O documento descreve o mito grego de Orfeu e Eurídice, onde Orfeu, um talentoso músico, desce ao mundo dos mortos para resgatar sua esposa Eurídice, que havia morrido. Ele consegue convencer Hades a deixá-la voltar, mas acaba olhando para trás antes de saírem do submundo, fazendo com que Eurídice retornasse para sempre. O documento também discute a adaptação do mito para o teatro por Vinícius de Moraes, chamado "Orfeu da Conceição".
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Mitologia grega antiga
1. MITOLOGIA GREGA ANTIGA
Orfeu e Eurídice
Orfeu, o mais conhecido dos músicos lendários da Grécia Antiga,
é objeto de grande número de mitos um tanto divergentes. Na
mitologia grega, era médico e o poeta mais talentoso que já
viveu. Filho da musa Calíope ou Urânia e de Apolo ou Oeagrus,
rei da Trácia (região do sudeste da Europa e Antiga região
macedônia. Atualmente é dividida entre a Grécia, Turquia e a
Bulgária) e irmão de Lino. Sempre que Orfeu tocava a cítara e a
lira que ganhou e aprendeu a tocá-la com seu pai. Ao ouvi-lo, os
pássaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens
perdiam o medo e o seguiam. As árvores se curvavam para
pegar os sons no vento e até os homens mais irascíveis se
acalmavam.
2. O momento mais trágico a Orfeu foi quando Eurídice morre
picada por uma serpente, em que ele desce ao inferno à procura
da esposa. Com sua arte, Orfeu encanta monstros, as sombras
dos mortos, o barqueiro Caronte e até os deuses infernais, Hades
e Perséfone. Hades então aceita devolver Eurídice aos vivos,
desde que o poeta ande, seguido por ela, sem olhar para trás
uma única vez. Atormentado pela dúvida se a amada realmente o
seguia, já próximo ao final do caminho, Orfeu não resiste e olha
para trás, Eurídice, como que sugada, retornar ao mundo dos
mortos e o desolado músico permanece no mundo dos vivos. Ao
se manter nesse mundo Orfeu elabora poemas descrevendo o
inferno. Algum tempo depois, sem muito esclarecimento lendário,
sabe-se que morreu esquartejado por um grupo de mulheres
enfurecidas, as mênades. A cabeça de Orfeu caiu no mar e
chegou até a Ilha de Lesbos, onde os habitantes ergueram um
túmulo de onde, dizia-se, ser possível ouvir com frequência o
som de uma lira. Orfeu foi levado aos Campos Elísios onde
entretinha os bem-aventurados com sua música. Sua lira foi
transformada pelos deuses em constelação.
Eurídice
Eurídice é a ninfa esposa de Orfeu. O amor do casal, mesmo
consagrado por Himeneu o deus dos matrimônios, não foi capaz
de trazer boa sorte a este relacionamento. Uma atmosfera de
presságios inundou a união desde o início, o que se concretizou
3. quando a jovem, pouco depois, foi assediada por Aristeu, por sua
intensa beleza. Ao escapar da perseguição, ela esbarrou em uma
serpente a qual a picou, matando-a e a ninfa é levada ao mundo
inferior. Orfeu, solitário pela perda de quem tanto amava, desafia
a morte, desce ao inferno, passa por todos os obstáculos e
convence Hades a deixar Eurídice voltar ao mundo dos vivos. O
deus emocionado pela música de sua lira, aceita, mas com a
condição de que Orfeu não olhasse para trás até que ele
chegasse sob o Sol, mas Orfeu desobedece, vê sua esposa, e
ela volta ao Hades. Já o geógrafo Pausânias critica os gregos por
acreditarem na história inverídica de que Orfeu era filho de uma
musa e desceu ao Hades.
4. A ele, Orfeu teria ido a Aornum na Tesprócia onde havia um
oráculo dos mortos, acreditando que o espírito de Eurídice o
seguia; mas o espírito foi embora quando ele se virou, e, por
tristeza, ele cometeu suicídio. Noutra versão, Eurídice era uma
auloníade (ninfas associadas aos pastos localizados em
montanhas e vales). E encontrou sua morte no vale do rio
Pineios, na Tessália, pelas mãos de Aristeu, filho de Apolo e de
Cirene, outra ninfa. O desejo de vingança de Cirene fez com que
ninfa se transformasse numa cobra venenosa, a qual picou
Eurídice enquanto esta fugia de Aristeu. Desesperado, Orfeu
tocou e cantou músicas tão tristes que todos os deuses e ninfas
choraram.
Caronte ilustrado por Gustave Doré, para a Divina Comédia.
Caronte Χάρων, - Kháron era o barqueiro do Hades, que carrega
as almas dos recém-mortos sobre as águas do rio Estige e
Aqueronte, que dividiam o mundo dos vivos ao dos mortos.
Exigia-se uma moeda para pagá-lo pelo trajeto, geralmente um
5. óbolo ou dânaca, era por vezes colocado dentro ou sobre a boca
dos cadáveres, de acordo com a tradição funerária da Grécia
Antiga. Segundo alguns autores, aqueles que não tinham
condições de pagar a quantia, ou aqueles cujos corpos não
haviam sido enterrados, tinham de vagar pelas margens por cem
anos. No mitema da catábase, alguns heróis – como Héracles,
Orfeu, Enéas, Dioniso e Psiquê – conseguem viajar até o mundo
inferior e retornar, ainda vivos, trazidos pela barca de Caronte.
Calíope
Calíope No grego antigo significa Καλλιόπη, transl: Kalliopē, "a da
Bela Voz" – A musa da Poesia Heroica e da Grande Eloquência.
6. Urânia a primeira das nove musas da mitologia grega, filhas de
Zeus e Mnemosine. Calíope era a musa da poesia épica, da
ciência em geral e da eloquência e a mais velha e sábia das
musas, considerada por vezes a rainha destas. É representada
por uma figura de donzela de ar majestoso, coroada de louros e
ornada de grinaldas, sentada em atitude de meditação, com a
cabeça apoiada numa das mãos e um livro na outra, tendo, junto
de si, mais três livros: a Ilíada, a Odisseia e a Eneida. Em outras
representações, traz como atributo um rolo de pergaminho e uma
pena. Também é mãe das sereias e dos coribantes (sacerdotes
da titânide Reia).
Calíope
7. “Agora tu, Calíope, me ensina
O que contou ao Rei o ilustre Gama;
Inspira imortal canto e voz divina
Neste peito mortal, que tanto te ama.
Assim o claro inventor da Medicina,
De quem Orfeu pariste, ó linda Dama,
Nunca por Dafne, Clície ou Leucotoe,
Te negue o amor devido, como soe.”
Fragmento de ―Os lusíadas‖ — Camões
Apolo, também conhecido com Febo (brilhante), na mitologia
grega é considerado o deus da juventude e da luz, identificado
primordialmente como uma divindade solar e mais ecléticas da
mitologia greco-romana. Filho de Zeus e da titânide Latona
(Leto). Irmão gêmeo de Ártemis conhecida pelos romanos como
Diana, a deusa da caça. Representava o deus da morte súbita,
das pragas e doenças, mas também o deus da cura e da
proteção contra as forças malignas, deus da Beleza, da
Perfeição, da Harmonia, do Equilíbrio e da Razão, O iniciador dos
jovens no mundo dos adultos, estava ligado à Natureza, às ervas
e aos rebanhos, e era protetor dos pastores, marinheiros e
arqueiros. Embora tenha tido inúmeros amores, foi infeliz nesse
terreno, mas teve vários filhos.
8. Apolo
Foi representado desde a Antiguidade até o presente, como um
homem jovem, nu e imberbe, no auge de seu vigor, às vezes com
um manto, um arco e uma aljava de flechas (arco e a flecha
dourados), a lira (símbolo da mais espiritual das artes), a coroa
de louros (representando a vitória da sabedoria e da coragem) e
algum de seus animais simbólicos, como a serpente, o corvo ou o
grifo (criatura com cabeça e asas de águia e corpo de leão. Fazia
seu ninho em bolcacas e punha ovos de ouro sobre ninhos de
ouro. Outros ovos são descritos como sendo de ágata).
9. Lino e Héracles
Lino na mitologia grega era um músico ímpar, considerado pelos
autores antigos o inventor do ritmo e de várias melodias, em
especial canções tristes e lamentos. Lino mudando-se para
Tebas tornou-se um cidadão tebano. Na afirmação de Diógenes
Laércio, Lino compôs um poema sobre a origem do mundo, o
curso do Sol e da Lua e a gênese dos animais e das plantas, e
conservou a primeira frase do poema: ἦν ποτέ τοι χρόνος οὗτος,
ἐν ᾧ ἅμα πάντ' ἐπεφύκει, ʻHouve um tempo em que tudo era
criado ao mesmo tempoʼ. O mais provável é que se trate de uma
atribuição tradicional, cuja origem é ignorada. Lino foi o professor
10. encarregado de ensinar música a Héracles. Quando num acesso
de fúria o aluno o atingiu com a lira. Outra versão conta que Lino
tentou rivalizar com Apolo e o deus, irritado com a pretensão, o
matou. Héracles gosta de música tanto quanto de todas as
demais coisas que aprendia, mas, quando começou a aprender
lira, teve sérias dificuldades. Com seus dedos grossos e fortes
ele sempre acabava arrebentando as cordas. Lino desesperava-
se, praguejava contra deuses e demônios. Por mais que Héracles
se esforçasse, não conseguia melhorar, e, certo dia, na execução
de um exercício difícil, arrebentou todas as cordas de uma só
vez. A Lino, aquilo foi a gota d’água, perdeu a paciência e
começou a bater no seu pupilo como se quisesse matá-lo. Não
suportando mais a aula nem o professor, Héracles arremessou a
lira na cabeça do mestre com uma força incontrolável e o
instrumento atingiu violentamente Lino, que caiu morto. Ao ser
levado ao tribunal o herói teve a capacidade de se defender,
devido aos vários ensinamentos recebidos, inclusive sobre
política. Explicou que não teve a intenção de matar seu professor
e citou uma lei decretada pelo maior legislador da Grécia,
Radamanto: aquele que é atacado tem o direito de retaliar. Os
juízes sem ter respostas declaram Héracles inocente.
Héracles Orfeu
11. Héracles que quer dizer "À Glória de Hera", cujo o nome original
foi "Alcides", nome dado a uma tentativa sem sucesso de
apaziguar o ódio de Hera, louca de ciúmes pelas infidelidades do
marido. Na mitologia romana e na maior parte do Ocidente
moderno Héracles tornou-se célebre pelo seu nome latino,
Hércules. Na mitologia grega, era um semideus filhos de
Alcmena e Zeus e meio-irmão de Íficles. Reunindo grande força e
sagacidade, Héracles foi, na mitologia greco-romana, o mais
célebre de todos os heróis, um símbolo do homem em luta contra
as forças da natureza, exemplo de masculinidade, ancestral de
diversos clãs reais (os heráclidas) e paladino da ordem olímpica
contra os monstros ctônicos. O herói aprendeu a ler e escrever,
estudou literatura, filosofia, astronomia, música e canto. Quando
Héracles tinha oito meses de idade, quando Hera ou o pai
Anfítrion colocou duas serpentes em seu berço, para matá-lo,
mas Héracles as destruiu, estrangulando uma em cada mão.
Segundo Ferécides, Anfítrion fez isto para saber qual era seu
filho, pois Íficles fugiu e Héracles ficou firme. Héracles teve que
defender-se das perseguições de Hera desde a tenra infância.
Orfeu no teatro
Interpretação do século XIX da travessia de Caronte, por Alexander Litovchenko.
12. Desde 1942 que a ideia de transpor o mito grego de Orfeu para
uma favela carioca habitava Vinícius de Moraes. Durante esse
ano que o poeta norte-americano Waldo Frank visitava o Brasil e
Vinícius ficou responsável por ciceroneá-lo pelo país. Suas
incursões no mundo das favelas, dos terreiros de candomblé, da
região do Mangue e das escolas de samba da cidade
mergulharam o poeta em uma realidade afro-brasileira que não
vivia até então. Ali, segundo o próprio, começou a aproximação
entre os negros cariocas moradores das favelas e os gregos
heroicos e trágicos dos tempos míticos. "Todas as personagens
da tragédia devem ser normalmente representadas por atores da
raça negra, não importando isto em que não possa ser,
eventualmente, encenada com atores brancos."
Héracles - leão
E assim, Orfeu da Conceição é uma adaptação em forma de
peça musical do mito grego de Orfeu transposto à realidade das
13. favelas cariocas. O espetáculo estreiou no Teatro Municipal do
Rio de Janeiro em 25 de setembro de 1956.
A Peça teve cenários de Oscar Niemeyer. Vinicius declama e
teatraliza (com uma flauta pastoral ao fundo) o "Monólogo de
Orfeu" composto por ele mesmo e Tom Jobim especialmente
para a peça.
Vinicius – Orfeu da Conceição
Fonte:
https://cpantiguidade.wordpress.com/2011/02/22/%E2%80%9Ccaliope%E2%80%9D-
%E2%80%93-a-musa-grega-da-eloquencia/
https://pt.wikipedia.org/