Este documento discute os sistemas de classificação biológica. Começa explicando a sistemática, taxonomia e nomenclatura e porque é importante classificar os seres vivos. Depois descreve a evolução dos sistemas de classificação ao longo do tempo, desde Aristóteles até os dias atuais, onde a genética molecular é usada. Finalmente, discute os diferentes critérios de classificação, como classificações práticas, racionais horizontais e verticais filogenéticas.
2. Sistemática, taxonomia e
nomenclatura
• Sistemática é a ciência que procura classificar os diversos seres vivos e
relacioná-los evolutivamente, expressando-se em sistemas taxonómicos.
• A taxonomia, por sua vez, trata da ordenação e denominação dos seres
vivos, agrupando-os de acordo com o seu grau de semelhança. A
taxonomia pretende separar os organismos por espécies, descrevendo as
características que distinguem uma espécie da outra e ordenando as
espécies por categorias taxonómicas.
• Por fim, a nomenclatura tem a função de designar cientificamente os
grupos taxonómicos, de acordo com certas regras universalmente
estabelecidas
3. Porquê classificar ?
• O mundo dos seres vivos é constituído por uma enorme variedade de
organismos. Para estudar e compreender tamanha variedade, foi
necessário agrupar os organismos de acordo com as suas características
comuns, mais precisamente, classificá-los
• No tempo de Aristóteles (século IV a.C.), este que foi um dos primeiros
naturalistas a considerar a classificação dos animais, eram conhecidas
cerca de 1000 espécies, das quais 450 eram animais.
• Com os Descobrimentos houve aumentou em grande número as espécies
conhecidas, passando a ser referidas cerca de 10000. Desde esta
altura, com a facilidade de contacto, livros, museus, jardins botânicos, no
século XIX já eram conhecidas 1293000 espécies e actualmente estima-se
em cerca de 10000000, das quais apenas 15% se encontram devidamente
descritas.
•
4. Evolução dos sistemas de
classificação
• A história da vida na Terra é uma história de grandes
tragédias, considerando-se que cerca de 99% das espécies que já existiram
se extinguiram.
• Igualmente importante é o facto de nem sempre existir um ritmo
constante de evolução, ou uma evolução progressiva dos organismos.
• O objectivo do estudo da classificação é, precisamente, compreender a
diversidade da vida, numa perspectiva evolutiva.
• Qualquer sistema de classificação, biológico ou não, envolve dois tipos de
procedimentos:
– Observação, definição e descrição dos elementos a ser classificados, para descoberta
das suas diferenças e semelhanças;
– Agrupamento dos elementos num esquema de classificação.
5. Moderna classificação
biológica
• Deste modo, a classificação é um meio de tornar inteligível a
complexidade do mundo vivo, agrupando os organismos em
categorias, segundo critérios preestabelecidos.
• Para que se possa continuar, é necessário ter em mente alguns
termos, bem como o seu significado exacto:
• Sistemática – estudo da diversidade, descrição dos organismos, incluindo
a sua filogenia;
• Taxonomia – estudo da classificação, incluindo nomes, normas e
princípios;
• Classificação – ordenação dos seres vivos em grupos, com base em
parentesco, semelhança morfológica, entre outros, e sua hierarquização.
6. Diversidade de critérios de
classificação
• Já a largos anos que a classificação dos organismos vivos teve como base a
tentativa de organização e simplificação dos sistemas vivos, logo os
primeiros sistemas de classificação eram práticos e arbitrários, ou
seja, classificava-se de acordo com a utilidade, interesse económico, etc.
• Aristóteles foi o primeiro naturalista a classificar os organismos vivos de
acordo com as suas características morfológicas, anatómicas e
fisiológicas, obtendo, nos animais, dois grupos:
Enaima – animais de sangue vermelho, ovíparos e vivíparos;
Anaima – animais sem sangue vermelho.
• A classificação de Aristóteles é racional pois baseia-se em características
inerentes aos animais. No entanto, todas estas classificações, quer as
práticas, quer as racionais ou científicas, são artificiais pois baseiam-se
num reduzido número de caracteres, por vezes apenas um, originando
grupos extremamente heterogéneos.
7. • Lineu classificou todos os organismos conhecidos na época em categorias
que designou por espécies. Agrupou as espécies em géneros, estes em
famílias, ordens e classes. Posteriormente foram criadas mais duas
categorias, divisão (plantas) ou filo (animais), que englobam as classes.
• Apenas em 1859, com a Teoria da Evolução de Darwin, os sistemas de
classificação passaram a ter em conta e história evolutiva dos organismos.
• Estas classificações evolutivas pretendem traduzir a posição de cada
organismo em relação aos seus antepassados, bem como as relações
genéticas entre os diferentes organismos actuais. Até esta altura apenas
eram considerados dois reinos, Animalia e Plantae.
8. Moderna classificação
biológica
• A partir de 1920, com a descoberta da teoria da hereditariedade, surge a
sistemática, que faz a classificação usando todos os novos dados, não se
limitando à morfologia.
• Nos anos 60 passou a recorrer-se, também, à bioquímica para determinar
as relações filogenéticas, sendo, actualmente, a genética molecular uma
das principais bases da classificação de organismos.
• O objectivo principal da moderna taxonomia é produzir um sistema de
classificações que relacione as espécies semelhantes e originárias de um
ancestral comum.
9. • Classificação fenética – este tipo de classificação tem um objectivo prático, o
de permitir a identificação rápida de um organismo, sem se preocupar com as
relações de parentesco entre ele e outros.
• Este tipo de classificação não considera o tempo pois as características
morfológicas variam ao longo da evolução das espécies – classificação
estática ou horizontal.
10. • Classificação filética– esta escala de classificação atribui maior valor ás relações
evolutivas, sobressaindo a importância da filogenia e deixando para segundo
plano o aspecto morfológico. As características utilizadas neste tipo de
classificação são separadas em dois grupos: primitivas ou ancestrais
e derivadas.
Cladograma de 4 espécies hipotéticas
(números a preto são características
ancestrais, números coloridos são
características derivadas)
11. Diversidade de critérios de
classificação
Sistemas de classificações práticos
• As primeiras classificações feitas pelo Homem tinham um carácter prático, que se ajustavam
às necessidades específicas de quem as utilizava.
• Ainda hoje em dia distinguimos os animais domésticos dos animais selvagens, por exemplo.
• Estes sistemas são designados de sistemas de classificação práticos e, por vezes, pecam pela
falta de base cientifica , sendo meros instrumentos de sistematização utilitária.
Sistemas de classificação racionais: Horizontais
• Estes podem dividir-se em sistemas de classificação artificiais, que se baseavam num
reduzido número de características e que existiram desde a Grécia Antiga até ao séc. XVIII.
• Eram sistemas que formava grupos muito heterogéneos, pois englobavam organismos que
diferem em muitas outras características para além das consideradas.
• Estes sistemas de classificação artificiais caracterizaram o período pré-lineano das
classificações.
12. Sistemas de classificação racionais: verticais
• Surgiram no período pós-darwiniano as classificações verticais ou
filogenéticas, que consideram o factor tempo.
• Os seres vivos passaram a ser classificados não apenas de acordo com a sua
afinidade estrutural e morfológica, mas também de acordo com a sua história
evolutiva.
• Estudos como a paleontologia, comparação anatómica, Citologia, Bioquímica e
Genética dos seres vivos têm contribuído para a identificação de ancestrais
comuns, ajudando a esclarecer o percurso evolutivo dos grupos de seres vivos e as
suas relações filogenéticas, ou de parentesco.
• As classificações passaram e reflectir a dinâmica dos grupos ao longo do tempo, e
não um carácter estático. Estas são, no entanto, consideradas classificações muito
subjectivas, um vez que se baseiam nas interpretações de factos utilizando
hipóteses sobre relações de parentesco para estabelecer filogenias, e assim
poderá ser impossível chegar a novos consensos.