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Formação de Professores de Química: Concepções e Proposições




                       Ricardo Gauche, Roberto Ribeiro da Silva, Joice de Aguiar Baptista, Wildson Luiz Pereira dos
                                  Santos, Gerson de Souza Mól e Patrícia Fernandes Lootens Machado

                        O presente trabalho apresenta uma experiência da Universidade de Brasília (UnB), no que tange às suas con-
                    tribuições para o avanço do ensino de química e da formação de professores de química. Para tanto, contém a
                    síntese da história, dos pressupostos do respectivo projeto pedagógico e das ações desenvolvidas no âmbito do
                    curso de Licenciatura em Química da UnB. Trata-se de contribuição na perspectiva de ampliar a explicitação, so-
                    cialização e análise de suas características, bem como de resultados na prática do ensino escolar de Química.

                                        formação de professores, ensino de química, Licenciatura em Química


                                                         Recebido em 29/10/2007; aceito em 30/10/2007

26



     N
             a Universidade de Brasília             buscava estabelecer a sua identi-                       No contexto do projeto pedagó-
             (UnB), desde 1993, têm sido            dade como curso de licenciatura,                    gico proposto para a licenciatura em
             feitas várias mudanças curri-          desde a concepção das disciplinas                   Química na UnB, o primeiro princípio
     culares, visando à constituição de um          de conteúdo de Química até as                       curricular referia-se ao direcionamen-
     currículo de licenciatura que garanta          disciplinas específicas de forma-                   to das disciplinas para a formação
     a identidade do curso de formação              ção pedagógica. O curso tem sido                    profissional docente (FPD) – fazer
     de professores, de forma a integrar a          “reconstruído” em sucessivas refor-                 com que todas as disciplinas do
     formação teórico-prática com a espe-           mas curriculares, sempre buscando                   currículo estivessem comprometi-
     cificidade do trabalho docente e com           manter e ratificar essa identidade,                 das com a formação do professor.
     a realidade do sistema educacional             superando dilemas tradicionais que                  Isso se constituiu em tarefa árdua,
     brasileiro. Nesse sentido, apresen-            se impõem às licenciaturas de modo                  considerando que a maioria dos pro-
     tam-se neste artigo as concepções              geral (Pereira, 2000) e “desatando                  fessores universitários tem formação
     de nossas proposições curriculares,            os nós” da formação docente (Neto                   distanciada de questões emergentes
     integrantes que somos da Divisão               e Maciel, 2002).                                    do processo educacional. Nesse
     de Ensino do Instituto de Química da                                                               sentido, o trabalho de acompanha-
                                                           [...] a discussão sobre a
     UnB – Brasil.                                                                                      mento do curso, ao longo dos catorze
                                                        formação de professores nas
                                                                                                        anos de mudanças curriculares, tem
     Concepções Curriculares da Formação                universidades, suscitada pelas
                                                                                                        tido momentos de maior ou menor
     de Professores                                     alterações na estrutura jurídico-
                                                                                                        aproximação com os professores
                                                        legal da educação brasileira
         No Brasil, tradicionalmente, os                                                                que ministram as disciplinas ditas de
                                                        e, por conseguinte, pelas mu-
     currículos de licenciatura foram                                                                   conteúdo de Química na tentativa de
                                                        danças na escola básica e no
     concebidos como meros apêndices                                                                    sensibilizá-los para a formação dos
                                                        ensino superior, deve caminhar
     aos currículos de bacharelado (Can-                                                                professores.
                                                        na direção da formulação de
     dau, 1987), nos quais as disciplinas                                                                   Consideramos, no entanto, que
                                                        um projeto político-pedagógico
     psicopedagógicas apresentam-se                                                                     a FPD precisou ser assumida em
                                                        para as licenciaturas que con-
     como complementação final, desar-                                                                  um espaço curricular específico que
                                                        siga efetivamente romper com
     ticuladas com as disciplinas ditas                                                                 buscasse a convergência articulada
                                                        o modelo que continua subja-
     de conteúdo específico. Buscando                                                                   dos saberes das vertentes psico-
                                                        cente aos cursos de formação
     romper com essa tradição, em 1993,                                                                 lógica, educacional e de ensino de
                                                        docente no país. (Pereira,
     foi implantado na Universidade de                                                                  Química. Para tanto, buscou-se uma
                                                        2000, p. 76)
     Brasília um curso de licenciatura que                                                              distribuição dessas disciplinas de

     QUÍMICA NOVA NA ESCOLA                Formação de professores de química: concepções e proposições                      N° 27, FEVEREIRO 2008
forma integrada e estabeleceu-se na               O terceiro princípio curricular              situações problemáticas vivenciadas
universidade uma instância de diálo-          refere-se à prática docente. Inserida            pelos professores, em seu dia-a-
go entre professores representantes           na primeira disciplina de DEQ, a                 dia, na escola. Isso pressupõe uma
dos institutos responsáveis por elas.         prática docente consolida-se nas                 relação orgânica ensino-pesquisa-
Esse trabalho resultou na apresenta-          disciplinas de Estágio em Ensino de              extensão, permeada pela articulação
ção de diferentes propostas curricu-          Química, assim como na reflexão                  entre as formações inicial e continua-
lares assumidas institucionalmente,           teórico-metodológica que buscamos                da para o ensino de Química. Nessa
as quais nem sempre puderam ser               estabelecer na orientação do Traba-              ótica, as pesquisas e as ações de
implantadas, mas que avançaram no             lho de Conclusão de Curso (TCC),                 extensão universitária dos docentes
sentido de flexibilizar a formação do         que trataremos mais adiante.                     do curso que atuam nas disciplinas
licenciando, em oposição ao modelo                O último princípio curricular está           de DEQ transformam-se em objeto
anterior que estava                                              no estabelecimento            de discussões no contexto dessas
engessado em um                                                  de estratégias de             disciplinas.
conjunto rígido de             As disciplinas de Ensino          permanente recons-
disciplinas desarticu-                                           trução curricular.
                                                                                               Experimentação – uma exigência da
                              de Química inseridas no
ladas.                       currículo têm um papel de           Desde a implanta-             relação teoria/prática
    Como segundo              síntese integradora entre          ção do curso de Li-               No curso de Licenciatura em Quí-
princípio curricular,         conteúdos de Química e             cenciatura, quatro            mica da UnB, a experimentação no
buscou-se atender              conhecimentos teórico-            projetos curriculares         ensino fundamenta-se em três eixos
à especificidade do            metodológicos em uma              já foram delineados           orientadores: não-dissociação entre
curso, por meio da           perspectiva multidisciplinar        e implantados. Es-            o ensinar e o aprender; papel da ex-
oferta de um conjun-                                             paços curriculares            perimentação no ensino de Química
to de disciplinas que                                            para discussão do             e Ciências; e experimentação como
se caracterizam como Didática de              currículo foram adotados em dife-                um instrumento de avaliação dos as-
Ensino de Química (DEQ). Enquanto             rentes momentos, incluindo reuniões              pectos sociais, ambientais, políticos
os currículos anteriores tinham como          semanais para discussão pedagó-                  e éticos do “fazer” químico.             27
centro da formação metodológica a             gica das disciplinas, seminários en-                 Não-dissociação entre o ensinar
disciplina de Didática Geral, nas refor-      volvendo temas educacionais, além                e o aprender – a dissociação está
mas curriculares, consolidamos disci-         da constituição de comissões para                presente tanto no discurso cotidiano
plinas vinculadas à área de Pesquisa          avaliar e discutir o currículo. Partindo,        como em teorias psicológicas sobre
em Ensino de Química. Essa área,              portanto, da consideração de que                 a aprendizagem e sobre o desen-
inicialmente com um caráter prático           o conhecimento e a aprendizagem                  volvimento psicológico. Segundo
ou instrumental de disciplinas da área        se configuram como processos em                  essa visão, o professor não participa
de Ciências Humanas e das Ciências            construção, o último modelo curricu-             diretamente do processo de aprendi-
Sociais Aplicadas, pouco a pouco foi          lar desenvolvido culminou com uma                zagem do aluno. Essa dissociação,
se consolidando com uma identidade            proposta de conjunto de disciplinas              em última instância, liga-se ao modo
própria, desenvolvendo investigações          distribuídas em eixos curriculares               como se concebe a relação entre
“sobre processos que melhor dêem              flexíveis, que possibilitam uma cons-            aprendizagem e desenvolvimento.
conta de necessárias reelaborações            tante atualização.                               Para a visão histórico-cultural, a
conceituais ou transposições didáticas                                                         aprendizagem precede o desenvol-
para o ensino daquele conhecimento            A formação de professores na perspec-            vimento (Vigotski, 2000). O ensinar
em contextos escolares determina-             tiva da pesquisa e da reflexão                   e o aprender seriam dois proces-
dos” (Schnetzler, 2002, p. 15).                                                                sos indissociáveis, formando uma
                                                    É preciso pensar a formação
    Entendemos que o surgimento                                                                unidade delimitadora do campo de
                                                  docente (inicial e continuada)
da Didática de Ensino de Ciências                                                              constituição do indivíduo na cultura,
                                                  como momentos de um pro-
(Cachapuz et al., 2005), diretamente                                                           o que implica a participação direta do
                                                  cesso contínuo de construção
vinculado à área de Pesquisa em En-                                                            professor na constituição de proces-
                                                  de uma prática docente qualifi-
sino de Ciências, desempenha papel                                                             sos psíquicos do aluno.
                                                  cada e de afirmação da identi-
central na formação do licenciado                                                                  Um segundo eixo norteador é o
                                                  dade, da profissionalidade e da
em uma perspectiva teórico-prática                                                             papel da experimentação no ensino
                                                  profissionalização do professor.
(Gil-Pérez e Carvalho, 1993; Astolfi                                                           de Química e Ciências. Procura-se
                                                  (Brasil, 2005)
e Develay, 1990). Nesse sentido, as                                                            evitar que esse ensino tenha objeti-
disciplinas de Ensino de Química in-              Na perspectiva do segundo e do               vos típicos do Ensino Superior, tais
seridas no currículo têm um papel de          terceiro princípios já citados, consi-           como: ensinar técnicas específicas
síntese integradora entre conteúdos           deramos que as disciplinas de DEQ                da atividade do químico (destila-
de Química e conhecimentos teórico-           são também um espaço para abordar                ção, titulação, pipetagem, filtração
metodológicos em uma perspectiva              questões relacionadas à pesquisa e               etc.); dar nomes a equipamentos e
multidisciplinar.                             à reflexão em torno de problemas ou              vidrarias; ensinar o método científi-

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA                Formação de professores de química: concepções e proposições              N° 27, FEVEREIRO 2008
co; demonstrar como, na prática, a            professores de Química em sala de               que, com a expansão do Ensino
     teoria funciona etc. Assim, procura-se        aula para conhecer os alunos e o                Médio, os estagiários e professo-
     enfatizar a relação teoria-prática, bus-      ofício do profissional do ensinar.              res devem estar preparados para
     cando-se nas aulas                                                  Os estágios são           regência em locais e comunidades
     articulações dinâmi-                Os estágios são             interpretados como            de cultura e valores que devem ser
     cas, permanentes e               interpretados como             momentos de apren-            apreendidos, de forma a estabelecer
     inclusivas entre três               momentos de                 dizagem e os estagi-          e manter a relação necessária à prá-
     dimensões ou níveis               aprendizagem e os             ários utilizam ques-          tica educativa.
     de conhecimento,                  estagiários utilizam          tionários, quantita-              À diversidade de situações de
     nunca dissociados           questionários, quantitativos        tivos e qualitativos,         vivência e aprendizagem propor-
     entre si: a) o fenome-      e qualitativos, para delinear       para delinear o perfil        cionada no estágio, somam-se as
     nológico ou empírico;         o perfil dos alunos, além         dos alunos, além de           dificuldades observadas na prática
     b) o teórico ou de           de entrevistas estruturadas        entrevistas estrutura-        de professores de Química do En-
     “modelos”; e c) o            para conhecer o professor          das para conhecer o           sino Médio. Marcada pela ausência
     representacional ou                                             professor. Os esta-           de registros de suas atividades de
     da linguagem.                                 giários observam aulas para avaliar             ensino e das observações sobre a
         O terceiro eixo usa a experi-             a relação ensino-aprendizagem;                  aprendizagem dos alunos, aquela
     mentação como um instrumento de               executam regência de unidades de                prática não contempla a desejada
     avaliação dos aspectos sociais, am-           ensino, a partir de um planejamento             reflexão docente. Na tentativa de
     bientais, políticos e éticos do “fazer”       por eles concebido e discutido com              contribuir para a criação de hábito
     químico. Procura-se mostrar ao aluno          os colegas de estágio e com o pro-              do registro do próprio percurso,
     que os objetivos estabelecidos em             fessor da disciplina, de forma que,             introduzimos o uso de porta-fólio
     um trabalho experimental vão além             ao final, a proposta aplicada tenha             na disciplina Estágio em Ensino de
     da elaboração de um determinado               recebido a contribuição de outras               Química.
     produto. Faz-se necessário observar           pessoas, enriquecida por diversos                   Porta-fólio é um tipo de registro
28   que resíduos também foram resul-              olhares, respeitadas as especificida-           escrito, que contém toda a história
     tantes do percurso metodológico               des de cada clientela.                          vivenciada, pelo licenciando, na es-
     adotado e quais são as implicações                 Durante a regência, cada aula              cola em que realizou o estágio. Esse
     destes para o profissional e para a           finalizada é avaliada em relação ao             registro comporta dados sobre: o
     sociedade. Com isso, inserem-se               concebido e ao vivenciado, como                 contexto escolar, observações de sala
     dentro dos objetivos propostos para           forma de identificar as diversas vari-          de aula e regência de classe (Villas
     cada experimento a elaboração e a             áveis que interferem no trabalho em             Boas, 2001).
     execução de soluções para minimi-             sala de aula.                                       Para a maioria dos licenciandos,
     zar ou extinguir os resíduos gerados               No processo de discussão dos               os registros necessários para a cons-
     durante a aula ou ainda tratá-los,            planos de ensino, de conteúdo pro-              trução do porta-fólio determinam a
     visando à reutilização ou à diminuição        gramático determinado pelo profes-              eficiência na exploração da escola
     do impacto socioambiental por este            sor de Química da escola, o estágio             como um todo, na compreensão do
     causado.                                      tem propiciado uma reflexão sobre o             ato de ensinar e aprender e na or-
                                                   que ensinar a partir da observação              ganização do trabalho pedagógico.
     Estágio – uma experiência                     de para quem ensinar, como ensinar              Para os professores de Estágio, o
         A relação de indissociabilidade           e por que ensinar.                              porta-fólio proporciona acompanha-
     teoria-prática ocorre de forma mais                Para ampliar a visão dos estagi-           mento da experiência individual dos
     intensa nos períodos de Estágio em            ários nas aulas presenciais na UnB,             discentes, bem como a avaliação
     Ensino de Química. Os licenciandos            algumas teorias de ensino, de pres-             dos objetivos da disciplina, ambos
     são orientados a observar e coletar           supostos comportamentalista, huma-              de forma contínua e não-fragmentada
     dados sobre os diversos espaços da            nista e cognitivista, são estudadas.            (Mól et al., 2004).
     escola, bem como dos responsáveis             Nesse sentido, têm-se privilegiado                  No sentido de promover maior
     por cargos e espaços, de maneira a            teóricos como Bruner, Rogers, Au-               integração entre professores de Es-
     caracterizar a escola desde sua fun-          subel e Novak (Moreira, 1999), cujos            tágio da UnB e os professores das
     dação, seus objetivos, sua situação           princípios são analisados à luz de ex-          escolas que supervisionam o estágio,
     atual e suas perspectivas futuras.            periências vivenciadas pelos alunos.            no que tange os objetivos do estágio,
         No contexto escolar, os estagiá-          Destacamos, também, na segunda                  iniciamos em 2005, semestralmente,
     rios observam os diferentes papéis            disciplina de estágio, o estudo dos             encontros quinzenais. Nesses encon-
     desempenhados por professores                 saberes necessários à prática docen-            tros, são discutidos os pressupostos
     em exercício, procurando identificar          te pela leitura e discussão de Paulo            teórico-metodológicos que norteiam
     possibilidades de funções relevantes          Freire (1996).                                  as atividades de estágio bem como
     no sistema escolar. Além das obser-                Salientamos como relevante es-             os diversos aspectos da profissão
     vações na escola, acompanham os               tudar as obras de Paulo Freire, posto           docente.

     QUÍMICA NOVA NA ESCOLA               Formação de professores de química: concepções e proposições              N° 27, FEVEREIRO 2008
Monografia de Graduação – uma                                         nante, apendicular ao bacharelado.                                     vivenciada na atividade docente
experiência                                                           Entendemos que o que foi aqui                                          dos que já atuam no ensino de
    Entendemos que a formação do                                      apresentado abre perspectivas con-                                     Química, problematizando-a e fun-
professor de Química deve incorpo-                                    cretas de superação de muitos dos                                      damentando ações e estratégias de
rar o desenvolvimento de habilidades                                  problemas vivenciados nas demais                                       intervenção pedagógica, permite-
para a realização de reflexões sobre                                  universidades do país. No entanto,                                     nos esperar sempre uma melhor
a prática pedagógica. Marques                                         temos consciência de limitações                                        formação do professor de Química.
(2003) aponta para a importância do                                   que impedem que outros sejam                                           Esse tem sido o móvel do empenho
escrever como princípio da pesqui-                                    resolvidos, embora entendamos                                          de todos nós, no âmbito do Institu-
sa, ressaltando a necessária atenção                                  ser o esforço de articular ensino-                                     to de Química da Universidade de
para sua utilização nos cursos de                                     pesquisa-extensão, na consolida-                                       Brasília.
graduação, antes de reduzi-la ba-                                     ção de espaço de reflexão crítica
                                                                                                                                             Ricardo Gauche (gauche@unb.br), Roberto Ribeiro
sicamente à pós-graduação. Nessa                                      e comprometida com a qualidade                                         da Silva (bobsilva@unb.br), Joice de Aguiar Baptista
perspectiva, a apresentação formal                                    do ensino, um passo fundamental                                        (joice@unb.br), Wildson Luiz Pereira dos Santos (wild-
de uma monografia de graduação                                        nesse sentido.                                                         son@unb.br), Gerson de Souza Mól (gmol@unb.br)
                                                                                                                                             e Patrícia Fernandes Lootens Machado (plootens@
em ensino de Química tem sido exi-                                       A proximidade do futuro pro-                                        unb.br) são professores do Instituto de Química da
gida dos alunos para a conclusão                                      fessor com a realidade cotidiana                                       Universidade de Brasília.
do curso. O tema da monografia,
precedida pela elaboração de um                                         Referências                                                          Anual da Sociedade Brasileira de
projeto, deve se enquadrar em                                                                                                                Química. Salvador. Livro de Resumos.
                                                                           ASTOLFI, J.-P DEVELAY, M. A didática
                                                                                        .;
uma das três linhas discriminadas                                       das ciências. Campinas: Papirus,                                     São Paulo: SBQ, 2004.
a seguir: Reflexões/Análises; Inves-                                    1990.                                                                   MOREIRA, M.A. Teorias de aprendiza-
tigação em Ensino-Aprendizagem;                                            BRASIL. MEC/SEB/DEP/COPFOR.                                       gem. São Paulo: Editora Pedagógica
Propostas de Ensino-Aprendizagem                                        Rede Nacional de Formação Continuada                                 Universitária, 1999.
em Química.                                                             de Professores de Educação Básica:                                      NETO, A. S.; MACIEL, L. S. B. (Orgs.).
    A análise do conteúdo das mo-                                       orientações gerais. 2005. Disponível em                              Desatando os nós da formação docente.                            29
nografias, apresentadas ao longo de                                     <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/                              Porto Alegre: Mediação, 2002.
10 anos (Silva et al., 2002), permite                                   pdf/livrodarede.pdf> (Acesso em: 2                                      PEREIRA, J.E.D. Formação de pro-
afirmar que elas apresentam carac-                                      julho 2006)                                                          fessores: pesquisa, representações e
                                                                           CACHAPUZ, A. e col. A emergên-                                    poder. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
terísticas importantes. Entre elas,
                                                                        cia da didáctica das ciências como
destacam-se: grande variedade de                                                                                                                SCHNETZLER, R.P. Pesquisa em
                                                                        campo específico de conhecimentos.
temas químicos; presença de con-                                                                                                             ensino de química no Brasil: conquistas
                                                                        In: CACHAPUZ, A. e col. (Orgs.). A
textos interdisciplinares; valorização                                                                                                       e perspectivas”. Química Nova, v. 25, n.
                                                                        necessária renovação do ensino das
do enfoque experimental e histórico;                                    ciências. São Paulo. Cortez, 2005. p.                                1, p. 14-24, 2002.
e diversidade de estratégias de ensi-                                   187-232.                                                                SILVA, R.R. e col. Projeto final dos alu-
no. Tais características indicam que                                       CANDAU, V.M.F. (Coord.). Novos                                    nos do curso de Licenciatura em Quími-
a inclusão da monografia obrigatória                                    rumos da licenciatura. Brasília: INEP;                               ca da Universidade de Brasília: análise
no currículo do curso de Licenciatura                                   Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade                              e avaliação preliminares dos resultados
em Química tem propiciado a forma-                                      Católica, 1987.                                                      obtidos no período 1996-2001. In: 25ª
ção de professores com um perfil                                           FREIRE, P Pedagogia da autonomia:
                                                                                     .                                                       Reunião Anual da Sociedade Brasileira
                                                                        saberes necessários à prática educativa.                             de Química. Poços de Caldas. Livro de
diferenciado.
                                                                        16 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.                                 Resumos. São Paulo: SBQ, 2002.
Considerações finais                                                       GIL-PÉREZ, D.; CARVALHO, A.M.P          .                            VIGOTSKI, L.S. A construção do pen-
                                                                        Formação de professores de ciências:                                 samento e da linguagem. São Paulo:
   Como apontado por Pereira                                            tendências e inovações. São Paulo:
(2000), a formação de professores                                                                                                            Martins Fontes, 2000.
                                                                        Cortez, 1993.
nas licenciaturas de modo geral                                                                                                                 VILLAS BOAS, B.M.F. Avaliação for-
                                                                           MARQUES, M.O. Escrever é Preciso:
                                                                                                                                             mativa: em busca do desenvolvimento
apresenta “velhos problemas”,                                           o princípio da pesquisa. 4 ed. Ijuí: Unijuí,
                                                                        2003.                                                                do aluno, do professor e da escola.
porém, sempre “novas questões”,
                                                                           MÓL, G.S. e col. O uso de porta-fólio                             In: VEIGA, I.P e FONSECA, M. (Orgs.).
                                                                                                                                                           .
desafios a serem superados. Cer-
                                                                        como estratégia de ensino e avaliação                                As dimensões do projeto político-ped-
tamente, muitos dos dilemas da
                                                                        na disciplina Estágio Supervisionado                                 agógico: novos desafios para a escola.
formação de professores de Química
                                                                        em Ensino de Química. In: 27ª Reunião                                Campinas: Papirus, 2001. p. 175-212.
decorrem do modelo curricular domi-

 Abstract: Teacher’s training in Chemistry: conceptions and propositions. This paper presents an experience in Universidade de Brasília (UnB) concerning its contributions to the progress of
 Chemistry teaching and teacher’s training activities in this discipline. In order to do that, the paper contains a summary of its history, of the budget for the pedagogical project and of the actions
 taken in the Chemistry undergraduate studies in UnB. This is a contribution from the perspective of extending the specification, socialization and analysis if the characteristics and practice of scholar
 Chemistry teaching.

 Keywords: teacher’s training, chemistry teaching, Chemistry teacher’s undergraduate


QUÍMICA NOVA NA ESCOLA                                    Formação de professores de química: concepções e proposições                                                     N° 27, FEVEREIRO 2008

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Artigo a didática na formação pedagógica de professores
 

Formação de professores de química

  • 1. Formação de Professores de Química: Concepções e Proposições Ricardo Gauche, Roberto Ribeiro da Silva, Joice de Aguiar Baptista, Wildson Luiz Pereira dos Santos, Gerson de Souza Mól e Patrícia Fernandes Lootens Machado O presente trabalho apresenta uma experiência da Universidade de Brasília (UnB), no que tange às suas con- tribuições para o avanço do ensino de química e da formação de professores de química. Para tanto, contém a síntese da história, dos pressupostos do respectivo projeto pedagógico e das ações desenvolvidas no âmbito do curso de Licenciatura em Química da UnB. Trata-se de contribuição na perspectiva de ampliar a explicitação, so- cialização e análise de suas características, bem como de resultados na prática do ensino escolar de Química. formação de professores, ensino de química, Licenciatura em Química Recebido em 29/10/2007; aceito em 30/10/2007 26 N a Universidade de Brasília buscava estabelecer a sua identi- No contexto do projeto pedagó- (UnB), desde 1993, têm sido dade como curso de licenciatura, gico proposto para a licenciatura em feitas várias mudanças curri- desde a concepção das disciplinas Química na UnB, o primeiro princípio culares, visando à constituição de um de conteúdo de Química até as curricular referia-se ao direcionamen- currículo de licenciatura que garanta disciplinas específicas de forma- to das disciplinas para a formação a identidade do curso de formação ção pedagógica. O curso tem sido profissional docente (FPD) – fazer de professores, de forma a integrar a “reconstruído” em sucessivas refor- com que todas as disciplinas do formação teórico-prática com a espe- mas curriculares, sempre buscando currículo estivessem comprometi- cificidade do trabalho docente e com manter e ratificar essa identidade, das com a formação do professor. a realidade do sistema educacional superando dilemas tradicionais que Isso se constituiu em tarefa árdua, brasileiro. Nesse sentido, apresen- se impõem às licenciaturas de modo considerando que a maioria dos pro- tam-se neste artigo as concepções geral (Pereira, 2000) e “desatando fessores universitários tem formação de nossas proposições curriculares, os nós” da formação docente (Neto distanciada de questões emergentes integrantes que somos da Divisão e Maciel, 2002). do processo educacional. Nesse de Ensino do Instituto de Química da sentido, o trabalho de acompanha- [...] a discussão sobre a UnB – Brasil. mento do curso, ao longo dos catorze formação de professores nas anos de mudanças curriculares, tem Concepções Curriculares da Formação universidades, suscitada pelas tido momentos de maior ou menor de Professores alterações na estrutura jurídico- aproximação com os professores legal da educação brasileira No Brasil, tradicionalmente, os que ministram as disciplinas ditas de e, por conseguinte, pelas mu- currículos de licenciatura foram conteúdo de Química na tentativa de danças na escola básica e no concebidos como meros apêndices sensibilizá-los para a formação dos ensino superior, deve caminhar aos currículos de bacharelado (Can- professores. na direção da formulação de dau, 1987), nos quais as disciplinas Consideramos, no entanto, que um projeto político-pedagógico psicopedagógicas apresentam-se a FPD precisou ser assumida em para as licenciaturas que con- como complementação final, desar- um espaço curricular específico que siga efetivamente romper com ticuladas com as disciplinas ditas buscasse a convergência articulada o modelo que continua subja- de conteúdo específico. Buscando dos saberes das vertentes psico- cente aos cursos de formação romper com essa tradição, em 1993, lógica, educacional e de ensino de docente no país. (Pereira, foi implantado na Universidade de Química. Para tanto, buscou-se uma 2000, p. 76) Brasília um curso de licenciatura que distribuição dessas disciplinas de QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Formação de professores de química: concepções e proposições N° 27, FEVEREIRO 2008
  • 2. forma integrada e estabeleceu-se na O terceiro princípio curricular situações problemáticas vivenciadas universidade uma instância de diálo- refere-se à prática docente. Inserida pelos professores, em seu dia-a- go entre professores representantes na primeira disciplina de DEQ, a dia, na escola. Isso pressupõe uma dos institutos responsáveis por elas. prática docente consolida-se nas relação orgânica ensino-pesquisa- Esse trabalho resultou na apresenta- disciplinas de Estágio em Ensino de extensão, permeada pela articulação ção de diferentes propostas curricu- Química, assim como na reflexão entre as formações inicial e continua- lares assumidas institucionalmente, teórico-metodológica que buscamos da para o ensino de Química. Nessa as quais nem sempre puderam ser estabelecer na orientação do Traba- ótica, as pesquisas e as ações de implantadas, mas que avançaram no lho de Conclusão de Curso (TCC), extensão universitária dos docentes sentido de flexibilizar a formação do que trataremos mais adiante. do curso que atuam nas disciplinas licenciando, em oposição ao modelo O último princípio curricular está de DEQ transformam-se em objeto anterior que estava no estabelecimento de discussões no contexto dessas engessado em um de estratégias de disciplinas. conjunto rígido de As disciplinas de Ensino permanente recons- disciplinas desarticu- trução curricular. Experimentação – uma exigência da de Química inseridas no ladas. currículo têm um papel de Desde a implanta- relação teoria/prática Como segundo síntese integradora entre ção do curso de Li- No curso de Licenciatura em Quí- princípio curricular, conteúdos de Química e cenciatura, quatro mica da UnB, a experimentação no buscou-se atender conhecimentos teórico- projetos curriculares ensino fundamenta-se em três eixos à especificidade do metodológicos em uma já foram delineados orientadores: não-dissociação entre curso, por meio da perspectiva multidisciplinar e implantados. Es- o ensinar e o aprender; papel da ex- oferta de um conjun- paços curriculares perimentação no ensino de Química to de disciplinas que para discussão do e Ciências; e experimentação como se caracterizam como Didática de currículo foram adotados em dife- um instrumento de avaliação dos as- Ensino de Química (DEQ). Enquanto rentes momentos, incluindo reuniões pectos sociais, ambientais, políticos os currículos anteriores tinham como semanais para discussão pedagó- e éticos do “fazer” químico. 27 centro da formação metodológica a gica das disciplinas, seminários en- Não-dissociação entre o ensinar disciplina de Didática Geral, nas refor- volvendo temas educacionais, além e o aprender – a dissociação está mas curriculares, consolidamos disci- da constituição de comissões para presente tanto no discurso cotidiano plinas vinculadas à área de Pesquisa avaliar e discutir o currículo. Partindo, como em teorias psicológicas sobre em Ensino de Química. Essa área, portanto, da consideração de que a aprendizagem e sobre o desen- inicialmente com um caráter prático o conhecimento e a aprendizagem volvimento psicológico. Segundo ou instrumental de disciplinas da área se configuram como processos em essa visão, o professor não participa de Ciências Humanas e das Ciências construção, o último modelo curricu- diretamente do processo de aprendi- Sociais Aplicadas, pouco a pouco foi lar desenvolvido culminou com uma zagem do aluno. Essa dissociação, se consolidando com uma identidade proposta de conjunto de disciplinas em última instância, liga-se ao modo própria, desenvolvendo investigações distribuídas em eixos curriculares como se concebe a relação entre “sobre processos que melhor dêem flexíveis, que possibilitam uma cons- aprendizagem e desenvolvimento. conta de necessárias reelaborações tante atualização. Para a visão histórico-cultural, a conceituais ou transposições didáticas aprendizagem precede o desenvol- para o ensino daquele conhecimento A formação de professores na perspec- vimento (Vigotski, 2000). O ensinar em contextos escolares determina- tiva da pesquisa e da reflexão e o aprender seriam dois proces- dos” (Schnetzler, 2002, p. 15). sos indissociáveis, formando uma É preciso pensar a formação Entendemos que o surgimento unidade delimitadora do campo de docente (inicial e continuada) da Didática de Ensino de Ciências constituição do indivíduo na cultura, como momentos de um pro- (Cachapuz et al., 2005), diretamente o que implica a participação direta do cesso contínuo de construção vinculado à área de Pesquisa em En- professor na constituição de proces- de uma prática docente qualifi- sino de Ciências, desempenha papel sos psíquicos do aluno. cada e de afirmação da identi- central na formação do licenciado Um segundo eixo norteador é o dade, da profissionalidade e da em uma perspectiva teórico-prática papel da experimentação no ensino profissionalização do professor. (Gil-Pérez e Carvalho, 1993; Astolfi de Química e Ciências. Procura-se (Brasil, 2005) e Develay, 1990). Nesse sentido, as evitar que esse ensino tenha objeti- disciplinas de Ensino de Química in- Na perspectiva do segundo e do vos típicos do Ensino Superior, tais seridas no currículo têm um papel de terceiro princípios já citados, consi- como: ensinar técnicas específicas síntese integradora entre conteúdos deramos que as disciplinas de DEQ da atividade do químico (destila- de Química e conhecimentos teórico- são também um espaço para abordar ção, titulação, pipetagem, filtração metodológicos em uma perspectiva questões relacionadas à pesquisa e etc.); dar nomes a equipamentos e multidisciplinar. à reflexão em torno de problemas ou vidrarias; ensinar o método científi- QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Formação de professores de química: concepções e proposições N° 27, FEVEREIRO 2008
  • 3. co; demonstrar como, na prática, a professores de Química em sala de que, com a expansão do Ensino teoria funciona etc. Assim, procura-se aula para conhecer os alunos e o Médio, os estagiários e professo- enfatizar a relação teoria-prática, bus- ofício do profissional do ensinar. res devem estar preparados para cando-se nas aulas Os estágios são regência em locais e comunidades articulações dinâmi- Os estágios são interpretados como de cultura e valores que devem ser cas, permanentes e interpretados como momentos de apren- apreendidos, de forma a estabelecer inclusivas entre três momentos de dizagem e os estagi- e manter a relação necessária à prá- dimensões ou níveis aprendizagem e os ários utilizam ques- tica educativa. de conhecimento, estagiários utilizam tionários, quantita- À diversidade de situações de nunca dissociados questionários, quantitativos tivos e qualitativos, vivência e aprendizagem propor- entre si: a) o fenome- e qualitativos, para delinear para delinear o perfil cionada no estágio, somam-se as nológico ou empírico; o perfil dos alunos, além dos alunos, além de dificuldades observadas na prática b) o teórico ou de de entrevistas estruturadas entrevistas estrutura- de professores de Química do En- “modelos”; e c) o para conhecer o professor das para conhecer o sino Médio. Marcada pela ausência representacional ou professor. Os esta- de registros de suas atividades de da linguagem. giários observam aulas para avaliar ensino e das observações sobre a O terceiro eixo usa a experi- a relação ensino-aprendizagem; aprendizagem dos alunos, aquela mentação como um instrumento de executam regência de unidades de prática não contempla a desejada avaliação dos aspectos sociais, am- ensino, a partir de um planejamento reflexão docente. Na tentativa de bientais, políticos e éticos do “fazer” por eles concebido e discutido com contribuir para a criação de hábito químico. Procura-se mostrar ao aluno os colegas de estágio e com o pro- do registro do próprio percurso, que os objetivos estabelecidos em fessor da disciplina, de forma que, introduzimos o uso de porta-fólio um trabalho experimental vão além ao final, a proposta aplicada tenha na disciplina Estágio em Ensino de da elaboração de um determinado recebido a contribuição de outras Química. produto. Faz-se necessário observar pessoas, enriquecida por diversos Porta-fólio é um tipo de registro 28 que resíduos também foram resul- olhares, respeitadas as especificida- escrito, que contém toda a história tantes do percurso metodológico des de cada clientela. vivenciada, pelo licenciando, na es- adotado e quais são as implicações Durante a regência, cada aula cola em que realizou o estágio. Esse destes para o profissional e para a finalizada é avaliada em relação ao registro comporta dados sobre: o sociedade. Com isso, inserem-se concebido e ao vivenciado, como contexto escolar, observações de sala dentro dos objetivos propostos para forma de identificar as diversas vari- de aula e regência de classe (Villas cada experimento a elaboração e a áveis que interferem no trabalho em Boas, 2001). execução de soluções para minimi- sala de aula. Para a maioria dos licenciandos, zar ou extinguir os resíduos gerados No processo de discussão dos os registros necessários para a cons- durante a aula ou ainda tratá-los, planos de ensino, de conteúdo pro- trução do porta-fólio determinam a visando à reutilização ou à diminuição gramático determinado pelo profes- eficiência na exploração da escola do impacto socioambiental por este sor de Química da escola, o estágio como um todo, na compreensão do causado. tem propiciado uma reflexão sobre o ato de ensinar e aprender e na or- que ensinar a partir da observação ganização do trabalho pedagógico. Estágio – uma experiência de para quem ensinar, como ensinar Para os professores de Estágio, o A relação de indissociabilidade e por que ensinar. porta-fólio proporciona acompanha- teoria-prática ocorre de forma mais Para ampliar a visão dos estagi- mento da experiência individual dos intensa nos períodos de Estágio em ários nas aulas presenciais na UnB, discentes, bem como a avaliação Ensino de Química. Os licenciandos algumas teorias de ensino, de pres- dos objetivos da disciplina, ambos são orientados a observar e coletar supostos comportamentalista, huma- de forma contínua e não-fragmentada dados sobre os diversos espaços da nista e cognitivista, são estudadas. (Mól et al., 2004). escola, bem como dos responsáveis Nesse sentido, têm-se privilegiado No sentido de promover maior por cargos e espaços, de maneira a teóricos como Bruner, Rogers, Au- integração entre professores de Es- caracterizar a escola desde sua fun- subel e Novak (Moreira, 1999), cujos tágio da UnB e os professores das dação, seus objetivos, sua situação princípios são analisados à luz de ex- escolas que supervisionam o estágio, atual e suas perspectivas futuras. periências vivenciadas pelos alunos. no que tange os objetivos do estágio, No contexto escolar, os estagiá- Destacamos, também, na segunda iniciamos em 2005, semestralmente, rios observam os diferentes papéis disciplina de estágio, o estudo dos encontros quinzenais. Nesses encon- desempenhados por professores saberes necessários à prática docen- tros, são discutidos os pressupostos em exercício, procurando identificar te pela leitura e discussão de Paulo teórico-metodológicos que norteiam possibilidades de funções relevantes Freire (1996). as atividades de estágio bem como no sistema escolar. Além das obser- Salientamos como relevante es- os diversos aspectos da profissão vações na escola, acompanham os tudar as obras de Paulo Freire, posto docente. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Formação de professores de química: concepções e proposições N° 27, FEVEREIRO 2008
  • 4. Monografia de Graduação – uma nante, apendicular ao bacharelado. vivenciada na atividade docente experiência Entendemos que o que foi aqui dos que já atuam no ensino de Entendemos que a formação do apresentado abre perspectivas con- Química, problematizando-a e fun- professor de Química deve incorpo- cretas de superação de muitos dos damentando ações e estratégias de rar o desenvolvimento de habilidades problemas vivenciados nas demais intervenção pedagógica, permite- para a realização de reflexões sobre universidades do país. No entanto, nos esperar sempre uma melhor a prática pedagógica. Marques temos consciência de limitações formação do professor de Química. (2003) aponta para a importância do que impedem que outros sejam Esse tem sido o móvel do empenho escrever como princípio da pesqui- resolvidos, embora entendamos de todos nós, no âmbito do Institu- sa, ressaltando a necessária atenção ser o esforço de articular ensino- to de Química da Universidade de para sua utilização nos cursos de pesquisa-extensão, na consolida- Brasília. graduação, antes de reduzi-la ba- ção de espaço de reflexão crítica Ricardo Gauche (gauche@unb.br), Roberto Ribeiro sicamente à pós-graduação. Nessa e comprometida com a qualidade da Silva (bobsilva@unb.br), Joice de Aguiar Baptista perspectiva, a apresentação formal do ensino, um passo fundamental (joice@unb.br), Wildson Luiz Pereira dos Santos (wild- de uma monografia de graduação nesse sentido. son@unb.br), Gerson de Souza Mól (gmol@unb.br) e Patrícia Fernandes Lootens Machado (plootens@ em ensino de Química tem sido exi- A proximidade do futuro pro- unb.br) são professores do Instituto de Química da gida dos alunos para a conclusão fessor com a realidade cotidiana Universidade de Brasília. do curso. O tema da monografia, precedida pela elaboração de um Referências Anual da Sociedade Brasileira de projeto, deve se enquadrar em Química. Salvador. Livro de Resumos. ASTOLFI, J.-P DEVELAY, M. A didática .; uma das três linhas discriminadas das ciências. Campinas: Papirus, São Paulo: SBQ, 2004. a seguir: Reflexões/Análises; Inves- 1990. MOREIRA, M.A. Teorias de aprendiza- tigação em Ensino-Aprendizagem; BRASIL. MEC/SEB/DEP/COPFOR. gem. São Paulo: Editora Pedagógica Propostas de Ensino-Aprendizagem Rede Nacional de Formação Continuada Universitária, 1999. em Química. de Professores de Educação Básica: NETO, A. S.; MACIEL, L. S. B. (Orgs.). A análise do conteúdo das mo- orientações gerais. 2005. Disponível em Desatando os nós da formação docente. 29 nografias, apresentadas ao longo de <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ Porto Alegre: Mediação, 2002. 10 anos (Silva et al., 2002), permite pdf/livrodarede.pdf> (Acesso em: 2 PEREIRA, J.E.D. Formação de pro- afirmar que elas apresentam carac- julho 2006) fessores: pesquisa, representações e CACHAPUZ, A. e col. A emergên- poder. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. terísticas importantes. Entre elas, cia da didáctica das ciências como destacam-se: grande variedade de SCHNETZLER, R.P. Pesquisa em campo específico de conhecimentos. temas químicos; presença de con- ensino de química no Brasil: conquistas In: CACHAPUZ, A. e col. (Orgs.). A textos interdisciplinares; valorização e perspectivas”. Química Nova, v. 25, n. necessária renovação do ensino das do enfoque experimental e histórico; ciências. São Paulo. Cortez, 2005. p. 1, p. 14-24, 2002. e diversidade de estratégias de ensi- 187-232. SILVA, R.R. e col. Projeto final dos alu- no. Tais características indicam que CANDAU, V.M.F. (Coord.). Novos nos do curso de Licenciatura em Quími- a inclusão da monografia obrigatória rumos da licenciatura. Brasília: INEP; ca da Universidade de Brasília: análise no currículo do curso de Licenciatura Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade e avaliação preliminares dos resultados em Química tem propiciado a forma- Católica, 1987. obtidos no período 1996-2001. In: 25ª ção de professores com um perfil FREIRE, P Pedagogia da autonomia: . Reunião Anual da Sociedade Brasileira saberes necessários à prática educativa. de Química. Poços de Caldas. Livro de diferenciado. 16 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. Resumos. São Paulo: SBQ, 2002. Considerações finais GIL-PÉREZ, D.; CARVALHO, A.M.P . VIGOTSKI, L.S. A construção do pen- Formação de professores de ciências: samento e da linguagem. São Paulo: Como apontado por Pereira tendências e inovações. São Paulo: (2000), a formação de professores Martins Fontes, 2000. Cortez, 1993. nas licenciaturas de modo geral VILLAS BOAS, B.M.F. Avaliação for- MARQUES, M.O. Escrever é Preciso: mativa: em busca do desenvolvimento apresenta “velhos problemas”, o princípio da pesquisa. 4 ed. Ijuí: Unijuí, 2003. do aluno, do professor e da escola. porém, sempre “novas questões”, MÓL, G.S. e col. O uso de porta-fólio In: VEIGA, I.P e FONSECA, M. (Orgs.). . desafios a serem superados. Cer- como estratégia de ensino e avaliação As dimensões do projeto político-ped- tamente, muitos dos dilemas da na disciplina Estágio Supervisionado agógico: novos desafios para a escola. formação de professores de Química em Ensino de Química. In: 27ª Reunião Campinas: Papirus, 2001. p. 175-212. decorrem do modelo curricular domi- Abstract: Teacher’s training in Chemistry: conceptions and propositions. This paper presents an experience in Universidade de Brasília (UnB) concerning its contributions to the progress of Chemistry teaching and teacher’s training activities in this discipline. In order to do that, the paper contains a summary of its history, of the budget for the pedagogical project and of the actions taken in the Chemistry undergraduate studies in UnB. This is a contribution from the perspective of extending the specification, socialization and analysis if the characteristics and practice of scholar Chemistry teaching. Keywords: teacher’s training, chemistry teaching, Chemistry teacher’s undergraduate QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Formação de professores de química: concepções e proposições N° 27, FEVEREIRO 2008