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           UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
                      MARIANE KÜTER




CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE
PALHOÇA-SC SOBRE O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA
                 ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE




                           Palhoça
                            2012
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                         MARIANE KÜTER




CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE
PALHOÇA-SC SOBRE O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA
                  ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE




                                   Projeto de Conclusão de Estágio apresentado à
                                   disciplina de Estágio Supervisionado em
                                   Nutrição Social do Curso de Nutrição da
                                   Universidade do Sul de Santa Catarina, como
                                   requisito parcial para aprovação.




                Orientadoras: Prof ª. Rosana Henn, Msc.
                             Prof ª. Raquel Stela de Sá, Dra.




                               Palhoça
                                 2012
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Dedico este trabalho ao meu amado, aos meus
pais, irmão, amigos e professores, por terem
me dado carinho, compreensão e todo apoio
necessário para conclusão desta fase tão
importante em minha vida.
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                                    AGRADECIMENTOS


           Agradeço a Deus pelo dom da vida e por sempre ter me guiado, iluminado e me
dado força nos momentos difíceis.
           Ao meu amor, Leopoldo Nass Neto, por sempre me apoiar e estar ao meu lado me
incentivando e confiando em meu potencial nos momentos em que mais precisei e por
compreender, por muitas vezes, a minha ausência.
           Agradeço aos meus pais, Reni e Ewald, pois recebi deles o dom mais precioso do
universo, a vida. Por isso, serei infinitamente grata. Eles revestiram minha existência de amor
e dedicação, cultivaram na criança todos os valores que me transformaram em uma pessoa
consciente e responsável. Agradeço ainda por sempre estarem ao meu lado me apoiando,
incentivando, auxiliando, me acalmando, com muito amor e paciência, mesmo a distância.
           Agradeço às minhas colegas por sempre estarem presentes nas minhas atividades,
me auxiliando e trocando muitos conhecimentos, especialmente à Patrícia Schmid, que tive a
oportunidade de conhecer melhor durante esse período, e que pude descobrir que é uma
pessoa incrível e por juntas termos superado desafios.
           Agradeço imensamente à minha amiga Marcela dos Santos, por me ouvir e por
poder dividir as dificuldades dessa jornada; por sempre me auxiliar nas dificuldades e revisar
meus trabalhos, me dando muitas orientações e trocando conhecimentos.
           Agradeço em especial às minhas orientadoras, Raquel Stela de Sá e Rosana Henn,
pelo carinho e atenção e pelos valiosos conhecimentos que transmitiram. Mostraram-me os
caminhos para que eu chegasse ao fim desta jornada com muito sucesso.
           Agradeço à Nutricionista Helen Gazola e a todos os profissionais da Unidade
Básica de Saúde Bela Vista que me acolheram colaborando para o sucesso da realização do
estágio.
           Agradeço ainda a todos que, direta ou indiretamente, fazem parte da minha vida
de forma positiva.
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“Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.”
(CLARICE LISPECTOR)
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                                        RESUMO


A presente pesquisa teve por objetivo avaliar o conhecimento dos usuários de uma Unidade
Básica de Saúde (UBS), de Palhoça-SC, sobre o papel e a importância do Nutricionista na
Atenção Básica em Saúde. Trata-se de uma pesquisa com característica quantitativa e
predominância qualitativa, do tipo descritiva. Em relação aos procedimentos técnicos, é
definida como pesquisa documental e estudo de caso. Primeiramente, foram verificadas as
faltas dos 175 usuários que agendaram consultas com a Nutricionista na UBSBV, no período
de julho a setembro de 2012. Em seguida, foram realizadas 65 entrevistas, por demanda
espontânea na UBSBV e em visitas domiciliares. Verificou-se que 81% (n=141) dos
agendamentos foram com pessoas do sexo feminino, 53% (n=93) faltaram às consultas e o
fator predominante associado a esta problemática foi o baixo nível socioeconômico. Por meio
das entrevistas, concluiu-se que os usuários desconheciam o papel do Nutricionista na
Atenção Básica em Saúde, definindo a atuação deste profissional de forma muito
generalizada, afirmando que faz dietas ou algo relacionado à perda de peso. Grande
percentual dos entrevistados (82%, n=46) considerou o trabalho do Nutricionista importante,
porém, confundia este profissional com o médico ou não sabia exatamente qual era o seu
papel. Quando pensavam em consultar o Nutricionista (70%, n=39), 46% (n=18) associavam
este desejo à perda de peso e, quando encaminhados por outro profissional (34%, n=19), na
maioria das vezes (37%, n=07), era pelo mesmo motivo. No caso da saída da Nutricionista da
UBSBV, 61% (n=34) acreditavam que não faria nenhuma diferença, e o motivo relatado por
82% (n=28) foi o de que nunca precisaram desse tipo de atendimento. Assim, pode-se afirmar
que o conhecimento sobre o papel e sobre a importância do Nutricionista na Atenção Básica
em Saúde é muito pequeno, o que pode estar associado ao baixo nível socioeconômico, fator
determinante para as faltas nas consultas de Nutrição. Por fim, foi realizada a intervenção
nutricional através da entrega de uma cartilha e exposição de um mural sobre o papel e
importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde, além da socialização da pesquisa
para os profissionais da UBSBV. A intervenção nutricional foi muito positiva na tentativa de
conscientizar o público entrevistado e os demais usuários da UBSBV sobre o papel e a
importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde.


Palavras-chave: Nutricionista. Atenção Básica em Saúde. Faltas.
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                                             LISTA DE ILUSTRAÇÕES


Fotografia 01 - Recado aos faltosos ...................................................................................... 34
Fotografia 02 - Entrega da cartilha ..................................................................................... 46
Fotografia 03 - Cartilha para o usuário ................................................................................. 46
Fotografia 04 - Cartilha para UBSBV e usuário .................................................................... 47
Fotografia 05 - Mural sobre as atribuições do Nutricionista .................................................. 47
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                                                    LISTA DE TABELAS


Tabela 01 - Faltas dos usuários da UBSBV às consultas de Nutrição. Palhoça-SC, out. 2012
.......................................................................................................................................... ..31
Tabela 02 - Perfil socioeconômico e demográfico dos usuários da UBSBV. Palhoça-SC, out.
2012..................................................................................................................................... 35
Tabela 03 - Conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do
Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Palhoça-SC, out. 2012 ...................................... 39
9



                                                           SUMÁRIO


1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 14
2.1 NUTRICIONISTA NO BRASIL: UM POUCO DA SUA HISTÓRIA ........................... 14
2.2 ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA NO SUS ......................................................... 16
2.2.1 Sistema Único de Saúde ............................................................................................ 16
2.2.2 Estratégia de Saúde da Família ................................................................................ 17
2.2.3 Núcleo de Apoio à Saúde da Família ........................................................................ 18
2.2.4 Atribuições do Nutricionista ..................................................................................... 19
2.3 PAPEL E IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA EM
SAÚDE ............................................................................................................................... 20
2.3.1 Papel do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde ............................................... 20
2.3.2 Importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde.................................... 22
2.3.3 Faltas dos usuários nos serviços de saúde................................................................. 23
2.4 EDUCAÇÃO NUTRICIONAL ...................................................................................... 24
3 MÉTODO ........................................................................................................................ 26
3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA .......................................................................... 26
3.2 LOCAL E PARTICIPANTES DA PESQUISA .............................................................. 27
3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................ 28
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 30
4.1 FALTAS DOS USUÁRIOS ÀS CONSULTAS DE NUTRIÇÃO ................................... 30
4.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO ..................................................... 34
4.3 CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS SOBRE O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DO
NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE ................................................. 39
4.4 EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E DEVOLUTIVA DO ESTUDO .................................. 45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 49
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 51
APÊNDICES ...................................................................................................................... 60
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................... 61
APÊNDICE B – Entrevista sobre o Perfil Socioeconômico e Demográfico e sobre o
Conhecimento dos Usuários sobre o Papel e a Importância do Nutricionista na Atenção
Básica em Saúde ................................................................................................................. 62
APÊNDICE C – Cartilha sobre o Nutricionista na Atenção Básica em Saúde ............... 64
10



APÊNDICE D – Mural sobre o Nutricionista na Atenção Básica em Saúde ................... 71
11



1 INTRODUÇÃO


           Uma sociedade baseada em conhecimento tem como principal objetivo a
produção acadêmica e, para o sucesso desta produção, faz-se necessário o conhecimento
científico e a prática na realidade comunitária (SILVA, 2005). Segundo Salas (1991), deve-se
gerar conhecimento científico através da pesquisa, dessa maneira, este trabalho visa à
pesquisa dentro da realidade comunitária da Unidade Básica de Saúde Bela Vista (UBSBV).
           O Nutricionista é o profissional que tem formação acadêmica para orientar a
população, principalmente sobre a relação do homem com o alimento, além do
comportamento alimentar de um indivíduo, com intuito de uma alimentação saudável e
prevenção dos agravos relacionados à má alimentação (BOOG, 2008).
           O tema de estudo da presente pesquisa refere-se ao conhecimento dos usuários de
uma Unidade Básica de Saúde, na cidade de Palhoça–Santa Catarina, sobre o papel e a
importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Os usuários são atendidos pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) e o primeiro contato acontece através da Estratégia de Saúde
da Família (ESF), com apoio do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), no qual está
inserido o Nutricionista (BRASIL, 2012a).
           Identificou-se a importância de estudar este tema durante o reconhecimento da
UBSBV: neste período, observou-se que os usuários faltam muito às consultas com a
Nutricionista e que vários alegam não ter interesse pelo atendimento, mesmo com a
oportunidade de tê-lo gratuitamente.
            No entanto, segundo relatos das enfermeiras do local e de acordo com o que foi
observado durante visitas domiciliares, grande parte dos usuários tem problemas relacionados
à alimentação e nutrição, tais como: obesidade, diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial
sistêmica (HAS). Para todas as enfermidades relatadas, é necessário o atendimento e
acompanhamento com o profissional Nutricionista, o que por muitas vezes não ocorre por
falta de conhecimento e interesse da população.
           A prática do profissional Nutricionista no Brasil teve início em 1940, porém,
somente em 1960 surgiu a Nutrição Pública, considerada uma área de atuação recente, torna-
se relevante identificar se os usuários têm conhecimento de quem é o Nutricionista, seu papel
e importância (ASBRAN, 1991). Esta área de atuação desse profissional caracteriza-se por
ações dentro de coletividades e tem caráter preventivo. Assim, é de vital importância que a
população conheça a existência e o trabalho deste profissional (BOOG, 2008).
12



             A transição nutricional vem ocorrendo, nos últimos anos, com o aumento do
consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares, juntamente com o baixo consumo de
frutas, legumes e verduras, favorecendo, assim, o aparecimento das doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) e a diminuição das doenças relacionadas à fome e à miséria (CFN,
2008; VASCONCELOS, 2007). Nesse sentido, atuar com o cuidado nutricional na Atenção
Básica em Saúde é uma forma eficiente, preventiva e traz menores gastos aos cofres públicos
(CFN, 2008).
             O Ministério da Saúde, através da Política Nacional de Alimentação e Nutrição
(PNAN), tem como objetivos garantir a qualidade dos alimentos, promover práticas
alimentares saudáveis e prevenir e controlar os distúrbios alimentares (BRASIL, 2012c). O
Nutricionista está inserido na Atenção Básica em Saúde com a finalidade de promover a
saúde através de práticas alimentares saudáveis, combatendo os malefícios relacionados à
alimentação e nutrição (BRASIL, 2010).
             Este projeto se justifica principalmente pela importância da pesquisa, que diz
respeito à necessidade do profissional Nutricionista na Atenção Básica em Saúde para a
promoção e prevenção da saúde, pois estes são os princípios do SUS (BRASIL, 2008b). Para
BOSI (1996), uma profissão só existe quando é reconhecida socialmente, para isso, é
imprescindível que os usuários do SUS conheçam as atribuições do Nutricionista,
compreendam o papel e a importância do profissional na Atenção Básica em Saúde,
auxiliando, assim, na garantia do crescimento, desenvolvimento, prevenção, manutenção e
recuperação da saúde (FERREIRA; MAGALHÃES, 2007).
             A partir disso, o objetivo geral deste estudo foi avaliar o conhecimento dos
usuários de uma Unidade Básica de Saúde de Palhoça-SC sobre o papel e a importância do
Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Os objetivos específicos foram: verificar faltas
dos usuários nas consultas de Nutrição; identificar o perfil socioeconômico e demográfico dos
usuários; investigar o conhecimento dos usuários sobre o papel e a importância do
Nutricionista na Atenção Básica em Saúde; realizar intervenção nutricional ao término das
entrevistas; apresentar os resultados da pesquisa aos colaboradores da UBSBV e comunidade
acadêmica.
             Após a apresentação do capítulo introdutório, descreve-se o segundo item, que
abrange o referencial teórico, abordando a história do Nutricionista no Brasil, atribuições
deste profissional no SUS e seu papel e importância inserido nesse sistema, assim como, a
ESF, o NASF, a problemática das faltas e, por fim, a educação nutricional.
13



             O terceiro capítulo refere-se ao método, que exibe as características, local,
participantes e como foi realizada a coleta e análise dos dados da pesquisa.
             No quarto capítulo, são demonstrados os resultados e discussão da pesquisa
respondendo aos objetivos da mesma, através dos dados coletados e da intervenção
nutricional o que permitiu a construção das seguintes categorias: faltas dos usuários às
consultas de nutrição, perfil socioeconômico e demográfico, conhecimento dos usuários sobre
o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde e educação nutricional
e devolutiva do estudo.
             As considerações finais são abordadas no quinto capítulo, respondendo se a
pesquisa conseguiu atingir os objetivos iniciais, se houve limitações, e sugestões de possíveis
propostas para novas pesquisas sobre o tema abordado.
             Por fim, são apresentadas as referências utilizadas durante o trabalho e os
apêndices.
14



2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


2.1 NUTRICIONISTA NO BRASIL: UM POUCO DA SUA HISTÓRIA


           Ao longo da história, ocorreram vários fatos que contribuíram para a evolução da
Ciência da Nutrição, como, por exemplo, a Revolução Industrial europeia no século XVIII e a
Primeira Guerra Mundial. Neste período, iniciaram os primeiros estudos nessa área, quando
foi percebido que soldados bem alimentados lutavam melhor (CRISTOFOLLI; BONATO;
RAVAZZANI, 2012). O surgimento efetivo da Ciência da Nutrição, em âmbito mundial, teve
início no começo no século XX, por isso, é considerada uma ciência recente
(VASCONCELOS, 2002; DEMÉTRIO et al., 2011).
           O interesse pela Nutrição no Brasil foi influenciado, em grande parte, pelo
trabalho de um médico argentino, Pedro Escudero que, em 1926, na sua terra natal, fundou o
Instituto Nacional de Nutrição e, em 1933, a Escola Nacional de Dietistas e o Curso de
Médicos Dietólogos (TOLOZA, 2003; VASCONCELOS, 2002; CRISTOFOLLI; BONATO;
RAVAZZANI, 2012).
           Vários brasileiros estudaram nas instituições fundadas por Escudero, sendo válido
destacar um deles: Josué Apolônio de Castro, que no ano de 1932 iniciou a pesquisa sobre as
condições de vida das classes operárias em Recife (L`ABBATE, 1988; ICAZA, 1991). Esse
estudo foi considerado o primeiro inquérito nutricional do Brasil e motivou outras pesquisas,
dando origem, também, ao primeiro salário mínimo (CRISTOFOLLI; BONATO;
RAVAZZANI, 2012).
           Josué de Castro foi uma figura importante para a evolução da Ciência da Nutrição
no Brasil, pois idealizou e concretizou o Instituto de Nutrição na Universidade do Brasil, atual
Universidade do Rio de Janeiro. Castro também foi presidente da Sociedade Brasileira de
Nutrição, criou o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS) e publicou vários
livros sobre a fome, entre eles, Geografia da fome e Geopolítica da Fome (CENTRO JOSUÉ
DE CASTRO, 2012).
           A formação de Nutricionistas no Brasil iniciou em 1939, com a criação do
primeiro curso de Nutrição no Instituto de Higiene de São Paulo, atual faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo. O curso tinha duração de um ano, era ministrado em
tempo integral e dividido em quatro períodos (FRIEDMAN; GOUVEIA, 1999; CFN, 2008;
SIMONARD-LOUREIRO et al., 2006; CRISTOFOLLI; BONATO; RAVAZZANI, 2012).
15



           No ano de 1940, surgiram: a Nutrição Clínica, a partir da Nutrição Básica e
Experimental; e a Nutrição Coletiva, que constituiu o núcleo inicial da perspectiva social da
Nutrição, com atuação voltada para o coletivo, para a sociedade e para a economia
(VASCONCELOS, 2002). Os cursos técnicos do Serviço Central de Alimentação do Instituto
de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI) também surgiram em 1940 e, em 1943,
eles deram origem ao Curso de Nutricionistas do Serviço de Alimentação da Previdência
Social (SAPS), criado por Josué de Castro, que atualmente é o Curso de Graduação em
Nutrição da Universidade do Rio de Janeiro (COSTA, 1953; MAURÍCIO, 1964; ASBRAN,
1991).
           No ano de 1944, foram criados o Curso de Nutricionistas da Escola Técnica de
Assistência Social Cecy Dodsworth, sendo hoje o Curso de Graduação em Nutrição da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro e os Arquivos Brasileiros de Nutrição
(SIMONARD-LOUREIRO et al., 2006; VASCONCELOS, 2002). Em 1948, teve início o
Curso de Dietistas da Universidade do Brasil, atual Curso de Graduação em Nutrição do
Instituto de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COSTA, 1953; MAURICÍO,
1964; ASBRAN, 1991).
           No ano de 1949, foi fundada a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) que
possibilitou a discussão, de forma coletiva, dos avanços e problemas dos Nutricionistas. A
ASBRAN também permitiu a promoção da integração entre os profissionais, professores e
alunos, por meio de reuniões e especialmente dos congressos brasileiros de Nutrição
realizados a partir de 1958 (SIMONARD-LOUREIRO et al., 2006; VASCONCELOS, 2002).
           Segundo Costa (1999), até a década de 60, a profissão de Nutricionista era
considerada exclusivamente feminina, já em 2006, segundo o CFN (2006), somente 96,5%
dos profissionais eram do sexo feminino. Esta profissão se tornou uma carreira jovem e
promissora, devido ao início da preocupação com a alimentação e nutrição por parte da
população. No mesmo período, surgiu a área de Nutrição em Saúde Pública
(VASCONCELOS, 2002). Em 1967, a profissão de Nutricionista foi regulamentada
(CRISTOFOLLI; BONATO; RAVAZZANI, 2012).
           Impulsionando ainda mais o crescimento da Nutrição, no ano de 1968, ocorreu a
Reforma Universitária, que determinou a abertura de novos cursos em todas as áreas de
conhecimento, especialmente naquelas que contavam com menor número de cursos de
graduação, como era o caso da Nutrição (VASCONCELOS, 2002; MARTINS, 2009).
           Até a década de 70, havia sete cursos de Nutrição no Brasil (ASBRAN, 1991).
Em 1972, o primeiro curso de graduação em Nutrição passou a ter quatro anos de duração,
16



dividido em oito semestres, conforme estabelecido pelo Ministério da Educação
(FRIEDMAN; GOUVEIA, 1999; CFN, 2008; SIMONARD-LOUREIRO et al., 2006).
            Segundo o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), a criação e execução do
primeiro Programa Nacional de Alimentação e Nutrição, em 1972, aumentou a necessidade de
recursos humanos que, por sua vez, impulsionou a criação de novos cursos de Nutrição e
aumentou o mercado de trabalho para Nutricionistas. Consequentemente, a profissão se
expandiu para os hospitais e SAPS, escolas, restaurantes de trabalhadores, docência, indústria,
marketing, Nutrição em esportes, saúde suplementar, núcleos de assistência à saúde da
família, entre outros. (CFN, 2008; VASCONCELOS, 2002).
           Em 20 de outubro de 1978, foi sancionada a Lei nº 6.583 que criou o Conselho
Federal e Regional de Nutricionistas, com a finalidade de orientar, disciplinar e fiscalizar o
exercício profissional (CFN, 1999). A instalação dos Conselhos Regionais foi feita a partir de
1980 (CFN, 2008). Em 1990, ocorreu a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Graduação em Nutrição, que definiu o perfil do Nutricionista, marco importante na
história do profissional (BRASIL, 2001; ASBRAN, 1991).
           Em 1996, o número de Instituições de Ensino Superior para formação de
Nutricionistas no Brasil era de 44; em 2007, essa quantidade passou para 267; e, em 2008,
subiu para 311. Na região Sul, no ano de 2000, havia 24 cursos; em 2009, passaram para 59,
demonstrando, assim, esta expansão na área e no número de profissionais (BRASIL, 2011a).
Segundo o CFN, a ampliação das áreas de atuação dentro da Nutrição, tanto na Saúde
Coletiva como nas demais áreas, se mantém nos dias atuais. Dentro da área de Saúde
Coletiva, o Nutricionista pode atuar no SUS, integrado ao NASF (CFN, 2006; CFN, 2008).


2.2 ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA NO SUS


2.2.1 Sistema Único de Saúde


           Segundo o Ministério da Saúde, o SUS é um dos maiores sistemas públicos de
saúde do mundo. Foi criado em 1988 e regulamentado pelas leis orgânicas da saúde, com o
objetivo de que todos tivessem acesso à saúde de forma menos desigual (BRASIL, 2012d).
Com a criação do SUS, a saúde passou a ser direito de todos e dever do Estado, tornando
obrigatório o atendimento gratuito a toda população. O SUS é um sistema que reúne vários
serviços, ações e Unidades Básicas de Saúde (UBS) que atuam em conjunto para garantir a
17



saúde de toda a população brasileira. Os princípios filosóficos deste sistema são
hierarquização, resolutividade e descentralização (BRASIL, 2000).
           Conforme o Ministério da Saúde, o SUS objetiva a promoção da igualdade no
atendimento das necessidades de saúde da população, ofertando serviços com qualidade
adequados a essas necessidades, independente do poder aquisitivo do cidadão. Este sistema se
propõe a promover a saúde, priorizando as ações preventivas, repassando informações
importantes para que a população tenha conhecimento dos seus direitos e dos riscos em
relação à sua saúde. O controle da ocorrência de doenças, seu aumento e propagação são
algumas das responsabilidades de atenção do SUS, assim como o controle da qualidade de
remédios, de exames, de alimentos, higiene e adequação das instalações que atendem ao
público, na qual atua a Vigilância Sanitária (BRASIL, 2008a).
           Através do SUS, todos os brasileiros têm direito a consultas, internações, exames
e qualquer tratamento, em qualquer unidade de saúde que tenha vínculo ao SUS, desde o
atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos. O sistema é mantido com recursos
arrecadados através de impostos e contribuições pagos pela população (BRASIL, 2012d).
           O setor privado participa do SUS de forma complementar, por meio de contratos e
convênios de prestação de serviço ao Estado. Isto ocorre quando as unidades públicas de
assistência à saúde, como a ESF, não são suficientes para garantir o atendimento a toda
população de uma determinada região (BRASIL, 2008b).


2.2.2 Estratégia de Saúde da Família


           No ano de 1994, com o intuito de atender aos princípios da Atenção Básica em
Saúde, foi criado o Programa Saúde da Família que, em 1999, transformou-se na ESF. Com o
objetivo de reorganizar a Atenção Básica em Saúde, o Programa passou a não ser mais visto
como um programa, pois é a porta de entrada do usuário aos serviços de saúde; assim, a ESF
passou a ser parte da Política Nacional de Saúde (COSTA; SANTANA, 2011; PACHECO,
2009).
           O Ministério da Saúde afirma que com a implantação das equipes
multiprofissionais da ESF, tem-se como meta a substituição do modelo hospitalocêntrico
tradicional, focado na doença, para um modelo voltado principalmente para a prevenção. Esta
estratégia visa à atenção integral, que abrange promoção, prevenção, assistência e reabilitação
da saúde (BRASIL, 1997).
18



           A ESF busca resgatar, por meio de atendimento humanizado, os vínculos de
compromisso e responsabilidade recíproca entre os serviços de saúde, os profissionais e a
população. Para viabilizar suas ações, cada equipe multiprofissional da ESF precisa ter a
participação de um Enfermeiro, de um Médico generalista (clínico geral), de dois auxiliares
de Enfermagem e de quatro a seis Agentes Comunitários de Saúde (TEIXEIRA; COSTA,
2003; BRASIL, 2006). Esta pode ter ainda uma equipe de saúde bucal, composta por um
cirurgião Dentista, um Auxiliar de consultório dentário e um Técnico em higiene bucal
(BRASIL, 2007; BRASIL, 2011b).
           A ESF deve acolher integralmente as necessidades de uma comunidade, definida
por limites territoriais, interferindo nos padrões de produção de saúde e doença e,
consequentemente, melhorando os indicadores de saúde. A equipe também deve atuar de
forma interdisciplinar e ser responsável pela atenção integral à saúde de 600 a 1000 famílias,
não devendo ultrapassar 4000 mil pessoas residentes em seu território de abrangência
(BRASIL, 2007; BRASIL, 2011b).


2.2.3 Núcleo de Apoio à Saúde da Família


           Em janeiro de 2008, o Ministério da Saúde, pela portaria nº 154, criou o NASF,
que tem como principal objetivo apoiar o trabalho da ESF, além de promover a saúde e a
qualidade de vida como forma de prevenção de doenças. O NASF é uma ampliação da ESF e
deve atuar de forma integrada à rede de serviços da saúde, considerando as necessidades
identificadas no trabalho em conjunto com as ESF (BRASIL, 2010).
           Segundo o Ministério da Saúde, os núcleos devem ser constituídos por
profissionais de diferentes áreas que atuam em parceria com os profissionais das ESF.
Existem dois tipos de núcleos: o NASF 1 e o NASF 2 (BRASIL, 2009a).
           O NASF 1 é composto por, no mínimo, cinco dos profissionais, dentre eles,
podem estar: Nutricionista, Médico Ginecologista, Médico Homeopata, Médico Pediatra,
Médico Psiquiatra, Assistente Social, Profissional da Educação Física, Farmacêutico,
Fonoaudiólogo, Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional. Os profissionais que integram o
NASF devem ser cadastrados e desenvolver as funções junto à, no mínimo, oito e no máximo
20 ESF (BRASIL, 2009a).
           O NASF 2 é destinado a municípios que tenham população abaixo de dez
habitantes por quilômetro quadrado, composto por, no mínimo, três profissionais de nível
superior de ocupações diferentes; dentre estes, podem estar: Assistente Social, Profissional de
19



Educação Física, Farmacêutico, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Nutricionista, Psicólogo e
Terapeuta Ocupacional, estes devem desenvolver ações junto à, no mínimo, 3 ESF (BRASIL,
2009a). O Nutricionista tem várias áreas de atuação e, dentro do NASF, essa área é
denominada área de Saúde Pública. Nesta, o Nutricionista tem várias tarefas que são citadas
pelo CFN (2008) como atribuições do Nutricionista na Atenção Básica em saúde.


2.2.4 Atribuições do Nutricionista


           Um grande passo para dar sustentação ao trabalho do Nutricionista na Saúde
Pública ocorreu no ano de 2005, quando o CFN, a partir da resolução nº 380, dispôs acerca
das áreas de atuação do Nutricionista, levando em consideração os objetivos, os campos de
atuação e o princípio da integralidade na atenção à saúde no SUS (BOOG, 2008; CFN, 2005).
           A área de Saúde Pública, conforme esta resolução, compreende três subáreas de
atuação: as políticas e programas institucionais; Atenção Básica em Saúde e Vigilância
Sanitária ou Vigilância em Saúde (CFN, 2005; BOOG, 2008). Segundo o CFN (2005), são
atribuições obrigatórias do Nutricionista, na Atenção Básica em Saúde no SUS:
   Planejar e executar ações de educação alimentar e nutricional, de acordo com o
    diagnóstico da situação nutricional identificado no usuário;
   Coletar, consolidar, analisar e avaliar dados de Vigilância Alimentar e Nutricional,
    propondo ações para a resolução da problemática em situações de risco nutricional;
   Identificar grupos populacionais de risco nutricional para DCNT, com o objetivo de
    planejar ações específicas;
   Participar, desde o planejamento até a execução, de cursos de aperfeiçoamento e
    treinamento para profissionais da área de saúde;
   Participar da elaboração, revisão e padronização de métodos relativos ao campo de
    alimentação e nutrição;
   Promover, junto com a equipe de planejamento a implementação, a implantação e o
    acompanhamento das ações de Segurança Alimentar e Nutricional;
   Integrar campos de educação permanente para o aprimoramento contínuo dos recursos
    humanos de todos os níveis do SUS;
   Desenvolver,    implantar     e implementar    protocolos de atendimento      nutricional
    adequado às particularidades da população assistida;
20



   Discutir com gestores de saúde, em parceria com outros coordenadores/supervisores
    da Atenção Básica em Saúde, a efetiva implantação de fluxos e mecanismos de referência
    e contra referência, além de outras medidas necessárias para garantir o desenvolvimento
    de ações de assistência à saúde e nutrição;
   Elaborar o plano de trabalho anual, que inclua os procedimentos adotados para o
    desenvolvimento das atribuições.
           Outras áreas de atuação deste profissional são a Alimentação Coletiva, a Nutrição
Clínica, docência, extensão, pesquisa e coordenação relacionadas à alimentação e à nutrição.
O Nutricionista também pode atuar na indústria de alimentos, realizando atividades de
desenvolvimento de produtos, também na Nutrição Esportiva, atuando em academias, clubes
esportivos e similares, bem como em âmbitos do marketing, entre outras funções (CFN,
2005).
           Na área de Alimentação Coletiva, o Nutricionista realiza atividades de
alimentação e nutrição nas Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN). O profissional
também pode atuar: dentro de empresas fornecedoras de serviços de alimentação coletiva, em
serviços de alimentação autogestão, restaurantes comerciais e similares; hotelaria marítima;
serviços de buffet e de alimentos congelados; comissárias e cozinhas dos estabelecimentos
assistenciais de saúde; e em atividades próprias da alimentação escolar e da alimentação do
trabalhador (CFN, 2005).
Na Nutrição Clínica, este profissional atua nos hospitais e clínicas, nas instituições de longa
permanência para idosos, nos ambulatórios e consultórios, nos bancos de leite humano, nos
lactários, nas centrais de terapia nutricional, nos spas e em atendimento domiciliar (CFN,
2005). Indiferentemente da área de atuação, o Nutricionista é formado para atuar com
qualidade, eficiência e resolubilidade no SUS.


2.3 PAPEL E IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA EM
SAÚDE


2.3.1 Papel do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde


           Na Atenção Básica em Saúde, o Nutricionista realiza um conjunto de ações, de
caráter individual e coletivo, situadas no primeiro nível de atenção nos sistemas de saúde,
visando à prevenção de doenças, promoção, manutenção e recuperação da saúde (CFN, 2005).
21



           Segundo o Conselho Nacional de Educação, o Nutricionista é definido como
generalista, humanista, crítico e capacitado a atuar visando à segurança alimentar e à atenção
dietética. O Nutricionista também está apto para atuar em todas as áreas do conhecimento nas
quais a alimentação e nutrição se mostrem essenciais para a prevenção, promoção,
manutenção e recuperação da saúde de indivíduos ou coletividades. O intuito desse
profissional é contribuir para a melhoria da qualidade de vida, fundamentado em princípios
éticos, com visão sobre a realidade cultural, econômica, política e social (BRASIL, 2001).
           Na Atenção Básica em Saúde, atuando junto ao NASF, o Nutricionista deve
realizar ações de alimentação e nutrição em todas as fases do ciclo da vida. Deve atuar tanto
diante de indivíduos saudáveis, como de enfermos com problemas como desnutrição,
carências específicas, obesidade e nos demais distúrbios nutricionais e alimentares e na sua
relação com as patologias (BRASIL, 2009a).
           O trabalho do Nutricionista é importante para socialização do conhecimento sobre
os alimentos e sobre o processo de alimentação, bem como para o desenvolvimento de
estratégias de resgate de hábitos e práticas alimentares regionais, relacionadas ao consumo de
alimentos locais e de custo acessível com elevado valor nutritivo (CFN, 2005).
           O Nutricionista que atua no NASF deve conhecer e estimular a produção e o
consumo dos alimentos saudáveis produzidos regionalmente, além de incentivar o cultivo de
hortas e pomares comunitários. Este profissional também deve capacitar a ESF e participar de
ações vinculadas aos programas de controle e prevenção dos distúrbios nutricionais; devendo
também elaborar, em conjunto com as ESF, rotinas de atenção nutricional e atendimento para
doenças relacionadas à alimentação e nutrição, de acordo com protocolos de Atenção Básica
em Saúde (BRASIL, 2011b).
           O Nutricionista está capacitado para atuar auxiliando o Brasil, colocando em
prática as políticas direcionadas aos problemas relacionados à alimentação e nutrição, como,
por exemplo, a desnutrição e a obesidade. Também está apto a orientar as pessoas de acordo
com fatores culturais, nível socioeconômico, hábitos alimentares, religião, tabus, vocação
agrícola do local, entre outros fatores que podem influenciar na prática da alimentação
saudável. A atuação do profissional na Atenção Básica em Saúde é essencial, visto que ele
busca a prevenção e promoção da saúde através de uma alimentação saudável e da educação
nutricional da população (LIMA; GOUVEIA, 1999; CFN, 2012a).
22



2.3.2 Importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde


            Segundo Lima e Gouveia (1999), o estado nutricional das populações é resultado
de fatores ambientais, sociais, econômicos, culturais e demográficos, resultando na
disponibilidade de alimentos, do consumo e utilização orgânica dos nutrientes. A alimentação
é uma preocupação mundial, um desafio para cada país, de uma forma diferente, devido às
individualidades climáticas, culturais, entre outras.
            A transição nutricional é verificada em diversas partes do Brasil e do mundo, este
fenômeno é caracterizado pela diminuição da prevalência dos déficits nutricionais e aumento
de pessoas com sobrepeso e obesidade. Esse problema atinge todas as faixas etárias, o que
vem trazendo prejuízos à saúde e à qualidade de vida dessas pessoas (BATISTA FILHO et al.,
2008).
            É fundamental que o Nutricionista atue na rede de saúde para a redução dos
problemas de caráter nutricional; também é importante e essencial que os usuários sejam
encaminhados ou busquem atendimento para um diagnóstico precoce e que, assim, possam
ser realizadas as intervenções necessárias o mais cedo possível (WHO, 2004).
            O profissional Nutricionista realiza o diagnóstico de agravos nutricionais, o que é
fundamental para mobilizar as autoridades com as soluções dos problemas relacionados à
alimentação e nutrição. Para chegar a este diagnóstico, é necessária a utilização de indicadores
específicos e bem conhecidos pelo Nutricionista. Depois de diagnosticados os problemas, as
informações podem ser utilizadas pelos órgãos governamentais, auxiliando na criação de
estratégias para intervenção nutricional como, por exemplo, o programa de suplementação de
ferro criado pela Política Nacional de Alimentação e Nutrição (LIMA; GOUVEIA, 1999;
BRASIL, 2012b).
            É importante ressaltar que medidas políticas e sociais de alimentação e nutrição só
se tornam eficazes quando inseridas em um contexto maior, em uma política ampla que
atenda às necessidades da população, também sendo relevante que os programas de
alimentação e nutrição estejam associados à distribuição de alimentos. Essas políticas
necessitam ser acompanhadas de educação nutricional e por avaliação permanente da eficácia
do programa, realizadas por um profissional capacitado que é o Nutricionista (LIMA;
GOUVEIA, 1999).
            Boog (2008, p. 34) afirma que a inserção da Atenção Básica em Saúde dentro do
NASF é definida pelos gestores municipais de acordo com as necessidades e disponibilidades
de profissionais dos locais.
23



                       É relevante considerar que a opinião dos gestores acerca do valor da intervenção, do
                       potencial de resolutividade dela a curto, médio e longo prazos e a representação que
                       eles têm sobre o papel que o Nutricionista pode ou deve desempenhar são tão ou
                       mais significativos na tomada de decisão sobre a incorporação do profissional na
                       equipe, do que a necessidade e disponibilidade de profissionais na região, e a
                       avaliação dessa necessidade dificilmente será realizada sem sofrer a influência dos
                       centros de interesse e de poder.


            Dessa forma, a atuação deste profissional no NASF é primordial para desenvolver
um trabalho interdisciplinar, através de ações voltadas para a alimentação e nutrição, com a
finalidade de melhoria da saúde e qualidade de vida dos usuários (ASSIS et al., 2002).
Verifica-se ainda a importância do Nutricionista, quando Ferreira e Magalhães (2007), com
base na Declaração Universal dos Direitos Humanos, afirmam que alimentação e nutrição são
direitos humanos fundamentais e importantes para um desenvolvimento biológico e social
completo.


2.3.3 Faltas dos usuários nos serviços de saúde


            Poucos estudos foram realizados, até o presente momento, sobre as faltas dos
usuários nas consultas com o profissional Nutricionista, na Atenção Básica em Saúde, e até
mesmo com os demais profissionais.
            Para Ferreira et al. (2011), as faltas às consultas representam um consumo extra
de recursos humanos e econômicos, tornando-se uma limitação para a atuação do profissional.
Essa problemática, segundo os autores, afeta todas as especialidades médicas. Para Bender,
Molina e Mello (2010), o não aviso prévio da falta é um prejuízo, visto que se perde a
oportunidade de inserir outro usuário naquela consulta.
            Segundo um estudo realizado em São Paulo, por Almeida et al. (2009), percebeu-
se que, apesar de toda estrutura ser oferecida aos usuários, eles não compareciam às consultas
de odontologia agendadas e não justificavam essas faltas posteriormente. Perceberam que, na
maioria dos casos, as faltas se davam por esquecimento do paciente, que alegavam não terem
recebido uma ligação de lembrete acerca da consulta.


                       As faltas às consultas representam um consumo acrescido de recursos humanos,
                       estruturais (espaço físico) e econômicos. Têm um impacto importante na qualidade
                       assistencial, constituindo uma oportunidade perdida de diagnóstico, de prevenção
                       e/ou tratamento. Alguns autores verificaram que a saúde dos doentes que faltam à
                       consulta pode estar em risco, apesar da sua percepção de “bem estar” (FERREIRA
                       et al., 2011, p. 259).
24



           Conforme o estudo de Ferreira et al. (2011), os fatores que levam os usuários a
faltarem às consultas são: problemas de saúde mental, baixo nível socioeconômico, período
muito longo entre uma consulta e outra e até a distância da casa até a unidade de saúde. O
esquecimento das consultas também é um ponto muito referido.
           Para resolução desta problemática, no serviço particular, se mostra eficiente o
serviço de lembrete às consultas, ao contrário das multas punitivas. Por isso, torna-se cada vez
mais importante identificar as causas dessas faltas e implementar medidas que otimizem a
eficiência e eficácia dos serviços de saúde (FERREIRA et al., 2011).
Dessa forma, é também importante verificar se os usuários faltam muito às consultas com o
Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. A partir deste dado, pode-se pensar em alguma
medida de intervenção para que os usuários não faltem às consultas, e/ou compreendam a
importância deste profissional, tanto no que se refere às atividades de educação nutricional,
quanto no tratamento de doenças.


2.4 EDUCAÇÃO NUTRICIONAL


           Turano e Almeida (1999) afirmam que a educação é um processo que tem como
objetivo capacitar o ser humano para agir diante de situações novas do dia a dia, fazendo uso
de experiências anteriores, sempre visando à integração, a continuidade e o progresso no
campo social, segundo as necessidades de cada um, afim de serem atendidos, integralmente, o
indivíduo e a coletividade. A educação em saúde, no campo da Nutrição, tem o objetivo de
ensinar um indivíduo ou coletividades sobre a maneira agir frente aos problemas diários,
tornando-se fundamental, assim, a prática da educação nutricional.
           Para Boog (1997), a educação nutricional é uma importante estratégia de ação em
Saúde Pública, além de ser uma disciplina obrigatória nos cursos de Nutrição, fazendo parte
das ações do Nutricionista em todas as áreas de atuação. A educação nutricional, tanto na
teoria como na prática, tem o mesmo objetivo, que é fazer com que o indivíduo tenha
consciência e responsabilidade sobre suas ações relacionadas à alimentação.
           O comportamento alimentar tem sua construção na infância, transmitido pela
família e pelas tradições, crenças e tabus, que passam pelas gerações associado aos hábitos
alimentares. Esses hábitos e comportamentos alimentares podem mudar de acordo com as
mudanças do ambiente (TURANO; ALMEIDA, 1999; CFN, 2012b). A mudança de hábitos e
comportamentos alimentares também pode se dar através da educação nutricional, que está
inserida na prática diária do Nutricionista (TURANO; ALMEIDA, 1999).
25



            Para estimular os indivíduos a uma mudança de hábitos e comportamentos
alimentares incorretos, é necessário que o educador, neste, caso o Nutricionista, consiga
sensibilizar e motivar o indivíduo e/ou a coletividade passando segurança e conhecimento
(LINDEN, 2005). A mudança dos hábitos e comportamentos alimentares inadequados
também é conhecida como reeducação alimentar e tem como objetivo a promoção da saúde
para evitar as consequências negativas de uma má alimentação e nutrição (STÜRMER, 2004).
            A educação nutricional é uma das ferramentas da área da Nutrição que pode ser
utilizada com o objetivo de estabelecer bons hábitos alimentares. Para seu sucesso, é
importante que seja realizado um diagnóstico nutricional da população para a qual a
orientação se destina, utilizando informações claras e pertinentes quando o assunto for
abordado (CERVATO; GOMES; JORGE, 2004).
            Segundo Campadello e Diniz (2006), não existe uma idade para começar a se
alimentar corretamente, porém, seria importante a criação de bons hábitos e comportamentos
desde a infância, pois, conforme as pessoas envelhecem, a mudança de hábitos e
comportamentos torna-se mais difícil.
            A alimentação tem influência em todo o organismo, desde a saúde da pele até a
saúde mental. Stürner (2004) argumenta que para uma vida mais saudável, é necessário
investir em educação alimentar, e o Nutricionista está habilitado para atuar promovendo essa
educação através da instrução de bons hábitos e comportamentos alimentares.
            Conforme Boog (2008), compete ao Nutricionista, no exercício de suas
atribuições na área de Saúde Coletiva, prestar assistência e educação nutricional para as
coletividades, bem como para os indivíduos sadios ou enfermos, podendo atuar também em
instituições públicas ou privadas e em consultório de nutrição e dietética, através de ações,
programas, pesquisas e eventos, direta ou indiretamente relacionados à alimentação e
nutrição.
            Embora a assistência e educação alimentar e nutricional constituam ações
privativas do Nutricionista, conforme a Lei 8.234/91 que regulamenta a sua atuação
profissional, a promoção da alimentação saudável tem caráter mais amplo, envolvendo nesse
processo os demais profissionais da saúde e os órgãos governamentais (BOOG, 2008).
26



3 MÉTODO


3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA


           A presente pesquisa possui característica quantitativa com predominância
qualitativa, do tipo descritiva. Sua classificação em relação aos procedimentos técnicos é
definida como pesquisa documental e estudo de caso (LUCIANO, 2001; CERVO;
BERVIAN, 2002).
           Segundo Luciano (2001), Silva e Menezes (2001) uma pesquisa tem característica
quantitativa quando seus resultados podem ser traduzidos em números. Com base nesta
afirmação, a pesquisa em questão tem característica quantitativa, pois após a verificação dos
dados das faltas dos usuários da UBSBV, em consultas com a Nutricionista, no período de
julho a setembro de 2012 os dados foram tabulados e, consequentemente, quantificados.
           Formulou-se uma entrevista semiestruturada sobre o Perfil Socioeconômico e
Demográfico e sobre o Conhecimento do Usuário sobre o Papel e a Importância do
Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. A entrevista continha perguntas abertas e fechadas
e foi aplicada aos usuários da UBSBV, por demanda espontânea e em visitas domiciliares.
           A entrevista semi-estruturada tem como características a utilização de um roteiro
previamente elaborado com perguntas principais, complementadas por outras questões
relativas às circunstâncias do momento da entrevista. Além disso, as respostas nesse tipo de
entrevista não estão condicionadas a uma padronização de alternativas. A elaboração do
roteiro possibilita um planejamento da coleta dos dados para que se possa alcançar o objetivo
final (MANZINI, 1991; SILVA; MENEZES, 2001; LUCIANO, 2001).
           Após a verificação e tabulação das faltas dos usuários e aplicação da entrevista, os
dados foram confrontados com a contribuição da bibliografia já existente. Com base nessa
proposta, a pesquisa tem característica qualitativa, pelo fato de centrar-se não apenas na
quantificação, mas principalmente na qualificação dos dados após a verificação, preocupando-
se em compreendê-los e explicá-los (FONSECA, 2002; LUCIANO, 2001; SILVA;
MENEZES, 2001; DESLANDES; GOMES; MINAYO, 2007).                      Para Fonseca (2002), a
utilização conjunta das características qualitativa e quantitativa permite obter um maior
número e qualidade de informações do que com o uso destas isoladamente.
           A pesquisa é considerada também do tipo descritiva, pois através da aplicação da
entrevista, foram analisadas e descritas características dos usuários da UBSBV e, através da
27



verificação das faltas e presenças, quantificou-se a frequência do problema (LUCIANO, 2001;
CERVO; BERVIAN, 2001).
           De acordo com os procedimentos técnicos, a pesquisa é classificada como
documental e estudo de caso. Documental, pois foram analisados documentos, ou seja, os
prontuários UBSBV, que não receberam nenhum tipo de tratamento científico. A pesquisa se
deu, assim, em busca de informações que ainda não haviam sido analisadas que, neste caso,
foram as faltas dos usuários às consultas com a Nutricionista (SÁ-SILVA; ALMEIDA;
GUINDANI, 2009). Também é classificada como estudo de caso, devido à pesquisa ter
acontecido com um determinado grupo, os usuários da UBSBV, objetivando verificar o
conhecimento deles sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em
Saúde (CERVO; BERVIAN, 2001). Segundo Yin (2005), o estudo de caso pode ser de caso
único ou de casos múltiplos, podendo conter tanto dados qualitativos como quantitativos e as
evidências podem ser de documentos, entrevistas, entre outros.
           Após a aplicação da entrevista, realizou-se uma intervenção nutricional com a
entrega de uma cartilha e fixação de um mural na UBSBV (LUCIANO, 2001; FONSECA,
2002). Ambos objetivaram que os entrevistados e os usuários, de um modo geral, entendam o
papel e a importância do profissional Nutricionista na Atenção Básica em Saúde.


3.2 LOCAL E PARTICIPANTES DA PESQUISA


           A pesquisa foi realizada com os usuários da UBSBV de Palhoça-SC, localizada na
Rua José Cosme Pamplona, 1447, no bairro Bela Vista, por demanda espontânea nas
dependências da UBSBV e em visitas domiciliares. A UBSBV foi fundada em 1996 pelo
Secretário de Saúde e foi transferida para o atual local em 28 de Março de 2005.
           A UBSBV realiza suas atividades de segunda a sexta-feira, das 07:00 às 12:00h e
das 13:00 às 17:00h, atendendo às pessoas que moram no bairro Bela Vista e que tem um
cadastro e número de prontuário junto a este local. Para o atendimento na UBSBV, os
usuários são divididos em duas áreas de abrangência, a 008 e 028. Cada área contém um
médico e uma enfermeira vinculados a ESF. Já a Nutricionista, que é vinculada ao NASF,
atende em ambas as áreas. Atualmente, a UBSBV conta com 26 colaboradores e é coordenada
por uma técnica de enfermagem.
            A UBSBV não contém dados sobre o número de usuários cadastrados, porém,
segundo relatos das enfermeiras, a maioria dos problemas de saúde relacionados à Nutrição
são a HAS e o DM.
28



3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS


           A pesquisa foi dividida em quatro etapas: verificação de faltas, entrevista,
intervenção, tabulação, análise descritiva dos dados e devolutiva dos resultados.
           Inicialmente foram verificadas as faltas dos usuários da UBSBV nas consultas que
foram agendadas com a Nutricionista. A verificação desses dados ocorreu no mês de outubro,
analisando-se os agendamentos de julho a setembro de 2012, sendo verificado, no prontuário,
se o usuário comparecia ou não.
           No mês de outubro de 2012, foram realizadas as entrevistas (APÊNDICE B) com
os usuários da UBSBV, por demanda espontânea, em atendimento ou não com a
Nutricionista, tanto na própria como em visitas domiciliares. Antes da entrevista, ao usuário
que aceitou participar, foi solicitada a assinatura de um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A). A Entrevista abordou questões sobre o perfil
socioeconômico e demográfico e também sobre o conhecimento do papel e da importância do
Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Segundo Linden (2005), a entrevista é um tipo de
técnica que pode ser utilizada no processo de comunicação direta com o entrevistado. Para
obter sucesso nas entrevistas e um bom diagnóstico da situação, o entrevistador deve ser
imparcial, orientando o entrevistado e não o induzindo às respostas.
           Ao término da entrevista, como forma de intervenção, cada usuário recebeu uma
cartilha (APÊNDICE C), com explicação didática, imagens e texto de fácil leitura,
possibilitando ao entrevistado a real compreensão do papel e importância do Nutricionista na
Atenção Básica em Saúde. Também foi elaborado um mural (APÊNDICE D) com o objetivo
de que todos os usuários da UBSBV tivessem acesso a essa informação. Conforme Linden
(2005), os recursos materiais, como a cartilha que foi entregue e o mural exposto, servem para
o usuário poder estimular seu aprendizado. Esses recursos permitem maior facilidade de
compreensão dos conteúdos para o processo de aprendizagem. Esses materiais devem ser bem
selecionados e adequados às características do indivíduo, resultando em um melhor
aprendizado.
           Para verificar o perfil socioeconômico e demográfico dos usuários e seu
conhecimento sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde,
foram analisados, discutidos e agrupados os dados levantados, o que permitiu a construção
das seguintes categorias: faltas dos usuários às consultas de nutrição, perfil socioeconômico e
demográfico, conhecimento dos usuários sobre o papel e a importância do Nutricionista na
Atenção Básica em Saúde e educação nutricional e devolutiva do estudo. Foi realizado
29



também um comparativo desses dados com o número de faltantes às consultas, dentro do
período estipulado, através da literatura científica existente.
            Ao final da análise, realizou-se a apresentação dos resultados da pesquisa aos
colaboradores da UBSBV, com a entrega de uma cópia dos resultados, e à comunidade
acadêmica, com a apresentação da pesquisa e disponibilização do projeto impresso.
30



4 RESULTADOS E DISCUSSÃO


           Durante o mês de outubro de 2012, foram verificadas as faltas de 175 usuários nas
consultas agendadas com a Nutricionista da UBSBV, no período de julho a setembro do
mesmo ano. Além disso, foram entrevistados 56 usuários da UBSBV que aceitaram assinar o
TCLE (APÊNDICE A). As entrevistas (APÊNDICE B) foram realizadas na UBSBV e em
visitas domiciliares, com o objetivo de verificar o perfil socioeconômico e demográfico dos
usuários e o seu conhecimento sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção
Básica em Saúde.


4.1 FALTAS DOS USUÁRIOS ÀS CONSULTAS DE NUTRIÇÃO


           As faltas foram verificadas com o intuito de analisar a frequência dessa
problemática e sua interferência e/ou relação com o conhecimento dos usuários da UBSBV
sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde, além da conexão
com o perfil socioeconômico e demográfico.
           Segundo Riberto et al. (2010), uma das maiores problemáticas dos serviços de
saúde consiste em saber como lidar com as faltas dos usuários às consultas e em como
organizar a sobrecarga do serviço com urgências que não estão na programação dos
atendimentos. Sendo assim, o autor coloca a necessidade de reduzir o número de faltas, não
apenas para diminuir o desperdício de recursos financeiros, mas por estar negando o
atendimento às pessoas necessitadas que estejam na fila de espera.
           Das 191 consultas pré-agendadas com a Nutricionista de julho a setembro, em 16
não foi possível verificar se o usuário compareceu ou não, devido ao prontuário não ter sido
localizado na UBSBV, mesmo com três tentativas em dias alternados para localização desses
nos arquivos do local. Por isso, foram considerados somente 175 agendamentos para
tabulação e discussão dos resultados.
           Na Tabela 1 estão apresentados os dados das faltas dos 175 usuários que
agendaram consultas com a Nutricionista no período de julho a setembro de 2012, assim
como o gênero de cada um.
31



Tabela 1 – Faltas dos usuários da UBSBV às consultas de Nutrição. Palhoça-SC, out. 2012.
          Variáveis                           n                                 %
Sexo
Feminino                                     141                                81
Masculino                                    34                                 19
Frequência
Faltas                                       93                                 53
Presenças                                    82                                 47
Faltas por sexo
Feminino                                     81                                 87
Masculino                                    12                                 13
Presenças por sexo
Feminino                                     60                                 73
Masculino                                    22                                 27
Faltas em relação ao total
de cada sexo
Femino                                       81                                 57
Masculino                                    12                                 35
Presenças em relação ao
total de cada sexo
Femino                                       60                                 42
Masculino                                    22                                 65
Fonte: Küter, 2012.


             Observou-se, durante a coleta de dados, a necessidade de a UBSBV implantar um
sistema informatizado para o arquivamento de dados dos prontuários de cada usuário, pois
muitos deles foram extraviados ou até mesmo armazenados em lugar incorreto. Além disso,
não existia uma padronização na forma de evolução, pelo fato de muitas vezes as letras dos
médicos e de outros profissionais serem de difícil compreensão. Assim, as faltas nem sempre
eram registradas e não se tinha um controle efetivo do número de usuários atendidos e/ou
cadastrados pela UBSBV atualmente e suas principais enfermidades para ações preventivas.
             Um estudo realizado por Wechsler et al. (2003) abordou a questão dos prontuários
eletrônicos, destacando as vantagens dessa ferramenta. Dentre essas vantagens, tem-se: um
texto legível, a possibilidade de acesso ao mesmo prontuário, em vários locais, ao mesmo
tempo; a facilidade na localização dos prontuários; entre outros. Porém, para que seja
utilizado esse sistema, é necessária a existência de software, hardware e de infraestrutura de
redes, elétrica, de manutenção, entre outros. Perondi, Sakano e Schvartsman (2008) também
identificam vantagens na informatização dos prontuários, dentre elas, a impossibilidade de
extravio dos prontuários, o controle do fluxo de usuários no serviço de saúde, mais agilidade,
a impossibilidade de deterioração e alteração das informações, dentre outros.
32



            Observando-se os prontuários dos usuários que agendaram suas consultas no
período de julho a setembro de 2012, verificou-se que dos 175 usuários, a maioria, 81%
(n=141) eram mulheres e, em menor quantidade, 19% (n=34), homens. Segundo o Ministério
da Saúde, os homens têm maior presença nos serviços de urgência e emergência em relação
aos serviços de Atenção Básica em Saúde no Brasil. Também é apontado que os homens
sofrem mais de condições severas e crônicas de saúde do que as mulheres e que apresentam
uma expectativa de vida menor (BRASIL, 2007). Gomes et al. (2011) e Gomes, Nascimento e
Araújo (2007) apontam, em seus estudos, que os homens evitam procurar as unidades de
saúde, sendo contrários à prevenção e ao autocuidado. Por isso, foram criadas as diretrizes
voltadas à saúde do homem (BRASIL, 2009b).
            Dos 175 agendamentos, somente 47% (n=82) compareceram às consultas com a
Nutricionista, e, dentre os que faltaram, 87% (n=81) eram mulheres e 13% (n=12) eram
homens.
            Segundo relatos da Secretaria Municipal de Saúde de Biguaçu-SC, pode-se
concluir que a problemática das faltas não se restringe à UBSBV nas consultas com a
Nutrição. A porcentagem de faltas no município, em algumas especialidades, chega a 57%,
sendo muito comuns os casos em que os usuários faltam à consulta ou exames sem
justificativa e não comunicam a unidade para que possa ser colocada outra pessoa na vaga
(BIGUAÇÚ, 2012). O gerente de regulação da Secretaria de Saúde do município de Biguaçu-
SC, afirma que:


                         As ausências causam danos financeiros ao município, uma vez que os profissionais
                         ou os prestadores de serviços estão sendo pagos, além disso, a pior consequência é
                         que aquela vaga não utilizada poderia ser destinada a outro paciente que está
                         necessitando muito do serviço. Isso faz com que a lista de espera para a realização
                         do procedimento não consiga ter a vazão adequada em muitos casos (BIGUAÇU,
                         2012, s. p.).


            No município de Campinas-SP foi implantado um serviço para diminuir o
absenteísmo, chamado de serviço “Disque Saúde”, ele ajudou na redução do número de faltas
de 30% para 5%, em um mês, nas unidades da rede básica. O “Disque Saúde”, funciona como
um lembrete aos usuários: dois dias antes da consulta, a unidade entra em contato para
lembrá-lo do agendamento. (CAMPINAS, 2012). Segundo outro estudo realizado por Vilela,
Silva e Batista Filho (2010), o tempo prolongado de espera leva os usuários a um sentimento
de insatisfação, o que gera reclamações e, por estarem desacreditados do serviço, acabam
faltando às consultas.
33



            Em uma UBS no município de São Paulo-SP, Sala et al. (1993) realizou uma
pesquisa com usuários portadores de doença crônico-degenerativa, verificando que muitos
não retornam às consultas para o seguimento do tratamento e que cerca de 30% faltam já na
primeira consulta. Outro estudo realizado no município de Balneário Camboriú-SC, por
Scholze et al. (2006), demonstrou que quando a demanda dos usuários a consultas imediatas
não é atendida, isso induz a riscos à saúde, como, por exemplo, a automedicação, que também
é um importante motivo para faltas às consultas marcadas e que congestiona ainda mais os
agendamentos.
            Fazendo uma análise, separadamente, por cada sexo e com seus respectivos
números de agendamentos, pode-se identificar que os que compareceram, em maior
percentual, foram os homens com 65% (n=22) e, dos que faltaram, o maior percentual foi o
das mulheres, com 57% (n=81). Ou seja, mesmo com os homens procurando menos o serviço
de saúde, quando agendavam uma consulta, compareciam em maior percentual do que as
mulheres.
            Já Couto et al. (2010), em seu estudo, relatam, conforme afirmativas dos
profissionais de saúde, que os homens, além de menos presentes e assíduos, oferecem mais
resistência aos convites para irem ao serviço de saúde e faltam mais às consultas marcadas,
além de não seguirem o tratamento como esperado, resultado este que difere do da atual
pesquisa.
            Na UBSBV, segundo relatos da coordenadora e das enfermeiras, há uma grande
problemática em relação às faltas em todas as áreas de atendimento, dentre elas: em clínica
geral, pediatria, enfermagem, odontologia, além da Nutrição. Esse descaso por parte dos
usuários fez com que a coordenadora da UBSBV tomasse a iniciativa de determinar que
aqueles que faltam às consultas e não entram em contato com antecedência para avisar, estão
impedidos de marcar consulta com qualquer profissional dentro dos próximos 30 dias,
conforme está demonstrado na Fotografia 1 a seguir:
34



                           Fotografia 1 – Recado aos faltosos




                           Fonte: Küter, 2012.


           Atualmente não existe uma norma na Política Pública de Saúde que permita o
procedimento adotado por esta coordenadora, porém, é necessário adotar estratégias para
redução do número de faltas. Outras medidas podem ser tomadas para diminuir este número,
como a conscientização da população, o lembrete das consultas através de ligações com um
dia de antecedência e a humanização do atendimento.
           Bender, Molina e Mello (2010) realizaram um trabalho em uma UBS de
Florianópolis-SC e identificaram, segundo relatos dos faltantes, que o principal fator que leva
às faltas é a vulnerabilidade social; e os fatores que contribuem são o tempo de espera para a
consulta e a omissão dos usuários em manter seus contatos atualizados. Assim, a seguir, serão
discutidos os dados do perfil socioeconômico e demográfico dos usuários da UBSBV.


4.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO


           O perfil socioeconômico e demográfico foi coletado com o objetivo de verificar a
relação desses com o conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do
Nutricionista na Atenção Básica em Saúde e a conexão com o grande número de faltas às
consultas com a Nutricionista.
           Para verificar o perfil socioeconômico e demográfico, conforme a Tabela 2, foi
aplicada uma entrevista aos 56 usuários que aceitaram participar da pesquisa, cada uma com
média de duração de 10 a 15 minutos, dependendo do grau de entendimento do entrevistado.
35



Tabela 2 – Perfil socioeconômico e demográfico dos usuários da UBSBV. Palhoça-SC, out.
2012.
                                                                             (continua)
            Variáveis                          n                        %
Idade
10 a 19 anos                                   02                       04
20 a 59 anos                                   42                       75
≥ 60 anos                                      12                       21
Sexo
Feminino                                       41                       73
Masculino                                      15                       27
Etnia
Branca                                         48                       86
Parda                                          06                       11
Negra                                          02                       03
Ocupação
Aposentado (a)                                 11                       20
Doméstica                                      11                       20
Motorista/Caminhoneiro                         04                       07
Outras                                         30                       53
Carga horária de trabalho
4a6                                            08                       14
7a8                                            16                       29
9 a 12                                         05                       09
13 a 16                                        05                       09
Período de trabalho*
Matutino                                       27                       48
Vespertino                                     31                       55
Noturno                                        08                       14
Anos de estudo
0 a 4 anos                                     21                       37
5 a 8 anos                                     20                       36
9 a 11 anos                                    11                       20
13 a 14 anos                                   04                       07
Estado civil
Solteiro (a)                                   08                       14
Casado (a) / União Estável                     44                       79
Viúvo (a)                                      04                       07
Nº de Filhos
0a2                                            38                       68
3a4                                            13                       23
5a6                                            05                       09
Nº de pessoas na casa
1a4                                            48                       86
5a8                                            08                       14
Renda mensal familiar (salário
mínimo)
Até 1 SM                                       01                       02
36



Tabela 2 – Perfil socioeconômico e demográfico dos usuários da UBSBV. Palhoça-SC, out.
2012.
                                                                                    (conclusão)
               Variáveis                                   n                       %
> 1 a 2 SM                                                 16                      28
> 2 a 3 SM                                                 16                      28
> 3 a 4 SM                                                 14                      25
> 4 a 5 SM                                                 09                      17
Renda per capita
≤ ½ SM                                                     25                      45
> ½ a 1 SM                                                 23                      41
>1 a 2 SM                                                  06                      11
>2 a 3 SM                                                  02                      03
Meio de transporte até a UBSBV
A pé/bicicleta                                             35                      62
Transporte coletivo                                        02                      04
Transporte próprio (carro/moto)                            19                      34
* O percentual ultrapassou 100% pois foram consideradas mais de uma alternativa.
Fonte: Küter, 2012.


             Das 56 pessoas entrevistadas, 75% (n=42) eram adultas e a maioria do sexo
feminino (73%, n=41). Segundo dados do IBGE (2010), o número de idosos no Brasil vem
crescendo e já representa 12% da população, porém, ainda há predominância da população
adulta.
             Pode-se inferir, através desses resultados, que as mulheres procuram mais a
UBSBV do que os homens. Segundo o Ministério da Saúde, vários estudos comprovaram que
os homens são mais suscetíveis às doenças, pelo fato de procurarem com menos frequência as
Unidades Básicas de Saúde e, quando procuram, os quadros já estão agravados (BRASIL,
2012f). Isso pode ser observado na fala dos entrevistados, como, por exemplo, quando um
senhor de 60 anos disse que “é difícil procurar médico, só quando estamos ruins”. Merino e
Marcon (2007) também verificaram, através de uma pesquisa com adultos em uma cidade de
pequeno porte (Porto Rico-PR) que, dentre os participantes do sexo masculino, a maior parte
procura a unidade de saúde apenas quando sente que a situação de saúde é grave.
             Vieira (2009), em seu trabalho sobre o atendimento do Nutricionista em uma
Policlínica do município de São José-SC, verificou, segundo relatos da Nutricionista, que a
maioria dos atendimentos são de adultos e idosos, com predominância do sexo feminino.
Mendes (2010) também verificou a predominância do sexo feminino em uma pesquisa
realizada somente com adultos atendidos no ambulatório de práticas de saúde do Centro
37



Universitário do Leste de Minas Gerais, objetivando verificar o estado nutricional e estilo de
vida. Dos usuários atendidos, 85% eram mulheres com idade entre 20 e 29 anos.
           A raça branca foi predominante nesta pesquisa (86%, n=48). Em muitos estudos, a
etnia é relatada como fator de risco para doenças, como por exemplo, a HAS que é mais
predominante em pessoas de etnia não-branca e o DM Tipo II que é mais comum em brancos
e latinos (SBH, 2010; AGÊNCIA BRASIL, 2012). Com base nisso, não se pode fazer uma
relação da etnia com a predominância de DCNT, pois se obteve um maior número de relatos
de HAS e brancos.
           Em relação à ocupação, o maior percentual dos relatos são de domésticas (20%,
n=11), aposentados (as) (20%, n=11) e motoristas/caminhoneiros (07%, n=4).
           As demais profissões relatadas incluíram costureira (05%, n=3), ajudante de
pedreiro/pedreiro (04%, n=2), autônomo (04%, n=2), professora (04%, n=2) e, as demais
(02%, n=1): administrador, apicultor, atendente em restaurante, auxiliar de padaria, auxiliar
jurídico, bordadeira, camareira, cozinheira, chefe de loja, desempregada, diarista, embaladora,
estudante, frentista de caixa, gerente de hotel, repositora de supermercado, representante
comercial e servente de limpeza. Durante as entrevistas, percebeu-se que existe uma relação
entre a renda, o baixo nível de escolaridade e a profissão, ou seja, quanto maior o nível de
escolaridade, maior a renda.
           Bordin e Caputo (2008) relacionam o menor grau de escolaridade a uma maior
dificuldade na superação da pobreza, com menor qualificação e oportunidades de competir no
mercado de trabalho, aumentado a submissão ao trabalho informal e mal remunerado.
           A carga horária da maioria foi de 7 a 8 horas diárias, totalizando 29% (n=16) e,
referente ao período de trabalho, 103% (n=58) trabalham em período integral. O horário de
funcionamento da UBSBV é no mesmo período em que a maioria dos entrevistados com
vínculo empregatício está trabalhando, o que pode influenciar na procura ao serviço de saúde
ou até mesmo levar à faltas. Caccia-Brava et al. (2011) verificaram que um dos principais
fatores que levam os usuários a procurarem os serviços de pronto-atendimento (PA), ao invés
da UBS, é o horário de funcionamento. Este estudo foi realizado em Ribeirão Preto-SP e teve
como objetivo identificar os motivos que levam os usuários a buscarem mais o PA do que a
UBS.
           A escolaridade predominante foi de 0 a 4 anos de estudo (37%, n=21). Mendes
(2010) associou o excesso de peso com a baixa escolaridade; e a maior renda familiar ao
sedentarismo, a HA, o DM e as dislipidemias.
38



              A maioria dos entrevistados (79%, n=44) era casado (a) ou tinha união estável.
Em relação ao número de filhos dos usuários, grande parte (68%, n=38) possuía de 0 a 2
filhos. A estrutura familiar e o padrão de consumo de refeições influenciam diretamente no
consumo e na escolha alimentar de crianças e adolescentes. Os pais influenciam seus filhos
tanto no modelo que representam e como a primeira referência que a criança tem no
estabelecimento de seus costumes, hábitos e preferências alimentares (COBELO, 2004;
ESTIMA; PHILIPPI; ALVARENGA, 2009).
              O número de integrantes do grupo familiar e a renda mensal foram coletados para
verificar a renda per capita. A renda per capita predominante (45%, n=25) foi menor ou igual
a meio salário mínimo (R$311,00). O nível de escolaridade associado ao baixo poder
aquisitivo tende a um acesso maior aos alimentos em níveis qualitativos menores, assim como
a alimentos mais calóricos, por serem mais baratos (PÉREZ; TURRA, 2008).
              A literatura aponta que fatores demográficos e socioeconômicos influenciam no
estabelecimento de diferentes estilos de vida. Estes, por sua vez, influenciam nos padrões de
comportamento para a ocorrência ou prevenção de problemas de saúde (MANDERBACKA;
MARTIKAINEN; LUNDBERG, 1999). Segundo o IBGE (2010), 32,7% da população recebe
até um salário mínimo de rendimento mensal.
              Verificou-se que os usuários da UBSBV relacionam o fato de se ter uma
alimentação saudável com o nível socioeconômico; uma senhora de 60 anos relatou, quando
perguntado sobre o que ela achava dos murais expostos com assuntos sobre alimentação e
nutrição: “muitos leem, muitos não leem e muitos não tem condições de comprar” ou como
foi citado por uma mulher de 31 anos que já consultou com a Nutricionista da UBSBV: “é
importante consultar o Nutricionista para manter a saúde, só que o que pedem na dieta nós
não temos condições de comprar”. Segundo a última Pesquisa de Orçamentos Familiares
(POF) (2008-2009), a população rural consome mais grãos, frutas e peixes e a urbana tem
maior consumo de refrigerantes, pão de sal, cerveja e sanduíches. À medida que aumenta o
rendimento familiar per capita, diminui o consumo de alguns componentes de uma dieta
saudável e aumenta o consumo de pizzas, salgados fritos, doces e refrigerantes (IBGE, 2011).
              O meio de transporte mais relatado pelos usuários para ir à UBSBV foi a
pé/bicicleta, totalizando 62% (n=35). Muitas pessoas citaram, durante as entrevistas, que
geralmente vão a pé até a UBSBV devido à proximidade da sua casa. Considerando que um
dos fatores que leva as pessoas a faltarem às consultas é a distância da casa até a UBSBV,
provavelmente isso não se aplicaria aos usuários entrevistados nessa pesquisa (FERREIRA et
al., 2011).
39



           Conforme o estudo de Ferreira et al. (2011), os fatores que levam os usuários a
faltarem às consultas são o baixo nível socioeconômico, período muito longo entre uma
consulta e outra e até a distância da casa até a unidade de saúde. Considerando esses fatores, é
interessante que a UBSBV implante um serviço de lembrete de consultas, como o “Disque
Saúde”, utilizado em Campinas-SP (CAMPINAS, 2012). Pelos resultados obtidos através das
entrevistas, verificou-se que o principal fator que poderia levar esses usuários a faltarem às
consultas com a Nutricionista seria o baixo nível socioeconômico que também pode interferir
no conhecimento do papel e da importância deste profissional.


4.3 CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS SOBRE O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DO
    NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE


           Neste subitem foi analisado o conhecimento dos usuários atendidos pela UBSBV
sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde, através de
entrevistas aplicadas no mês de outubro, por demanda espontânea na UBSBV e em visitas
domiciliares (TABELA 3).


Tabela 3 – Conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do
Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Palhoça-SC, out. 2012.
                                                                                    (continua)
                          Variáveis                                   n                %
DCNT na família
Sim                                                                   33               59
   Quais*
   HAS                                                                26               52
   DM                                                                 12               21
   Câncer                                                             04               09
Não                                                                   23               41
Já ouviu falar do Nutricionista
Sim                                                                   52               93
Não                                                                   04               07
O que acha que o Nutricionista faz*
Cuida da comida/alimentação                                           18               32
Oferece orientação alimentar/nutricional                              16               28
Dieta                                                                 09               16
Auxilia as pessoas a emagrecerem                                      09               16
Ajuda na saúde                                                        07               12
Não sabe                                                              07               12
Reeducação                                                            02               04
Outros                                                                05               09
40



Tabela 3 – Conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do
Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Palhoça-SC, out. 2012.
                                                                        (continuação)
                         Variáveis                                 n         %
Já visualizou algum material da Nutrição na UBSBV
Sim                                                                45        80
   O que achou*
   Bom                                                             16        35
   Legal                                                           09        20
   Interessante                                                    08        18
   Instrui as pessoas                                              06        13
   Bom porque tentamos comer melhor                                04        09
   Outros                                                          28        62
Não                                                                11        20
   Lembra do (s) tema (s)
   Sim                                                             30        67
      Qual (is)*
       Frutas                                                      06        20
       Receitas                                                    05        17
       Colesterol                                                  05        17
       Açúcar                                                      05        17
       Alimentação saudável                                        05        17
       Legumes e verduras                                          05        17
       HAS                                                         04        13
       Gorduras                                                    04        13
       Outros                                                      13        43
    Não                                                            15        33
Acha importante o trabalho do Nutricionista
Sim                                                                46        82
  Por quê*
  Orientação para alimentação saudável                             31        67
  Para saúde/evitar doenças                                        15        33
  Outros                                                           06        13
Não                                                                10        18
  Por quê
  Não sabe informar/Não conhece o profissional                     04        40
  Não precisa                                                      04        40
  Outros                                                           02        20
Já pensou em consultar um Nutricionista
Sim                                                                39        70
  Por quê*
  Perda de peso                                                    18        46
  Encaminhamento médico                                            11        28
  Colesterol elevado                                               05        13
  Para ter uma alimentação saudável                                05        13
  Outros                                                           17        44
Não                                                                17        30
  Por quê
  Nunca precisei                                                   12        71
41



Tabela 3 – Conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do
Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Palhoça-SC, out. 2012.
                                                                                 (conclusão)
                             Variáveis                                      n        %
  Outros                                                                    05       29
Alguém já encaminhou você para o Nutricionista
Sim                                                                         19       34
  Por quê*
  Emagrecer                                                                 07       37
  DM                                                                        06       32
  HAS                                                                       04       21
  Colesterol elevado                                                        04       21
  Outros                                                                    07       37
Não                                                                         37       66
Você marcou a consulta
Sim                                                                         17       89
   Compareceu
   Sim                                                                      16       94
   Não                                                                      01       06
Não                                                                         02       11
Já foi ao Nutricionista sem encaminhamento de um
profissional
Não                                                                         48       86
Sim                                                                         08       14
Se a Nutricionista da UBSBV saísse faria diferença
Sim                                                                         22       39
  Por quê
  Não teria para cuidar da minha saúde                                      06       27
  Teria que ir buscar longe do bairro                                       05       23
  Pelo contato, confiança no Profissional                                   04       18
  Outros                                                                    07       32
Não                                                                         34       61
  Por quê*
  Eu nunca precisei                                                         28       82
  Já consultei com a Nutricionista                                          04       12
  Outros                                                                    05       15
*O percentual ultrapassou 100% pois foram consideradas mais de uma opção.
Fonte: Küter, 2012.


             Em se tratando das DCNT na família, 59% (n=33) relataram a presença de alguma
enfermidade, sendo que a doença mais citada foi a HAS (52%, n=26). Além da HAS, teve-se
um grande percentual de DM (12%, n=21). A Organização Mundial de Saúde está priorizando
os esforços para vigilância das doenças não transmissíveis, focando para os principais fatores
de risco: tabagismo, consumo excessivo de álcool, inatividade física, sobrepeso e obesidade,
consumo inadequado de frutas e hortaliças e hiperglicemia (WHO, 2002).
42



            A SBH (2010) afirma que há uma prevalência na população brasileira acima de
30% para casos de HAS. Esta, por sua vez, é mais prevalente em homens, pessoas de cor não-
branca e entre indivíduos com menor escolaridade.
            Segundo o Ministério da Saúde, o DM é uma epidemia que afeta mais de 200
milhões de pessoas no mundo todo. Até o ano de 2025 está previsto que chegue a 380 milhões
de diabéticos no mundo (BRASIL, 2012e).
            Quando questionados se já ouviram falar do profissional Nutricionista, a maioria
(93%, n=52) afirmou que sim. Na rotina da UBSBV existe o trabalho de estagiários de
Nutrição que divulgam os atendimentos dentro da UBSBV através de cartazes e nas visitas
domiciliares, o que pode influenciar na resposta positiva destes.
            Em relação ao questionamento do que os usuários acham que o Nutricionista faz,
grande parte (32%, n=18) respondeu que cuida da comida/alimentação das pessoas. Pode-se
verificar através deste dado que os usuários da UBSBV desconheciam o papel e as atribuições
deste profissional, conforme falas a seguir: “Faz dieta para saber como devemos comer”,
“Orienta uma alimentação saudável”, “Dá receita para fazer regime, melhorar o peso alto”.
            O mesmo resultado foi obtido em um estudo realizado por Santos (2005), que
objetivou avaliar o conhecimento dos trabalhadores de saúde sobre o papel do Nutricionista
nos programas de Saúde da Família, em uma UBS do município de Colombo-PR. Bosi (2000)
constatou que mesmo após 30 anos de reconhecimento legal o profissional Nutricionista ainda
é visto como calculador de dietas.
            Definiu-se o profissional Nutricionista da seguinte forma:

                        Nutricionista, com formação generalista, humanista e crítica, capacitado a atuar,
                        visando à segurança alimentar e à atenção dietética, em todas as áreas do
                        conhecimento em que alimentação e nutrição se apresentem fundamentais para a
                        promoção, manutenção e recuperação da saúde e para a prevenção de doenças de
                        indivíduos ou grupos populacionais, contribuindo para a melhoria da qualidade de
                        vida, pautado em princípios éticos, com reflexão sobre a realidade econômica,
                        política, social e cultural (BRASIL, 2001, s. p.).


            Outro fator preocupante, segundo Santos (2005), é o Nutricionista ser confundido
com o médico, o que sugere a centralização no ato médico. Pode-se perceber tal confusão na
fala de um dos entrevistados: “Nunca pensei em procurar um Nutricionista porque é difícil
procurar médico, só quando estamos ruins”.
            A maioria relata já ter visto algum material referente à Nutrição e alimentação na
UBSBV (80%, n=45), grande parte achou bom (35%, n=16) e o tema mais lembrado foram as
frutas (20%, n=6). Percebeu-se durante as entrevistas que as pessoas não responderam com
43



muita propriedade e até mesmo certeza o que acharam sobre os materiais e os temas que
lembram. Talvez isto esteja associado à baixa escolaridade da maioria (n=41, 73%). Durante
as entrevistas teve-se a percepção sobre esta problemática quando os usuários afirmaram que:
“tem muita gente que não dá bola para isso”, “é ótimo pra quem lê”, “para quem tem a mente
boa ajuda, para quem não tem não ajuda”, ou ainda, “a gente é acostumado a comer arroz e
feijão e eu não vou mudar por causa do que está escrito”. As enfermeiras do local também
relataram que dificilmente ou apenas uma minoria das pessoas leem os murais e demais
materiais expostos.
           Os entrevistados (82%, n=46) acham o trabalho do profissional Nutricionista
importante, pois oferece orientação para alimentação saudável (67%, n=31). Algumas falas
interessantes dos usuários neste questionamento foram: “Porque nos dias de hoje com o
trabalho é difícil se alimentar bem. É importante ter esse profissional tanto nas empresas,
como nos restaurantes” e “Interessante, porque tem muita gente que peca sem saber. Dá uma
alimentação para o filho ficar alegre e acaba dando uma má alimentação”.
           No estudo de Vieira (2009), quando perguntado à Nutricionista sobre a
importância deste profissional na Saúde Coletiva, esta afirma que o serviço ainda é pouco
divulgado e as pessoas associam o seu trabalho com a perda de peso, consequentemente as
demais competências ficam desconhecidas ou ainda delegadas ao médico. O que pode ser
observado na resposta de um usuário, que não acha o trabalho do Nutricionista importante:
“quem vai ao médico, o médico educa”.
           Isto pode ocorrer por falta de iniciativa do profissional e da UBSBV para realizar
atividades de educação nutricional como grupos, palestras, entre outros, ou até mesmo pelo
desânimo. Como a comunidade em questão não é assídua às consultas e já houve insucesso na
tentativa de formação de outros grupos de educação em saúde no local (gestantes, por
exemplo), seu trabalho é voltado apenas para o atendimento clínico. Segundo Bosi (1996),
uma profissão só existe quando é reconhecida socialmente, justamente por isso é necessário
que os profissionais continuem se façam presentes, realizando todas as atribuições delegadas
para que a comunidade busque o apoio do Nutricionista, não se limitando apenas ao
atendimento médico.
           Os usuários que já pensaram em consultar o profissional Nutricionista (70%,
n=39) relacionaram esta vontade ao desejo de perder peso (46%, n=18). Segundo resultados
obtidos através da POF (2008-2009), o excesso de peso atinge 49% da população brasileira
adulta (IBGE, 2011). Apesar de o excesso de peso ser uma problemática atual, o que torna
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  • 1. 0 UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MARIANE KÜTER CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE PALHOÇA-SC SOBRE O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE Palhoça 2012
  • 2. 1 MARIANE KÜTER CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE PALHOÇA-SC SOBRE O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE Projeto de Conclusão de Estágio apresentado à disciplina de Estágio Supervisionado em Nutrição Social do Curso de Nutrição da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para aprovação. Orientadoras: Prof ª. Rosana Henn, Msc. Prof ª. Raquel Stela de Sá, Dra. Palhoça 2012
  • 3. 2
  • 4. 3 Dedico este trabalho ao meu amado, aos meus pais, irmão, amigos e professores, por terem me dado carinho, compreensão e todo apoio necessário para conclusão desta fase tão importante em minha vida.
  • 5. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo dom da vida e por sempre ter me guiado, iluminado e me dado força nos momentos difíceis. Ao meu amor, Leopoldo Nass Neto, por sempre me apoiar e estar ao meu lado me incentivando e confiando em meu potencial nos momentos em que mais precisei e por compreender, por muitas vezes, a minha ausência. Agradeço aos meus pais, Reni e Ewald, pois recebi deles o dom mais precioso do universo, a vida. Por isso, serei infinitamente grata. Eles revestiram minha existência de amor e dedicação, cultivaram na criança todos os valores que me transformaram em uma pessoa consciente e responsável. Agradeço ainda por sempre estarem ao meu lado me apoiando, incentivando, auxiliando, me acalmando, com muito amor e paciência, mesmo a distância. Agradeço às minhas colegas por sempre estarem presentes nas minhas atividades, me auxiliando e trocando muitos conhecimentos, especialmente à Patrícia Schmid, que tive a oportunidade de conhecer melhor durante esse período, e que pude descobrir que é uma pessoa incrível e por juntas termos superado desafios. Agradeço imensamente à minha amiga Marcela dos Santos, por me ouvir e por poder dividir as dificuldades dessa jornada; por sempre me auxiliar nas dificuldades e revisar meus trabalhos, me dando muitas orientações e trocando conhecimentos. Agradeço em especial às minhas orientadoras, Raquel Stela de Sá e Rosana Henn, pelo carinho e atenção e pelos valiosos conhecimentos que transmitiram. Mostraram-me os caminhos para que eu chegasse ao fim desta jornada com muito sucesso. Agradeço à Nutricionista Helen Gazola e a todos os profissionais da Unidade Básica de Saúde Bela Vista que me acolheram colaborando para o sucesso da realização do estágio. Agradeço ainda a todos que, direta ou indiretamente, fazem parte da minha vida de forma positiva.
  • 6. 5 “Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.” (CLARICE LISPECTOR)
  • 7. 6 RESUMO A presente pesquisa teve por objetivo avaliar o conhecimento dos usuários de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), de Palhoça-SC, sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Trata-se de uma pesquisa com característica quantitativa e predominância qualitativa, do tipo descritiva. Em relação aos procedimentos técnicos, é definida como pesquisa documental e estudo de caso. Primeiramente, foram verificadas as faltas dos 175 usuários que agendaram consultas com a Nutricionista na UBSBV, no período de julho a setembro de 2012. Em seguida, foram realizadas 65 entrevistas, por demanda espontânea na UBSBV e em visitas domiciliares. Verificou-se que 81% (n=141) dos agendamentos foram com pessoas do sexo feminino, 53% (n=93) faltaram às consultas e o fator predominante associado a esta problemática foi o baixo nível socioeconômico. Por meio das entrevistas, concluiu-se que os usuários desconheciam o papel do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde, definindo a atuação deste profissional de forma muito generalizada, afirmando que faz dietas ou algo relacionado à perda de peso. Grande percentual dos entrevistados (82%, n=46) considerou o trabalho do Nutricionista importante, porém, confundia este profissional com o médico ou não sabia exatamente qual era o seu papel. Quando pensavam em consultar o Nutricionista (70%, n=39), 46% (n=18) associavam este desejo à perda de peso e, quando encaminhados por outro profissional (34%, n=19), na maioria das vezes (37%, n=07), era pelo mesmo motivo. No caso da saída da Nutricionista da UBSBV, 61% (n=34) acreditavam que não faria nenhuma diferença, e o motivo relatado por 82% (n=28) foi o de que nunca precisaram desse tipo de atendimento. Assim, pode-se afirmar que o conhecimento sobre o papel e sobre a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde é muito pequeno, o que pode estar associado ao baixo nível socioeconômico, fator determinante para as faltas nas consultas de Nutrição. Por fim, foi realizada a intervenção nutricional através da entrega de uma cartilha e exposição de um mural sobre o papel e importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde, além da socialização da pesquisa para os profissionais da UBSBV. A intervenção nutricional foi muito positiva na tentativa de conscientizar o público entrevistado e os demais usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Palavras-chave: Nutricionista. Atenção Básica em Saúde. Faltas.
  • 8. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Fotografia 01 - Recado aos faltosos ...................................................................................... 34 Fotografia 02 - Entrega da cartilha ..................................................................................... 46 Fotografia 03 - Cartilha para o usuário ................................................................................. 46 Fotografia 04 - Cartilha para UBSBV e usuário .................................................................... 47 Fotografia 05 - Mural sobre as atribuições do Nutricionista .................................................. 47
  • 9. 8 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Faltas dos usuários da UBSBV às consultas de Nutrição. Palhoça-SC, out. 2012 .......................................................................................................................................... ..31 Tabela 02 - Perfil socioeconômico e demográfico dos usuários da UBSBV. Palhoça-SC, out. 2012..................................................................................................................................... 35 Tabela 03 - Conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Palhoça-SC, out. 2012 ...................................... 39
  • 10. 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 14 2.1 NUTRICIONISTA NO BRASIL: UM POUCO DA SUA HISTÓRIA ........................... 14 2.2 ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA NO SUS ......................................................... 16 2.2.1 Sistema Único de Saúde ............................................................................................ 16 2.2.2 Estratégia de Saúde da Família ................................................................................ 17 2.2.3 Núcleo de Apoio à Saúde da Família ........................................................................ 18 2.2.4 Atribuições do Nutricionista ..................................................................................... 19 2.3 PAPEL E IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE ............................................................................................................................... 20 2.3.1 Papel do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde ............................................... 20 2.3.2 Importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde.................................... 22 2.3.3 Faltas dos usuários nos serviços de saúde................................................................. 23 2.4 EDUCAÇÃO NUTRICIONAL ...................................................................................... 24 3 MÉTODO ........................................................................................................................ 26 3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA .......................................................................... 26 3.2 LOCAL E PARTICIPANTES DA PESQUISA .............................................................. 27 3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................ 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 30 4.1 FALTAS DOS USUÁRIOS ÀS CONSULTAS DE NUTRIÇÃO ................................... 30 4.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO ..................................................... 34 4.3 CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS SOBRE O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE ................................................. 39 4.4 EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E DEVOLUTIVA DO ESTUDO .................................. 45 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 49 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 51 APÊNDICES ...................................................................................................................... 60 APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................... 61 APÊNDICE B – Entrevista sobre o Perfil Socioeconômico e Demográfico e sobre o Conhecimento dos Usuários sobre o Papel e a Importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde ................................................................................................................. 62 APÊNDICE C – Cartilha sobre o Nutricionista na Atenção Básica em Saúde ............... 64
  • 11. 10 APÊNDICE D – Mural sobre o Nutricionista na Atenção Básica em Saúde ................... 71
  • 12. 11 1 INTRODUÇÃO Uma sociedade baseada em conhecimento tem como principal objetivo a produção acadêmica e, para o sucesso desta produção, faz-se necessário o conhecimento científico e a prática na realidade comunitária (SILVA, 2005). Segundo Salas (1991), deve-se gerar conhecimento científico através da pesquisa, dessa maneira, este trabalho visa à pesquisa dentro da realidade comunitária da Unidade Básica de Saúde Bela Vista (UBSBV). O Nutricionista é o profissional que tem formação acadêmica para orientar a população, principalmente sobre a relação do homem com o alimento, além do comportamento alimentar de um indivíduo, com intuito de uma alimentação saudável e prevenção dos agravos relacionados à má alimentação (BOOG, 2008). O tema de estudo da presente pesquisa refere-se ao conhecimento dos usuários de uma Unidade Básica de Saúde, na cidade de Palhoça–Santa Catarina, sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Os usuários são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o primeiro contato acontece através da Estratégia de Saúde da Família (ESF), com apoio do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), no qual está inserido o Nutricionista (BRASIL, 2012a). Identificou-se a importância de estudar este tema durante o reconhecimento da UBSBV: neste período, observou-se que os usuários faltam muito às consultas com a Nutricionista e que vários alegam não ter interesse pelo atendimento, mesmo com a oportunidade de tê-lo gratuitamente. No entanto, segundo relatos das enfermeiras do local e de acordo com o que foi observado durante visitas domiciliares, grande parte dos usuários tem problemas relacionados à alimentação e nutrição, tais como: obesidade, diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial sistêmica (HAS). Para todas as enfermidades relatadas, é necessário o atendimento e acompanhamento com o profissional Nutricionista, o que por muitas vezes não ocorre por falta de conhecimento e interesse da população. A prática do profissional Nutricionista no Brasil teve início em 1940, porém, somente em 1960 surgiu a Nutrição Pública, considerada uma área de atuação recente, torna- se relevante identificar se os usuários têm conhecimento de quem é o Nutricionista, seu papel e importância (ASBRAN, 1991). Esta área de atuação desse profissional caracteriza-se por ações dentro de coletividades e tem caráter preventivo. Assim, é de vital importância que a população conheça a existência e o trabalho deste profissional (BOOG, 2008).
  • 13. 12 A transição nutricional vem ocorrendo, nos últimos anos, com o aumento do consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares, juntamente com o baixo consumo de frutas, legumes e verduras, favorecendo, assim, o aparecimento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e a diminuição das doenças relacionadas à fome e à miséria (CFN, 2008; VASCONCELOS, 2007). Nesse sentido, atuar com o cuidado nutricional na Atenção Básica em Saúde é uma forma eficiente, preventiva e traz menores gastos aos cofres públicos (CFN, 2008). O Ministério da Saúde, através da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), tem como objetivos garantir a qualidade dos alimentos, promover práticas alimentares saudáveis e prevenir e controlar os distúrbios alimentares (BRASIL, 2012c). O Nutricionista está inserido na Atenção Básica em Saúde com a finalidade de promover a saúde através de práticas alimentares saudáveis, combatendo os malefícios relacionados à alimentação e nutrição (BRASIL, 2010). Este projeto se justifica principalmente pela importância da pesquisa, que diz respeito à necessidade do profissional Nutricionista na Atenção Básica em Saúde para a promoção e prevenção da saúde, pois estes são os princípios do SUS (BRASIL, 2008b). Para BOSI (1996), uma profissão só existe quando é reconhecida socialmente, para isso, é imprescindível que os usuários do SUS conheçam as atribuições do Nutricionista, compreendam o papel e a importância do profissional na Atenção Básica em Saúde, auxiliando, assim, na garantia do crescimento, desenvolvimento, prevenção, manutenção e recuperação da saúde (FERREIRA; MAGALHÃES, 2007). A partir disso, o objetivo geral deste estudo foi avaliar o conhecimento dos usuários de uma Unidade Básica de Saúde de Palhoça-SC sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Os objetivos específicos foram: verificar faltas dos usuários nas consultas de Nutrição; identificar o perfil socioeconômico e demográfico dos usuários; investigar o conhecimento dos usuários sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde; realizar intervenção nutricional ao término das entrevistas; apresentar os resultados da pesquisa aos colaboradores da UBSBV e comunidade acadêmica. Após a apresentação do capítulo introdutório, descreve-se o segundo item, que abrange o referencial teórico, abordando a história do Nutricionista no Brasil, atribuições deste profissional no SUS e seu papel e importância inserido nesse sistema, assim como, a ESF, o NASF, a problemática das faltas e, por fim, a educação nutricional.
  • 14. 13 O terceiro capítulo refere-se ao método, que exibe as características, local, participantes e como foi realizada a coleta e análise dos dados da pesquisa. No quarto capítulo, são demonstrados os resultados e discussão da pesquisa respondendo aos objetivos da mesma, através dos dados coletados e da intervenção nutricional o que permitiu a construção das seguintes categorias: faltas dos usuários às consultas de nutrição, perfil socioeconômico e demográfico, conhecimento dos usuários sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde e educação nutricional e devolutiva do estudo. As considerações finais são abordadas no quinto capítulo, respondendo se a pesquisa conseguiu atingir os objetivos iniciais, se houve limitações, e sugestões de possíveis propostas para novas pesquisas sobre o tema abordado. Por fim, são apresentadas as referências utilizadas durante o trabalho e os apêndices.
  • 15. 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 NUTRICIONISTA NO BRASIL: UM POUCO DA SUA HISTÓRIA Ao longo da história, ocorreram vários fatos que contribuíram para a evolução da Ciência da Nutrição, como, por exemplo, a Revolução Industrial europeia no século XVIII e a Primeira Guerra Mundial. Neste período, iniciaram os primeiros estudos nessa área, quando foi percebido que soldados bem alimentados lutavam melhor (CRISTOFOLLI; BONATO; RAVAZZANI, 2012). O surgimento efetivo da Ciência da Nutrição, em âmbito mundial, teve início no começo no século XX, por isso, é considerada uma ciência recente (VASCONCELOS, 2002; DEMÉTRIO et al., 2011). O interesse pela Nutrição no Brasil foi influenciado, em grande parte, pelo trabalho de um médico argentino, Pedro Escudero que, em 1926, na sua terra natal, fundou o Instituto Nacional de Nutrição e, em 1933, a Escola Nacional de Dietistas e o Curso de Médicos Dietólogos (TOLOZA, 2003; VASCONCELOS, 2002; CRISTOFOLLI; BONATO; RAVAZZANI, 2012). Vários brasileiros estudaram nas instituições fundadas por Escudero, sendo válido destacar um deles: Josué Apolônio de Castro, que no ano de 1932 iniciou a pesquisa sobre as condições de vida das classes operárias em Recife (L`ABBATE, 1988; ICAZA, 1991). Esse estudo foi considerado o primeiro inquérito nutricional do Brasil e motivou outras pesquisas, dando origem, também, ao primeiro salário mínimo (CRISTOFOLLI; BONATO; RAVAZZANI, 2012). Josué de Castro foi uma figura importante para a evolução da Ciência da Nutrição no Brasil, pois idealizou e concretizou o Instituto de Nutrição na Universidade do Brasil, atual Universidade do Rio de Janeiro. Castro também foi presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição, criou o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS) e publicou vários livros sobre a fome, entre eles, Geografia da fome e Geopolítica da Fome (CENTRO JOSUÉ DE CASTRO, 2012). A formação de Nutricionistas no Brasil iniciou em 1939, com a criação do primeiro curso de Nutrição no Instituto de Higiene de São Paulo, atual faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. O curso tinha duração de um ano, era ministrado em tempo integral e dividido em quatro períodos (FRIEDMAN; GOUVEIA, 1999; CFN, 2008; SIMONARD-LOUREIRO et al., 2006; CRISTOFOLLI; BONATO; RAVAZZANI, 2012).
  • 16. 15 No ano de 1940, surgiram: a Nutrição Clínica, a partir da Nutrição Básica e Experimental; e a Nutrição Coletiva, que constituiu o núcleo inicial da perspectiva social da Nutrição, com atuação voltada para o coletivo, para a sociedade e para a economia (VASCONCELOS, 2002). Os cursos técnicos do Serviço Central de Alimentação do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI) também surgiram em 1940 e, em 1943, eles deram origem ao Curso de Nutricionistas do Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), criado por Josué de Castro, que atualmente é o Curso de Graduação em Nutrição da Universidade do Rio de Janeiro (COSTA, 1953; MAURÍCIO, 1964; ASBRAN, 1991). No ano de 1944, foram criados o Curso de Nutricionistas da Escola Técnica de Assistência Social Cecy Dodsworth, sendo hoje o Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e os Arquivos Brasileiros de Nutrição (SIMONARD-LOUREIRO et al., 2006; VASCONCELOS, 2002). Em 1948, teve início o Curso de Dietistas da Universidade do Brasil, atual Curso de Graduação em Nutrição do Instituto de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COSTA, 1953; MAURICÍO, 1964; ASBRAN, 1991). No ano de 1949, foi fundada a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) que possibilitou a discussão, de forma coletiva, dos avanços e problemas dos Nutricionistas. A ASBRAN também permitiu a promoção da integração entre os profissionais, professores e alunos, por meio de reuniões e especialmente dos congressos brasileiros de Nutrição realizados a partir de 1958 (SIMONARD-LOUREIRO et al., 2006; VASCONCELOS, 2002). Segundo Costa (1999), até a década de 60, a profissão de Nutricionista era considerada exclusivamente feminina, já em 2006, segundo o CFN (2006), somente 96,5% dos profissionais eram do sexo feminino. Esta profissão se tornou uma carreira jovem e promissora, devido ao início da preocupação com a alimentação e nutrição por parte da população. No mesmo período, surgiu a área de Nutrição em Saúde Pública (VASCONCELOS, 2002). Em 1967, a profissão de Nutricionista foi regulamentada (CRISTOFOLLI; BONATO; RAVAZZANI, 2012). Impulsionando ainda mais o crescimento da Nutrição, no ano de 1968, ocorreu a Reforma Universitária, que determinou a abertura de novos cursos em todas as áreas de conhecimento, especialmente naquelas que contavam com menor número de cursos de graduação, como era o caso da Nutrição (VASCONCELOS, 2002; MARTINS, 2009). Até a década de 70, havia sete cursos de Nutrição no Brasil (ASBRAN, 1991). Em 1972, o primeiro curso de graduação em Nutrição passou a ter quatro anos de duração,
  • 17. 16 dividido em oito semestres, conforme estabelecido pelo Ministério da Educação (FRIEDMAN; GOUVEIA, 1999; CFN, 2008; SIMONARD-LOUREIRO et al., 2006). Segundo o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), a criação e execução do primeiro Programa Nacional de Alimentação e Nutrição, em 1972, aumentou a necessidade de recursos humanos que, por sua vez, impulsionou a criação de novos cursos de Nutrição e aumentou o mercado de trabalho para Nutricionistas. Consequentemente, a profissão se expandiu para os hospitais e SAPS, escolas, restaurantes de trabalhadores, docência, indústria, marketing, Nutrição em esportes, saúde suplementar, núcleos de assistência à saúde da família, entre outros. (CFN, 2008; VASCONCELOS, 2002). Em 20 de outubro de 1978, foi sancionada a Lei nº 6.583 que criou o Conselho Federal e Regional de Nutricionistas, com a finalidade de orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício profissional (CFN, 1999). A instalação dos Conselhos Regionais foi feita a partir de 1980 (CFN, 2008). Em 1990, ocorreu a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Nutrição, que definiu o perfil do Nutricionista, marco importante na história do profissional (BRASIL, 2001; ASBRAN, 1991). Em 1996, o número de Instituições de Ensino Superior para formação de Nutricionistas no Brasil era de 44; em 2007, essa quantidade passou para 267; e, em 2008, subiu para 311. Na região Sul, no ano de 2000, havia 24 cursos; em 2009, passaram para 59, demonstrando, assim, esta expansão na área e no número de profissionais (BRASIL, 2011a). Segundo o CFN, a ampliação das áreas de atuação dentro da Nutrição, tanto na Saúde Coletiva como nas demais áreas, se mantém nos dias atuais. Dentro da área de Saúde Coletiva, o Nutricionista pode atuar no SUS, integrado ao NASF (CFN, 2006; CFN, 2008). 2.2 ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA NO SUS 2.2.1 Sistema Único de Saúde Segundo o Ministério da Saúde, o SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Foi criado em 1988 e regulamentado pelas leis orgânicas da saúde, com o objetivo de que todos tivessem acesso à saúde de forma menos desigual (BRASIL, 2012d). Com a criação do SUS, a saúde passou a ser direito de todos e dever do Estado, tornando obrigatório o atendimento gratuito a toda população. O SUS é um sistema que reúne vários serviços, ações e Unidades Básicas de Saúde (UBS) que atuam em conjunto para garantir a
  • 18. 17 saúde de toda a população brasileira. Os princípios filosóficos deste sistema são hierarquização, resolutividade e descentralização (BRASIL, 2000). Conforme o Ministério da Saúde, o SUS objetiva a promoção da igualdade no atendimento das necessidades de saúde da população, ofertando serviços com qualidade adequados a essas necessidades, independente do poder aquisitivo do cidadão. Este sistema se propõe a promover a saúde, priorizando as ações preventivas, repassando informações importantes para que a população tenha conhecimento dos seus direitos e dos riscos em relação à sua saúde. O controle da ocorrência de doenças, seu aumento e propagação são algumas das responsabilidades de atenção do SUS, assim como o controle da qualidade de remédios, de exames, de alimentos, higiene e adequação das instalações que atendem ao público, na qual atua a Vigilância Sanitária (BRASIL, 2008a). Através do SUS, todos os brasileiros têm direito a consultas, internações, exames e qualquer tratamento, em qualquer unidade de saúde que tenha vínculo ao SUS, desde o atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos. O sistema é mantido com recursos arrecadados através de impostos e contribuições pagos pela população (BRASIL, 2012d). O setor privado participa do SUS de forma complementar, por meio de contratos e convênios de prestação de serviço ao Estado. Isto ocorre quando as unidades públicas de assistência à saúde, como a ESF, não são suficientes para garantir o atendimento a toda população de uma determinada região (BRASIL, 2008b). 2.2.2 Estratégia de Saúde da Família No ano de 1994, com o intuito de atender aos princípios da Atenção Básica em Saúde, foi criado o Programa Saúde da Família que, em 1999, transformou-se na ESF. Com o objetivo de reorganizar a Atenção Básica em Saúde, o Programa passou a não ser mais visto como um programa, pois é a porta de entrada do usuário aos serviços de saúde; assim, a ESF passou a ser parte da Política Nacional de Saúde (COSTA; SANTANA, 2011; PACHECO, 2009). O Ministério da Saúde afirma que com a implantação das equipes multiprofissionais da ESF, tem-se como meta a substituição do modelo hospitalocêntrico tradicional, focado na doença, para um modelo voltado principalmente para a prevenção. Esta estratégia visa à atenção integral, que abrange promoção, prevenção, assistência e reabilitação da saúde (BRASIL, 1997).
  • 19. 18 A ESF busca resgatar, por meio de atendimento humanizado, os vínculos de compromisso e responsabilidade recíproca entre os serviços de saúde, os profissionais e a população. Para viabilizar suas ações, cada equipe multiprofissional da ESF precisa ter a participação de um Enfermeiro, de um Médico generalista (clínico geral), de dois auxiliares de Enfermagem e de quatro a seis Agentes Comunitários de Saúde (TEIXEIRA; COSTA, 2003; BRASIL, 2006). Esta pode ter ainda uma equipe de saúde bucal, composta por um cirurgião Dentista, um Auxiliar de consultório dentário e um Técnico em higiene bucal (BRASIL, 2007; BRASIL, 2011b). A ESF deve acolher integralmente as necessidades de uma comunidade, definida por limites territoriais, interferindo nos padrões de produção de saúde e doença e, consequentemente, melhorando os indicadores de saúde. A equipe também deve atuar de forma interdisciplinar e ser responsável pela atenção integral à saúde de 600 a 1000 famílias, não devendo ultrapassar 4000 mil pessoas residentes em seu território de abrangência (BRASIL, 2007; BRASIL, 2011b). 2.2.3 Núcleo de Apoio à Saúde da Família Em janeiro de 2008, o Ministério da Saúde, pela portaria nº 154, criou o NASF, que tem como principal objetivo apoiar o trabalho da ESF, além de promover a saúde e a qualidade de vida como forma de prevenção de doenças. O NASF é uma ampliação da ESF e deve atuar de forma integrada à rede de serviços da saúde, considerando as necessidades identificadas no trabalho em conjunto com as ESF (BRASIL, 2010). Segundo o Ministério da Saúde, os núcleos devem ser constituídos por profissionais de diferentes áreas que atuam em parceria com os profissionais das ESF. Existem dois tipos de núcleos: o NASF 1 e o NASF 2 (BRASIL, 2009a). O NASF 1 é composto por, no mínimo, cinco dos profissionais, dentre eles, podem estar: Nutricionista, Médico Ginecologista, Médico Homeopata, Médico Pediatra, Médico Psiquiatra, Assistente Social, Profissional da Educação Física, Farmacêutico, Fonoaudiólogo, Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional. Os profissionais que integram o NASF devem ser cadastrados e desenvolver as funções junto à, no mínimo, oito e no máximo 20 ESF (BRASIL, 2009a). O NASF 2 é destinado a municípios que tenham população abaixo de dez habitantes por quilômetro quadrado, composto por, no mínimo, três profissionais de nível superior de ocupações diferentes; dentre estes, podem estar: Assistente Social, Profissional de
  • 20. 19 Educação Física, Farmacêutico, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Nutricionista, Psicólogo e Terapeuta Ocupacional, estes devem desenvolver ações junto à, no mínimo, 3 ESF (BRASIL, 2009a). O Nutricionista tem várias áreas de atuação e, dentro do NASF, essa área é denominada área de Saúde Pública. Nesta, o Nutricionista tem várias tarefas que são citadas pelo CFN (2008) como atribuições do Nutricionista na Atenção Básica em saúde. 2.2.4 Atribuições do Nutricionista Um grande passo para dar sustentação ao trabalho do Nutricionista na Saúde Pública ocorreu no ano de 2005, quando o CFN, a partir da resolução nº 380, dispôs acerca das áreas de atuação do Nutricionista, levando em consideração os objetivos, os campos de atuação e o princípio da integralidade na atenção à saúde no SUS (BOOG, 2008; CFN, 2005). A área de Saúde Pública, conforme esta resolução, compreende três subáreas de atuação: as políticas e programas institucionais; Atenção Básica em Saúde e Vigilância Sanitária ou Vigilância em Saúde (CFN, 2005; BOOG, 2008). Segundo o CFN (2005), são atribuições obrigatórias do Nutricionista, na Atenção Básica em Saúde no SUS:  Planejar e executar ações de educação alimentar e nutricional, de acordo com o diagnóstico da situação nutricional identificado no usuário;  Coletar, consolidar, analisar e avaliar dados de Vigilância Alimentar e Nutricional, propondo ações para a resolução da problemática em situações de risco nutricional;  Identificar grupos populacionais de risco nutricional para DCNT, com o objetivo de planejar ações específicas;  Participar, desde o planejamento até a execução, de cursos de aperfeiçoamento e treinamento para profissionais da área de saúde;  Participar da elaboração, revisão e padronização de métodos relativos ao campo de alimentação e nutrição;  Promover, junto com a equipe de planejamento a implementação, a implantação e o acompanhamento das ações de Segurança Alimentar e Nutricional;  Integrar campos de educação permanente para o aprimoramento contínuo dos recursos humanos de todos os níveis do SUS;  Desenvolver, implantar e implementar protocolos de atendimento nutricional adequado às particularidades da população assistida;
  • 21. 20  Discutir com gestores de saúde, em parceria com outros coordenadores/supervisores da Atenção Básica em Saúde, a efetiva implantação de fluxos e mecanismos de referência e contra referência, além de outras medidas necessárias para garantir o desenvolvimento de ações de assistência à saúde e nutrição;  Elaborar o plano de trabalho anual, que inclua os procedimentos adotados para o desenvolvimento das atribuições. Outras áreas de atuação deste profissional são a Alimentação Coletiva, a Nutrição Clínica, docência, extensão, pesquisa e coordenação relacionadas à alimentação e à nutrição. O Nutricionista também pode atuar na indústria de alimentos, realizando atividades de desenvolvimento de produtos, também na Nutrição Esportiva, atuando em academias, clubes esportivos e similares, bem como em âmbitos do marketing, entre outras funções (CFN, 2005). Na área de Alimentação Coletiva, o Nutricionista realiza atividades de alimentação e nutrição nas Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN). O profissional também pode atuar: dentro de empresas fornecedoras de serviços de alimentação coletiva, em serviços de alimentação autogestão, restaurantes comerciais e similares; hotelaria marítima; serviços de buffet e de alimentos congelados; comissárias e cozinhas dos estabelecimentos assistenciais de saúde; e em atividades próprias da alimentação escolar e da alimentação do trabalhador (CFN, 2005). Na Nutrição Clínica, este profissional atua nos hospitais e clínicas, nas instituições de longa permanência para idosos, nos ambulatórios e consultórios, nos bancos de leite humano, nos lactários, nas centrais de terapia nutricional, nos spas e em atendimento domiciliar (CFN, 2005). Indiferentemente da área de atuação, o Nutricionista é formado para atuar com qualidade, eficiência e resolubilidade no SUS. 2.3 PAPEL E IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE 2.3.1 Papel do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde Na Atenção Básica em Saúde, o Nutricionista realiza um conjunto de ações, de caráter individual e coletivo, situadas no primeiro nível de atenção nos sistemas de saúde, visando à prevenção de doenças, promoção, manutenção e recuperação da saúde (CFN, 2005).
  • 22. 21 Segundo o Conselho Nacional de Educação, o Nutricionista é definido como generalista, humanista, crítico e capacitado a atuar visando à segurança alimentar e à atenção dietética. O Nutricionista também está apto para atuar em todas as áreas do conhecimento nas quais a alimentação e nutrição se mostrem essenciais para a prevenção, promoção, manutenção e recuperação da saúde de indivíduos ou coletividades. O intuito desse profissional é contribuir para a melhoria da qualidade de vida, fundamentado em princípios éticos, com visão sobre a realidade cultural, econômica, política e social (BRASIL, 2001). Na Atenção Básica em Saúde, atuando junto ao NASF, o Nutricionista deve realizar ações de alimentação e nutrição em todas as fases do ciclo da vida. Deve atuar tanto diante de indivíduos saudáveis, como de enfermos com problemas como desnutrição, carências específicas, obesidade e nos demais distúrbios nutricionais e alimentares e na sua relação com as patologias (BRASIL, 2009a). O trabalho do Nutricionista é importante para socialização do conhecimento sobre os alimentos e sobre o processo de alimentação, bem como para o desenvolvimento de estratégias de resgate de hábitos e práticas alimentares regionais, relacionadas ao consumo de alimentos locais e de custo acessível com elevado valor nutritivo (CFN, 2005). O Nutricionista que atua no NASF deve conhecer e estimular a produção e o consumo dos alimentos saudáveis produzidos regionalmente, além de incentivar o cultivo de hortas e pomares comunitários. Este profissional também deve capacitar a ESF e participar de ações vinculadas aos programas de controle e prevenção dos distúrbios nutricionais; devendo também elaborar, em conjunto com as ESF, rotinas de atenção nutricional e atendimento para doenças relacionadas à alimentação e nutrição, de acordo com protocolos de Atenção Básica em Saúde (BRASIL, 2011b). O Nutricionista está capacitado para atuar auxiliando o Brasil, colocando em prática as políticas direcionadas aos problemas relacionados à alimentação e nutrição, como, por exemplo, a desnutrição e a obesidade. Também está apto a orientar as pessoas de acordo com fatores culturais, nível socioeconômico, hábitos alimentares, religião, tabus, vocação agrícola do local, entre outros fatores que podem influenciar na prática da alimentação saudável. A atuação do profissional na Atenção Básica em Saúde é essencial, visto que ele busca a prevenção e promoção da saúde através de uma alimentação saudável e da educação nutricional da população (LIMA; GOUVEIA, 1999; CFN, 2012a).
  • 23. 22 2.3.2 Importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde Segundo Lima e Gouveia (1999), o estado nutricional das populações é resultado de fatores ambientais, sociais, econômicos, culturais e demográficos, resultando na disponibilidade de alimentos, do consumo e utilização orgânica dos nutrientes. A alimentação é uma preocupação mundial, um desafio para cada país, de uma forma diferente, devido às individualidades climáticas, culturais, entre outras. A transição nutricional é verificada em diversas partes do Brasil e do mundo, este fenômeno é caracterizado pela diminuição da prevalência dos déficits nutricionais e aumento de pessoas com sobrepeso e obesidade. Esse problema atinge todas as faixas etárias, o que vem trazendo prejuízos à saúde e à qualidade de vida dessas pessoas (BATISTA FILHO et al., 2008). É fundamental que o Nutricionista atue na rede de saúde para a redução dos problemas de caráter nutricional; também é importante e essencial que os usuários sejam encaminhados ou busquem atendimento para um diagnóstico precoce e que, assim, possam ser realizadas as intervenções necessárias o mais cedo possível (WHO, 2004). O profissional Nutricionista realiza o diagnóstico de agravos nutricionais, o que é fundamental para mobilizar as autoridades com as soluções dos problemas relacionados à alimentação e nutrição. Para chegar a este diagnóstico, é necessária a utilização de indicadores específicos e bem conhecidos pelo Nutricionista. Depois de diagnosticados os problemas, as informações podem ser utilizadas pelos órgãos governamentais, auxiliando na criação de estratégias para intervenção nutricional como, por exemplo, o programa de suplementação de ferro criado pela Política Nacional de Alimentação e Nutrição (LIMA; GOUVEIA, 1999; BRASIL, 2012b). É importante ressaltar que medidas políticas e sociais de alimentação e nutrição só se tornam eficazes quando inseridas em um contexto maior, em uma política ampla que atenda às necessidades da população, também sendo relevante que os programas de alimentação e nutrição estejam associados à distribuição de alimentos. Essas políticas necessitam ser acompanhadas de educação nutricional e por avaliação permanente da eficácia do programa, realizadas por um profissional capacitado que é o Nutricionista (LIMA; GOUVEIA, 1999). Boog (2008, p. 34) afirma que a inserção da Atenção Básica em Saúde dentro do NASF é definida pelos gestores municipais de acordo com as necessidades e disponibilidades de profissionais dos locais.
  • 24. 23 É relevante considerar que a opinião dos gestores acerca do valor da intervenção, do potencial de resolutividade dela a curto, médio e longo prazos e a representação que eles têm sobre o papel que o Nutricionista pode ou deve desempenhar são tão ou mais significativos na tomada de decisão sobre a incorporação do profissional na equipe, do que a necessidade e disponibilidade de profissionais na região, e a avaliação dessa necessidade dificilmente será realizada sem sofrer a influência dos centros de interesse e de poder. Dessa forma, a atuação deste profissional no NASF é primordial para desenvolver um trabalho interdisciplinar, através de ações voltadas para a alimentação e nutrição, com a finalidade de melhoria da saúde e qualidade de vida dos usuários (ASSIS et al., 2002). Verifica-se ainda a importância do Nutricionista, quando Ferreira e Magalhães (2007), com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos, afirmam que alimentação e nutrição são direitos humanos fundamentais e importantes para um desenvolvimento biológico e social completo. 2.3.3 Faltas dos usuários nos serviços de saúde Poucos estudos foram realizados, até o presente momento, sobre as faltas dos usuários nas consultas com o profissional Nutricionista, na Atenção Básica em Saúde, e até mesmo com os demais profissionais. Para Ferreira et al. (2011), as faltas às consultas representam um consumo extra de recursos humanos e econômicos, tornando-se uma limitação para a atuação do profissional. Essa problemática, segundo os autores, afeta todas as especialidades médicas. Para Bender, Molina e Mello (2010), o não aviso prévio da falta é um prejuízo, visto que se perde a oportunidade de inserir outro usuário naquela consulta. Segundo um estudo realizado em São Paulo, por Almeida et al. (2009), percebeu- se que, apesar de toda estrutura ser oferecida aos usuários, eles não compareciam às consultas de odontologia agendadas e não justificavam essas faltas posteriormente. Perceberam que, na maioria dos casos, as faltas se davam por esquecimento do paciente, que alegavam não terem recebido uma ligação de lembrete acerca da consulta. As faltas às consultas representam um consumo acrescido de recursos humanos, estruturais (espaço físico) e econômicos. Têm um impacto importante na qualidade assistencial, constituindo uma oportunidade perdida de diagnóstico, de prevenção e/ou tratamento. Alguns autores verificaram que a saúde dos doentes que faltam à consulta pode estar em risco, apesar da sua percepção de “bem estar” (FERREIRA et al., 2011, p. 259).
  • 25. 24 Conforme o estudo de Ferreira et al. (2011), os fatores que levam os usuários a faltarem às consultas são: problemas de saúde mental, baixo nível socioeconômico, período muito longo entre uma consulta e outra e até a distância da casa até a unidade de saúde. O esquecimento das consultas também é um ponto muito referido. Para resolução desta problemática, no serviço particular, se mostra eficiente o serviço de lembrete às consultas, ao contrário das multas punitivas. Por isso, torna-se cada vez mais importante identificar as causas dessas faltas e implementar medidas que otimizem a eficiência e eficácia dos serviços de saúde (FERREIRA et al., 2011). Dessa forma, é também importante verificar se os usuários faltam muito às consultas com o Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. A partir deste dado, pode-se pensar em alguma medida de intervenção para que os usuários não faltem às consultas, e/ou compreendam a importância deste profissional, tanto no que se refere às atividades de educação nutricional, quanto no tratamento de doenças. 2.4 EDUCAÇÃO NUTRICIONAL Turano e Almeida (1999) afirmam que a educação é um processo que tem como objetivo capacitar o ser humano para agir diante de situações novas do dia a dia, fazendo uso de experiências anteriores, sempre visando à integração, a continuidade e o progresso no campo social, segundo as necessidades de cada um, afim de serem atendidos, integralmente, o indivíduo e a coletividade. A educação em saúde, no campo da Nutrição, tem o objetivo de ensinar um indivíduo ou coletividades sobre a maneira agir frente aos problemas diários, tornando-se fundamental, assim, a prática da educação nutricional. Para Boog (1997), a educação nutricional é uma importante estratégia de ação em Saúde Pública, além de ser uma disciplina obrigatória nos cursos de Nutrição, fazendo parte das ações do Nutricionista em todas as áreas de atuação. A educação nutricional, tanto na teoria como na prática, tem o mesmo objetivo, que é fazer com que o indivíduo tenha consciência e responsabilidade sobre suas ações relacionadas à alimentação. O comportamento alimentar tem sua construção na infância, transmitido pela família e pelas tradições, crenças e tabus, que passam pelas gerações associado aos hábitos alimentares. Esses hábitos e comportamentos alimentares podem mudar de acordo com as mudanças do ambiente (TURANO; ALMEIDA, 1999; CFN, 2012b). A mudança de hábitos e comportamentos alimentares também pode se dar através da educação nutricional, que está inserida na prática diária do Nutricionista (TURANO; ALMEIDA, 1999).
  • 26. 25 Para estimular os indivíduos a uma mudança de hábitos e comportamentos alimentares incorretos, é necessário que o educador, neste, caso o Nutricionista, consiga sensibilizar e motivar o indivíduo e/ou a coletividade passando segurança e conhecimento (LINDEN, 2005). A mudança dos hábitos e comportamentos alimentares inadequados também é conhecida como reeducação alimentar e tem como objetivo a promoção da saúde para evitar as consequências negativas de uma má alimentação e nutrição (STÜRMER, 2004). A educação nutricional é uma das ferramentas da área da Nutrição que pode ser utilizada com o objetivo de estabelecer bons hábitos alimentares. Para seu sucesso, é importante que seja realizado um diagnóstico nutricional da população para a qual a orientação se destina, utilizando informações claras e pertinentes quando o assunto for abordado (CERVATO; GOMES; JORGE, 2004). Segundo Campadello e Diniz (2006), não existe uma idade para começar a se alimentar corretamente, porém, seria importante a criação de bons hábitos e comportamentos desde a infância, pois, conforme as pessoas envelhecem, a mudança de hábitos e comportamentos torna-se mais difícil. A alimentação tem influência em todo o organismo, desde a saúde da pele até a saúde mental. Stürner (2004) argumenta que para uma vida mais saudável, é necessário investir em educação alimentar, e o Nutricionista está habilitado para atuar promovendo essa educação através da instrução de bons hábitos e comportamentos alimentares. Conforme Boog (2008), compete ao Nutricionista, no exercício de suas atribuições na área de Saúde Coletiva, prestar assistência e educação nutricional para as coletividades, bem como para os indivíduos sadios ou enfermos, podendo atuar também em instituições públicas ou privadas e em consultório de nutrição e dietética, através de ações, programas, pesquisas e eventos, direta ou indiretamente relacionados à alimentação e nutrição. Embora a assistência e educação alimentar e nutricional constituam ações privativas do Nutricionista, conforme a Lei 8.234/91 que regulamenta a sua atuação profissional, a promoção da alimentação saudável tem caráter mais amplo, envolvendo nesse processo os demais profissionais da saúde e os órgãos governamentais (BOOG, 2008).
  • 27. 26 3 MÉTODO 3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA A presente pesquisa possui característica quantitativa com predominância qualitativa, do tipo descritiva. Sua classificação em relação aos procedimentos técnicos é definida como pesquisa documental e estudo de caso (LUCIANO, 2001; CERVO; BERVIAN, 2002). Segundo Luciano (2001), Silva e Menezes (2001) uma pesquisa tem característica quantitativa quando seus resultados podem ser traduzidos em números. Com base nesta afirmação, a pesquisa em questão tem característica quantitativa, pois após a verificação dos dados das faltas dos usuários da UBSBV, em consultas com a Nutricionista, no período de julho a setembro de 2012 os dados foram tabulados e, consequentemente, quantificados. Formulou-se uma entrevista semiestruturada sobre o Perfil Socioeconômico e Demográfico e sobre o Conhecimento do Usuário sobre o Papel e a Importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. A entrevista continha perguntas abertas e fechadas e foi aplicada aos usuários da UBSBV, por demanda espontânea e em visitas domiciliares. A entrevista semi-estruturada tem como características a utilização de um roteiro previamente elaborado com perguntas principais, complementadas por outras questões relativas às circunstâncias do momento da entrevista. Além disso, as respostas nesse tipo de entrevista não estão condicionadas a uma padronização de alternativas. A elaboração do roteiro possibilita um planejamento da coleta dos dados para que se possa alcançar o objetivo final (MANZINI, 1991; SILVA; MENEZES, 2001; LUCIANO, 2001). Após a verificação e tabulação das faltas dos usuários e aplicação da entrevista, os dados foram confrontados com a contribuição da bibliografia já existente. Com base nessa proposta, a pesquisa tem característica qualitativa, pelo fato de centrar-se não apenas na quantificação, mas principalmente na qualificação dos dados após a verificação, preocupando- se em compreendê-los e explicá-los (FONSECA, 2002; LUCIANO, 2001; SILVA; MENEZES, 2001; DESLANDES; GOMES; MINAYO, 2007). Para Fonseca (2002), a utilização conjunta das características qualitativa e quantitativa permite obter um maior número e qualidade de informações do que com o uso destas isoladamente. A pesquisa é considerada também do tipo descritiva, pois através da aplicação da entrevista, foram analisadas e descritas características dos usuários da UBSBV e, através da
  • 28. 27 verificação das faltas e presenças, quantificou-se a frequência do problema (LUCIANO, 2001; CERVO; BERVIAN, 2001). De acordo com os procedimentos técnicos, a pesquisa é classificada como documental e estudo de caso. Documental, pois foram analisados documentos, ou seja, os prontuários UBSBV, que não receberam nenhum tipo de tratamento científico. A pesquisa se deu, assim, em busca de informações que ainda não haviam sido analisadas que, neste caso, foram as faltas dos usuários às consultas com a Nutricionista (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009). Também é classificada como estudo de caso, devido à pesquisa ter acontecido com um determinado grupo, os usuários da UBSBV, objetivando verificar o conhecimento deles sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde (CERVO; BERVIAN, 2001). Segundo Yin (2005), o estudo de caso pode ser de caso único ou de casos múltiplos, podendo conter tanto dados qualitativos como quantitativos e as evidências podem ser de documentos, entrevistas, entre outros. Após a aplicação da entrevista, realizou-se uma intervenção nutricional com a entrega de uma cartilha e fixação de um mural na UBSBV (LUCIANO, 2001; FONSECA, 2002). Ambos objetivaram que os entrevistados e os usuários, de um modo geral, entendam o papel e a importância do profissional Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. 3.2 LOCAL E PARTICIPANTES DA PESQUISA A pesquisa foi realizada com os usuários da UBSBV de Palhoça-SC, localizada na Rua José Cosme Pamplona, 1447, no bairro Bela Vista, por demanda espontânea nas dependências da UBSBV e em visitas domiciliares. A UBSBV foi fundada em 1996 pelo Secretário de Saúde e foi transferida para o atual local em 28 de Março de 2005. A UBSBV realiza suas atividades de segunda a sexta-feira, das 07:00 às 12:00h e das 13:00 às 17:00h, atendendo às pessoas que moram no bairro Bela Vista e que tem um cadastro e número de prontuário junto a este local. Para o atendimento na UBSBV, os usuários são divididos em duas áreas de abrangência, a 008 e 028. Cada área contém um médico e uma enfermeira vinculados a ESF. Já a Nutricionista, que é vinculada ao NASF, atende em ambas as áreas. Atualmente, a UBSBV conta com 26 colaboradores e é coordenada por uma técnica de enfermagem. A UBSBV não contém dados sobre o número de usuários cadastrados, porém, segundo relatos das enfermeiras, a maioria dos problemas de saúde relacionados à Nutrição são a HAS e o DM.
  • 29. 28 3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS A pesquisa foi dividida em quatro etapas: verificação de faltas, entrevista, intervenção, tabulação, análise descritiva dos dados e devolutiva dos resultados. Inicialmente foram verificadas as faltas dos usuários da UBSBV nas consultas que foram agendadas com a Nutricionista. A verificação desses dados ocorreu no mês de outubro, analisando-se os agendamentos de julho a setembro de 2012, sendo verificado, no prontuário, se o usuário comparecia ou não. No mês de outubro de 2012, foram realizadas as entrevistas (APÊNDICE B) com os usuários da UBSBV, por demanda espontânea, em atendimento ou não com a Nutricionista, tanto na própria como em visitas domiciliares. Antes da entrevista, ao usuário que aceitou participar, foi solicitada a assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A). A Entrevista abordou questões sobre o perfil socioeconômico e demográfico e também sobre o conhecimento do papel e da importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Segundo Linden (2005), a entrevista é um tipo de técnica que pode ser utilizada no processo de comunicação direta com o entrevistado. Para obter sucesso nas entrevistas e um bom diagnóstico da situação, o entrevistador deve ser imparcial, orientando o entrevistado e não o induzindo às respostas. Ao término da entrevista, como forma de intervenção, cada usuário recebeu uma cartilha (APÊNDICE C), com explicação didática, imagens e texto de fácil leitura, possibilitando ao entrevistado a real compreensão do papel e importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Também foi elaborado um mural (APÊNDICE D) com o objetivo de que todos os usuários da UBSBV tivessem acesso a essa informação. Conforme Linden (2005), os recursos materiais, como a cartilha que foi entregue e o mural exposto, servem para o usuário poder estimular seu aprendizado. Esses recursos permitem maior facilidade de compreensão dos conteúdos para o processo de aprendizagem. Esses materiais devem ser bem selecionados e adequados às características do indivíduo, resultando em um melhor aprendizado. Para verificar o perfil socioeconômico e demográfico dos usuários e seu conhecimento sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde, foram analisados, discutidos e agrupados os dados levantados, o que permitiu a construção das seguintes categorias: faltas dos usuários às consultas de nutrição, perfil socioeconômico e demográfico, conhecimento dos usuários sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde e educação nutricional e devolutiva do estudo. Foi realizado
  • 30. 29 também um comparativo desses dados com o número de faltantes às consultas, dentro do período estipulado, através da literatura científica existente. Ao final da análise, realizou-se a apresentação dos resultados da pesquisa aos colaboradores da UBSBV, com a entrega de uma cópia dos resultados, e à comunidade acadêmica, com a apresentação da pesquisa e disponibilização do projeto impresso.
  • 31. 30 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o mês de outubro de 2012, foram verificadas as faltas de 175 usuários nas consultas agendadas com a Nutricionista da UBSBV, no período de julho a setembro do mesmo ano. Além disso, foram entrevistados 56 usuários da UBSBV que aceitaram assinar o TCLE (APÊNDICE A). As entrevistas (APÊNDICE B) foram realizadas na UBSBV e em visitas domiciliares, com o objetivo de verificar o perfil socioeconômico e demográfico dos usuários e o seu conhecimento sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. 4.1 FALTAS DOS USUÁRIOS ÀS CONSULTAS DE NUTRIÇÃO As faltas foram verificadas com o intuito de analisar a frequência dessa problemática e sua interferência e/ou relação com o conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde, além da conexão com o perfil socioeconômico e demográfico. Segundo Riberto et al. (2010), uma das maiores problemáticas dos serviços de saúde consiste em saber como lidar com as faltas dos usuários às consultas e em como organizar a sobrecarga do serviço com urgências que não estão na programação dos atendimentos. Sendo assim, o autor coloca a necessidade de reduzir o número de faltas, não apenas para diminuir o desperdício de recursos financeiros, mas por estar negando o atendimento às pessoas necessitadas que estejam na fila de espera. Das 191 consultas pré-agendadas com a Nutricionista de julho a setembro, em 16 não foi possível verificar se o usuário compareceu ou não, devido ao prontuário não ter sido localizado na UBSBV, mesmo com três tentativas em dias alternados para localização desses nos arquivos do local. Por isso, foram considerados somente 175 agendamentos para tabulação e discussão dos resultados. Na Tabela 1 estão apresentados os dados das faltas dos 175 usuários que agendaram consultas com a Nutricionista no período de julho a setembro de 2012, assim como o gênero de cada um.
  • 32. 31 Tabela 1 – Faltas dos usuários da UBSBV às consultas de Nutrição. Palhoça-SC, out. 2012. Variáveis n % Sexo Feminino 141 81 Masculino 34 19 Frequência Faltas 93 53 Presenças 82 47 Faltas por sexo Feminino 81 87 Masculino 12 13 Presenças por sexo Feminino 60 73 Masculino 22 27 Faltas em relação ao total de cada sexo Femino 81 57 Masculino 12 35 Presenças em relação ao total de cada sexo Femino 60 42 Masculino 22 65 Fonte: Küter, 2012. Observou-se, durante a coleta de dados, a necessidade de a UBSBV implantar um sistema informatizado para o arquivamento de dados dos prontuários de cada usuário, pois muitos deles foram extraviados ou até mesmo armazenados em lugar incorreto. Além disso, não existia uma padronização na forma de evolução, pelo fato de muitas vezes as letras dos médicos e de outros profissionais serem de difícil compreensão. Assim, as faltas nem sempre eram registradas e não se tinha um controle efetivo do número de usuários atendidos e/ou cadastrados pela UBSBV atualmente e suas principais enfermidades para ações preventivas. Um estudo realizado por Wechsler et al. (2003) abordou a questão dos prontuários eletrônicos, destacando as vantagens dessa ferramenta. Dentre essas vantagens, tem-se: um texto legível, a possibilidade de acesso ao mesmo prontuário, em vários locais, ao mesmo tempo; a facilidade na localização dos prontuários; entre outros. Porém, para que seja utilizado esse sistema, é necessária a existência de software, hardware e de infraestrutura de redes, elétrica, de manutenção, entre outros. Perondi, Sakano e Schvartsman (2008) também identificam vantagens na informatização dos prontuários, dentre elas, a impossibilidade de extravio dos prontuários, o controle do fluxo de usuários no serviço de saúde, mais agilidade, a impossibilidade de deterioração e alteração das informações, dentre outros.
  • 33. 32 Observando-se os prontuários dos usuários que agendaram suas consultas no período de julho a setembro de 2012, verificou-se que dos 175 usuários, a maioria, 81% (n=141) eram mulheres e, em menor quantidade, 19% (n=34), homens. Segundo o Ministério da Saúde, os homens têm maior presença nos serviços de urgência e emergência em relação aos serviços de Atenção Básica em Saúde no Brasil. Também é apontado que os homens sofrem mais de condições severas e crônicas de saúde do que as mulheres e que apresentam uma expectativa de vida menor (BRASIL, 2007). Gomes et al. (2011) e Gomes, Nascimento e Araújo (2007) apontam, em seus estudos, que os homens evitam procurar as unidades de saúde, sendo contrários à prevenção e ao autocuidado. Por isso, foram criadas as diretrizes voltadas à saúde do homem (BRASIL, 2009b). Dos 175 agendamentos, somente 47% (n=82) compareceram às consultas com a Nutricionista, e, dentre os que faltaram, 87% (n=81) eram mulheres e 13% (n=12) eram homens. Segundo relatos da Secretaria Municipal de Saúde de Biguaçu-SC, pode-se concluir que a problemática das faltas não se restringe à UBSBV nas consultas com a Nutrição. A porcentagem de faltas no município, em algumas especialidades, chega a 57%, sendo muito comuns os casos em que os usuários faltam à consulta ou exames sem justificativa e não comunicam a unidade para que possa ser colocada outra pessoa na vaga (BIGUAÇÚ, 2012). O gerente de regulação da Secretaria de Saúde do município de Biguaçu- SC, afirma que: As ausências causam danos financeiros ao município, uma vez que os profissionais ou os prestadores de serviços estão sendo pagos, além disso, a pior consequência é que aquela vaga não utilizada poderia ser destinada a outro paciente que está necessitando muito do serviço. Isso faz com que a lista de espera para a realização do procedimento não consiga ter a vazão adequada em muitos casos (BIGUAÇU, 2012, s. p.). No município de Campinas-SP foi implantado um serviço para diminuir o absenteísmo, chamado de serviço “Disque Saúde”, ele ajudou na redução do número de faltas de 30% para 5%, em um mês, nas unidades da rede básica. O “Disque Saúde”, funciona como um lembrete aos usuários: dois dias antes da consulta, a unidade entra em contato para lembrá-lo do agendamento. (CAMPINAS, 2012). Segundo outro estudo realizado por Vilela, Silva e Batista Filho (2010), o tempo prolongado de espera leva os usuários a um sentimento de insatisfação, o que gera reclamações e, por estarem desacreditados do serviço, acabam faltando às consultas.
  • 34. 33 Em uma UBS no município de São Paulo-SP, Sala et al. (1993) realizou uma pesquisa com usuários portadores de doença crônico-degenerativa, verificando que muitos não retornam às consultas para o seguimento do tratamento e que cerca de 30% faltam já na primeira consulta. Outro estudo realizado no município de Balneário Camboriú-SC, por Scholze et al. (2006), demonstrou que quando a demanda dos usuários a consultas imediatas não é atendida, isso induz a riscos à saúde, como, por exemplo, a automedicação, que também é um importante motivo para faltas às consultas marcadas e que congestiona ainda mais os agendamentos. Fazendo uma análise, separadamente, por cada sexo e com seus respectivos números de agendamentos, pode-se identificar que os que compareceram, em maior percentual, foram os homens com 65% (n=22) e, dos que faltaram, o maior percentual foi o das mulheres, com 57% (n=81). Ou seja, mesmo com os homens procurando menos o serviço de saúde, quando agendavam uma consulta, compareciam em maior percentual do que as mulheres. Já Couto et al. (2010), em seu estudo, relatam, conforme afirmativas dos profissionais de saúde, que os homens, além de menos presentes e assíduos, oferecem mais resistência aos convites para irem ao serviço de saúde e faltam mais às consultas marcadas, além de não seguirem o tratamento como esperado, resultado este que difere do da atual pesquisa. Na UBSBV, segundo relatos da coordenadora e das enfermeiras, há uma grande problemática em relação às faltas em todas as áreas de atendimento, dentre elas: em clínica geral, pediatria, enfermagem, odontologia, além da Nutrição. Esse descaso por parte dos usuários fez com que a coordenadora da UBSBV tomasse a iniciativa de determinar que aqueles que faltam às consultas e não entram em contato com antecedência para avisar, estão impedidos de marcar consulta com qualquer profissional dentro dos próximos 30 dias, conforme está demonstrado na Fotografia 1 a seguir:
  • 35. 34 Fotografia 1 – Recado aos faltosos Fonte: Küter, 2012. Atualmente não existe uma norma na Política Pública de Saúde que permita o procedimento adotado por esta coordenadora, porém, é necessário adotar estratégias para redução do número de faltas. Outras medidas podem ser tomadas para diminuir este número, como a conscientização da população, o lembrete das consultas através de ligações com um dia de antecedência e a humanização do atendimento. Bender, Molina e Mello (2010) realizaram um trabalho em uma UBS de Florianópolis-SC e identificaram, segundo relatos dos faltantes, que o principal fator que leva às faltas é a vulnerabilidade social; e os fatores que contribuem são o tempo de espera para a consulta e a omissão dos usuários em manter seus contatos atualizados. Assim, a seguir, serão discutidos os dados do perfil socioeconômico e demográfico dos usuários da UBSBV. 4.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO E DEMOGRÁFICO O perfil socioeconômico e demográfico foi coletado com o objetivo de verificar a relação desses com o conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde e a conexão com o grande número de faltas às consultas com a Nutricionista. Para verificar o perfil socioeconômico e demográfico, conforme a Tabela 2, foi aplicada uma entrevista aos 56 usuários que aceitaram participar da pesquisa, cada uma com média de duração de 10 a 15 minutos, dependendo do grau de entendimento do entrevistado.
  • 36. 35 Tabela 2 – Perfil socioeconômico e demográfico dos usuários da UBSBV. Palhoça-SC, out. 2012. (continua) Variáveis n % Idade 10 a 19 anos 02 04 20 a 59 anos 42 75 ≥ 60 anos 12 21 Sexo Feminino 41 73 Masculino 15 27 Etnia Branca 48 86 Parda 06 11 Negra 02 03 Ocupação Aposentado (a) 11 20 Doméstica 11 20 Motorista/Caminhoneiro 04 07 Outras 30 53 Carga horária de trabalho 4a6 08 14 7a8 16 29 9 a 12 05 09 13 a 16 05 09 Período de trabalho* Matutino 27 48 Vespertino 31 55 Noturno 08 14 Anos de estudo 0 a 4 anos 21 37 5 a 8 anos 20 36 9 a 11 anos 11 20 13 a 14 anos 04 07 Estado civil Solteiro (a) 08 14 Casado (a) / União Estável 44 79 Viúvo (a) 04 07 Nº de Filhos 0a2 38 68 3a4 13 23 5a6 05 09 Nº de pessoas na casa 1a4 48 86 5a8 08 14 Renda mensal familiar (salário mínimo) Até 1 SM 01 02
  • 37. 36 Tabela 2 – Perfil socioeconômico e demográfico dos usuários da UBSBV. Palhoça-SC, out. 2012. (conclusão) Variáveis n % > 1 a 2 SM 16 28 > 2 a 3 SM 16 28 > 3 a 4 SM 14 25 > 4 a 5 SM 09 17 Renda per capita ≤ ½ SM 25 45 > ½ a 1 SM 23 41 >1 a 2 SM 06 11 >2 a 3 SM 02 03 Meio de transporte até a UBSBV A pé/bicicleta 35 62 Transporte coletivo 02 04 Transporte próprio (carro/moto) 19 34 * O percentual ultrapassou 100% pois foram consideradas mais de uma alternativa. Fonte: Küter, 2012. Das 56 pessoas entrevistadas, 75% (n=42) eram adultas e a maioria do sexo feminino (73%, n=41). Segundo dados do IBGE (2010), o número de idosos no Brasil vem crescendo e já representa 12% da população, porém, ainda há predominância da população adulta. Pode-se inferir, através desses resultados, que as mulheres procuram mais a UBSBV do que os homens. Segundo o Ministério da Saúde, vários estudos comprovaram que os homens são mais suscetíveis às doenças, pelo fato de procurarem com menos frequência as Unidades Básicas de Saúde e, quando procuram, os quadros já estão agravados (BRASIL, 2012f). Isso pode ser observado na fala dos entrevistados, como, por exemplo, quando um senhor de 60 anos disse que “é difícil procurar médico, só quando estamos ruins”. Merino e Marcon (2007) também verificaram, através de uma pesquisa com adultos em uma cidade de pequeno porte (Porto Rico-PR) que, dentre os participantes do sexo masculino, a maior parte procura a unidade de saúde apenas quando sente que a situação de saúde é grave. Vieira (2009), em seu trabalho sobre o atendimento do Nutricionista em uma Policlínica do município de São José-SC, verificou, segundo relatos da Nutricionista, que a maioria dos atendimentos são de adultos e idosos, com predominância do sexo feminino. Mendes (2010) também verificou a predominância do sexo feminino em uma pesquisa realizada somente com adultos atendidos no ambulatório de práticas de saúde do Centro
  • 38. 37 Universitário do Leste de Minas Gerais, objetivando verificar o estado nutricional e estilo de vida. Dos usuários atendidos, 85% eram mulheres com idade entre 20 e 29 anos. A raça branca foi predominante nesta pesquisa (86%, n=48). Em muitos estudos, a etnia é relatada como fator de risco para doenças, como por exemplo, a HAS que é mais predominante em pessoas de etnia não-branca e o DM Tipo II que é mais comum em brancos e latinos (SBH, 2010; AGÊNCIA BRASIL, 2012). Com base nisso, não se pode fazer uma relação da etnia com a predominância de DCNT, pois se obteve um maior número de relatos de HAS e brancos. Em relação à ocupação, o maior percentual dos relatos são de domésticas (20%, n=11), aposentados (as) (20%, n=11) e motoristas/caminhoneiros (07%, n=4). As demais profissões relatadas incluíram costureira (05%, n=3), ajudante de pedreiro/pedreiro (04%, n=2), autônomo (04%, n=2), professora (04%, n=2) e, as demais (02%, n=1): administrador, apicultor, atendente em restaurante, auxiliar de padaria, auxiliar jurídico, bordadeira, camareira, cozinheira, chefe de loja, desempregada, diarista, embaladora, estudante, frentista de caixa, gerente de hotel, repositora de supermercado, representante comercial e servente de limpeza. Durante as entrevistas, percebeu-se que existe uma relação entre a renda, o baixo nível de escolaridade e a profissão, ou seja, quanto maior o nível de escolaridade, maior a renda. Bordin e Caputo (2008) relacionam o menor grau de escolaridade a uma maior dificuldade na superação da pobreza, com menor qualificação e oportunidades de competir no mercado de trabalho, aumentado a submissão ao trabalho informal e mal remunerado. A carga horária da maioria foi de 7 a 8 horas diárias, totalizando 29% (n=16) e, referente ao período de trabalho, 103% (n=58) trabalham em período integral. O horário de funcionamento da UBSBV é no mesmo período em que a maioria dos entrevistados com vínculo empregatício está trabalhando, o que pode influenciar na procura ao serviço de saúde ou até mesmo levar à faltas. Caccia-Brava et al. (2011) verificaram que um dos principais fatores que levam os usuários a procurarem os serviços de pronto-atendimento (PA), ao invés da UBS, é o horário de funcionamento. Este estudo foi realizado em Ribeirão Preto-SP e teve como objetivo identificar os motivos que levam os usuários a buscarem mais o PA do que a UBS. A escolaridade predominante foi de 0 a 4 anos de estudo (37%, n=21). Mendes (2010) associou o excesso de peso com a baixa escolaridade; e a maior renda familiar ao sedentarismo, a HA, o DM e as dislipidemias.
  • 39. 38 A maioria dos entrevistados (79%, n=44) era casado (a) ou tinha união estável. Em relação ao número de filhos dos usuários, grande parte (68%, n=38) possuía de 0 a 2 filhos. A estrutura familiar e o padrão de consumo de refeições influenciam diretamente no consumo e na escolha alimentar de crianças e adolescentes. Os pais influenciam seus filhos tanto no modelo que representam e como a primeira referência que a criança tem no estabelecimento de seus costumes, hábitos e preferências alimentares (COBELO, 2004; ESTIMA; PHILIPPI; ALVARENGA, 2009). O número de integrantes do grupo familiar e a renda mensal foram coletados para verificar a renda per capita. A renda per capita predominante (45%, n=25) foi menor ou igual a meio salário mínimo (R$311,00). O nível de escolaridade associado ao baixo poder aquisitivo tende a um acesso maior aos alimentos em níveis qualitativos menores, assim como a alimentos mais calóricos, por serem mais baratos (PÉREZ; TURRA, 2008). A literatura aponta que fatores demográficos e socioeconômicos influenciam no estabelecimento de diferentes estilos de vida. Estes, por sua vez, influenciam nos padrões de comportamento para a ocorrência ou prevenção de problemas de saúde (MANDERBACKA; MARTIKAINEN; LUNDBERG, 1999). Segundo o IBGE (2010), 32,7% da população recebe até um salário mínimo de rendimento mensal. Verificou-se que os usuários da UBSBV relacionam o fato de se ter uma alimentação saudável com o nível socioeconômico; uma senhora de 60 anos relatou, quando perguntado sobre o que ela achava dos murais expostos com assuntos sobre alimentação e nutrição: “muitos leem, muitos não leem e muitos não tem condições de comprar” ou como foi citado por uma mulher de 31 anos que já consultou com a Nutricionista da UBSBV: “é importante consultar o Nutricionista para manter a saúde, só que o que pedem na dieta nós não temos condições de comprar”. Segundo a última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) (2008-2009), a população rural consome mais grãos, frutas e peixes e a urbana tem maior consumo de refrigerantes, pão de sal, cerveja e sanduíches. À medida que aumenta o rendimento familiar per capita, diminui o consumo de alguns componentes de uma dieta saudável e aumenta o consumo de pizzas, salgados fritos, doces e refrigerantes (IBGE, 2011). O meio de transporte mais relatado pelos usuários para ir à UBSBV foi a pé/bicicleta, totalizando 62% (n=35). Muitas pessoas citaram, durante as entrevistas, que geralmente vão a pé até a UBSBV devido à proximidade da sua casa. Considerando que um dos fatores que leva as pessoas a faltarem às consultas é a distância da casa até a UBSBV, provavelmente isso não se aplicaria aos usuários entrevistados nessa pesquisa (FERREIRA et al., 2011).
  • 40. 39 Conforme o estudo de Ferreira et al. (2011), os fatores que levam os usuários a faltarem às consultas são o baixo nível socioeconômico, período muito longo entre uma consulta e outra e até a distância da casa até a unidade de saúde. Considerando esses fatores, é interessante que a UBSBV implante um serviço de lembrete de consultas, como o “Disque Saúde”, utilizado em Campinas-SP (CAMPINAS, 2012). Pelos resultados obtidos através das entrevistas, verificou-se que o principal fator que poderia levar esses usuários a faltarem às consultas com a Nutricionista seria o baixo nível socioeconômico que também pode interferir no conhecimento do papel e da importância deste profissional. 4.3 CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS SOBRE O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE Neste subitem foi analisado o conhecimento dos usuários atendidos pela UBSBV sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde, através de entrevistas aplicadas no mês de outubro, por demanda espontânea na UBSBV e em visitas domiciliares (TABELA 3). Tabela 3 – Conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Palhoça-SC, out. 2012. (continua) Variáveis n % DCNT na família Sim 33 59 Quais* HAS 26 52 DM 12 21 Câncer 04 09 Não 23 41 Já ouviu falar do Nutricionista Sim 52 93 Não 04 07 O que acha que o Nutricionista faz* Cuida da comida/alimentação 18 32 Oferece orientação alimentar/nutricional 16 28 Dieta 09 16 Auxilia as pessoas a emagrecerem 09 16 Ajuda na saúde 07 12 Não sabe 07 12 Reeducação 02 04 Outros 05 09
  • 41. 40 Tabela 3 – Conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Palhoça-SC, out. 2012. (continuação) Variáveis n % Já visualizou algum material da Nutrição na UBSBV Sim 45 80 O que achou* Bom 16 35 Legal 09 20 Interessante 08 18 Instrui as pessoas 06 13 Bom porque tentamos comer melhor 04 09 Outros 28 62 Não 11 20 Lembra do (s) tema (s) Sim 30 67 Qual (is)* Frutas 06 20 Receitas 05 17 Colesterol 05 17 Açúcar 05 17 Alimentação saudável 05 17 Legumes e verduras 05 17 HAS 04 13 Gorduras 04 13 Outros 13 43 Não 15 33 Acha importante o trabalho do Nutricionista Sim 46 82 Por quê* Orientação para alimentação saudável 31 67 Para saúde/evitar doenças 15 33 Outros 06 13 Não 10 18 Por quê Não sabe informar/Não conhece o profissional 04 40 Não precisa 04 40 Outros 02 20 Já pensou em consultar um Nutricionista Sim 39 70 Por quê* Perda de peso 18 46 Encaminhamento médico 11 28 Colesterol elevado 05 13 Para ter uma alimentação saudável 05 13 Outros 17 44 Não 17 30 Por quê Nunca precisei 12 71
  • 42. 41 Tabela 3 – Conhecimento dos usuários da UBSBV sobre o papel e a importância do Nutricionista na Atenção Básica em Saúde. Palhoça-SC, out. 2012. (conclusão) Variáveis n % Outros 05 29 Alguém já encaminhou você para o Nutricionista Sim 19 34 Por quê* Emagrecer 07 37 DM 06 32 HAS 04 21 Colesterol elevado 04 21 Outros 07 37 Não 37 66 Você marcou a consulta Sim 17 89 Compareceu Sim 16 94 Não 01 06 Não 02 11 Já foi ao Nutricionista sem encaminhamento de um profissional Não 48 86 Sim 08 14 Se a Nutricionista da UBSBV saísse faria diferença Sim 22 39 Por quê Não teria para cuidar da minha saúde 06 27 Teria que ir buscar longe do bairro 05 23 Pelo contato, confiança no Profissional 04 18 Outros 07 32 Não 34 61 Por quê* Eu nunca precisei 28 82 Já consultei com a Nutricionista 04 12 Outros 05 15 *O percentual ultrapassou 100% pois foram consideradas mais de uma opção. Fonte: Küter, 2012. Em se tratando das DCNT na família, 59% (n=33) relataram a presença de alguma enfermidade, sendo que a doença mais citada foi a HAS (52%, n=26). Além da HAS, teve-se um grande percentual de DM (12%, n=21). A Organização Mundial de Saúde está priorizando os esforços para vigilância das doenças não transmissíveis, focando para os principais fatores de risco: tabagismo, consumo excessivo de álcool, inatividade física, sobrepeso e obesidade, consumo inadequado de frutas e hortaliças e hiperglicemia (WHO, 2002).
  • 43. 42 A SBH (2010) afirma que há uma prevalência na população brasileira acima de 30% para casos de HAS. Esta, por sua vez, é mais prevalente em homens, pessoas de cor não- branca e entre indivíduos com menor escolaridade. Segundo o Ministério da Saúde, o DM é uma epidemia que afeta mais de 200 milhões de pessoas no mundo todo. Até o ano de 2025 está previsto que chegue a 380 milhões de diabéticos no mundo (BRASIL, 2012e). Quando questionados se já ouviram falar do profissional Nutricionista, a maioria (93%, n=52) afirmou que sim. Na rotina da UBSBV existe o trabalho de estagiários de Nutrição que divulgam os atendimentos dentro da UBSBV através de cartazes e nas visitas domiciliares, o que pode influenciar na resposta positiva destes. Em relação ao questionamento do que os usuários acham que o Nutricionista faz, grande parte (32%, n=18) respondeu que cuida da comida/alimentação das pessoas. Pode-se verificar através deste dado que os usuários da UBSBV desconheciam o papel e as atribuições deste profissional, conforme falas a seguir: “Faz dieta para saber como devemos comer”, “Orienta uma alimentação saudável”, “Dá receita para fazer regime, melhorar o peso alto”. O mesmo resultado foi obtido em um estudo realizado por Santos (2005), que objetivou avaliar o conhecimento dos trabalhadores de saúde sobre o papel do Nutricionista nos programas de Saúde da Família, em uma UBS do município de Colombo-PR. Bosi (2000) constatou que mesmo após 30 anos de reconhecimento legal o profissional Nutricionista ainda é visto como calculador de dietas. Definiu-se o profissional Nutricionista da seguinte forma: Nutricionista, com formação generalista, humanista e crítica, capacitado a atuar, visando à segurança alimentar e à atenção dietética, em todas as áreas do conhecimento em que alimentação e nutrição se apresentem fundamentais para a promoção, manutenção e recuperação da saúde e para a prevenção de doenças de indivíduos ou grupos populacionais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, pautado em princípios éticos, com reflexão sobre a realidade econômica, política, social e cultural (BRASIL, 2001, s. p.). Outro fator preocupante, segundo Santos (2005), é o Nutricionista ser confundido com o médico, o que sugere a centralização no ato médico. Pode-se perceber tal confusão na fala de um dos entrevistados: “Nunca pensei em procurar um Nutricionista porque é difícil procurar médico, só quando estamos ruins”. A maioria relata já ter visto algum material referente à Nutrição e alimentação na UBSBV (80%, n=45), grande parte achou bom (35%, n=16) e o tema mais lembrado foram as frutas (20%, n=6). Percebeu-se durante as entrevistas que as pessoas não responderam com
  • 44. 43 muita propriedade e até mesmo certeza o que acharam sobre os materiais e os temas que lembram. Talvez isto esteja associado à baixa escolaridade da maioria (n=41, 73%). Durante as entrevistas teve-se a percepção sobre esta problemática quando os usuários afirmaram que: “tem muita gente que não dá bola para isso”, “é ótimo pra quem lê”, “para quem tem a mente boa ajuda, para quem não tem não ajuda”, ou ainda, “a gente é acostumado a comer arroz e feijão e eu não vou mudar por causa do que está escrito”. As enfermeiras do local também relataram que dificilmente ou apenas uma minoria das pessoas leem os murais e demais materiais expostos. Os entrevistados (82%, n=46) acham o trabalho do profissional Nutricionista importante, pois oferece orientação para alimentação saudável (67%, n=31). Algumas falas interessantes dos usuários neste questionamento foram: “Porque nos dias de hoje com o trabalho é difícil se alimentar bem. É importante ter esse profissional tanto nas empresas, como nos restaurantes” e “Interessante, porque tem muita gente que peca sem saber. Dá uma alimentação para o filho ficar alegre e acaba dando uma má alimentação”. No estudo de Vieira (2009), quando perguntado à Nutricionista sobre a importância deste profissional na Saúde Coletiva, esta afirma que o serviço ainda é pouco divulgado e as pessoas associam o seu trabalho com a perda de peso, consequentemente as demais competências ficam desconhecidas ou ainda delegadas ao médico. O que pode ser observado na resposta de um usuário, que não acha o trabalho do Nutricionista importante: “quem vai ao médico, o médico educa”. Isto pode ocorrer por falta de iniciativa do profissional e da UBSBV para realizar atividades de educação nutricional como grupos, palestras, entre outros, ou até mesmo pelo desânimo. Como a comunidade em questão não é assídua às consultas e já houve insucesso na tentativa de formação de outros grupos de educação em saúde no local (gestantes, por exemplo), seu trabalho é voltado apenas para o atendimento clínico. Segundo Bosi (1996), uma profissão só existe quando é reconhecida socialmente, justamente por isso é necessário que os profissionais continuem se façam presentes, realizando todas as atribuições delegadas para que a comunidade busque o apoio do Nutricionista, não se limitando apenas ao atendimento médico. Os usuários que já pensaram em consultar o profissional Nutricionista (70%, n=39) relacionaram esta vontade ao desejo de perder peso (46%, n=18). Segundo resultados obtidos através da POF (2008-2009), o excesso de peso atinge 49% da população brasileira adulta (IBGE, 2011). Apesar de o excesso de peso ser uma problemática atual, o que torna