SlideShare a Scribd company logo
1 of 69
Download to read offline
Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul
Noções de Hidrologia
Engª Civil CAMILA DOURADO MACHADO
Gerência de Recursos Hídricos/ PROGESTÃO
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Ementa:
• Hidrologia e sua Importância
• Ciclo Hidrológico
• Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico
• Evaporação e Transpiração
• Precipitação
• Infiltração
• Escoamento Superficial
• Medições de Vazões
• Vazões Características
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Hidrologia e sua Importância
• Hidrologia é a ciência que estuda a água sobre a
Terra; sua quantidade, distribuição, circulação,
características químicas e físicas, e sua relação com o
meio ambiente e com os seres vivos.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Hidrologia e sua Importância
• É uma “ciência da Terra”.
• De forma bem simplificada pode-se dizer que a
hidrologia tenta responder à pergunta:
 O que acontece com a água da chuva?
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Hidrologia e sua Importância
• Utiliza princípios hidrológicos na solução de
problemas de Engenharia relacionados à exploração
dos recursos hídricos.
• Engenharia Hidrológica - É uma ciência aplicada.
• Subdivisões: Hidrogeologia, Hidrologia de
Superfície, Hidrologia Estatística etc.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• Abastecimento
• Navegação
• Irrigação
• Diluição de poluentes
• Manutenção dos ecossistemas
• Pesca
• Turismo
• Recreação
• Geração de energia elétrica
Relacionada aos usos da água
Hidrologia e sua Importância
6
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• Controle de cheias
• Proteção contra enchentes
• Drenagem urbana
• Proteção/restauração de recursos biológicos
• Erosão e assoreamento
• Tratamento de esgotos
• Gestão de águas
Relacionada ao manejo da água
Hidrologia e sua Importância
7
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Ciclo Hidrológico
8
 Fenômeno global de circulação fechada da
água entre a superfície terrestre e a
atmosfera, impulsionado pela energia solar
associada à gravidade e à rotação terrestre.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Evaporação; Precipitação; Interceptação vegetal; Infiltração;
Percolação; Escoamento superficial ou enxurrada; Transpiração
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Ciclo Hidrológico - Componentes
10
Evaporação: A energia solar que incide sobre a água que
circula na superfície terrestre, provoca o seu aquecimento
transferindo-a para a atmosfera na forma de vapor. Os
oceanos são os maiores contribuintes, por cobrirem a maior
parte da superfície da terra.
Transpiração: é a parcela da água absorvida pelas plantas,
através das raízes e a devolvem para a atmosfera na forma
de vapor de água.
Evapotranspiração: é a soma da evaporação e da
transpiração.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Ciclo Hidrológico - Componentes
11
Interceptação vegetal: é a parcela da chuva que fica retida
nas plantas, quer dizer, não atinge o solo e evapora
novamente.
Infiltração: é a parte da chuva que penetra no solo e ocupa
os espaços vazios.
Percolação: é parte da infiltração que, quando os espaços
vazios do solo foram todos ocupados, ou seja, em solos
saturados a água desce pela ação da gravidade, atingindo
zonas mais profundas e alimentando os lençóis subterrâneos.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Ciclo Hidrológico - Componentes
12
Escoamento superficial ou enxurrada: Quando o solo
está muito encharcado e a água da chuva não infiltra mais,
passa a escorrer sobre a superfície buscando áreas mais
baixas e alimentando rios, lagos e mares.
Precipitação: quando a atmosfera fica saturada de vapor
d’água, ocorre a chuva, também conhecida como
precipitação. O granizo, neblina, orvalho, geada e neve
também são consideradas precipitações.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico
13
Na fase terrestre do ciclo hidrológico, o elemento
fundamental é a Bacia hidrográfica.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico
14
• Área de captação natural dos fluxos de água originados
da precipitação;
• Converge os escoamentos para um único ponto de saída
(exultório);
• Requer a definição de um curso d’água, de um ponto ou
seção de referência ao longo deste curso d’água e de
informações sobre o relevo da região.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico
15
• Uma bacia hidrográfica pode ser dividida em sub-bacias e cada
uma das sub-bacias pode ser considerada uma bacia hidrográfica.
• A bacia hidrográfica pode ser considerada como um sistema físico
sujeito a entradas de água (eventos de precipitação) que gera
saídas de água (escoamento e evapotranspiração). A bacia
hidrográfica transforma uma entrada concentrada no tempo
(precipitação) em uma saída relativamente distribuída no tempo
(escoamento).
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico
16
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico
17
• Delimitação:
• Curso d’água;
• Ponto ou seção de referência (exutório);
• Informações sobre o relevo da região.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
18
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico
19
• dV = P – E – Q - I
• no longo prazo dV pode ser considerado zero
• P = Q + E + I
Balanço Hídrico:
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Evaporação e Transpiração
20
Evaporação é a transformação da água do estado líquido
para o de vapor, a partir de uma superfície líquida, solo nu
ou vegetação sobre solo.
mm/dia
mm/mês...
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Evaporação e Transpiração
21
Transpiração é a parte da evapotranspiração que vai para
a atmosfera a partir do solo através das plantas.
mm/dia
mm/mês...
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Evaporação e Transpiração
22
Importância
•Perdas de água em reservatórios
•Cálculo de necessidades de irrigação
•Balanço hídrico em bacias (modelos chuva-vazão)
•Conhecimento dos diversos processos dos ecossistemas
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Evaporação e Transpiração
23
Como medir ou calcular a Evapotranspiração?
• Métodos Diretos (aparelhos de medida);
• Métodos Indiretos (balanço energético, fórmulas
empíricas...).
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Precipitação
24
Importância da Precipitação
• A precipitação é a única forma de entrada de água em uma
bacia hidrográfica;
• Ela fornece subsídios para a quantificação do
abastecimento de água, irrigação, controle de inundações,
erosão do solo, etc;
• É fundamental para o adequado dimensionamento de
obras hidráulicas, entre outros.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Precipitação
25
Características Principais das Precipitações
• Altura pluviométrica (r): corresponde à espessura média da lâmina da
água que se formaria no solo como resultado de uma chuva, caso não
houvesse escoamento, infiltração ou evaporação de água precipitada.
Expressas em mm de chuva;
• Duração (t): é o período de tempo contado desde o início até o fim da
chuva, expresso geralmente em horas ou minutos;
• Frequência de ocorrência ou probabilidade (p): é a quantidade de
ocorrências de eventos iguais ou superiores ao evento de chuva
considerado;
• Intensidade de precipitação que é a relação entre a altura
pluviométrica e a duração da chuva. Expressa-se em (mm/h) ou
(mm/min).
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Precipitação
26
Medição das Precipitações
• Principais medidores: Pluviômetro e Pluviógrafo;
• Medidores mais recentes: Radar e Imagens de Satélite;
• Apesar de no Brasil ser convencional a medição por
Pluviômetros e Pluviógrafos, existem medidas efetuadas
por Radar e Imagens de Satélite, mesmo estes dois últimos
possuírem ainda erros associados relativamente grandes;
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Infiltração
27
• Taxa de água à qual um solo pode absorver a precipitação
numa certa condição.
• É a parte da chuva que penetra no solo e ocupa os
espaços vazios.
• Parte da água percola, constituindo a Recarga ou Recursos
Renováveis dos Aquíferos.
 Vazão de Base e Manutenção do Escoamento Superficial
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Escoamento Superficial
28
• Fase que trata da ocorrência e transporte da água na superfície
terrestre. (Aproveitamento Superficial)
• Ocorre após a água da precipitação ficar retida em depressões, em
forma de película em torno das partículas sólidas, a capacidade de
retenção da vegetação foi excedida, assim como a taxa de infiltração do
solo;
• Processo gradativo e acumulativo, começa em filetes que escoam sobre
a superfície do solo, e a soma de vazões vão formando os córregos,
canais, corredeiras e rios;
• Ocorre de um ponto mais alto para um de menor cota, ou até os
oceanos e mares;
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Escoamento Superficial
29
Representação do Escoamento Através do Hidrograma
• A vazão, ou volume escoado por unidade de tempo → principal
grandeza que caracteriza o escoamento (m³/s ou L/s);
• Hidrograma → denominação dada ao gráfico que relaciona a vazão
no tempo;
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Escoamento Superficial
30
Representação do Escoamento Através do Hidrograma
A forma do hidrograma depende de um grande número de fatores,
os mais importantes são:
• Relevo;
• Cobertura da bacia;
• Modificações artificiais no rio;
• Distribuição, duração e intensidade da precipitação;
• Solo;
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
31
Estações hidrométricas
•Rede de monitoramento hidrométrica
•Estações pluviométricas – Precipitação;
•Estações fluviométricas – Nível d’água;
•Estações meteorológicas – Precipitação, temperatura,
pressão atmosférica, radiação solar, evaporação,
umidade do ar, ventos;
•Estações sedimentométricas – Concentração de
sedimentos.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
32
Para que medir as variáveis?
•Conhecer e interpretar os fenômenos do ciclo hidrológico;
•Aplicar modelos matemáticos para previsão de chuva, vazão
e eventos raros;
•Conhecer a disponibilidade hídrica;
•Construir e operar projetos de recursos hídricos.
Onde há água???
Com quanta água se pode contar???
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
33
Por que medir vazões???
•Criar séries históricas
•Análise de mínimas
•Autodepuração de esgotos
•Calado para navegação
•Análise de vazões médias
•Cálculo do volume de reservatórios
•Dimensionamento de sistemas de abastecimento de água
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
34
Por que medir vazões???
•Análise de vazões máximas
•Sistemas de drenagem
•Segurança de barragens
•Cálculo de vertedores
•Operação em tempo real
•Operação de comportas
•Controle de cheias
•Eficiência dos Projetos!
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Medição de Vazões
35
• Medição Convencional com Molinete Hidrométrico;
• Curva-Chave ou Curva de Descarga;
• Medição através de Perfiladores Acústicos.
Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul
Vazões Características
Engª Civil CAMILA DOURADO MACHADO
Gerência de Recursos Hídricos/ PROGESTÃO
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• São aquelas vazões cujas magnitudes não são esperadas em um
curto intervalo de tempo
• Estão associadas aos riscos contra a segurança da barragem
• Finalidades
• Dimensionamento do vertedouro
• Determinação da borda livre da barragem
• Verificação da capacidade de amortecimento do reservatório
• Para reservatórios com finalidade de controle de cheias, estabelecer
volumes de espera
• Avaliar a área que o reservatório inundará em eventos de cheias e
determinar a interferência direta do reservatório em outros usos de
recursos hídricos (outorgados ou não)
Vazões Máximas
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• As metodologias para a determinação das vazões máximas podem
ser
• Empíricas
• Probabilísticas
• Hidrometeorológicas
• Método racional
• A metodologia mais utilizada em estudos hidrelétricos utiliza-se dos
métodos probabilísticos
• Baseiam-se no ajuste da série de vazões máximas anuais a
distribuições estatísticas de variáveis contínuas
• No Guia Para Cálculo de Cheia de Projeto de Vertedores, a
Eletrobras sugere estudar as distribuições estatísticas de Gumbel e
Exponencial de Dois Parâmetros
Vazões Máximas
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• Distribuições estatísticas – fórmulas finais
• Distribuição Gumbel
𝑄 𝑇𝑅 = 𝑄 − 0,45 ∙ 𝜎 − 0,7797 ∙ 𝜎 ∙ ln − ln 1 −
1
𝑇𝑅
• Distribuição Exponencial de 2 parâmetros
𝑄 𝑇𝑅 = 𝑄 − 𝜎 − 𝜎 ∙ ln
1
𝑇𝑅
• A ELETROBRÁS, nas Diretrizes para Projetos de PCH, recomenda que a
escolha da distribuição estatística seja feita com base na assimetria da
amostra
• Coeficiente de assimetria aS < 1,5  Gumbel
• Coeficiente de assimetria aS > 1,5  Exponencial de dois parâmetros
• Outras distribuições podem ser testadas
Vazões Máximas – Método Probabilístico
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• Num posto fluviométrico, a análise estatística da série de vazões
máximas anuais de 66 anos forneceu como média a vazão de 847,0
m³/s, desvio padrão de 496,7 m³/s e coeficiente de assimetria de
1,87. Determinar, pelos modelos de Gumbel e Exponencial de Dois
Parâmetros, as vazões máximas com TR de 10, 50 e 100 anos.
• Gumbel  𝑄 𝑇𝑅 = 847 − 0,45 ∙ 496,7 − 0,7797 ∙ 496,7 ∙ ln − ln 1 −
1
𝑇𝑅
• Exponencial  𝑄 𝑇𝑅 = 847 − 496,7 − 496,7 ∙ ln
1
𝑇𝑅
• Pelo critério ELETROBRÁS  distribuição Exponencial (aS > 1,5)
Tempo de retorno (anos)
Vazões máximas (m³/s)
Gumbel Exponencial
10 1.495,34 1.493,99
50 2.135,20 2.293,40
100 2.405,70 2.637,69
Vazões Máximas – Método Probabilístico
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• São aquelas vazões cujas magnitudes não são esperadas em um
curto intervalo de tempo
• Esses eventos podem trazer prejuízos consideráveis às populações
e ao ambiente
• Finalidades
• Caracterização das condições de estiagem do rio
• Auxiliar na determinação da vazão remanescente para jusante
• A vazão remanescente é estabelecida pelo órgão gestor, sempre
respeitando os valores estabelecidos pelo órgão ambiental, com
vistas:
• ao atendimento dos usos de jusante (vazões e níveis)
• à diluição de efluentes a jusante
• à manutenção de ecossistemas aquáticos
• vazão ecológica ou hidrograma ecológico
Vazões Mínimas
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• A sua determinação pode ser feita por diversos métodos
• Mínima média mensal
• Q7,10 ajustado por Distribuições Estatísticas
• Gumbel
• Weibull
• Log-Normal de 2 e de 3 parâmetros
• Pearson III
• Log-Pearson III
• etc.
• Valores obtidos da curva de permanência de vazões
• Frações da Q90% ou da Q95%, por exemplo
• Frações da QMLT
• Hidrograma ecológico
Vazões Mínimas
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Vazões de referência, máximas outorgáveis e remanescentes
definidas por órgãos ambientais de Estados Brasileiros:
ESTADO Vazão de
referência
Vazão Máxima
Outorgável
Vazão
Remanescente
DF Q7,10 / Q90 80% Q7,10 / Q90
20% Q7,10 / Q90
GO Q95
50% Q95 50% Q95
MG
50%Q7,10
50%Q7,10Q7,10
MS
30%Q9570%Q95Q95
Vazões Mínimas – Critérios de Outorga
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Determinação de Vazões Características
Q7,10
Q90%
Q95%
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Q7,10 significa vazão de 7 dias consecutivas em 10 anos. A
representação também pode ser 7Q10 muito usada nos
Estados Unidos.
Também em meados dos ano 70 apareceu nos Estados
Unidos o método Q7,10 que foi exigido em projetos para evitar
o problema de poluição dos rios. No estado da Pennsylvania
foi exigido para áreas maiores que 1,3km2 e a vazão mínima
usada foi de 1 L/s x Km2 que era a vazão necessária na bacia
para o fluxo natural da água. Se a vazão fosse menor que
Q7,10 haveria degradação do curso de água.
O método Q7,10 não possui nenhuma base ecológica.
Método Q7,10
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Portanto, na origem da criação do Q7,10 tinha como função o
recebimento de descargas de esgotos sanitários.
Mais tarde houve mudança de significado do método Q7,10 passando
a refletir a situação do habitat aquático e do habitat na região
ribeirinha.
Segundo Sarmento, 2007 o método Q7,10 segue duas etapas:
1. Calcula-se o Q7 para todos os anos de registro histórico
considerado;
2. Aplica-se uma distribuição estatística de vazão mínima
denominada distribuição de Gumbel ou a de Weibull que são as
mais comuns.
Método Q7,10
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Os estudos da WSC, 2004 mostraram que a vazão Q7,10
corresponde a vazão Q98,85 a Q99,85. Os métodos mais usados
no mundo são o Q7,10 e o Q95.
Exemplo de Cálculo
WATERSHED SCIENCE CENTRE, Hydrological low flow and their uses. WSC Repor 04-2004 de agosto de 2004,
Ontario, www.trentu.ca/ws.
Método Q7,10
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Curva de Permanência
• “Curva que indica a percentagem do tempo em que um determinado
valor de vazão foi igualado ou ultrapassado durante um período de
observações”
• É um tipo de análise de frequências
• Deve ser construída com dados de vazões considerando iguais
intervalos de tempo
• Podem ser diários, semanais, mensais etc.
• É muito útil para a definição de critérios de outorga, para navegação,
para análises de qualidade da água, para estudos hidrelétricos etc.
• Q95% é a menor vazão que um rio garante em 95% do tempo
• Nos outros 5%, a vazão mantém-se abaixo desse valor
• Permite avaliar as características da bacia em relação ao regime de
vazões do rio
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
X
X
Curva de Permanência mensal
Hidrograma mensal
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
1,00
11,00
21,00
31,00
41,00
51,00
61,00
71,00
81,00
91,00
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Vazão(m3/s)
Probabilidadedeocorreremvazõesiguaisousuperiores
CurvadePermanência
Observa-se que a vazão de 30 m³/s é igualada ou superada em
menos de 10% do tempo. Apesar de apresentar picos de cheias com
110 m³/s ou mais, na maior parte do tempo as vazões do rio “Rio
Grande” neste local são bastante inferiores a 6 m³/s.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Para destacar mais a faixa de vazões mais baixas, a Curva de
Permanência pode ser apresentada com eixo vertical logarítmico.
1,00
10,00
100,00
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 70% 75% 80% 85% 90% 95% 100%
Vazão(m3/s)
Probabilidade de ocorrerem vazões iguais ou superiores
Curva de Permanência
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Alguns pontos da curva de permanência recebem atenção especial:
 A vazão que é superada em 50% do tempo (mediana das
vazões) é a chamada Q50.
 A vazão que é superada em 90% do tempo é chamada de
Q90, e é utilizada como referência para legislação na área de
Meio Ambiente e de Recursos Hídricos em muitos Estados
do Brasil.
 A vazão que é superada em 95% do tempo é chamada de
Q95, e é utilizada para definir a Energia Assegurada de uma
usina hidrelétrica.
Curva de Permanência
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
A curva de permanência também é útil para diferenciar o
comportamento de rios e para avaliar o efeito de modificações
como desmatamento, reflorestamento, construção de
reservatórios e extração de água para uso consuntivo.
Curva de Permanência
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• Figura: Curvas de permanência dos rios Cuiabá, em Cuiabá
(MT), e Taquari, em Coxim (MS), baseadas nos dados de vazão
diária de 1980 a 1984.
 As duas bacias tem áreas de drenagem, relevo e
precipitação média anual semelhantes.
 A vazão média do rio Cuiabá é de 438 m³/s neste período,
enquanto a vazão média do rio Taquari é de 436 m³/2, ou
seja, são praticamente idênticas.
 Entretanto, observa-se que as vazões mínimas são mais
altas no rio Taquari do que no rio Cuiabá e as vazões
máximas são maiores no rio Cuiabá.
Curva de Permanência
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Curva de Permanência
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• O rio Cuiabá apresenta maior variabilidade das vazões, que se
alternam rapidamente entre situações de baixa e de alta vazão,
enquanto o rio Taquari permanece mais tempo com vazões
próximas da média. As duas bacias tem áreas de drenagem,
relevo e precipitação média anual semelhantes.
 A geologia da bacia do rio Taquari favorece mais a infiltração
da água no solo, e esta água chega ao rio apenas após um
longo período em que fica armazenada no subsolo.
 A vazão do rio Taquari é naturalmente regularizada pelos
aquíferos existentes na bacia, enquanto que na bacia do rio
Cuiabá este efeito não é tão importante.
Curva de Permanência
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
• Reservatórios: Curva de permanência mais horizontal, com
valores mais próximos da mediana durante a maior parte
do tempo.
 Regularização de vazões: Retenção de parte das
vazões altas que ocorrem durante o período chuvoso,
aumentando a disponibilidade de água no período de
estiagem.
Curva de Permanência
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
O método de análise da frequência é usado para achar o Q95%
A sua aplicação é fácil e é feito da seguinte maneira:
a) Primeiramente coloque em ordem decrescente todas as vazões
dos rios em análise;
b) De um número “m” para cada vazão indo de 1 até o número total
de dados de vazões que conseguimos que é “n”;
c) A probabilidade “P” dada uma certa vazão que será igualada ou
superada é definida por: P= 100 x m/ (n+1);
Método Q95 e Q90
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Na Figura a seguir podemos ver que quando a vazão base é alta
temos a linha “a” e quando a vazão base é baixa temos a linha “b”
que geralmente são rios de baixa vazão.
Facilmente podemos tirar o valor P=95% ou P=90%.
Alguns países usam Q90%, relação Q90/Q50 para indicar a
contribuição da água de recarga subterrânea, mas não é adotado
por todos.
Método Q95 e Q90
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Curva da análise de frequência
Método Q95 e Q90
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Curva da análise de frequência
Método Q95 e Q90
Q95%
0
100
200
300
400
500
600
700
800
20-jul-72
20-jul-73
20-jul-74
20-jul-75
19-jul-76
19-jul-77
19-jul-78
19-jul-79
18-jul-80
18-jul-81
18-jul-82
18-jul-83
17-jul-84
17-jul-85
17-jul-86
17-jul-87
16-jul-88
16-jul-89
16-jul-90
16-jul-91
15-jul-92
15-jul-93
15-jul-94
15-jul-95
14-jul-96
14-jul-97
14-jul-98
14-jul-99
13-jul-00
13-jul-01
13-jul-02
13-jul-03
12-jul-04
12-jul-05
data
Vazões(m³/s)
Vazões Mínimas
Q95
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Exemplo de Cálculo
Método Q95 e Q90
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Regionalização de Vazões
• Medir vazões é um procedimento relativamente
caro.
• Existem poucos postos fluviométricos com
dados.
• Normalmente não existem dados de vazão
exatamente no local necessário.
• Assim, muitas vezes é necessário estimar
valores a partir de informações de postos
fluviométricos próximos.
• A este procedimento, quando realizado de
forma cuidadosa e detalhada dá se o nome de
regionalização hidrológica.
Q=?
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Regionalização de Vazões
Metodologias
• Vazão Específica e Proporcionalidade de Áreas;
• Regionalização pelo Coeficiente de Escoamento;
• Regressão Linear;
• Curva de Permanência;
• Geostatística.
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Sarmento, 2007 mostrou que existem 207 metodologias
distribuídas por 44 países para a avaliação da vazão
ecológica. Isto mostra que não há um consenso mundial
sobre qual o melhor método a ser adotado.
A vazão ecológica pode ser classificada conforme
Collishchonn et al em:
SARMENTO, ROBSON. Estado da arte da vazão ecológica no Brasil e no mundo. Produto 2. Unesco/Ana/CBHSF
junho de 2007.
COLLINSHONN. WALTER et al. Da vazão ecológica ao hidrograma ecológico. Instituto de Pesquisas Hidráulicos. UFRGS.
Vazão Ecológica
I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
Vazão Ecológica – Métodos Obtenção
VAZÃO ECOLÓGICA
• Ainda não há consenso
• Métodos (Benetti, Lanna & Cobalchini, 2003):
• Hidrológicos (curva de permanência, Q7,10, Tennant)
• Classificação hidráulica (perímetro molhado)
• Classificação de habitats (para uma dada espécie)
• Métodos holísticos (para todos os componentes do ecossistema)
• Critérios de vazão ecológica mínima tem sido criticados, por focar
em apenas um aspecto da variabilidade das vazões
• Vazão ecológica → hidrograma ecológico
• No caso de Belo Monte, foi proposto um hidrograma ecológico
Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul
Obrigada!!
Engª Civil CAMILA DOURADO MACHADO
Gerência de Recursos Hídricos/ PROGESTÃO

More Related Content

What's hot

Análise morfoestrutural
Análise morfoestruturalAnálise morfoestrutural
Análise morfoestrutural
Pessoal
 

What's hot (20)

Hidrologia escoamento superficial
Hidrologia   escoamento superficialHidrologia   escoamento superficial
Hidrologia escoamento superficial
 
Taa 3
Taa 3Taa 3
Taa 3
 
Captação e Adutoras
Captação e AdutorasCaptação e Adutoras
Captação e Adutoras
 
Aula Hidrologia - Método Racional
Aula Hidrologia - Método RacionalAula Hidrologia - Método Racional
Aula Hidrologia - Método Racional
 
Aula04 precipitação
Aula04   precipitaçãoAula04   precipitação
Aula04 precipitação
 
Definição..
Definição..Definição..
Definição..
 
Saneamento- Eutrofização- tratamento químico
Saneamento- Eutrofização- tratamento químico Saneamento- Eutrofização- tratamento químico
Saneamento- Eutrofização- tratamento químico
 
Análise morfoestrutural
Análise morfoestruturalAnálise morfoestrutural
Análise morfoestrutural
 
Erosão
ErosãoErosão
Erosão
 
Taa 5
Taa 5Taa 5
Taa 5
 
Lei da darcy
Lei da darcyLei da darcy
Lei da darcy
 
Exercicios e respostas
Exercicios e respostasExercicios e respostas
Exercicios e respostas
 
Interceptac a-o e infiltrac-a-o - notas de aula
Interceptac a-o e infiltrac-a-o - notas de aulaInterceptac a-o e infiltrac-a-o - notas de aula
Interceptac a-o e infiltrac-a-o - notas de aula
 
Ação geológica da água subterrânea
Ação geológica da água subterrâneaAção geológica da água subterrânea
Ação geológica da água subterrânea
 
Aula 2 caracterização qualitativa esgoto
Aula 2   caracterização qualitativa esgotoAula 2   caracterização qualitativa esgoto
Aula 2 caracterização qualitativa esgoto
 
Solos 6a
Solos 6aSolos 6a
Solos 6a
 
Agua subterrânea aquíferos
Agua subterrânea   aquíferosAgua subterrânea   aquíferos
Agua subterrânea aquíferos
 
Taa 7
Taa 7Taa 7
Taa 7
 
Recuperacao areas degradadas
Recuperacao areas degradadas Recuperacao areas degradadas
Recuperacao areas degradadas
 
Drenagem de Taludes
Drenagem de TaludesDrenagem de Taludes
Drenagem de Taludes
 

Similar to Nocoes hidrologia

Introducao hidrologia
Introducao hidrologiaIntroducao hidrologia
Introducao hidrologia
Cleide Soares
 
Cheias, inundações e secas prolongadas ana e adriana
Cheias, inundações e secas prolongadas ana e adrianaCheias, inundações e secas prolongadas ana e adriana
Cheias, inundações e secas prolongadas ana e adriana
8_c_clube
 

Similar to Nocoes hidrologia (20)

Bacias
BaciasBacias
Bacias
 
Bacias
BaciasBacias
Bacias
 
Aula HIDROLOGIA_CursoSWAT_FOTOS DE EQUIP.pdf
Aula HIDROLOGIA_CursoSWAT_FOTOS DE EQUIP.pdfAula HIDROLOGIA_CursoSWAT_FOTOS DE EQUIP.pdf
Aula HIDROLOGIA_CursoSWAT_FOTOS DE EQUIP.pdf
 
Hidrologia
Hidrologia Hidrologia
Hidrologia
 
Hidrologia analítica aula1
Hidrologia analítica aula1Hidrologia analítica aula1
Hidrologia analítica aula1
 
HIDROGEOGRAFIA E HIDROLOGIA
HIDROGEOGRAFIA E HIDROLOGIAHIDROGEOGRAFIA E HIDROLOGIA
HIDROGEOGRAFIA E HIDROLOGIA
 
Questões sobre água
Questões sobre águaQuestões sobre água
Questões sobre água
 
Hidrologia Aula 1
Hidrologia Aula 1Hidrologia Aula 1
Hidrologia Aula 1
 
Introducao hidrologia
Introducao hidrologiaIntroducao hidrologia
Introducao hidrologia
 
Evaporaçã..
Evaporaçã..Evaporaçã..
Evaporaçã..
 
Recursos Hidricos.ppt
Recursos Hidricos.pptRecursos Hidricos.ppt
Recursos Hidricos.ppt
 
Hidrologia aula 02
Hidrologia aula 02Hidrologia aula 02
Hidrologia aula 02
 
Pensando como hidrólogo
Pensando como hidrólogoPensando como hidrólogo
Pensando como hidrólogo
 
Escoamento superficial-parte
Escoamento superficial-parteEscoamento superficial-parte
Escoamento superficial-parte
 
Hidrografia2
Hidrografia2Hidrografia2
Hidrografia2
 
INUNDAÇÕES DAS CIDADES E MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL
INUNDAÇÕES DAS CIDADES E MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBALINUNDAÇÕES DAS CIDADES E MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL
INUNDAÇÕES DAS CIDADES E MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL
 
Ciclo hidrológico
Ciclo hidrológicoCiclo hidrológico
Ciclo hidrológico
 
Cheias, inundações e secas prolongadas ana e adriana
Cheias, inundações e secas prolongadas ana e adrianaCheias, inundações e secas prolongadas ana e adriana
Cheias, inundações e secas prolongadas ana e adriana
 
Evaporação e Evapotranspiração (Parte 1)
Evaporação e Evapotranspiração (Parte 1)Evaporação e Evapotranspiração (Parte 1)
Evaporação e Evapotranspiração (Parte 1)
 
Secas e cheias
Secas e cheiasSecas e cheias
Secas e cheias
 

Nocoes hidrologia

  • 1. Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul Noções de Hidrologia Engª Civil CAMILA DOURADO MACHADO Gerência de Recursos Hídricos/ PROGESTÃO
  • 2. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Ementa: • Hidrologia e sua Importância • Ciclo Hidrológico • Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico • Evaporação e Transpiração • Precipitação • Infiltração • Escoamento Superficial • Medições de Vazões • Vazões Características
  • 3. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Hidrologia e sua Importância • Hidrologia é a ciência que estuda a água sobre a Terra; sua quantidade, distribuição, circulação, características químicas e físicas, e sua relação com o meio ambiente e com os seres vivos.
  • 4. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Hidrologia e sua Importância • É uma “ciência da Terra”. • De forma bem simplificada pode-se dizer que a hidrologia tenta responder à pergunta:  O que acontece com a água da chuva?
  • 5. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Hidrologia e sua Importância • Utiliza princípios hidrológicos na solução de problemas de Engenharia relacionados à exploração dos recursos hídricos. • Engenharia Hidrológica - É uma ciência aplicada. • Subdivisões: Hidrogeologia, Hidrologia de Superfície, Hidrologia Estatística etc.
  • 6. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • Abastecimento • Navegação • Irrigação • Diluição de poluentes • Manutenção dos ecossistemas • Pesca • Turismo • Recreação • Geração de energia elétrica Relacionada aos usos da água Hidrologia e sua Importância 6
  • 7. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • Controle de cheias • Proteção contra enchentes • Drenagem urbana • Proteção/restauração de recursos biológicos • Erosão e assoreamento • Tratamento de esgotos • Gestão de águas Relacionada ao manejo da água Hidrologia e sua Importância 7
  • 8. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Ciclo Hidrológico 8  Fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado pela energia solar associada à gravidade e à rotação terrestre.
  • 9. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Evaporação; Precipitação; Interceptação vegetal; Infiltração; Percolação; Escoamento superficial ou enxurrada; Transpiração
  • 10. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Ciclo Hidrológico - Componentes 10 Evaporação: A energia solar que incide sobre a água que circula na superfície terrestre, provoca o seu aquecimento transferindo-a para a atmosfera na forma de vapor. Os oceanos são os maiores contribuintes, por cobrirem a maior parte da superfície da terra. Transpiração: é a parcela da água absorvida pelas plantas, através das raízes e a devolvem para a atmosfera na forma de vapor de água. Evapotranspiração: é a soma da evaporação e da transpiração.
  • 11. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Ciclo Hidrológico - Componentes 11 Interceptação vegetal: é a parcela da chuva que fica retida nas plantas, quer dizer, não atinge o solo e evapora novamente. Infiltração: é a parte da chuva que penetra no solo e ocupa os espaços vazios. Percolação: é parte da infiltração que, quando os espaços vazios do solo foram todos ocupados, ou seja, em solos saturados a água desce pela ação da gravidade, atingindo zonas mais profundas e alimentando os lençóis subterrâneos.
  • 12. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Ciclo Hidrológico - Componentes 12 Escoamento superficial ou enxurrada: Quando o solo está muito encharcado e a água da chuva não infiltra mais, passa a escorrer sobre a superfície buscando áreas mais baixas e alimentando rios, lagos e mares. Precipitação: quando a atmosfera fica saturada de vapor d’água, ocorre a chuva, também conhecida como precipitação. O granizo, neblina, orvalho, geada e neve também são consideradas precipitações.
  • 13. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico 13 Na fase terrestre do ciclo hidrológico, o elemento fundamental é a Bacia hidrográfica.
  • 14. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico 14 • Área de captação natural dos fluxos de água originados da precipitação; • Converge os escoamentos para um único ponto de saída (exultório); • Requer a definição de um curso d’água, de um ponto ou seção de referência ao longo deste curso d’água e de informações sobre o relevo da região.
  • 15. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico 15 • Uma bacia hidrográfica pode ser dividida em sub-bacias e cada uma das sub-bacias pode ser considerada uma bacia hidrográfica. • A bacia hidrográfica pode ser considerada como um sistema físico sujeito a entradas de água (eventos de precipitação) que gera saídas de água (escoamento e evapotranspiração). A bacia hidrográfica transforma uma entrada concentrada no tempo (precipitação) em uma saída relativamente distribuída no tempo (escoamento).
  • 16. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico 16
  • 17. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico 17 • Delimitação: • Curso d’água; • Ponto ou seção de referência (exutório); • Informações sobre o relevo da região.
  • 18. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l 18
  • 19. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Bacia Hidrográfica e Balanço Hídrico 19 • dV = P – E – Q - I • no longo prazo dV pode ser considerado zero • P = Q + E + I Balanço Hídrico:
  • 20. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Evaporação e Transpiração 20 Evaporação é a transformação da água do estado líquido para o de vapor, a partir de uma superfície líquida, solo nu ou vegetação sobre solo. mm/dia mm/mês...
  • 21. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Evaporação e Transpiração 21 Transpiração é a parte da evapotranspiração que vai para a atmosfera a partir do solo através das plantas. mm/dia mm/mês...
  • 22. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Evaporação e Transpiração 22 Importância •Perdas de água em reservatórios •Cálculo de necessidades de irrigação •Balanço hídrico em bacias (modelos chuva-vazão) •Conhecimento dos diversos processos dos ecossistemas
  • 23. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Evaporação e Transpiração 23 Como medir ou calcular a Evapotranspiração? • Métodos Diretos (aparelhos de medida); • Métodos Indiretos (balanço energético, fórmulas empíricas...).
  • 24. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Precipitação 24 Importância da Precipitação • A precipitação é a única forma de entrada de água em uma bacia hidrográfica; • Ela fornece subsídios para a quantificação do abastecimento de água, irrigação, controle de inundações, erosão do solo, etc; • É fundamental para o adequado dimensionamento de obras hidráulicas, entre outros.
  • 25. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Precipitação 25 Características Principais das Precipitações • Altura pluviométrica (r): corresponde à espessura média da lâmina da água que se formaria no solo como resultado de uma chuva, caso não houvesse escoamento, infiltração ou evaporação de água precipitada. Expressas em mm de chuva; • Duração (t): é o período de tempo contado desde o início até o fim da chuva, expresso geralmente em horas ou minutos; • Frequência de ocorrência ou probabilidade (p): é a quantidade de ocorrências de eventos iguais ou superiores ao evento de chuva considerado; • Intensidade de precipitação que é a relação entre a altura pluviométrica e a duração da chuva. Expressa-se em (mm/h) ou (mm/min).
  • 26. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Precipitação 26 Medição das Precipitações • Principais medidores: Pluviômetro e Pluviógrafo; • Medidores mais recentes: Radar e Imagens de Satélite; • Apesar de no Brasil ser convencional a medição por Pluviômetros e Pluviógrafos, existem medidas efetuadas por Radar e Imagens de Satélite, mesmo estes dois últimos possuírem ainda erros associados relativamente grandes;
  • 27. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Infiltração 27 • Taxa de água à qual um solo pode absorver a precipitação numa certa condição. • É a parte da chuva que penetra no solo e ocupa os espaços vazios. • Parte da água percola, constituindo a Recarga ou Recursos Renováveis dos Aquíferos.  Vazão de Base e Manutenção do Escoamento Superficial
  • 28. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Escoamento Superficial 28 • Fase que trata da ocorrência e transporte da água na superfície terrestre. (Aproveitamento Superficial) • Ocorre após a água da precipitação ficar retida em depressões, em forma de película em torno das partículas sólidas, a capacidade de retenção da vegetação foi excedida, assim como a taxa de infiltração do solo; • Processo gradativo e acumulativo, começa em filetes que escoam sobre a superfície do solo, e a soma de vazões vão formando os córregos, canais, corredeiras e rios; • Ocorre de um ponto mais alto para um de menor cota, ou até os oceanos e mares;
  • 29. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Escoamento Superficial 29 Representação do Escoamento Através do Hidrograma • A vazão, ou volume escoado por unidade de tempo → principal grandeza que caracteriza o escoamento (m³/s ou L/s); • Hidrograma → denominação dada ao gráfico que relaciona a vazão no tempo;
  • 30. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Escoamento Superficial 30 Representação do Escoamento Através do Hidrograma A forma do hidrograma depende de um grande número de fatores, os mais importantes são: • Relevo; • Cobertura da bacia; • Modificações artificiais no rio; • Distribuição, duração e intensidade da precipitação; • Solo;
  • 31. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l 31 Estações hidrométricas •Rede de monitoramento hidrométrica •Estações pluviométricas – Precipitação; •Estações fluviométricas – Nível d’água; •Estações meteorológicas – Precipitação, temperatura, pressão atmosférica, radiação solar, evaporação, umidade do ar, ventos; •Estações sedimentométricas – Concentração de sedimentos.
  • 32. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l 32 Para que medir as variáveis? •Conhecer e interpretar os fenômenos do ciclo hidrológico; •Aplicar modelos matemáticos para previsão de chuva, vazão e eventos raros; •Conhecer a disponibilidade hídrica; •Construir e operar projetos de recursos hídricos. Onde há água??? Com quanta água se pode contar???
  • 33. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l 33 Por que medir vazões??? •Criar séries históricas •Análise de mínimas •Autodepuração de esgotos •Calado para navegação •Análise de vazões médias •Cálculo do volume de reservatórios •Dimensionamento de sistemas de abastecimento de água
  • 34. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l 34 Por que medir vazões??? •Análise de vazões máximas •Sistemas de drenagem •Segurança de barragens •Cálculo de vertedores •Operação em tempo real •Operação de comportas •Controle de cheias •Eficiência dos Projetos!
  • 35. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Medição de Vazões 35 • Medição Convencional com Molinete Hidrométrico; • Curva-Chave ou Curva de Descarga; • Medição através de Perfiladores Acústicos.
  • 36. Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul Vazões Características Engª Civil CAMILA DOURADO MACHADO Gerência de Recursos Hídricos/ PROGESTÃO
  • 37. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • São aquelas vazões cujas magnitudes não são esperadas em um curto intervalo de tempo • Estão associadas aos riscos contra a segurança da barragem • Finalidades • Dimensionamento do vertedouro • Determinação da borda livre da barragem • Verificação da capacidade de amortecimento do reservatório • Para reservatórios com finalidade de controle de cheias, estabelecer volumes de espera • Avaliar a área que o reservatório inundará em eventos de cheias e determinar a interferência direta do reservatório em outros usos de recursos hídricos (outorgados ou não) Vazões Máximas
  • 38. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • As metodologias para a determinação das vazões máximas podem ser • Empíricas • Probabilísticas • Hidrometeorológicas • Método racional • A metodologia mais utilizada em estudos hidrelétricos utiliza-se dos métodos probabilísticos • Baseiam-se no ajuste da série de vazões máximas anuais a distribuições estatísticas de variáveis contínuas • No Guia Para Cálculo de Cheia de Projeto de Vertedores, a Eletrobras sugere estudar as distribuições estatísticas de Gumbel e Exponencial de Dois Parâmetros Vazões Máximas
  • 39. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • Distribuições estatísticas – fórmulas finais • Distribuição Gumbel 𝑄 𝑇𝑅 = 𝑄 − 0,45 ∙ 𝜎 − 0,7797 ∙ 𝜎 ∙ ln − ln 1 − 1 𝑇𝑅 • Distribuição Exponencial de 2 parâmetros 𝑄 𝑇𝑅 = 𝑄 − 𝜎 − 𝜎 ∙ ln 1 𝑇𝑅 • A ELETROBRÁS, nas Diretrizes para Projetos de PCH, recomenda que a escolha da distribuição estatística seja feita com base na assimetria da amostra • Coeficiente de assimetria aS < 1,5  Gumbel • Coeficiente de assimetria aS > 1,5  Exponencial de dois parâmetros • Outras distribuições podem ser testadas Vazões Máximas – Método Probabilístico
  • 40. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • Num posto fluviométrico, a análise estatística da série de vazões máximas anuais de 66 anos forneceu como média a vazão de 847,0 m³/s, desvio padrão de 496,7 m³/s e coeficiente de assimetria de 1,87. Determinar, pelos modelos de Gumbel e Exponencial de Dois Parâmetros, as vazões máximas com TR de 10, 50 e 100 anos. • Gumbel  𝑄 𝑇𝑅 = 847 − 0,45 ∙ 496,7 − 0,7797 ∙ 496,7 ∙ ln − ln 1 − 1 𝑇𝑅 • Exponencial  𝑄 𝑇𝑅 = 847 − 496,7 − 496,7 ∙ ln 1 𝑇𝑅 • Pelo critério ELETROBRÁS  distribuição Exponencial (aS > 1,5) Tempo de retorno (anos) Vazões máximas (m³/s) Gumbel Exponencial 10 1.495,34 1.493,99 50 2.135,20 2.293,40 100 2.405,70 2.637,69 Vazões Máximas – Método Probabilístico
  • 41. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • São aquelas vazões cujas magnitudes não são esperadas em um curto intervalo de tempo • Esses eventos podem trazer prejuízos consideráveis às populações e ao ambiente • Finalidades • Caracterização das condições de estiagem do rio • Auxiliar na determinação da vazão remanescente para jusante • A vazão remanescente é estabelecida pelo órgão gestor, sempre respeitando os valores estabelecidos pelo órgão ambiental, com vistas: • ao atendimento dos usos de jusante (vazões e níveis) • à diluição de efluentes a jusante • à manutenção de ecossistemas aquáticos • vazão ecológica ou hidrograma ecológico Vazões Mínimas
  • 42. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • A sua determinação pode ser feita por diversos métodos • Mínima média mensal • Q7,10 ajustado por Distribuições Estatísticas • Gumbel • Weibull • Log-Normal de 2 e de 3 parâmetros • Pearson III • Log-Pearson III • etc. • Valores obtidos da curva de permanência de vazões • Frações da Q90% ou da Q95%, por exemplo • Frações da QMLT • Hidrograma ecológico Vazões Mínimas
  • 43. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Vazões de referência, máximas outorgáveis e remanescentes definidas por órgãos ambientais de Estados Brasileiros: ESTADO Vazão de referência Vazão Máxima Outorgável Vazão Remanescente DF Q7,10 / Q90 80% Q7,10 / Q90 20% Q7,10 / Q90 GO Q95 50% Q95 50% Q95 MG 50%Q7,10 50%Q7,10Q7,10 MS 30%Q9570%Q95Q95 Vazões Mínimas – Critérios de Outorga
  • 44. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Determinação de Vazões Características Q7,10 Q90% Q95%
  • 45. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Q7,10 significa vazão de 7 dias consecutivas em 10 anos. A representação também pode ser 7Q10 muito usada nos Estados Unidos. Também em meados dos ano 70 apareceu nos Estados Unidos o método Q7,10 que foi exigido em projetos para evitar o problema de poluição dos rios. No estado da Pennsylvania foi exigido para áreas maiores que 1,3km2 e a vazão mínima usada foi de 1 L/s x Km2 que era a vazão necessária na bacia para o fluxo natural da água. Se a vazão fosse menor que Q7,10 haveria degradação do curso de água. O método Q7,10 não possui nenhuma base ecológica. Método Q7,10
  • 46. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Portanto, na origem da criação do Q7,10 tinha como função o recebimento de descargas de esgotos sanitários. Mais tarde houve mudança de significado do método Q7,10 passando a refletir a situação do habitat aquático e do habitat na região ribeirinha. Segundo Sarmento, 2007 o método Q7,10 segue duas etapas: 1. Calcula-se o Q7 para todos os anos de registro histórico considerado; 2. Aplica-se uma distribuição estatística de vazão mínima denominada distribuição de Gumbel ou a de Weibull que são as mais comuns. Método Q7,10
  • 47. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Os estudos da WSC, 2004 mostraram que a vazão Q7,10 corresponde a vazão Q98,85 a Q99,85. Os métodos mais usados no mundo são o Q7,10 e o Q95. Exemplo de Cálculo WATERSHED SCIENCE CENTRE, Hydrological low flow and their uses. WSC Repor 04-2004 de agosto de 2004, Ontario, www.trentu.ca/ws. Método Q7,10
  • 48. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Curva de Permanência • “Curva que indica a percentagem do tempo em que um determinado valor de vazão foi igualado ou ultrapassado durante um período de observações” • É um tipo de análise de frequências • Deve ser construída com dados de vazões considerando iguais intervalos de tempo • Podem ser diários, semanais, mensais etc. • É muito útil para a definição de critérios de outorga, para navegação, para análises de qualidade da água, para estudos hidrelétricos etc. • Q95% é a menor vazão que um rio garante em 95% do tempo • Nos outros 5%, a vazão mantém-se abaixo desse valor • Permite avaliar as características da bacia em relação ao regime de vazões do rio
  • 49. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l X X Curva de Permanência mensal Hidrograma mensal
  • 50. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
  • 51. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l 1,00 11,00 21,00 31,00 41,00 51,00 61,00 71,00 81,00 91,00 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Vazão(m3/s) Probabilidadedeocorreremvazõesiguaisousuperiores CurvadePermanência Observa-se que a vazão de 30 m³/s é igualada ou superada em menos de 10% do tempo. Apesar de apresentar picos de cheias com 110 m³/s ou mais, na maior parte do tempo as vazões do rio “Rio Grande” neste local são bastante inferiores a 6 m³/s.
  • 52. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Para destacar mais a faixa de vazões mais baixas, a Curva de Permanência pode ser apresentada com eixo vertical logarítmico. 1,00 10,00 100,00 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 70% 75% 80% 85% 90% 95% 100% Vazão(m3/s) Probabilidade de ocorrerem vazões iguais ou superiores Curva de Permanência
  • 53. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Alguns pontos da curva de permanência recebem atenção especial:  A vazão que é superada em 50% do tempo (mediana das vazões) é a chamada Q50.  A vazão que é superada em 90% do tempo é chamada de Q90, e é utilizada como referência para legislação na área de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos em muitos Estados do Brasil.  A vazão que é superada em 95% do tempo é chamada de Q95, e é utilizada para definir a Energia Assegurada de uma usina hidrelétrica. Curva de Permanência
  • 54. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l A curva de permanência também é útil para diferenciar o comportamento de rios e para avaliar o efeito de modificações como desmatamento, reflorestamento, construção de reservatórios e extração de água para uso consuntivo. Curva de Permanência
  • 55. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • Figura: Curvas de permanência dos rios Cuiabá, em Cuiabá (MT), e Taquari, em Coxim (MS), baseadas nos dados de vazão diária de 1980 a 1984.  As duas bacias tem áreas de drenagem, relevo e precipitação média anual semelhantes.  A vazão média do rio Cuiabá é de 438 m³/s neste período, enquanto a vazão média do rio Taquari é de 436 m³/2, ou seja, são praticamente idênticas.  Entretanto, observa-se que as vazões mínimas são mais altas no rio Taquari do que no rio Cuiabá e as vazões máximas são maiores no rio Cuiabá. Curva de Permanência
  • 56. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Curva de Permanência
  • 57. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • O rio Cuiabá apresenta maior variabilidade das vazões, que se alternam rapidamente entre situações de baixa e de alta vazão, enquanto o rio Taquari permanece mais tempo com vazões próximas da média. As duas bacias tem áreas de drenagem, relevo e precipitação média anual semelhantes.  A geologia da bacia do rio Taquari favorece mais a infiltração da água no solo, e esta água chega ao rio apenas após um longo período em que fica armazenada no subsolo.  A vazão do rio Taquari é naturalmente regularizada pelos aquíferos existentes na bacia, enquanto que na bacia do rio Cuiabá este efeito não é tão importante. Curva de Permanência
  • 58. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l • Reservatórios: Curva de permanência mais horizontal, com valores mais próximos da mediana durante a maior parte do tempo.  Regularização de vazões: Retenção de parte das vazões altas que ocorrem durante o período chuvoso, aumentando a disponibilidade de água no período de estiagem. Curva de Permanência
  • 59. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l
  • 60. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l O método de análise da frequência é usado para achar o Q95% A sua aplicação é fácil e é feito da seguinte maneira: a) Primeiramente coloque em ordem decrescente todas as vazões dos rios em análise; b) De um número “m” para cada vazão indo de 1 até o número total de dados de vazões que conseguimos que é “n”; c) A probabilidade “P” dada uma certa vazão que será igualada ou superada é definida por: P= 100 x m/ (n+1); Método Q95 e Q90
  • 61. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Na Figura a seguir podemos ver que quando a vazão base é alta temos a linha “a” e quando a vazão base é baixa temos a linha “b” que geralmente são rios de baixa vazão. Facilmente podemos tirar o valor P=95% ou P=90%. Alguns países usam Q90%, relação Q90/Q50 para indicar a contribuição da água de recarga subterrânea, mas não é adotado por todos. Método Q95 e Q90
  • 62. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Curva da análise de frequência Método Q95 e Q90
  • 63. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Curva da análise de frequência Método Q95 e Q90 Q95% 0 100 200 300 400 500 600 700 800 20-jul-72 20-jul-73 20-jul-74 20-jul-75 19-jul-76 19-jul-77 19-jul-78 19-jul-79 18-jul-80 18-jul-81 18-jul-82 18-jul-83 17-jul-84 17-jul-85 17-jul-86 17-jul-87 16-jul-88 16-jul-89 16-jul-90 16-jul-91 15-jul-92 15-jul-93 15-jul-94 15-jul-95 14-jul-96 14-jul-97 14-jul-98 14-jul-99 13-jul-00 13-jul-01 13-jul-02 13-jul-03 12-jul-04 12-jul-05 data Vazões(m³/s) Vazões Mínimas Q95
  • 64. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Exemplo de Cálculo Método Q95 e Q90
  • 65. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Regionalização de Vazões • Medir vazões é um procedimento relativamente caro. • Existem poucos postos fluviométricos com dados. • Normalmente não existem dados de vazão exatamente no local necessário. • Assim, muitas vezes é necessário estimar valores a partir de informações de postos fluviométricos próximos. • A este procedimento, quando realizado de forma cuidadosa e detalhada dá se o nome de regionalização hidrológica. Q=?
  • 66. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Regionalização de Vazões Metodologias • Vazão Específica e Proporcionalidade de Áreas; • Regionalização pelo Coeficiente de Escoamento; • Regressão Linear; • Curva de Permanência; • Geostatística.
  • 67. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Sarmento, 2007 mostrou que existem 207 metodologias distribuídas por 44 países para a avaliação da vazão ecológica. Isto mostra que não há um consenso mundial sobre qual o melhor método a ser adotado. A vazão ecológica pode ser classificada conforme Collishchonn et al em: SARMENTO, ROBSON. Estado da arte da vazão ecológica no Brasil e no mundo. Produto 2. Unesco/Ana/CBHSF junho de 2007. COLLINSHONN. WALTER et al. Da vazão ecológica ao hidrograma ecológico. Instituto de Pesquisas Hidráulicos. UFRGS. Vazão Ecológica
  • 68. I n s t i t u t o d e M e i o A m b i e n t e d e M a t o G r o s s o d o S u l Vazão Ecológica – Métodos Obtenção VAZÃO ECOLÓGICA • Ainda não há consenso • Métodos (Benetti, Lanna & Cobalchini, 2003): • Hidrológicos (curva de permanência, Q7,10, Tennant) • Classificação hidráulica (perímetro molhado) • Classificação de habitats (para uma dada espécie) • Métodos holísticos (para todos os componentes do ecossistema) • Critérios de vazão ecológica mínima tem sido criticados, por focar em apenas um aspecto da variabilidade das vazões • Vazão ecológica → hidrograma ecológico • No caso de Belo Monte, foi proposto um hidrograma ecológico
  • 69. Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul Obrigada!! Engª Civil CAMILA DOURADO MACHADO Gerência de Recursos Hídricos/ PROGESTÃO