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REFORMA PEREIRA PASSOS
NASCE A PARIS DA AMERICA DO SUL
NASCE AS FAVELAS DO RIO DE JANEIRO
O RIO DE JANEIRO NO COMEÇO
DO SÉCULO XX
No começo do século XX, o Rio de Janeiro, apesar de sua deslumbrante paisagem
natural, era em muitos aspectos um lugar difícil para se viver. Fruto de uma
urbanização acelerada e sem planejamento, o centro do Rio era uma região tão
interessante quanto caótica. Suas vielas estreitas e sinuosas, úmidas, sujas e mal
iluminadas eram foco permanente de doenças.
As epidemias eram frequentes; o trânsito, uma grande confusão.
Os pobres, grande parte deles, moravam em habitações coletivas sem as mínimas
condições de higiene. Pelas ruas do centro da cidade uma profusão de gente, carroças
e carruagens disputava ojá reduzido espaço com o bonde e com os primeiros
automóveis – signo maior de nossa modernidade tropical. Para muitos higienistas,
sanear era construir avenidas; era alargar as ruas para melhor aproveitamento do sol e
dos ventos; era mudar os costumes; era demolir o velho e insalubre casario.
Inspirada no plano de remodelação de Paris executado pelo barão Georges-Eugène
Haussmann ainda no século XIX, a Reforma Pereira Passou transformou radicalmente a
fisionomia do centro do Rio. Em poucos anos, uma nova metrópole nasceria dos
escombros da velha cidade.
Obras de urbanização do centro do Rio de Janeiro entre General Câmara e Santa Luzia
no centro do Rio de Janeiro.
Obras na rua da Carioca, no centro do Rio de Janeiro. 31 jun. 1906. Foto Augusto Malta.
Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
Sobrado a ser demolido para as obras de urbanização do centro do Rio, localizado na
rua dos Ourives entre a rua da Alfândega e a rua do Hospício. s.d. Foto Augusto Malta.
Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
Obras de urbanização do centro do Rio de Janeiro entre General Câmara e Prainha.
Cartão-postal. s.d.
Inauguração do trecho da rua Sete de Setembro entre a avenida 1º de Março e avenida
Central (atual Rio Branco). Da esquerda para a direita, o presidente da República,
Rodrigues Alves, e o prefeito do Distrito Federal, Francisco Pereira Passos. 6 set. 1906
Avenida Central (atual Rio Branco) após a inauguração em 7 de setembro de 1904. A
avenida foi aberta ao tráfego em 15 de novembro de 1905. s.d. Foto Augusto Malta.
Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
Não só a intenção de mostrar-
se ao mundo, mas o que a
população urbana que imitava
Paris dizia, e a imprensa
acompanhava, assim como a
ordem pública, era que os
cortiços eram tidos
como valhacouto de
desordeiros
Mas, apesar de todas essas melhorias, a reforma teve também o seu lado sombrio e
excludente. Centenas de casebres e cortiços foram demolidas por motivos de higiene
ou para dar passagem às novas artérias que surgiam em ritmo vertiginoso. Com as
demolições, a população que tinha alguma fonte de renda deslocou-se do centro para o
subúrbio, enquanto que os mais pobres foram habitar as encostas dos morros,
engrossando o contingente populacional das favelas que começavam a surgir. O “furor
das picaretas regeneradoras” – para usar a expressão de Olavo Bilac – recebeu da
população o apelido de “Bota-Abaixo”.

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  • 1. REFORMA PEREIRA PASSOS NASCE A PARIS DA AMERICA DO SUL NASCE AS FAVELAS DO RIO DE JANEIRO
  • 2. O RIO DE JANEIRO NO COMEÇO DO SÉCULO XX No começo do século XX, o Rio de Janeiro, apesar de sua deslumbrante paisagem natural, era em muitos aspectos um lugar difícil para se viver. Fruto de uma urbanização acelerada e sem planejamento, o centro do Rio era uma região tão interessante quanto caótica. Suas vielas estreitas e sinuosas, úmidas, sujas e mal iluminadas eram foco permanente de doenças. As epidemias eram frequentes; o trânsito, uma grande confusão. Os pobres, grande parte deles, moravam em habitações coletivas sem as mínimas condições de higiene. Pelas ruas do centro da cidade uma profusão de gente, carroças e carruagens disputava ojá reduzido espaço com o bonde e com os primeiros automóveis – signo maior de nossa modernidade tropical. Para muitos higienistas, sanear era construir avenidas; era alargar as ruas para melhor aproveitamento do sol e dos ventos; era mudar os costumes; era demolir o velho e insalubre casario. Inspirada no plano de remodelação de Paris executado pelo barão Georges-Eugène Haussmann ainda no século XIX, a Reforma Pereira Passou transformou radicalmente a fisionomia do centro do Rio. Em poucos anos, uma nova metrópole nasceria dos escombros da velha cidade.
  • 3. Obras de urbanização do centro do Rio de Janeiro entre General Câmara e Santa Luzia no centro do Rio de Janeiro.
  • 4. Obras na rua da Carioca, no centro do Rio de Janeiro. 31 jun. 1906. Foto Augusto Malta. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
  • 5. Sobrado a ser demolido para as obras de urbanização do centro do Rio, localizado na rua dos Ourives entre a rua da Alfândega e a rua do Hospício. s.d. Foto Augusto Malta. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
  • 6. Obras de urbanização do centro do Rio de Janeiro entre General Câmara e Prainha. Cartão-postal. s.d.
  • 7. Inauguração do trecho da rua Sete de Setembro entre a avenida 1º de Março e avenida Central (atual Rio Branco). Da esquerda para a direita, o presidente da República, Rodrigues Alves, e o prefeito do Distrito Federal, Francisco Pereira Passos. 6 set. 1906
  • 8. Avenida Central (atual Rio Branco) após a inauguração em 7 de setembro de 1904. A avenida foi aberta ao tráfego em 15 de novembro de 1905. s.d. Foto Augusto Malta. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
  • 9. Não só a intenção de mostrar- se ao mundo, mas o que a população urbana que imitava Paris dizia, e a imprensa acompanhava, assim como a ordem pública, era que os cortiços eram tidos como valhacouto de desordeiros
  • 10. Mas, apesar de todas essas melhorias, a reforma teve também o seu lado sombrio e excludente. Centenas de casebres e cortiços foram demolidas por motivos de higiene ou para dar passagem às novas artérias que surgiam em ritmo vertiginoso. Com as demolições, a população que tinha alguma fonte de renda deslocou-se do centro para o subúrbio, enquanto que os mais pobres foram habitar as encostas dos morros, engrossando o contingente populacional das favelas que começavam a surgir. O “furor das picaretas regeneradoras” – para usar a expressão de Olavo Bilac – recebeu da população o apelido de “Bota-Abaixo”.