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A NECESSIDADE DE REALIZAR
INTERVENÇÕESURBANAS REGIONAIS PARA
PROPORCIONAR BEM ESTAR E SAÚDE
PÚBLICA
Autora: Jéssica Gomes Marreiros
Artigo elaborado e aceito para o Seminário Gestão Urbana e Saúde:
planejando a cidade, promovendo a saúde, realizado pelo CAU-RJ
22/07/2019.
RESUMO: Este artigo tem por objetivo oferecer uma visão do atual cenário de
atuação do arquiteto na construção das cidades. É embasado no relato de
experiências profissionais em aprovação e legalização de imóveis em áreas
urbanas e na observação das políticas urbanas e intervenções realizadas
principalmente em Regiões Metropolitanas. Espero com este trabalho
contribuir para o debate sobre Gestão Urbana e Saúde Pública, para que tais
assuntos possam ser tratados em conjunto, levando em consideração a
necessidade de a população ter acesso à áreas urbanas públicas propícias a
práticas de atividades físicas, que comprovadamente combatem não apenas
males físicos, mas também mentais, já que doenças como depressão e
ansiedade tem sido em diversos estudos atribuídos ao estresse causado pela
vida em centros urbanos, tendo inclusive já estudos relacionados à neuro-
urbanismo. Pretendo também tratar da necessidade de acompanhamento da
implementação dos projetos de intervenção não apenas pelo poder público,
mas também pelos órgãos de classe, promovendo discussões periódicas com
apresentação de relatórios de resultados, tanto para avaliação da eficácia das
intervenções quanto para promover a expansão das mesmas para áreas
vizinhas, criando um método de intervenção baseado em estudo,
planejamento, execução, análise de resultados e correções.
Palavras chave: Arquitetura, saúde, gestão, cidade, urbano.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente artigo tem por objetivo oferecer uma visão do atual
cenário de atuação do arquiteto na construção das cidades, tendo em vista a
obrigação de cumprir a legislação urbana no que se refere ao edifício e ao lote
em comparação a sua atuação no âmbito urbanístico, já que a Gestão Urbana
tem sido negligenciada pelo poder público do ponto de vista técnico ao
contemplar ações e intervenções pouco eficazes no ordenamento do espaço,
sem realizar o debate com a categoria de profissionais e suas entidades de classe
que possuem o devido conhecimento para promover as políticas urbanas e
acompanhamento da implementação das mesmas para desenvolvimento das
cidades e regiões metropolitanas.
Outro objetivo do trabalho aqui apresentado é tratar da relação do
espaço urbano com fatores psicológicos e transtornos mentais e os efeitos que a
vida urbana provoca na saúde da população.
METODOLOGIA UTILIZADA
Este artigo foi elaborado tendo como base a experiência profissional em
aprovação e legalização de imóveis em regiões urbanas, através da qual podemos
observar a forma como o poder público trata a questão do lote e como a
legislação urbanística acaba não se refletindo na cidade como o esperado,
principalmente nas cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A
elaboração contou também com a observação crítica de intervenções na região
por meio de avaliação dos resultados obtidos pelas mesmas ao longo do tempo.
Apresento estudos de diversos setores ligados à área de saúde que
comprovam a influência do espaço urbano em questões voltadas não só para a
parte física, mas também mental.
RESULTADOS ESPERADOS
Contribuir para o debate sobre Gestão Urbana e Saúde Pública, a
valorização da atuação do profissional arquiteto na construção das cidades pelos
gestores públicos e agentes privados, visando implementação de intervenções com
compromisso de conclusão independente de questões políticas e partidárias, tendo
como objetivo o desenvolvimento urbano não só nas questões relacionadas a
deslocamentos viários, mas também na qualidade de vida da população,
promovendo a melhor utilização dos espaços públicos e da relação dos edifícios
com seu entorno.
Criação de um modelo de intervenções urbanas baseado em estudo,
debates, projeto, execução, acompanhamento de resultados e correções, que possa
ser utilizado em qualquer cidade ou região com participação de equipes
multidisciplinares no que se refere à Saúde Pública e Urbanismo, visando diminuir
os efeitos que a vida urbana tem causado no psicológico da população cada vez
mais suscetível à depressão, ansiedade, Síndrome do Pânico e todas as patologias
advindas desses problemas psicológicos.
ARQUITETURA E SOCIEDADE
CAPÍTULO 1
Arquitetura e Saúde Pública são temas que não costumam ser tratados
em conjunto fora do círculo das entidades de classe. Geralmente relaciona-se a
Arquitetura ao glamour dos projetos e saúde pública às ações governamentais e
privadas para controle de doenças. Para confirmar a visão deturpada que a
sociedade tem a respeito do trabalho do arquiteto, basta observar a dificuldade
que a grande maioria das pessoas tem para descrever a atuação deste
profissional. Geralmente descrito como aquele que “faz plantas”, e de que se
trata de um serviço que poucos podem contratar, tal ideia faz com que a
categoria não seja vinculada à figura do urbanista, o que planeja as cidades,
aquele que projeta intervenções que atingirão um grande número de pessoas e
que irá impactar diretamente no cotidiano de todo cidadão. A visão desvinculada
desses temas tem nos custado caro. Até mesmo no setor público a desvalorização
do Arquiteto e Urbanista tem mostrado seus efeitos na escolha política de cargos
onde a escolha deveria se dar por capacidade técnica.
A falta de planejamento urbano do ponto de vista regional e falta de
investimentos em infraestrutura e saneamento básico (ou concentração dos
mesmos em determinados locais) são os principais fatores que levam às
ocupações desordenadas e a configuração do território de maneira caótica.
Embora existam diversas leis que regem o uso e a ocupação do solo, a
ineficiência das mesmas em promover espaços urbanos de qualidade é nítida.
Dificuldade de deslocamento, áreas densamente ocupadas, falta de espaços de
lazer para a população, ambientes urbanos hostis são resultado de décadas de
descaso com o tratamento das cidades.
Estudos revelam que o estresse causado pela vida urbana tem causado
problemas sérios á Saúde Pública. Aumento dos casos de Depressão, Ansiedade,
Síndrome do Pânico e outras patologias tem sido relacionadas ao modo de vida
que as cidades têm proporcionado aos seus cidadãos. É urgente que se faça
planejamento urbano a nível regional visando a melhoria da qualidade de vida
da população com a criação de espaços destinados a prática de esportes ao ar
livre, incentivo à utilização de meios de transporte alternativos e sustentáveis e à
socialização.
A ORIGEMDOPROBLEMA:
CAPÍTULO 2
Onde há uma concentração muito grande de pessoas é maior a
probabilidade de disseminação de doenças. Várias delas poderiam ser evitadas
com saneamento básico e intervenções urbanas que contemplem a
conservação de espaços para circulação de ar, iluminação natural, com
permeabilidade natural do solo, vegetação nativa e a consequente melhoria na
qualidade de vida da população.
Esse pensamento não é contemporâneo. A preocupação em criar
cidades que impactassem positivamente na qualidade de vida de seus
habitantes é uma ideia presente na história das cidades mais antigas do mundo.
Planta da cidade de
Olinto, 432 a.C.
BENEVOLO,
Leonardo: História
da Cidade.3ª
edição 2003 (1)
Planta da cidade de Mileto, século V a.C.
BENEVOLO, Leonardo: História da Cidade.3ª edição 2003 (1)
Em História da Cidade, Leonardo Benevolo faz um balanço da história
do ambiente urbano construído desde a Antiguidade até a Era Contemporânea e
através desse livro podemos perceber que planejamento urbano era de grande
importância já para as civilizações antigas.
“Hipódamo de Mileto é lembrado por Aristóteles como autor de uma
teoria política (“ Imaginou uma cidade de dez mil habitantes, dividida em três
classes composta por artesãos, outra de agricultores, a terceira de guerreiros; o
território deveria ser igualmente dividido em três partes, uma consagrada aos
deuses, uma pública e uma reservada às propriedades individuais’) e como
inventor da divisão regular da cidade’ (Política, II, 1267b). Projetou, como já foi
dito, a nova disposição de Pireu, e talvez as plantas de outras cidades: Mileto e
Rodes.
Estas cidades _e outras fundadas na mesma época, no Oriente e no
Ocidente: Olinto, Agrigento, Pesto, Nápoles, Pompéia_ são traçados sendo um
desenho geométrico. Este desenho geométrico é uma regra racional, aplicada da
escala do edifício à escala da cidade, como nas grandes capitais asiáticas da
Idade do Bronze. (...)
As ruas são traçadas em ângulo reto, com poucas vias principais no
sentido do comprimento, que dividem a cidade em faixas paralelas, e um número
maior de vias secundárias transversais; as seções das ruas são sempre modestas
, sem pretensões monumentais (de 5 a 10 metros as principais, de 3 a 5 metros
as secundárias).Daí resulta uma grade de quarteirões retangulares e uniformes ,
que pode variar nos casos concretos para adaptar-se ao terreno e às outras
exigências particulares. (...)
A constância da grade_ fixada pelas exigências das casas, não pela
exigência excepcionais dos templos e palácios_ confirma a unidade do organismo
urbano e a uniformidade de todas as áreas e das propriedades particulares
perante a regra comum, imposta pelo poder público. A elasticidade da relação
entre os lados dos lotes retangulares permite que cada cidade seja diferente das
outras, não vinculada a um modelo único. A complicação do perímetro e a
distância que os muros estão dos quarteirões respeitam o equilíbrio entre a
natureza e a obra do homem, e diminuem, em grande escala, o contraste entre a
cidade e a paisagem.
Deste modo, a regularidade não é levada até comprometer a
hierarquia entre o homem e o mundo, permite conceber e padronize a cidade,
mesmo quando esta é grande, e permite aumentar em certa medida uma cidade
já formada.”
(BENEVOLO, Leonardo: História da Cidade. 3ª edição 2003). (1)
Setorizar a cidade, organizar o espaço, criar um método para a
expansão já eram temas discutidos na antiguidade. E a influência da
organização espacial a produtividade da população economicamente ativa e
seu bem estar eram princípios que norteavam as propostas de intervenção e de
transformação das áreas rurais em áreas urbanas.
Infelizmente a realidade brasileira é outra. Mas como chegamos até
esse ponto? Como as regiões metropolitanas do Brasil atingiram o estado de
caos em que se encontram?
Após 500 anos desde sua colonização, sofremos com cidades que
cresceram de forma desordenada e que hoje, com uma população de grandes
proporções concentrada em determinadas áreas, tornam o desafio de criar
soluções para o caos urbano ainda mais complexo.
“A distribuição desigual da
terra, no entanto, está longe de ser um
assunto novo no Brasil. Surgiu com a
vinda dos portugueses, que lotearam o
País e o transformaram em capitanias
hereditárias, comandadas pela nobreza
vinda da Europa. O sistema durou quase
300 anos, até a independência do Brasil.
(...) Com a Lei de Terras, em 1850, e a
abolição da escravatura, em 1888, os
escravos recém-libertos não tinham lugar
nem para morar nem para trabalhar. O
momento era de completa ausência de
política habitacional. A única alternativa
foi ocupar a terra e construir casas de
forma ilegal. As cidades se
desenvolveram em cima dessa base
desigual.” (2)
SANDER, Isabella, Divisão de territórios é
desigual desde o descobrimento do
Brasil, publicado em DIREITO À TERRA
Notícia da edição impressa de
05/09/2017.
Capitanias Hereditárias
Fonte: Projeto Jimboê, da Editora do Brasil.
http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/
galeria/imagens/index.aspx?d=historia&a=4
&u=4&t=mapa (3)
"As famílias mais pobres ocuparam as áreas mais frágeis que não
eram de interesse do mercado, como morros e áreas alagadas. Porém, com o
crescimento das cidades, as zonas que antes não eram interessantes passaram a
ser áreas estratégicas e centrais", diz Raquel Ludermir, arquiteta da Organização
Não Governamental (ONG) Habitat para a Humanidade e da Campanha Terra
Segura. (2)
SANDER, Isabella, Divisão de territórios é desigual desde o descobrimento do
Brasil , publicado em DIREITO À TERRA Notícia da edição impressa de
05/09/2017. (2)
Complexo do Alemão, Rio de Jnaiero
6 de Abril de 2015
TALITA DO LAGO ANUNCIAÇÃO
– RJ. Fonte: Artigo Falta luz no
Complexo do Alemão (4)
Rocinha, Rio de Janeiro – RJ
Fonte:
https://br.pinterest.com/pin/289
497082288041668/?lp=true (5)
Então hoje, quando falamos em relocação de unidades,
desapropriação de imóveis para abertura de vias ou para criação de áreas
como praças, parques, quadras de esportes ou qualquer outro equipamento
público obrigatoriamente envolvemos questões relacionadas à direito de
propriedade. Daí a grande dificuldade de executar projetos urbanísticos em
larga escala que poderiam fazer uma diferença significativa para a população
das cidades. Terrenos baldios, edificações industriais e comerciais desativadas,
vazios urbanos são problemas que afetam seu entorno imediato por serem
áreas privadas sem produtividades do ponto de vista econômico além de
locais onde o vandalismo, a criminalidade, o descarte irregular de resíduos, a
poluição visual e a ocupação irregular com ausência de infraestrutura sanitária
fazem com que determinados locais da cidade, mais numerosos do que se
supõe, causem problemas relacionados à saúde pública.
No artigo Um dia lote vago no outro lixão a céu aberto. A realidade
de áreas residuais no município de Montes Claros, MG, os autores dizem:
“Os impactos dessa população sobre o ambiente podem ser visto nos
lotes vagos, terrenos baldios, e áreas de proteção, que funcionam como
depósitos de material descartáveis, o que gera grandes transtornos a
sociedade, como mau cheiro, insalubridade, problemas de saúde, traz aspecto
desagradável ao ambiente, e sem contar que podem danificar o sistema
biológico.” (7)
Nesse mesmo artigo, é feito uma citação ao trabalho de ROLNIK, R. &
BOTLER, M. Por uma política de reabilitação de centros urbanos. Revista
Óculum, PUC-CAMPINAS, São Paulo, 2004, no qual é dito:
“A formulação de uma política, hoje, parte do pressuposto que a reabilitação
urbana consiste no processo de recuperação e reapropriação, pelos cidadãos,
de áreas já consolidadas da cidade. Neste sentido, a política de reabilitação
urbana deverá promover a diversidade de usos e de atividades voltadas para o
desenvolvimento urbano, social e econômico, compreendendo a reutilização de
áreas ociosas, vazias ou abandonadas, subutilizadas ou insalubres, bem como a
melhoria da infraestrutura dos equipamentos e dos serviços urbanos.” (6).
E O QUE FOI FEITOATÉ HOJE? COMO O
PODERPÚBLICOTEM TRATADO A QUESTÃO
DODESENVOLVIMENTODAS CIDADES?
CAPÍTULO 3
As políticas públicas voltadas para o setor urbano tem se tornado
escassas e em sua maioria contemplam a solução dos problemas viários de
deslocamento. A grande preocupação do poder público é fazer intervenções
pontuais para tentar minimizar a grande concentração de veículos em
determinados pontos.
Não há um planejamento a nível regional para que a população da
Região Metropolitana seja beneficiada na sua qualidade de vida. Áreas de lazer,
ciclovias, áreas de recreação infantil geralmente se concentram nas áreas
nobres.
Onde os esforços do poder público estão se concentrando com relação
a ordenação do espaço urbano? Na criação de leis na tentativa de criar um
padrão para as novas construções e nas que solicitam licença para modificações.
Há a enorme preocupação que se respeite uma porcentagem mínima de
ventilação e iluminação nos ambientes, ao coeficiente de aproveitamento do
lote, ao gabarito das edificações, a largura mínima dos compartimentos de
acordo com a atividade de cada um, largura de circulação em edificações
coletivas para facilitar fuga em caso de incêndio, número de vagas mínimas de
acordo com a quantidade de unidades (residenciais e comerciais), etc., mas não
vemos o reflexo disso nas intervenções urbanísticas.
Para a parcela de edificações e empreendimentos que solicitam
autorização do poder público para a liberação da execução de obras a
legislação funciona. Novos empreendimentos em sua maioria precisam
destinar parte da área para a construção de equipamentos de lazer
coletivo e também destinar parte da área para arborização. Mas temos
que levar em consideração que a maior parte das edificações das cidades
é feita de forma irregular e sem respeitar a legislação urbanística vigente.
Como a fiscalização não consegue coibir a grande quantidade de obras
irregulares, a configuração urbanística não reflete os resultados
esperados pela legislação. Com isso temos duas realidades bastante
distintas: a cidade formal e a cidade informal. E é nessa parte da cidade
informal que a população tem maior carência de serviços públicos e
espaços urbanos de qualidade.
Já houve vários projetos para tentar solucionar tais problemas:
“Até 2008 o programa Favela-Bairro alcançou 168 favelas e loteamentos
no Rio de Janeiro. Um estudo quantitativo do BID de 2005 mostrou que em 37
comunidades servidas pela primeira fase do programa houve um aumento
significativo no acesso à água e saneamento, em comparação com outras
comunidades que não foram atendidas pelo programa, sendo o impacto maior nas
favelas mais pobres. O estudo também consta que os projetos de saneamento não
impactaram o índice de mortalidade infantil devido às doenças transmitidas por
vetores (...)”
Devido à combinação da pressão interna e internacional, e o crescente
número de votos dos moradores de favelas, o programa Favela-Bairro, de fato,
representou a rotinização de programas de urbanização direcionados às favelas
como parte da política oficial da cidade e a adição de serviços sociais na segunda
fase do programa foi uma indicação das tendências dos programas de
urbanização seguintes. O próximo programa nas favelas implementado em escala
nacional, o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) de 2007 forneceu mais
de US$300 bilhões de dólares em infraestrutura e assistência social à comunidades
pobres em todo o país.”
NASSIF, Luiz: A urbanização de favelas no RJ: favela-bairro (1988-2008)
em 19/05/2013 (8).
Podemos concluir que tais ações, embora tenham proporcionado uma melhoria
na qualidade de vida da população não se mostrou eficaz no sentido de
continuidade. Avaliação dos resultados, elaboração de estudos de novas
intervenções, controle e ordenamento da ocupação das áreas já urbanizadas e
debates públicos com a sociedade, entidades de classe e agentes públicos
fariam com que o desenvolvimento urbano da cidade como um todo fosse
gradual, expansivo e próspero.
COMO PROPORCIONARQUALIDADEDEVIDA
PARA A POPULAÇÃODA REGIÃO
METROPOLITANA?O QUE CONSIDERARAO
TRATAR SAÚDEPÚBLICA?
CAPÍTULO 4
Precisamos trazer para o macro o que é feito no micro. A legislação
urbana prioriza os detalhes visando o lote, o edifício. Esses conceitos precisam
ser ampliados para a visão da cidade. Precisamos projetar cidades e promover
intervenções em áreas urbanas densamente ocupadas tendo como base esses
princípios, para criar áreas de circulação não apenas viária, mas também para
arborização, iluminação e ventilação naturais, drenagem de águas pluviais
aproveitando a permeabilidade do solo (evitando a pavimentação maciça),
promover infraestrutura sanitária de forma eficiente, e criar espaços urbanos
que promovam a integração da casa com a rua e os espaços públicos urbanos,
facilitar o deslocamento através de sistemas viários alternativos e
sustentáveis, incentivar a prática de esportes nas áreas públicas e tornar a
cidade um lugar onde as pessoas possam viver e não apenas trabalhar, estudar
e morar.
Quando falamos sobre saúde pública, não podemos relacionar apenas
à questões de doenças epidemiológicas. Há a necessidade urgente de fazer
intervenções que proporcionem condições de vida visando não só o bem estar
físico, mas também mental. A vida atribulada e corrida que a grande maioria da
população economicamente ativa das regiões metropolitanas leva tem
contribuído para uma vida sedentária com altos índices de problemas
psicológicos relacionados à depressão, síndrome do Pânico, ansiedade dentre
outras patologias que influenciam diretamente nas relações interpessoais, tanto
no familiar como no profissional. Não podemos desconsiderar a grande
influência da falta de segurança pública para que tal situação se agrave. A rua
deixou de ser frequentada pelas crianças e pelos adolescentes, idosos não
frequentam mais as praças. Vários hábitos sociais que eram observados há
décadas atrás estão deixando de existir pelo cotidiano violento das ruas nas
cidades.
O site oficial da Deutsche Welle, uma emissora internacional da
Alemanha, publicou o seguinte artigo:
Médicos veem relação entre vida urbana e distúrbios mentais
Estudos indicam que pessoas que nasceram e cresceram em centros
urbanos são mais propensas a transtornos mentais. Nova área do
conhecimento, o neuro-urbanismo, pode ajudar a melhorar o planejamento
das grandes cidades.
Barulho, trânsito, lixo, pessoas apressadas e se empurrando por
todos os lados – a vida nas grandes cidades é estressante. Mas as perspectivas
de um emprego melhor, um salário mais alto e de um estilo de vida urbano
atraem cada vez mais pessoas às cidades. Se há 60 anos menos de um terço
da população mundial vivia em cidades, hoje mais da metade mora em centros
urbanos. Até 2050, a estimativa é que essa cota atinja 70%.
Com o aumento das populações urbanas, o número de distúrbios
psíquicos também tem aumentado em todo o mundo", alerta Andreas Meyer-
Lindenberg, diretor do Instituto Central de Saúde Mental de Mannheim. "Somente
a depressão custa aos cidadãos europeus 120 bilhões de euros por ano. O custo
de todas as doenças psíquicas juntas – incluindo demência, ansiedade e psicose –
ultrapassa o orçamento do fundo de resgate do euro. A frequência e a gravidade
dessas doenças costumam ser subestimadas", afirma.
Em 2003, psiquiatras britânicos publicaram um estudo sobre o estado
psicológico dos moradores do bairro londrino de Camberwell, uma área que teve
um grande crescimento desde meados da década de 1960. Entre 1965 e 1997, o
número de pacientes com esquizofrenia quase dobrou – um aumento acima do
crescimento da população. Na Alemanha, o número de dias de licença médica no
trabalho relacionada a distúrbios mentais dobrou entre 2000 e 2010. Na América
do Norte, recentes estimativas apontam que 40% dos casos de licença estão
ligados à depressão. (...)
Nas cidades pode acontecer de as pessoas não conhecerem seus
vizinhos, não conseguirem construir uma rede de apoio social como nas vilas e
pequenas cidades. Elas se sentem sozinhas e socialmente excluídas, sem uma
espécie de rede social de segurança", observa Andreas Heinz, diretor da Clínica de
Psiquiatria e Psicoterapia no hospital Charité, em Berlim.” (9)
No Brasil a questão se torna ainda mais complexa. O trabalhador das
áreas urbanas despende muitas horas do seu dia no transporte público. O estresse
já para chegar ao local de trabalho contribui para a diminuição da produtividade.
A volta para casa é muitas vezes, mais demorada e mais estressante. Por mais que
haja recomendações médicas ou desejo pessoal de levar uma vida mais saudável,
com atividades físicas ao ar livre, a cidade se mostra hostil por todos os motivos
apresentados: falta de segurança pública, falta de locais públicos adequados para
recreação e prática de esportes ao ar livre e ineficiência do transporte público.
Segundo um estudo realizado pela International Stress Management Association
(Isma - Brasil) :
“Brasil é o segundo país do mundo mais estressado, aponta ranking
O que mais estressa o brasileiro, segundo o estudo, é o trabalho,
segundo 69% dos entrevistados.
Trabalho levado para casa. Falta de tempo para atividades relaxantes ou para a
família. Má alimentação. Incapacidade de enxergar perspectivas. Tensão no
trânsito. Pavor da violência urbana. Todas essas situações são vividas por quem
sente estresse. E não são poucas as pessoas afetadas por essa doença. O Brasil
ostenta o título de segundo mais estressado do mundo em um ranking com dez
países. Na nossa frente apenas os japoneses.” (10)
E como em um efeito dominó, o estresse causa muitos outros males.
“Além de enfrentar uma intensa rotina de trabalho, quem vive nas grandes cidades
precisa lidar diariamente com fatores bastante desgastantes como o trânsito e a
violência. Embora muitos tenham se acostumado ao ritmo dos grandes centros
urbanos, enfrentar a rotina dentro deles gera muito mais do que um desgaste
físico e emocional.
- O estresse vivido por quem mora na cidade causa o aumento da
pressão arterial e da frequência cardíaca, além de provocar a liberação de
hormônios que também podem prejudicar o coração - afirma a cardiologista do
Hospital do Coração (HCor), Magaly Arrais.” (11)
Para combater esses sintomas do estresse da vida urbana a
recomendação médica é a prática de esportes. A Ativo Saúde publicou em seu site
uma matéria denominada “Exercícios ao ar livre é mais saudável. Você sabe por
quê?”, no qual diz:
“De acordo com pesquisas feitas pelo centro Médico Universitário de
Amsterdã (Holanda) e pela Universidade de Heriot-Watt (Escócia), uma simples
corrida, caminhada, pedalada ou outra atividade física outdoor traz mais
melhorias à saúde do atleta do que as chamadas atividades físicas indoor.
No primeiro estudo, realizado pela instituição holandesa com 350 voluntários, foi
constatado que pessoas em contato com a natureza regularmente têm 21 %
menos de chance de desenvolver depressão.
No segundo, feito pelos pesquisadores escoceses, ficou comprovado que
praticar exercícios ao ar livre reduz a agressividade, melhora o funcionamento do
cérebro e estimula o pensamento meditativo.
Nesse universo, um dos exemplos de esportes ao ar livre que ganha cada vez mais
adeptos no Brasil é a corrida de rua.
De acordo com pesquisa realizada pela Corpore, clube de corredores com
sede em São Paulo, e pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de
São Paulo (FIA/USP), a modalidade cresce cerca de 20% por ano e gera receita anual
de 3 bilhões de reais.” (12)
Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro a prática de esportes ao ar livre
não é uma tarefa fácil. A capital conta com maior número de áreas públicas para tais
atividades, principalmente na Zona Sul. Mas geralmente, para ter um estilo de vida
mais “saudável” as pessoas (que podem pagar) adquirem imóveis dentro de
condomínios fechado com toda a infraestrutura de lazer e segurança. O acesso ao
estilo de vida saudável foi privatizado. Para quem não mora dentro dos condomínios
com arborização, trilhas, áreas de recreação, etc. encontrar na cidade local
semelhante é praticamente impossível. Praças são gradeadas e recebem pouco
investimento para manutenção, fazendo com que a população não veja mais esses
locais como espaços que podem utilizar em sua totalidade e tornar esse hábito
cotidiano.
Condomínio Península – Rio de Janeiro - RJ: “Os 3,5km de seu perímetro urbano são
formados por uma trilha ecológica com equipamentos de esporte e lazer.” (13)
Esclareço, no entanto, que a crítica feita aqui não é ao fato de existirem
empreendimentos privados com esse perfil. O que questiono é que a cidade não
tenha áreas públicas de qualidade para que toda a população possa ser
beneficiada.
Encontramos no âmbito municipal a ideia equivocada de que os espaços
públicos destinados a lazer e áreas verdes são apenas as praças. No âmbito
estadual, embora tenha havido melhora na legislação ambiental, a efetivação das
ações transformando a fiscalização em algo concreto que evite a ocupação irregular
das áreas marginais dos rios, córregos e encostas, faz com que a criação de parques
estaduais seja algo muito longe da nossa realidade atual. Percebe-se que a
manutenção dos que já existem, com a falta de fiscalização, é ineficiente e os
mesmos não possuem programas de atividades para que a população utilize esses
espaços.
Jardim de Alah, Rio de Janeiro – RJ (14) Praça Juscelino Kubitschek, Centro de
Niterói – RJ (15)
Praça Chico de Mendes, em São
Gonçalo – RJ (16)
Piscinão de São Gonçalo
(Área de Responsabilidade
do Governo do Estado)– RJ
(17)
Todos esses fatores contribuem para
que a vida urbana seja responsável por
problemas de saúde físico e mentais. Os
estudos sobre neuro-urbanismo podem e
devem fazer parte da implementação das
políticas de projetos de intervenções nas
cidades. Tais mudanças irão se refletir no
desenvolvimento econômico, social e
cultural.
O QUE PODEMOS MUDAR?
CAPÍTULO 5
Como podemos mudar essa realidade? De que forma as cidades
das regiões metropolitanas brasileiras podem se tornar locais mais atrativos
para o cotidiano de sua população? Realizando intervenções urbanas
regionais e não locais.
As intervenções urbanas em áreas densamente ocupadas têm se
limitado a remediar os problemas viários, mas não contemplam a criação de
locais apropriados para que a população possa realizar atividades de lazer,
recreação e prática de esportes e nem mesmo a manutenção das poucas
áreas existentes destinadas a essas atividades. Intervenções mais radicais
podem, a médio e longo prazo, trazer grandes benefícios. Mas para isso é
necessário planejamento urbano com investimentos em transporte de massa
eficiente, reduzindo o tempo que a população leva em seus trajetos diários,
criação de vias mais apropriadas para circulação de pedestres e veículos,
criação de ciclovias, parques públicos com áreas de recreação e arborização
nativa.
Diversas ações precisam ser efetivadas para que os centros urbanos e
metrópoles brasileiras possam se tornar lugares com melhor qualidade de vida.
Mas nada será eficaz sem planejamento urbano pensado a médio e longo prazo.
Políticas públicas que visam apenas o voto e o ciclo eleitoral de 4 anos
prejudicam o desenvolvimento econômico, social e cultural e isso se reflete nas
cidades.
Para evitar que o planejamento urbano continue sendo negligenciado,
a participação efetiva das entidades de classe no processo de estudos,
elaboração de projetos e análise de resultados se torna fundamental. Os
governos federal, estadual e municipal precisam realizar estudos e
planejamentos regionais, programar as intervenções, executá-las e acompanhar
os resultados. A sociedade deve ser informada e consultada. Os debates
precisam ser abertos à participação de agentes públicos e privados.
RECOMENDAÇÕES
CAPÍTULO 6
• Consulta às entidades de classe promovendo debates públicos abertos a
participação da população, de agentes privados e de profissionais do setor de
arquitetura e urbanismo para todas as intervenções urbanas
• Escolha de projetos de intervenção urbanística através de concursos, levando em
consideração a escolha do projeto vencedor pela qualidade técnica.
• Acompanhamento da implementação dos projetos de intervenção não apenas
pelo poder público, mas também pelos órgãos de classe, promovendo discussões
periódicas com apresentação de relatórios de resultados, tanto para avaliação da
eficácia das intervenções quanto para promover a expansão das mesmas para
áreas vizinhas, criando um método de intervenção baseado em estudo,
planejamento, execução e análise de resultados.
• Promover a expansão das discussões de temas relacionados à questões urbanas
não só para a categoria, mas para a sociedade em geral, contando com a
participação de estudantes, empresários, agentes públicos e sociedade em geral.
• É necessário também um trabalho de conscientização para que a população se
aproprie desses espaços públicos de forma correta, já que o pensamento
equivocado de que o espaço público não é de ninguém impede que o mesmo
seja preservado com a convicção de que é de todos.
ANÁLISE DE RESULTADOS
CAPÍTULO 7
Cidades que fizeram intervenções com ampla participação da população colhem
hoje os frutos de um crescimento ordenado e de uma melhora considerável na
qualidade de vida de seus habitantes.
CHEONGGYECHEON – COREIA DO SUL
Cheonggyecheon, Coréia do Sul. À esquerda antes da remoção da auto-estrada.
Á direita com o parque e o canal recuperado. (18)
Cheonggyecheon, na Coréia do Sul, é um ótimo exemplo de intervenção já
realizada e que se pode estudar os resultados de sua implementação.
Antes: uma área com uma auto estrada elevada, sem arborização, com
poluição sonora, visual , com péssima qualidade do ar e com registro de
temperaturas acima da media.
Intervenção: Demolição da Autoestrada, recuperação do antigo córrego
que havia sido canalizado e criação de parque urbano linear.
Custo da intervenção R$ 300milhões de dólares.
Prazo da obra: 3 anos.
Dados: Artigo Uma impressionante renovação urbana em Seul, de 24 de
fevereiro de 2004. (18)
Resultado: Um parque público linear utilizado por 30 mil pessoas nos fins
de semana, com 5,8Km de comprimento, 400 hectares e 80 metros de
largura. 75% do material da via expressa demolida foi reaproveitado na
obra. Hoje, peixes, aves e outros animais voltaram a povoar o local. A
temperatura média é 3,6º C mais baixa do que em outras regiões da
cidade.
Cheonggyecheon (19)
Cheonggyecheon (18)
HIGH LINE – NOVA YORK - EUA
Outro exemplo de intervenção de sucesso é o High Line em Nova York,
nos Estados Unidos. “É é um parque linear de aproximadamente 2,5 Km
construído em 2009 numa via férrea elevada de Nova York. Nova sensação em
Nova York, o High Line fica a 8 metros de altura e atravessa 3 bairros.” (20)
Antes: Área predominantemente ocupada por indústrias e empresas de
transportes com uma linha férrea elevada desativada desde a década de 80. Os
trilhos estavam cobertos por uma vegetação rasteira.
Intervenção: A partir de uma campanha popular que pedia a revitalização da
área e transformação da mesma em parque público, a prefeitura iniciou a obra
no início dos anos 2000, para criar um parque elevado arborizado e com vários
equipamentos públicos, além de obras de revitalização do entorno.
Custo da intervenção R$ 200milhões de dólares, incluindo obras nas
proximidades do parque.
Prazo da obra: 10 anos, aproximadamente.
Resultado: Um parque
público linear, com 2,5Km de
comprimento, que atravessa
3 bairros. Como é elevado a
8metros em relação ao solo,
permite que a cidade e o Rio
Hudson possam ser
contemplados ao longo de
todo o percurso. Hoje vários
prédios e galpões das
empresas e fábricas antigas
foram convertidos em
galerias de arte, estúdios de
arte, lojas, restaurantes,
museus e residências.
Dados e fotos :
Site oficial High Line (20)
PORTO MARAVILHA, RIO DE JANEIRO, BRASIL
Uma grande intervenção recente foi realizada na área Portuária da
cidade do Rio de Janeiro. Região que era extremamente degradada passou por
uma intervenção que visava estar totalmente pronta para as Olimpíadas de 2016,
requalificando a área de quem chega a cidade pelo mar. Mas as obras não ficaram
totalmente pronta a tempo para os Jogos. A intervenção continua em curso, mas a
melhoria já pode ser notada, embora outras políticas públicas, principalmente no
que se refere a segurança precisam ser intensificadas para que a população possa
se apropriar dos espaços públicos criados.
“O objetivo, segundo a prefeitura, era o de qualificar o sistema de infraestrutura
de saneamento, de iluminação pública, de telecomunicações, de mobilidade
urbana, prover a região com equipamentos públicos e estimular a construção de
imóveis comerciais e residenciais.”
Antes: Área de intervenção de 5 milhões de m2, ocupada por galpões
abandonados. Na região residem cerca de 30 mil pessoas distribuídas nas favelas
do Morro da Providência, Pedra Lisa, Morro da Conceição, Morro do Livramento,
Morro do Pinto, São Diogo, os bairros Saúde, Gamboa, Santo Cristo, Central do
Brasil, Cidade Nova e São Cristóvão. A Perimetral (autoestrada elevada) contribuía
para a degradação da área sob a via.
Intervenção: A partir de uma campanha popular que pedia a revitalização da área e
transformação da mesma em parque público, a prefeitura iniciou a obra no início
dos anos 2000, para criar um parque elevado arborizado e com vários
equipamentos públicos, além de obras de revitalização do entorno.
Custo da intervenção: Essa intervenção urbanística, em valores de junho de 2011,
totalizou investimentos de R$ 8 bilhões.
Prazo da obra: 10 anos, aproximadamente. Ainda em curso.
Resultado: “É possível verificar muitas mudanças na região portuária. Quem chega
à Praça Mauá, por exemplo, sofre o impacto visual da arquitetura moderna do
Museu do Amanhã e do Museu de Arte do Rio de Janeiro. Os que optam por
circular pela região, podem ver a finalização das obras do aquário marinho, o Áqua
Rio, e a conclusão das obras do Veículo Leve sobre Trilho (VLT). Além desses
equipamentos, há as atividades culturais que aproveitam a tradição de uma das
regiões onde o samba nasceu no início do século XX.”
Dados: Site oficial Porto maravilha (21) e Porto Maravilha: as transformações
urbanas na região portuária do Rio. (22)
Fotos: Site oficial Porto
Maravilha (22)
O acompanhamento dos
resultados da intervenção
ao longo do tempo com a
participação de agentes
públicos e privados, bem
como da população em
geral, poderá levar a
correções e planejamento
de novas intervenções que
proporcionem as condições
para a continuidade e
expansão das melhorias do
ambiente urbano não só da
Região Portuária mas da
área Central da Cidade do
Rio de Janeiro.
Fotos: Site oficial Porto Maravilha
(22)
Duas grandes críticas
com relação ao projeto são “a
incapacidade do projeto Porto
Maravilha de enfrentar a questão
do déficit habitacional e a
inexistência de canais consistentes
de transparência e diálogo entre o
poder público e os diferentes
grupos de interesses que vivem,
trabalham ou atuam na região.”
Entretanto, podemos
observar que embora já seja
possível notar grandes melhoras
no ambiente urbano, com todos
os equipamentos culturais
criados, para que a população
possa se apropriar e fazer uso
pleno dos espaços há a
necessidade de investir também
em segurança pública.
CONCLUSÃO
É fundamental e urgente que urbanismo seja tratado de forma
desvinculada de questões políticas. Que o trabalho de projeto seja concebido,
pesquisado, elaborado e discutido por profissionais e entidades de classe com
participação da sociedade civil, agentes públicos e privados. Que seus
resultados sejam acompanhados, que correções sejam feitas e que o trabalho
de expansão dos planos de intervenção urbana seja realizado seguindo uma
metodologia. É essencial que tais intervenções sejam acompanhadas por uma
equipe multidisciplinar, incluindo profissionais da área de saúde para que os
problemas relacionados com o caos urbano possam ser resolvidos a partir de
políticas públicas e privadas que tragam, a médio e longo prazos, uma melhoria
na qualidade de vida da população.
É necessário maior envolvimento das entidades de classe para cobrar
dos governos federal, estadual e municipal que os trabalhos relacionados à
urbanismo não sejam vinculados ao ciclo eleitoral e que a escolha dos
profissionais para os cargos seja técnica. Urbanismo precisa ser um tema
tratado em todos os setores da sociedade.
Precisamos criar cidades nas quais as pessoas possam se
desenvolver em todos os setores e onde esse desenvolvimento se
reflita nas relações interpessoais e na relação com o espaço. A
participação popular no processo de elaboração, execução e
acompanhamento de resultados irá garantir que ao longo do tempo
possamos formar cidadãos mais conscientes de seus direitos e
deveres perante a cidade e com isso as discussões a respeito de vários
assuntos farão parte do cotidiano das famílias, das escolas e das
empresas, tais como: utilização e conservação dos espaços públicos,
relações de vizinhança, conscientização ambiental, reutilização de
resíduos, reuso de água, aproveitamento de água pluvial, incentivo ao
plantio de vegetação nativa, desenvolvimento urbano sustentável.
São assuntos que precisam sair do plano acadêmico, precisam fazer
parte do dia a dia da população, não com a ideia de futuro, mas com a
certeza da correção de erros do passado, construção de um presente
qualitativo e planejamento de um futuro mais promissor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) BENEVOLO, Leonardo: História da Cidade.3ª edição 2003
(2) SANDER, Isabella, Divisão de territórios é desigual desde o descobrimento do
Brasil , publicado em DIREITO À TERRA Notícia da edição impressa de 05/09/2017.
(https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/2017/08/cadernos/jornal_da_lei/5
82705-divisao-de-territorios-e-desigual-desde-o-descobrimento-do-brasil.html)
(3) Projeto Jimboê, da Editora do Brasil.
http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.aspx?d=historia&
a=4&u=4&t=mapa
(4) ANUNCIAÇÃO , Talita do Lago : Artigo Falta luz no Complexo do Alemão
https://www.brasil247.com/pt/247/artigos/175974/Falta-luz-no-Complexo-do-
Alem%C3%A3o.htm
(5) ROCINHA, Rio de Janeiro – RJ:
https://br.pinterest.com/pin/289497082288041668/?lp=true
(6) FARIA, Guélmer Júnior Almeida de: Um dia lote vago no outro lixão a céu
aberto’. A realidade de áreas residuais no município de Montes Claros, MG
http://www.efdeportes.com
(7)ROLNIK, R. & BOTLER, M. Por uma política de reabilitação de centros
urbanos. Revista Óculum, PUC-CAMPINAS, São Paulo, 2004
(8) NASSIF, Luiz: A urbanização de favelas no RJ: favela-bairro (1988-2008) em
19/05/2013
https://jornalggn.com.br/historia/a-urbanizacao-de-favelas-no-rj-favela-bairro-
1988-2008/
(9) Artigo: Médicos veem relação entre vida urbana e distúrbios mentais
https://www.dw.com/pt-br/m%C3%A9dicos-veem-rela%C3%A7%C3%A3o-
entre-vida-urbana-e-dist%C3%BArbios-mentais/a-16328906
(10) Brasil é o segundo país do mundo mais estressado, aponta ranking
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/brasil-e-o-segundo-pais-do-
mundo-mais-estressado-aponta-ranking/
(11) Estresse das grandes cidades pode ser fator de risco para o coração
https://www.ativosaude.com/saude/exercicios-ao-ar-livre-mais-saudavel/
(12) Exercícios ao ar livre é mais saudável. Você sabe por quê? - 17 DE FEVEREIRO
DE 2014
https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2013/08/estresse-das-grandes-
cidades-pode-ser-fator-de-risco-para-o-coracao-4227487.html
(13) Condomínio Península
https://mullerimoveisrj.com.br/os-beneficios-de-morar-no-condominio-peninsula/
(14) O retrato de um Rio abandonado - O Globo - 07/01/2018
https://oglobo.globo.com/rio/o-retrato-de-um-rio-abandonado-22261387
(15) Praças de Niterói seguem abandonadas - O São Gonçalo - 07/05/201
https://www.osaogoncalo.com.br/geral/59078/pracas-de-niteroi-seguem-
abandonadas-pela-guarda-municipal
(16) Praça abandonada em São Gonçalo é ocupada por moradores de rua e
usuários de drogas. Preocupação para moradores e comerciantes - Jornão O São
Gonçalo - 17/11/2017
https://www.osaogoncalo.com.br/geral/39289/praca-abandonada-em-sao-
goncalo-e-ocupada-por-moradores-de-rua-e-usuarios-de-drogas
(17) Abandonado, Piscinão de São Gonçalo está tomado por matagal – Jornal Extra -
15/10/17
https://extra.globo.com/noticias/rio/abandonado-piscinao-de-sao-goncalo-esta-
tomado-por-matagal-21945031.html
(18) Artigo Uma impressionante renovação urbana em Seul, de 24 de fevereiro de 2004.
https://www.masterambiental.com.br/noticias/cidades-sustentaveis/uma-
impressionante-renovacao-urbana-em-seul/
(19) Seul: http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/234/restauracao-do-
cheonggyecheon-seul-coreia-do-sul-296126-1.aspx
(20) Site Oficial High Line Nova York:
https://novayork.com/high-line
(21) Site Oficial Porto Marvilha:
https://www.portomaravilha.com.br

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Arquitetura, Saúde e Bem-Estar

  • 1. A NECESSIDADE DE REALIZAR INTERVENÇÕESURBANAS REGIONAIS PARA PROPORCIONAR BEM ESTAR E SAÚDE PÚBLICA Autora: Jéssica Gomes Marreiros Artigo elaborado e aceito para o Seminário Gestão Urbana e Saúde: planejando a cidade, promovendo a saúde, realizado pelo CAU-RJ 22/07/2019.
  • 2. RESUMO: Este artigo tem por objetivo oferecer uma visão do atual cenário de atuação do arquiteto na construção das cidades. É embasado no relato de experiências profissionais em aprovação e legalização de imóveis em áreas urbanas e na observação das políticas urbanas e intervenções realizadas principalmente em Regiões Metropolitanas. Espero com este trabalho contribuir para o debate sobre Gestão Urbana e Saúde Pública, para que tais assuntos possam ser tratados em conjunto, levando em consideração a necessidade de a população ter acesso à áreas urbanas públicas propícias a práticas de atividades físicas, que comprovadamente combatem não apenas males físicos, mas também mentais, já que doenças como depressão e ansiedade tem sido em diversos estudos atribuídos ao estresse causado pela vida em centros urbanos, tendo inclusive já estudos relacionados à neuro- urbanismo. Pretendo também tratar da necessidade de acompanhamento da implementação dos projetos de intervenção não apenas pelo poder público, mas também pelos órgãos de classe, promovendo discussões periódicas com apresentação de relatórios de resultados, tanto para avaliação da eficácia das intervenções quanto para promover a expansão das mesmas para áreas vizinhas, criando um método de intervenção baseado em estudo, planejamento, execução, análise de resultados e correções. Palavras chave: Arquitetura, saúde, gestão, cidade, urbano.
  • 3. OBJETIVO DO TRABALHO: O presente artigo tem por objetivo oferecer uma visão do atual cenário de atuação do arquiteto na construção das cidades, tendo em vista a obrigação de cumprir a legislação urbana no que se refere ao edifício e ao lote em comparação a sua atuação no âmbito urbanístico, já que a Gestão Urbana tem sido negligenciada pelo poder público do ponto de vista técnico ao contemplar ações e intervenções pouco eficazes no ordenamento do espaço, sem realizar o debate com a categoria de profissionais e suas entidades de classe que possuem o devido conhecimento para promover as políticas urbanas e acompanhamento da implementação das mesmas para desenvolvimento das cidades e regiões metropolitanas. Outro objetivo do trabalho aqui apresentado é tratar da relação do espaço urbano com fatores psicológicos e transtornos mentais e os efeitos que a vida urbana provoca na saúde da população.
  • 4. METODOLOGIA UTILIZADA Este artigo foi elaborado tendo como base a experiência profissional em aprovação e legalização de imóveis em regiões urbanas, através da qual podemos observar a forma como o poder público trata a questão do lote e como a legislação urbanística acaba não se refletindo na cidade como o esperado, principalmente nas cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A elaboração contou também com a observação crítica de intervenções na região por meio de avaliação dos resultados obtidos pelas mesmas ao longo do tempo. Apresento estudos de diversos setores ligados à área de saúde que comprovam a influência do espaço urbano em questões voltadas não só para a parte física, mas também mental.
  • 5. RESULTADOS ESPERADOS Contribuir para o debate sobre Gestão Urbana e Saúde Pública, a valorização da atuação do profissional arquiteto na construção das cidades pelos gestores públicos e agentes privados, visando implementação de intervenções com compromisso de conclusão independente de questões políticas e partidárias, tendo como objetivo o desenvolvimento urbano não só nas questões relacionadas a deslocamentos viários, mas também na qualidade de vida da população, promovendo a melhor utilização dos espaços públicos e da relação dos edifícios com seu entorno. Criação de um modelo de intervenções urbanas baseado em estudo, debates, projeto, execução, acompanhamento de resultados e correções, que possa ser utilizado em qualquer cidade ou região com participação de equipes multidisciplinares no que se refere à Saúde Pública e Urbanismo, visando diminuir os efeitos que a vida urbana tem causado no psicológico da população cada vez mais suscetível à depressão, ansiedade, Síndrome do Pânico e todas as patologias advindas desses problemas psicológicos.
  • 7. Arquitetura e Saúde Pública são temas que não costumam ser tratados em conjunto fora do círculo das entidades de classe. Geralmente relaciona-se a Arquitetura ao glamour dos projetos e saúde pública às ações governamentais e privadas para controle de doenças. Para confirmar a visão deturpada que a sociedade tem a respeito do trabalho do arquiteto, basta observar a dificuldade que a grande maioria das pessoas tem para descrever a atuação deste profissional. Geralmente descrito como aquele que “faz plantas”, e de que se trata de um serviço que poucos podem contratar, tal ideia faz com que a categoria não seja vinculada à figura do urbanista, o que planeja as cidades, aquele que projeta intervenções que atingirão um grande número de pessoas e que irá impactar diretamente no cotidiano de todo cidadão. A visão desvinculada desses temas tem nos custado caro. Até mesmo no setor público a desvalorização do Arquiteto e Urbanista tem mostrado seus efeitos na escolha política de cargos onde a escolha deveria se dar por capacidade técnica. A falta de planejamento urbano do ponto de vista regional e falta de investimentos em infraestrutura e saneamento básico (ou concentração dos mesmos em determinados locais) são os principais fatores que levam às ocupações desordenadas e a configuração do território de maneira caótica.
  • 8. Embora existam diversas leis que regem o uso e a ocupação do solo, a ineficiência das mesmas em promover espaços urbanos de qualidade é nítida. Dificuldade de deslocamento, áreas densamente ocupadas, falta de espaços de lazer para a população, ambientes urbanos hostis são resultado de décadas de descaso com o tratamento das cidades. Estudos revelam que o estresse causado pela vida urbana tem causado problemas sérios á Saúde Pública. Aumento dos casos de Depressão, Ansiedade, Síndrome do Pânico e outras patologias tem sido relacionadas ao modo de vida que as cidades têm proporcionado aos seus cidadãos. É urgente que se faça planejamento urbano a nível regional visando a melhoria da qualidade de vida da população com a criação de espaços destinados a prática de esportes ao ar livre, incentivo à utilização de meios de transporte alternativos e sustentáveis e à socialização.
  • 10. Onde há uma concentração muito grande de pessoas é maior a probabilidade de disseminação de doenças. Várias delas poderiam ser evitadas com saneamento básico e intervenções urbanas que contemplem a conservação de espaços para circulação de ar, iluminação natural, com permeabilidade natural do solo, vegetação nativa e a consequente melhoria na qualidade de vida da população. Esse pensamento não é contemporâneo. A preocupação em criar cidades que impactassem positivamente na qualidade de vida de seus habitantes é uma ideia presente na história das cidades mais antigas do mundo. Planta da cidade de Olinto, 432 a.C. BENEVOLO, Leonardo: História da Cidade.3ª edição 2003 (1)
  • 11. Planta da cidade de Mileto, século V a.C. BENEVOLO, Leonardo: História da Cidade.3ª edição 2003 (1)
  • 12. Em História da Cidade, Leonardo Benevolo faz um balanço da história do ambiente urbano construído desde a Antiguidade até a Era Contemporânea e através desse livro podemos perceber que planejamento urbano era de grande importância já para as civilizações antigas. “Hipódamo de Mileto é lembrado por Aristóteles como autor de uma teoria política (“ Imaginou uma cidade de dez mil habitantes, dividida em três classes composta por artesãos, outra de agricultores, a terceira de guerreiros; o território deveria ser igualmente dividido em três partes, uma consagrada aos deuses, uma pública e uma reservada às propriedades individuais’) e como inventor da divisão regular da cidade’ (Política, II, 1267b). Projetou, como já foi dito, a nova disposição de Pireu, e talvez as plantas de outras cidades: Mileto e Rodes. Estas cidades _e outras fundadas na mesma época, no Oriente e no Ocidente: Olinto, Agrigento, Pesto, Nápoles, Pompéia_ são traçados sendo um desenho geométrico. Este desenho geométrico é uma regra racional, aplicada da escala do edifício à escala da cidade, como nas grandes capitais asiáticas da Idade do Bronze. (...)
  • 13. As ruas são traçadas em ângulo reto, com poucas vias principais no sentido do comprimento, que dividem a cidade em faixas paralelas, e um número maior de vias secundárias transversais; as seções das ruas são sempre modestas , sem pretensões monumentais (de 5 a 10 metros as principais, de 3 a 5 metros as secundárias).Daí resulta uma grade de quarteirões retangulares e uniformes , que pode variar nos casos concretos para adaptar-se ao terreno e às outras exigências particulares. (...) A constância da grade_ fixada pelas exigências das casas, não pela exigência excepcionais dos templos e palácios_ confirma a unidade do organismo urbano e a uniformidade de todas as áreas e das propriedades particulares perante a regra comum, imposta pelo poder público. A elasticidade da relação entre os lados dos lotes retangulares permite que cada cidade seja diferente das outras, não vinculada a um modelo único. A complicação do perímetro e a distância que os muros estão dos quarteirões respeitam o equilíbrio entre a natureza e a obra do homem, e diminuem, em grande escala, o contraste entre a cidade e a paisagem. Deste modo, a regularidade não é levada até comprometer a hierarquia entre o homem e o mundo, permite conceber e padronize a cidade, mesmo quando esta é grande, e permite aumentar em certa medida uma cidade já formada.” (BENEVOLO, Leonardo: História da Cidade. 3ª edição 2003). (1)
  • 14. Setorizar a cidade, organizar o espaço, criar um método para a expansão já eram temas discutidos na antiguidade. E a influência da organização espacial a produtividade da população economicamente ativa e seu bem estar eram princípios que norteavam as propostas de intervenção e de transformação das áreas rurais em áreas urbanas. Infelizmente a realidade brasileira é outra. Mas como chegamos até esse ponto? Como as regiões metropolitanas do Brasil atingiram o estado de caos em que se encontram? Após 500 anos desde sua colonização, sofremos com cidades que cresceram de forma desordenada e que hoje, com uma população de grandes proporções concentrada em determinadas áreas, tornam o desafio de criar soluções para o caos urbano ainda mais complexo.
  • 15. “A distribuição desigual da terra, no entanto, está longe de ser um assunto novo no Brasil. Surgiu com a vinda dos portugueses, que lotearam o País e o transformaram em capitanias hereditárias, comandadas pela nobreza vinda da Europa. O sistema durou quase 300 anos, até a independência do Brasil. (...) Com a Lei de Terras, em 1850, e a abolição da escravatura, em 1888, os escravos recém-libertos não tinham lugar nem para morar nem para trabalhar. O momento era de completa ausência de política habitacional. A única alternativa foi ocupar a terra e construir casas de forma ilegal. As cidades se desenvolveram em cima dessa base desigual.” (2) SANDER, Isabella, Divisão de territórios é desigual desde o descobrimento do Brasil, publicado em DIREITO À TERRA Notícia da edição impressa de 05/09/2017. Capitanias Hereditárias Fonte: Projeto Jimboê, da Editora do Brasil. http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/ galeria/imagens/index.aspx?d=historia&a=4 &u=4&t=mapa (3)
  • 16. "As famílias mais pobres ocuparam as áreas mais frágeis que não eram de interesse do mercado, como morros e áreas alagadas. Porém, com o crescimento das cidades, as zonas que antes não eram interessantes passaram a ser áreas estratégicas e centrais", diz Raquel Ludermir, arquiteta da Organização Não Governamental (ONG) Habitat para a Humanidade e da Campanha Terra Segura. (2) SANDER, Isabella, Divisão de territórios é desigual desde o descobrimento do Brasil , publicado em DIREITO À TERRA Notícia da edição impressa de 05/09/2017. (2) Complexo do Alemão, Rio de Jnaiero 6 de Abril de 2015 TALITA DO LAGO ANUNCIAÇÃO – RJ. Fonte: Artigo Falta luz no Complexo do Alemão (4) Rocinha, Rio de Janeiro – RJ Fonte: https://br.pinterest.com/pin/289 497082288041668/?lp=true (5)
  • 17. Então hoje, quando falamos em relocação de unidades, desapropriação de imóveis para abertura de vias ou para criação de áreas como praças, parques, quadras de esportes ou qualquer outro equipamento público obrigatoriamente envolvemos questões relacionadas à direito de propriedade. Daí a grande dificuldade de executar projetos urbanísticos em larga escala que poderiam fazer uma diferença significativa para a população das cidades. Terrenos baldios, edificações industriais e comerciais desativadas, vazios urbanos são problemas que afetam seu entorno imediato por serem áreas privadas sem produtividades do ponto de vista econômico além de locais onde o vandalismo, a criminalidade, o descarte irregular de resíduos, a poluição visual e a ocupação irregular com ausência de infraestrutura sanitária fazem com que determinados locais da cidade, mais numerosos do que se supõe, causem problemas relacionados à saúde pública.
  • 18. No artigo Um dia lote vago no outro lixão a céu aberto. A realidade de áreas residuais no município de Montes Claros, MG, os autores dizem: “Os impactos dessa população sobre o ambiente podem ser visto nos lotes vagos, terrenos baldios, e áreas de proteção, que funcionam como depósitos de material descartáveis, o que gera grandes transtornos a sociedade, como mau cheiro, insalubridade, problemas de saúde, traz aspecto desagradável ao ambiente, e sem contar que podem danificar o sistema biológico.” (7) Nesse mesmo artigo, é feito uma citação ao trabalho de ROLNIK, R. & BOTLER, M. Por uma política de reabilitação de centros urbanos. Revista Óculum, PUC-CAMPINAS, São Paulo, 2004, no qual é dito: “A formulação de uma política, hoje, parte do pressuposto que a reabilitação urbana consiste no processo de recuperação e reapropriação, pelos cidadãos, de áreas já consolidadas da cidade. Neste sentido, a política de reabilitação urbana deverá promover a diversidade de usos e de atividades voltadas para o desenvolvimento urbano, social e econômico, compreendendo a reutilização de áreas ociosas, vazias ou abandonadas, subutilizadas ou insalubres, bem como a melhoria da infraestrutura dos equipamentos e dos serviços urbanos.” (6).
  • 19. E O QUE FOI FEITOATÉ HOJE? COMO O PODERPÚBLICOTEM TRATADO A QUESTÃO DODESENVOLVIMENTODAS CIDADES? CAPÍTULO 3
  • 20. As políticas públicas voltadas para o setor urbano tem se tornado escassas e em sua maioria contemplam a solução dos problemas viários de deslocamento. A grande preocupação do poder público é fazer intervenções pontuais para tentar minimizar a grande concentração de veículos em determinados pontos. Não há um planejamento a nível regional para que a população da Região Metropolitana seja beneficiada na sua qualidade de vida. Áreas de lazer, ciclovias, áreas de recreação infantil geralmente se concentram nas áreas nobres. Onde os esforços do poder público estão se concentrando com relação a ordenação do espaço urbano? Na criação de leis na tentativa de criar um padrão para as novas construções e nas que solicitam licença para modificações. Há a enorme preocupação que se respeite uma porcentagem mínima de ventilação e iluminação nos ambientes, ao coeficiente de aproveitamento do lote, ao gabarito das edificações, a largura mínima dos compartimentos de acordo com a atividade de cada um, largura de circulação em edificações coletivas para facilitar fuga em caso de incêndio, número de vagas mínimas de acordo com a quantidade de unidades (residenciais e comerciais), etc., mas não vemos o reflexo disso nas intervenções urbanísticas.
  • 21. Para a parcela de edificações e empreendimentos que solicitam autorização do poder público para a liberação da execução de obras a legislação funciona. Novos empreendimentos em sua maioria precisam destinar parte da área para a construção de equipamentos de lazer coletivo e também destinar parte da área para arborização. Mas temos que levar em consideração que a maior parte das edificações das cidades é feita de forma irregular e sem respeitar a legislação urbanística vigente. Como a fiscalização não consegue coibir a grande quantidade de obras irregulares, a configuração urbanística não reflete os resultados esperados pela legislação. Com isso temos duas realidades bastante distintas: a cidade formal e a cidade informal. E é nessa parte da cidade informal que a população tem maior carência de serviços públicos e espaços urbanos de qualidade.
  • 22. Já houve vários projetos para tentar solucionar tais problemas: “Até 2008 o programa Favela-Bairro alcançou 168 favelas e loteamentos no Rio de Janeiro. Um estudo quantitativo do BID de 2005 mostrou que em 37 comunidades servidas pela primeira fase do programa houve um aumento significativo no acesso à água e saneamento, em comparação com outras comunidades que não foram atendidas pelo programa, sendo o impacto maior nas favelas mais pobres. O estudo também consta que os projetos de saneamento não impactaram o índice de mortalidade infantil devido às doenças transmitidas por vetores (...)” Devido à combinação da pressão interna e internacional, e o crescente número de votos dos moradores de favelas, o programa Favela-Bairro, de fato, representou a rotinização de programas de urbanização direcionados às favelas como parte da política oficial da cidade e a adição de serviços sociais na segunda fase do programa foi uma indicação das tendências dos programas de urbanização seguintes. O próximo programa nas favelas implementado em escala nacional, o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) de 2007 forneceu mais de US$300 bilhões de dólares em infraestrutura e assistência social à comunidades pobres em todo o país.” NASSIF, Luiz: A urbanização de favelas no RJ: favela-bairro (1988-2008) em 19/05/2013 (8).
  • 23. Podemos concluir que tais ações, embora tenham proporcionado uma melhoria na qualidade de vida da população não se mostrou eficaz no sentido de continuidade. Avaliação dos resultados, elaboração de estudos de novas intervenções, controle e ordenamento da ocupação das áreas já urbanizadas e debates públicos com a sociedade, entidades de classe e agentes públicos fariam com que o desenvolvimento urbano da cidade como um todo fosse gradual, expansivo e próspero.
  • 24. COMO PROPORCIONARQUALIDADEDEVIDA PARA A POPULAÇÃODA REGIÃO METROPOLITANA?O QUE CONSIDERARAO TRATAR SAÚDEPÚBLICA? CAPÍTULO 4
  • 25. Precisamos trazer para o macro o que é feito no micro. A legislação urbana prioriza os detalhes visando o lote, o edifício. Esses conceitos precisam ser ampliados para a visão da cidade. Precisamos projetar cidades e promover intervenções em áreas urbanas densamente ocupadas tendo como base esses princípios, para criar áreas de circulação não apenas viária, mas também para arborização, iluminação e ventilação naturais, drenagem de águas pluviais aproveitando a permeabilidade do solo (evitando a pavimentação maciça), promover infraestrutura sanitária de forma eficiente, e criar espaços urbanos que promovam a integração da casa com a rua e os espaços públicos urbanos, facilitar o deslocamento através de sistemas viários alternativos e sustentáveis, incentivar a prática de esportes nas áreas públicas e tornar a cidade um lugar onde as pessoas possam viver e não apenas trabalhar, estudar e morar.
  • 26. Quando falamos sobre saúde pública, não podemos relacionar apenas à questões de doenças epidemiológicas. Há a necessidade urgente de fazer intervenções que proporcionem condições de vida visando não só o bem estar físico, mas também mental. A vida atribulada e corrida que a grande maioria da população economicamente ativa das regiões metropolitanas leva tem contribuído para uma vida sedentária com altos índices de problemas psicológicos relacionados à depressão, síndrome do Pânico, ansiedade dentre outras patologias que influenciam diretamente nas relações interpessoais, tanto no familiar como no profissional. Não podemos desconsiderar a grande influência da falta de segurança pública para que tal situação se agrave. A rua deixou de ser frequentada pelas crianças e pelos adolescentes, idosos não frequentam mais as praças. Vários hábitos sociais que eram observados há décadas atrás estão deixando de existir pelo cotidiano violento das ruas nas cidades.
  • 27. O site oficial da Deutsche Welle, uma emissora internacional da Alemanha, publicou o seguinte artigo: Médicos veem relação entre vida urbana e distúrbios mentais Estudos indicam que pessoas que nasceram e cresceram em centros urbanos são mais propensas a transtornos mentais. Nova área do conhecimento, o neuro-urbanismo, pode ajudar a melhorar o planejamento das grandes cidades. Barulho, trânsito, lixo, pessoas apressadas e se empurrando por todos os lados – a vida nas grandes cidades é estressante. Mas as perspectivas de um emprego melhor, um salário mais alto e de um estilo de vida urbano atraem cada vez mais pessoas às cidades. Se há 60 anos menos de um terço da população mundial vivia em cidades, hoje mais da metade mora em centros urbanos. Até 2050, a estimativa é que essa cota atinja 70%.
  • 28. Com o aumento das populações urbanas, o número de distúrbios psíquicos também tem aumentado em todo o mundo", alerta Andreas Meyer- Lindenberg, diretor do Instituto Central de Saúde Mental de Mannheim. "Somente a depressão custa aos cidadãos europeus 120 bilhões de euros por ano. O custo de todas as doenças psíquicas juntas – incluindo demência, ansiedade e psicose – ultrapassa o orçamento do fundo de resgate do euro. A frequência e a gravidade dessas doenças costumam ser subestimadas", afirma. Em 2003, psiquiatras britânicos publicaram um estudo sobre o estado psicológico dos moradores do bairro londrino de Camberwell, uma área que teve um grande crescimento desde meados da década de 1960. Entre 1965 e 1997, o número de pacientes com esquizofrenia quase dobrou – um aumento acima do crescimento da população. Na Alemanha, o número de dias de licença médica no trabalho relacionada a distúrbios mentais dobrou entre 2000 e 2010. Na América do Norte, recentes estimativas apontam que 40% dos casos de licença estão ligados à depressão. (...) Nas cidades pode acontecer de as pessoas não conhecerem seus vizinhos, não conseguirem construir uma rede de apoio social como nas vilas e pequenas cidades. Elas se sentem sozinhas e socialmente excluídas, sem uma espécie de rede social de segurança", observa Andreas Heinz, diretor da Clínica de Psiquiatria e Psicoterapia no hospital Charité, em Berlim.” (9)
  • 29. No Brasil a questão se torna ainda mais complexa. O trabalhador das áreas urbanas despende muitas horas do seu dia no transporte público. O estresse já para chegar ao local de trabalho contribui para a diminuição da produtividade. A volta para casa é muitas vezes, mais demorada e mais estressante. Por mais que haja recomendações médicas ou desejo pessoal de levar uma vida mais saudável, com atividades físicas ao ar livre, a cidade se mostra hostil por todos os motivos apresentados: falta de segurança pública, falta de locais públicos adequados para recreação e prática de esportes ao ar livre e ineficiência do transporte público. Segundo um estudo realizado pela International Stress Management Association (Isma - Brasil) : “Brasil é o segundo país do mundo mais estressado, aponta ranking O que mais estressa o brasileiro, segundo o estudo, é o trabalho, segundo 69% dos entrevistados. Trabalho levado para casa. Falta de tempo para atividades relaxantes ou para a família. Má alimentação. Incapacidade de enxergar perspectivas. Tensão no trânsito. Pavor da violência urbana. Todas essas situações são vividas por quem sente estresse. E não são poucas as pessoas afetadas por essa doença. O Brasil ostenta o título de segundo mais estressado do mundo em um ranking com dez países. Na nossa frente apenas os japoneses.” (10)
  • 30. E como em um efeito dominó, o estresse causa muitos outros males. “Além de enfrentar uma intensa rotina de trabalho, quem vive nas grandes cidades precisa lidar diariamente com fatores bastante desgastantes como o trânsito e a violência. Embora muitos tenham se acostumado ao ritmo dos grandes centros urbanos, enfrentar a rotina dentro deles gera muito mais do que um desgaste físico e emocional. - O estresse vivido por quem mora na cidade causa o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, além de provocar a liberação de hormônios que também podem prejudicar o coração - afirma a cardiologista do Hospital do Coração (HCor), Magaly Arrais.” (11) Para combater esses sintomas do estresse da vida urbana a recomendação médica é a prática de esportes. A Ativo Saúde publicou em seu site uma matéria denominada “Exercícios ao ar livre é mais saudável. Você sabe por quê?”, no qual diz: “De acordo com pesquisas feitas pelo centro Médico Universitário de Amsterdã (Holanda) e pela Universidade de Heriot-Watt (Escócia), uma simples corrida, caminhada, pedalada ou outra atividade física outdoor traz mais melhorias à saúde do atleta do que as chamadas atividades físicas indoor. No primeiro estudo, realizado pela instituição holandesa com 350 voluntários, foi constatado que pessoas em contato com a natureza regularmente têm 21 % menos de chance de desenvolver depressão.
  • 31. No segundo, feito pelos pesquisadores escoceses, ficou comprovado que praticar exercícios ao ar livre reduz a agressividade, melhora o funcionamento do cérebro e estimula o pensamento meditativo. Nesse universo, um dos exemplos de esportes ao ar livre que ganha cada vez mais adeptos no Brasil é a corrida de rua. De acordo com pesquisa realizada pela Corpore, clube de corredores com sede em São Paulo, e pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA/USP), a modalidade cresce cerca de 20% por ano e gera receita anual de 3 bilhões de reais.” (12) Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro a prática de esportes ao ar livre não é uma tarefa fácil. A capital conta com maior número de áreas públicas para tais atividades, principalmente na Zona Sul. Mas geralmente, para ter um estilo de vida mais “saudável” as pessoas (que podem pagar) adquirem imóveis dentro de condomínios fechado com toda a infraestrutura de lazer e segurança. O acesso ao estilo de vida saudável foi privatizado. Para quem não mora dentro dos condomínios com arborização, trilhas, áreas de recreação, etc. encontrar na cidade local semelhante é praticamente impossível. Praças são gradeadas e recebem pouco investimento para manutenção, fazendo com que a população não veja mais esses locais como espaços que podem utilizar em sua totalidade e tornar esse hábito cotidiano.
  • 32. Condomínio Península – Rio de Janeiro - RJ: “Os 3,5km de seu perímetro urbano são formados por uma trilha ecológica com equipamentos de esporte e lazer.” (13) Esclareço, no entanto, que a crítica feita aqui não é ao fato de existirem empreendimentos privados com esse perfil. O que questiono é que a cidade não tenha áreas públicas de qualidade para que toda a população possa ser beneficiada.
  • 33. Encontramos no âmbito municipal a ideia equivocada de que os espaços públicos destinados a lazer e áreas verdes são apenas as praças. No âmbito estadual, embora tenha havido melhora na legislação ambiental, a efetivação das ações transformando a fiscalização em algo concreto que evite a ocupação irregular das áreas marginais dos rios, córregos e encostas, faz com que a criação de parques estaduais seja algo muito longe da nossa realidade atual. Percebe-se que a manutenção dos que já existem, com a falta de fiscalização, é ineficiente e os mesmos não possuem programas de atividades para que a população utilize esses espaços. Jardim de Alah, Rio de Janeiro – RJ (14) Praça Juscelino Kubitschek, Centro de Niterói – RJ (15)
  • 34. Praça Chico de Mendes, em São Gonçalo – RJ (16) Piscinão de São Gonçalo (Área de Responsabilidade do Governo do Estado)– RJ (17)
  • 35. Todos esses fatores contribuem para que a vida urbana seja responsável por problemas de saúde físico e mentais. Os estudos sobre neuro-urbanismo podem e devem fazer parte da implementação das políticas de projetos de intervenções nas cidades. Tais mudanças irão se refletir no desenvolvimento econômico, social e cultural.
  • 36. O QUE PODEMOS MUDAR? CAPÍTULO 5
  • 37. Como podemos mudar essa realidade? De que forma as cidades das regiões metropolitanas brasileiras podem se tornar locais mais atrativos para o cotidiano de sua população? Realizando intervenções urbanas regionais e não locais. As intervenções urbanas em áreas densamente ocupadas têm se limitado a remediar os problemas viários, mas não contemplam a criação de locais apropriados para que a população possa realizar atividades de lazer, recreação e prática de esportes e nem mesmo a manutenção das poucas áreas existentes destinadas a essas atividades. Intervenções mais radicais podem, a médio e longo prazo, trazer grandes benefícios. Mas para isso é necessário planejamento urbano com investimentos em transporte de massa eficiente, reduzindo o tempo que a população leva em seus trajetos diários, criação de vias mais apropriadas para circulação de pedestres e veículos, criação de ciclovias, parques públicos com áreas de recreação e arborização nativa.
  • 38. Diversas ações precisam ser efetivadas para que os centros urbanos e metrópoles brasileiras possam se tornar lugares com melhor qualidade de vida. Mas nada será eficaz sem planejamento urbano pensado a médio e longo prazo. Políticas públicas que visam apenas o voto e o ciclo eleitoral de 4 anos prejudicam o desenvolvimento econômico, social e cultural e isso se reflete nas cidades. Para evitar que o planejamento urbano continue sendo negligenciado, a participação efetiva das entidades de classe no processo de estudos, elaboração de projetos e análise de resultados se torna fundamental. Os governos federal, estadual e municipal precisam realizar estudos e planejamentos regionais, programar as intervenções, executá-las e acompanhar os resultados. A sociedade deve ser informada e consultada. Os debates precisam ser abertos à participação de agentes públicos e privados.
  • 40. • Consulta às entidades de classe promovendo debates públicos abertos a participação da população, de agentes privados e de profissionais do setor de arquitetura e urbanismo para todas as intervenções urbanas • Escolha de projetos de intervenção urbanística através de concursos, levando em consideração a escolha do projeto vencedor pela qualidade técnica. • Acompanhamento da implementação dos projetos de intervenção não apenas pelo poder público, mas também pelos órgãos de classe, promovendo discussões periódicas com apresentação de relatórios de resultados, tanto para avaliação da eficácia das intervenções quanto para promover a expansão das mesmas para áreas vizinhas, criando um método de intervenção baseado em estudo, planejamento, execução e análise de resultados. • Promover a expansão das discussões de temas relacionados à questões urbanas não só para a categoria, mas para a sociedade em geral, contando com a participação de estudantes, empresários, agentes públicos e sociedade em geral. • É necessário também um trabalho de conscientização para que a população se aproprie desses espaços públicos de forma correta, já que o pensamento equivocado de que o espaço público não é de ninguém impede que o mesmo seja preservado com a convicção de que é de todos.
  • 42. Cidades que fizeram intervenções com ampla participação da população colhem hoje os frutos de um crescimento ordenado e de uma melhora considerável na qualidade de vida de seus habitantes. CHEONGGYECHEON – COREIA DO SUL Cheonggyecheon, Coréia do Sul. À esquerda antes da remoção da auto-estrada. Á direita com o parque e o canal recuperado. (18)
  • 43. Cheonggyecheon, na Coréia do Sul, é um ótimo exemplo de intervenção já realizada e que se pode estudar os resultados de sua implementação. Antes: uma área com uma auto estrada elevada, sem arborização, com poluição sonora, visual , com péssima qualidade do ar e com registro de temperaturas acima da media. Intervenção: Demolição da Autoestrada, recuperação do antigo córrego que havia sido canalizado e criação de parque urbano linear. Custo da intervenção R$ 300milhões de dólares. Prazo da obra: 3 anos. Dados: Artigo Uma impressionante renovação urbana em Seul, de 24 de fevereiro de 2004. (18) Resultado: Um parque público linear utilizado por 30 mil pessoas nos fins de semana, com 5,8Km de comprimento, 400 hectares e 80 metros de largura. 75% do material da via expressa demolida foi reaproveitado na obra. Hoje, peixes, aves e outros animais voltaram a povoar o local. A temperatura média é 3,6º C mais baixa do que em outras regiões da cidade.
  • 45. HIGH LINE – NOVA YORK - EUA Outro exemplo de intervenção de sucesso é o High Line em Nova York, nos Estados Unidos. “É é um parque linear de aproximadamente 2,5 Km construído em 2009 numa via férrea elevada de Nova York. Nova sensação em Nova York, o High Line fica a 8 metros de altura e atravessa 3 bairros.” (20) Antes: Área predominantemente ocupada por indústrias e empresas de transportes com uma linha férrea elevada desativada desde a década de 80. Os trilhos estavam cobertos por uma vegetação rasteira. Intervenção: A partir de uma campanha popular que pedia a revitalização da área e transformação da mesma em parque público, a prefeitura iniciou a obra no início dos anos 2000, para criar um parque elevado arborizado e com vários equipamentos públicos, além de obras de revitalização do entorno. Custo da intervenção R$ 200milhões de dólares, incluindo obras nas proximidades do parque. Prazo da obra: 10 anos, aproximadamente.
  • 46. Resultado: Um parque público linear, com 2,5Km de comprimento, que atravessa 3 bairros. Como é elevado a 8metros em relação ao solo, permite que a cidade e o Rio Hudson possam ser contemplados ao longo de todo o percurso. Hoje vários prédios e galpões das empresas e fábricas antigas foram convertidos em galerias de arte, estúdios de arte, lojas, restaurantes, museus e residências. Dados e fotos : Site oficial High Line (20)
  • 47. PORTO MARAVILHA, RIO DE JANEIRO, BRASIL Uma grande intervenção recente foi realizada na área Portuária da cidade do Rio de Janeiro. Região que era extremamente degradada passou por uma intervenção que visava estar totalmente pronta para as Olimpíadas de 2016, requalificando a área de quem chega a cidade pelo mar. Mas as obras não ficaram totalmente pronta a tempo para os Jogos. A intervenção continua em curso, mas a melhoria já pode ser notada, embora outras políticas públicas, principalmente no que se refere a segurança precisam ser intensificadas para que a população possa se apropriar dos espaços públicos criados. “O objetivo, segundo a prefeitura, era o de qualificar o sistema de infraestrutura de saneamento, de iluminação pública, de telecomunicações, de mobilidade urbana, prover a região com equipamentos públicos e estimular a construção de imóveis comerciais e residenciais.” Antes: Área de intervenção de 5 milhões de m2, ocupada por galpões abandonados. Na região residem cerca de 30 mil pessoas distribuídas nas favelas do Morro da Providência, Pedra Lisa, Morro da Conceição, Morro do Livramento, Morro do Pinto, São Diogo, os bairros Saúde, Gamboa, Santo Cristo, Central do Brasil, Cidade Nova e São Cristóvão. A Perimetral (autoestrada elevada) contribuía para a degradação da área sob a via.
  • 48. Intervenção: A partir de uma campanha popular que pedia a revitalização da área e transformação da mesma em parque público, a prefeitura iniciou a obra no início dos anos 2000, para criar um parque elevado arborizado e com vários equipamentos públicos, além de obras de revitalização do entorno. Custo da intervenção: Essa intervenção urbanística, em valores de junho de 2011, totalizou investimentos de R$ 8 bilhões. Prazo da obra: 10 anos, aproximadamente. Ainda em curso. Resultado: “É possível verificar muitas mudanças na região portuária. Quem chega à Praça Mauá, por exemplo, sofre o impacto visual da arquitetura moderna do Museu do Amanhã e do Museu de Arte do Rio de Janeiro. Os que optam por circular pela região, podem ver a finalização das obras do aquário marinho, o Áqua Rio, e a conclusão das obras do Veículo Leve sobre Trilho (VLT). Além desses equipamentos, há as atividades culturais que aproveitam a tradição de uma das regiões onde o samba nasceu no início do século XX.” Dados: Site oficial Porto maravilha (21) e Porto Maravilha: as transformações urbanas na região portuária do Rio. (22)
  • 49. Fotos: Site oficial Porto Maravilha (22) O acompanhamento dos resultados da intervenção ao longo do tempo com a participação de agentes públicos e privados, bem como da população em geral, poderá levar a correções e planejamento de novas intervenções que proporcionem as condições para a continuidade e expansão das melhorias do ambiente urbano não só da Região Portuária mas da área Central da Cidade do Rio de Janeiro.
  • 50. Fotos: Site oficial Porto Maravilha (22) Duas grandes críticas com relação ao projeto são “a incapacidade do projeto Porto Maravilha de enfrentar a questão do déficit habitacional e a inexistência de canais consistentes de transparência e diálogo entre o poder público e os diferentes grupos de interesses que vivem, trabalham ou atuam na região.” Entretanto, podemos observar que embora já seja possível notar grandes melhoras no ambiente urbano, com todos os equipamentos culturais criados, para que a população possa se apropriar e fazer uso pleno dos espaços há a necessidade de investir também em segurança pública.
  • 52. É fundamental e urgente que urbanismo seja tratado de forma desvinculada de questões políticas. Que o trabalho de projeto seja concebido, pesquisado, elaborado e discutido por profissionais e entidades de classe com participação da sociedade civil, agentes públicos e privados. Que seus resultados sejam acompanhados, que correções sejam feitas e que o trabalho de expansão dos planos de intervenção urbana seja realizado seguindo uma metodologia. É essencial que tais intervenções sejam acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, incluindo profissionais da área de saúde para que os problemas relacionados com o caos urbano possam ser resolvidos a partir de políticas públicas e privadas que tragam, a médio e longo prazos, uma melhoria na qualidade de vida da população. É necessário maior envolvimento das entidades de classe para cobrar dos governos federal, estadual e municipal que os trabalhos relacionados à urbanismo não sejam vinculados ao ciclo eleitoral e que a escolha dos profissionais para os cargos seja técnica. Urbanismo precisa ser um tema tratado em todos os setores da sociedade.
  • 53. Precisamos criar cidades nas quais as pessoas possam se desenvolver em todos os setores e onde esse desenvolvimento se reflita nas relações interpessoais e na relação com o espaço. A participação popular no processo de elaboração, execução e acompanhamento de resultados irá garantir que ao longo do tempo possamos formar cidadãos mais conscientes de seus direitos e deveres perante a cidade e com isso as discussões a respeito de vários assuntos farão parte do cotidiano das famílias, das escolas e das empresas, tais como: utilização e conservação dos espaços públicos, relações de vizinhança, conscientização ambiental, reutilização de resíduos, reuso de água, aproveitamento de água pluvial, incentivo ao plantio de vegetação nativa, desenvolvimento urbano sustentável. São assuntos que precisam sair do plano acadêmico, precisam fazer parte do dia a dia da população, não com a ideia de futuro, mas com a certeza da correção de erros do passado, construção de um presente qualitativo e planejamento de um futuro mais promissor.
  • 54. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) BENEVOLO, Leonardo: História da Cidade.3ª edição 2003 (2) SANDER, Isabella, Divisão de territórios é desigual desde o descobrimento do Brasil , publicado em DIREITO À TERRA Notícia da edição impressa de 05/09/2017. (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/2017/08/cadernos/jornal_da_lei/5 82705-divisao-de-territorios-e-desigual-desde-o-descobrimento-do-brasil.html) (3) Projeto Jimboê, da Editora do Brasil. http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.aspx?d=historia& a=4&u=4&t=mapa (4) ANUNCIAÇÃO , Talita do Lago : Artigo Falta luz no Complexo do Alemão https://www.brasil247.com/pt/247/artigos/175974/Falta-luz-no-Complexo-do- Alem%C3%A3o.htm (5) ROCINHA, Rio de Janeiro – RJ: https://br.pinterest.com/pin/289497082288041668/?lp=true
  • 55. (6) FARIA, Guélmer Júnior Almeida de: Um dia lote vago no outro lixão a céu aberto’. A realidade de áreas residuais no município de Montes Claros, MG http://www.efdeportes.com (7)ROLNIK, R. & BOTLER, M. Por uma política de reabilitação de centros urbanos. Revista Óculum, PUC-CAMPINAS, São Paulo, 2004 (8) NASSIF, Luiz: A urbanização de favelas no RJ: favela-bairro (1988-2008) em 19/05/2013 https://jornalggn.com.br/historia/a-urbanizacao-de-favelas-no-rj-favela-bairro- 1988-2008/ (9) Artigo: Médicos veem relação entre vida urbana e distúrbios mentais https://www.dw.com/pt-br/m%C3%A9dicos-veem-rela%C3%A7%C3%A3o- entre-vida-urbana-e-dist%C3%BArbios-mentais/a-16328906 (10) Brasil é o segundo país do mundo mais estressado, aponta ranking https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/brasil-e-o-segundo-pais-do- mundo-mais-estressado-aponta-ranking/ (11) Estresse das grandes cidades pode ser fator de risco para o coração https://www.ativosaude.com/saude/exercicios-ao-ar-livre-mais-saudavel/
  • 56. (12) Exercícios ao ar livre é mais saudável. Você sabe por quê? - 17 DE FEVEREIRO DE 2014 https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2013/08/estresse-das-grandes- cidades-pode-ser-fator-de-risco-para-o-coracao-4227487.html (13) Condomínio Península https://mullerimoveisrj.com.br/os-beneficios-de-morar-no-condominio-peninsula/ (14) O retrato de um Rio abandonado - O Globo - 07/01/2018 https://oglobo.globo.com/rio/o-retrato-de-um-rio-abandonado-22261387 (15) Praças de Niterói seguem abandonadas - O São Gonçalo - 07/05/201 https://www.osaogoncalo.com.br/geral/59078/pracas-de-niteroi-seguem- abandonadas-pela-guarda-municipal (16) Praça abandonada em São Gonçalo é ocupada por moradores de rua e usuários de drogas. Preocupação para moradores e comerciantes - Jornão O São Gonçalo - 17/11/2017 https://www.osaogoncalo.com.br/geral/39289/praca-abandonada-em-sao- goncalo-e-ocupada-por-moradores-de-rua-e-usuarios-de-drogas
  • 57. (17) Abandonado, Piscinão de São Gonçalo está tomado por matagal – Jornal Extra - 15/10/17 https://extra.globo.com/noticias/rio/abandonado-piscinao-de-sao-goncalo-esta- tomado-por-matagal-21945031.html (18) Artigo Uma impressionante renovação urbana em Seul, de 24 de fevereiro de 2004. https://www.masterambiental.com.br/noticias/cidades-sustentaveis/uma- impressionante-renovacao-urbana-em-seul/ (19) Seul: http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/234/restauracao-do- cheonggyecheon-seul-coreia-do-sul-296126-1.aspx (20) Site Oficial High Line Nova York: https://novayork.com/high-line (21) Site Oficial Porto Marvilha: https://www.portomaravilha.com.br