O documento descreve a construção da Avenida Presidente Vargas no Rio de Janeiro, incluindo os desafios enfrentados e as mudanças na paisagem urbana. Grandes áreas e edifícios históricos foram demolidos para abrir espaço para a avenida, incluindo igrejas, praças e ruas tradicionais. A avenida foi inaugurada em 1927 e transformou significativamente a mobilidade na cidade.
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Avenida Presidente Vargas - O antes, o durante e o depois
1. A Construção da Avenida Presidente
Vargas
(O Antes, o Durante e o Depois)
Quem hoje passa pela movimentada Avenida Presidente Vargas,
no Rio de Janeiro, não faz ideia dos transtornos ocorridos por
ocasião da construção da vasta avenida.
A abertura da avenida era parte de um amplo Plano de Obras
levado a efeito na gestão do Prefeito Henrique Dodsworth,
encomendado ao engenheiro Édison Passos, Secretário de Viação,
com o objetivo de desafogar o trânsito da cidade.
2. • Grandes foram as dificuldades enfrentadas para a sua
realização: a oposição dos proprietários dos imóveis que
estavam em seu traçado; a extinção de logradouros públicos
como o Largo do Capim; o Largo de São Domingos; a famosa
Praça Onze, da qual hoje existe um simples arremedo; uma
grande parte da Praça da República que foi, também,
eliminada para a passagem do leito da nova avenida; a
destruição de importantes edificações como o Paço
Municipal, sede da Prefeitura, assim como a comoção
provocada no espírito religioso e tradicionalista de muitos
pela demolição de diversos templos, dentre os quais as igrejas
de São Pedro, do Bom Jesus do Calvário, de Nossa Senhora
3. Pedro dos Clérigos era ornamentada com obras do Mestre
Valentim e tinha um estilo único na cidade: o corpo era em
rotunda, com quatro arcos, e o zimbório (espécie de domo)
copiava os templos romanos. Foi feita uma tentativa de
removê-la para outro lugar. No entanto, bastou os operários
iniciarem as escavações dos alicerces da igreja para que o
templo simplesmente desabasse.“Foi assim, de fato, pela simples e obstinada preocupação de
pôr-se o eixo da nova Avenida Presidente Vargas em rigoroso
alinhamento com a Avenida do Mangue, que se obteve do
Presidente da República cancelar a inscrição daqueles
monumentos nos Livros do Tombo, despojando-nos, feita
abstração dos outros, da joia singular da arquitetura sacra, que
era a Igreja de São Pedro”, assim descreve o historiador Gastão
Cruls em seu livro “Aparências do Rio de Janeiro”.
Observação: Avenida do Mangue era a antiga designação do trecho da atual
Avenida Presidente Vargas desde a Praça Onze até a Avenida Francisco Bicalho.
4. Foram demolidos os quarteirões que formavam o lado par da
Rua General Câmara e o ímpar da Rua de São Pedro, fundindo
as duas em uma só via. Da mesma maneira, também as ruas
Visconde de Itaúna e Senador Eusébio, ao longo do Canal do
Mangue, também se fundiram numa só para a construção da
avenida.
A Rua General Câmara era tradicionalmente conhecida como
Rua do Sabão e a designação devia-se à localização em um de
seus trechos do armazém de sabão aonde a população do Rio
colonial ia se abastecer desse produto, no tempo em que o
monopólio de fabricá-lo e vendê-lo pertencia, sempre, a um
amigo do Rei português ou a um de seus ministros. Esse nome
serviu para designá-la até 1870, quando a Câmara Municipal
Quando foi aberta outra em continuação, além do Campo de
Santana, foi denominada pelo povo de Rua do Sabão da
Cidade Nova, também rebatizada de Visconde de Itaúna após
5. • A centenária Rua de São Pedro se desenvolveu a partir da
igreja nela construída pela Irmandade dos Clérigos de São
Pedro ou de São Pedro dos Clérigos, rica e bela como
poucas havia no país. A rua se estendia desde a altura da
Candelária até o Campo de Santana (Praça da República).
• Tal qual a Rua do Sabão, ao ser aberta outra além do
Campo, como continuação dela, o povo que tanto a queria,
a denominou Rua de São Pedro da Cidade Nova. Anos
mais tarde, ao ser prolongada até a altura da atual Ponte
dos Marinheiros, teve o nome alterado para Senador
Eusébio.
• A Avenida Presidente Vargas foi, enfim, inaugurada no
6. Sob os acordes plangentes de “Sons de Carrilhões”, de autoria
de João Pernambuco, em exímia execução de Dilermando Reis,
como que a lamentar o silêncio imposto aos sinos que dobravam
em diversas igrejas demolidas para a abertura da ampla
avenida, apresento algumas fotos retratando o seu espaço ,
antes, durante e após a construção.
28. Largo do Capim – Situava-se entre as ruas Gen. Câmara, de São
Pedro e dos Andradas. Em 1790, a municipalidade determinou
que ali fosse estabelecido um local para a forragem dos animais
de montaria, carruagens e veículos de carga, surgindo, assim, a
40. Vista panorâmica da Av. Presidente Vargas . À esquerda,
vê-se parte do edifício do atual Comando Militar do Leste
(antigo Ministério da Guerra); aEscola Rivadávia Correa;
47. Referências Bibliográficas:
-Aparências do Rio de Janeiro, de Gastão Cruls
- História das Ruas do Rio, de Brasil Gerson
- Memórias da Cidade do Rio de Janeiro, de Vivaldo
Coaracy
- Sites diversos disponíveis na Internet
- Fundo Musical: Sons de Carrilhões, Autoria de João
Pernambuco
Interpretação de Dilermando Reis