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“OS COLOMBOS”,
FERNANDO
Poema inserido na II parte de “Mensagem”
Mariana Domingues
“Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.”
Fernando Pessoa
“Os Colombos
Outros haverão de ter a
O que houvermos de perder. a
Outros poderão achar b
O que, no nosso encontrar, b
Foi achado, ou não achado, c
Segundo o destino dado. c
Mas o que a eles não toca d
É a Magia que evoca d
O Longe e faz dele história. e
E por isso a sua glória e
É justa auréola dada f
Por uma luz emprestada.” f
1. Estrutura Externa
O poema é constituído por duas
sextilhas e a sua rima é
emparelhada. O seu esquema
rimático é [AABBCC] [DDEEFF].
Os seus versos são constituídos
por sete sílabas métricas sendo,
portanto, redondilhas menores.
“Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.”
2. O Título
O título advém do navegador e
cartógrafo Cristóvão Colombo, o
primeiro Europeu a chegar a
América.
Este feiro foi alcançado ao serviço
dos reis de Espanha, depois de
recusado por Portugal.
“Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.”
3. Estrutura interna e análise
temática
Este poema pode ser dividido a nível
temático em duas partes: a primeira
e segunda estrofe, respetivamente.
A primeira referente aos
navegadores estrangeiros, os
“outros” (v.1) e a segunda a
Cristóvão Colombo.
“Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.”
3. 1 Primeira Parte
É relevante relembrar que este poema se encontra na
II Parte de “Mensagem” – Mar Português, onde os
feitos e as personalidades dos Descobrimentos
serão relembrados e exaltados.
Todo este poema desdobra-se sobre a ideia de os
navegadores e nações estrangeiras só conquistaram
territórios porque a Nação Portuguesa não quis
explorar esses locais, ou seja, a glória dessas nações
é apenas um reflexo da luz das descobertas
portuguesas (“Outros haverão de ter / O que
houvermos de perder.” – vv. 1 e 2) Esta ideia está
claramente e respetivamente expressa na anáfora
dos quatro primeiros versos. Nesta primeira estrofe
são visíveis ideais de supremacia da nação
Portuguesa e de nacionalismo estão claramente
identificados.
“Os Colombos
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.”
3.2 Segunda Parte
A primeira parte serve como introdução para a
segunda.
Podemos concluir que, agora com mais
precisão, foi Espanha que ficou com a honra
da descoberta da América porque Portugal
assim o quis, havendo uma clara abordagem
ao caso de Cristóvão Colombo . Isto está
claramente visível na imagem da “luz
emprestada” (v.12), sublinhando que Espanha
só aceitou o que primeiramente Portugal
negou. Isto contribui para uma irreal e nobre
exaltação da Nação face a todas as outras.
“TORMENTAS”,
FERNANDO
PESSOA
Poema inserido na III parte de “Mensagem”
Mariana Domingues
“Tormenta
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.
Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha, e o mar escuro estruge.”
Fernando Pessoa
“Tormenta
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue? a
Nós, Portugal, o poder ser. b
Que inquietação do fundo nos soergue? a
O desejar poder querer. b
Isto, e o mistério de que a noite é o fausto... c
Mas súbito, onde o vento ruge, d
O relâmpago, farol de Deus, um hausto c
Brilha, e o mar escuro estruge.” d
Fernando Pessoa
1. Estrutura Externa
O poema é constituído por duas
quadras e a sua rima é cruzada. O
seu esquema rimático é [ABAB]
[CDCD].
A sua métrica é regular já que vai
alterando entre versos
decassilábicos e octossilábicos.
“Tormenta
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.
Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha, e o mar escuro estruge.”
Fernando Pessoa
2. Análise Temática
O poema começa com uma interrogação
retórica que questiona quem é que se
encontra nas profundezas misteriosas do
mar. Conseguimos ver logo a resposta no
segundo verso, quando o eu lírico diz que é
Portugal. No entanto, com a ideia de que
Portugal ainda tem o seu futuro para
cumprir (“o poder ser” – v.2), fazendo assim
a referência ao V Império. Ainda no
segundo verso é relevante acentuar a ideia
de coletivo (“Nós”). De seguida outra
interrogação retórica é levantada: como é
que Portugal se pode levantar do fundo
(“abismo”), ou seja, do esquecimento? O
quarto verso responde a esta questão.
Sublinha que o sair do esquecimento só é
possível com a força de vontade, o querer
e a inquietação coletiva.
“Tormenta
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.
Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha, e o mar escuro estruge.”
Fernando Pessoa
2. Análise Temática
A explicação à questão “Que
inquietação do fundo nos soergue?”
continua. O eu lírico refere-se ao
Fausto, que, segundo uma lenda
alemã, vendia a alma ao diabo em
troca de riqueza e conhecimento.
Assim sendo, o que o eu lírico
pretende demonstrar é que para
alcançar o mérito todos os
esforços tem de ser prestados. Por
fim, existe uma referência a Deus
que ilumina aqueles que são
audaciosos.

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Análise dos poemas "Os Colombos" e "Tormentas"

  • 1. “OS COLOMBOS”, FERNANDO Poema inserido na II parte de “Mensagem” Mariana Domingues
  • 2. “Os Colombos Outros haverão de ter O que houvermos de perder. Outros poderão achar O que, no nosso encontrar, Foi achado, ou não achado, Segundo o destino dado. Mas o que a eles não toca É a Magia que evoca O Longe e faz dele história. E por isso a sua glória É justa auréola dada Por uma luz emprestada.” Fernando Pessoa
  • 3. “Os Colombos Outros haverão de ter a O que houvermos de perder. a Outros poderão achar b O que, no nosso encontrar, b Foi achado, ou não achado, c Segundo o destino dado. c Mas o que a eles não toca d É a Magia que evoca d O Longe e faz dele história. e E por isso a sua glória e É justa auréola dada f Por uma luz emprestada.” f 1. Estrutura Externa O poema é constituído por duas sextilhas e a sua rima é emparelhada. O seu esquema rimático é [AABBCC] [DDEEFF]. Os seus versos são constituídos por sete sílabas métricas sendo, portanto, redondilhas menores.
  • 4. “Os Colombos Outros haverão de ter O que houvermos de perder. Outros poderão achar O que, no nosso encontrar, Foi achado, ou não achado, Segundo o destino dado. Mas o que a eles não toca É a Magia que evoca O Longe e faz dele história. E por isso a sua glória É justa auréola dada Por uma luz emprestada.” 2. O Título O título advém do navegador e cartógrafo Cristóvão Colombo, o primeiro Europeu a chegar a América. Este feiro foi alcançado ao serviço dos reis de Espanha, depois de recusado por Portugal.
  • 5. “Os Colombos Outros haverão de ter O que houvermos de perder. Outros poderão achar O que, no nosso encontrar, Foi achado, ou não achado, Segundo o destino dado. Mas o que a eles não toca É a Magia que evoca O Longe e faz dele história. E por isso a sua glória É justa auréola dada Por uma luz emprestada.” 3. Estrutura interna e análise temática Este poema pode ser dividido a nível temático em duas partes: a primeira e segunda estrofe, respetivamente. A primeira referente aos navegadores estrangeiros, os “outros” (v.1) e a segunda a Cristóvão Colombo.
  • 6. “Os Colombos Outros haverão de ter O que houvermos de perder. Outros poderão achar O que, no nosso encontrar, Foi achado, ou não achado, Segundo o destino dado.” 3. 1 Primeira Parte É relevante relembrar que este poema se encontra na II Parte de “Mensagem” – Mar Português, onde os feitos e as personalidades dos Descobrimentos serão relembrados e exaltados. Todo este poema desdobra-se sobre a ideia de os navegadores e nações estrangeiras só conquistaram territórios porque a Nação Portuguesa não quis explorar esses locais, ou seja, a glória dessas nações é apenas um reflexo da luz das descobertas portuguesas (“Outros haverão de ter / O que houvermos de perder.” – vv. 1 e 2) Esta ideia está claramente e respetivamente expressa na anáfora dos quatro primeiros versos. Nesta primeira estrofe são visíveis ideais de supremacia da nação Portuguesa e de nacionalismo estão claramente identificados.
  • 7. “Os Colombos Mas o que a eles não toca É a Magia que evoca O Longe e faz dele história. E por isso a sua glória É justa auréola dada Por uma luz emprestada.” 3.2 Segunda Parte A primeira parte serve como introdução para a segunda. Podemos concluir que, agora com mais precisão, foi Espanha que ficou com a honra da descoberta da América porque Portugal assim o quis, havendo uma clara abordagem ao caso de Cristóvão Colombo . Isto está claramente visível na imagem da “luz emprestada” (v.12), sublinhando que Espanha só aceitou o que primeiramente Portugal negou. Isto contribui para uma irreal e nobre exaltação da Nação face a todas as outras.
  • 8. “TORMENTAS”, FERNANDO PESSOA Poema inserido na III parte de “Mensagem” Mariana Domingues
  • 9. “Tormenta Que jaz no abismo sob o mar que se ergue? Nós, Portugal, o poder ser. Que inquietação do fundo nos soergue? O desejar poder querer. Isto, e o mistério de que a noite é o fausto... Mas súbito, onde o vento ruge, O relâmpago, farol de Deus, um hausto Brilha, e o mar escuro estruge.” Fernando Pessoa
  • 10. “Tormenta Que jaz no abismo sob o mar que se ergue? a Nós, Portugal, o poder ser. b Que inquietação do fundo nos soergue? a O desejar poder querer. b Isto, e o mistério de que a noite é o fausto... c Mas súbito, onde o vento ruge, d O relâmpago, farol de Deus, um hausto c Brilha, e o mar escuro estruge.” d Fernando Pessoa 1. Estrutura Externa O poema é constituído por duas quadras e a sua rima é cruzada. O seu esquema rimático é [ABAB] [CDCD]. A sua métrica é regular já que vai alterando entre versos decassilábicos e octossilábicos.
  • 11. “Tormenta Que jaz no abismo sob o mar que se ergue? Nós, Portugal, o poder ser. Que inquietação do fundo nos soergue? O desejar poder querer. Isto, e o mistério de que a noite é o fausto... Mas súbito, onde o vento ruge, O relâmpago, farol de Deus, um hausto Brilha, e o mar escuro estruge.” Fernando Pessoa 2. Análise Temática O poema começa com uma interrogação retórica que questiona quem é que se encontra nas profundezas misteriosas do mar. Conseguimos ver logo a resposta no segundo verso, quando o eu lírico diz que é Portugal. No entanto, com a ideia de que Portugal ainda tem o seu futuro para cumprir (“o poder ser” – v.2), fazendo assim a referência ao V Império. Ainda no segundo verso é relevante acentuar a ideia de coletivo (“Nós”). De seguida outra interrogação retórica é levantada: como é que Portugal se pode levantar do fundo (“abismo”), ou seja, do esquecimento? O quarto verso responde a esta questão. Sublinha que o sair do esquecimento só é possível com a força de vontade, o querer e a inquietação coletiva.
  • 12. “Tormenta Que jaz no abismo sob o mar que se ergue? Nós, Portugal, o poder ser. Que inquietação do fundo nos soergue? O desejar poder querer. Isto, e o mistério de que a noite é o fausto... Mas súbito, onde o vento ruge, O relâmpago, farol de Deus, um hausto Brilha, e o mar escuro estruge.” Fernando Pessoa 2. Análise Temática A explicação à questão “Que inquietação do fundo nos soergue?” continua. O eu lírico refere-se ao Fausto, que, segundo uma lenda alemã, vendia a alma ao diabo em troca de riqueza e conhecimento. Assim sendo, o que o eu lírico pretende demonstrar é que para alcançar o mérito todos os esforços tem de ser prestados. Por fim, existe uma referência a Deus que ilumina aqueles que são audaciosos.