O documento discute corrimento vaginal, apresentando as principais causas como vaginose bacteriana, candidíase e tricomoníase. Detalha os sintomas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento de cada condição, enfatizando a vaginose bacteriana como a causa mais comum de corrimento em mulheres em idade reprodutiva.
2. A queixa de corrimento vaginal é talvez a mais
frequente de todas em ambulatórios e
consultórios de ginecologia
O meio vaginal é composto pelo resíduo vaginal,
pelos restos celulares e microorganismos.
A composiçao e a densidade populacional dos
microorganismos podem variar de mulher para
mulher, em diferentes condições fisiológicas,
como nas diferentes fases do ciclo menstrual.
3. • Lactobacilos facultativos somam 90% das
bactérias presentes na flora normal de uma
mulher sadia em idade reprodutiva.
• Os La c to ba c illus são considerados os
responsáveis pela manutenção do ph vaginal
através do metabolismo da glicose obtida a
partir do glicogênio do epitélio vaginal.
• O ph ácido normal da vagina situa-se na faixa
de 3,5 a 4,5 em mulheres na menacme (entre
primeira e ultima menstruação), não grávidas e
que não estão em lactação.
• Fatores alcalinizantes podem alterar o ph
vaginal
4. CORRIMENTO VAGINAL FISIOLÓGICO
Composto por muco cervical, secreções
transudadas através da parede vaginal, células
epiteliais vaginais descamadas e secreções
vulvares.
Diariamente produzimos cerca de 3 a 5 gramas
desse resíduo, volume que pode ser modificado
por idade da mulher, fase do ciclo menstrual,
excitação sexual, estado emocional,
temperatura do meio ambiente e gravidez.
Apresenta-se transparente ou branco, aspecto
mucóide.
5. VAGINOSE BACTERIANA
• Causa mais comum de corrimento vaginal em
mulheres em idade reprodutiva, sendo responsável
por 40% a 50% dos casos.
• 50% das mulheres com VB são assintomáticas.
• Três vezes mais comum em mulheres negras.
• É uma infecção polimicrobiana, que resulta de um
supercrescimento da flora bacteriana anaeróbica,
obrigatória ou facultativa da vagina.
• Causa profunda alteração do ecossistema vaginal,
com acentuada diminuição da concentração de
La c to ba c illus e crescimento excessivo de outras
bactérias (G a rd ne re lla v a g ina lis ), aumentando de
100 a 1000 vezes a concentração total de bactérias.
6. Supõe-se que um mecanismo inicial
desconhecido provoque a depleção dos
lactobacilos normais protetores, permitindo um
supercrescimento de microorganismos que
usualmente estão reprimidos. O ph se eleva e
por conseguinte, há redução do número de
lactobacilos e da produção de ácido lático,
facilitando ainda mais o crescimento de
microorganismos pouco acidófilos.
7. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Maioria das mulheres são assintomáticas ou
apresentam sintomas discretos.
Corrimento vaginal aumentado, fino, branco ou
acinzentado, e com odor semelhante ao de
pescado.
Odor mais forte após relação sexual sem
preservativo. Com a ejaculação, o liquido
seminal eleva o ph vaginal transitoriamente,
provocando a liberação de aminas que se
volatizam e são detectadas por seu odor
característico.
Não há ocorrência de irritação ou prurido vulvar.
8. A VB tem sido associada ao risco aumentado de
complicações durante a gravidez, como ruptura
prematura de membrana, trabalho de parto e
parto prematuro, provavelmente por predispor o
desenvolvimento de infecções ascendentes do
trato genital à membrana corioamniótica e ao
liquido amniótico.
Geralmente afeta mulheres em idade
reprodutiva, indicando possivel papel dos
hormonios sexuais na sua patogênese.
9. FATORES DE RISCO
• Multiplicidade de parceiros sexuais.
• Aplicação de ducha endovaginal.
• Ausência ou escassez dos lactobacilos.
• Ausência de métodos de barreira (é sexualmente
associada, embora não tenha estabelecido e
comprovado a sua transmissão sexual).
• Ausência de anticoncepcionais orais (promovem
uma flora composta predominantemente por
lactobacilos).
10. DIAGNÓSTICO
• Corrimento branco acinzentado, homogêneo, fino,
com pequenas bolhas e odor fétido, que piora
durante o coito e durante a menstruação, aderente
as paredes vaginais, apesar de facilmente
removível.
• O ph vaginal maior que 4,5.
• Teste de aminas positivo: adiciona-se 2 gotas de
hidróxido de potássio a 10% de resíduo vaginal. O
odor característico de pescado é resultante de
aminas volatizadas pelo metabolismo anaeróbico de
aminoácidos.
• Presença de células indicadoras em mais de 20%
das células epiteliais. São células epiteliais vaginais
com borda granular indefinida devido ao grande
numero de cocobacilos de G . va g ina lis aderidos à
sua superfície.
11. TRATAMENTO
Todas as mulheres sintomáticas devem ser
tratadas, mesmo que estejam grávidas.
A efetividade com três a quatro semanas é de
aproximadamente 80% e as taxas de recorrência
após o tratamento em um mês atingem 20%.
O Metronidazol tem sido a droga de escolha para o
tratamento da VB. É muito eficaz, porem apresenta
alguns efeitos colaterais ( anorexia, desconforto
gástrico, gosto metálico)
Sua ação terapêutica vem da sua atividade anti
anaerobica.
A recorrência está mais relacionada a não-adesão
correta a medicação do que a reinfecções ou falhas
do tratamento.
12. Benefícios do Benefícios do
tratamento em tratamento em
mulheres não- mulheres
gravidas: Aliviar as grávidas:
alterações vaginais É importante para
e reduzir o risco de as mulheres com
complicações história prévia de
infecciosas após prematuridade,
abortamento ou prevenindo novo
procedimentos parto prematuro.
cirúrgicos.
13. TRICOMONÍASE
O Tric ho m o na s v a g ina lis é um protozoário
flagelado, que tem afinidade pelo trato urinário e
pelo epitélio vaginal de mulheres com ph acima de
6,0.
A sua movimentação mecânica muito intensa
parece ter efeito citotóxico, causando eritema
variável da mucosa vaginal, cuja transmissão é
exclusivamente via relação sexual.
Incidência caindo nos últimos 20 anos (10 a 25%
das infecções vaginais).
Taxa de paciente assintomática aproximadamente
50%.
14. FATORES DE RISCO:
Múltiplos parceiros sexuais
Baixo nível socioeconômico
Raça negra
Tabagismo
História prévia de DST
Não utilização de métodos contraceptivos
(barreira ou hormonal)
15. SINAIS CLÍNICOS
Irritação e desconforto na vulva e períneo.
Dispareunia e disúria.
Prurido em 25% a 75% das mulheres.
Corrimento espumoso amarelo-esverdeado.
Corrimento de odor fétido em 10% das mulheres.
Em alguns casos, complicações do trato
reprodutor, tais como infecção pós-aborto e
puerperal, parto prematuro e rotura prematura de
16. DIAGNÓSTICO
Corrimento espumoso, profuso e amarelo-
esverdeado (35% casos).
O ph vaginal maior que 4,5. Geralmente é
encontrado entre 6 a 7. (70% casos)
Eritema vaginal (75% casos). “Colo em morango”
, dilatação capilar e hemorragias puntiformes
evidente na colposcopia .
Observação direta do tricomonas móvel e
presença de população bastante aumentada de
leucócitos podem ser observadas no exame a
fresco.
17. TRATAMENTO
Os nitroimidazólicos são a única classe de
drogas para tratamento oral ou parenteral da
tricomoníase.
Destes, o Metronidazol é o medicamento ideal.
O metronidazol em dose única é eficaz e o
tratamento do parceiro reduz muito as taxas de
reinfecção.
A causa mais comum de falha de tratamento em
uma mulher é o fato de não se tratar o parceiro
sexual, que geralmente é assintomático.
Casos de alergia ao metronidazol:
dessensibilização (outras drogas taxa de cura
menor que 50%).
18. CANDIDÍASE
Segunda causa mais freqüente entre as
vulvovaginites.
Ca nd id a a lbic a ns é responsável pela maioria
das infecções sintomáticas de CVV.
Ocorrencia de CVV causada por outras espécies
de candidas. Ex.: Ca nd id a g la bra ta , espécie
menos sensível ao tratamento (responsável por
casos crônicos e recorrentes)
19. Por que o aumento da incidência de espécies não-
albicans?
Uma das explicações seria o uso indiscriminado
e incorreto de antimicóticos vendidos sem
receita médica. Usados inadequadamente, eles
eliminam as espécies albicans mais sensíveis,
selecionando as não-albicans mais resistentes
aos derivados azólicos.
20. Grupo de mulheres que
apresenta episódios
ocasionais de gravidade
variável mas que respondem
prontamente ao tratamento.
CANDIDA
VAGINAL
Mulheres com CVV
recorrente,
freqüentemente crônica.
21. PATOGENIA
3 Condições necessárias para que o fungo
produza infecção: contato do fungo com o
patógeno.
penetração no organismo humano.
encontrar terreno favorável.
A CVV ocorrerá quando houver alteração na
relação de comensalismo entre o fungo e seu
hospedeiro, resultado de falha na defesa de um
ou mais mecanismos envolvidos na defesa da
vagina, que são representados principalmente
por mucosa integra, flora vaginal equilibrada,
presença de monócitos imunoglobulinas, ação
de estrogênio e presença de imunidade celular.
22. Situações que favorecem o desenvolvimento do
fungo:
Uso recente de antibióticos, principalmente os
de largo espectro de ação (diminui a flora
vaginal, diminui competição por nutrientes,
proliferação de fungos).
Fatores dietéticos (carboidratos).
Tratamento antimicótico deficitário.
Relação sexual durante o tratamento.
Não tratamento do parceiro (casos recorrentes).
23. Anticoncepcionais orais, com doses elevadas de
estrógeno (aumenta secreção de glicogênio
vaginal, acidifica o meio)
Diabetes, quando não tratado, aumenta
concentração de glicose e glicogênio vaginal.
Gravidez: altos níveis de hormônio circulante,
alto nível de glicogênio vaginal.
Imunossupressão
Fatores locais: calor, umidade, maceração da
pele; hábitos incorretos de higiene.
24. QUADRO CLÍNICO
Prurido vaginal de intensidade variável, leve a
moderada, e piora à noite e é exacerbado pelo
calor local.
Irritação vaginal.
Ardor vulvar.
Corrimento em pequena quantidade, de cor
branca a amarelada, espesso ou aquoso.
Dispareunia e disúria.
Hiperemia vulvar.
Obs.:Em mulheres não grávidas, os sintomas
tendem a manifestar-se ou piorar na semana
antes da menstruação, quando a acidez vaginal
25. DIAGNÓSTICO
Exame ginecológico pode revelar edema e
eritema vulvar com presença ou não de fissuras
na vulva e no períneo.
As mucosas da vagina e do colo
freqüentemente hiperemiadas.
Prurido e corrimento vaginal.
O ph vaginal ácido entre 3,5 e 4,5.
Exame a fresco permite visualizar pseudo-hifas
à microscopia direta, indicativa da infecção.
26. TRATAMENTO
Baseia-se em medidas gerais e no tratamento
específico!
Evitar roupas apertadas,
com pouca ventilação,
de materiais sintéticos
não absorventes; evitar
duchas higiênicas; tratar
MEDIDAS diabetes; evitar uso
GERAIS indiscriminado de
antibióticos e
corticóides; reduzir
ingestão de açucares;
receber apoio
emocional.
27. TRATAMENTO ESPECÍFICO
A maioria das infecções por Candida respondem
a todas as formas de terapia antimicótica,
apresentando taxa de cura acima de 80%.
Todos os agentes tópicos disponíveis são
altamente efetivos.
A diferença entre eles relaciona-se à duração do
tratamento e ao preço (preferência da paciente).
O tratamento do parceiro não é recomendado;
somente quando este apresenta eritema na
glande associado a prurido ou irritação.
Durante a gravidez, é freqüente a CVV. O
tratamento deve ser prolongado (10 a 14 dias)
utilizando-se imidazólicos tópicos.
28. A seleção do antifúngico e a duração do
tratamento podem ser feitas utilizando-se a
seguinte classificação:
Para as CVV
Para as CVV não
complicadas, CVV
complicadas, RECORRENTES,
todos os derivados com sintomatologia
azólicos têm-se intensa, devem
mostrado eficazes, receber tratamento
mesmo quando de longa duração
se utiliza (10 a 14 dias)
usando terapia
tratamentos
tópica e agentes
curtos. sistêmicos.
29. CVV NÃO CVV
COMPLICADA
COMPLICADA
CVV ESPORÁDICA OU CVV RECORRENTE
INFREQUENTE
SINTOMAS INTENSIDADE LEVE A SINTOMAS ACENTUADOS
MODERADA
PROVOCADA PROVAVELMENTE PROVOCADA POR CANDIDA NÃO-
POR C. A CA S
LBI N ALBICANS
MULHERES COM DIABETES
MULHERES IMUNOCOMPETENTES DESCONTROLADO;
IMUNOSSUPRESSÃO;
DEBILITADAS; GRÁVIDAS