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No I Centenário do poeta Emiliano da Costa «D.N.», 17-04-1986
1
No I Centenário de Emiliano da Costa
Converter em Casa-Museu a residência do Poeta
José Carlos Vilhena Mesquita
Comemora-se no presente ano o I Centenário do poeta tavirense Emiliano
da Costa, considerado como um dos líricos mais brilhantes da literatura
algarvia, criador de um estilismo colorido e expressivo, raramente atingido e
dificilmente imitado nos tempos que correm.
Augusto Emiliano da Costa, nasceu na
cidade do Gilão, Tavira, a 3-12-1884 e
depois de ter passado pelo Liceu de Beja
formou-se em Medicina pela
Universidade de Coimbra, em 1914.
Regressado a Faro, foi provido pela
Câmara no partido médico de Estoi, do
qual se reformaria em 1954, tendo aí
constituído família e permanecido até à
morte.
Era um homem de fina sensibilidade,
muito culto e dotado de um apurado
espírito de observação. Desenhava
lindamente, amava a música, apreciava a
natureza, e no remanso campestre
procurava o seu refúgio. Detestava os
compadrios políticos e as manifestações
beáticas de campanário, respeitava as
tradições e divertia-se a reinar com a
inocência do povo, sem nunca cair na
ridicularização ofensiva. Criou na gente
do campo uma cumplicidade fraterna,
que ainda hoje é lembrada.
A poesia de Emiliano da Costa,
florescentemente algarvia, traduz a
exuberância da cor, a magnificência da luz
e o fragor da vida. Num céu infinitamente azul, o sol fecundante derrama-se
sobre os campos do barrocal algarvio como um afago divino, enquanto lá em
baixo, no litoral, a mansidão do mar atrai as redes do pescador para uma
abundante colheita de prata cintilante. Porém, na boca do serro de Estoi, a vida
é mais feliz e agitada, porque o corridinho das moçoilas ecoa estridente e
crepitante em torno da roda-viva de um «baile mandado». É isto que ressuma
da poesia de Emiliano da Costa, uma vivificante simbiose de cor e de luz, de
trabalho e ruralidade, um quadro de folclore na sua mais forte e real expressão
etnográfica. Poucos serão os poetas que na nossa língua terão sabido cantar
com tamanho realismo a tristeza e a dor, a alegria e a jovialidade de um povo
que acima de tudo – e com que sacrifícios – aprendeu a amar a vida. Ora, é
precisamente este neonaturalismo poético, sem submeter subterfúgios políticos
– caraterística rara entre os nossos poetas – a faceta mais admirável da obra
de Emiliano da Costa.
Emiliano da Costa, gravura de Manuel Cabanas
No I Centenário do poeta Emiliano da Costa «D.N.», 17-04-1986
2
Venham ver! Venham ver!
Nestes caminhos chove oiro, chove azul: a terra abrolha!...
Para quem ouve, tantos borborinhos!
E que deslumbramento p’ra quem olha!
Azul, onde mergulham passarinhos,
tão azul! que o olhar se lustra e molha, o sol se banha,
e as nuvens abrem lindos panejamentos brancos de Sorolla.
Tudo inefável, húmido a escorrer…
Dá-se beijos no ar, beijos nos filhos, e os olhos estão líquidos de ver…
Senhor! da lama vil das estrumeiras, até os vermes feitos amentilhos,
vieram pendurar-se às aveleiras!
Não se pense, todavia, que a sua
poesia é apenas o reflexo duma visão
sentida da realidade, pois que também
se plasma nos etéreos domínios da
metafísica, em conceitos estético-
filosóficos que fazem mergulhar a
palavra nas profundezas do espírito.
Saudade – luar!
Luar – saudade – angústia,
Tu és a flor que ao peito me puseram,
Que vem de alto, de Além…
– A flor que muito custa
A quem a tem…
Os seus versos, verdadeiros hinos à Natureza, são por vezes de um
saudosismo inebriante. Espelham o tempo que passa e as recordações que no
coração se guardam, mas que no rosto as lágrimas revelam. É a arte num
poeta-total, apaixonado pelas coisas simples da vida e resignado ao eremitério
da sua aldeia. Se erros cometeu na vida, o principal foi esse… exilou-se numa
aldeia perdida do mundo, a escutar o murmúrio das fontes e o noivar dos
pássaros, a inalar o perfume das flores e dos frutos, a distinguir os nomes das
plantas e das árvores, que passaram a ser-lhe tão familiares que as cantou nos
seus poemas até ao mais ínfimo pormenor.
Emiliano da Costa isolou-se das tertúlias macrocefalistas que fabricam os
génios, e com isso criou anticorpos em relação às Academias que imortalizam
os criadores da beleza… e por isso morreu esquecido na estagnação
anestesiante do Reino do Sol.
A Obra Poética
O surgimento público da sua obra poética suponho que ocorreu pela
primeira vez em 7-1-1906, num órgão do Liceu de Faro intitulado «O
Académico», no qual publicou três composições datadas de Coimbra, já então
claramente impregnadas daquela sensibilidade estética que tão brilhantemente
caracterizava a sua poesia. Esses órgãos académicos, geralmente periódicos
O Dr. José Neves, professor do Liceu de Faro, e o poeta
Emiliano da Costa na estalagem de S. Brás de Alportel.
No I Centenário do poeta Emiliano da Costa «D.N.», 17-04-1986
3
de efémera existência que despontavam nos Liceus de todo o país, foram
verdadeiros alfobres de grandes talentos emergentes. Basta dizer que a
maioria dos nossos escritores do século XX passou por essas colunas, de
forma incólume, incógnita e quase despercebida. É por isso que a consulta,
hoje, desses jornais revela-se quase sempre fecunda e surpreendente.
No total, a sua obra
decompõe-se em catorze
volumes, dos quis
daremos apenas os
títulos e as datas de
edição:
Heliantos (1926),
Phlogistos (1931),
Rosairinha (1940),
Relâmpagos (1943), As
Saudades do Silêncio
(1947), Cromo-Sinfonias
(1948), Pampilhos (1949),
Concerto ao Ar Livre
(1950), Cânticos e Toadas
(1952), Apontamentos
(1954), Poesias
Escolhidas (1956), Asas (1957), Pinturescas (1959), Intimidade (1961).
Para além destas obras vieram posteriormente a público nos jornais
algarvios, com especial destaque para o «Correio do Sul», numerosas
composições, que, juntamente com outras dadas a lume em folhetos, folhas
soltas e cartões, especialmente concebidos para agradecer homenagens e
assinalar acontecimentos que lhes foram gratos ao espírito, mereciam ser
recolhidas num volume que dignamente perpetuasse este centenário.
Inclusivamente, tomamos a liberdade de sugerir à delegação do Ministério da
Cultura, à Universidade do Algarve, à Comissão Regional de Turismo e à
Comissão de Coordenação do Algarve, que em conjunto financiem a edição de
um opúsculo que contenha a biobibliografia de Emiliano da Costa, assim como
uma breve antologia poética, cuja distribuição se deveria fazer gratuitamente
pelas escolas e outras instituições ligadas ao ensino e à cultura. Deste modo
se levaria até às camadas mais jovens o conhecimento da sua obra e, por
consequência, da sua personalidade literária, injustamente esquecida entre os
seus comprovincianos.
Casa-Museu
Muito embora não esqueçamos as homenagens de que foi alvo, em 1956,
nas cidades de Tavira e de Faro, através do descerramento de uma lápide na
casa onde nasceu e da inauguração das ruas que têm o seu nome naquelas
localidades, da dramatização da sua peça «Rosairinha» - quanto a mim a obra-
prima do teatro algarvio –, das folhas soltas que lhe dedicaram Vítor Castela,
Sebastião Leiria, Alberto Marques da Silva e Mário Lyster Franco, dos estudos
que sobre a sua obra versaram Joaquim Magalhães, Hernâni de Lencastre,
José Neves Júnior, Elviro da Rocha Gomes e Clementino de Brito Pinto, temos
a obrigação de lembrar aos representantes do poder local a necessidade de se
No aniversário de Emiliano da Costa, em Dezembro de 1954, em Faro. À
esquerda vê-se o Dr. Arnaldo Vilhena, o poeta, o Dr. Joaquim Magalhães
e o Dr. José Neves no uso da palavra.
No I Centenário do poeta Emiliano da Costa «D.N.», 17-04-1986
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considerar a sua casa de Estoi como imóvel de interesse camarário e
concomitantemente de se inventariar o seu importante espólio artístico.
Nesse contexto
assume especial
interesse a
pinacoteca reunida
ao logo dos anos
pelo poeta, antigo
aluno de Belas-
Artes e muito dado
à criação artística.
Para além dos
retratos a lápis de
poetas algarvios e
das aguarelas
bucólicas, com que
Emiliano da Costa
preenchia as horas
de lazer, merecem
especial referência
os quadros a óleo assinados por Carlos Porfírio, Jaime Murteira, Falcão
Trigoso, Jorge Valadas, Max Tams, Celestino Alves, Gullander, G. Pimenta, A.
Santa Clara e Flávio Costa (irmão do poeta), desenhos de Lyster Franco,
Roberto Nobre, Américo Marinho, Raul Lino e Bernardo Marques, caricaturas
de Tosssan e José Dias Sancho, xilogravuras de Sérgio Madeira e Manuel
Cabanas, sem esquecer um interessante busto do escultor Sidónio de Almeida.
Todo este recheio artístico, juntamente com a casa, foi, ainda em vida legado
pelo poeta à sua governanta, D. Maria Edília Rosa Perna, que mantém
precisamente intacta aquela que foi, durante meio século, a residência de um
dos maiores vates da cultura algarvia.
A sua conversão em casa-museu seria justamente a melhor e mais digna
homenagem que se lhe poderia prestar neste centenário.
Augusto Emiliano da Costa, ao cabo de nove anos de paralisia, devido a um
acidente vascular cerebral, faleceu nesta casa no dia 1 de Janeiro de 1968.
Tinha 83 anos, estava viúvo e cansado de tanto sofrer, por isso aguardava com
serenidade o fim de toda uma vida devotada aos valores da arte.
José Carlos Vilhena Mesquita (in «D.N.», de 17-4-1986)
Os intelectuais de Faro: em baixo - Cândido Guerreiro, Emiliano da Costa, Arnaldo
Vilhena e Joaquim de Magalhães; em cima - José Pedro da Silva, Júlio Almeida
Carrapato, Manuel Pinto, Gaspar da Costa, Sousa Cachopa, Othman da Franca,
Brito da Mana, Jaime Pires e Marques da Silva.

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No I centenário do poeta Emiliano da Costa

  • 1. No I Centenário do poeta Emiliano da Costa «D.N.», 17-04-1986 1 No I Centenário de Emiliano da Costa Converter em Casa-Museu a residência do Poeta José Carlos Vilhena Mesquita Comemora-se no presente ano o I Centenário do poeta tavirense Emiliano da Costa, considerado como um dos líricos mais brilhantes da literatura algarvia, criador de um estilismo colorido e expressivo, raramente atingido e dificilmente imitado nos tempos que correm. Augusto Emiliano da Costa, nasceu na cidade do Gilão, Tavira, a 3-12-1884 e depois de ter passado pelo Liceu de Beja formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra, em 1914. Regressado a Faro, foi provido pela Câmara no partido médico de Estoi, do qual se reformaria em 1954, tendo aí constituído família e permanecido até à morte. Era um homem de fina sensibilidade, muito culto e dotado de um apurado espírito de observação. Desenhava lindamente, amava a música, apreciava a natureza, e no remanso campestre procurava o seu refúgio. Detestava os compadrios políticos e as manifestações beáticas de campanário, respeitava as tradições e divertia-se a reinar com a inocência do povo, sem nunca cair na ridicularização ofensiva. Criou na gente do campo uma cumplicidade fraterna, que ainda hoje é lembrada. A poesia de Emiliano da Costa, florescentemente algarvia, traduz a exuberância da cor, a magnificência da luz e o fragor da vida. Num céu infinitamente azul, o sol fecundante derrama-se sobre os campos do barrocal algarvio como um afago divino, enquanto lá em baixo, no litoral, a mansidão do mar atrai as redes do pescador para uma abundante colheita de prata cintilante. Porém, na boca do serro de Estoi, a vida é mais feliz e agitada, porque o corridinho das moçoilas ecoa estridente e crepitante em torno da roda-viva de um «baile mandado». É isto que ressuma da poesia de Emiliano da Costa, uma vivificante simbiose de cor e de luz, de trabalho e ruralidade, um quadro de folclore na sua mais forte e real expressão etnográfica. Poucos serão os poetas que na nossa língua terão sabido cantar com tamanho realismo a tristeza e a dor, a alegria e a jovialidade de um povo que acima de tudo – e com que sacrifícios – aprendeu a amar a vida. Ora, é precisamente este neonaturalismo poético, sem submeter subterfúgios políticos – caraterística rara entre os nossos poetas – a faceta mais admirável da obra de Emiliano da Costa. Emiliano da Costa, gravura de Manuel Cabanas
  • 2. No I Centenário do poeta Emiliano da Costa «D.N.», 17-04-1986 2 Venham ver! Venham ver! Nestes caminhos chove oiro, chove azul: a terra abrolha!... Para quem ouve, tantos borborinhos! E que deslumbramento p’ra quem olha! Azul, onde mergulham passarinhos, tão azul! que o olhar se lustra e molha, o sol se banha, e as nuvens abrem lindos panejamentos brancos de Sorolla. Tudo inefável, húmido a escorrer… Dá-se beijos no ar, beijos nos filhos, e os olhos estão líquidos de ver… Senhor! da lama vil das estrumeiras, até os vermes feitos amentilhos, vieram pendurar-se às aveleiras! Não se pense, todavia, que a sua poesia é apenas o reflexo duma visão sentida da realidade, pois que também se plasma nos etéreos domínios da metafísica, em conceitos estético- filosóficos que fazem mergulhar a palavra nas profundezas do espírito. Saudade – luar! Luar – saudade – angústia, Tu és a flor que ao peito me puseram, Que vem de alto, de Além… – A flor que muito custa A quem a tem… Os seus versos, verdadeiros hinos à Natureza, são por vezes de um saudosismo inebriante. Espelham o tempo que passa e as recordações que no coração se guardam, mas que no rosto as lágrimas revelam. É a arte num poeta-total, apaixonado pelas coisas simples da vida e resignado ao eremitério da sua aldeia. Se erros cometeu na vida, o principal foi esse… exilou-se numa aldeia perdida do mundo, a escutar o murmúrio das fontes e o noivar dos pássaros, a inalar o perfume das flores e dos frutos, a distinguir os nomes das plantas e das árvores, que passaram a ser-lhe tão familiares que as cantou nos seus poemas até ao mais ínfimo pormenor. Emiliano da Costa isolou-se das tertúlias macrocefalistas que fabricam os génios, e com isso criou anticorpos em relação às Academias que imortalizam os criadores da beleza… e por isso morreu esquecido na estagnação anestesiante do Reino do Sol. A Obra Poética O surgimento público da sua obra poética suponho que ocorreu pela primeira vez em 7-1-1906, num órgão do Liceu de Faro intitulado «O Académico», no qual publicou três composições datadas de Coimbra, já então claramente impregnadas daquela sensibilidade estética que tão brilhantemente caracterizava a sua poesia. Esses órgãos académicos, geralmente periódicos O Dr. José Neves, professor do Liceu de Faro, e o poeta Emiliano da Costa na estalagem de S. Brás de Alportel.
  • 3. No I Centenário do poeta Emiliano da Costa «D.N.», 17-04-1986 3 de efémera existência que despontavam nos Liceus de todo o país, foram verdadeiros alfobres de grandes talentos emergentes. Basta dizer que a maioria dos nossos escritores do século XX passou por essas colunas, de forma incólume, incógnita e quase despercebida. É por isso que a consulta, hoje, desses jornais revela-se quase sempre fecunda e surpreendente. No total, a sua obra decompõe-se em catorze volumes, dos quis daremos apenas os títulos e as datas de edição: Heliantos (1926), Phlogistos (1931), Rosairinha (1940), Relâmpagos (1943), As Saudades do Silêncio (1947), Cromo-Sinfonias (1948), Pampilhos (1949), Concerto ao Ar Livre (1950), Cânticos e Toadas (1952), Apontamentos (1954), Poesias Escolhidas (1956), Asas (1957), Pinturescas (1959), Intimidade (1961). Para além destas obras vieram posteriormente a público nos jornais algarvios, com especial destaque para o «Correio do Sul», numerosas composições, que, juntamente com outras dadas a lume em folhetos, folhas soltas e cartões, especialmente concebidos para agradecer homenagens e assinalar acontecimentos que lhes foram gratos ao espírito, mereciam ser recolhidas num volume que dignamente perpetuasse este centenário. Inclusivamente, tomamos a liberdade de sugerir à delegação do Ministério da Cultura, à Universidade do Algarve, à Comissão Regional de Turismo e à Comissão de Coordenação do Algarve, que em conjunto financiem a edição de um opúsculo que contenha a biobibliografia de Emiliano da Costa, assim como uma breve antologia poética, cuja distribuição se deveria fazer gratuitamente pelas escolas e outras instituições ligadas ao ensino e à cultura. Deste modo se levaria até às camadas mais jovens o conhecimento da sua obra e, por consequência, da sua personalidade literária, injustamente esquecida entre os seus comprovincianos. Casa-Museu Muito embora não esqueçamos as homenagens de que foi alvo, em 1956, nas cidades de Tavira e de Faro, através do descerramento de uma lápide na casa onde nasceu e da inauguração das ruas que têm o seu nome naquelas localidades, da dramatização da sua peça «Rosairinha» - quanto a mim a obra- prima do teatro algarvio –, das folhas soltas que lhe dedicaram Vítor Castela, Sebastião Leiria, Alberto Marques da Silva e Mário Lyster Franco, dos estudos que sobre a sua obra versaram Joaquim Magalhães, Hernâni de Lencastre, José Neves Júnior, Elviro da Rocha Gomes e Clementino de Brito Pinto, temos a obrigação de lembrar aos representantes do poder local a necessidade de se No aniversário de Emiliano da Costa, em Dezembro de 1954, em Faro. À esquerda vê-se o Dr. Arnaldo Vilhena, o poeta, o Dr. Joaquim Magalhães e o Dr. José Neves no uso da palavra.
  • 4. No I Centenário do poeta Emiliano da Costa «D.N.», 17-04-1986 4 considerar a sua casa de Estoi como imóvel de interesse camarário e concomitantemente de se inventariar o seu importante espólio artístico. Nesse contexto assume especial interesse a pinacoteca reunida ao logo dos anos pelo poeta, antigo aluno de Belas- Artes e muito dado à criação artística. Para além dos retratos a lápis de poetas algarvios e das aguarelas bucólicas, com que Emiliano da Costa preenchia as horas de lazer, merecem especial referência os quadros a óleo assinados por Carlos Porfírio, Jaime Murteira, Falcão Trigoso, Jorge Valadas, Max Tams, Celestino Alves, Gullander, G. Pimenta, A. Santa Clara e Flávio Costa (irmão do poeta), desenhos de Lyster Franco, Roberto Nobre, Américo Marinho, Raul Lino e Bernardo Marques, caricaturas de Tosssan e José Dias Sancho, xilogravuras de Sérgio Madeira e Manuel Cabanas, sem esquecer um interessante busto do escultor Sidónio de Almeida. Todo este recheio artístico, juntamente com a casa, foi, ainda em vida legado pelo poeta à sua governanta, D. Maria Edília Rosa Perna, que mantém precisamente intacta aquela que foi, durante meio século, a residência de um dos maiores vates da cultura algarvia. A sua conversão em casa-museu seria justamente a melhor e mais digna homenagem que se lhe poderia prestar neste centenário. Augusto Emiliano da Costa, ao cabo de nove anos de paralisia, devido a um acidente vascular cerebral, faleceu nesta casa no dia 1 de Janeiro de 1968. Tinha 83 anos, estava viúvo e cansado de tanto sofrer, por isso aguardava com serenidade o fim de toda uma vida devotada aos valores da arte. José Carlos Vilhena Mesquita (in «D.N.», de 17-4-1986) Os intelectuais de Faro: em baixo - Cândido Guerreiro, Emiliano da Costa, Arnaldo Vilhena e Joaquim de Magalhães; em cima - José Pedro da Silva, Júlio Almeida Carrapato, Manuel Pinto, Gaspar da Costa, Sousa Cachopa, Othman da Franca, Brito da Mana, Jaime Pires e Marques da Silva.