O documento discute os conceitos de custo de capital e custo médio ponderado de capital (CMPC). O CMPC é calculado considerando a estrutura de capital alvo da empresa, incluindo os custos da dívida, ações preferenciais e ordinárias. O custo da ação ordinária pode ser estimado usando o modelo CAPM ou fluxo de caixa descontado. O custo de capital pode ser ajustado considerando o risco do projeto ou os custos de emissão de novas dívidas e ações.
1. CUSTO DE CAPITAL
Professor: Melquiades Pereira
11 de fevereiro de 2014
Baseado no Livro:
Brigham, Eugene F.; Ehrhardt, Michael C. Administração Financeira: Teoria e
Prática. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
2. Custo Médio Ponderado de Capital
∙ CMPC Custo Médio Ponderado de Capital
∙ WACC Weighted Average Capital Cost
∙ Os administradores devem ver as empresas como negócios
em pleno funcionamento. Os custos de capital devem ser
acompanhados pela média ponderada de vários tipos de
fundos que usam, independente da fonte de financiamento
específica empregada em um período em particular.
∙ O custo de capital é iniciado com a estrutura de capital alvo
no ponto de partida da empresa, considerando os custos
obtenção de cada recurso.
∙ Ex. levantamento de 30% de dívida, 10% de ações
preferenciais e 60% de ações ordinárias.
3. Custo da Dívida - kd
O custo relevante é o custo marginal da nova dívida a ser
levantada durante o período de planejamento.
Custo da dívida = Taxa de Juros - Benefício Fiscal
Custo da Dívida, kd = Taxa de Juros(1 − T)
∙ Exemplo:
Custo da Dívida = kd = Taxa de Juros(1 − T)
= 11%(1 − 0, 4)
= 6, 6%
4. Custo da Ação Preferencial - kps
O custo componente da ação preferencial kps usado para calcular
o CMPC, é diretamente o dividendo preferencial da ação, Dps,
dividido pelo preço líquido da emissão, Pn que é o valor que a
empresa recebe depois de deduzir os custos de emissão.
Custo da Ação Preferencial, kps
∙ Exemplo:
Custo da Ação Preferencial = kps =
Dps
Pps
=
10
97, 5
= 10, 3%
5. Custo da Ação Ordinária - ks
∙ São formas de aumentar o patrimônio líquido:
∙ Emitindo novas ações
∙ retendo os lucros
∙ Motivos para não emissão de novas ações:
∙ Custo de emissão
∙ a teoria da sinalização mostra que os investidores percebem
a emissão como sinal negativo, provocando declínio do preço
da ação
∙ A pressão do mercado força a oferta da ação para um preço
abaixo do preço anterior de mercado.
∙ Motivos para não retenção dos lucros:
∙ redução da distribuição de dividendos
∙ os acionistas recorrem ao custo de oportunidade
A empresa de rever os limites mínimos de dividendos para não
provocar a fuga de investidores para outras alternativas de
investimentos.
6. Custo da Ação Ordinária - ks
∙ Formas de Obtenção:
∙ Abordagem CAPM;
∙ Abordagem do Rendimento do Dividendo somado à Taxa
de Crescimento, ou Fluxo de Caixa Descontado (FCD);
∙ Abordagem do Rendimento do Título da Dívida de Longo
Prazo somado ao Prêmio pelo Risco;
7. Custo da Ação Ordinária - CAPM
∙ Abordagem CAPM
1. Passo 1: Estimar a taxa livre de risco kIR;
2. Passo 2: Estimar o atual prêmio pelo risco de mercado
esperado, PRM ;
3. Passo 3: Estimar o coeficiente beta, bi, e usá-lo como
indicador de risco da ação. O i significa o i-ésimo beta da
empresa;
4. Passo 4: Substituir os valores precedentes na equação do
CAPM para estimar a taxa de retorno requerida sobre a
ação em questão.
ks = kIR + (PRM )bi
Como estimar o prêmio pelo risco?
8. Custo da Ação Ordinária - CAPM
∙ Prêmio pelo Risco Histórico
9. Custo da Ação Ordinária - CAPM
∙ Prêmios pela antecipação de Risco Futuro
Taxa de Retorno Esperada = ̂︀kM
̂︀kM =
D1
P0
+ g
= kIR + PRM = kM
= kM = Taxa de Retorno Requerida
∙ Exemplo da abordagem do CAPM
ks = kIR + (PRM )bi
= 8% + (6%)(1, 1)
= 8% + 6, 6%
= 14, 6%
10. Custo da Ação Ordinária - FCD
∙ Abordagem Fluxo de Caixa Descontado FCD
∙ Na avaliação da ação considera-se o Preço da Ação:
P0 =
D1
(1 + ks)1
+
D2
(1 + ks)2
+ ... +
Dn
(1 + ks)n
=
n∑︁
t=1
Dt
(1 + ks)t
considerando uma perpetuidade:
P0 =
D1
ks − g
Então, para obter ks:
ks = ̂︀ks =
D1
P0
+ g
11. Custo da Ação Ordinária - FCD
Formas de estimação da taxa de crescimento g
∙ Taxas de crescimento históricas
∙ Modelo de crescimento por retenção g = b(r)
∙ r = ROE e b é fração de retenção dos lucros
∙ Pressupostos: (1) ROE é constante, (2) b é constante e (3)
não se espera novas emissões de ações, (4) os projetos
futuros tem o mesmo grau de risco que os existentes.
∙ Exemplo: (1-distribuição)ROE = (1-0,52)14,5% = 7%
∙ Previsões de analistas
12. Custo da Ação Ordinária - FCD
∙ Exemplo da abordagem do FCD
ks = ̂︀ks =
D1
P0
+ g
=
$2, 40
$32, 00
+ 7, 0%
= 7, 5% + 7, 0%
= 14, 5%
13. Custo da Ação Ordinária - FCD
Abordagem alternativa do FCD pelo Brigham e Ehrhardt (2010)
Usando as estimativas do crescimento supernormal para estimar
o custo da ação: Exemplo:
Ano 0 1 2 3 4 5
Crescimento - 11% 10% 9% 8% 7%
Dividendo $2,16 $2,40 $2,64 $2,87 $3,10 $3,32
P4* =
D5
ks − g
* depois do quarto ano os dividendos crescem a uma taxa constante.
15. Custo da Ação Ordinária - Título de Dívida
∙ Abordagem do Rendimento do Título de Dívida de Longo
Prazo somado ao Prêmio pelo Risco.
Suponha uma forte empresa com título de dívida de longo prazo
que rende 8%, então seu custo de capital patrimonial poderia
ser estimado como segue:
ks = Título de Dívida de Longo Prazo + Prêmio pelo Risco
= 10, 4% + 4% = 14, 4%
Método bastante arbitrário em relação principalmente ao
prêmio pelo risco.
16. Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC
Uma empresa que está maximizando o seu valor estabelecerá
uma estrutura de capital - alvo / ótima que permita levantar
novo capital, de tal moneira que a atual estrutura de capital se
mantenha ao longo do tempo.
CMPC = Custo Dívida + Custo Ação Preferencial + Custo Ação Ordinária
CMPC = wdkd(1 − T) + wpskps + wceks
Exemplo:
= 0, 3(11, 0%)(0, 6) + 0, 1(10, 3%) + 0, 6(14, 5%)
= 11, 7%
17. Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC
Quais os pesos a serem utilizados? wd, wps, wce
1. valores contábeis, patrimoniais
2. valores correntes de mercado
3. na estrutura de capital alvo
?????
18. Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC
Fatores que afetam o CMPC
Fatores Não Controláveis:
1. O nível das taxas de juros;
2. Prêmio pelo risco de mercado;
Fatores Controláveis:
1. Política da estrutura de capital;
2. Política de dividendos;
3. Política de investimentos.
20. Custo de Capital ajustado pelo Risco
∙ Estimativa de Risco do Projeto (Nível de relevância)
1. Risco Isolado: É o risco do projeto desconsiderando o fato
de que ele seja apenas um ativo dentro da carteira de ativos
da empresa, e que essa empresa seja apenas uma ação a
mais em uma típica carteira de ações de um investidor.
2. Risco da organização, ou interno: é o risco do projeto
da sociedade anônima, considerando o fato de que o projeto
representa somente um dos ativos da carteira da empresa e,
portanto, que alguns dos efeitos de seu risco serão
diversificados.
3. Risco de mercado, ou beta: É o risco do projeto
conforme visto por um acionista diversificado que reconhece
que o projeto é somente um dos ativos da empresa e que a
ação da empresa é apenas uma parte de sua carteira total.
21. Custo de Capital ajustado pelo Risco - CAPM
Linha de Mercado de Títulos:
ks = kIR + (kM − kIR)bi
∙ Exemplo:
= 7% + (6, 5%)1, 1
= 14, 2%
Portanto, como uma primeira aproximação, a empresa deve
investir em projetos de capital se, e somente se, esses projetos
tiverem um retorno esperado de 14,2% ou mais.
22. Custo de Capital ajustado pelo Risco - CAPM
Suponha que um novo projeto possua uma configuração de risco
diferente da empresa, à um beta de 1,5.
Considerando 80% das operações com o beta original e 20% dos
fundos direcionados para o novo projeto.
∙ Usando o beta de uma carteira:
Novo beta = 0, 8(1, 1) + 0, 2(1, 5)
= 1, 18
Então o novo projeto fará com que o custo de capital passe de
14,2% para:
ks = kIR + (kM − kIR)bi
= 7% + (6, 5%)1, 18
= 14, 7%
23. Custo de Capital ajustado pelo Risco - CAPM
Qual o retorno exigido pelo investidor para um projeto a ser
desenvolvido pela empresa, para que a taxa de retorno média
requerida seja de 14,7%?
0, 8(14, 2%) + 0, 2X = 14, 7%
0, 2X = 3, 34%
X = 16, 7%
O projeto do barco deve ter um retorno esperado de, no mínimo,
16,7% se a empresa quiser obter seu novo custo de capital.
24. Custo de Capital ajustado pelo Risco - CAPM
Considerações na implantação do novo projeto:
∙ O beta aumentará de 1,1 para 1,18;
∙ O custo de capital aumentará de 14,2% para 14,7%;
∙ O investimento do barco deve obter 16,7% se a empresa
quiser obter esse novo custo de capital.
25. Custo de Capital ajustado pelo Risco - CAPM
Qual o custo de capital de um projeto?
kprojeto = kIR + (kM − kIR)bp
No exemplo anterior:
kprojeto = kIR + (kM − kIR)bp
= 7% + (13, 5% − 7%)1, 5
= 16, 75%
26. Custo de Capital ajustado pelo Risco - CAPM
Técnicas (alternativas) de Medição do Risco Beta
∙ O Método do Investimento Centralizado
∙ O beta do projeto é calculado pela média dos betas de um
conjunto de empresas ou produtos de referência.
∙ Método do beta Contábil
∙ Utiliza o retorno contábil como proxy para cálculo do beta
em substituiçào do retorno da ação.
27. Custo de Capital Ajustado pelos Custos de Emissão
Estimar os custos componentes das emissões de dívida e de
ações negociadas publicamente e como esses novos custos
componentes afetam o custo marginal de capital.
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Exemplo a seguir: Axis Goods Inc.
Dívida wd: 45%
Ações Preferenciais wps: 2%
Ações Ordinárias wce: 53%
Preço da Ação Ordinária P0: $23,0
Dividendos Esperados D1: $1,24
Taxa de Crescimento Constante g: 8%
28. Custo de Capital Ajustado pelos Custos de Emissão
Com base no modelo FCD, o custo do Patrimônio Líquido
Ordinário será de:
∙ Cálculo dos custos do exemplo:
ks =
D1
P0
+ g
=
$1, 24
$23, 00
+ 8, 0%
= 13, 4%
kps = 10, 3%
29. Custo de Capital Ajustado pelos Custos de Emissão
Custos de Emissão e Custo Componente da Dívida
M(1 − E) =
N∑︁
t=1
INT(1 − T)
(1 + kd)t
+
M
(1 + kd)N
M: valor de face do título de dívida de longo prazo; E: É a
porcentagem de emissão; N: É a data de vencimento do título;
T: Alíquota de imposto; INT: juros em moeda corrente em
cada período; kd Custo da dívida depois do imposto ajustado.
30. Custo de Capital Ajustado pelos Custos de Emissão
Custos de Emissão e Custo Componente da Dívida
Considerando uma emissão de título de longo prazo, com valor
de face de 1.000, taxa de juros de 10%, impostos de T=40% e
custo de emissão E=1%.
kd = 10%(1 − 0, 4) = 6, 00%
1000(1 − 0, 01) =
30∑︁
t=1
100(1 − 0, 4)
(1 + kd)30
+
1000
(1 + kd)30
kd = 6, 07%
Considerando uma diferença não tão significativa, o custo da
dívida terá um impacto maior com o aumento de E ou com a
redução de N.
31. Custo de Capital Ajustado pelos Custos de Emissão
Custo da Nova Emissão de Ação Ordinária, ou capital externo ke
ke =
D1
P0(1 − E)
+ g
E: É a porcentagem do custo de emissão;
g: Taxa de crescimento constante;
D1 Dividendo perpétuo;
P0 preço atual da ação.
∙ Exemplo:
ke =
1, 24
23(1 − 0, 1)
+ 8% = 14%
32. Custo de Capital
Algumas áreas problemáticas:
1. Empresas de Capital Fechado;
2. Pequenas Empresas;
3. Problemas de Medição.
Quatro Erros a serem evitados:
1. Uso do custo corrente de dívida: deve ser utilizado o custo
que pagaria à dívida hoje;
2. Quando estimar o prêmio pelo risco de mercado pelo
CAPM, jamais use o retorno médio histórico das ações em
conjunto com a taxa livre de risco corrente;
3. Usar a estrutura de capital alvo para estimar os pesos do
CMPC;
4. Lembre-se que fundos de que componentes de capital são
fundos que vêm de investidores. (exclusão de contas como
Fornecedores)