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U m velho fazendeiro tinha três filhos: dois eram cul-
tos e orgulhosos e o terceiro era simples e humilde.
Ele passava horas caminhando pelos campos, brincando com os
animais e colhendo frutas selvagens.
Os irmãos mais velhos ridicularizavam o rapaz, chamando-o
de João Bobo.
João Bobo
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Certo dia, chegou uma mensagem do rei, informando que sua
filha, a princesa, escolheria o futuro esposo entre os jovens do
reino. O pretendente deveria falar muito bem, demonstrar gran-
de esperteza e bom humor.
Os dois irmãos mais velhos viram logo que aquela era uma
grande oportunidade para garantir o futuro. Por isso, começaram
a estudar dia e noite. Em uma semana, o irmão mais velho havia
memorizado todas as palavras do dicionário.
O irmão do meio especializou-se nas leis do reino, que eram
muitas, e todas elas, complicadas.
No dia da apresentação, os dois irmãos vestiram as melho-
res roupas e, antes de partirem para a longa viagem, o pai deu
um cavalo de presente a cada um deles.
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Eles estavam saindo quando João Bobo chegou.
— Aonde vocês vão assim, tão bem-vestidos?
— Ao palácio real. A princesa se casará com o jovem que me-
lhor conversar, demonstrar maior inteligência e bom humor.
— Verdade? Vou também! Não posso perder esta oportuni-
dade. Vou me casar com a princesa! — disse João Bobo.
Os irmãos caíram na gargalhada e partiram. João Bobo foi
correndo pedir um cavalo ao pai.
— Não terá cavalo algum! — respondeu-lhe, decidido, o pai.
— Tenho certeza de que você não conseguirá se sair bem nessa
competição. Pode desistir!
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Mas João Bobo não ficou triste nem desistiu. Se não podia
obter um cavalo, iria montado em um velho bode!
E assim fez. Pouco depois, alcançou os irmãos que cavalga-
vam vagarosamente, em silêncio, recordando o que estudaram e
inventando frases românticas para conquistar a princesa.
— Irmãos, estou aqui. Olhem o que achei na beira da estra-
da — gritou João Bobo, mostrando a eles uma pomba morta.
— E o que você vai fazer com esta pomba morta, João Bobo?
— perguntou o irmão mais velho.
— Darei de presente à filha do rei, é claro!
— Ótima ideia. Faça isso! — responderam os dois, garga-
lhando muito.
E João seguiu para o palácio real recolhendo tudo o que en-
contrava pela estrada.
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A princesa olhava o jovem mudo e dizia:
— Não, este não! Mandem-no embora.
Quando chegou a vez do irmão mais velho, devido à emo-
ção, ele esqueceu tudo e não conseguiu falar nada.
— Não, este não! Mandem-no embora! — disse a princesa.
Entrou o irmão do meio, mas ele também havia esquecido
todo o assunto decorado.
A princesa não gostou dele e disse:
— Não, este não! Mandem-no embora!
Os irmãos, cansados de ter sempre João Bobo atrás deles,
apressaram os cavalos para chegar logo.
Os moradores da cidade estavam todos em frente ao palácio
real para apreciar a chegada dos candidatos. Um jovem de cada
vez era conduzido à presença da princesa. Mas, quando chega-
vam diante dela, ficavam admirados e não conseguiam falar.
Joao_Bobo.indd 5 16/02/11 17:18
Finalmente, chegou a vez de João Bobo. Ele não quis sepa-
rar-se do bode e se apresentou à princesa montado em sua es-
tranha cavalgadura. A princesa começou a rir.
João olhou em volta e viu que havia três guichês com um es-
crivão em cada um, anotando tudo que era falado. João fez uma
careta e decidiu dizer qualquer coisa:
— Nossa! Aqui está quente demais, minha donzela.
— É isso mesmo. Meu pai está assando os pretendentes
que não me agradaram — disse a princesa, rindo, num tom de
brincadeira.
— Que sorte! Assim assarei esta pomba que encontrei no
caminho — exclamou João Bobo, mostrando a ave morta.
— Mas como você vai fazer? Você tem uma assadeira ou
panela? — perguntou a princesa, rindo.
Joao_Bobo.indd 6 16/02/11 17:18
— Tenho comigo tudo o que preciso. Recolhi muitas coisas
no caminho: uma panela velha, garfo e até este velho sapato —
respondeu João Bobo, sem vergonha alguma.
A princesa achou aquilo tudo muito engraçado.
— Diga-me qual é o seu nome, rapaz? — perguntou a prin-
cesa, divertindo-se.
— João Bobo, minha cara princesa.
— Gosto de você, João. Você sabe falar e é engraçado, tem
resposta pronta para qualquer pergunta. Eu gostaria muito de ter
você como meu esposo.
João não cabia em si de tanta felicidade.
— A proposta também me agrada, linda princesa — respon-
deu João Bobo, todo sorridente.
Joao_Bobo.indd 7 16/02/11 17:18
A princesa estava encantada. Sem dúvida alguma, aquele
era o seu escolhido.
E assim, no dia seguinte, João Bobo casou-se, tornando-se
um príncipe rico e poderoso. O bode ficou alojado na estrebaria
real e à pomba foi dada uma honrosa sepultura no jardim.
O pai e os irmãos de João Bobo se arrependeram e, enver-
gonhados, pediram desculpas.
João e a princesa viveram felizes por muitos e muitos
anos.
Joao_Bobo.indd 8 16/02/11 17:18

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Miolo joao bobo

  • 1. U m velho fazendeiro tinha três filhos: dois eram cul- tos e orgulhosos e o terceiro era simples e humilde. Ele passava horas caminhando pelos campos, brincando com os animais e colhendo frutas selvagens. Os irmãos mais velhos ridicularizavam o rapaz, chamando-o de João Bobo. João Bobo Joao_Bobo.indd 1 16/02/11 17:17
  • 2. Certo dia, chegou uma mensagem do rei, informando que sua filha, a princesa, escolheria o futuro esposo entre os jovens do reino. O pretendente deveria falar muito bem, demonstrar gran- de esperteza e bom humor. Os dois irmãos mais velhos viram logo que aquela era uma grande oportunidade para garantir o futuro. Por isso, começaram a estudar dia e noite. Em uma semana, o irmão mais velho havia memorizado todas as palavras do dicionário. O irmão do meio especializou-se nas leis do reino, que eram muitas, e todas elas, complicadas. No dia da apresentação, os dois irmãos vestiram as melho- res roupas e, antes de partirem para a longa viagem, o pai deu um cavalo de presente a cada um deles. Joao_Bobo.indd 2 16/02/11 17:17
  • 3. Eles estavam saindo quando João Bobo chegou. — Aonde vocês vão assim, tão bem-vestidos? — Ao palácio real. A princesa se casará com o jovem que me- lhor conversar, demonstrar maior inteligência e bom humor. — Verdade? Vou também! Não posso perder esta oportuni- dade. Vou me casar com a princesa! — disse João Bobo. Os irmãos caíram na gargalhada e partiram. João Bobo foi correndo pedir um cavalo ao pai. — Não terá cavalo algum! — respondeu-lhe, decidido, o pai. — Tenho certeza de que você não conseguirá se sair bem nessa competição. Pode desistir! Joao_Bobo.indd 3 16/02/11 17:17
  • 4. Mas João Bobo não ficou triste nem desistiu. Se não podia obter um cavalo, iria montado em um velho bode! E assim fez. Pouco depois, alcançou os irmãos que cavalga- vam vagarosamente, em silêncio, recordando o que estudaram e inventando frases românticas para conquistar a princesa. — Irmãos, estou aqui. Olhem o que achei na beira da estra- da — gritou João Bobo, mostrando a eles uma pomba morta. — E o que você vai fazer com esta pomba morta, João Bobo? — perguntou o irmão mais velho. — Darei de presente à filha do rei, é claro! — Ótima ideia. Faça isso! — responderam os dois, garga- lhando muito. E João seguiu para o palácio real recolhendo tudo o que en- contrava pela estrada. Joao_Bobo.indd 4 16/02/11 17:17
  • 5. A princesa olhava o jovem mudo e dizia: — Não, este não! Mandem-no embora. Quando chegou a vez do irmão mais velho, devido à emo- ção, ele esqueceu tudo e não conseguiu falar nada. — Não, este não! Mandem-no embora! — disse a princesa. Entrou o irmão do meio, mas ele também havia esquecido todo o assunto decorado. A princesa não gostou dele e disse: — Não, este não! Mandem-no embora! Os irmãos, cansados de ter sempre João Bobo atrás deles, apressaram os cavalos para chegar logo. Os moradores da cidade estavam todos em frente ao palácio real para apreciar a chegada dos candidatos. Um jovem de cada vez era conduzido à presença da princesa. Mas, quando chega- vam diante dela, ficavam admirados e não conseguiam falar. Joao_Bobo.indd 5 16/02/11 17:18
  • 6. Finalmente, chegou a vez de João Bobo. Ele não quis sepa- rar-se do bode e se apresentou à princesa montado em sua es- tranha cavalgadura. A princesa começou a rir. João olhou em volta e viu que havia três guichês com um es- crivão em cada um, anotando tudo que era falado. João fez uma careta e decidiu dizer qualquer coisa: — Nossa! Aqui está quente demais, minha donzela. — É isso mesmo. Meu pai está assando os pretendentes que não me agradaram — disse a princesa, rindo, num tom de brincadeira. — Que sorte! Assim assarei esta pomba que encontrei no caminho — exclamou João Bobo, mostrando a ave morta. — Mas como você vai fazer? Você tem uma assadeira ou panela? — perguntou a princesa, rindo. Joao_Bobo.indd 6 16/02/11 17:18
  • 7. — Tenho comigo tudo o que preciso. Recolhi muitas coisas no caminho: uma panela velha, garfo e até este velho sapato — respondeu João Bobo, sem vergonha alguma. A princesa achou aquilo tudo muito engraçado. — Diga-me qual é o seu nome, rapaz? — perguntou a prin- cesa, divertindo-se. — João Bobo, minha cara princesa. — Gosto de você, João. Você sabe falar e é engraçado, tem resposta pronta para qualquer pergunta. Eu gostaria muito de ter você como meu esposo. João não cabia em si de tanta felicidade. — A proposta também me agrada, linda princesa — respon- deu João Bobo, todo sorridente. Joao_Bobo.indd 7 16/02/11 17:18
  • 8. A princesa estava encantada. Sem dúvida alguma, aquele era o seu escolhido. E assim, no dia seguinte, João Bobo casou-se, tornando-se um príncipe rico e poderoso. O bode ficou alojado na estrebaria real e à pomba foi dada uma honrosa sepultura no jardim. O pai e os irmãos de João Bobo se arrependeram e, enver- gonhados, pediram desculpas. João e a princesa viveram felizes por muitos e muitos anos. Joao_Bobo.indd 8 16/02/11 17:18