura iria atrás da verba para a conclusão da obra. “Vamos atrás do valor para a terceira parte. Precisamos de apoio político”, destacou. Em maio do ano passado, o então governador Luiz Henrique da Silveira alegou, em entrevista à Rádio Cultura de Joinville, que fal- tavahumildadeparaospolíticosda cidade em pedir auxílio. “Querem terminar a Arena, mas ninguém nos comunica, ninguém nos pro- cura para falar sobre isso. Se fize- rem um levantamento completo, levaremos os valores até o governo federal para que essa obra possa ser concluída”, garantiu. Apenas um ano depois, prati- camente, o governo do estado vi- sitou a Arena. Na ocasião, estava o deputado estadual Darci de Mattos e o secretario do Turismo, Esporte e Cultura do Estado, César Souza Júnior, que se assustou com a situ- ação do complexo esportivo. “O estádio sequer completou dez anos e já esta neste estágio. Consigo per- ceberváriasinfiltraçõeseproblemas primários.Jáexistemrachadurasem um projeto que deveria estar próxi- mo às obras de primeiro mundo”, salientou o secretário. Até o momento, não há novi- dades em termos de investimentos para a conclusão da obra. O maior estádio de Santa Catarina permane- ce inacabado e segue com diversos problemas estruturais e em cons- tante degradação. GabrielFronzi gabrielfronzi@ligaedesliga.com.br Oitoanosdepoisdainauguração,oestádio jáapresenta diversosproblemas,comorachaduraseinfiltrações Aparalisaçãodasobras naArenaJoinville ESTÁDIO MUNICIPAL, DO MODELO AO REFUGO fOTOS: pOLIANnA mORAES Oabandonoeodescasopodeserpercebidoatravésdasinfiltraçõeserachaduraspresentesemtodoaestrutura.Nastrêsprimeirasfotos,asrachadurassãovisíveisnasarquibancadas.Aúltimaimagemmostraoentulhoacumuladonosfundosdoestádio MAIO A paralisação das obras JUNHO O abandono ABRIL A promessa Inaugurada em 2004, a Arena Joinville aguarda pela finalização das obras
  • 6. 06 Educação Diagramação de Francine Ribeiro | Edição de Daiana Constantino Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA As chances de ingressar em universidades privadas aumen- taram no Brasil. Isso porque, os programas de incentivo à Educação como o Artigo 170, o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) oferecem ajuda financei- ra aos acadêmicos. O ProUni e o Artigo 170, por exemplo, disponibilizam benefícios aos estudantes sem renda familiar suficiente para pagar as mensalidades. Gabriela Roberta dos Santos conseguiu uma bolsa e garantiu a vaga no curso de Pedagogia. “Com a bolsa de estudos pude alcançar meu objetivo de entrar na facul- dade. Muitos alunos, inclusive eu, não têm condições de pagar um curso superior no valor in- tegral”, relata. Já o Fies possibilita o finan- ciamento parcial ou integral das faturas mensais das graduações. Para ter acesso ao benefício, os alunos matriculados em cursos superiores precisam fazer a ava- liação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Segundo informações do Ministério da Educação, to- das as instituições particulares de Joinville estão dentro dos critérios para oferecer o auxílio. Com bom desempenho no ensino médio, Angélica Peccher Glen, conseguiu uma bolsa inte- gral para cursar Direito na Uni- versidade da Região de Joinville (Univille). A seleção foi feita por meio do histórico escolar dela. Nesse caso, o benefício é oferecido pela própria faculda- de. “Sem a bolsa não teria como fazer um curso superior, pois a renda da minha família não per- mite pagar o valor da mensali- dade que é de R$900”. Mais informações sobre os programas e bolsas de estudos devem ser obtidas junto ao setor de Serviço de Apoio ao Estudan- te (SAE) ou a Assistência Social das instituições de ensino. Diego Porcincula diegoporcincula@gmail.com D ia 21 de maio é o dia da lín- gua nacional. Aqui no Bra- sil e em mais sete países homenageamos a língua portu- guesa, a sexta mais falada no mun- do. O português já sofreu muitas alterações como o surgimento de neologismos (expressões novas) e gírias, mas a mais significativa foi a reforma ortográfica, assinada em 1º de janeiro de 2009. A nova regra ainda está em fase de adap- tação e começa a valer a partir de janeiro de 2013. No entanto, há especialistas da língua portuguesa que criticam o uso das novas regras da língua nacional. De acordo com a escritora joinvi- lense Ana Ribas Diefenthaeler, os dialetos regionais do Brasil deve- riam ser levados em consideração em algumas mudanças da refor- ma ortográfica. “No país existem muitas falas e regionalismos. São mundos bem diferentes que pos- sibilitam várias versões da língua portuguesa”, observa. Mesmoqueaospoucosaescri- tora esteja adotando as mudanças na escrita da língua portuguesa, ela insiste em usar alguns acen- tos. Ela lamenta a perda do tre- ma, por exemplo. “Ainda não me acostumei com a ideia de escrever palavras sem alguns acentos, em especial o trema. Vou sentir sau- dades de acentuar as palavras que levavam trema”, declara. No Brasil, as mudanças fo- ram poucas em relação ao nú- mero de palavras. Com o novo acordo, o Ministério da Educa- ção informa que será alterado somente 0,5% do vocabulário brasileiro. “A supressão do tre- ma e do acento di- ferencial,doacento agudo e circunfle- xo em alguns ca- sos, e alterações quanto ao uso do hífen, são altera- ções consideradas mais importantes”, segundo o MEC. Além disso, foram incorporadas as letras k, w e y ao alfabeto. Nos outros países a reforma foi maior, abrange 1,5% das palavras usadas. O novo acordo foi elabora- do para uniformizar a grafia das palavras dos países lusófonos, ou seja, os que têm o português como língua oficial. Já houve várias tentativas para esta unifi- cação, a primeira delas ocorreu em 1911 e culminou na primei- ra grande reforma em Portugal. Depois existiram várias tentati- vas, sendo a mais importante a de 1990, a qual levantou toda a discussão da atual reforma. No Brasil, quatro anos é o período para começar a valer a aplicação das novas regras. Já em Portugal, o prazo transitó- rio é de seis anos, pela mudança no maior número de palavras. Hoje, após dois anos do perío- do de adaptação, já foram toma- das várias medidas para garantir a aplicação do acordo. Tanto no Brasil como em Portugal a ado- ção das novas regras pelos ór- gãos de comunicação tem con- tribuído para a familiarização da população com o acordo. Conforme Preciosa Pais, che- fe de divisão da Secretaria Geral do Ministério de Educação de Portugal, a Resolução do Conse- lho de Ministros n°08/2011, de 25 de janeiro, instituiu a aplica- ção do novo acordo no sistema educativo deste ano e estabele- ceu que a partir de 2012 todos os serviços, organismos e entidades na dependência do governo tam- bém estejam adequados. Com o novo acordo ortográfico, somente 0,5% do vocabulário brasileiro será alterado MUDANÇAS Semdesculpasparanãoiniciarumcursodeensinosuperior Oportunidade Bolsas de auxílio financeiro são oferecidas para facilitar a permanência de estudantes nas faculdades particulares do Brasil Comonovoacordo,oMinistériodaEducaçãoafirmaque0,5%dovocabulário seráalterado Com dois anos de acordo, especialistas ainda criticam as mudanças impostas para a escrita Nemtodossãofavoráveisanovagrafia LÍNGUA MÃE Jaqueline Mello Alínguaportuguesaéasextamaisfaladanomundoeumpatrimônio comum de mais de 200 milhões de falantes. Além do Brasil, confira os países onde o português é o idioma oficial: Saiba mais Artigo 170 O que é: bolsa do Governo do Estado que dá desconto de 50 a 100 % do valor da mensalidade Onde e como fazer: Procurar o Serviço de Apoio ao Estudante (SAE). Apresentar a documen- tação exigida Obs.: É necessário fazer a reno- vação da documentaçãosemes- tralmente. Prouni O que é: programa do Governo Federal que oferece bolsas inte- grais e parciais Onde e como fazer:Preencher cadastro no www.prouniportal. mec.gov.br. É obrigatório apre- sentar a nota do Exame Nacio- nal do Ensino Médio (Enem). Aguardar a seleção feita pela instituição Fies O que é: utilizado pelos estu- dantes como financiador de 50 a 100% do valor de sua gradu- ação Ondeecomofazer:Fazerocadas- tro no site e aguardar avaliação www.sisfiesportal.mec.gov.br. GUINÉ-BISSAU A sexta mais falada PORTUGAL ANGOLA CABO VERDE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE Augusta Gern augustagern@gmail.com MOÇAMBIQUE
  • 7. M edo, insegu- rança, mo- dernidade, direitos hu- manos, re- ligião, opi- nião pública, violência, liberdade de expressão e um assunto que sempre gera polêmica: a homos- sexualidade. Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estaística (IBGE) levantou o número de casais gays em todo o país. Sessenta mil brasileiros declararam viver com pessoas do mesmo sexo no Censo 2010. Só na região sul do Brasil, existem 8.034 casais. Junto com o cresci- mento de homossexuais que assu- mem sua opção, tem crescido na mesma proporção a homofobia, ou seja, aversão a gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Em uma entrevista concedida em 27 de abril ao Portal Infonet, o fundador do Grupo Gay e pro- fessor titular da Universidade da Bahia, Luiz Mott, apresenta um relatório anual sobre assassinatos de homossexuais no Brasil, que aponta 260 casos de assassinatos em todo o país. Ele ainda afirma que o país registra o maior número de homicídios no mundo. Para criar um diálogo sobre o assunto, o Governo Federal e a Sociedade Civil Organizada desen- volveu um programa de combate à homofobia.Onomedaarticulação é “Brasil sem Homofobia” e tem como objetivo a educação. A ex- pectativa da organização segundo o ex - Secretário Especial dos Direi- tos Humanos, Nilmário Miranda, é que as propostas avancem na im- plementação de novos parâmetros paradefiniçãodepolíticaspúblicas. O programa está em trâmite na As- sembleia Federal como Projeto de lei 122, mas por falta de pressão ao governo, ainda não foi aprovado. Outro projeto é Escola sem Homofobia, apoiado pelo Minis- tério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabeti- zação e Diversidade (MEC/SE- CAD), tem como objetivo “con- tribuir para a implementação do Programa Brasil sem Homofobia pelo Ministério da Educação”. Ele nasceu a partir da constatação de que as escolas brasileiras são, em geral, ambientes hostis para ado- lescentes homossexuais. O projeto foi desenvolvido com a proposta de ajudar a contornar o problema, e recebeu o sugestivo nome de Kit contra a homofobia e apelidado de Kit Gay. A previsão é que sua distribuição ocorra inicialmente em seis mil escolas públicas a par- tir deste ano. Mesmo sem ter sido lançado pelo MEC, o material di- dático já provoca polêmicas. O de- putado federal Jair Bolsonaro (PP- RJ) sugeriu “couro” para corrigir filho “meio gayzinho”. Em sessão realizada no Plenário da Câmara, criticou a iniciativa e desencadeou ataques ao projeto. O material é composto de um caderno, seis boletins, três audiovi- suais,umcartazecartasdeapresen- tação para o gestor e para o educador. Professores e gesto- res de ensino funda- mental e médio se- rãocapacitadoscom seminários e pales- tras e o kit será sub- sídio para abordar o assunto da homos- sexualidade. Para o professor de administração e coor- denador do Núcleo de Diversidade Sexual da Grande Florianópolis, Fabrício Lima, a implantação desse trabalho resultará em mais facilida- de para convivência entre héteros e homossexuais. Profissionais que trabalham na área social em Join- ville dizem que o kit é um avan- ço na democracia. “É importante para a sociedade abrir esse assunto para discussão, que seja pautado nas escolas e igrejas, porque é um tabu ainda hoje em dia”, salienta a Diretora dos Direitos Humanos de Joinville, Irma Kniess. A homossexualidade é um fato, mas encontrar um ponto de equilíbrio para falar do assunto parece estar longe. O pedagogo e professor de ensino religioso José Ivonildo de Oliveira, afirma que dentro das escolas a questão da religiosidade é muito forte. “Aceitar o kit é aceitar o pecado”. Ivonildo acredita que será difícil não encontrar dificuldades. Dentro do serviço social que precisa de material para trabalhar a questão da homossexualidade, acredita-se que o kit nasceu de um estudo entre profissionais gabarita- dos sobre o assunto e querem que a situação seja enfrentada sem pre- conceito. “É importante porque é uma luta em favor da diversidade”, explica a Assistente Social Silvana Aparecida Bernardino de Oliveira. De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, no artigo três, toda pessoa tem di- reito à vida, à liberdade e à seguran- ça pessoal. No site do Vaticano na página de instrução acerca de pes- soas homossexuais, existe uma dis- tinção de atos e tendências homos- sexuais. Quanto aos atos, ensina que, na Sagrada Escritura, esses são apresentados como pecados graves. Atradiçãoconsideraimoraisecon- trários à lei natural. Já as tendências homossexuais devem ser acolhidas com respeito e delicadeza. Essas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus. O vice-presidente do conselho de pastores da igreja evangélica de Joinville,pastorMarcosCoelhoRa- mos, relata que o tema tem causado grande preocupação e o kit escolar do projeto Brasil sem Homofobia é tendencioso, incentivando ao homossexualismo. “Deus ama o homossexual e abomina o homos- sexualismo”, completa o pastor, ele acredita que faltou diálogo entre os criadores do projeto easigrejas. Para a igreja ca- tólica, Deus ama o pecador e não o pecado e a relação entre homossexuais nunca será aceita porque o homem não foi criado para esse tipo de relacio- namento. Para o padre da Diocese de Joinville, Ivanor Macieski não se pode fugir da realidade, principal- mente no sentido de acolher o dife- rente, mas não se deve transformar o homossexualismo em algo banal e natural. “Essas pessoas carecem de apoio para superar essa dificuldade”, enfatizaopadre. Seja nas igrejas, escolas e insti- tuições se percebe a necessidade de ver a homossexualidade como uma manifestação humana que precisa decuidadosaoserquestionadaetra- tada.“Aquestãonãoésaberseokité bom ou não, se a igreja está certa ou não, a questão está em chegar a um consenso,”dizIrmaKniess. Educação Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA Diagramação de Francine Ribeiro | Edição de Fabiane Borges 07 HSH: Sigla da expressão“Ho- mens que fazem Sexo com Ho- mens. Utilizada principalmente por profissionais da sáude, na área da epidemiologia. Homossexuais: São aqueles que têm orientação sexual afetiva por pessoas do mesmo sexo. Gays: São indivíduos que, além de se relacionarem afeti- va e sexualmente com pessoas do mesmo sexo, têm um estilo de vida de acordo com essa sua preferência, vivendo aber- tamente a sexualidade. Bissexuais: São indivíduos que se relacionam sexual e/ou afetivamente com qualquer dos sexos. Alguns assumem a sua sexualidade abertamente, enquanto ou- tros vivem sua conduta sexual de forma fechada. Transgêneros: Terminologia utilizada que engloba tanto as travestis quanto as transexuais. Transexuais: São pessoas que não aceitam o sexo que ostentam anatomicamente. Sendo o fato psicológico pre- dominante na transexualidade, o indivíduo identifica-se com o sexo oposto, embora dotado de genitália externa e interna de um único sexo. Lésbicas: Terminologia utili- zada para designar a homosse- xualidade. Escolas do país irão receber material aprovado pelo Ministério da Educação ainda este ano e professores serão capacitados para utilizá-lo Algunsconceitos,segundomaterial “Brasilsemhomofobia” Gisele silveira Instituições buscam a melhor forma de abordar o assunto sobre orientaçãosexualnasescolas,mas,édifícilchegaraumconsenso A homossexualidade emdiscussãonoBrasil POLÊMICA Segundo pastor evangélico, quem tem que educar sobre orientação sexual são os pais CUIDADO LizandraCarpes lizandra.carpes@hotmail.com.br
  • 8. Espe08 Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA Diagramação de Emanoele Girardi | N o bolso do je- ans, ele carre- ga um smar- tphone. Na escrivaninha do escritório, um laptop. Dentro da mochila, um iPad. Os equipamentos ao re- dor de Mauro Gonçalves Pinhei- ro o conectam 24 horas por dia às informações e às redes sociais. O diretor de operações de uma agência de conteúdo digital arti- cula o trabalho e os afazeres pes- soais por meio dos aparelhos. Apesar de ser um usuário das tecnologias, há uma controvérsia na rotina de Mau- ro. Possui um ta- blet desde o início do ano, mas ainda não leu um livro inteiro no formato digital. A preferên- cia dele ainda é por livros impres- sos, com o cheiro do papel . O futuro da literatura não pa- rece ter lugar para o tradicional papel, mas sim, para os e-papers e e-books — arquivos digitais de publicações. Apesar da leitura di- gital ainda ser pouco abordada no Brasil, é inevitável o rumo que o desenvolvimento dos meios di- gitais vêm tomando nos últimos anos, sobretudo entre os jovens. Henrique Puccini, por exem- plo, é gerente de conteúdo digital. Possui smartphone, tablet e tem contato diário com computado- res. Porém, continua preferindo a leitura impressa. Os dispositivos tecnológicos são usados nos estudos e na atualização profissional. “Uti- lizo basicamente o iPad, onde a maioria dos conteúdos está no formato PDF e consigo manipular os textos”, afirma. Segundo Mauro, a vantagem que os softwares de leitura exclusivos apresentam nos e-books, como o Kindle, é a edi- ção dos livros, com a possibilidade de riscos, grifos e anotações. “Os e-books nasceram exclusivamente para a leitura eletrônica, e depois evoluíram para os tablets”, conta, abrindo uma edição de “A arte da Guerra”, em língua japonesa. Mau- ro possui poucos livros digitais no aparelho, mas espera aumentar a coleção em breve. “Consigo baixar livros do mundo inteiro e depois traduzo com o dicionário”, relata. Uma pesquisa realizada em maio de 2010 pela GfK, empresa de pesquisa de mercado, indica que aproximadamente 67% da população brasileira ainda desco- nhece os livros digitais. A resis- tência das pessoas não para por aí: 71% dos entrevistados disse- ram que o meio eletrônico não ameaça o impresso e 56% consi- deram o alto custo o motivo para a falta de acesso a esses equipa- mentos tecnológicos. Eles com- prariam um e-book se os preços fossem mais acessíveis. Henrique comprou um Ipad no Brasil quando o produto ain- da era novidade, oito meses de- pois do lançamento nos Estados Unidos. Apesar de ter amigos que trariam do exterior, ele op- tou pela compra nacional devido à ausência de questões burocráti- cas e à praticidade. “Já pude sair tecnologia Uma biblioteca intei na ponta dos ded Leitura digital ainda é novidade no país, mas ganhando espaço entre os jovens amantes da tec Os hábitos ainda resistem às mudanças tecnológicas, mas não à indústria. Prova disso é que há alguns anos muitos jornais, livros e revistas já nascem e cir- culam em formato digital. Assim como uma razoável parcela de conhecimento que a humanida- de imprimiu sobre o papel ao longo do tempo está digitalizada e disponível na Internet. No Brasil, o impacto com a chegada das novas tecnologias ainda não foi tão grande, nem todos estão ligados às novas pla- taformas de leitura. Joel Gehlen, proprietário de uma editora ale- ga que não teme o fim dos livros impressos. “Os formatos digitais contribuem na distribuição, mas nada substitui o livro”, afirma. São muitas as editoras que ale- gam que o sucesso desta nova plataforma depende do público- alvo, que é formado principal- mente por jovens que estão mais ligados às novas tecnologias. Mas nem todos pensam assim. Joel, por exemplo, diz que a chamada geração “Y” lê pouco e assegura que “a Internet não vai fazer as pessoas gostarem mais ou me- nos do impresso”. O crescimento do número de publicações digitais na web e sua consequente populariza- ção tem despertado a polêmica do fim do papel. O jornal ame- ricano The New York Times já se rendeu ao formato digital. As estimativas são que a edição impressa deixe de circular em 2015. Um caso semelhante faz a ameaça do livro digital parecer mais real — o fim da circulação impressa do Jornal do Brasil, um dos diários mais antigos do Brasil, em setembro de 2010. Apesar da ascensão dos meios digitais, o mercado de pu- blicações impressas deve mudar, e para melhor. É o que diz Joel, que acredita que o livro vai virar um produto de época. “Livros serão feitos de forma mais arte- sanal, serão considerados obje- tos raros e requintados”, opina. Joel ainda enfatiza que a impres- são de livros não vai ser uma ne- cessidade, “o impresso será um diferencial”. Ele acredita na di- minuição das tiragens, mas acha que os preços continuarão os mesmos. “O que vai importar é o objeto, não mais o conteúdo”, conclui. Atualmente, os livros di- gitais têm quase o mesmo preço do impresso. Com o tempo, a ex- pectativa é que eles devem ficar entre 20 e 30% mais baratos do que os de papel. De acordo com estudo realizado pela International Data Corporation (IDC), a Apple e a Amazon são as maio- res vendedoras de tablets e leitores di- gitais.. A pesquisa também revelou que, no terceiro trimestre de 2010, foram vendidos 4,8 milhões de tablets, 90% dos quais eram iPads, e 2,7 milhões de leitores digitais — o mercado norte- americano consome 75% do total. Isso presenta crescimentos de 45,1% e 40%, respectivamente, em relação ao trimes- tre anterior. As vendas de tablets totali- zam 17 milhões e as de leitores digitais, 10,8 milhões em 2010. Já para 2011, a previsão é que esses números subam para 44,6 milhões e 14,7 milhões. Um levantamento realizado pelo banco canadense Royal Bank of Cana- da que mostra que 99,7% das pessoas não têm um tabl 1% da populaçã tablet. Para calc aparelhos vendid unir os tablets ao chegou à consta juntos representa de usuários. Como efeito c do, mais de 5 bil suem serviço de internet chega a possuem PCs, 1 linhas telefônicas 600 milhões, jorn gam a 513 milhõ da larga são 555 m Os consultore nada, estimam q lhões de pessoas Evolução: do papiro ao silício Vendasaceleradas oprivilégioédepo Livros serão feitos de forma mais artesanal, serão considerados objetos raros “JOEL GEHLEN proprietário de editora Equipamentos digitais conectam as pessoas o tempo inteiro, mas ainda são de difícil acesso no Brasil OFFLINE Joel é adepto dos impressos e afirma que os formatos digitais não substituem os livros
  • 9. ecial Apesar de úteis e divertidos para usuários como Mauro, os aparelhos tecnológicos para a leitura digital ainda deixam a de- sejar quando o quesito é acessi- bilidade. Osmar Pavesi é enfáti- co quanto ao assunto. “Ela não existe”, afirma. Da caixa de som do compu- tador, ouve-se um emaranhado de vozes. Logo se veem dedos digitando fervorosamente no teclado como se estivessem con- versando com o computador. E de fato estão. Cada vez mais rápido. Coordenador do setor braile da Biblioteca Pública de Joinville há 14 anos, Osmar é de- ficiente visual e tem nos tradicio- nais computadores a forma mais simples de se comunicar. Através de comandos de voz, ele conse- gue ler qualquer tipo de e-mail, texto e mensagem. “Menos as imagens”, lamenta. O software responsável pela leitura se chama Jaws e ainda é recente no Brasil. Para Osmar, o programa apresenta muita praticidade e oferece ser- viços de manuseio e marcações, além de facilitar a produção de material em braile e acelerar a produção do trabalho e leitu- ra — tudo em um computador normal. O software, voltado para a conversão de texto e áudio não pode ser encontra- do nos e-readers. Uma grande perca, segundo Osmar. Em Joinville, cerca de 60 pessoas, a maioria estudante, procuram com frequência o acervo didático ou obras literá- rias em formato braile ou digi- tal. Na biblioteca, há livros fala- dos, fitas cassetes e CDs, todos no padrão internacional. Quan- do não há material disponível nesse formato, um grupo de ledores voluntários transforma os impressos em digital. “São as pessoas cegas sendo inseridas na tecnologia e no ensino supe- rior”, comenta Osmar. Fã de literatura brasileira, Osmar costuma realizar trocas de materiais escaneados com grupos de todo o Brasil. Assim, ele consegue ter acesso a obras de diversos gêneros, principal- mente de suspense e drama, seus prediletos. Para a leitura no formato digital, basta que os arquivos estejam em editores de texto como o word. “Mas as editoras não oferecem essa abertura”, lamenta. 09Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA | Edição de Gustavo Cidral usando”, conta entusiasmado. Mesmo assim, Henrique acredita que em pouco tempo o livro di- gital também será uma realidade no Brasil. “Há anos que muitos usuários virtuais disseminam os livros em formatos digitais, mas isso era um consumo de nicho”, explica. “Hoje, com o crescimen- to de equipamentos móveis mais velozes e adaptados para leitura, esse mercado novamente cresce e ganha adeptos”. Outra pesquisa denominada “Os leitores brasileiros e o livro digital”, divulgada em abril deste ano pela Imprensa Oficial do Es- tado de São Paulo e Câmara Brasi- leira do Livro (CBL), mostra que a maior parte da população brasilei- ra aposta que a funcionalidade dos aparelhos tecnológicos será fator decisivo para vencer a resistência atual da população com os livros digitais. Afinal, o leitor poderá le- var a sua biblioteca a qualquer lu- gar sem utilizar espaço físico. Entre os vários pontos positi- vos da leitura digital, pode-se des- tacar a mobilidade, praticidade, busca rápida e a sustentabilidade. Um e-book economiza toneladas de papel e, com isso, reduz o des- matamento de árvores. Mauro conta que o dele pode ter mais de mil títulos baixados da Internet. “O número varia de acordo com a capacidade de memória do apa- relho”, diz. “E ainda há a função multimídia, que dá a opção de in- teragir com os livros”, destaca. Henrique enxerga a tecnolo- gia digital como uma forma mais rápida e prática de estudar e man- ter a leitura em dia. “No meu ta- blet, faço anotações, rabisco, su- blinho, copio e até deixo notas de voz nas páginas e marcados mais importantes de um livro”, conta. Para ele, a questão da praticidade é fundamental: “Posso carregar milhares de títulos sem acres- centar peso na bagagem e poder compartilhar de informações va- liosas com amigos e professores sempre que necessário”. ira dos s está cnologia let. Ou seja, menos de ão mundial possui um cular a quantidade de dos, a pesquisa teve de os smartphones, então atação de que os dois am apenas 394 milhões comparativo, no mun- lhões de pessoas pos- e celular, usuários de a 2 bilhões, 1,2 bilhão bilhão têm acesso à s, assinantes de TV são nais em circulação che- ões, e usuários de ban- milhões. es do Royal Bank of Ca- que, em 2014, 400 mi- s possuirão um tablet. Digital, mas sem acessibilidade(Nem sempre) Ecologicamente correto Houve um grande salto no de- senvolvimento dos equipamentos para a leitura digital durante os úl- timos anos, mesmo assim, ainda não não se tem conhecimento se realmente eles são uma alternati- va mais ecologicamente correta que o papel. Em contrapartida, é um dos principais resíduos ge- rados pelas pessoas. Na questão ambiental, cultivar árvores, derru- bá-las, processá-las e transportar a madeira é considerado um pro- blema. São gastos de combustível e energia desnecessários quando há a opção de distribuir o mesmo conteúdo de forma digital. Por outro lado, os livros di- gitais são visualizados em dis- positivos eletrônicos fabricados com peças que dificilmente são recicladas, além de precisarem de energia para funcionar. Um estu- do realizado pelo Centro KTH de Comunicação Sustentável, em Estocolmo, concluiu que, no caso dos jornais, o melhor é ler na internet se olhar apenas o ge- ral das notícias. Para quem leva mais de 30 minutos, o jornal ain- da é a escolha mais ecológica. O Kindle, um dos leitores de conteúdo digital, substitui uma es- tante com cerca de uma tonelada depapelimpresso.Oaparelhodura em média dez anos, com leitura de 260 livros em sua tela, levando em conta o fato de as pessoas não le- rem todos os livros que adquirem. s,mas oucos No tablet, faço anotações, rabisco e deixo notas de voz nas páginas mais importantes “HENRIQUE PUCCINI jornalista Henrique Puccini está sempre conectado ao trabalho, estudos e lazer através do seu Ipad Osmar é deficiente visual e usa os computadores como principal forma de se comunicar fotos: ana luiza abdala Ana Paula da Silva anaonda@gmail.com Patrícia Schmauch patriciaschmauch@hotmail.com
  • 10. 10 Economia Diagramação de Ronaldo Santos | Edição de Ariane Pereira Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA Atividades do cônsul honorário Não é funcionário de carreira, mas é nomeado pelo país que representa por reconhecida- mente ter um vínculo com aquele país O cônsul honorário estabelece a relação diplomática do país que representa com a cidade e o estado em que está sediado no Brasil. Observatambémaoportunida- de de investimento e a troca de experiências culturais e científi- cas entre os dois países. Auxilia o imigrante ou descen- dente com informações sobre questões jurídicas internacio- nais como passaporte e requi- sição de dupla cidadania FRANÇA Francisco Borghoff Suíça Alberto Holderegger Alemanha Udo Döhler EslovÁQUIA Ernesto Heinzelmann República Tcheca Ingo Doubrawa Itália Moacir Bogo Cônsules de Joinville V ocê já parou para pensar no que faz um cônsul honorário? As funções são as mesmas do côn- sul de carreira, mas sem receber salário e sem imunidade diplomá- tica permanente. O cônsul hono- rário é geralmente um cidadão do país em que reside, e representa os interesses de outra nação, com a qual tem algum tipo de ligação. Entre os papéis do cônsul hono- rário estão estabelecer a relação di- plomática do país que representa com a cidade e o estado em que está sediado e observar oportuni- dades de investimento e a troca de experiências culturais e científicas entre os dois países. Em Joinville, não há embaixadas nem consula- dos oficiais, mas como a cidade é um pólo industrial e tem muitos imigrantes e descendentes de vá- rios países, conta com seis cônsu- les honorários. O presidente da representa- ção consular de Santa Catarina é Francisco Borghoff, que também é cônsul honorário da França em Joinville. Borghoff faz questão de dizer que a função não é remune- rada: “A pessoa que é nomeada cônsul honorário não é alguém necessariamente daquela nacio- nalidade ou descendente, mas já tem um forte relacionamento com aquele país e é um profissional al- tamente capacitado”. A argumentação do presiden- te consular se evidencia quando se observa os outros cônsules de Joinville: todos eles são, ou foram, presidentes de grandes empresas da cidade: o cônsul da Alema- nha é Udo Döhler (presidente da Döhler), o da República Tcheca é Ingo Doubrawa (presidente da Docol), o da Eslováquia é Ernes- to Heinzelmann (ex-presidente da Embraco) e o da Itália é Moacir Bogo (diretor geral da Gidion). Assessoriaintelectual O cônsul da França lembra que quando o governo municipal de Joinville (gestão anterior) pensou em instituir uma empresa pública municipaldesaneamento,Borgho- ff trouxe para a discussão a análise e o estudo da empresa pública da cidade francesa Joinville-Epon que fica a 15 km de Paris. “O cônsul honorário atua como um assessor intelectual, um assessor de assun- tos internacionais dos governos municipal e estadual”, observa. Em2008,umconvêniofoiassi- nado pelo governo de Santa Cata- rina, a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Escola Nacional de Administração Públi- ca Francesa (ENA), para capacitar o funcionalismo público daqui. O acordo resultou do trabalho do cônsul honorário francês em conjunto com o embaixador da França no Brasil. A importância da ação do cônsul é reconhecida pelos ges- tores públicos. “Acho até que nós acionamos pouco os cônsules ho- norários. Aqui em Joinville, eles têm nos auxiliado muito junto às autoridades federais para conse- guirmos a ampliação da infraes- trutura necessária para a região, como é o caso dos portos e ae- roportos, um ponto que interessa tanto a nós como aos países que eles representam”, ressalta o se- cretário municipal de integração e desenvolvimento econômico, Rodrigo Thomazi. Representaçãodiplomática “Nosso poder legal é limitado. Porém, quando há um interesse do embaixador, posso fazer uma intermediação junto ao governa- dor ou ao prefeito”, pondera o cônsul honorário da Eslováquia, Ernesto Heinzelmann. Em Joinville, não há registro de descendentes de eslovacos, mas empresas do setor plástico, metalúrgico e térmico da cidade têm negócios com a Eslováquia. Profissionaiscapacitadosexercemrelaçõesdiplomáticaseincrementamabalançacomercialdomunicípio Cônsuleshonoráriosajudamaeconomia COMÉRCIO EXTERIOR Francisco Borghoff, cônsul da França em Joinville, destaca que a função não tem salário Nosconsuladoshonorários,cidadãosbrasileiroseestrangeirospodemteracessoainformaçõesedocumentosparapedidosdeduplacidadania FOTOS: CAMILLA GONÇALVES Marlon de Souza marlonluiz@hotmail.com
  • 11. 11Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTAEspecial Diagramação de Emanoele Girardi | Edição de Neyfi Müller ONGs buscam apoio na sociedade Ação SOcial Organizaçõessemfinslucrativosdependemdedoaçõeseeventosparasustentaracausaquedefendem N em sempre só a vontade é suficiente para realizar boas ações. As Organi- zações Não Governamentais (ONGs) são criadas pela vonta- de, mas necessitam de recursos para a sua sustentação. O termo ONG surgiu nos anos 60 e popularizou-se no Brasil nos anos 90, está liga- do ao Terceiro Setor dentro da sociedade civil e são iniciativas privadas de utilidade pública. Estas organizações sem fins lu- crativos atuam em diversas áre- as, tais como: meio ambiente, combate à pobreza, assistência social, saúde, educação, recicla- gem, desenvolvimento susten- tável, entre outras. Em Joinville estão credenciadas 16 ONGs que recebem incentivos públi- cos dividindo-se entre ações sociais ou ambientais. Locais ou nacionais, todas as ONGs enfrentam alguma difi- culdade na captação de recursos, seja por despreparo da direção ou excesso de burocracias. Algu- mas fazem campanha nacional para arrecadar dinheiro, como o Criança Esperança que distribui o valor arrecadado entre 75 pro- jetos formados por ONGs, ou- tras se engajam em festas locais e garantem um espaço para arre- cadar alimentos, como a Funda- ção Padre Luiz Fachini. Leandro Schmitz, assessor de imprensa da ONG Impacto So- cial, acredita que este é um pro- blema geral: “Mesmo as ONGs que crescem e aparecem acabam tendo dificuldades financeiras, ou porque a imagem de quem fi- nancia será diluída ou porque os financiadores acham que essas ONGs já têm o bastante”. A Im- pacto Social é formada por edu- cadores, engenheiros, jornalistas, publicitários, administradores, pais, mães, avós, filhos. Sobre a liberação de verbas Muitas ONGs no Brasil des- conhecem a legislação que regu- lamenta a possibilidade de libera- ção de verbas e têm dificuldades para arrecadar recursos. Umexemplodeespecialização para auxiliar nessa área é Fernan- da Dearo, que trabalha no ramo de assessoria para ONGs há 16 anos. A motivação dela para tra- balhar com esse assessoramento veio através da procura por au- xílio: “As pessoas acreditam que abrir uma ONG é uma realização, pois é grande o desafio de fazer dar certo em nome de uma cau- sa. A intenção é nobre e louvável, porém, abrir um empreendimen- to sem entender do assunto pode gerar problemas”. Fernanda conta que no Brasil existem cerca de 400 mil ONGs e muitas precisam de ajuda. “Al- gumas estão literalmente falidas, passando o chapéu a todo custo, confessando sua má administra- ção e certamente colocando em risco pessoas, comunidades e causas”, afirma a profissional. A dificuldade de conseguir patrocínio no Brasil ocorre por- que a captação de recursos deve ser feita por um profissional, pois é complexa, exige dedica- ção integral, conhecimento de mercado, técnico e prático. A estratégia de arrecadação deve ir além dos adesivos de car- ro, cartazes e camisetas. Fernanda diz convicta que tudo e todos são passíveis de captar recursos, basta transformar a ideia em produto e oferecer contrapartidas. Outra opção de capitalizar verbas vem de agentes financiadores interna- cionais disponíveis em sites espe- cializados no Terceiro Setor. Documentação necessária para montar uma ONG Captação de recursos para entidades exige capacitação através de órgãos públicos, o governo apenas libera verba para entidades públicas, e como a organização tem um tempo de vida menor que um ano, eles ainda não possuem as creden- ciais necessárias para este título, portanto, as doações que eles recebem são somente de pesso- as físicas e jurídicas. Com dez projetos em anda- mento, eles estão na fase de bus- car parcerias com empresas para apoiar suas campanhas. Algumas entidades até rece- bem incentivos públicos para manutenções, como é o caso do Abrigo Animal de Joinville, mas não é o suficiente. A organiza- ção, que completará dez anos em julho, firmou um convênio com a Prefeitura em 2003, com res- paldo na Lei 24.645/1938, que pronuncia o Estado como tutor dos animais. “O dinheiro que re- cebemos da prefeitura não cobre nem os gastos com a alimentação Cartão de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica); Atas e Estatutos; Certidão Negativa de Débitos; FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço); Inscrição Estadual; Ficha de Inscrição de Cadastro (FAC); Alvará de Licença para Localização e Funcionamento; Documento de Inscrição do Imóvel no Município ou do IPTU; Vistoria do Corpo de Bombeiros; Ficha de Inscrição Cadastral, fornecido pela prefeitura do município; Pagamento da taxa para concessão do Alvará de Licença para Localização e Funcionamento.Fonte: SEBRAE/SC dos animais”. Osnilda Bachtold, presidente da entidade. O terreno no qual está locali- zado o Abrigo Animal no bairro Vila Nova em Joinville, foi adqui- rido com as economias e aposen- tadoria da presidente e seu marido. A organização se mantém com doações de cidadãos, bazares e feiras organizadas por voluntá- rios. “Meu sonho é construir no terreno ao lado um ambulatório próprio, pois gastamos em média de seis a sete mil reais por mês em clínicas veterinárias”, conta Osnil- da. Ela comenta ainda que paga quatro funcionários, compra ração e medicamentos que não podem faltar no dia a dia. Recentemente eles firmaram um convênio com a Celesc: “Se todos contribuírem com R$1,00 será ótimo, levando em conta uma cidade com 500 mil habitantes como é Joinville”, de- clara Osnilda. Polianna Moraes polianna.cmoraes@gmail.com Feiras, bazares e caixas em pontos comerciais são algumas das estratégias utilizadas pelas ONGs para arrecadações de doações Fotos: Polianna Moraes O dinheiro da prefeitura não cobre nem os gastos com a alimentação dos animais “ OSNILDABACHTOLD presidentedoAbrigoAnimal
  • 12. 12 Comportamento D esenhos, li- nhas e muita cor estão ga- nhando cada vez mais es- paço no cor- po humano. A tatuagem, a arte sobre a pele, já ultrapassou mui- tas barreiras do preconceito e a cada dia adquire mais adeptos de diferentes idades, sexos e classes sociais. Conforme o tatuador joinvilense Sandro Chaves, o in- teresse das pessoas por esta arte aumentou muito nos últimos anos, tanto dos clientes como dos próprios tatuadores: “há dez anos só havia dois estúdios no centro de Joinville”. Hoje o nú- mero já chega a dez. Segundo o tatuador André Pereira o interes- se também aumentou em Itapoá. “Não trabalho com divulgação e a cada ano há mais clientes, prin- cipalmente na temporada”, afir- ma ele que trabalha há mais de cinco anos e já fez mais de duas mil tatuagens. Este tipo de arte já faz par- te da sociedade há muito tempo, mas por que as pessoas se tatu- am? Para os estudantes de en- genharia Diego Leandro da Sil- va, 21 anos, e Cristiano Wagner Rissi, 24 anos, fazer tatuagem é viciante. “Existe a famosa filoso- fia, ninguém consegue fazer uma só”, afirmam. Conforme eles, a vontade é inexplicável, mas é difícil ver uma pessoa com ape- nas uma tattoo e sem vontade de fazer outras. Até o momento os dois estudantes têm cinco dese- nhos, mas querem fazer mais. Já para a estudante de jornalismo Adriele Evarini, 21 anos, o fazer tatuagem estámuito mais ligado à valorização do trabalho artístico: “há pessoas que compram qua- dros, eu faço tatuagens”. Adriele tem dez tattoos e, segundo ela, cada uma tem um significado. Além do significado, cada ta- tuagem carrega características de um estilo. Existem várias catego- rias e, conforme o tatuador André Pereira, as principais são: tradicio- nal, realismo, oriental, new scho- ol, old school, comics e maori, também chamada de tribal. Para reunir todos esses estilos estam- pados na pele humana, os tatua- dores criaram as convenções. O evento acontece com frequência em diferentes cidades e é orga- nizado por um único estúdio ou uma equipe deles. As convenções são um espaço para os tatuadores mostrarem seu trabalho, conhecer as técnicas dos outros profissio- nais e comprarem material. “Para os que buscam tatuar ou participar de competições é preciso alugar um stand, o que geralmente cus- ta mil reais”, explica André que sempre prestigia as convenções de Curitiba e São Paulo e já foi para uma em Ibiza, na Espanha. Segundo ele, na última convenção que ocorreu em Curitiba, nos dias 22, 23 e 24 de abril, havia mais de 100 expositores. Além dos stands o espaço geralmente tem outras atrações como exposição de obras de arte, shows e pistas de skate. Os eventos reúnem tatuadores de todas as regiões do país. Mas para conseguir se susten- tar da arte é preciso investir um bom dinheiro. Segundo Chaves, para montar um estúdio profissio- nal de qualidade é necessário in- vestir cerca de 100 mil reais. O ta- tuador também deve estar atento à legislação. A resolução estadual da Vigilância Sanitária nº 0004, de 15 de fevereiro deste ano, regula- menta toda a execução do serviço e institui que qualquer estabeleci- mento só poderá funcionar me- diante o alvará sanitário. QUASE“PARA SEMPRE” Apesar de todas as técnicas e expressão de personalidade é im- portante lembrar que esta é uma arte praticamente permanente. Quando bate o arrependimento, existemsim,maneirasdesubstituí- las ou até removê-las, mas segun- do os tatuadores esses trabalhos são mais caros e muitas vezes mais doloridos. Atualmente o processo de remoção mais utilizada é a la- ser, que pode eliminar tatuagens com efeitos colaterais mínimos. O tempo que se leva para remover depende do tamanho e das cores utilizadas na tatuagem. Conforme Chaves o preço de uma sessão chega a 300 reais. Outra forma de remoção é a técnica denominada cover-up, que é cobrir a tatuagem antiga por outra com a forma, de- senho e cores diferentes. Uma homenagem, lembrança ou a simples vaidade são alguns dos requisitos para aderir a tatuagem A arte gravada e estampada na pele EXPRESSÃO Joinville - Maio de 2011 PRIMEIRA PAUTA Diagramação de Aline Seitenfus | Edição deTiffani dos Santos A palavra tatuagem origina-se do inglês “tatoo”. O pai desta pa- lavra inglesa foi o capitão James Cook, que escreveu em seu diário a palavra“tattow”, também conhecida como“tatau”, uma onomatopeia do som feito quando a tatuagem era feita, em que se utilizavam finos ossos e agulhas, no qual batiam com uma espécie de martelinho de madeira para introduzir a tinta na pele. Palavra surgiu de uma onomatopeia Apesar de todos os registros, pesquisadores alegam que é difícil afirmar a origem da tatuagem, pois ela foi in- ventada muitas vezes, em diferentes momentos e partes domundo.Algunsfatos,objetoseresquíciosencontrados sugeremqueatatuagemétãoantigaquantoosurgimen- todohomem. A descontração e um bom relacionamento do profissional são aliados para o resultado de uma boa tatuagem e satisfação do cliente Conheça um pouco da história 5000 20004000 3000 2000 1000 0 1000 A múmia mais antiga do mundo, com 5.300 anos antes de Cristo, encontrada na Itália em 1991, conservou-se congelada em um bloco de gelo e tinha tatuagens sobre toda a espinha dorsal, além de uma cruz em uma das coxas e desenhos tribais por toda a perna. 3.500 anos atrás – Os primitivos (Idade do Bronze e Idade do Ferro) se tatuavam para marcar fatos da vida biológica e da vida social. Nesta época a tatuagem já expressa a personalidade de um indivíduo ou comunidade tribal. No século XVIII a tatuagem chega ao Ocidente, com as explorações que colocaram o europeus em contato com as culturas do Pacífico. Nessa época não existiam tatuadores profissionais, mas alguns amadores já estavam a bordo dos navios e em grandes portos. No século XIX vira moda entre a realeza européia e vira febre na Inglaterra pelos marinheiros ingleses. Em 1920 ela come- ça a ficar mais comercial na América e na Europa. Em 1959 ela chega ao Brasil. Aqui o pre- cursor foi o dinamarquês Knud Harald Lu- cky Gegersen. Conhecido popularmente como Lucky ou Mr.Tattoo, foi considerado durante um bom tempo o único tatuador profissional da América do Sul. Augusta Gern augustagern@gmail.com augusta gern D.C.A.C.
  • 13. 13Meio Ambiente Diagramação de Aline Seitenfus | Edição de Fernanda da Rosa Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA A r e i v i n d i c a - ção antiga dos joinvilenses por um espa- ço público de lazer resultou no Programa Linha Verde, ação proposta pelo Instituto de Pes- quisa e Planejamento Urbano de Joinville (Ippuj) que visa implan- tar parques em diferentes pontos da maior cidade do estado, com objetivo de apoiar seu desenvol- vimento. Além disso, também está no projeto a construção de uma rede de aproximadamente 60 quilômetros de ciclovias e ci- clofaixas urbanas. Oitenta por cento do financiamento dos parques contemplados pelo programa já estão garantidos devido a uma parceria com o Fundo Financeiro para o De- senvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata). O 20% res- tantes são da Prefeitura Mu- nicipal, que entra com ações como: desapropriação de ter- renos, saneamento básico, e projetos de arquitetura e enge- nharia. O que ainda impede a visitação dos parques é a falta de interesse das construtoras em participar das licitações. Vários editais foram lançados e encerrados, sem que nenhuma empresa demonstrasse vontade de tirar os projetos do papel. Foi o que aconteceu há pouco tem- po com o edital para o Parque Natural Municipal Morro do Finder, por exemplo. Os editais dos par- ques Morro do Boa Vista, Porta do Mar e as obras do Ciclo Viário também foram lançados sem re- torno das empre- sas. ‘‘Várias construtoras vieram aqui buscar os editais, mas até agora nenhuma se habilitou’’, afirma Vânio Lester, diretor executivo do Ippuj. Lester ain- da antecipou que os editais de- vem ser reavaliados e relança- dos, até que haja interesse em realizar as obras. O Fonplata, responsável pela execução do programa, contribui com a concessão de empréstimos e financiamentos para obras que promovam o desenvolvimento dos países que fazem parte do sistema hidrográfico do Prata. Países como Argentina, Uruguai e Paraguai também contam com ajuda desse agente financeiro. A parceria da Prefeitura com o Fonplata exis- te desde 2006, quando o con- trato foi assinado pelo então prefei- to, Marco Tebal- di. A partir dessa data o programa foi desenvolvido e as obras foram sendo estudadas. Elas começariam pelo Parque do Morro do Boa Vista, mas segundo o Ippuj, tiveram que ser canceladas na metade por problemas de licitação, e com a construtora, que não estava cumprindo os prazos definidos inicialmente. Por conta disso, o contrato ainda está em proces- so administrativo. O próximo a entrar na linha de execução foi o Parque da Cidade, único que atualmente está com as obras adiantadas. Anexo à Arena Join- ville, na zona sul, o espaço já está com o asfalto da ciclovia pron- to, e não houve problemas de licitação. Segundo o Ippuj, até o fim do ano a construção deve estar concluída. Além do Parque da Cidade, outros nove espaços ainda deve- rão ser contemplados: Porta do Mar, Morro do Boa Vista, Parque Kaesemodel, Parque das Nas- centes, Parque das Águas, Parque Morro do Finder, Parque Caieira, Morro do Amaral, e Eixo Ecoló- gico Leste. Segundo Vânio Lester , o próximo espaço de lazer a ser executado é o Parque das Águas. INICIATIVAS Desde o ano de 1992, o Par- que Zoobotânico é uma das únicas áreas em bom estado da cidade. Ele surgiu através de um decreto municipal, e com 17 mil metros quadrados pretendia su- prir as necessidades de lazer de uma população de quase 500 mil habitantes. O parque incentiva a valorização da Mata Atlântica e sua fauna, em um espaço com aproximadamente 200 animais, sem contar os que co-habitam a região do Morro do Boa Vista, em plena área urbana da maior cidade do estado. A 56 km de Joinville, um outro exemplo de sucesso data da década de 70. A cidade de Jaraguá do Sul pos- sui um parque público de lazer desde o ano de 1978, quando o Parque Malwee foi inaugura- do. No início o parque era um espaço privado, e foi fundado pelo primeiro dono da empre- sa. Mais tarde ele foi cedido aos funcionários e só então, foi aberto ao público. O espa- ço possui um milhão e meio de metros quadrados e está situa- do no interior da cidade. Além das mais de 35 mil árvores plantadas ao longo do parque, o espaço também conta com um museu, que contém arte- fatos dos primeiros habitantes do norte catarinense. Empresas da construção civil não demonstram interesse em tirar o Programa LinhaVerde do papel ParquesMunicipaisbuscamconstrutoras LAZER Com 17 mil metros quadrados, o Parque Zoobotânico de Joinville é a principal área de lazer da cidade. Lá, a população pode encontrar aproximadamente 200 animais e também, admirar a Mata Atlântica que constitui o espaço Cicloviaseciclofaixas tambémestãonos planosparatrazermais segurançaaocidadão nomomentodelazer. FUTURO Mayara Silva mf_silva90@yahoo.com.br Ana Luiza Abdala
  • 14. 14 Comportamento Diagramação de Aline Seitenfus| Edição de Gustavo Cidral Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA Se Juliano se diferencia nos passos da dança, Adriano Luís José destoa com a camisa do time de futebol. Não é o Join- ville Esporte Clube que faz bater mais forte o coração do mecânico em dia de campeo- nato. Os ingressos ganhos de um primo para assistir ao jogo do Caxias Futebol Clube, em 2003, revelou uma paixão que permanece até hoje. Os gritos de gol são reservados ao clube que nasceu muito antes do JEC (1920), mas não é tão conheci- do como o tricolor. Após o pri- meiro contato com o alvi-negro joinvilense, Adriano encontrou mais torcedores pela internet e hoje comanda um blog e par- ticipa da torcida organizada do Caxias, a Legião Alvi-negra. “Alguns consideram o Caxias o segundo time da cidade, por isso torcem para os dois. Mas torcedor que é torcedor tem só um no coração e até certa riva- lidade”, fala. Ele explica que o time não é tão reconhecido na cidade porque parou de competir di- versas vezes e tem uma torcida ainda jovem, com apenas dez anos. “Eu sei que daqui a uns anos teremos muita credibili- dade e reconhecimento. Agora contamos com um assessor de imprensa, mas não há muito es- paço na mídia”. Atualmente, o clube disputa a divisão de aces- so para a série A do Campeo- nato Catarinense. E ra um domingo típico na vida de “João Ville”. Nada de novo, apenas aquela rotina obriga- tória na vida de qualquer joinvi- lense. Durante a tarde, antes do jogo de futebol, foi até a Empa- das Jerke, tradicional estabeleci- mento da cidade, tomar seu cho- pe gelado e comer as deliciosas empadinhas que nunca faltam na lista de preferências. Uma des- cansadinha e logo partiu para arena assistir ao jogo do time do coração: o Joinville Esporte Clu- be, carinhosamente chamado de JEC. Durante 90 minutos, gritou vibrou com milhares de torce- dores. Para fechar a noite, levou a família ao último dia do Festi- val de Dança, evento que invade a cidade todo ano e “não deixa ninguém parado”. “João Ville” não tem nada de incomum. Ele faz as mes- mas coisas que todo morador de Joinville costuma fazer. Será?! Ao contrário do nosso típico joinvi- lenese, Alexandre Ricardo nunca foi ao Festival de Dança. Não que ele não goste de apresenta- ções culturais ou que seja contra. O motivo que deixa o motorista longe das salas do Centreventos Cau Hansen (local em que acon- tece o evento) é financeiro. Para ele, a semana de dança na cidade, ao contrário do que se propõe, não atinge a todos os habitantes. “O Festival de Dança é feito para ricos”, afirma. Ele comenta que CidadedosPríncipes,daDançaedasFlores?Conheçaomunicípiosemrealeza,bailarinosoujardinsperfumados JoinvilleladoB:umlugar“desconhecido” IDENTIDADE é uma boa iniciativa, mas que é feito para empresários, políticos e pessoas diretamente ligadas à arte. “Nos dias do festival falam que a cidade para, mas na minha rotina não muda nada. Nunca fui ao evento com minha esposa e meus filhos”. A imagem de Joinville vem sendo construída em cima de rótulos estendidos aos quatro cantos, mas a cidade mais po- pulosa de Santa Catarine não é feita apenas de dança, flores e príncipes. Os símbolos que re- presentam os bairros mais eli- tizados não são os mesmo que definem os mais retirados. No Jarivatuba, por exemplo, não é o balé da Escola de Teatro Bolshoi que dá ritmo ao dia-a-dia, mas a capoeira de Juliano Diettrich Ra- mos. Há 14 anos, ele começou a frequentar grupos que ensinavam a mistura de arte marcial e música e hoje é professor no Grupo Be- ribazu, presente desde 1997 em Joinville. Segundo Ramos, no mo- vimento capoeirista há cerca de dez grupos na cidade. “Os primei- ros registros de capoeira em Join- ville tem mais ou menos 35 anos e, desde que comecei, vejo mais valorização e participação. Há vá- rios festivais para mostrar a arte, além de apresentações em escolas, eventos públicos e festas”, relata. Coraçãopretoebranco,masnão vermelho.Ooutrotimedacidade Juliano Diettrich Ramos (segundo da esquerda para direita) participa há 14 anos de grupos de capoeira no bairro Jarivatuba. Hoje ele é professor do Grupo Beribazu OCaxiasé maisantigoqueoJec, mastemconquistadotorcedoresjovensnosúltimos10anos dIVULGAÇÃO ARQUIVO PESSOAL Jaqueline Dias jaqdias@gmail.com
  • 15. 15Comportamento Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA No Festival de Dança ou na capoeira, jogos do JEC ou do Caxias, é impossível imaginar uma Joinville sem itens básicos como água encanada, energia elétrica, telefone. Mas no alto da cidade ainda há pessoas que vivem sem isso. No Morro do Boa Vista, próximo ao Zoo- botânico, cerca de 150 pessoas moram sem televisão, banho quente, internet e nem mesmo aguá e luz. Nas palavras de Je- noveva Sabina Vicente, uma das moradoras do lugar, vivem “como coruja”. “Há cinquenta anos vejo políticos vindo aqui em época de eleição prometen- do luz e uma vida melhor, mas nunca mais aparecem depois que conseguem os votos”, desa- bafa. Ela veio para Joinville após perder tudo o que tinha numa enchente em Balneário Cambo- riú e comprou a casa para morar com mais oito filhos. “No início não tinha nada, era um caminho de roça. Depois de 20 anos que eu tava aqui, passaram as má- quinas pra fazer estrada”. Segundo a Prefeitura, a indi- ferença com os moradores do Morro do Boa Vista é justificada legalmente. A lei 1410 (cota 40) proíbe a construção de casas no morro acima de 40 metros do nível do mar. O neto de de Jeno- veva, Ivan Hiller, protesta: “Tem muita construção em lugares mais altos, mas como são edifí- cios de luxo, vivem bem. Aqui, a prefeitura nunca pôs o pé. É descaso mesmo”. Ele conta que o poder público quer tirar os habitantes do morro, mas sem pagar indenização ou dar outro lugar como moradia. “Eles vão colocar energia elétrica pra cons- truir um parque e querem todo esse espaço, aí lembram que esse lugar existe”, finaliza. Os banhos são tomados com bacia na água gelada, mes- mo em épocas de frio. A água vem do morro através de uma mangueira que passa em meio às árvores e às vezes tem o flu- xo interrompido pela passagem das pessoas. A comida é feita no fogão à lenha. Os alimentos são conservados em caixas de isopor e tudo o que se compra deve ser consumido no dia. A aposentada não recebe o que é de direito de todo cida- dão, mas mantém em dia os im- postos que chegam sempre na sua porta. Estilodevidabem diferentedoeuropeu JAQUELINE DIAS Há cinquenta anos, a aposentada Jenoveva Ivan Hiller espera por luz elétrica e água encanada em sua casa no Morro do BoaVista Não é à toa que Joinville re- cebe o título de Manchester Ca- tarinense. As inúmeras empre- sas, sejam grandes, médias ou pequenas estão espalhadas por toda cidade. Assim também es- tão os cursos de Ciências Exa- tas, maioria dentro das facul- dades públicas ou privadas. O objetivo é formar profissionais para manter a polo industrial. Mas nem todo cidadão joinvi- lense quer ser engenheiro. Em todo território do municípo, existe apenas uma faculdade de comunicação social. Estafania Del Valle e Karina Gonçalves iniciaram juntas o curso de Publicidade e Propa- ganda em 2009, no Ielusc. Para elas, achar emprego na área é fácil. “As pessoas se restringem apenas às agências publicitárias, mas comunicação social abran- ge muitos caminhos”, explica Karina, que trabalha no marke- ting de uma construtora desde o primeiro ano da faculdade. Estafania também trabalha na comunicação de uma empresa há dois anos e concorda com a amiga. Ela só lamenta a dife- rença entre os salários dos es- tudantes de cursos diferentes. Nos mesmos corredores, circula Johanes Halter. Ele está no primeiro período de Jornalismo. Ao contrário das colegas publicitárias, ele diz que é difícil encontrar empre- go. “Procurei por três semanas algo mais próximo ao jornalis- mo, mas não consegui. Como as contas me esperavam, tive que embarcar em outro ramo”, relata. Johanes trabalha na prestação de serviço de uma agência bancária. Porém, o jornalista e as pu- blicitárias consentem em um ponto: a indignação em haver apenas um curso de Comuni- cação Social na maior cidade do estado. “Além de não existir concorrência, ficamos limita- dos a um serviço, sem poder reclamar e procurar por outro”, concordam. Um novo perfil no mercado de trabalho joinvilense Karina Gonçalves, Estafania DelValle, Leonardo e Johanes Halter são estudantes dos cursos de Comunicação Social no Bom Jesus/Ielusc JAQUELINE DIAS Diagramação de Aline Seitenfus| Edição de Gustavo Cidral
  • 16. Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA16 Diagramação de Edinei S. Knop | Edição de Eduardo Schmitz Crônica fotográfica N ão que eu não seja uma dama, longe disso. Mas eu não me permito a falso moralismo,isso eu não faço. Não importa como o corpo se delineia, mas devemos ser no mínimo sensuais. No entan- to, algumas de nós mulheres so- mos marginalizadas. Isso porque somos são pagas pelo sexo, quer dizer, existem clientes que alugam oquarto,ocorpoeapaciênciaatrás apenas de uma conversa. Durante a tarde de uma terça- feira, as luzes da casa de show estão apagadas, as mesas limpas, a barra de pole dance sem nenhum corpo esguioeninguémestábebendo.Na verdade, estamos todas lá, mas len- do revista e conversando sentadas em poltronas na sacada da casa de show. Somos prostitutas de luxo. Enquanto isso, num outro dia, em outro lugar, a casa está vazia e não estamos trabalhando. Ho- rário comercial é depois das 18h. Não leve a mal, sexo cansa tam- bém. Precisamos cuidar da pele, das unhas, da alimentação e beber a nossa própria cuba libre tam- bém. Por que não? Nossa vida não gira só ao redor do sexo. Empé,debruçadasobreamesa, Marta, de 36 anos, segura um por- tamoedaseafirmaqueotrocodela é de pelo menos mil reais por noi- te. Ela é puta há uns 7 anos, agora sua prima está começando. Somos muito competentes na nossa área, admitimos reclamações e quere- mos sempre dar o melhor de nós. Custa respeitar? Uma profissão tão antiga, tão popular e tão usu- fruída! Entenda que é uma relação meramente profissional. Por uma conversa, não custa nada. Por um serviço, consulte o cardápio. Uma vida nem tão clandestina e que vai além do sexo profissional por dinheiro Muito mais que mero prazer Fetiche é a essência que alimenta a profissão Prazer, sotisficação e luxo: conceitos de um bordel requintado Cuidados de miss e nenhum reconhecimento Durante o trabalho o DJ é instigado ao voyeurismo; ele tem vista para o quarto Bárbara Elice bahfck@gmail.com bárbara elice bárbara elice KAUANE MELLOKAUANE MELLO