O documento discute as visões de tempo e história no mundo mesopotâmico antigo. Os mesopotâmicos viam o tempo de forma cíclica e linear, e buscavam no passado analogias para entender o presente e prever o futuro. Eles também viam a história como uma sucessão de eventos ordenados por deuses, e procuravam assegurar a benevolência divina para manter a tranquilidade do devir histórico.
1. O Tempo e a História
O devir histórico
O passado, o presente e o futuro
2. O tempo e a História
O homem mesopotâmico tinha um
interesse irreprimível pelo devir histórico.
Devoção pelo passado leva à redacção e
compilação de textos dos mais diversos
géneros e formas literárias, tendo em
comum o conteúdo histórico e o carácter
historiográfico.
3. A Semântica
pānānu ou mahru:
Sentido temporal: o passado.
Sentido espacial: o que está diante de nós.
warkātu:
Sentido temporal: o futuro.
Sentido espacial: o que está atrás de nós.
Percepção do tempo diferente da
representação espacial do tempo que
conhecemos no Ocidente.
4. Representação gráfica do tempo
Modelo linear ou cíclico?
Tempo linear e tempo cíclico coexistem.
O tempo linear encontra expressão nos textos
de carácter historiográfico que registam e
compilam os eventos obedecendo a uma
sequência cronológica.
Tempo cíclico. O homem mesopotâmico vê a
história estruturada em ciclos. É o tempo mítico.
Inspiração na própria natureza.
5. Lista Real Suméria
After the kingship descended from
heaven, the kingship was in Eridug. In
Eridug, Alulim became king; he ruled for
28800 years. Alaljar ruled for 36000
years. 2 kings; they ruled for 64800
years. Then Eridug fell and the kingship
was taken to Bad-tibira. In Bad-tibira,
En-men-lu-ana ruled for 43200 years.
En-men-gal-ana ruled for 28800 years.
Dumuzid, the shepherd, ruled for 36000
years.
6. O devir histórico:
uma visão pragmática
O homem mesopotâmico desconfia do que
é novo.
Procura no passado analogias que ajudem
a compreender o presente e a confiar no
futuro.
7. Visão de progresso?
O conceito de superação
A inscrição de fundação de Iahdun-Lim
«Desde os longínquos dias em que deus
construiu Mari, nenhum rei a residir em Mari
chegou ao mar, conquistou as montanhas de
cedros, as altas montanhas, nem cortou as suas
árvores».
8. Um mundo sem sobressaltos
O mundo deve andar sem sobressaltos ou
rupturas.
O homem mesopotâmico sabe que a
tranquilidade do devir histórico depende da
vontade dos deuses.
O homem procura antecipar os desígnios divinos
e interagir com os deuses, procurando assegurar
a sua benevolência.
A sua preocupação essencial e a sua inquietação
fundamental assentam no futuro imediato.
9. Um mundo sem sobressaltos
Não se regista uma ideia absoluta do
tempo ou de eternidade.
O conceito de duração é traduzido pela
sucessão do tempo.
10. O devir histórico no Antigo
Testamento
O Deuteronomista concebe pela primeira
vez um Israel total numa perspectiva
global sobre a história da nação.
O Javeísta toma os mitos cosmogónicos e
fundacionais e articula-os com a tradição
acerca da história do povo.
11. O devir histórico no Antigo
Testamento
Isaías e Jeremias e algumas passagens de
Naum (1,4) e de Habacuc (3,8) reflectem uma
ideia de caos que é usada para estruturar a
percepção da história.
Olhei para a terra e ei-la vaga e vazia;
para os céus mas não tinham luz. Olhei
para as montanhas e ei-las que tremiam
e todas as colinas eram abaladas. Olhei
e eis que não havia seres humanos e
todas as aves dos céus tinham fugido.
(Jr.4,23-25)
12. O mito e a História
A historicização do mito consiste na sua
racionalização através da utilização de
categorias históricas.
A mitologização da História significa a
aplicação de categorias míticas à visão
historiográfica.
13. Percepção da História na literatura
profética vetero-testamentária
Os livros proféticos não reflectem sobre o
fim dos tempos.
Não discorrem sobre o fim da história ou
da ordem cósmica.
O horizonte é muito mais limitado.
14. A Apocalíptica
Partilha características com a profecia: a
linguagem, a imagética, o meio. No
entanto, ganha contornos específicos.
O horizonte da apocalíptica é universal e
definitivo na sua visão da história.
O fim do ciclo do passado-presente,
muitas vezes o fim do mundo, implicam a
re-criação e uma nova ordem.
Editor's Notes
A realeza é o marco essencial. Foi criada em Kish. A duração dos reinados. A hegemonia passa de cidade para cidade até chegar à I dinastia de Isin, cerca de 1800. Sequência artificial. Legitimação da monarquia e da dinastia.
1. O problema da datação.
O texto evoca Gn.1,2. Misturam-se desordem social, cósmica, etc. Mas não é uma visão apocalíptica ou escatológica. Outras passagens: Is.17,13 e Sl.114,3.5.
Os mitos cosmogónicos e fundacionais são etiológicos. Visão geográfica Visão antropológica