O documento discute os preparativos para os esportes náuticos nas Olimpíadas de Londres de 2012, incluindo a história e tradição náutica da região. Também aborda as condições climáticas e meteorológicas importantes para trajetos náuticos e a crescente produção e consumo de grandes iates de luxo no Brasil.
1. MUNDO NÁUTICO: METEOROLOGIA E AS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS PARA TRAVESSIAS
R$ 14,00 · Ano 07 · nº 33 · 2012 · www.perfilnautico.com.br
12 Grandes IATEs
VIDA EM
ALTO LUXO
OS PRAZERES DE NAVEGAR
COM ESTILO E COM
O MÁXIMO DE
CONFORTO
LONDRES 2012
PERFIL
ESTALEIRO
SCHAEFER YACHTS,
EXEMPLO NACIONAL
DE QUALIDADE
Olimpíadas, história
e tradição náutica
E MAIS! NA SEÇÃO PERFIL, 4 EMBARCAÇÕES
BENETEAU OCEANIS 45
CORAL 28
KEY LARGO 27 E 28
SINGULAR 280
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3.
4.
5.
6.
7. O tamanho dos barcos que navegam
no Brasil está cada vez maior, isso requer
mais investimentos à beira-mar
O
mercado de iates de luxo no Brasil ainda é um território pouco
explorado. Com a aproximação da Copa do Mundo de 2014 e das
Olimpíadas de 2016, essa realidade pode tomar novos ares. A
realização de dois dos maiores eventos do planeta e uma economia
que respira em um universo de crise mundial criam a expectativa de que
veremos melhorias na infraestrutura navegável, novas marinas e outros
desenvolvimentos à beira-mar. O Brasil tem a chance de cativar o mundo,
especialmente o de uma classe social que tem dinheiro para gastar.
Se no segmento de construção de iates já vemos despontar talentos,
a estrutura para receber turistas em barcos de todos os tamanhos, com
recursos navegáveis de segurança e conforto, ainda precisa melhorar muito.
Não são poucos os brasileiros proprietários ou com cacife para comprar
um grande iate de luxo. Muitos deles, no entanto, preferem manter suas
embarcações longe da costa brasileira, por discrição ou por praticidade.
Mas é visível que os barcos que navegam por aqui estão crescendo e muitas
novidades estão à disposição de privilegiados afortunados.
Nesta edição da Perfil Náutico selecionamos 12 iates de luxo entre 60 e
80 pés para você conhecer e, se for o caso, agendar um test drive e passar
o próximo verão no barco dos sonhos. Na reportagem de capa, você fica
sabendo de tudo sobre o que um verdadeiro iate de luxo deve ter.
Na seção Perfil destacamos quatro embarcações: o veleiro da Beneteau
Oceanis 45; a Singular 280, barco de estreia da Singular Boats; a Key Largo
27 e a 28 da Sessa Marine e a Coral 28, cabinada e de proa aberta.
Nossa reportagem especial é sobre Londres, onde fomos conhecer os
preparativos para esportes náuticos da Olimpíada e descobrimos que a
tradição náutica inglesa revela interessantes segredos históricos. Nosso
mergulho dessa vez foi em Cuba, uma ilha fascinante e cheia de mistério. S
Revisão
João Batista Ribeiro
Marcelo Buda
12 PERFILNÁUTICO
É TEMPO DE VIVER
Colaboram nesta Edição Angelo Sfair,
Antonio Alonso Junior, Amanda Kasecker,
Guilherme Aquino, Jorge Nasseh,
Kadu Pinheiro, Luiz Alfredo Malucelli,
Ricardo Amatucci, Thaís Zago
Edição de Arte e Projeto Gráfico
Eduardo Zuchowski
Impressão e Acabamento
Gráfica Capital
Distribuição Exclusiva
FC Comercial Distribuidora Ltda.
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Comercial (41) 3331-8300
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REGATTA YACHTS: BAHIA · MINAS GERAIS · SÃO PAULO · RIO DE JANEIRO – www.regattayachts.com.br – sessa@regattayachts.com.br – (11) 5538 3434
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VILLA NÁUTICA: BRASÍLIA · GOIÁS - www.villanautica.com.br - atendimento@villanautica.com.br - (61) 3223 0201 (62) 3225 8576
PERFILNÁUTICO
Linha Yacht C68 - C54 - F54 - C48 - F45 - C44 | Linha Cruiser C40 - C36 | Linha Key Largo KL36 - KL30 - KL28 Sole - KL27
13
crédits photo : Arnaud Childeric – Kalice, création graphique :
Grandes iates
em águas brasileiras
Conselho Diretor
Aldo Alfredo Malucelli aldo@grupocanal.com.br
Carlos Alberto Gomes carlos@grupocanal.com.br
José “Juca” Kolling jose.juca@grupocanal.com.br
Luiz Alfredo Malucelli luiz@grupocanal.com.br
WWW.SESSAMARINE.COM.BR
Editorial
8. Índice
Índice
Canal
16
18
158
160
164
176
184
188
190
192
194
Leitor
News
Construtor
Náutico
Decor
Estilo
Esporte
Planeta Água
Gourmet
Cultura
Click
Especial
24
40
Londres 2012
Já começou a contagem
regressiva para a Olimpíada de
Londres. Os locais de todas as
competições já estão definidos.
Aqui você fica sabendo como
estão os preparativos para os
esportes na água, numa região de
muita história e tradição náutica
Canoagem, remo e vela
O Brasil estará muito bem
representado em Londres nos
esportes náuticos. Confira o perfil
dos atletas que já garantiram
presença nos Jogos
Nesta Edição
154 Mundo Náutico
Meteorologia: clima, vento e
ondas merecem atenção
especial de quem vai navegar
168 Mergulho em Cuba
Um giro por terra, descobrindo
picos fantásticos
178 Volvo Ocean Race
Regata de volta ao mundo
passa pelo Brasil e deixa
legado em Itajaí (SC)
14 PERFILNÁUTICO
48
Capa
Vida em alto luxo
Grandes iates, verdadeiras casas sobre águas,
ganham novos consumidores em potencial no Brasil.
Selecionamos 12 embarcações, de 60 a 80 pés
Perfil
116
Oceanis 45
Veleiro da Beneteau tem linhas
leves e clássicas e acabamento
impecável
124 Singular 280
Um barco para a família, com
cabine de proa para até quatro
pessoas no pernoite
130 Key Largo 27 e 28
Lançamento simultâneo no
Brasil e na Europa, com versão
exclusiva para os brasileiros
138 Coral 28
Com proa aberta, cabine e
banheiro, agradável em
passeios e pernoites
144 Estaleiro Schaefer
Às vésperas de completar
20 anos, Schaefer Yachts é
sinônimo de luxo e sofisticação
PERFILNÁUTICO
15
9. Fabiola Bonatto
| 38o | 4oo | 421 | 45o | 5oo | 56o | 62o |
Cést La Vie!
Linha Lagoon 2012
Lagoon: O número 1 no mundo em catamarãs,
oferece 7 modelos com interior minuciosamente
projetado pela Nauta Yachts Design (Itália).
Projeto de casco por Van Peteghem e
Lauriot Prévost. Conforto, performance
e muita qualidade de vida no mar você
encontra na Linha Lagoon no Brasil e em
mais de 70 distribuidores ao redor do mundo.
Canal do Leitor
Especial
Que viagem fantástica por
Galápagos! Esta matéria uniu duas
paixões de nossa família: a natureza
e o stand up paddle. Esperamos
algum dia ver de perto as belezas
deste Parque Nacional, quem sabe
até praticando SUP!
Perfil
Gosto muito da seleção de barcos
das seções “Perfil”. Sempre
muito eclética e plural. Na última
edição, em especial, achei muito
interessante o perfil do bote inflável.
É incrível como a tecnologia está
mudando o setor náutico.
Alessandro Majewski
Perfil Náutico
A revista Perfil Náutico me surpreende com suas imagens. Por ser
uma pessoa apaixonada por fotografia, levo em consideração os
veículos que priorizam o seu uso. Na última edição, adorei as fotos
da matéria da VOR. Parabéns!
Suelen Barbosa
A Perfil Náutico está mais bonita
a cada edição. Particularmente,
gostei demais da “nova cara”. Está
mais fácil e mais gostosa de ler. E
o conteúdo nem se fala, continua
excelente!
Lagoon 560
Canal Esporte
Canal do Leitor
Galápagos
Fernando Sbais
Clássicos Rolex
Veleiros
Os veleiros são a minha
grande paixão e por isso adorei
a última edição da revista.
Realmente não há como explicar
a sensação de estar velejando:
é algo que está no DNA.
Jorge Colatuso
Volvo Ocean Race -Itajaí
O Antonio Carlos Pereira
passou no estande da Perfil
Náutico durante a Volvo Ocean
Race, em Itajaí (SC), e nos mandou
essa foto tirada na regata dos
Clássicos Rolex (disputada em
Punta del Este, na Argentina)
em janeiro deste ano. Obrigado
por compartilhar esse momento
conosco, Antonio Carlos!
Itajaí e todo o estado de Santa
Catarina estão muito orgulhosos por
sediar uma etapa da maior regata
de volta ao mundo. Adoramos a
cobertura e a presença da Perfil
Náutico nos momentos que
precederam e durante o evento.
Cesar Merida
Fale Conosco
Para falar com a Perfil Náutico, mande e-mail para: redação@perfilnautico.com.br ou canaltecnico@perfilnautico.com.br.
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16 PERFILNÁUTICO
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Tel.(21) 3154.9999
www.sailingims.com.br
PERFILNÁUTICO
17
10. Canal News
Canal Esporte
Canal News
Dieter Gust (CEO Beneteau), Carla Demaria (CEO Global Marketing), Marcos Soares
(CEO Beneteau Brasil), e Sérgio Cabral (governador do Rio de Janeiro)
Beneteau inagura
fábrica em Angra
O grupo francês Beneteau inaugurou
sua primeira fábrica no Brasil, na
Marina Verolme, em Angra dos
Reis. A escolha do local também se
deve ao incentivo à indústria naval
do estado do Rio concedido pelo
governador Sérgio Cabral. Com
planta de 10 mil m², terá capacidade
anual de produção de 50 barcos.
Toda a tecnologia de ponta utilizada
nas fábricas da Beneteau na França
será transferida e aplicada na
fabricação dos modelos brasileiros.
A cerimônia de inauguração
contou com a presença de
convidados, autoridades e
executivos do Grupo Beneteau, que
vieram ao Brasil especialmente para
a ocasião. Os primeiros modelos
a serem produzidos na fábrica
brasileira serão a Flyer Gran Turismo
33 e a 38, com customizações
específicas desenvolvidas
especialmente para atender ao nosso
mercado, como por exemplo a
plataforma de popa 40% maior.
De acordo com Marcos Soares,
representante da marca há 17 anos
e atual CEO da Beneteau Brasil, em
2013 o estaleiro Beneteau passará a
produzir um terceiro modelo e dará
início à construção de uma segunda
fábrica nos moldes franceses, com
50 mil m² de área e capacidade 10
vezes maior. Com isso, o custo de
produção para exportação no Brasil
ficará tão ou mais competitivo que
o europeu. j
Kalmar 30 anos
O Estaleiro Kalmar, com sede em Itajaí, Santa Catarina, completa 30 anos de
história no mercado de marcenaria naval em 2012. Fundado por Erik e Lars
Kreuger, em 14 de outubro de 1982, o estaleiro sempre teve a madeira como sua
principal matéria-prima. À época, a empresa foi criada com a intenção de criar,
construir, reformar e restaurar embarcações. O nome refere-se a um condado
sueco e homenageia as origens da família. Atualmente, quem está no comando do
Estaleiro Kalmar é Lorena Kreuger (foto), filha de Lars. www.kalmar.com.br
18 PERFILNÁUTICO
PERFILNÁUTICO
19
11. Raimundo Nascimento, o recordista
Recorde
em solitário
Jorge Nasseh, palestras técnicas sobre náutica
No dia 14 de abril, durante o Rio Boat Show, Jorge Nasseh (engenheirochefe da Barracuda e vice-presidente da Acobar) reuniu duas outras
referências da área para montar uma rodada de palestras técnicas sobre
náutica. Esta foi apenas a primeira apresentação do Ciclo de Palestras
“Tudo Sobre Barcos”. O evento, que aborda temas variados como as
normas da ABNT na construção náutica ou a escolha de um motor ideal,
será apresentado mais vezes durante o ano. As palestras fazem parte do
calendário de Curso e Captação da Acobar.
Para mais informações: marketing@barracudacomposite.com.br
Terceiro Cruzeiro Hidrovia Tietê-Paraná
A realização da terceira edição do Cruzeiro
pela Hidrovia Tietê-Paraná foi anunciada,
no dia 29 de março, pelo vice-presidente
da ABVC, Paulo Fax. A novidade deste ano
é a divisão em duas etapas. A primeira,
com início em 7 de julho, tem como ponto
de partida o Clube de Campo Água Nova,
em São Manoel. A previsão de chegada
é 26 de julho. A largada para a segunda
perna deve acontecer no dia 28, partindo
de Pereira Barreto com destino a Três
Lagoas. O cruzeiro é aberto a todos em
embarcações a vela e a motor entre
16 e 32 pés. Inscrições e mais detalhes
no e-mail: abvcinterior@terra.com.br
20 PERFILNÁUTICO
Canal News
Canal News
Canal Esporte
Ciclo de Palestras
Tudo Sobre Barcos
Campeã do 1º Rally Náutico Rio
Boat Show - Categoria Principal
Graduados.
O velejador Raimundo Nascimento,
de 62 anos, completou a circumnavegação em solitário em tempo
recorde e tornou-se o homem mais
velho a conseguir esta façanha. A
jornada durou 10 meses e cinco
dias, sendo a média deste tipo de
viagem de dois anos. A façanha foi
realizada no veleiro Caroll e teve
seu desfecho no dia 28 de fevereiro,
no Iate Clube do Rio de Janeiro. O
maior susto da viagem se deu no
Oceano Índico, nas proximidades
da Indonésia, quando o veleiro foi
abordado por piratas encapuzados.
Neste episódio, o experiente lobo do
mar discretamente ligou os motores
e conseguiu escapar ileso.
Mudanças
na Arrais
A partir de julho, as mudanças
para conseguir a Arrais começam
a valer. As principais alterações
são a exigência de provas práticas
para conseguir a Carteira de
Habilitação Amador (CHA) e
a criação da carteira de Motonauta,
para poder pilotar jet ski. As novas
regras foram criadas para suprir
uma grande falha do sistema,
já que era possível conseguir
uma carteira de habilitação amadora
sem ao menos ter entrado em
uma embarcação. Você pode
conferir as especificações para
cada tipo de carteira em:
www.dpc.mar.mil.br/portarias/
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PERFILNÁUTICO
21
13. ESPECIAL
LONDRES 2012
Olimpíadas, história
e tradição náutica
A realização dos Jogos Olímpicos de 2012 revelam
memórias escondidas de Londres e o capricho nas obras de
infraestrutura para as disputas dos esportes náuticos
Por Guilherme Aquino
24 PERFILNÁUTICO
Weymouth, no condado de Dorset, local de disputa dos barcos a vela
A
descoberta de um antigo barco do
começo do século 19 durante as
escavações do Parque Olímpico de
Londres estende uma vela de piedade
sobre os demais esportes da Olimpíada.
Antes da chegada das ferrovias e das
rodovias, os leitos dos rios eram usados
como estradas fluviais pelos homens
para o deslocamento de pessoas e mercadorias. Ao
longo do tempo, o curso do Rio Lea, ou Lee, na região
nordeste de Londres, foi alterado para abrir caminho
ao progresso. Em suas águas abrigadas, próximas ao
estuário do grande Tâmisa, parte do rio virou terra
firme, com pedaços valiosos do seu curso histórico
soterrados para sempre.
Mais de cem anos depois, a carcaça quase inteira
do barco, com 5 metros de comprimento e 110
centímetros de largura, deixaria a lama do velho
canal Pudding Mills e emergiria para “testemunhar”
uma época. Um exame acurado demonstraria que a
embarcação fora concebida para o transporte a remo
entre um navio maior e o trapiche mais perto e, mais j
PERFILNÁUTICO
25
14. LONDRES 2012
tarde, teria sido adaptada para a navegação a vela.
Nada mais premonitório do que o pontapé inicial dos
trabalhos de infraestrutura da Olimpíada ter sido dado
por ou em um barco – a remo e a vela – “naufragado”
no tempo e no espaço, submerso no lodo da história.
Jogos náuticos
O pontapé inicial dos
trabalhos de infraestrutura
da Olimpíada foi por um ou em
um barco – a remo e a vela
estudaram os filhos do príncipe
Charles. Em 1960, devido
aos problemas dos treinos no
“congestionado” Rio Tâmisa,
agravados com as fortes correntes
e as grandes variações de larguras,
eles decidiram investir no quintal
de casa. O sonho tornou-se
realidade apenas em 2006, a tempo
para hospedar o Campeonato
Mundial de Remo. O batismo de
fogo deu credibilidade para o local
se tornar um dos palcos dos Jogos
Olímpicos de Londres. j
AMBRA CRAIGHERO
A área de localização do velho barco fica nas
imediações do canteiro de obras do estádio olímpico.
Dos lugares previstos para os esportes náuticos, uma
das regiões mais próximas ao achado arqueológico
é a de Eton Dorney, nas vizinhanças do Castelo
de Windsor, 25 milhas a leste de Londres. As
competições de remo e canoagem de velocidade vão
acontecer no lago de Dorney, dentro de um parque
ambiental com 400 acres de área.
A disputa olímpica coroa o sonho dos instrutores
de remo do Eton College, uma das mais prestigiosas
universidades privadas do Reino Unido e onde
AMBRA CRAIGHERO
ESPECIAL
Dorset respira maresia e vela desde os tempos mais remotos
26 PERFILNÁUTICO
Pequeno porto em Swanage, vizinha a Weymouth (foto menor) e centro histórico de Plymount
PERFILNÁUTICO
27
15. ESPECIAL
LONDRES 2012
atletas (353 homens e 197 mulheres), divididos em 14
modalidades, entre os dias 28 de julho e 4 de agosto.
Na canoagem veloz, que estreia a prova de 200
metros nesta Olimpíada, estão atletas do calibre de
Tim Brabants, Andrew Daniels e Rachel Cawthorn,
na ponta dos 248 canoístas que disputarão 12 provas.
Já entre os nomes de ponta do remo estão os ingleses
Zac Purchase, medalha de ouro em Pequim, Stephen
Rowbotham, que na Olimpíada de 2008 levou a
medalha de bronze, junto com Matt Wells, além de Fran
Houghton e a escocesa Katherine Grainger. O remo
vitorioso no Reino Unido é uma questão de honra. A
Inglaterra é o único país a ter vencido medalhas de ouro
em todas as olimpíadas desde 1984. O herói nacional
olímpico é sir Steve Redgrave, com cinco medalhas de
ouro em cinco Jogos consecutivos (entre Los Angeles e
Sidney), mas que desta vez vai assistir a tudo do alto de
um camarote sobre o lago de Dorney.
O uso de fertilizantes
nos campos das redondezas
foi limitado para aumentar
a qualidade da água
Corredeiras perfeitas
Não muito distante dali, a 30 quilômetros ao norte
do Parque Olímpico, em Broxbourne, Hertfordshire,
as escavadeiras, os guindastes, os caminhões e os
operários tiveram muito mais trabalho. Praticamente a
partir do zero, desde junho de 2009, começou a ganhar
forma o White Water Canoe Centre para as competições
de canoagem slalom. O fim das obras foi em dezembro j
Em Broxbourne, a 30 quilômetros do Parque Olímpico,
acontecem a disputas de canoagem slalom
Canoas, caiaques e barcos a remo
E para fazer as honras da casa, num esporte que
celebra uma das maiores rivalidades históricas do
mundo – aquela entre os remadores de Oxford e os
de Cambridge, nascida em 1829 –, os organizadores
não deixaram escapar nenhum detalhe. O uso de
fertilizantes nos campos das redondezas foi limitado
para aumentar a qualidade da água. O lago principal
tem 2.200 metros de extensão, 200 mais do que o
mínimo exigido pela Fédération des Sociétés d’Aviron
(FISA), a autoridade mundial do remo. Ele tem 8 raias,
com 13,5 metros de largura cada uma e a parte mais
rasa mede 3,5 metros de profundidade, suficiente
para o descolamento das lanchas de apoio. As obras de
incremento das estruturas já existentes – duas pontes,
28 PERFILNÁUTICO
uma no começo e outra a 600 metros – começaram em
outubro de 2009 e contaram com a construção de uma
ponte que liga a zona de competição, na linha final,
com a área de aquecimento, e de outra para permitir
aos atletas chegarem ao ponto de partida das provas
de canoagem de velocidade e remo da Paraolimpíada,
na altura da marca dos 1.400 metros. Tudo ficou
pronto em abril de 2010 e está à disposição para 20
mil espectadores, além de outros dez mil espalhados
pelas margens. Eles irão assistir às competições de 550
O White Water Canoe Centre começou a ser construído em junho de 2009
PERFILNÁUTICO
29
16. ESPECIAL
LONDRES 2012
de 2010 e a estrutura foi a única aberta do público antes
mesmo do começo dos Jogos — que se diverte fazendo
“rafting” —, tornando-se herança comum antes mesmo
da abertura do inventário com o fim da Olimpíada.
As corredeiras custaram 31 milhões de libras
esterlinas. Elas não deixam nada a desejar aos rios que
se formam com o degelo nas montanhas dos Alpes
na Europa ou àqueles nas Montanhas Rochosas, dos
Estados Unidos. Dois cursos de água foram realizados:
um de competição, com 300 metros de extensão e
um desnível de ponta a ponta de 5,5 metros, e outro
menor para aquecimento, com 160 metros. Dez mil
metros quadrados de lago artificial inundados graças
aos lençóis subterrâneos que alimentam as quatro
bombas com quatro toneladas cada uma e vazão de 15
metros cúbicos de água por segundo. É como encher
uma piscina de 25 metros a cada 30 segundos.
A transparência das águas e a espuma branca
provocada pelos obstáculos reproduzem o mundo
selvagem dentro da segurança de um gigantesco tanque
sinuoso, repleto de pedras falsas de concreto. Todo o
espaço ocupa uma área de 10 hectares, o equivalente a
25 campos de futebol. Foram importados 240 toneladas
de material para criar, do nada, paisagens, rede de
As corredeiras custaram 31
milhões de libras esterlinas.
Elas não deixam nada a desejar
ao rios que se formam com o
degelo dos Alpes na Europa
trilhas e passagens para o público, além de instalações
para vestiários, restaurantes, cafeterias e escritórios.
Tudo vai ser usado pelos futuros 70 mil visitantes
anuais que deverão caçar as emoções onde os 82 atletas
olímpicos amargarão derrotas e celebrarão sucessos,
em apenas quatro dias de competição, diante de 12
mil espectadores diários. Ali, eles podem ficar de olho
em alguns atletas de ponta como o eslovaco Michal
Martikan, seu arquirrival, o francês Tony Estanguet,
além do escocês David Florence e da britânica Lizzie
Neave. Eles são capazes de domar canoas e caiaques
em condições extremas e costumam levar para casa as
medalhas em jogo.
Portland Sailing Academy em Weymouth, cenário das competições de vela e o velejador inglês Ben Ainslie
Vela
Canoagem e remos são esportes muito praticados na Inglaterra
30 PERFILNÁUTICO
Mas a menina dos olhos de águas salgadas dos Jogos
de Londres fica a 180 quilômetros ao sul da capital
britânica. O local da disputa dos barcos a vela é em
Weymouth Bay em Portland Harbour, no município
de Dorset, na região de Wessex. A praia como
arquibancada natural e dois telões gigantes para
exibir os detalhes das disputas vão garantir um belo
espetáculo, num dos melhores lugares do planeta
para o mundo da vela, com pouca amplitude das
marés, ventos constantes e águas abrigadas. Ali, 380
atletas irão disputar 10 modalidades (29 de julho a 11
de agosto), enquanto que na Paraolimpíada vão ser
80 competidores em três eventos (entre dias 1º e 6 de
setembro). O coração das disputas é a Weymouth and
Portland National Sailing Academy (WPNSA).
A primeira vila olímpica dos Jogos de Londres a
ficar pronta foi a de Osprey Quai, com capacidade para
cerca de 400 velejadores. Assim como as instalações de
infraestrutura, ela foi aberta em novembro de 2008. De
lá para cá, o cenário da famosa Jurassic Cost foi palco
de inúmeras competições nacionais e internacionais.
Dorset “respira” maresia e vela desde os tempos mais
remotos. Mas ficou meio à deriva quando, em 1999,
a frota da Real Marinha Britânica levantou as âncoras
do histórico porto de Portland. Depois de 150 anos de
atividades, principalmente durante as duas Grandes
Guerras, a base naval fechou e quase fez naufragar a j
PERFILNÁUTICO
31
17. ESPECIAL
LONDRES 2012
gestão do tráfico foi implantado, eliminando as rotundas
e instalando uma complexa rede de sinais “inteligentes”
de trânsito. Resumo da ópera: tudo pronto para receber
cerca até 60 mil pessoas por dia, entre as datas de 29 de
julho e 11 de agosto. As regatas vão ocorrer sempre entre
meio-dia e seis da tarde, hora local.
Tradição e medalhas
AMBRA CRAIGHERO
A Inglaterra é a nação com mais medalhas na vela em
olimpíadas desde os Jogos de Sidney, na Austrália. E é
o tricampeão olímpico, o velejador Ben Ainslie, velho
conhecido de Robert Scheidt, nos tempos de Laser — o
brasileiro venceu em Atlanta e a revanche chegou em
Sidney —, quem lidera o grupo que vai navegar em casa.
Ele vai defender o título da classe Finn, conquistado
em Atenas e confirmado em Pequim. Enquanto o
conterrâneo Paul Goodison deve travar uma batalha com
o australiano Tom Slingsby na classe Laser, as espanholas
Tara Pacheco e Berta Betanzos são as favoritas para a
classe feminina 470, a experiente italiana Alessandra
Sensini ruma no windsurf, junto com a inglesa Blanca
Manchon, e a holandesa Marit Bouwmeester e a
belga Evin van Acker, ambas aguerridas adversárias,
concorrem no Laser Radial. O norueguês Einvind Mellby,
da classe Star, deve dar trabalho a Robert Scheidt e Bruno
Prada. No barco 470, os americanos Mathew Belcher e
Malcolm Page são os velejadores de ponta, assim como o
polonês Piotr Myzska é na RS:X masculina. No ranking
mundial da classe 49er aparece a dupla de australianos
Nico Delle-Karht e Nikolaus Resch. j
Velejador em Plymouth, sul da Inglaterra, imagem comum na região
A Inglaterra é a nação com mais medalhas na vela
em olimpíadas desde os Jogos de Sidney
economia local. O mesmo ocorreu com a base aérea
naval e a zona de manutenção de helicópteros.
A crise virou oportunidade
A base naval foi comprada pela Portland Harbour
Authority Limited e transformada num porto
comercial, usado por cruzeiros e iates. No lugar
dos helicópteros de guerra surgiu a academia de
vela e uma marina adjacente, Osprey Quai, que
deu origem ao atual parque náutico olímpico. Os
32 PERFILNÁUTICO
velhos estabelecimentos de armas submarinas
viraram um hotel de 10 milhões de libras. E, para
completar, as antigas instalações de manutenção dos
helicópteros foram retomadas para as atividades do
estaleiro Sunseeker, fabricante de iates. Este ícone
da construção naval britânica jogou o “ferro” do seu
quartel general em Poole Harbour, em Dorset.
Os investimentos também contemplaram os acessos
rodoviários a Dorset. Uma nova estrada foi construída ao
custo de 90 milhões de libras. Um moderno sistema de
West Bay, ponto turístico inglês com boa infraestrutura para quem chega de barco
PERFILNÁUTICO
33
18. ESPECIAL
LONDRES 2012
Nos intervalos das competições
o problema é saber o que fazer
pelo excesso de programas e
atrações em todo o Reino Unido
Tropa de apoio
Na água, o comitê organizador vai usar 85 botes
rígidos e infláveis como barcos de apoio e com
motores Suzuki. Deste total, 64 foram comprados
da Ribcraft Ltd., baseada em Yeovil, Somerset, o
resto foi adquirido de segunda mão da estrutura
administrativa da America’s Cup. E da Ilha de Wight,
em Cowes, ali perto, chegará um catamarã South, de 11
metros, construído pelo estaleiro South Boats Special
Projects Ltd. Ele vai ser usado como uma das cinco
embarcações dos Comitês de Regatas e depois será
doado para a Royal Yatch Association.
A frota oficial completa tem 150 barcos, sendo 30
fornecidos pelo Royal Yacht Association depois de
“arrecadá-los”, através de um concurso, nos clubes de
vela espalhados pelo país, além de 19 “charters” com
lanchas matriculadas em Weymouth e Portland. Cada
proprietário vai ter direito a 23 dias de aluguel. Com
a Suzuki, baseada em território britânico, em Milton j
AMBRA CRAIGHERO
AMBRA CRAIGHERO
Além das medalhas, a turma da vela está de olho nos
milionários e prestigiosos “convites” para a America’s
Cup. Por exemplo, o espanhol Xabier Fernández
Gaztañaga, medalhista de ouro em Pequim na classe
49er, e vencedor do título de melhor velejador de
2011 da ISAF, está navegando na Volvo Ocean Race e
poderá fazer parte da equipe italiana Luna Rossa. E o
australiano Tom Slingsby, líder mundial de Laser e já
engajado como tático de Oracle desde o ano passado,
não vê a hora de subir no catamarã AC 72 com a
medalha de ouro no peito.
A colorida cidadezinha de pescadores de Swanage e Cambridge, na altura do prestigioso King’s College
34 PERFILNÁUTICO
Durdle Door é uma arco formado nas pedras perto de Lulworth, em Dorset
PERFILNÁUTICO
35
19. ESPECIAL
LONDRES 2012
Pubs e restaurantes com boa comida e boa bebida
Hardys Cottage, exemplo de casas históricas inglesas
Keynes, Buckinghamshire, o comitê
olímpico fechou o fornecimento de até 90 motores
para equipar os botes infláveis. Os estaleiros ingleses,
membros da British Marine Federation, localizados
nas regiões sudeste e sudoeste da Inglaterra, venceram
a maioria das licitações públicas dando grande
força e sinal de competitividade internacional fora
das raias olímpicas. Todos estes barcos vão dar
suporte às provas de vela, remo, canoagem,
triatlon e natação em águas abertas.
Turismo
Nos intervalos das competições o problema é saber
o que fazer pelo excesso de programas e atrações em
todo o Reino Unido, incluindo a cidade de Belfast
(uma das sedes do torneio de futebol), na Irlanda,
com o grande museu Titanic, recém-inaugurado, em
36 PERFILNÁUTICO
homenagem aos cem anos do célebre naufrágio. Mas,
em águas mais próximas, alguns roteiros podem ser
traçados em Weymouth, Portland, Dorset e Londres
vistos do mar, nos dois primeiros casos, e do Rio
Tâmisa, com a sua rede de canais, no segundo.
O primeiro banho de mar célebre na Inglaterra,
naufrágios à parte, foi em Weymouth, em 1789.
Ali, o rei Jorge III mergulhou nas ondas abrindo
um caminho nas espumas e nas areias.
Seus passos continuam sendo seguidos até hoje
pelos súditos de Vossa Majestade. O local é
um dos balneários mais frequentados pelos ingleses.
Esta cidadezinha fica a cerca de duas horas
de trem de Londres, ou melhor, a cerca de 60 libras
esterlinas de distância. Ela abriga uma densa
rede de pubs, restaurantes de frutos do mar e
de “cottages” (antigas residências populares
com tetos de palha e transformadas em pousadas).
Bem ao lado está Portland, ligada a terra firme por uma
língua de areia, da praia Chesil. Dela se extrai ainda um
calcário usado na construção de prédios importantes
como o British Museum.
A região de Wessex — palco das regatas olímpicas —
vai além de Dorset, Weymouth e Portland. Ali estão a
famosa Jurassic Cost — uma área de enorme interesse
arqueológico e com uma grande descoberta de fósseis
pré-históricos — e, no interior, as enigmáticas pedras
Stone Hedge. Na costa sul, Poole e Bournemouth são
outras duas agradáveis cidadezinhas quase grudadas
uma na outra. Enquanto a vitalidade da primeira gira
em torno do porto velho, hoje ocupado, em parte,
pelo estaleiro naval de Sunseeker, a segunda tem na
sua extensa orla, com cerca de 10 quilômetros, o seu
grande cartão-postal. E, um pouco mais ao leste, está
o distrito de Christchurch, com uma imensa reserva
natural onde fazem escala obrigatória os pássaros
migratórios. Do alto das suas colinas se pode avistar j
Alguns roteiros podem ser traçados em Weymouth,
Portland, Dorset e Londres vistos do mar, nos dois primeiros
casos, e do Rio Tâmisa, com sua rede de canais, no segundo
PERFILNÁUTICO
37
20. ESPECIAL
LONDRES 2012
“home sweet home”. Uma embarcação de época
pode custar até 300 mil libras esterlinas. Uma nova
sai um pouco mais barata, algo em torno dos 100 mil,
mais a taxa anual de sete mil para atracar a balsa, no
caso de Little Venice.
O clima bucólico dado pela decoração das balsas –
com plantas apoiadas no teto e no deque e bicicletas
regado pelo tempo das marés e não pelo relógio de pulso.
São 64 quilômetros de canais fluviais que abraçam, por
exemplo, o bairro de Little Venice, perto da estação do
mêtro de Warwick Avenue. Ali é o ponto de encontro
do Regent’s Canal – que é a porta de entrada para as
Docklands e para a marina de Limehouse – e o Grand
Union Canal – a estrada fluvial que leva à cidade de
Birmingham, 220 km ao norte, e que ao sul conduz a
Brentford Lock, em meio a uma natureza selvagem.
Ao longo da rede de canais existe uma Londres
silenciosa, calma, distante da pressa urbana da city
e das frenéticas Trafalgar Square ou Oxford Street.
Muitos habitantes escolheram as balsas como casas. A
“chata” usada no passado para o transporte de carvão
para as velhas usinas termoelétricas hoje é um
penduradas nas bordas – e o uso delas lembra que a
Inglaterra é uma ilha permeada de rios. Existem balsas
para todos os gostos e necessidades: a balsa-livraria,
a balsa-cinema (ocasionalmente), a balsa-restaurante,
a balsa-pousada. Se duvidar, para o prazer dos
amantes do mar, é possível curtir a cidade quase sem
colocar os pés em terra firme. j
Em Londres uma boa opção é subir num trem e 55 minutos
depois descer em Cambridge para fazer um minicruzeiro de
duas ou quatro horas
AMBRA CRAIGHERO
a famosa Ilha de Wight. Uma descida mais ao sul da
Inglaterra e se chega a Plymouth, famosa e histórica
cidade portuária, ponto de partida do corsário Francis
Drake, em 1577. O patrimônio naval do Reino Unido
está concentrado nesta cidade, às margens do estuário
dos Rios Plym e Tamar.
Em Londres, uma boa opção para quem for assistir
ao remo e à canoagem é subir num trem e, 55 minutos
depois, descer em Cambridge para fazer um minicruzeiro
de duas ou quatro horas pelos rios da zona. Ou, para
quem quiser ficar na área metropolitana da cidade,
basta “embarcar” no chamado “London Ring”, um
anel de água que inclui um trecho do Tâmisa e no qual
podem ser admiradas antigas mansões de arquitetura
vitoriana, apreciar monumentos e um estilo de vida
Típico vilarejo de pescadores da costa sul da Inglaterra
38 PERFILNÁUTICO
Farol Harbour, em Weymouth
PERFILNÁUTICO
39
21. LONDRES 2012
Embarcados,
brasileiros em
busca do ouro
Nossas equipes de vela, canoagem e remo vão para as raias
olímpicas com reais chances de conquistar medalhas
S
MATHIAS CAPIZZANO
ESPECIAL
empre que começa a disputa
dos Jogos Olímpicos, grandes
esperanças de medalhas para
o Brasil estão voltadas para as
disputas na água. Motivos para
isso não faltam: das medalhas
conquistadas pelo país em toda a
história, cerca de 20% são da vela.
Se considerar apenas as de ouro, o número é
ainda mais surpreendente. Das 20 medalhas
douradas brasileiras, seis são de velejadores – o
que representa 30% do total.
Na vela, em Londres, nove atletas
representarão o Brasil em sete classes: Star, 470F, Finn, Laser, Laser Radial, RS:X-F e RS:X-M.
“A perspectiva é de disputar a Medal Race em
quatro classes, com a conquista de uma ou duas
medalhas”, diz Cláudio Biekarck, coordenador
técnico da Confederação Brasileira de Vela e
Motor (CBVM). O número de brasileiros na vela
ainda pode aumentar. Vagas olímpicas nas classes
49er e 470-M serão definidas em campeonatos
mundiais realizados em maio.
Ainda na água, o país terá a representação de
atletas embarcados em outros dois esportes. Na
Canoagem, Erlon de Souza e Ronilson Oliveira
disputarão na C2 1000 m de Canoagem Velocidade.
Já Ana Sátila Vargas representa o Brasil na K1 de
Canoagem Slalom. Ana, que em março completou
16 anos de idade, deve ser uma das mais jovens
atletas em Londres. “Passamos por um período
de troca de gerações. É uma grande satisfação
termos conquistado estas vagas, já que o nosso
planejamento está voltado para Rio-2016”, explica
Iran Schleder, da coordenação de comunicação da
Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa).
No remo, a experiência falou mais alto.
Quatro atletas carimbaram seus passaportes
para Londres, entre eles Fabiana Beltrame, que
disputará sua terceira olimpíada. Outro atleta
experiente é Anderson Nocetti, que vai aos Jogos
Olímpicos pela quarta vez. j
Por Angelo Sfair
40 PERFILNÁUTICO
PERFILNÁUTICO
41
22. ESPECIAL
LONDRES 2012
Jorge Zarif (Finn)
Robert Scheidt e Bruno Prada (Star)
Fernanda Oliveira e Ana Barbachan (470 F)
Perfil dos atletas brasileiros
Entres os brasileiros que vão entrar na água na Olimpíada de
Londres os atletas, da vela são os que mais têm chances de medalhas,
mas canoístas e remadores buscam um lugar no pódio
VELA
A vela durante muito tempo foi chamada de iatismo
como esporte olímpico disputado desde 1900. A
competição envolve barcos movidos unicamente com
a força do vento e habilidade dos atletas. As provas são
formadas por uma série de regatas que valem pontos.
Vence a competição quem somar o menor número de
pontos perdidos ao final da série de regatas.
42 PERFILNÁUTICO
Nove atletas brasileiros estão classificados para
Londres 2012, em sete categorias diferentes. Robert
Scheidt e Bruno Prada competem em dupla na classe
Star, assim como Fernanda Oliveira e Ana Barbachan
na (470 F). Scheidt e Prada são líderes da classe Star
no ranking da Federação Internacional de Vela (ISAF),
e as maiores esperanças brasileiras para conquistar
um ouro olímpico. Scheidt, com 39 anos, busca a sua
quarta medalha olímpica. Seu proeiro, Bruno Prada,
Bruno Fontes (Laser)
vai a Londres pensando em conquistar seu primeiro
ouro olímpico. A dupla, que compete junto há quase
dez anos, ficou com a prata em Pequim (2008);
na frente deles ficaram os britânicos Iain Percy e
Andrew Simpson. As gaúchas Fernanda Oliveira e Ana
Barbachan foram as últimas brasileiras a garantirem
vaga para Londres. A dupla que representaria o Brasil
só foi definida no Troféu Princesa Sofia, disputado
em Palma de Maiorca, na Espanha. Essa será a quarta
Olimpíada disputada por Fernanda. Em Pequim, então
ao lado de Isabel Swan, tornou-se a primeira brasileira
a conquistar uma medalha olímpica na vela.
Jorge Zarif, na classe Finn, é o mais jovem velejador
brasileiro classificado para os Jogos Olímpicos de
Londres. Aos 19 anos, Jorginho conquistou no
campeonato mundial de Perth, na Austrália, a última
das 18 vagas da classe Finn. De olho nas Olimpíadas
de 2016, no Rio de Janeiro, o jovem atleta quer ganhar
experiência e buscar um lugar no top 10. Bruno Fontes é
campeão brasileiro da classe Laser e vem colecionando
grandes resultados em campeonatos internacionais. O
catarinense é o atual quarto colocado da Laser no ranking
da ISAF e tem tudo para brigar por uma medalha em
Londres. Em 2012, Bruno Fontes já conquistou duas
pratas – na Rolex Miami OCR e no Sul-Americano, além
da décima colocação no Troféu Princesa Sofia. j
NOVE ATLETAS BRASILEIROS
DA VELA ESTÃO CLASSIFICADOS
PARA LONDRES 2012, EM SETE
CATEGORIAS DIFERENTES
PERFILNÁUTICO
43
23. ESPECIAL
LONDRES 2012
seus feitos mais importantes estão um título mundial
conquistado em Portugal (2007) e o tricampeonato no
Pan-Americano (Santo Domingo – 2003, Rio de Janeiro –
2007 e Guadalajara – 2011).
Três atletas brasileiros da canoagem estarão em
Londres. Erlon de Souza e Ronilson Oliveira fazem
dupla na Canoagem Velocidade C2 M 1000 m e Ana
Sátila Vargas compete na Canoagem Slalom K1 F.
A canoagem velocidade é praticada em rios ou
lagos de águas calmas com 9 raias demarcadas nas
distâncias de 1.000, 500 e 200 metros. Iniciam-se com
eliminatórias que classificam os barcos semi-finalistas
e finalistas. Está presente nos Jogos Olímpicos
desde Berlim, 1936. As classes de embarcações são
padronizadas pelas regras da Federação Internacional
de Canoagem. A canoa para duas pessoas na classe
C2 tem o comprimento máximo de 6,50 m e o peso
mínimo de 20 kg. Já a canoagem slalom é praticada em
percursos de 250 e 300 metros. Os canoístas devem
passar por 18 a 25 portas, com o menor número de
erros possível e num menor espaço de tempo. Entrou
como modalidade olímpica em 1992.
Depois de dois anos de parceria nos treinos e
competições, Erlon de Souza e Ronilson Oliveira já
estão com a vaga assegurada para os Jogos Olímpicos
de Londres. A dupla ficou com a prata no C2 1000 m
no Pan-Americano de Guadalajara e herdou a vaga
olímpica dos cubanos – que venceram a prova, mas já
tinham conquistado a vaga. A jovem dupla – Erlon j
Kissya Cataldo (Skiff F)
Anderson Nocetti (Skiff M)
CANOAGEM
Adriana Kostiw (Laser Radial)
Ricardo Winicki (RS:X M)
Com vaga assegurada desde fevereiro, Adriana
Kostiw é a representante do Brasil na classe Laser
Radial. Atrapalhada por uma forte gripe, a velejadora
paulista não teve como medir forças com suas
concorrentes diretas no Troféu Princesa Sofia. A atleta
de 38 anos faz sua preparação em Ilhabela, litoral norte
ROBERT SCHEIDT E BRUNO PRADA
SÃO AS MAIORES ESPERANÇAS
BRASILEIRAS PARA CONQUISTAR
UM OURO OLÍMPICO
44 PERFILNÁUTICO
Patrícia Freitas (RS:X F)
de São Paulo. Antes da Olimpíada, porém, Adriana
ainda irá encarar uma série de competições na Europa,
incluindo a Semana Olímpica da França, válida como
Etapa da Copa do Mundo de Vela.
Segunda atleta mais jovem da Equipe Brasileira,
Patrícia Freitas da classe RS:X F, mais conhecida como
windsurfe, vem há tempos colecionando resultados
expressivos. Com apenas 22 anos, vai para a sua segunda
olimpíada. Em Pequim, a carioca levou sua prancha à
18ª colocação. Medalha de ouro no Pan de Guadalajara
de 2011, Patrícia disputa o Mundial de RS:X da Espanha,
visando um top 10 em Londres. O representante
brasileiro da RS:X M é Ricardo Winicki, o Bimba, um dos
velejadores mais experientes da equipe brasileira. Bimba
iniciou-se no windsurf com 11 anos e agora, aos 31, já
coleciona uma porção de títulos internacionais. Dentre
Fabiana Beltrame e Luana Bartholo (Double Skiff F | Peso-leve)
PERFILNÁUTICO
45
24. ESPECIAL
LONDRES 2012
com 20 anos e Ronilson com 21 – está em constante
evolução e promete fazer bonito em Londres. Dentre
suas recentes conquistas, destacam-se a prata no Pan
de Guadalajara (2011) e o bronze na Copa do Mundo de
Canoagem Velocidade, disputada na Alemanha (2010).
Se a juventude da dupla de canoagem velocidade
já é inusitada, não há adjetivos para a façanha
de Ana Sátila Vargas. Poucos dias antes de completar
seu 16º aniversário a jovem canoísta garantiu a vaga
depois de vencer o Pan-Americano de Canoagem
Slalom, disputado em março. A comemoração
aconteceu na sua cidade, Primavera do Leste (MT),
com direito a festa e desfile em carro aberto. Apesar
da pouca idade, Ana mudou-se para Foz do Iguaçu
(PR), onde cumpre uma rotina diária de treinos
puxados, que devem intensificar-se ainda mais
com a proximidade dos Jogos de Londres.
Ana Sátila Vargas (Canoagem Slalom K1 F)
Erlon de Souza e Ronilson Oliveira
(Canoagem Velocidade C2 M 1000 m)
46 PERFILNÁUTICO
REMO
O remo é um esporte praticado em barcos
estreitos com um, dois, quatro ou oito remadores.
Os atletas sentam-se com as costas voltadas para a
direção do movimento, usando os remos para mover
o barco o mais depressa possível. Os barcos
com oito atletas possuem um timoneiro, que
conduz o barco e comanda a tripulação. Nos outros
barcos, um remador conduz a embarcação
controlando uma quilha através de um pedal.
O esporte faz parte dos Jogos Olímpicos desde
1896 e a prova feminina foi introduzida em 1976.
Atualmente, as mulheres competem em seis
das 14 provas que valem medalha. A meta da
Confederação Brasileira de Remo (CBR) para
Londres não é muito ambiciosa: ter atletas
em finais “B”, que garantem presença nas
disputas de sétimo a 12º lugar. São 4 remadores
brasileiros, em três classes diferentes.
A vaga olímpica da dupla Fabiana Beltrame e
Luana Bartholo na classe Double Skiff F - Peso-leve,
foi conquistada com apenas um mês de treino.
Em janeiro, Fabiana ainda estava sem parceira,
mas superando a falta de entrosamento a dupla com
Luana deu certo na conquista da vaga com
um segundo lugar no Pré-Olímpico de Tigres,
na Argentina. Será a terceira Olimpíada de Fabiana,
que esteve em Atenas (2004) e Pequim (2008). Na
Grécia, a remadora de 29 anos tornou-se a primeira
remadora brasileira a disputar os Jogos Olímpicos.
Fabiana também marcou seu nome na história
do esporte em 2011, quando se tornou a primeira
campeã mundial do Brasil no remo.
Kissya Cataldo da classe Skiff F também
carimbou seu passaporte para Londres no PréOlímpico de Tigres. Na ocasião, a atleta conseguiu
um quinto lugar na final do Skiff, conquistando a
última vaga da competição. Para poder representar
o Brasil nos Jogos Olímpicos, Kissya foi persistente.
A remadora havia tentado a classificação em 2004
e 2008, e agora busca representar bem o país na sua
primeira participação nos Jogos.
Veterano em Jogos Olímpicos, Anderson
Nocetti da classe Skiff M será o primeiro remador
brasileiro a participar de quatro olimpíadas seguidas.
O atleta de 38 anos é o mais experiente da equipe
brasileira. No seu currículo, Nocetti carrega
duas medalhas de prata em Pan-Americanos e três
ouros em Sul-Americanos. Em Olimpíadas, seu melhor
desempenho foi um 13º em Atenas (2004). S
PERFILNÁUTICO
47
25. CAPA VIDA EM ALTO LUXO
Vida
em alto
luxo
Gilles MARTIN-RAGET
O Brasil entrou para ficar
no mercado de iates de luxo.
Com ou sem crise, os brasileiros
estão entre os consumidores
mais disputados do mundo por
estaleiros estrangeiros
e nacionais Por Antonio Alonso Jr.
48 PERFILNÁUTICO
48 PERFILNÁUTICO
PERFILNÁUTICO
PERFILNÁUTICO
49
49
26. CAPA VIDA EM ALTO LUXO
Em primeiro lugar, não existe uma regra para definir
o que é um iate de luxo, nem mesmo o tamanho. O
maior iate de luxo do mundo atualmente é o Eclipse,
do bilionário russo Roman Abramovich, com 558 pés
de comprimento e valor estimado em meio bilhão de
dólares. Tanto no tamanho, como no preço, o Eclipse
poderia ser confundido com um navio. Mas o interior,
com seus 15 quartos exclusivos, projetados e decorados
para acomodar convidados e parceiros de negócios,
revela que o Eclipse é muito mais do que um navio, é
um iate de luxo.
No Brasil, o tamanho médio dos iates cresceu
bastante nos últimos anos, mas são raros os que
passam dos 80 pés. Uma das principais explicações
está na falta de marinas capazes de receber essas
grandes embarcações. É por esse motivo também
que raramente vemos por aqui os grandes iates
estrangeiros, enquanto é possível encontrar dezenas
deles às vezes nas menores ilhas do Caribe.
Além do tamanho médio, o Brasil cresceu também
muito na qualidade de construção. Antes dos anos
90, luxo já foi sinônimo de velocidade para o mercado j
Desde cedo o homem descobriu que,
além do mar, os barcos também exercem
fascínio sobre os homens
Os grandes iates passam a ser mais comuns em águas brasileiras (Sessa C 68)
H
á milênios, o mar exerce
fascínio sobre os homens.
Essa paixão levou nossos
antepassados a povoar
continentes, descobrir novas
terras e a ganhar e perder
guerras. No meio do caminho,
a humanidade construía
barcos. Alguns serviam para
50 PERFILNÁUTICO
pesca, outros para exploração, comércio e outros ainda
serviam apenas para a aventura. Mas desde cedo o
homem descobriu que, além do mar, os barcos também
exercem fascínio sobre os homens. Nas próximas
páginas, você vai conhecer mais de perto o mundo dos
iates de luxo do mercado brasileiro. São lanchas de 60 a
80 pés, de fabricantes nacionais e importados, mas que
foram construídas para acomodar, receber e – muito
importante – impressionar.
Além do poder aquisitivo, a mentalidade do brasileiro está mudando (Intermarine 75)
PERFILNÁUTICO
51
27. CAPA VIDA EM ALTO LUXO
Os iates de luxo
Offshore
Nos anos 80, elas dominavam um mercado de lanchas
no qual o luxo das embarcações era medido pelo
número de cavalos nos motores. Hoje, estão restritas a
alguns apaixonados, como Eike Batista, que chegou a
ser campeão norte-americano de velocidade.
Trawlers
Pouca gente sabe, mas o Brasil tem uma tradição na
construção dessas embarcações grandes, de casco
deslocante, com autonomia suficiente para cruzar
oceanos. A MCP Yachts, no Guarujá, é uma das
maiores exportadoras de barcos de recreio do país. É lá
também que está sendo feito o maior iate já construído
no Brasil, com 145 pés.
Com flybridge
A ponte de comando superior, ou segundo comando,
não é invenção brasileira, mas poderia. Nós fomos
responsáveis por mudanças importantes no
aproveitamento das áreas externas dos iates de luxo.
Nosso fly não é uma opção tímida de comando ao ar
livre, é a área social mais importante do barco. Por isso
não se surpreenda ao encontrar ali, além do comando,
churrasqueira, geladeira, solário, espreguiçadeiras,
sofás e – porque não? – uma banheira de
hidromassagem. Isso é Brasil.
Open
As lanchas open, como as da linha Atlantis da Azimut,
têm um público fiel. Sem flybridge, elas têm linhas j
No caso das embarcações de luxo, a diferença está nos detalhes (Intermarine 75)
Acabamento, decoração e conforto
são tão importantes quanto um casco
bem construído
brasileiro. As lanchas offshore, com muito motor
e pouco conforto eram vistas como as Ferraris dos
mares. Mas, na década de 90, Ferretti e Intermarine
começaram a produzir no Brasil lanchas cabinadas de
qualidade internacional e com isso dominaram o novo
mercado de luxo. Foi em meados dos anos 2000 que o
estaleiro catarinense Schaefer Yachts lançou uma 50
pés 100% brasileira e de qualidade supreendente, que
marcou sua guinada para o segmento de luxo. Hoje o
Brasil é capaz de produzir embarcações até melhores
52 PERFILNÁUTICO
que muitas das estrangeiras que chegam por aqui. Mas
ainda temos um longo caminho a percorrer. No caso
das embarcações de luxo, a diferença realmente está
nos detalhes. Para atender um mercado consumidor
cada vez mais exigente, nossos melhores estaleiros já
aprenderam que acabamento, decoração e conforto
são tão importantes quanto um casco bem construído.
Melhor do que isso, a paixão do brasileiro pelo mar e
pelo sol já é incorporada pelos projetistas que querem
fazer sucesso por aqui.
O público brasileiro adora o flybridge, o andar de cima do barco (Azimut 78)
PERFILNÁUTICO
53
28. CAPA VIDA EM ALTO LUXO
externas mais esportivas e uma elegância própria.
Hoje, com os modelos com teto solar e portas de vidro
delizantes na entrada pela popa, o estilo open abrange
uma variedade de versões. Na prática, ficou mais difícil
dizer se a mesa de jantar está no conforto do cockpit
ou na comodidade do ar livre. Na dúvida, as open
ficam com as duas coisas.
Quanto maior, melhor
Apesar das dificuldades de infraestrutura, o Brasil
também tem seus megaiates. Eike Batista, Roberto
Carlos e Nelson Piquet são exemplos famosos. Eike tem
uma Pershing 115, o rei tem um Falcon 115 e Nelson
Cada embarcação de
luxo é única e chega
a ser impossível
enquadrar todas em
uma mesma categoria
Piquet tem um motor-sail de 211 pés, totalmente
personalizado ao gosto do cliente. Nesse universo,
cada embarcação é única e chega a ser impossível
enquadrar todas em uma mesma categoria. Nada
mais justo. Afinal, quem tem um megaiate procura
exatamente fugir das categorias.
Hoje é possível encontrar iates de luxo que navegam com velocidade (Prestige 60 S)
Por dentro
dos iates de luxo
P
erfil Náutico traz nesta edição uma
verdadeira seleção de iates de luxo
disponíveis no mercado brasileiro. Para você
saber melhor como avaliar as características
de cada um, nós separamos um roteiro do
que todo iate de luxo deve ter.
Casco deslocante X casco
planante
Barcos de grande porte permitem a personalização pelo proprietário (Princess 78)
54 PERFILNÁUTICO
Os trawlers, e muitos dos maiores iates, possuem casco
deslocante. Estas embarcações normalmente possuem
uma autonomia muito maior e uma velocidade menor
do que lanchas de casco planante. Diz-se que uma
lancha atingiu o planeio quando ela levanta a proa da
água e navega apoiada sobre a parte final do casco.
Quem prefere uma navegação mais esportiva, vai
sempre escolher um casco planante. Agora, para o
proprietário que escolhe por conforto sem limitações,
com heliponto, piscina e piso de mármore, a opção
obrigatória é o casco deslocante, muito mais adequado
a grandes tonelagens.
Luxo X velocidade
Hoje em dia, este já é quase um falso dilema. Quase.
Os materiais e as técnicas de construção dos cascos
evoluíram muito e podem ser feitos barcos resistentes,
modernos e mais leves. Ou seja, é possível encontrar
iates de luxo que navegam confortavelmente j
PERFILNÁUTICO
55
29. CAPA VIDA EM ALTO LUXO
os principais estaleiros brasileiros já têm padrão
internacional de construção. E vários dos grandes
fabricantes internacionais estão instalando suas
fábricas por aqui. Não importa qual seja sua escolha,
pesquise onde você poderá encontrar apoio e
assistência no caso de avarias ou falha na embarcação.
Materiais, decoração e
iluminação
Foi-se o tempo em que barco só tinha couro, borracha e
fibra de vidro. Os grandes estaleiros têm departamentos
específicos de decoração, que trabalham com tecidos
náuticos, materiais resistentes à umidade e madeiras
nobres. A iluminação é uma das chaves para manter os
ambientes arejados e com sensação de espaço. Por isso
é tão comum vermos grandes janelas nas laterais dos
iates mais modernos. Elas inundam as cabines com luz
e, em alguns casos, presenteiam os hóspedes com vistas
exclusivas do exterior. E o melhor: preservando sempre
a privacidade dentro do barco. Fuja das cabines sem
vigias ou janelas. Em pouco tempo, o espaço começa a
parecer claustrofóbico, o que não combina nada com
uma embarcação de luxo.
Repare também na claridade dos ambientes. Os
decoradores gostam bastante de materiais claros,
para valorizar os espaços e a iluminação, mas também
apostam nos detalhes escuros (como madeira
wenge) para dar maior personalidade aos ambientes.
Normalmente, esta combinação claro-escuro funciona
muito bem. j
O tamanho e conforto do banheiro podem ser decisivos na hora da compra (Azimut 78)
Os grandes estaleiros têm departamentos
específicos de decoração, que trabalham
com materiais nobres
acima da barreira dos 30 ou 35 nós. Algumas open
chegam a passar dos 40. Para alguns, luxo significa
levar uma bibioteca pessoal a bordo ou ter pisos e
paredes de mármore carrara nos banheiros. Nesses
casos, o peso extra significa também menos nós na
velocidade final.
Leve sua família, o capitão de sua confiança e teste a
estabilidade do barco parado e navegando. Iates mais
volumosos e pesados tendem a ser mais estáveis,
mas isso depende muito do centro de gravidade da
embarcação. Como é impossível definir uma regra
universal, abuse do test drive.
Conforto de navegação X
giroscópio
Importados X nacionais
A verdade é dura. Não há luxo que resista a 15
convidados passando mal a bordo. Você nunca
conhece o quão confortável seu iate é até navegar
com ele. O test drive é essencial na hora da compra.
56 PERFILNÁUTICO
A crise internacional praticamente colocou o mercado
brasileiro de ponta-cabeça. Há pouco tempo, antes
do aumento dos impostos sobre as importadas,
elas chegaram a ser até mais baratas que as lanchas
nacionais. Para felicidade do consumidor brasileiro,
Tendência na utilização de materiais claros para valorizar os espaços e a iluminação (Azimut 78)
PERFILNÁUTICO
57
30. CAPA VIDA EM ALTO LUXO
Pé-de-galinha X Z-drive
Os grandes iates normalmente possuem propulsão
em eixo pé-de-galinha ou Z-drive. Isso porque na
V-drive o peso dos motores fica muito concentrado
na parte traseira da embarcação, o que atrapalharia
toda a distribuição de cargas a bordo. A transmissão
pé-de-galinha é a mais simples possível, com um
eixo saindo diretamente do motor até o hélice. É
uma opção eficiente e barata. Já as rabetas azimutais
Z-drive IPS e Zeus oferecem uma revolução em termos
de manobrabilidade e facilidade de docagem. Como
contrapartida, a diferença de preço é enorme. Mesmo
para quem está disposto a comprar um iate de luxo.
Além do preço dos equipamentos, o próprio casco da
embarcação precisa ser construído especialmente para
receber as rabetas azimutais.
Você nunca sabe
quão confortável é
um iate até navegar
com ele
Para quem navega, a possibilidade do uso de
joysticks para comandar o barco transforma em
brincadeira de criança manobras que antes eram
motivo de estresse, principalmente na docagem a na
saída das marinas. Além disso, as rabetas azimutais
têm um maior ângulo de giro sob o casco, o que
permite maior manobrabilidade com o barco em
movimento.
Painel de instrumentos exige habilidade do comandante (Monte Carlo 76)
Os capitães dos iates de luxo são
os melhores profissionais disponíveis
no mercado
Eletrônicos
O test drive é essencial na hora da compra (Cranchi 66)
58 PERFILNÁUTICO
O painel de instrumentos de um iate de luxo muitas
vezes pode lembrar o de um avião. Além do tradicional
chartplotter, com as cartas náuticas eletrônicas, do
radar, sonda e GPS, há dezenas de relógios analógicos ou
digitais acompanhando os sistemas do barco. Algumas
lanchas possuem câmeras em diversos ambientes,
que podem ser acompanhadas tanto do comando
como remotamente, do escritório do proprietário, por
exemplo. Quando a lancha tem flybridge, esses relógios e
telas são replicados também no comando da ponte.
Não sem motivo, os capitães dos iates de luxo
estão são os melhores profissionais disponíveis no
mercado. E ganham bem para isso. Descuidos na
leitura de equipamentos básicos, como radar e sonda já
provocaram prejuízos enormes para proprietários. j
PERFILNÁUTICO
59
31. CAPA VIDA EM ALTO LUXO
Tudo que um iate de luxo precisa ter
E
O
R
T
Y
U
{
I
P
e
Q
}
W
t
r
y
Layout
Apesar de todas as diferenças entre
os tipos de iates de luxo, a maioria
segue um padrão de layout com um
grande salão no cockpit e as cabines
no convés inferior.
R
T
Y
U
Q
Flybridge
Convés principal
Plataforma de popa As brasileiras são tipicamente grandes.
Melhor se forem hidráulicas, descendo até o nível da água para
criar uma praia particular ou para embarcar o jet ou bote de
apoio. Chuveiro de água doce é item praticamente obrigatório.
{
Solário de proa Normalmente é uma região menos
movimentada e com um pouco mais de privacidade do
que a praça de popa. Não deve ser usado com o barco
em movimento. Materiais precisam ser confortáveis sem
acumular água.
Praça de popa Outro espaço social concorrido quando o
barco está parado. As mais modernas têm espaço gourmet,
churrasqueira, geladeira e – claro – uma espaçosa mesa de
jantar ao ar livre.
Salão principal O ambiente deve ser muito bem iluminado com
a luz natural do para-brisas e das janelas laterais. Portas de
correr são ótimas para fundir (ou separar) o ambiente interno
com a praça de popa, valorizando ainda mais o que cada um
tem de melhor.
I
W
Sofás e solários Espaços de relaxamento devem ser amplos
e de materiais confortáveis.
Cozinha/bar Deve ser completa e ter equipamentos à mão.
Preferencialmente, fica perto da mesa de jantar ou dinete.
O
E
Hardtop É a melhor opção para proteger o fly do sol e da
chuva mantendo o clima de ambiente ao ar livre.
Mesa de jantar/dinete Não pode atrapalhar o fluxo de
passageiros pelo barco. Deve ser espaçosa o suficiente para
acomodar sem aperto tantas pessoas quantas couberem em
camas a bordo.
e
q
Suíte com entrada exclusiva é um diferencial, assim como
box espaçoso. Fique atento à iluminação, normalmente
proporcionada por uma gaiuta logo acima da cama de casal
e por vigias nas laterais. As cabines maiores têm também
closet e um sofá ao lado da cama.
Comando Os instrumentos e botões devem ficar ao alcance
do comandante. A visão do capitão não pode ser atrapalhada
pelas vigas do para-brisas. Preferencialmente, a visão precisa
ser ampla não só nas laterais, mas também à ré, para as
manobras de docagem.
É por ele que embarcamos nos iates e onde fica o salão de
visitas mais frequentado de bordo.
O segundo comando de um iate com flybridge é o espaço
mais disputado a bordo durante os passeios aqui no Brasil.
60 PERFILNÁUTICO
P
w
Esta é a parte mais íntima do barco. Aqui ficam os quartos,
banheiros, mas também a casa das máquinas. Conforto,
iluminação e silêncio são fundamentais.
q
w
Cabines dos hóspedes Pode ser uma ou mais, com camas de
solteiro ou casal. Normalmente localizadas à meia-nau, elas
acomodam os filhos da família ou convidados. É comum (mas
não desejável) que essas cabines tenham o pé-direito menor
e que compartilhem o banheiro com outras áreas do barco.
r
}
e
Suíte máster Localizada à ré, logo à frente da casa de
máquinas, normalmente ocupa toda a boca do barco, tem a
maior cama, closet, armários e também a melhor visão, com
grandes janelas nos dois bordos.
t
Cozinha Muitos iates têm uma cozinha mais completa no
convés inferior, enquanto a do convés principal funciona
mais como um bar. Ela deve ser completa, mas compacta,
com armários cujas portas e gavetas não se abram com o
movimento do barco.
Casa de máquinas Além de ser espaçosa para receber
motores, geradores e ser montada com uma disposição que
permita a manutenção sem contorcionismos, ela precisa
estar muito bem vedada acusticamente.
y
Cabine do marinheiro Em grandes iates, é essencial ter um
espaço privado para o capitão. Além do conforto (que inclui
decoração, isolamento térmico e acústico), é importante
que ela tenha um acesso independente, que não passe pelo
cockpit, preservando a privacidade de todos a bordo. j
Convés inferior
Cabine vip Localizada na proa, a cabine vip deve ter pé-direito
alto, suficiente para os hóspedes ficarem em pé sem se curvar.
PERFILNÁUTICO
61
32. CAPA VIDA EM ALTO LUXO
C
M
Y
CM
MY
Estrutura das marinas brasileiras precisa melhorar para receber grandes iates
CY
CMY
K
Marinas e roteiros
O
Brasil é famoso internacionalmente pela
falta de infraestrutura de marinas para
grandes iates. Brokers e estaleiros sabem
que esse é um dos principais entraves à
venda de iates de luxo no Brasil. Hugo da
Silva Pereira Nunes foi diretor durante
25 anos da Marina Bracuhy, em Angra dos Reis. Hoje
ele é consultor na área e uma das pessoas que melhor
conhecem o problema no país. “Nossa estrutura é
muito precária fora do eixo Rio-SP, e a situação deve
continuar assim nos próximos anos”. Hugo Nunes cita
a Bahia Marina, em Salvador, e a Tedesco, em Balneário
Camboriú, como duas raras exceções. “Mesmo no estado
de São Paulo, a situação é complicada. Tirando talvez
a Marinas Nacionais, que mesmo assim tem um espaço
apertado, o que você tem são poitas e iate clubes.” A
infraestrutura náutica brasileira concentra-se em
62 PERFILNÁUTICO
Angra dos Reis, com Bracuhy, Verolme e o Novo
Frade. Mesmo na cidade do Rio de Janeiro, a Marina
da Glória, que está em reforma, é o único oásis. “O
problema não é só encontrar vagas abrigadas. Isso os
iate clubes podem fornecer. Uma marina vai muito
além da vaga, têm assistência técnica de motores, de
reparos em casco, lojas de assessórios, energia elétrica,
água, tratamento de esgoto, restaurante...”
Para Hugo Nunes, há dois entraves grandes à
solução do problema das marinas. O primeiro é a
necessidade de maior união entre os empreendedores
do setor, que hoje são muito poucos. Em segundo,
falta uma flexibilização das leis ambientais que,
segundo eles, não são claras. Enquanto essa discussão
não avança, o Brasil vai cada vez mais encarando um
gargalo de desenvolvimento num setor da economia
que outros países levam mais a sério do que nós. S
PERFILNÁUTICO
63
33. CAPA VIDA EM ALTO LUXO
Grandes
iates no
Brasil
Selecionamos 12 embarcações
de 60 a 80 pés disponíveis no
mercado brasileiro
N
Por Angelo Sfair e Marcelo Buda
as próximas páginas você vai conhecer um pouco de cada uma delas,
suas principais características e inovações. São barcos nacionais e
estrangeiros que têm pelo menos uma coisa em comum: o prazer
extremo da vida a bordo com o máximo de conforto e alto luxo.
64 PERFILNÁUTICO
PERFILNÁUTICO
65
34. CAPA VIDA EM ALTO LUXO PRESTIGE 60 S
Charme francês desembarca no Brasil
Uma versão
ainda melhor
A Prestige 60, vencedora do prêmio “European Boat
of the Year 2010”, originou a versão 60 S, ainda mais
tecnológica e confortável
66 PERFILNÁUTICO
O interior foi projetado para o máximo conforto, tendência que segue para o flybridge
A
Prestige Motor Yachts é uma marca de iates
desenvolvida pela Jeanneau. A fórmula
imaginada foi a de combinar o estilo
elegante, as linhas alongadas e o excelente
desempenho. A Prestige 60 S, ao mesmo
tempo, oferece todos os confortos de um
flybridge, para verdadeiramente levar a vida pelo mar.
O barco é originário da Prestige 60, que recebeu
melhorias no design, na decoração interna, na forma
e no acabamento. A 60 S tem seu design assinado por
Vittorio Garroni e representa bem o nome Prestige,
que já está no mercado há duas décadas. O seu interior
foi projetado para conseguir o máximo de conforto
a bordo. E a iluminação interna é excelente em
função das grandes janelas laterais, que permitem a
entrada da luz natural. A cozinha, estrategicamente
posicionada no centro do deque, serve com facilidade
tanto o salão principal quanto o cockpit. Já as cabines
são confortáveis, com destaque para o acabamento
cuidadoso. Na suíte máster, o sofá tem vista para o mar.
O flybridge segue as mesmas características de
design do restante, combinando perfeitamente na j
PERFILNÁUTICO
67
35. CAPA VIDA EM ALTO LUXO PRESTIGE 60 S
questão estética, com linhas elegantes, agressivas,
painéis de vidro e um grande arco de sustentação. Há
também opção para instalação da popa hidráulica, que
cria mais uma área externa de lazer.
Um ponto estético que chama bastante a atenção é
o guarda-mancebo, bastante alto e agressivo. O design
do casco – assinado por Michael Peters – também é
bastante poderoso. A Prestige 60 S conta com dois
motores de 700 HP da Volvo Penta, com sistema IPS
900. A velocidade ideal para cruzeiro é de 18 nós; já a
velocidade máxima chega à casa dos 30 nós.j
O andar de cima da Prestige 60 S é especialmente bonito
68 PERFILNÁUTICO
Originária da
Prestige 60, a
versão 60 S recebeu
melhorias em
design, decoração
e acabamento
Comando principal e do flybridge. Internamente, iluminação natural abundante
PERFILNÁUTICO
69
36. CAPA VIDA EM ALTO LUXO SCHAEFER 620
O primeiro modelo da Schaefer Yachts acima de 60 pés
Paixão pela
inovação
A Schaefer 620 é um projeto
estratégico, parceria entre Schaefer
Yachts e Pininfarina
70 PERFILNÁUTICO
Sofisticação nos grandes espaços e nos pequenos detalhes
O
mercado náutico nacional nunca esteve
tão interessante, para brasileiros e
estrangeiros. Muito se deve à estabilidade
econômica e ao potencial navegável do
país, mas também a quem se interessa
pelo assunto há muito tempo. O
estaleiro catarinense Schaefer Yachts completa 20
anos de atividades nesse segmento. Em uma evolução
consciente, em 2011 entrou definitivamente na
categoria dos fabricantes de grandes iates de luxo e
colhe frutos cultivados com extremo profissionalismo.
A Schaefer 620 é, até agora, o grande projeto do
estaleiro, o primeiro modelo acima de 60 pés. Foi
totalmente concebido e produzido no país, um marco
para a indústria náutica nacional. Como todo grande
iate de luxo, espaço, conforto e tecnologia de última
geração não faltam. A sofisticação está nos grandes
espaços internos e nos pequenos detalhes. A área
social, integrada à plataforma móvel da popa, abriga
um salão principal em dois níveis, ampla sala de estar
e cozinha gourmet totalmente equipada. O cockpit é
amplo e confortável e computadores de bordo j
PERFILNÁUTICO
71
37. CAPA VIDA EM ALTO LUXO SCHAEFER 620
com a mais moderna tecnologia garantem o controle
total da navegação. No flybridge, o design privilegia
ainda mais o espaço trazendo o máximo de conforto e
ergonomia tanto para a área de comando quanto
para a área de solário.
A Schaefer 620 leva até 16 pessoas durante o dia
(mais um marinheiro e um auxiliar) e seis para pernoite.
São três suítes, uma máster à meia-nau com escritório,
uma vip e uma com duas camas de solteiro. O interior
da lancha conta com sistema de sete aparelhos de
ar-condicionado, quatro TVs de LED, uma delas com
tecnologia 3D e sistema de som com home theater.
A opção de design de interior assinada pela
Pininfarina, um dos mais conceituados estúdios de
design do mundo, é de encher os olhos. O resultado
é um iate ainda mais luxuoso e com visual futurista,
A SCHAEFER
Yachts entrou
na categoria
dos fabricantes
de grandes
iates de luxo
que une a experiência adquirida por duas conceitudas
empresas: Schaefer Yachts e Pininfarina, que reuniram
ideias inovadoras, design arrojado e tecnologia de
ponta em uma versão exclusiva da Schaefer 620. j
O interior da lancha conta com sistema de sete aparelhos de ar-condicionado
72 PERFILNÁUTICO
Opção de design interior assinada pelo estúdio Pininfarina
PERFILNÁUTICO
73
38. CAPA VIDA EM ALTO LUXO ALTAMAR 66
Uma argentina que não veio a turismo
Feita
para durar
A Altamar 66 combina robustez
com ambientes amplos e agradáveis por
longos e longos anos
74 PERFILNÁUTICO
Salão repleto de luz proveniente das janelas laterais e do para-brisa
O
estaleiro argentino Altamar é mais uma
novidade que desembarca em águas
brasileiras, de olho em um novo público
que procura cada vez mais embarcações
luxuosas com conforto para toda a família.
A Altamar 66 tem um estilo clássico e
robusto, construído de acordo com as mais exigentes
normas internacionais. O projeto saiu das pranchetas
de Gino Gandino para um rigoroso processo de
construção, com formas exteriores proporcionais e um
perfil aerodinâmico que resulta na mais confortável
navegabilidade, qualidades que conquistaram mercados
da comunidade europeia e de Dubai. Para os brasileiros, é
um iate com grandes atrativos, muito espaço ao ar livre,
comodidade interna de finíssimo acabamento.
Pilotar a lancha a partir do flybridge é muito
agradável. O assento duplo de comando permite
excelente visibilidade. O ambiente é integrado com uma
área que dispõe de solário, sofá para seis pessoas, mesa de
fibra de vidro e bancada com pia, grill e icemaker.
Descendo para o cockpit, a escada leva à plataforma
de popa, ambas revestidas com teca. A área da popa j
PERFILNÁUTICO
75
39. CAPA VIDA EM ALTO LUXO ALTAMAR 66
conta com assento, icemaker, ducha de água quente e
água fria e acesso à cabine do marinheiro, que possui
duas camas e banheiro. Uma porta de correr em aço
inox e vidro faz a divisão com o salão, repleto de luz
natural proveniente das janelas laterais e do parabrisa. Conta com sofá e duas poltronas, mesa de centro
trabalhada em madeira e vidro, mobiliário lateral com
armários e dinete em L com mesa em madeira, ao lado
da cozinha, completa e bem equipada. Completando
a área do salão, o posto de comando principal, com
recursos tecnológicos avançados.
As cabines da Altamar 66 são aconchegantes, quatro
no total. A suíte máster tem poltrona lateral, mesa de
cabeceira, penteadeira, guarda-roupa e armário. No
banheiro, uma escotilha lateral com janela panorâmica.
Perfil aerodinâmico proporciona navegação confortável
76 PERFILNÁUTICO
Estilo clássico
e robusto,
construído de
acordo com as mais
exigentes normas
internacionais
A suíte vip tem guarda-roupa, penteadeira e escotilha
lateral. Nas outras duas cabines, duas camas de solteiro
em uma e dois beliches em outra. j
Na suíte máster, uma poltrona lateral: no banheiro, escotilha com janela panorâmica
PERFILNÁUTICO
77
40. CAPA VIDA EM ALTO LUXO CRANCHI 66
Cranchi 66, a maior embarcação do estaleiro
Tradição de
cinco gerações
A Cranchi 66 é um barco de estilo
incofundível, moderno e com uma lista
enorme de equipamentos de série
78 PERFILNÁUTICO
Plataforma de popa e salão principal com conforto invejável
O
Cantiere Nautico Cranchi tem uma
história de quase 150 anos. O estaleiro
italiano é conhecido por sua clientela
fiel. O proprietário de um barco
Cranchi, normalmente, só o troca por
uma Chanchi maior. Para manter essa
fidelidade e ao mesmo tempo buscar uma nova fatia
de mercado, incluindo o Brasil nos planos, a Cranchi
66, ou Sixty 6 Fly na denominação oficial, é a maior
embarcação do estaleiro.
Pela plataforma de popa se chega à primeira área de
entretenimento, o cockpit, dotada de um confortável
solário integrado a um sofá com mesa de madeira. O
interior tem um padrão de conforto invejável, com um
sofá e uma mesa em frente a um móvel que esconde
uma TV e funciona também com área de bufê. Uma
segunda área de estar, com sofá e mesa, fica mais
à frente, perto do posto de comando. Um grande
espaço onde quatro pessoas podem desfrutar de uma
refeição sem aglomeração. A cozinha tem seu espaço j
PERFILNÁUTICO
79
41. CAPA VIDA EM ALTO LUXO CRANCHI 66
estratégico, no piso inferior, com comunicação com
o salão. Vem toda equipada, inclusive com louças,
talheres e panelas para os apreciadores da boa culinária.
Para acomodação são três amplas cabines. A
suíte vip fica na proa e a do proprietário no centro
da embarcação, ocupando toda a largura do barco e
recebendo iluminação natural das grandes janelas
laterais. Na popa outra suíte destinada a acomodar até
dois tripulantes para pernoite confortavelmente.
Merece atenção especial o flybridge da Cranchi 66,
um dos maiores da sua categoria, item importante para
o gosto do brasileiro. O espaço do piloto fica totalmente
integrado ao solário à frente e há um sofá em U com
mesa de madeira ao lado. Mais atrás, bar e cozinha ao ar
livre, churrasqueira, geladeira e boa área de circulação.
A suíte vip fica na proa da embarcação
80 PERFILNÁUTICO
Três amplas
cabines e cozinha
muito bem
colocada no
piso inferior
A Cranchi 66 mistura o estilo europeu com grande
atenção aos detalhes. A lista de equipamentos é
notável, um iate construído com padrões elevados. j
Cozinha no andar de baixo, em comunicação com o salão. Suíte na popa com duas camas de solteiro. Banheiro na suíte do proprietário
PERFILNÁUTICO
81
42. CAPA VIDA EM ALTO LUXO SESSA C 68
Casco dourado e visual agressivo
La dolce vita
contemporânea
A C 68 da Sessa Marine tem estilo único e
personalidade própria. Moderna, com um toque
de nostalgia
82 PERFILNÁUTICO
Conforto total nas áreas externas
C
apricho. Essa seria uma boa expressão
para definir as embarcações da Sessa
Marine em uma só palavra. O estaleiro
italiano recentemente chegou ao Brasil
e já comemora sucesso de vendas. Sua
maior estrela, a C 68, é inspirada em
clássicos carros esportivos.
O casco dourado da C 68 chama a atenção logo
à primeira vista. Parece ter sido esculpido e o efeito é
bastante atraente. A partir do interior, a embarcação
é deslumbrante. Todo espaço foi concebido com
a proposta de um ambiente doméstico e familiar,
sem sacrificar a sensação náutica. Uma atmosfera
inovadora com janelas laterais do salão que vão até o
chão. Olhando sua lateral, dá a impressão de que elas
continuam descendo até o casco, já que as janelas do
camarote do proprietário estão exatamente na mesma
direção. Para iluminar totalmente o salão, uma área de
vidro no teto e um teto solar retrátil.
No pavimento inferior a C 68 conta com
acomodações para seis pessoas. Na proa, localiza-se
o camarote vip, seguido de uma suíte com duas j
PERFILNÁUTICO
83
43. CAPA VIDA EM ALTO LUXO SESSA C 68
camas de solteiro. No centro, encontra-se a suíte
do proprietário, que também ilustra bem a proposta
deste iate. A luz é elemento fundamental. O quarto e o
banheiro estão em um espaço único, separados por uma
grande parede de vidro, um ambiente extremamente
agradável, um orgulho para qualquer proprietário.
A harmonia entre os ambientes convida para
a vida a bordo. A C 68 foi projetada para que se possa
aproveitar a maior parte do tempo possível ao lado
da família e dos amigos. No exterior, tudo foi
concebido para proporcionar bem-estar e momentos
relaxantes. A praça de popa é ampla, com acesso
prático para banhos de mar.
As características mais marcantes da C68 são
as soluções inovadoras, a distribuição de espaço,
a escolha e a utilização de materiais. Um barco
A harmonia entre os ambientes convida para a vida a bordo
84 PERFILNÁUTICO
Todo espaço foi
concebido com
a proposta de um
ambiente doméstico
e familiar
com design contemporâneo, desde a concepção à
decoração, com uma abordagem de vida em família. As
viagens de vários dias pelo mar serão com as melhores
condições de conforto. j
Janelas laterais que vão até o chão. Quarto e banheiro em um espaço único, separados por uma grande parede de vidro
PERFILNÁUTICO
85
44. CAPA VIDA EM ALTO LUXO FERRETTI 700
Linhas simples, agressivas e grandes janelas
Maior e
mais luxuosa
A Ferretti 700 é uma das grandes
apostas da Ferretti em 2012
86 PERFILNÁUTICO
Espaço e conforto em um design contemporâneo
A
s lanchas com mais de 60 pés da
Ferretti prometem ser a sensação
do verão desse ano. A aposta nesse
segmento se deve muito ao sucesso
do modelo 530 no ano passado. A partir
daí o grupo identificou no brasileiro a
tendência de trocar sua embarcação por uma maior,
mais espaçosa e com muito mais luxo.
Enquadrando-se neste modelo, a Ferretti 700 tem
como características mais vibrantes seu espaço e
seu conforto, distribuídos em um barco com design
contemporâneo. Comparando com seu antecessor – o
modelo 680 –, nota-se uma evolução bastante grande,
sobretudo no design. Do lado de fora se vê um barco
com linhas mais simples e agressivas, combinadas com
grandes janelas. Na popa, o banco traseiro dobrável
cria mais uma área de lazer, onde se pode aproveitar o
sol e ainda permanecer em contato com o mar.
Já nas áreas internas, percebe-se uma atenção
especial aos detalhes das cabines. No total, são quatro:
duas cabines para hóspedes, uma cabine vip – que conta
com banheiro próprio – e a suíte máster, que possui um j
PERFILNÁUTICO
87
45. CAPA VIDA EM ALTO LUXO FERRETTI 700
sofá em meia-lua com uma vista para o mar. A madeira
utilizada é a teca, o que agrega beleza e durabilidade.
Otimização do espaço é uma preocupação
presente no projeto da Ferretti 700. A lancha recebe
com conforto até 20 pessoas, distribuídas em seus
ambientes – deque inferior, deque principal e
flybridge. Este último é confortável e possui um sofá
em semicírculo para aproveitar melhor o espaço.
A lancha, que tem mais de 21 metros de
comprimento total e deslocamento superior a 47
toneladas, é equipada com motor V12. Seus 1.360 HP
levam a Ferretti a uma velocidade de cruzeiro de 31
nós, podendo chegar à máxima de 35 nós. j
Cabine vip com banheiro individual
88 PERFILNÁUTICO
Otimização
do espaço é uma
preocupação
presente
no projeto da
Ferretti 700
Janelas permitem visualização permanente do lado de fora
PERFILNÁUTICO
89
46. CAPA VIDA EM ALTO LUXO SEGUE 72
Um barco que permite viagens de grande autonomia
Requinte artesanal
e alta tecnologia
A Segue 72 foi concebida para uma vida
plena a bordo, com estilo de vanguarda e
muita personalidade
90 PERFILNÁUTICO
Plataforma de popa pode comportar até dois jet skis
A
Segue Yachts é referência na indústria
náutica argentina no segmento de
grandes iates, mas seus adeptos estão
espalhados pelo mundo, em países da
Europa e nos Estados Unidos, além do
Brasil, que, como mercado promissor,
revela consumidores.
A Segue 72 é um barco que permite viagens de
grande autonomia e tem tudo para conquistar os
brasileiros. Adaptado para o nosso clima, pode
ser personalizado de acordo com as necessidades
do proprietário. Espaço não falta na Segue 72. A
plataforma de popa pode comportar até dois jet skis,
tem uma mesa de madeira com oito cadeiras e permite
circulação confortável para banho de sol e de mar.
Uma porta de correr de aço inoxidável e vidro dá
entrada ao salão de grandes dimensões, com decoração
em estilo sóbrio e elegante, combinando com os
materiais utilizados e diferentes texturas e cores.
Janelas laterais e um grande para-brisa proporcionam
iluminação natural. O interior é dividido em dois
níveis e conta com sofá para até dez pessoas e mesa j
PERFILNÁUTICO
91
47. CAPA VIDA EM ALTO LUXO SEGUE 72
com tampo de vidro e espaço para oito cadeiras. Mais à
frente, a cozinha com todos os recursos para uma boa
gastronomia. O posto de comando, sutilmente integrado,
permite invejável visibilidade, importante para travessias
de inverno ou com adversidades meteorológicas.
No nível inferior ficam as quatro cabines. São
quatro cabines, duas suítes de casal, uma com duas
camas de solteiro e outra com beliche. Há ainda um
banheiro social. Na popa, atrás da casa das máquinas,
fica a dependência dos marinheiros, com duas camas
individuais.
O mesmo padrão de luxo e conforto interno da
Segue 72 se estende ao flybridge, que comporta até
dez pessoas e conta com um sofá em U de seis lugares,
Interior dividido em dois níveis
92 PERFILNÁUTICO
Adaptada para o
nosso clima, podendo
ser personalizada
de acordo com as
necessidades do
proprietário
mesa de madeira e solário. O móvel de cozinha tem
pia, grill e igloo embutido. Para completar... uma
fabulosa jacuzzi para relaxamento total. j
Ambientes bem planejados garantem privacidade
PERFILNÁUTICO
93
48. CAPA VIDA EM ALTO LUXO INTERMARINE 75
Projetada pelo renomado yacht designer brasileiro Luiz de Basto
Gigante
nacional
Intermarine 75, para
navegantes exigentes e
de extremo bom gosto
94 PERFILNÁUTICO
Conforto na áreas internas e espaços generosos ao ar livre
N
o ano passado a Intermarine lançou
uma linha surpreendente. Novos
modelos que confirmaram a posição
do estaleiro brasileiro entre os gigantes
do mercado, e que fazem frente aos
estrangeiros que desembarcam a cada
dia, de olho no mercado nacional.
A Intermarine 75, projetada por Luiz de Basto e seu
estúdio de renome mundial, traz como diferencial a
experiência internacional aliada ao conhecimento do
gosto do consumidor brasileiro. A lancha foi concebida
para quem busca o máximo de conforto nas áreas
internas, mas não abre mão dos espaços de convívio
ao ar livre. As janelas são, em boa parte, responsáveis
por dar um tom marcante, agressivo e sofisticado ao
mesmo tempo.
Por dentro, o salão é dividido entre sala de estar,
sala de jantar, cozinha e posto de comando. A área
foi composta para oito pessoas com grande conforto,
tem sofá em U e um sofá adicional, mesa de centro,
cozinha à esquerda e mesa de jantar à direita. No posto
de comando, duas confortáveis poltronas e teto de j
PERFILNÁUTICO
95
49. CAPA VIDA EM ALTO LUXO INTERMARINE 75
vidro que permite iluminação natural. Uma porta na
lateral do salão dá acesso ao passadiço.
No deque inferior, quatro suítes espaçosas e
arejadas. A suíte máster à meia-nau possui cama
queen size e closet. A suíte vip fica na proa, também
com cama queen size. As outras duas suítes de
hóspedes possuem duas camas de solteiro cada. A área
da tripulação recebeu atenção especial. Acessada pela
popa, tem duas cabines para quatro marinheiros, com
sofá, mesa, cozinha, lavanderia e banheiro.
Nos ambientes externos, a Intermarine 75 é um
convite para momentos especiais. A plataforma de popa
é enorme, com 2,10 metros de comprimento, equipada
com lift hidráulico para bote ou jet ski, tem espaço de
sobra para pia e churrasqueira. Na praça de popa, sofá,
mesa, icemaker, cooler e, na proa, um bom solário.
Suíte máster à meia-nau com closet
96 PERFILNÁUTICO
A Intermarine 75
é um dos modelos
que confirmam
o estaleiro entre
os gigantes do
mercado nacional
O flybridge é um lugar especial, com o barco em
movimento ou não. O posto de comando tem duas
poltronas ao lado de um amplo solário. Atrás, um
sofá em U com mesa e outro solário, num ambiente
integrado com pia, geladeira e churrasqueira. j
Closet e banheiro da suíte máster e detalhe da suíte vip
PERFILNÁUTICO
97
50. CAPA VIDA EM ALTO LUXO MONTE CARLO 76
A primeira preocupação do projeto foi a questão da funcionalidade
clássico
e funcional
A Monte Carlo 76 é um barco
diferente, com personalidade própria
e design premiado
98 PERFILNÁUTICO
Personalidade forte e conceito de estilo diferente
A
Monte Carlo Yachts, divisão da
Beneteau, foi criada com o objetivo
de unir o estilo clássico italiano
com o know-how industrial do
grupo francês. Sendo assim, suas
embarcações buscam valorizar a
tradição, mas agregam ao projeto o
melhor da tecnologia. Criada do zero, a Monte Carlo
76, ou MCY 76 — lançada para a América Latina no
Rio Boat Show 2012 —, é um iate premiado. Além de
diversos prêmios na área, o projeto da MCY 76 também
foi indicado para o Compasso d’Oro, a premiação
mais importante do design no mundo.
A primeira preocupação do projeto foi a questão
da funcionalidade. E sem dúvidas a MCY 76 é um iate
que tem excelente navegabilidade. A embarcação tem
personalidade forte e é diferente do conceito de estilo
que se firmou na última década. Não se encontram,
por exemplo, as janelas panorâmicas retangulares,
inspiradas na aerodinâmica do automobilismo. Na
proa alta e cônica, bem como no suporte da popa
do flybridge, predomina o estilo clássico, presente j
PERFILNÁUTICO
99
51. CAPA VIDA EM ALTO LUXO MONTE CARLO 76
nos grandes navios de luxo. No deque principal, os
ambientes são discretamente interligados, passando
a sensação de um espaço ainda maior. No salão, o
sofá em formato de U cria um clima mais intimista. O
layout é bem flexível, podendo o comprador escolher
entre duas possibilidades de layout do deque. O
proprietário também pode escolher entre três ou
quatro cabines. Mesmo na versão com mais cabines,
a suíte máster conta com um grande sofá e banheiro
privativo confortável.
Os mais de 23 metros de comprimento e 46
toneladas de deslocamento da MCY 76 são movidos por
Suíte máster com grande sofá e banheiro privativo confortável
100 PERFILNÁUTICO
O projeto da MCY 76
foi indicado aos mais
importantes prêmios
de design do mundo
2 motores V8 de 1.200 HP ou 2 motores V12 de
1.400 HP. A velocidade de cruzeiro é de 27 nós,
podendo chegar à velocidade máxima de 31 nós. j
Comando principal, solário de proa com direito a duas mesas e flybridge luxuoso
PERFILNÁUTICO
101
52. CAPA VIDA EM ALTO LUXO AZIMUT 78
Linhas sinuosas tornam o barco extremamente bonito
Estilo, interior
e conceito
A Azimut 78 reune todas as
características exigidas para um
grande iate de luxo
102 PERFILNÁUTICO
Amplo solário da proa. Na praça de popa, espaço para mesa com oito cadeiras
D
iversas áreas de convívio externas,
conforto e privacidade em ambientes
internos são exemplos do equilíbrio
perfeito do projeto da Azimut 78.
Muita iluminação natural e uma
decoração bem planejada completam
o requinte envolto em linhas
sinuosas, que tornam o barco extremamente bonito.
Começando por cima, o flybridge possui três
áreas de convívio interligadas, mas separadas e
independentes. A primeira, em direção à popa,
estende-se em um solário com direito a banheira
de hidromassagem; a segunda, no centro, consiste
em uma mesa de jantar para oito pessoas e um bar,
protegidos por um teto rígido; e a terceira é o posto
de comando, muito bem equipado, com assento para
duas pessoas, ao lado de uma outra área de bronzear.
Soluções inteligentes podem ser vistas também no
andar de baixo, logo na “porta de entrada” da Azimut
78. Uma plataforma de elevação – que pode suportar
até 500 kg, é um verdadeiro convite para o prazer:
leva até um sofá em forma de C, uma mesa para oito j
PERFILNÁUTICO
103
53. CAPA VIDA EM ALTO LUXO AZIMUT 78
pessoas e um bar multifuncional. A partir da entrada,
através de uma porta de vidro, o salão principal, a área
íntima da embarcação onde são recebidos os melhores
convidados. O salão, muito bem dividido em zonas com
diferentes utilizações e níveis de privacidade, acomoda
facilmente oito pessoas, asssim como a sala de jantar,
em frente à cozinha, que pode ser ocultada por um
anteparo de vidro transparente que eletronicamente se
converte em uma superfície espelhada.
A privacidade é extrema na Azimut 78, garantida
por uma porta que liga a cozinha ao convés. Nenhuma
movimentação irá perturbar o descanso de quem
prefere relaxar em uma das suítes protegidas
acusticamente – quatro no total, mais uma para a
tripulação. As cabines e intalações no convés inferior
O flybridge possui três áreas de convívio interligadas
104 PERFILNÁUTICO
Muita iluminação
natural e
decoração
planejada com
requinte
da Azimut 78 são exemplos do conforto que esta
categoria de barco deve apresentar. Detalhes que
fazem da Azimut 78 um exclusivo iate de luxo. j
O salão é dividido em zonas diferentes e as suítes protegidas acusticamente
PERFILNÁUTICO
105
54. CAPA VIDA EM ALTO LUXO PRINCESS 78
Design e tecnologia de ponta
Beleza impressionante,
perfil elegante
A Princess 78 reúne luxo e requinte por
todos os cantos que se olhe e, mais importante,
até onde não se pode ver
106 PERFILNÁUTICO
Dinete, mesa de jantar e circulação na área externa
A
Princess Yachts é consagrada por
incorporar design e tecnologia de ponta
em seus produtos. A qualidade de
navegação também é considerada de
suma importância e coloca o estaleiro
inglês entre os grandes fabricantes
de iates do mundo. A Princess 78 apresenta um
desempenho eficiente aliado a um perfil elegante.
Possui casco em V, numa engenharia de redução
de peso para alcançar velocidade mais alta e menor
consumo de combustível.
A plataforma de popa submergível e um
guindaste de alta capacidade são instalados para o
acondicionamento de um bote ou jet ski. O flybridge
tem área para uma jacuzzi opcional e, se requerido,
pode ser equipado com uma capota rígida com teto
solar elétrico. A área de estar do andar de cima é
aconchegante, com um grande sofá e uma mesa, além
do solário. Junto ao posto de comando, poltronas
confortáveis dos dois lados.
O salão acomoda perfeitamente oitos pessoas nos
sofás ou na mesa de jantar. A cozinha está integrada j
PERFILNÁUTICO
107
55. CAPA VIDA EM ALTO LUXO PRINCESS 78
e dispõe de uma divisória automática que pode ser
aberta ou fechada para maior privacidade. Mais à frente,
ao lado do posto de comando, uma dinete com mesa e a
melhor visibilidade do mar junto ao comandante.
No andar de baixo estão as amplas acomodações:
quatro suítes. Uma máster, ocupando todo o vão à
meia-nau, e três suítes de hóspedes, duas com camas
de casal e outra com duas camas de solteiro. Camas
com berços deslizantes, controladas eletricamente,
podem ser instaladas, como uma opção para a suíte de
solteiros. A privacidade é garantida. O barco possui
acessos laterais, tanto para o posto de comando como
para o alojamento dos marinheiros – com duas camas,
cozinha e banheiro, além de uma área útil que pode ser
utilizada para armazenamentos alternativos.
A qualidade de
navegação é considerada
de suma importância,
e coloca o estaleiro
inglês entre os grandes
do mundo
Ideias inovadoras e uma bela combinação de
linhas graciosas, tecnologia avançada, acomodações
sofisticadas colocam a Princess 78 na classe dos
grandes iates de luxo. j
A cozinha pode ser fechada eletronicamente, criando espaço independente do salão
108 PERFILNÁUTICO
A suíte máster ocupa todo o vão à meia-nau e conta com poltronas e mesa, além de uma penteadeira
PERFILNÁUTICO
109
56. CAPA VIDA EM ALTO LUXO ASTONDOA 80 GLX
Equilíbrio entre o trabalho artesanal e a tecnologia de ponta
Alto luxo e
fino acabamento
A Astondoa 80 GLX, com lançamento
previsto para 2013, é o atual modelo 76 GLX,
comercializado no mercado europeu
110 PERFILNÁUTICO
Flybridge com direito a banheira de hidromassagem e uma área de lazer completa
O
modelo destaca-se por sua construção
única, equilibrando o trabalho artesanal
com alta tecnologia. O projeto busca
o melhor aproveitamento de espaço,
uma boa luminosidade interna e
ergonomia na construção. Tudo isso, é
claro, com alto luxo e um fino acabamento, com uma
preocupação especial para cada detalhe.
As cabines são confortáveis e têm um acabamento
muito refinado. São quatro cabines, sendo duas suítes,
que ao todo comportam dez pessoas para pernoite.
O salão principal é enorme e aproveita muito bem
os espaços. São dois ambientes, que contam com dois
sofás, mesa de centro e mesa de jantar.
O flybridge é um dos grandes destaques da 80
GLX. O diferencial fica por conta da banheira de
hidromassagem com água doce, que transforma o fly
em uma área de lazer ainda mais completa. A popa
hidráulica é outro ponto de destaque, podendo ser
aproveitada com familiares ou amigos.
Detentora de uma construção sólida, a Astondoa 80
GLX tem um reforço extra em toda a sua estrutura. j
PERFILNÁUTICO
111
57. CAPA VIDA EM ALTO LUXO ASTONDOA 80 GLX
A embarcação segue todo o padrão da
Germansicher Lloyd, e as áreas mais críticas do
casco são feitas de carbono para obter o melhor
desempenho. A madeira laminada é revestida com
gelcoat, assim como as superfícies exteriores do
casco. Além disso, todos os elementos mecânicos
têm um sistema de proteção galvânica, protegendo
as estruturas metálicas da corrosão. A motorização
alcança 1.550 HP, levando este superiate a uma
velocidade máxima de 33 nós. S
O salão principal é enorme e aproveita muito bem os espaços
112 PERFILNÁUTICO
Alto luxo,
fino acabamento
e preocupação
especial para
cada detalhe
São quatro cabines, sendo duas suítes
PERFILNÁUTICO
113
58. PERFIL
114 PERFILNÁUTICO
114 PERFILNÁUTICO
Nesta edição a Perfil Náutico destaca o perfil
de quatro embarcações e do estaleiro catarinense
Schaefer Yachts. Você vai conhecer a beleza sofisticada e a elegância
do veleiro Oceanis 45 da Beneteau; a Singular 280, uma lancha compacta, mas espaçosa;
a Key Largo 27 e a 28 da Sessa Marine, para diversão em dias ensolarados; e a Coral 28,
ao mesmo tempo cabinada e de proa aberta. j
PERFILNÁUTICO
115
59. PERFIL
OCEANIS 45
www.beneteau.com.br
Tradição
francesa
Beleza e sofisticada elegância a toda prova
Por Amanda Kasecker
116 PERFILNÁUTICO
L
Em menos de seis meses de lançamento o Oceanis 45 foi eleito o Barco do Ano na Europa
inhas leves e clássicas, acabamento
impecável e a certeza de que o mar,
definitivamente, pode ser não a
segunda, mas a primeira casa dos
apaixonados pela vida a bordo.
Essa é a principal e inesquecível
impressão que fica para quem
conhece o veleiro Oceanis 45, do
estaleiro francês Beneteau.
Não à toa, em menos de seis meses do seu
lançamento na cidade francesa de Cannes, já foi eleito
o Barco do Ano na Europa. A premiação (European
Sailboat of the Year) é considerada o “Oscar da
Indústria de Vela” e foi dada na Alemanha por
jornalistas especializados de diversos países europeus,
que escolheram o Oceanis 45 como um dos barcos
mais inovadores em sua categoria.
Cartão de visitas
Logo no acesso, uma delicada plataforma elétrica e
retrátil, com acabamento de madeira nobre, facilita
o embarque, o desembarque e mesmo os banhos com
um simples toque no comando. Ainda no cockpit,
uma ampla – e confortável – área de convivência é
apresentada aos visitantes, cercada pela praticidade
e proteção de uma grande targa, com duas geladeiras j
PERFILNÁUTICO
117