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Afinal o que é a pedagogia? Para quem acreditar que se trata do simples ato de ensinar, espero conseguir
transmitir o oposto.
De facto, ensinar envolve dois objetos essenciais (pelo menos): comunicação e linguagem gestual. Sim,
esta última complementa e dá ênfase a primeira, daı́ a sua importância. Mas sendo a linguagem uma mera
organização de palavras, ideias e gestos, será isto suficiente para aquilo que deve oferecer um verdadeiro
pedagogo? Gostaria de reforçar que, por defeito, um professor/docente não é um pedagogo (com ”profes-
sor”quero dizer ”aquele que é detentor de uma formação na área educativa”).
Existe bastante confusão quando se abordam estas duas designações, achando que se tratam de meros
sinónimos. No dicionário pode ler–se para a definição da palavra pedagogo: ”Aquele que exerce a pedagogia
ou que se ocupa dos métodos de educar e ensinar”. Chamaria a atenção para a segunda parte desta definição
e, em particular, para a palavra métodos. Neste contexto, método é muito mais do que o ato mecânico
inerente à comunicação. Referir–se–á antes ao conjunto das ferramentas e instrumentos com vista ao sucesso
académico. Tais métodos são a solução para o ensino não sustentável, isto é, aquela forma de ensino que não
é produtiva: ensinar não implica que o conjunto de ideias que se pretende encutir seja de facto apreendido.
No conjunto daqueles métodos, destaco, em primeiro lugar, a capacidade de abordar a ciência de uma forma
dinâmica e lúdica. E sim, isto é muito mais difı́cil do que falar ciência! Como interessado em matemática,
gostaria de dar o exemplo particular desta área do saber. A realidade, como a conhecemos, tem ı́mplicito
um manancial de fenómenos suscetı́veis de interpretação fı́sica e numérica. A referência a estas aplicações
será, efetivamente, um exemplo de como podemos providenciar uma educação lúdica, sem a monotocidade
que se traduz no desinteresse por parte dos aprendizes. Não nos esqueçamos que o cérebro de uma criança
ou de um jovem adulto está inevitavelmente direcionado para o mundo exterior, numa tentativa de encontrar
os porquês daquilo que aparenta ser óbvio. A pedagogia não faria qualquer sentido se não aproveitasse esta
tendência.
Como segundo método, destaco também a empatia, talvez o objeto mais poderoso na atividade de um
pedagogo. Empatia corresponderá à capacidade de avaliar as individualidades, respeitá-las e adaptar as
competências usuais. Definitivamente, não existe um ensino saudável sem empatia! Empatia significa ainda
guardar preconceitos e ideias pré–feitas. O percurso de vida de um aluno é profundamente influenciado pelo
seu percurso académico, nomeadamente na sua relação com aqueles que dele fizeram parte.
Poderia continuar com uma lista de métodos, mas estaria a reduzir o trabalho a um mero guião. Isto porque
ser pedagogo também depende da individualidade de cada profissional, da sua experiência, das suas filosofias:
cada um deverá adotar o seu próprio método de trabalho, desde que assente nos pressupostos acima, claro.
Isto sugere, em particular, que a pedagogia é algo que se desenvolve com a experiência de trabalho, ou dito
de outro modo, é algo que um curso de formação não pode desenvolver de forma inteira. Efetivamente, o
match entre a individualidade do profissional e o objetivo pretendido requer tempo e um trabalho pessoal
importante.
Infelizmente, vivemos um paradigma geral de um sistema de ensino completamente banalizado e repleto
de problemas, tanto nos alunos, como nos profissionais. É urgente uma alteração destes parâmetros, no
sentido de criarmos as condições para um ensino sustentável e que promova o investimento na educação.
Não será certamente novidade que nı́veis elevados de escolaridade nas populações geram vários benefı́cios
sociais e económicos e com efeitos claros nos flagelos que fazem parte do nosso dia–a–dia. Uma sociedade
devidamente educada é, necessariamente, uma sociedade civilizada.
Miguel Fernandes

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O que é a pedagogia

  • 1. S e r P e d a g o g o Afinal o que é a pedagogia? Para quem acreditar que se trata do simples ato de ensinar, espero conseguir transmitir o oposto. De facto, ensinar envolve dois objetos essenciais (pelo menos): comunicação e linguagem gestual. Sim, esta última complementa e dá ênfase a primeira, daı́ a sua importância. Mas sendo a linguagem uma mera organização de palavras, ideias e gestos, será isto suficiente para aquilo que deve oferecer um verdadeiro pedagogo? Gostaria de reforçar que, por defeito, um professor/docente não é um pedagogo (com ”profes- sor”quero dizer ”aquele que é detentor de uma formação na área educativa”). Existe bastante confusão quando se abordam estas duas designações, achando que se tratam de meros sinónimos. No dicionário pode ler–se para a definição da palavra pedagogo: ”Aquele que exerce a pedagogia ou que se ocupa dos métodos de educar e ensinar”. Chamaria a atenção para a segunda parte desta definição e, em particular, para a palavra métodos. Neste contexto, método é muito mais do que o ato mecânico inerente à comunicação. Referir–se–á antes ao conjunto das ferramentas e instrumentos com vista ao sucesso académico. Tais métodos são a solução para o ensino não sustentável, isto é, aquela forma de ensino que não é produtiva: ensinar não implica que o conjunto de ideias que se pretende encutir seja de facto apreendido. No conjunto daqueles métodos, destaco, em primeiro lugar, a capacidade de abordar a ciência de uma forma dinâmica e lúdica. E sim, isto é muito mais difı́cil do que falar ciência! Como interessado em matemática, gostaria de dar o exemplo particular desta área do saber. A realidade, como a conhecemos, tem ı́mplicito um manancial de fenómenos suscetı́veis de interpretação fı́sica e numérica. A referência a estas aplicações será, efetivamente, um exemplo de como podemos providenciar uma educação lúdica, sem a monotocidade que se traduz no desinteresse por parte dos aprendizes. Não nos esqueçamos que o cérebro de uma criança ou de um jovem adulto está inevitavelmente direcionado para o mundo exterior, numa tentativa de encontrar os porquês daquilo que aparenta ser óbvio. A pedagogia não faria qualquer sentido se não aproveitasse esta tendência. Como segundo método, destaco também a empatia, talvez o objeto mais poderoso na atividade de um pedagogo. Empatia corresponderá à capacidade de avaliar as individualidades, respeitá-las e adaptar as competências usuais. Definitivamente, não existe um ensino saudável sem empatia! Empatia significa ainda guardar preconceitos e ideias pré–feitas. O percurso de vida de um aluno é profundamente influenciado pelo seu percurso académico, nomeadamente na sua relação com aqueles que dele fizeram parte. Poderia continuar com uma lista de métodos, mas estaria a reduzir o trabalho a um mero guião. Isto porque ser pedagogo também depende da individualidade de cada profissional, da sua experiência, das suas filosofias: cada um deverá adotar o seu próprio método de trabalho, desde que assente nos pressupostos acima, claro. Isto sugere, em particular, que a pedagogia é algo que se desenvolve com a experiência de trabalho, ou dito de outro modo, é algo que um curso de formação não pode desenvolver de forma inteira. Efetivamente, o match entre a individualidade do profissional e o objetivo pretendido requer tempo e um trabalho pessoal importante. Infelizmente, vivemos um paradigma geral de um sistema de ensino completamente banalizado e repleto de problemas, tanto nos alunos, como nos profissionais. É urgente uma alteração destes parâmetros, no sentido de criarmos as condições para um ensino sustentável e que promova o investimento na educação. Não será certamente novidade que nı́veis elevados de escolaridade nas populações geram vários benefı́cios sociais e económicos e com efeitos claros nos flagelos que fazem parte do nosso dia–a–dia. Uma sociedade devidamente educada é, necessariamente, uma sociedade civilizada. Miguel Fernandes