Trabalho "Mãe Monstra, rogai por nós: sexualidades queer e presença religiosa no projeto messiânico da era 'Born This Way', de Lady Gaga", apresentado no Seminário Internacional Fazendo Gênero 10, em 17/09/2013 na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
Mãe monstra, rogai por nós
1. Mãe Monstra, rogai
por nós
sexualidades queer e presença religiosa no
projeto messiânico da era “Born This Way”,
de Lady Gaga
Seminário Fazendo Gênero 10
Murilo Araújo
Mestrado em Letras | UFV
3. ...rogai por nós
• Era “Born This Way”:
– Menção a elementos cristãos... Subversivamente?
• “Judas”, “Alejandro”,“Born This Way”
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9. Interesse de pesquisa
• Clipe do single “Born This Way”:
– “Manifesto of Mother Monster”: marca da Era
– Similaridades com o Apocalipse de São João
– Foco do trabalho
• Como Gaga dialoga com - e ocupa - o espaçoreligioso
cristão,em sua estéticaqueer?
• Diálogos: Gaga Feminismo (Halberstam, 2012) e Teologia
Queer (Musskopf,2003; 2005; 2008)
10. “Gafa Feminism”
• Lady Gaga: uma feminista/queer?
• J. Jack Halberstam: indústria cultural e novas conformações
de gênero e sexualidade.
LadyGagaéumsímboloparaumnovotipodefeminismo.Reconhecendoo
seupodercomoummaestrodamanipulaçãodamídia,umsímbolodeuma
novadesordemdomundo,eumavozbarulhentaparadiferentesarranjos
degênero,sexualidade,visibilidadeedesejo,nóspodemosusaromundo
deGagaparapensarsobreoquetemmudadoeoquepermaneceomesmo.
Oquesoadiferenteeoquesoafamiliar,enóspodemosirfundona
questãodasnovasfeminilidades.(HALBERSTAM,2012,xii)
11. Teologia Queer
• Como assim?
• Pessoas “queer” sempre produziram Teologia – de que lugar?
• Caminhodas lutas sociais nas últimas décadas...
• ...caminhosdas “Teologias da Libertação”:
– Teologias Negras
– Teologias Feministas
– Teologias Gay/Homossexual/Inclusiva
– Teologia Queer
14. “Manifesto of Mother Monster”
• Clipe “Born This Way”
– Apresentação do “Manifesto of Mother Monster”
15. Este éomanifestodaMãeMonstra: EmT.A.P.G.,um Território
Alienígena de PropriedadedoGoverno,umnascimentode
proporçõesmagníficase mágicasocorreu.Maso nascimentonão
erafinito,era infinito.Comoosventres contavam,ea mitosedo
futurocomeçou,foipercebidoqueesse momentoinfameda vida
nãoétemporal,éeterno. E assimcomeçouo iníciode umanova
raça:araçadentroda raçada humanidade,umaraçaquenãotem
qualquerpreconceito,nenhumjulgamento,masa liberdade sem
limites.Masnaquele mesmodia,comoa mãeeterna pairavano
multiverso, um outronascimentomaisaterrorizanteaconteceu: o
nascimentodomal.E comela mesmadividida emduas, rodando
emagoniaentreduasforçasfinais,opêndulo de escolha
começousua dança.Parecefácil,vocêimagina, gravitar
imediatamenteesemhesitaçãoparao bem.Mas elase
perguntou: “Comopossoprotegeralgotãoperfeitosem omal?
16. “Manifesto of Mother Monster”
• Similaridadescom o textodo Apocalipsede São João
– a dicotomiaentre Bem e Mal;
– o discursoprofético/messiânico de projeto transformador, de
uma humanidade nova;
– teor claramente metafórico e simbólico.
• EstéticaApocalíptica:estiloliterário
18. AMulherfugiuparaodeserto.Deus lhe tinhapreparadoaíum
lugar ondefossealimentada pormil,duzentose sessenta dias.
Aconteceu entãouma batalhanocéu: Miguel eseus Anjos
guerrearamcontra oDragão.ODragãobatalhoujuntamentecom
osseus Anjos,mas foiderrotado,enocéu nãohouvemaislugar
paraeles. Esse grandeDragãoéa antiga Serpente, éochamado
DiaboouSatanás.É aquele queseduz todososhabitantesda
terra.O Dragãofoiexpulsoparaaterra, eosAnjosdoDragão
foramexpulsoscomele. Ouvi, então, umavozfortenocéu,
proclamando:“Agorarealizou-sea salvação, opoderea realeza
donossoDeus e aautoridadedoseu Cristo.Porquefoiexpulso o
acusadordosnossosirmãos,aquele queosacusavadiaenoite
diantedonosso Deus.”
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24. UmdosAnjos dassete taçasveiomeconvidar:“Venha! Voulhe
mostrarcomoserá julgada agrandeprostituta,queestá sentada
àbeirade muitaságuas.(...)”E oAnjomelevou emespírito até o
deserto. Aí eu vi umamulhersentada sobreumaBesta de cor
escarlate, cheiade títulosblasfemos. ABesta tinhasete cabeças
edez chifres.Amulherusava vestido cordepúrpuraeescarlate.
Estava todaenfeitadade ouro,pedraspreciosas epérolas. Tinha
na mãoum cálice de ourocheiode abominações,quesão as
impurezasde sua prostituição.Na fronteda mulher estava
escrito umnomemisterioso:“Babilônia,aGrande,amãe das
prostitutasedasabominaçõesda terra.”Reparei quea mulher
estava embriagadacomosanguedossantose comosanguedas
testemunhasdeJesus.
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26. A oetra de “Born This Way”
• “He made you perfect,babe”
• “I'm beautiful in my way 'causeGod makes no mistakes”
• “A differentlove is not a sin”
• “No mattergay, straight or bi, lesbian,transgenderedlife”
27. Considerações finais
• How tobe queer if I was “born thisway”?
– Considerar Gaga do ponto de vista estético
– O público que se identifica com Gaga...
• E a “intencionalidade”?
– Não é o aspecto que mais interessa
– Observar a presença desses elementos em Gaga também é uma
forma de pensar como as pessoas queer – ou “gaga” –
enxergam e se relacionam com Deus.
28. Considerações finais
• Gaga, uma cristã?
– Outra questão que não interessa...
– De um lado, vozes dosfundamentalistas normatizam a fé e a
sexualidade das pessoas...
– ...de outro,Gaga constrói caminhos alternativos, a partir das
suas performances e experiências corpóreas.
– Num contexto em que moralismos e proselitismos religiosos
querem colonizar o corpo, a “fé gaga” oferece ferramentas para
a uma descolonização.
29. Referências Bibliográficas
BÍBLIASAGRADA. Edição Pastoral. Paulus,1991.
BUTLER, J. Problemasde Gênero:Feminismo e subversão da identidade.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003 [1990].
DIAS, Edson Martins. Literatura sagradae construção de sentido: um
olharsobre Ap 13,1-10. Ciberteologia - Revistade Teologia& Cultura.
Ano VII, n. 35, 2011. pp. 132-138.
HALBERSTAM, J. Jack. Gaga Feminism:sex, gender, and the end of
normal. Boston, Massachusetts: Beacon Press, 2012.
LOURO, GuaciraLopes. Teoriaqueer:uma política pós-identitária para a
educação. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 9, n. 2, 2001.
30. Referências Bibliográficas
MISKOLCI, Richard. TeoriaQueer:um aprendizado pelas diferenças. Belo
Horizonte: Autêntica; UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto, 2012.
MUSSKOPF, André Sidnei. A Teologia que sai do armário - um depoimento
teológico. Impulso,Piracicaba, 14(34): 129-146, 2003.
______.À meia luz: a emergência de uma teologia gay: Seus dilemas e
possibilidades. CadernosIHU Ideias.SãoLeopoldo, ano 3, n. 32, p 01-34,
2005a.
______.Via(da)gensteológicas:itinerários para uma teologiaqueer no
Brasil. SãoLeopoldo: EST/PPG, 2008.
31. Obrigado!
(e que a Mãe monstra
rogue por nós...)
Murilo Araújo
Mestrado em Letras | UFV
murilodearaujo@yahoo.com.br
http://muriloaraujo.com/