1. Universidade do Sul de Santa Catarina
Análise Microeconômica
Disciplina na modalidade a distância
Palhoça
UnisulVirtual
2011
2. Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina – Campus UnisulVirtual – Educação Superior a Distância
Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual
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Tenille Catarina
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Roberto Iunskovski
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Aloisio Rodrigues
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Bernardino José da Silva
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Acadêmica
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Gestão Documental
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(Secretária Acadêmica)
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Rafaela Fusieger
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Gerência Administrativa e
Financeira
Renato André Luz (Gerente)
Naiara Jeremias da Rocha
Valmir Venício Inácio
Financeiro Acadêmico
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Rafael Back
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e Extensão
Moacir Heerdt (Gerente)
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Elaboração de Projeto e
Reconhecimento de Curso
Diane Dal Mago
Vanderlei Brasil
Extensão
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Pesquisa
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(Coord. PUIP, PUIC, PIBIC)
Mauro Faccioni Filho
(Coord. Nuvem)
Pós-Graduação
Clarissa Carneiro Mussi (Coord.)
Biblioteca
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Renan Felipe Cascaes
Rodrigo Martins da Silva
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Maria Eugênia Ferreira Celeghin
Maria Lina Moratelli Prado
Mayara de Oliveira Bastos
Patrícia de Souza Amorim
Poliana Morgana Simão
Priscila Machado
Gerência de Desenho
e Desenvolvimento de
Materiais Didáticos
Márcia Loch (Gerente)
Acessibilidade
Vanessa de Andrade Manoel (Coord.)
Bruna de Souza Rachadel
Letícia Regiane Da Silva Tobal
Avaliação da aprendizagem
Lis Airê Fogolari (coord.)
Gabriella Araújo Souza Esteves
Desenho Educacional
Carmen Maria Cipriani Pandini
(Coord. Pós)
Carolina Hoeller da S. Boeing
(Coord. Ext/DAD)
Silvana Souza da Cruz (Coord. Grad.)
Ana Cláudia Taú
Carmelita Schulze
Cristina Klipp de Oliveira
Eloisa Machado Seemann
Flávia Lumi Matuzawa
Geovania Japiassu Martins
Jaqueline Cardozo Polla
Lygia Pereira
Luiz Henrique Milani Queriquelli
Marina Cabeda Egger Moellwald
Marina Melhado Gomes da Silva
Melina de la Barrera Ayres
Michele Antunes Correa
Nágila Cristina Hinckel
Pâmella Rocha Flores da Silva
Rafael Araújo Saldanha
Roberta de Fátima Martins
Sabrina Paula Soares Scaranto
Viviane Bastos
Gerência de Logística
Jeferson Cassiano A. da Costa
(Gerente)
Andrei Rodrigues
Logística de Encontros Presenciais
Graciele Marinês Lindenmayr (Coord.)
Ana Paula de Andrade
Cristilaine Santana Medeiros
Daiana Cristina Bortolotti
Edesio Medeiros Martins Filho
Fabiana Pereira
Fernando Oliveira Santos
Fernando Steimbach
Marcelo Jair Ramos
Capacitação e Assessoria ao
Docente
Enzo de Oliveira Moreira (Coord.)
Adriana Silveira
Alexandre Wagner da Rocha
Cláudia Behr Valente
Elaine Cristiane Surian
Juliana Cardoso Esmeraldino
Simone Perroni da Silva Zigunovas
Logística de Materiais
Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.)
Abraão do Nascimento Germano
Fylippy Margino dos Santos
Guilherme Lentz
Pablo Farela da Silveira
Rubens Amorim
Monitoria e Suporte
Enzo de Oliveira Moreira (Coord.)
Anderson da Silveira
Angélica Cristina Gollo
Bruno Augusto Zunino
Claudia Noemi Nascimento
Débora Cristina Silveira
Fabiano Ceretta (Gerente)
Alex Fabiano Wehrle
Márcia Luz de Oliveira
Sheyla Fabiana Batista Guerrer
Victor Henrique M. Ferreira (África)
Gerência de Marketing
Relacionamento com o Mercado
Eliza Bianchini Dallanhol Locks
Walter Félix Cardoso Júnior
Gerência de Produção
Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)
Francini Ferreira Dias
Design Visual
Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)
Adriana Ferreira dos Santos
Alex Sandro Xavier
Alice Demaria Silva
Anne Cristyne Pereira
Diogo Rafael da Silva
Edison Rodrigo Valim
Frederico Trilha
Higor Ghisi Luciano
Jordana Paula Schulka
Nelson Rosa
Patrícia Fragnani de Morais
Multimídia
Sérgio Giron (Coord.)
Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro
Dandara Lemos Reynaldo
Fernando Gustav Soares Lima
Sérgio Freitas Flores
Portal
Rafael Pessi (Coord.)
Luiz Felipe Buchmann Figueiredo
Comunicação
Marcelo Barcelos
Andreia Drewes
e-OLA
Carla Fabiana F. Raimundo (Coord.)
Vinicius Ritta de Moura
Produção Industrial
Francisco Asp (Coord.)
Ana Paula Pereira
Marcelo Bittencourt
Gerência Serviço de Atenção
Integral ao Acadêmico
James Marcel Silva Ribeiro (Gerente)
Atendimento
Maria Isabel Aragon (Coord.)
Andiara Clara Ferreira
André Luiz Portes
Bruno Ataide Martins
Holdrin Milet Brandao
Jenniffer Camargo
Maurício dos Santos Augusto
Maycon de Sousa Candido
Sabrina Mari Kawano Gonçalves
Vanessa Trindade
Orivaldo Carli da Silva Junior
Estágio
Jonatas Collaço de Souza (Coord.)
Juliana Cardoso da Silva
Micheli Maria Lino de Medeiros
Priscilla Geovana Pagani
Prouni
Tatiane Crestani Trentin (Coord.)
Gisele Terezinha Cardoso Ferreira
Scheila Cristina Martins
Taize Muller
3. André Luís da Silva Leite
Análise Microeconômica
Livro didático
Design instrucional
Marina Melhado Gomes da Silva
Alvaro Roberto Dias
3ª edição revista e atualizada
Palhoça
UnisulVirtual
2011
7. Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Análise
Microeconômica.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma
e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados
à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática
e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância,
proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a
um aprendizado contextualizado e eficaz.
Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será
acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema
Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica
caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou
para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores
e instituição estarão sempre conectados com você.
Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem
à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como:
telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem,
que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e
recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade.
Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe
atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual.
7
8.
9. Palavras do professor
A economia é o espaço onde ocorrem as decisões estratégicas
que nos afetam diretamente. Variáveis, tais como a taxa de
juros, taxa de câmbio, políticas econômicas do governo, têm
relação direta com o nosso cotidiano. O estudo da economia
é dividido em duas partes: a microeconomia (objeto deste
livro didático) e a macroeconomia (a ser tratada na disciplina
Análise Macroeconômica ). A microeconomia diz respeito aos
elementos específicos ao comportamento dos consumidores,
das empresas e dos mercados, tratados em nível individual. Já
a macroeconomia trata dos elementos de maior escopo, como
as taxas de juros, a gestão da economia pelo Estado, a moeda,
entre outros.
A leitura deste livro didático mostrará a você os principais
elementos da microeconomia. Ou seja, o modo como os
mercados funcionam e, principalmente, como os preços são
formados nos diferentes tipos de mercados. Sem pretensão de
esgotar o assunto, serão apresentados temas importantes para
o desenvolvimento do seu trabalho, tanto em nível acadêmico
quanto profissional.
Espero que todos tenham um bom proveito do conteúdo
selecionado.
Prof. André Luís da Silva Leite, Dr.
10.
11. Plano de estudo
O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da
disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva
em conta instrumentos que se articulam e se complementam,
portanto, a construção de competências se dá sobre a
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de
ação/mediação.
São elementos desse processo:
„„
o livro didático;
„„
o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);
„„
„„
as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de
autoavaliação);
o Sistema Tutorial
Ementa
Teoria da demanda e da oferta: elasticidade. Teoria da firma:
custos de produção. Estruturas de mercado e o processo de
formação de preços. Concorrência: competitividade e padrão
de concorrência.
12. Universidade do Sul de Santa Catarina
Objetivos
Gerais:
Fornecer ao estudante uma ferramenta útil à vida acadêmica
e profissional. Na universidade, a disciplina permite que
sejam entendidos elementos básicos de economia e o modo
de funcionamentos dos mercados. Na vida profissional, dá ao
estudante condições de observar, analisar, resolver e compreender
problemas enfrentados no cotidiano das empresas.
Específicos:
„„
„„
„„
„„
Identificar os diversos tipos de mercados.
Conhecer os processos de formação de preço nos diversos
tipos de mercado.
Analisar uma empresa dentro do seu respectivo mercado
e no contexto da economia como um todo.
Analisar o ambiente externo à empresa.
Carga Horária
A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula, 4 créditos,
incluindo o processo de avaliação.
Conteúdo programático/objetivos
Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá deter para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação. Neste
sentido, veja a seguir as unidades que compõem o Livro didático
desta disciplina, bem como os seus respectivos objetivos.
Unidades de estudo: 7
12
13. Análise Microeconômica
Unidade 1- Introdução à economia
Esta unidade apresenta os elementos básicos que compõem o
estudo da ciência econômica. A unidade apresenta a razão do
surgimento da economia, os agentes básicos de um sistema
econômico e as perguntas a que a teoria visa responder.
Unidade 2 - Demanda, oferta e elasticidade
Esta unidade visa discutir o modo de funcionamento dos
mercados. Para tanto, primeiramente alguns conceitos
fundamentais são descritos. Em seguida, são abordados os
conceitos de demanda e oferta e o processo de formação de preços.
Por fim, apresenta-se o conceito e as aplicações de elasticidadepreço da demanda.
Unidade 3 - Custos de produção
Esta unidade trata dos custos de produção. Ao término desta
unidade, o(a) estudante terá subsídios para analisar custos como
uma importante ferramenta de tomada de decisões empresariais.
Unidade 4 - Concorrência perfeita e eficiência econômica
Esta unidade apresenta o modelo de concorrência perfeita. Este
é um modelo teórico que permite analisar um mercado sem as
imperfeições inerentes (estas podem ser, por exemplo, a formação
de cartel, o acesso privilegiado a informações, a concorrência
desleal, etc.). É um modelo muito utilizado, principalmente para
fins de políticas públicas.
Unidade 5 - Monopólio
Esta unidade discute o conceito de monopólio, que significa um
mercado no qual há apenas uma empresa que oferece o produto.
Ao longo deste texto, será possível observar que o monopólio
é socialmente ineficiente. Entretanto há situações nas quais o
monopólio é o melhor meio de produzir certos bens e serviços.
13
14. Universidade do Sul de Santa Catarina
Unidade 6 - Concorrência Monopolista e Oligopólio
Esta unidade apresenta duas estruturas de mercado: a
concorrência monopolista e o oligopólio. Nela serão apresentados
elementos de significativa importância para o entendimento
do processo de concorrência, como a interdependência entre
as empresas, as barreiras à entrada e os modelos básicos de
oligopólio que explicam o processo de formação de preços nestes
mercados.
Unidade 7 - Análise Estrutural da Indústria
Nesta unidade, apresenta-se o modelo das cinco forças
competitivas, também conhecido como modelo de Porter. Este
modelo utiliza elementos estudados nas unidades anteriores para
se analisar e compreender o posicionamento competitivo de uma
empresa e/ou indústria em certo momento.
14
15. Análise Microeconômica
Agenda de atividades/ Cronograma
„„
„„
„„
Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar
periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus
estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da
realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação
com os seus colegas e tutor.
Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço
a seguir as datas com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.
Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas
ao desenvolvimento da disciplina.
Atividades obrigatórias
Demais atividades (registro pessoal)
15
17. unidade 1
Introdução à economia
Objetivos de aprendizagem
„„
Compreender a razão do estudo da economia.
Seções de estudo
Seção 1
Introdução à economia
Seção 2
Os setores econômicos
Seção 3
O sistema econômico e as trocas
1
18. Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Esta unidade visa especificamente a apresentar ao estudante a
importância do estudo da economia. Nela, constam a razão do
surgimento da ciência econômica e o problema central que a
teoria econômica tem por objetivo resolver. Bom estudo!
Seção 1 - Introdução à economia
Você já notou que há muita influência do ambiente econômico,
nacional e internacional, em suas finanças pessoais?
Pense, por exemplo, na compra de um carro. De acordo
com seu orçamento, você pesquisa o preço de diferentes
automóveis, as taxas de juros dos financiamentos, as
vantagens oferecidas pelas concessionárias, etc. Sendo
assim, é verdadeiro dizer que a sua decisão sobre a compra
do carro depende de diversos fatores econômicos.
Assim como você, as empresas também são influenciadas
pelo ambiente econômico. E é por isto que o entendimento
da economia torna-se numa ferramenta importante para os
administradores de empresas, contadores e demais profissionais
ligados ao mundo dos negócios. Diversos fenômenos relevantes
nas áreas de marketing, finanças e administração geral, entre
outras, têm sua fundamentação na teoria econômica.
1.1 A definição de economia
Em poucas palavras, economia pode ser definida como uma
ciência que estuda a atividade produtiva. Focaliza estritamente
os problemas referentes ao uso mais eficiente de recursos
materiais escassos para a produção de bens; estuda as variações e
combinações na alocação dos fatores de produção (terra, capital,
trabalho, tecnologia), na distribuição de renda, na oferta e
procura e nos preços das mercadorias. (SANDRONI, 1998).
18
19. Análise Microeconômica
Todos nós participamos do sistema econômico do país,
consumindo, hoje, bens e serviços, ou poupando parte de nossa
renda para consumirmos no futuro.
De modo geral, pode-se afirmar que um paradoxo induz o
estudo da economia. Este paradoxo é representado pelo fato de os
recursos de produção serem limitados e as necessidades humanas
ilimitadas.
A natureza dos problemas econômicos reside na constatação de
que os recursos de que a coletividade dispõe para a satisfação
das necessidades das pessoas são limitados. Em compensação, as
necessidades do ser humano não têm limite.
Em outras palavras, as pessoas precisam de certos bens (roupas,
alimentos, casa para morar, automóvel) e serviços (educação, lazer,
saúde) que são escassos, isto é, existem em quantidades limitadas.
Já as aspirações humanas são relativamente ilimitadas, superando
o volume de bens e serviços disponíveis para a satisfação desses
desejos. Não é verdade que queremos cada vez mais e mais?
Recursos Escassos x Necessidades Ilimitadas
A atividade econômica em uma sociedade é realizada com o
propósito de produzir bens e serviços que se destinem à satisfação
das necessidades individuais ou coletivas de seus membros.
Entretanto, em razão da própria natureza do ser humano, suas
necessidades se ampliam continuamente, aumentando, em
consequência, as exigências do consumo. Um número cada vez
maior de pessoas procura bens e serviços que atendam suas
necessidades de lazer, educação, transportes coletivos, etc. Mesmo
para as necessidades puramente biológicas, surgem novos desejos.
As pessoas já não se satisfazem em aplacar sua sede bebendo
apenas água. Quando possível, recorrem a refrigerantes ou a
outras bebidas mais sofisticadas. Assim, pode-se dizer que, de
modo geral, as necessidades humanas são ilimitadas e os recursos
para supri-las são escassos. (SILVA, César R. L.; LUIZ, Sinclayr,
1996).
Unidade 1
19
20. Universidade do Sul de Santa Catarina
Qual é o problema fundamental da Ciência Econômica?
Como você percebeu, o problema fundamental da economia é a
escassez.
Como os recursos ou fatores de produção -- capital, terra,
trabalho, capacidade empresarial e tecnologia -- são escassos,
não podemos ter tudo o que desejamos ao mesmo tempo -- é
preciso escolher entre os bens e serviços que serão produzidos e
oferecidos à coletividade.
Assim, de acordo com os professores Troster e Mochón (1999,
p.5), “A economia estuda a maneira como se administram os
recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e
distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade.”
É possível dividir o estudo da economia em partes?
Sim, o estudo da economia é dividido em duas grandes
partes: a microeconomia e a macroeconomia, as quais
podem ser definidas da seguinte forma:
A microeconomia: a área que se ocupa com
a análise do comportamento individual dos
agentes econômicos, ou seja, das empresas e dos
consumidores. Quando você assiste na tevê a uma
reportagem sobre o aumento da gasolina ou sobre a
reação dos consumidores em relação a este aumento, eis
um exemplo de evento microeconômico;
„„
„„
20
A macroeconomia: é área da economia que se ocupa
com o funcionamento da economia como um todo. Seu
objetivo principal é entender como se administra o nível
de atividade econômica de um determinado país. Assim,
variáveis como inflação, PIB, taxa de juros são típicas
variáveis macroeconômicas. O principal motivo pelo
qual se estuda economia pode ser traduzido na seguinte
relação:
21. Análise Microeconômica
Fatores de produção escassos versus necessidades ilimitadas
Isto implica a existência de quatro questões fundamentais:
„„
O que produzir?
„„
Quanto produzir?
„„
Como produzir?
„„
Para quem produzir?
Como responder estas questões?
A resposta para estas questões fundamentais da economia, como
você aprenderá com mais detalhes na próxima unidade, depende
do sistema econômico, ou seja, se estamos numa economia
capitalista ou de mercado; ou se estamos numa economia
socialista ou planificada.
Seção 2 - Os setores econômicos
Os agentes econômicos (famílias ou pessoas, empresas e o
governo) podem ser agrupados em três grandes setores:
„„
„„
„„
Setor primário: refere-se às atividades próximas dos
recursos naturais, como por exemplo, a atividade
agrícola ou agroindustrial, a atividade pesqueira,
pecuária, etc.;
Setor secundário: refere-se à atividade industrial. É na
indústria que as matérias-primas são transformadas em
bens. Exemplos: indústrias e a construção civil;
Setor terciário: refere-se aos serviços, ou seja, à
satisfação das necessidades de serviços que não se
transformam em algo material. Serviços de saúde, de
transporte, de educação, de turismo, entre outros. Hoje
em dia, em diversos países, incluindo o Brasil, é o setor
que mais cresce e que mais emprega.
Unidade 1
21
22. Universidade do Sul de Santa Catarina
Os fatores de produção
A atividade econômica, por meio da produção de bens e
serviços, visa a satisfazer as necessidades humanas. E a produção
destes bens e serviços, numa economia de mercado, realiza-se
nas diversas empresas. E cada uma delas emprega fatores de
produção.
Assim, para ofertar bens ou serviços, as empresas precisam
adquirir fatores de produção.
Fatores de produção são os elementos que as empresas utilizam
para produzir um determinado bem ou serviço. São divididos em
cinco grandes grupos:
„„
„„
„„
„„
„„
22
Recursos Naturais: formado pelo espaço físico, pela
água e pelas matérias-primas em geral. Por exemplo, uma
fazenda utiliza bastante espaço físico para sua produção;
Capital: são as máquinas, equipamentos e instalações
empregados na produção. Podem ser tratores,
computadores, etc. Muitas empresas trabalham com um
número grande de máquinas nas linhas de produção;
Trabalho: refere-se aos serviços das pessoas empregadas
na produção, como o operário, o gerente, etc. São os
trabalhadores que operarão as máquinas e transformarão
a matéria-prima.
Tecnologia: a tecnologia compreende o estudo das
técnicas. Todo e qualquer trabalho desenvolvido requer
uma determinada maneira para a sua execução, e a
técnica é a maneira correta de executar uma tarefa
(know-how: saber como);
Capacidade Empresarial: compreende uma visão
muito clara das oportunidades de investimento, das
possibilidades de financiamento da produção, da
obtenção e utilização adequada dos fatores de produção
e, principalmente, da organização e coordenação eficiente
das operações.
23. Análise Microeconômica
A remuneração dos fatores de produção
Você já deve ter ouvido falar num famoso ditado popular que diz:
“nem relógio trabalha de graça”. Assim, cada um dos fatores de
produção, ou melhor, seus proprietários, mencionados
anteriormente, devem receber uma renda pela sua utilização.
Deste modo, a renda:
„„
„„
„„
Da terra é o aluguel;
Do capital é o lucro (quando o capitalista constitui
uma empresa) ou o juro (quando ele emprega
dinheiro);
Do trabalho é o salário.
Um agente econômico é qualquer entidade que pertence a
um determinado sistema econômico e atua nele. Pode ser
uma pessoa, tomada individualmente, ou uma pessoa coletiva
(empresa, cooperativa, órgão governamental, etc.). Os agentes
econôminos são as famílias (que têm o objetivo de satisfazer suas
necessidades), as empresas (que têm o objetivo de maximizar seus
lucros) e o Governo (que tem o objetivo de ampliar o bem-estar
social). A função de todos os agentes econômicos é fomentar
a circulação de bens e serviços necessários à satisfação das
necesidades dos consumidores, contribuindo para a geração de
renda e emprego.
As empresas
Nas sociedades modernas, as empresas produzem e oferecem
praticamente a totalidade dos bens e serviços, como o pão, os
automóveis, os sapatos, os serviços de turismo e assim por diante.
Como os economistas definem o que é uma empresa?
Unidade 1
23
24. Universidade do Sul de Santa Catarina
A empresa é a unidade de produção básica. Ela
contrata trabalho e compra fatores com o fim de
produzir e vender bens e serviços e, ao final do
processo, auferir lucro.
Nas sociedades primitivas, a produção era individual e artesanal.
Hoje, as empresas são as maiores responsáveis pela produção, já que
só elas são capazes de obter as vantagens da produção em massa.
Somente as empresas podem reunir grandes quantidades de recursos
financeiros e físicos necessários para construir as instalações e os
equipamentos que a atualidade exige.
Além disso, somente as empresas têm capacidade de organizar
os complexos processos de produção e distribuição exigidos pela
sociedade moderna.
O financiamento das empresas pode ser obtido através de
autofinanciamento ou financiamento externo. Ou seja: elas podem se
financiar com seu próprio capital ou tomar empréstimos juntos aos
bancos.
Você conhece as definições de empréstimo e de financiamento?
Os empréstimos são recursos obtidos com o compromisso
de devolução, ao fim de um determinado período, mediante
remuneração (pagamento de juros).
O financiamento difere do empréstimo, porque tais recursos
obtidos estão vinculados à venda de um bem ou serviço.
As famílias ou indivíduos
As famílias ou as pessoas têm basicamente duas funções no
sistema econômico:
„„
„„
24
Oferecer seus fatores de produção, isto é, trabalho e
capital às empresas;
Consumir os bens e serviços postos a sua disposição.
No entanto o consumo é restrito pelo orçamento de que
dispõem.
25. Análise Microeconômica
O setor público
O Governo é um importante agente da economia. Afinal, ele é
o maior responsável pelos rumos econômicos de uma nação. Há
pelo menos três níveis de governo, que devemos destacar:
„„
A administração local, ou seja, as prefeituras;
„„
As administrações estaduais;
„„
A administração central, ou seja, o Governo Federal e
seus ministérios.
O setor público é responsável pelo fornecimento dos chamados
bens públicos.
Bens públicos são bens proporcionados a todas as pessoas
a um custo que é igual ao necessário para o fornecimento
a uma só pessoa. (MANKIW, 1999).
A defesa nacional é um bem público. Caso uma nação
declare guerra ao Brasil, todos os cidadãos brasileiros
terão direito à defesa nacional. Por esta característica,
os bens públicos só podem ser providos pelo Estado.
Há, ainda, uma outra atribuição importante do governo, no que
diz respeito ao sistema econômico.
O setor público é responsável por estabelecer um marco jurídicoinstitucional no qual se desenvolve a atividade econômica,
sendo, também, responsável pelo estabelecimento da política
econômica.
Sistema econômico
Agora que você já sabe quem são os agentes econômicos,
podemos definir sistema econômico.
Unidade 1
25
26. Universidade do Sul de Santa Catarina
Sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e
institucionais que caracterizam a organização econômica de uma
sociedade.
TECNO
RN
T
C
T = Trabalho
LOGIA C = K = Capital
RN = Recursos Naturais
Fatores
de Produção
ORGANIZAÇÃO
DA PRODUÇÃO
UNIDADES PRODUTIVAS
- Indivíduo
- Família
- Empresa
RENDAS
- Salários
- Lucros
- Juros
- Renda dos RN
APARELHO PRODUTIVO
- Primário
- Secundário
- Terciário
N
O
F
I
U
E
O
L
F
L
A
M
R
X
L
U
X
O
N
A
L
DEMANDA
Figura 1 – Sistema Econômico Simplificado.
Fonte: SILVA, 1983, p. 90.
26
PRODUTIVOS ou SERVIÇOS
- Consumo
- Capital
- Intermediário
MERCADO
OFERTA
27. Análise Microeconômica
Assim, conforme foi apresentado nesta unidade, o sistema
econômico deve responder a quatro questões básicas.
„„
O que produzir?
––
„„
Quanto produzir?
––
„„
Dos bens que vamos produzir, quanto devemos
produzir de cada um?
Como produzir?
––
„„
Devemos produzir mais estradas ou mais hospitais?
Quais técnicas e ferramentas serão utilizadas na
produção?
Para quem produzir?
––
Como a produção vai ser distribuída entre os diferentes
agentes da economia?
Quem, afinal, responde a estas perguntas?
Para respondermos a estas perguntas, devemos nos voltar um
pouco para a história da organização econômica. Basicamente,
podemos dizer que há dois tipos de organização da economia de
um país ou nação.
„„
Capitalismo ou Economia de mercado
„„
Socialismo ou Economia planificada
Capitalismo ou Economia de mercado
No capitalismo, a economia funciona de forma livre, ou
seja, cada um é livre para escolher o que produzir e em qual
quantidade, assumindo os riscos por isto. Diz-se que este sistema
é caracterizado pela livre iniciativa. Na unidade 5, falaremos de
mercado e você aprenderá como ele funciona.
Unidade 1
27
28. Universidade do Sul de Santa Catarina
Socialismo ou Economia planificada
No socialismo, quem responde às questões essenciais da
economia é o Estado. Por isto diz-se que uma economia socialista
é uma economia planificada: ela necessita do Planejamento
Estatal.
Este sistema é, justamente, o contrário da economia de mercado,
já que as decisões são tomadas de forma centralizada na agência
de planejamento do governo. Neste caso, as famílias não detêm
os fatores de produção. Estes pertencem à coletividade, ou seja,
ao governo.
Seção 3 - O sistema econômico e as trocas
Nesta seção, você estudará uma atividade que é de suma
importância para os sistemas econômicos modernos: as trocas.
Para entender melhor como elas acontecem, vamos imaginar uma
pessoa que more sozinha numa ilha. Esta pessoa deve ser capaz
de produzir, sozinha, tudo aquilo que necessita. E, obviamente,
seu consumo está restrito aos recursos que a ilha lhe oferece e à
sua capacidade de transformação destes recursos, ou seja, o seu
conhecimento.
Agora, numa sociedade moderna como a nossa, você já deve ter
percebido que isto é impossível. E, justamente, podemos dizer
que nossa sociedade é moderna devido a um conceito criado
pelo primeiro economista da história moderna, o escocês Adam
Smith, em 1776.
Em seu livro A Riqueza das Nações, Smith nos conta uma fábula,
conhecida como a fábula dos alfinetes.
Nesta fábula, Smith imagina que a produção de alfinetes pode-se
dar de duas formas: de forma artesanal e de forma industrial.
28
29. Análise Microeconômica
Na forma artesanal, um único trabalhador, de forma artesanal,
produziria, ao final de um dia, no máximo 20 alfinetes.
Já, na produção industrial, Adam Smith argumenta que,
como a fabricação de alfinetes é dividida em diferentes
operações, então 10 operários conseguiam fabricar,
na Inglaterra de dois séculos atrás, mais de 48.000
alfinetes em um único dia de trabalho.
Por que o número de trabalhadores aumentou 10
vezes e a produção aumentou 2.400 vezes?
A resposta é um fenômeno chamado ‘Especialização’.
Com 10 operários especialistas, cada um pode se especializar
numa determinada operação específica do processo produtivo, e,
consequentemente, aumentar a produtividade diária.
A especialização permite, também, que cada pessoa procure um
trabalho ou uma ocupação na qual seja mais produtiva.
Mas você deve notar que, no exemplo citado anteriormente, o
da pessoa que mora sozinha em uma ilha, ela não pode ser uma
especialista, afinal ela vive sozinha e todos os bens e serviços que
consome são originados do seu próprio trabalho.
Já, nas economias modernas, a especialização nos permite
concentrar nossos esforços em um determinado ramo de
atividade. Mas, se ao mesmo tempo, temos de ser especialistas,
então só produziremos uma parte dos bens e serviços que
necessitamos.
Daí a importância das trocas no sistema econômico.
Imaginemos duas pessoas: um alfaiate e um agricultor. O alfaiate
se especializou na produção de peças de roupa, enquanto o
agricultor se especializou na produção de verduras. Desta forma,
cada um é mais produtivo naquela atividade que sabe fazer. Mas,
como o alfaiate precisa se alimentar e o agricultor precisa se
vestir, eles podem então promover uma troca de produtos.
Unidade 1
29
30. Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de autoavaliação
Atividades de autoavaliação
1) Refletindo sobre o que você aprendeu no estudo desta unidade,
explique, a seguir, por que é importante entender a questão da
escassez?
2) Quem são os agentes econômicos, como estão agrupados e qual é a
importância de cada um para o sistema econômico?
30
31. Análise Microeconômica
Síntese
Nesta unidade, você efetuou estudos sobre a economia e sua
importância, principalmente porque diz respeito à administração
dos recursos escassos e das necessidades ilimitadas do ser
humano.
Também nesta unidade, você aprendeu quem são os principais
agentes econômicos e o seu papel no sistema.
Você estudou, também, a maneira como funciona o sistema
econômico em que vivemos e leu a famosa fábula dos alfinetes,
que mostra a importância da especialização para a economia
moderna e sofisticada.
Na próxima unidade, você começará a entender como funcionam
os mercados.
Saiba mais
Para aprofundar seu conhecimento sobre o que foi estudado nesta
unidade, você poderá ler as seguintes obras:
MANKIW, N.G. Introdução à economia. Rio de Janeiro: Campus,
1999.
SILVA, César R. L. & LUIZ, Sinclayr. Economia e mercados:
introdução à economia. São Paulo: Saraiva, 1996.
TROSTER, Roberto & MOCHON, Francisco. Introdução à
economia. São Paulo: Makron Books, 1999.
Unidade 1
31
32.
33. unidade 2
Demanda, oferta e elasticidade
Objetivos de aprendizagem
„„
Discutir o modo de funcionamento dos mercados.
„„
Apresentar a lei da demanda e da oferta.
„„
Definir elasticidade-preço da demanda.
Seções de estudo
Seção 1
Conceitos básicos
Seção 2
Demanda e oferta: analisando os mercados
Seção 3
Equilíbrio de mercado
Seção 4
Elasticidade - preço da demanda
2
34. Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Nesta unidade, você estudará a teoria elementar dos mercados. De
um modo geral, esta teoria discute a maneira como os mercados
funcionam, ou seja, como é, na prática, a lei da demanda e da oferta.
Também é objeto de estudo desta unidade o conceito de elasticidade.
Por motivos didáticos, não é possível abordar cada mercado em
particular e suas peculiaridades. Porém, como você verá, a teoria é
aplicável a qualquer mercado.
Seção 1 - Conceitos básicos
A seguir, você estudará alguns conceitos que são básicos nesta
disciplina, como mercado e empresa ou firma. Estes conceitos são
importantes para a melhor compreensão da disciplina e dos temas
discutidos nesta e nas unidades seguintes. Acompanhe!
Mercado
Há várias definições para ‘mercado’. Em sentido geral, o termo
designa um grupo de compradores e vendedores que estão em
contato suficientemente próximo para que as trocas entre eles afetem
as condições de compra e venda dos demais. Um mercado existe,
quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens e
serviços estão em contato com vendedores desses mesmos bens e
serviços. Assim, o mercado pode ser entendido como o local, teórico
ou não, do encontro regular entre compradores e vendedores de uma
determinada economia.
Empresa ou Firma
Os economistas, por tradição, costumam se referir às empresas
utilizando o termo ‘firma’. No linguajar dos economistas, estas
aparecem como sinônimos. Similarmente à definição de mercado,
também há várias definições possíveis para firma.
34
35. Análise Microeconômica
De uma forma mais complexa, empresa é um dos regimes de
produção, onde um empresário, por meio de contratos, utiliza os
fatores de produção sob sua responsabilidade a fim de obter uma
finalidade, vendê-la no mercado e tirar, da diferença entre o custo de
produção e o preço de venda, o maior proveito monetário possível.
(ANTUNES,1964 apud FARINA, 2005).
Para Williamson (1996), a firma é uma estrutura de
governança. Neste caso, o autor quis enfatizar a ideia de que
a firma é autônoma e tem capacidade de tomar decisões.
Outra definição, esta de sentido mais técnico, diz que a firma
é uma função de produção, uma sinergia tecnológica que
explora economias de escala e escopo. (TIROLE, 1988).
Grossman e Hart (1986), numa definição mais jurídica, destacam
que uma firma é um nexo de contratos incompletos de longo prazo.
Ao usar o termo ‘contratos incompletos’, os autores querem assinalar
que é impossível um contrato ser completo, ou seja, que um contrato
contenha todos os elementos possíveis em um negócio. Afinal,
diversos fatos imprevisíveis podem ocorrer ao longo da vigência de
um contrato.
Seção 2 - Demanda e Oferta: analisando os mercados
A análise da demanda e oferta ou lei da demanda e da oferta é um
importante instrumento para se compreender a realidade de mercados
e da determinação de preços nos diversos tipos de mercado. A correta
análise da demanda e da oferta em um mercado permite, dentre
outras coisas, a compreensão e a previsão de como as variações na
conjuntura econômica nacional e internacional podem afetar o preço
de mercado e a produção.
Demanda
A lei da demanda visa a identificar os vários fatores que afetam
a decisão de compra dos consumidores. Podemos, então, definir
demanda individual como sendo a quantidade de um determinado
Unidade 2
35
36. Universidade do Sul de Santa Catarina
produto ou serviço que o consumidor deseja adquirir em certo
período de tempo.
Importante salientar que demanda é desejo de comprar, e não a
realização da compra. Além disto, demanda é um fluxo por unidade
de tempo. Ou seja: a demanda refere-se ao desejo de comprar certa
quantidade de um bem em um dado período.
A teoria da demanda é derivada de hipóteses da teoria do
consumidor. Parte-se do pressuposto de que o consumidor
tenha orçamento limitado e acesso a uma determinada cesta
de produtos, assim a teoria da demanda visa a explicar as
possibilidades de escolha do consumidor. O consumidor fará
escolhas com seu orçamento limitado e tentará alcançar a
melhor combinação de bens e serviços consumidos, ou seja,
aquela que lhe trará maior nível de satisfação.
como:
A demanda de um produto depende de muitos fatores, tais
„„
as preferências e gosto dos consumidores;
„„
preço do produto em questão;
„„
preço de produtos relacionados;
„„
a renda do consumidor;
„„
a distribuição de renda;
„„
a disponibilidade de crédito;
„„
as políticas governamentais direcionadas para o consumo,
como impostos e subsídios.
Porém a teoria da demanda costuma apresentar quatro determinantes
da demanda individual, visando à simplificação:
1. o preço do próprio bem;
2. o preço de bens relacionados;
3. a renda do consumidor; e
4. o gosto ou preferência do consumidor.
36
37. Análise Microeconômica
2.1 Variáveis que afetam a demanda
„„
Preço do próprio bem
É importante notar que o preço do próprio bem é a variável
principal na nossa análise. A lei geral da demanda mostra
que há uma relação negativa entre o preço do próprio bem e
a quantidade demandada deste mesmo bem. Quando o preço
cai, os consumidores tendem a aumentar seu desejo de comprálo. Isso acontece, pois, supondo que todas as outras variáveis
permaneçam constantes, o indivíduo fica relativamente mais rico,
quando o preço de um bem diminui.
E, quando o preço (P) de um bem aumenta, a quantidade
demandada (Qd) diminui. Por outro lado, quando o preço de um
bem diminui, sua quantidade demandada aumenta.
Esta hipótese já foi testada para diversas situações e, embora sofra
limitações, tende a mostrar a realidade da demanda em diferentes
mercados.
Assim, é possível demonstrar estas variáveis em um gráfico. Na
figura 1, a seguir, está a curva de demanda, que mostra a relação
negativa entre o preço do próprio bem e a quantidade que os
consumidores estão dispostos a demandar em um certo momento
no tempo, com tudo o mais permanecendo constante.
Preço
($)
D
Quantidade do produto
Figura 1 – Curva de demanda
Unidade 2
37
38. Universidade do Sul de Santa Catarina
Vamos analisar um exemplo do mercado de milho, como nos
mostra a seguir a tabela 1. É possível notar que, à medida que o
preço diminui de $12 para $1, a quantidade demandada aumenta.
Isto porque a sociedade comprará mais milho, quando o preço
estiver menor.
Preço ($)
Diante dos objetivos
deste texto, não nos
preocuparemos em estimar
as curvas de demanda.
Porém, com uma série
histórica de dados e um
pouco de conhecimento
de estatística, é fácil
estimá-las
Aplicação da Equação de
Regressão Linear (ỹ = a + bx).
Este conteúdo é explorado na
disciplina Estatística.
Quantidade Demandada
(milhares de sacas)
12,00
10,00
7,00
5,00
4,00
2,00
1,00
6
10
16
20
22
26
28
Tabela 1 – Demanda do Mercado de Milho
A relação expressa na curva de demanda também pode ser
expressa por meio da função de demanda. Neste caso, a função
teria a seguinte forma:
qd (p) = a - bp
Note que o sinal negativo mostra a relação inversa entre
quantidade demandada (qd) e preço (p). Para o exemplo do
milho, a equação é qd = 30 – 2 p. Voltaremos a esta equação mais
adiante.
„„
Preço de bens relacionados
A demanda de um produto também é influenciada pelo preço de
bens relacionados. Assim, temos duas situações:
1ª) Bens substitutos
Bens substitutos são aqueles cujo consumo de um substitui o do
outro. Por exemplo, carne de frango e carne bovina ou viajar de
avião e viajar de trem.
Vamos supor, por exemplo, o mercado de transporte aéreo entre
as cidades A e B. Caso o preço das passagens de ônibus aumente,
aumentará a demanda por viagens aéreas entre as duas cidades.
38
39. Análise Microeconômica
Este fenômeno pode ser observado, analisando a figura 2. Com o
aumento do preço das tarifas de ônibus, a demanda por passagens
aéreas aumentou, deslocando-se de D para D’.
Figura 2 - Demanda por passagens aéreas
Importante: Note que a curva de demanda se
deslocou. As variáveis preço e quantidade são variáveis
determinadas dentro do mercado. Mas outras variáveis,
como o preço de bens relacionados e a renda, são
determinadas fora do mercado, por isto exercem
influência sobre ele. Isto é representado por meio do
deslocamento da curva de demanda, como se pode ver
na figura 2.
2ª) Bens complementares
Bens complementares são bens consumidos simultaneamente, e
o consumo de um determinado bem complementa o do outro.
Por exemplo, automóvel e combustível, e, viagem de avião e
hospedagem em hotéis.
Neste sentido, suponha que as tarifas de avião sejam reduzidas.
Isso impulsionará o turismo e aumentará a demanda de leitos de
hotel. Assim, como mostrado na figura 3, a demanda de leitos de
hotel se deslocará de D para D’.
Unidade 2
39
40. Universidade do Sul de Santa Catarina
Preço
P
2
P
1
D
Q
Q
1
D
1
2
Quantidade
Figura 3 – Demanda por leitos de hotel
„„
Renda do consumidor
Se a renda do consumidor aumentar, haverá um deslocamento da
curva de demanda para a direita, o que significa que ele estará
disposto a consumir mais, ao mesmo preço.
De certa forma, todos nós nos comportamos assim. Por isso,
pense em alguns produtos que você compraria em maior
quantidade, caso o seu chefe lhe oferecesse, hoje, um belo
aumento de salário. Se os preços dos demais bens da economia
(ou de alguns deles) forem reduzidos, isso terá um efeito
semelhante em uma variação da renda.
Mudanças nas preferências dos consumidores também
deslocam a curva de demanda. Por exemplo, uma campanha
do governo contra o fumo deslocará a curva de demanda
de cigarros para baixo (demanda menor). E um dia bem
quente desloca a curva de demanda de sorvetes para a
direita (demanda maior). Outras variáveis influenciam
a demanda de um bem, como a sazonalidade, a moda, as
propagandas, etc.
40
41. Análise Microeconômica
2.2 Oferta (O)
Na subseção anterior, você estudou o que é demanda, ou seja,
o mercado sob o ponto de vista do demandante. Nesta, você
analisará a oferta, isto é, o mercado do ponto de vista de quem
vende.
Para análise da oferta, você deverá imaginar a existência de um
mercado com muitas empresas, todas de pequeno porte. E, que
este mercado é chamado de competitivo, ou seja, as empresas não
têm capacidade para fixar os preços de seus produtos. Neste caso,
o preço é fixado pelo mercado, e as empresas são tomadoras de
preço, isto é, praticam o preço determinado pelo mercado.
Por que uma empresa decide ofertar um determinado
produto?
O que leva uma empresa a decidir vender ou ofertar um
determinado produto é a expectativa de lucro (π). Neste sentido,
podemos definir lucro como sendo a remuneração de uma
empresa.
Geralmente, antes que uma nova empresa apareça no mercado,
o empresário faz um estudo detalhado sobre as
possibilidades de lucratividade deste novo negócio.
Como é a taxa de lucro que induz os empresários
a fazerem novos investimentos, então você pode
deduzir que quanto mais alto for o ganho (lucro)
da empresa com um determinado produto, maior
será a quantidade ofertada. Ou seja: mais empresas
vão querer ofertar ou vender aquele produto.
A curva de oferta
Assim, a curva de oferta informa quais quantidades os
vendedores estarão dispostos a ofertar para cada preço fixado pelo
mercado. Esta curva é um somatório das curvas de ofertas das
várias empresas que atuam no mercado e estabelece a quantidade
Unidade 2
41
42. Universidade do Sul de Santa Catarina
total que estes produtores estariam dispostos a oferecer para cada
nível de preço.
Observando a tabela 2, que reproduz aquele mesmo mercado de
milho da subseção anterior, você pode perceber que, à medida
que o preço do milho diminui, também diminui o incentivo dos
empresários para produzir. Logo, a oferta diminui, à medida que
o preço diminui. E vice-versa.
Preço ($)
Quantidade Ofertada
(milhares de sacas)
1,00
2,00
4,00
5,00
8,00
10,0
12,00
8
11
17
20
29
35
41
Tabela 2 – Oferta do Mercado de Milho.
A relação expressa na tabela 2 mostra a curva de oferta. Esta
relação pode ser expressa por meio da função de oferta:
qo (p) = a + bp
Note que o sinal positivo mostra a relação direta entre
quantidade/oferta (qo) e preço (p). Para o exemplo do milho, a
equação é qo (p) = 5 + 3p.
Aplicação da Equação de
Regressão Linear (ỹ = a + bx).
Este conteúdo é explorado na
disciplina Estatística.
42
Graficamente, temos a curva de demanda expressa, como na
figura 4.
43. Análise Microeconômica
Preço
O
($)
Quantidade do produto
ππFigura 4 - A curva de oferta
A figura 4 mostra que, caso o preço de mercado do produto
aumente, a quantidade ofertada do produto no mercado também
aumentará. Esta proposição é conhecida como a lei geral da
oferta. O que a figura 4 apresenta é que, à medida que o preço de
mercado aumenta, aumenta também o incentivo do empresário
a produzir mais. E vice-versa: à medida que o preço diminui, o
empresário tem menos incentivo para produzir.
Existem outros fatores que influenciam as decisões dos
empresários?
Vários fatores influenciam a oferta, como por exemplo:
„„
a tecnologia de produção da empresa;
„„
os preços dos insumos;
„„
número de concorrentes no mercado;
„„
as expectativas futuras.
Unidade 2
43
44. Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 3 - Equilíbrio de mercado
Agora que você estudou os conceitos de demanda e oferta, note como
se forma o preço em um mercado. Para isto, analisaremos novamente
o mercado de milho.
Preço ($)
Quantidade Demandada
(milhares de sacas)
Quantidade Ofertada
(milhares de sacas)
12,00
10,00
7,00
5,00
4,00
2,00
1,00
6
10
16
20
22
26
28
41
35
29
20
17
11
8
Tabela 3 – Demanda e oferta de milho.
Note que, ao preço de $5,00, a quantidade demandada e a quantidade
ofertada são iguais (qd=qo=20). Ou seja: não falta nem sobra produto
no mercado. Nesta situação, dizemos que o mercado está em
equilíbrio. O equilíbrio está ilustrado na figura 5.
O
Preço
($ por unidade)
Excesso de
oferta
^
P
1
P
0
P
2
^
Escassez de
oferta
Q0
D
Quantidade
Figura 5 – Equilíbrio de Mercado
Conforme a figura 5, quando o preço é P0, o mercado está em
equilíbrio, pois a quantidade demandada é igual à quantidade
ofertada, em Q0. É importante notar neste momento que o equilíbrio
de mercado mostra uma representação estática do mercado. Porém
pode-se afirmar que os mercados sempre tendem ao equilíbrio.
44
45. Análise Microeconômica
Para entender por que os mercados sempre tendem ao equilíbrio,
imagine que o preço de mercado seja igual a P1. Neste caso,
observe que a quantidade ofertada (cruzamento da curva de
oferta com a linha horizontal a partir de P1) é maior do que a
quantidade demandada. Esta situação é denominada de excesso
de oferta ou escassez de demanda. Assim, se há excesso de
oferta ou estoque, a tendência é que o preço caia até P0.
Por outro lado, se o preço de mercado for P2, então a quantidade
demandada será maior que a quantidade ofertada. A esta situação
denominamos excesso de demanda ou escassez de oferta.
Quando isto ocorre, as empresas se sentem mais impulsionadas a
produzir e o preço aumenta até P0.
Neste sentido, podemos dizer que todo e qualquer mercado
sempre tende ao equilíbrio. Ou seja: de um modo ou de outro, o
mercado chega ao preço e à quantidade de equilíbrio.
Matematicamente, o equilíbrio pode ser calculado por meio
das equações de demanda e oferta. Assim sendo, as equações de
demanda (qd) e de oferta (qo) são expressas por:
qd = 30 - 2p
qo = 5 - 3p
Para que se obtenha o preço de equilíbrio, basta igualar as duas
equações (lembre-se de que, no equilíbrio, qd=qo). Assim,
qd = qo
30 - 2p = 5 + 3p
30 - 5 = 2p + 3p
25 = 5p
25
p= =5
5
Para achar a quantidade de equilíbrio, basta substituir o valor do
preço (p) em qualquer uma das equações, já que, no equilíbrio,
elas são iguais. Temos:
qd = 30 - 2(5) = 30 - 10 = 20
Unidade 2
45
46. Universidade do Sul de Santa Catarina
Os resultados encontrados de fato são os mesmos resultados da
tabela 3.
É importante notar que o equilíbrio de mercado tal qual
representado pela figura 5, mostra um retrato estático do
mercado. Na realidade, os mercados são dinâmicos e sofrem,
constantemente, influência do ambiente externo, que pode ser o
governo, outros mercados, o resto do mundo e, também, eventos
imprevisíveis, como uma geada, uma guerra, etc.
Assim, vejamos alguns exemplos:
a) A figura 6 mostra uma representação do mercado de soja
brasileiro. Primeiramente, o preço de equilíbrio é P1 e a
quantidade de equilíbrio é Q1. Assim, vamos supor que alguns
fatores, como clima e quantidade de chuva, contribuíram para
que a produção de oferta aumentasse. Ou seja: contribuíram para
que a oferta aumentasse o que é representado pelo deslocamento
da curva de oferta de O para O1:
Figura 6 – Modificações no preço da soja
Observe que o deslocamento da oferta provocou uma redução
no preço (P1 para P2) e um aumento na quantidade de
equilíbrio(Q1 para Q2).
b) A figura 7 mostra, inicialmente (D e O), a configuração do
mercado de roupas de inverno. Com a proximidade do inverno,
a demanda aumenta e a curva se desloca (de D para D’). Assim,
46
47. Análise Microeconômica
supondo que a oferta permaneça constante, o preço aumenta de
P1 para P2 e a quantidade de equilíbrio também aumentará de
Q1 para Q3.
Figura 7 - Mercado de roupas de inverno
c) Na figura 8, que representa o mercado de automóveis,
primeiramente ocorre um deslocamento da demanda (D para
D’). Após, a produção aumenta, ou seja, há um deslocamento
da curva de oferta (O para O’). Como consequência, o preço
de mercado subiu de P1 para P2, e a quantidade de equilíbrio
aumentou de Q1 para Q2.
O
O
1
D
Preço
1
P
2
P
1
D
Q
1
Q
Quantidade
2
Figura 8 – Mercado de automóveis
Unidade 2
47
48. Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 4 – Elasticidade - preço da demanda (Epd)
O termo elasticidade é muito comum nos estudos dos economistas.
A ideia central do estudo das elasticidades é quantificar as relações
entre duas variáveis. Na teoria econômica, há várias formas
de estudar este conceito, por exemplo, a elasticidade-câmbio
exportação, que relaciona as variáveis taxa de câmbio com as
exportações.
Nesta disciplina, estamos preocupados apenas com a elasticidadepreço da demanda, que tem um papel importante na análise da
demanda do consumidor e das decisões empresariais. Já sabemos
que, quando o preço de um bem se reduz, sua quantidade
demandada aumenta. O que a elasticidade-preço da demanda
mostra é o quanto a quantidade demandada aumentará.
Matematicamente, elasticidade-preço da demanda é expressa por:
Epd =
% qd p.
=
%p
q
qd
p
A Epd é de grande interesse para as empresas, pois serve de base
para:
„„
Política de preços;
„„
Estratégia de vendas e atendimento dos objetivos de lucro;
„„
Participação no mercado.
Ou seja: com base nesta informação, a empresa pode fazer
previsões de vendas. Por exemplo, se um empresário, produtor de
mesas para escritório, sabe que a elasticidade-preço da demanda
dos produtos que vende é igual a -1,5, caso ele reduza os preços de
seus produtos em 10%, utilizando a fórmula, poderá aumentar a
demanda em 15%.
O coeficiente da elasticidade-preço da demanda é negativo
(quase sempre negativo, com raras exceções), uma vez que preço
e quantidade demandada são inversamente relacionados: quando
o preço se reduz, a quantidade demandada aumenta, e quando o
preço aumenta, a quantidade demandada cai.
48
49. Análise Microeconômica
Vamos detalhar isto melhor por meio do estudo das diferentes
classificações.
4.1 Classificações
„„
Demanda Elástica
Dizemos que um bem tem demanda elástica em relação ao
preço, quando o valor da elasticidade-preço da demanda for, em
módulo, maior do que 1,0. Ou seja: |Epd| > 1.
Por exemplo, suponha que um determinado produto tenha Epd = -1,4.
Neste caso, o valor da Epd mostra a razão entre a variação
percentual do preço e a variação percentual da quantidade
demandada. Neste caso, novamente recorrendo à equação,
supondo que o preço de mercado deste bem aumente 10%, a
quantidade demandada cairia 14%. Ou, caso o preço deste bem
caísse 5%, neste caso a quantidade demandada aumentaria,
aplicando a fórmula, 7%.
Dizemos que, quando a demanda é elástica, o consumidor é mais
sensível às variações no preço do bem. Atente para o fato de que
as variações percentuais foram proporcionalmente maiores do que
as variações no preço.
„„
Demanda inelástica
Já, quando um bem tem elasticidade, em módulo, menor do que
1, dizemos que este bem tem demanda inelástica em relação ao
preço, também se usa o termo demanda preço-inelástica. Neste
caso, |Epd| < 1,0.
Por exemplo, suponha um determinado produto cuja elasticidadepreço da demanda seja igual a -0,6. Com a ajuda da equação,
pode-se notar que, caso ocorra um aumento de 10% no preço
deste produto, a sua demanda cairia 6%. (Lembre-se de que
quantidade demandada e preço variam em direções opostas).
Por outro lado, se o preço caísse 8%, a quantidade demandada
aumentaria 4,8%.
Unidade 2
49
50. Universidade do Sul de Santa Catarina
Atente para o fato de que, neste caso, a variação percentual no
preço é superior à variação percentual na quantidade demandada,
ou seja,
| %qd | < | %p|
„„
Demanda unitária
Porém, quando, em módulo, a elasticidade-preço da demanda
é igual a 1, dizemos que um produto tem demanda unitária em
relação ao preço.
Determinantes da elasticidade
„„
A substituição do bem
Quanto mais facilmente um bem for substituível, mais elástica
em relação ao preço será a demanda deste bem. Ou seja: mais
sensível será o consumidor a variações no preço deste bem, já que
o consumidor pode substituí-lo facilmente e vice-versa.
Por exemplo, a gasolina é um bem com demanda preçoinelástica, pois é difícil ser substituída, principalmente a curto
prazo.
„„
Essencialidade do bem
Quanto mais essencial for um determinado bem, mais preçoinelástica será sua demanda e vice-versa.
A energia elétrica tem demanda inelástica em relação ao preço, já
que é essencial para a vida moderna.
„„
Peso relativo do bem no orçamento do consumidor
Quanto menor o peso do bem no orçamento do consumidor,
mais preço-inelástica será sua demanda e vice-versa.
Uma caixa de fósforos tem demanda preço-inelástica, pois o seu
preço (e o gasto mensal dos consumidores com este produto) é
pequeno em relação à renda da maioria dos consumidores.
50
51. Análise Microeconômica
Há dois casos extremos que merecem consideração:
a) Demanda perfeitamente elástica. Neste caso, como
mostra a figura 9, a quantidade demandada pode variar
sem que haja modificações no preço. Trataremos mais
deste caso na unidade 4.
Preço
p*
D
(a)
Quantidade
Figura 9 - Demanda perfeitamente elástica
b) Demanda perfeitamente inelástica. Neste caso, isto
significa que qualquer variação no preço não provocará
alterações na quantidade demanda. O melhor exemplo
para isto é o sal.
Preço
D
Quantidade
*
Q
(b)
Figura 10 - Demanda perfeitamente inelástica
Unidade 2
51
52. Universidade do Sul de Santa Catarina
Formas de cálculo
Há várias formas de cálculo, mas, para os fins desta disciplina,
vamos estudar apenas a elasticidade no ponto.
Imagine um produto que tenha, em um determinado momento
no tempo, preço igual a $2 e quantidade de demanda igual a 6.
Num segundo momento, o preço passa para $4 e a quantidade de
demanda cai para 2. Temos, portanto:
P1= 2 e Q1 = 6
P2 = 4 e Q2 =2
Assim, pergunta-se: qual a elasticidade no ponto 1?
Aplicando a equação de elasticidade, vê-se que:
Epd =
p
qd
.
qd 2 (- 4) (- 8)
= .
=
= - 0,66
P 6 2
12
Note que qd = q2 - q1 = 2 - 6 = -4 e
p = p2 - p1 = 4 - 2 = 2
Ou seja: neste caso, o ponto de referência para a análise é o ponto 1.
Agora, calcula-se a Epd no ponto 2, utilizando a mesma equação.
Atente para o fato de que o ponto 2 é a referência neste momento.
Logo:
Epd =
p
qd
.
qd 4 4
16
= .
=
=-4
P 2 (- 2) - 4
A esta altura, já é possível notar que qd é a declividade ou o
P
coeficiente angular da curva de demanda. Como a curva de
demanda é negativamente inclinada, então o coeficiente angular
é negativo. Logo, a elasticidade-preço da demanda também é
negativa. Em suma, Epd é, em geral, negativa devido à relação
inversa entre preço e quantidade demandada.
Em geral, o conceito de elasticidade é utilizado em referência a um
determinado ponto, preço e quantidade. No exemplo, foi possível
observar que a elasticidade mudou conforme o ponto analisado.
52
53. Análise Microeconômica
Relação entre receita e elasticidade
A receita total (RT) de uma empresa produtora de um único
bem é o resultado da multiplicação da quantidade pelo preço
da mercadoria. Ou seja: RT = p . qd. É possível perceber que
variações no preço conduzirão a variações na quantidade
demandada e, consequentemente, na receita da empresa.
Pelo exame da elasticidade-preço da demanda, pode-se
compreender as variações na receita de uma empresa.
a) Demanda elástica
Quando um produto tem demanda elástica, |Epd| > 1, ou seja,
|rqd| > | rp|, neste caso, como a variação na quantidade
demandada é proporcionalmente maior que a variação no preço,
pode-se concluir que é a variação da quantidade que vai indicar a
variação na receita. Assim, conclui-se que, quando um produto
tem demanda elástica, uma redução no preço provoca um
aumento na receita e vice-versa.
b) Demanda inelástica
Já, quando um produto tem demanda inelástica, ocorre
|r p|> |rqd|. Neste caso, é a variação no preço que comanda a
variação na receita. Assim, quando um produto tem demanda
inelástica, um aumento no preço provoca um aumento na receita
e vice-versa.
Para exemplificar, retomemos os determinantes da elasticidadepreço da demanda. Com a análise dos determinantes, pode-se
observar que um produto com demanda inelástica apresenta uma
ou mais destas características:
„„
difícil de ser substituído;
„„
essencial; ou
„„
tem um peso relativamente pequeno no orçamento do
consumidor.
Por exemplo, a gasolina se encaixa bem nos dois primeiros itens.
Unidade 2
53
54. Universidade do Sul de Santa Catarina
Assim, quando a gasolina aumenta de preço, as empresas e o
governo (que recolhe impostos sobre o produto vendido) têm suas
receitas majoradas.
Por outro lado, um bem com demanda elástica é:
„„
facilmente substituível;
„„
supérfluo; ou
„„
tem um peso relativamente grande no orçamento do
consumidor.
Logo, se o preço de um biscoito ‘Tostines’ aumentar, parte dos
consumidores optará por consumir biscoitos de outra marca.
Assim, a receita da ‘Tostines’ tende a diminuir.
Em resumo, pode-se enunciar:
Elasticidade
Elástica | Epd| > 1
Unitária | Epd| = 1
Inelástica | Epd| < 1
Variação no Preço
Aumenta
Diminui
Aumenta
Diminui
Aumenta
Diminui
Quadro 1 – Relação Elasticidade e Receita da Empresa
54
Variação na Receita
Diminui
Aumenta
Permanece constante
Permanece constante
Aumenta
Diminui
55. Análise Microeconômica
Atividades de autoavaliação
1) Suponha que ocorra uma geada que destrua parte significativa da
plantação de café do Brasil. Indique o que acontecerá com o preço e
com a quantidade de equilíbrio no mercado de café.
2) Suponha que o governo dos EUA não cobre mais imposto de
importação sobre os calçados brasileiros. O que acontecerá, a curto
prazo, com o preço e a quantidade de equilíbrio no mercado brasileiro
de sapatos?
3) Suponha que aumentem no mundo os casos de gripe aviária. O que
tende a acontecer com o preço e a quantidade do milho, que é o
principal alimento do frango?
Unidade 2
55
56. Universidade do Sul de Santa Catarina
4) Sendo:
P0 = $20 e qd0 = 500, e P1 = $30 e qd1 = 400, calcule:
a) Elasticidade-preço da demanda no ponto 0;
b) Elasticidade-preço da demanda no ponto 1;
c) Classifique, nos dois pontos, a demanda deste produto, de acordo
com a elasticidade-preço da demanda.
Síntese
Nesta unidade, você aprendeu, de forma simples, como funcionam os
mercados. De modo geral, os mercados sempre tendem a definir um
preço de equilíbrio para cada produto. E este preço é definido pela
interação da oferta e da demanda.
Outro conceito importante aprendido nesta disciplina foi o conceito
de elasticidade-preço da demanda, que se refere à sensibilidade do
consumidor em relação a variações no preço de um dado produto.
56
57. Análise Microeconômica
Saiba mais
PINDYCK, R.S. & RUBINFELD, D. Microeconomia. São Paulo:
Prentice Hall, 1999.
McGUIGAN, James; MOYER, R. Charles & HARRIS, Frederik.
Economia de empresas: aplicações, táticas e estratégias. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2004.
NELLIS, Joseph & PARKER, David. Princípios de economia para
negócios. São Paulo: Futura, 2003.
Unidade 2
57
58.
59. unidade 3
Custos de produção
Objetivos de aprendizagem
„„
Entender o conceito de custos de oportunidades.
„„
Entender e analisar os custos de produção como parte
do processo decisório.
Seções de estudo
Seção 1
Custos econômicos versus custos contábeis
Seção 2
Custos de produção
Seção 3
Economias de escala
3
60. Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
As decisões das empresas, no que diz respeito a preços, níveis de
produção e lucro, dependem diretamente dos custos de produção.
Através de certa tecnologia de produção e o preço dos insumos
(matéria-prima e fatores de produção), é possível calcular os custos
de produção e o gestor pode decidir como produzir.
Os insumos podem ser combinados de diferentes maneiras para
que seja obtida a mesma quantidade de produto. Por exemplo,
uma empresa pode produzir uma determinada quantidade de
sapatos com muitos trabalhadores (trabalho) e poucas máquinas
(capital). E a mesma quantidade de sapatos pode ser obtida com
mais capital do que trabalho. Uma das tarefas dos administradores
é decidir qual a combinação de insumos que minimiza os custos de
produção, mas não leva à queda na produção.
Estes e outros temas serão abordados nesta unidade. Acompanhe a
seguir, e bom estudo!
Seção 1 - Custos econômicos versus custos contábeis
Economistas e contadores têm formas diferentes de considerar os
custos.
Os contadores estão preocupados em retratar os custos
passados, para elaborar os demonstrativos anuais da empresa.
A contabilidade tem esta visão, porque é sua função manter
o controle sobre o patrimônio líquido da empresa e avaliar o
desempenho passado da empresa. Em suma, os contadores
estão preocupados em calcular os custos contábeis, que incluem
as despesas correntes somadas às despesas ocasionadas pela
depreciação dos equipamentos de capital.
Já os economistas tendem a ter uma visão das perspectivas futuras
de uma empresa, pois seus estudos preocupam-se com a alocação
dos recursos de produção escassos, com os custos que podem
ocorrer no futuro e com as decisões da empresa para minimizar
seus custos e maximizar os lucros.
60
61. Análise Microeconômica
Ou seja: os economistas refletem sobre os custos econômicos ou
custos de oportunidade que estão associados às oportunidades
que são deixadas de lado, caso a empresa não empregue seus
recursos da maneira mais rentável.
Por exemplo, uma companhia de transporte
aéreo pode optar por ser proprietária dos aviões
que utiliza. Mas ser proprietária dos aviões não
significa a melhor alternativa para a empresa. Ela
poderia, entre outras opções, fazer um leasing das
aeronaves e, assim, ter maior disponibilidade de
capital para outros investimentos.
Em outro exemplo ainda, pode-se considerar uma empresa que seja
proprietária do edifício em que opera e que, portanto, não paga
aluguel pelo espaço ocupado. Mas isto não implica dizer que a
empresa pode considerar o custo do espaço físico como sendo zero.
Um economista observaria que a empresa poderia receber aluguel
pelo espaço físico, caso o tivesse alugado para outra empresa. Este
aluguel não recebido corresponde aos custos de oportunidade de
utilização do espaço físico, devendo, portanto, ser incluído como
parte dos custos econômicos da empresa.
Seção 2 - Custos de produção
Nesta seção, será examinado o custo total (CT) de produção. O
custo total é a soma dos custos fixos (CF) e dos custos variáveis
(CV).
Lembre-se:
Custos fixos (CF) são custos que não variam com o
nível de produção.
Custos variáveis (CV) são custos que variam à medida
que o nível de produção varia.
CT = CF + CV (q)
Unidade 3
61
62. Universidade do Sul de Santa Catarina
Custos fixos referem-se a despesas com seguros, aluguel,
manutenção de equipamentos, funcionários que não estão ligados
à produção, segurança, dispêndios financeiros, entre outros.
São gastos que permanecem inalterados independentemente
do volume de produção da empresa. Ou seja: devem ser pagos
mesmo que não haja produção. Assim, a única forma de eliminar
os custos fixos é deixar de operar.
Os custos variáveis são, essencialmente, gastos com salários da
mão de obra direta (diretamente ligados à produção) e matériaprima.
Saber quais custos são fixos e quais são variáveis também
depende do prazo com o qual se lida.
A teoria econômica afirma que curto prazo é o período de tempo
no qual pelo menos um dos fatores de produção é fixo. No longo
prazo, todos os fatores de produção são variáveis. Ou seja: no
curto prazo, existem custos fixos, pois a empresa tem obrigações
legais a cumprir, como contratos. Já, no longo prazo, os custos
são variáveis, pois a empresa pode aumentar seu capital e sua
força de trabalho.
Além do custo total, do custo fixo e variável, a teoria econômica
também se preocupa com os custos totais médio (CMe) e
marginal (CMg).
O custo total médio ou custo médio (CMe) é o custo por
unidade de produto, ou, custo unitário.
Matematicamente, é o custo total (CT) dividido pela quantidade
(q) produzida.
CMe =
CT CF CV(q)
=
+
= CFMe + CVMe
q
q
q
Como o custo total é a soma dos custos fixos e variáveis, o custo
médio reflete a soma do custo fixo médio (CFMe) e do custo
variável médio (CVMe).
62
63. Análise Microeconômica
O custo marginal (CMg) - também definido em alguns livros
como custo incremental – é definido como o aumento de custo
ocasionado pela produção de uma unidade a mais. Devido ao
fato de o custo fixo não apresentar variação, o custo marginal é a
variação no custo variável, quando a produção aumenta em uma
unidade. Matematicamente, tem-se:
CMg =
CT(q)
q
=
CT(q)
q
Ou seja: o custo marginal é a derivada da função custo total.
Este conceito é muito importante nas tomadas de decisões, muito
embora pareça um pouco abstrato. Suponha um empresário o
qual tenha que decidir se aumenta, com base em um aumento
da demanda, sua produção. Mas, para aumentar a produção, a
empresa incorrerá em novos custos. Este aumento de custos é
exatamente o custo marginal. Claramente, é possível perceber
que a empresa só aumentará sua produção e seus custos, se houver
uma compensação financeira para tanto, como será demonstrado
na próxima unidade.
Tabela 1 – Custos no curto prazo
Q
(1)
CF($)
(2)
CV($)
(3)
CT($)
(4)
(2) + (3)
CFMe($/q)
(5)
(2):(3)
CVMe($q)
(6)
(3):(1)
CMe($/q)
(7)
(4):(1)
CMg($/Q)
(8)
∆4:∆1 *
0
50
0
50
-----------
---------
----------
---------
1
50
50
100
50
50
100
50
2
50
78
128
25
39
64
28
3
50
98
148
16,7
32,7
49,3
20
4
50
112
162
12,5
28
40,5
14
5
50
130
180
10
26
36
18
6
50
150
200
8,3
25
33,3
20
7
50
175
225
7,1
25
32,1
25
8
50
204
254
6,3
25,5
31,8
29
9
50
242
292
5,6
26,9
32,4
38
10
50
300
350
5
30
35
58
11
50
385
435
4,5
35
39,5
85
Unidade 3
63
64. Universidade do Sul de Santa Catarina
>> observação: coluna 8 ∆ = variação.
Q1 = ∆4:∆1 = (100 – 50) : (1 – 0) = 50 : 1 = 50
Q2 = ∆4:∆1 = (128 – 100) : (2 – 1) = 28 : 1 = 28
Fonte: Elaborado pelos professores.
A tabela 1 evidencia que, independente do nível de produção,
o custo fixo é $50. A tabela também mostra que os custos
totais e variáveis aumentam à medida que a produção também
aumenta. A taxa de elevação dos custos depende da natureza
do processo produtivo e, principalmente, da extensão em que
ocorrem rendimentos decrescentes de escala ao longo do processo
produtivo.
Rendimentos decrescentes ocorrem, quando a produtividade dos
insumos é declinante. Vamos supor que o trabalho seja o único
insumo variável deste processo produtivo. Assim, para poder
aumentar a produção, a empresa terá que contratar mais mão de
obra.
Então, se a produtividade do trabalho diminui à medida que
a empresa contrata mais trabalhadores, isto quer dizer que os
custos com a mão de obra devem ser cada vez maiores para se
obterem níveis mais elevados de produção. Consequentemente, o
custo total e o custo variável aumentam à medida que aumenta o
número de trabalhadores.
CT
Preço
CV
300
175
A
100
CF
0
1
2
3
4
5
(a)
64
6
7
8
9
10
11
12
13
Produto (unidade por ano)
65. Análise Microeconômica
Custos
100
(em $
por ano)
Cmg
75
CTMe
50
CVMe
25
CFMe
0
1
2
3
4
5
(b)
6
7
8
9
10
11
Produto (unidade por ano)
Figura 1 – Formato das curvas de custos
A figura 1 mostra como os custos mudam com o aumento da
produção. O gráfico (a) mostra o custo total, o custo fixo e o
variável. O gráfico (b) mostra o formato das curvas de custo
médio e marginal.
Em (a) é possível observar que o custo fixo (CF) é constante
no nível $50. Já o custo variável é $0, quando nada é produzido
e, então, aumenta continuamente, à medida que a produção
aumenta. O custo total (CT) é obtido pela soma dos custos fixo e
dos variáveis. A distância entre CT e CV é sempre 50, que é CF.
Note que os formatos das curvas CT e CV não são lineares. Isto
ocorre devido às diferenças de produtividade nos diferentes níveis
de produção.
A figura (b) mostra que a curva de custo fixo médio (CFMe)
apresenta queda contínua de $50 (q=1) até diminuir a um valor
próximo a zero. Isto ocorre porque CF é constante em $50.
CFME assume o formato de hipérbole dada à equação CF/q. O
formato das outras curvas está ligado à curva de custo marginal.
Sempre que o custo marginal for inferior ao custo médio, a
curva de custo médio apresentará declínio. E, sempre que custo
marginal for superior ao custo médio, este tenderá a elevar-se.
Pode-se notar, então, que, quando o custo médio estiver em seu
ponto mínimo, o custo marginal e os custos médios serão iguais.
A curva CVMe é inicialmente decrescente como consequência
do aumento da produtividade do fator variável e atinge um ponto
Unidade 3
65
66. Universidade do Sul de Santa Catarina
mínimo. Neste ponto em mínimo, a planta está operando com
a combinação ótima dos insumos; a partir daí, CVMe tende a
aumentar como resposta da queda da produtividade do fator de
produção variável.
Discutiremos este tema
com mais profundidade na
seção 3 desta unidade.
CMe é a soma de CFMe e CVMe. Assim como CVMe, a curva
CMe assume um formato em U. Este formato em U reflete a lei
dos rendimentos decrescentes.
Situações especiais – Custo marginal constante
Muitas vezes, dentro do processo de tomada de decisões,
observamos técnicas para facilitar a tarefa dos tomadores de
decisão. Como foi possível notar, a curva de custo marginal
é não linear. Porém, com a utilização de técnicas estatísticas,
como a análise de regressão, é possível transformar a curva de
custo marginal em uma reta. Logo, a função CT passa a ser uma
função de primeiro grau, como abaixo:
CT = CF + CV = CF + CMg(q)
E o custo médio seria igual a:
CMe =
CF + CMg(q)
CF
=
+ CMg
q
q
Seção 3 - Economias de escala
Economias de escala significam custos médios decrescentes com
a escala de produção, ou seja, aumento da capacidade produtiva
da planta (quantidade que pode ser produzida ao custo unitário
mínimo), conforme figura 2. Em outras palavras, a empresa
apresenta economias de escala, quando ela é capaz de duplicar sua
produção com menos do que o dobro dos custos.
Já as deseconomias de escala ocorrem, quando, à medida que a
produção aumenta, o custo médio também aumenta. A figura 2
mostra as duas situações. Até Q*, a empresa aumenta a produção
66
67. Análise Microeconômica
e o CMe tende a diminuir até o ponto ótimo (Q*), que é o ponto
no qual CMe é mínimo. A partir de Q*, ocorrem deseconomias
de escala.
S/Q
CMe
Q*
Quantidade
Figura 2 – Economias e deseconomias de escala
Na Figura 2, CMe é o custo médio unitário (ou médio) de “longo
prazo”, isto é, o menor custo unitário com que pode ser produzido
cada volume de produção, quando a escala de produção (ou
capacidade produtiva) é variável. Na presença de economias de
escala, ele é suposto decrescente com a quantidade produzida (e,
portanto, com a escala de produção), atingindo o valor mínimo em
Q*. Chamamos Q* de “escala mínima eficiente”.
Economia de Escala
É considerada a forma de economia responsável pela organização do
processo produtivo, de maneira que esta alcance a máxima utilização
dos fatores produtivos envolvidos no processo. Procura evidenciar
baixos custos de produção e o incremento de bens e serviços
disponíveis para a oferta. Ocorre, quando há uma expansão da
capacidade de produção de uma empresa ou indústria, provocando
aumento na quantidade total de sua produção, sem que ocorra
aumento proporcional no custo de produção.
Representada fisicamente por gigantescas unidades de produção, as
empresas de uma economia de escala possibilitam o emprego de um
amplo contingente de mão de obra altamente qualificada, grande
capacidade de estocagem de produção e de matérias-primas.
Unidade 3
67
68. Universidade do Sul de Santa Catarina
Existe economia de escala, quando a expansão da
capacidade de uma firma ou indústria causa um
aumento dos custos totais de produção menor que,
proporcionalmente, os do produto. Como resultado,
os custos médios de produção caem a longo prazo.
(BANNOCK et al., 1977).
Economia Pecuniária
Ocorre, quando há o fator que a explica através da redução
no preço pago pelos insumos dos produtos. Os insumos
correspondem aos componentes necessários para a produção
de determinados produtos, tais como os computadores, que
necessitam de uma série de itens para a sua composição final.
Exemplificando
Economia de Escala > Grandes Volumes > Baixos Custos
Unitários > Indústria de computadores = economia de escala na
produção; pesquisas e serviços.
Economia de Escala > Diferenciação do produto > Empresas
estabelecidas, com marca identificada, desenvolvem sentimentos
de lealdade em seus clientes.
Indústrias fabricantes de produtos para bebês;
alimentos (leite ninho); cosméticos; revistas; jornais;
refrigerantes.
Fontes de economias de escala
As economias de escala podem ser reais ou pecuniárias. As
economias de escala são reais, quando o que as explica é a
redução na quantidade de fatores de produção utilizados em
função do aumento da produção. Em outras palavras, a utilização
de insumos não aumenta na mesma proporção do aumento da
produção.
68
69. Análise Microeconômica
Já as economias de escala pecuniárias ocorrem, quando as
empresas pagam um preço menor pelos insumos. Ou seja: os
custos se reduzem, mas não em função de mudanças nas técnicas
de produção, mas sim, do poder de negociação da empresa.
As fontes das economias de escala reais são as que seguem.
„„
Ganhos de especialização
Este fato já foi enfatizado por Adam Smith no livro Uma
investigação sobre a natureza da riqueza das nações, de 1776.
Com uma maior quantidade de produto, maior poderá ser a
divisão do trabalho e mais especializados serão os trabalhadores e
as máquinas. Os trabalhadores serão mais hábeis em suas funções
e, com máquinas especializadas, maior será a produtividade e
menores serão os custos.
Novamente, o exemplo mais ilustrativo de como a especialização
pode contribuir para a ocorrência de economias de escala
foi descrito por Adam Smith na ‘fábula dos alfinetes’.
Smith afirmava que a produção de alfinetes na
Inglaterra era feita em 17 etapas e que um único
trabalhador (produção artesanal), ao longo de um
dia, fabricaria 20 alfinetes. Caso a produção fosse
feita de forma industrial, com 10 trabalhadores
especializados (alguns desempenhando mais de uma
função), a produção, ao final de um dia, atingiria
48.000 alfinetes. Observe que os custos com o fator de produção
trabalho aumentaram 10 vezes, mas em compensação os ganhos
de produtividade permitiram que a produção aumentasse 2.400
vezes.
A especialização pode ocorrer de diversas formas, como
especialização de equipamentos e de mão de obra (aprendizado
ou learning by doing).
„„
Indivisibilidade técnica
A segunda fonte de economia de escala, conforme Looty e
Szapiro (2002), relaciona-se com o tamanho dos equipamentos
industriais, sendo, portanto, observável, ao nível da planta
Unidade 3
69
70. Universidade do Sul de Santa Catarina
produtiva. Em certas situações, não é possível comprar uma
máquina com o tamanho exato para se produzir a quantidade
necessária. Neste caso, subutilizações da máquina podem servir
para uma futura expansão produtiva. Desta forma, haveria uma
expansão produtiva a taxas constantes, levando a uma redução
do custo médio. Claramente, esta expansão se dá até o limite da
utilização da capacidade do equipamento.
Atividades de autoavaliação
1) José tem uma pequena empresa na qual investiu $100.000 em
máquinas e equipamentos (estes $100.000 poderiam render $20.000/
ano se aplicados no mercado financeiro). Ao final de um ano, José
aufere $50.000 em lucro. Porém José foi chamado para trabalhar
para seu concorrente, que lhe ofereceu um rendimento anual igual a
$50.000. Pergunta-se: José tem custo de oportunidade em escolher ser
dono da sua própria empresa?
70
71. Análise Microeconômica
2) Complete, calculando os itens que estão em branco, os espaços na
tabela a seguir:
Produção
Custo Total
0
50
1
70
2
100
3
120
4
150
5
Custo Fixo
Custo Variável
Custo Marginal
Custo Médio
200
3) Uma empresa produz camisetas e conta com uma máquina e um
trabalhador. A empresa paga $20 semanais pelo leasing da máquina.
E, ao trabalhador, paga $1 por hora nos dias úteis, $2/hora aos sábados
e $3/h aos domingos. Por hipótese, a empresa não tem outros custos.
A empresa pode produzir 1 camiseta por hora e, por suposição, o
trabalhador pode trabalhar no máximo 8 horas/dia. Calcule:
a) O custo fixo, o custo variável e o custo total, quando a empresa
produz 40 camisetas por semana.
b) O custo médio, quando a produção é de 40 camisetas.
c) O custo marginal, quando q=40, q = 48 e q = 56 camisetas.
Unidade 3
71
72. Universidade do Sul de Santa Catarina
4) Uma empresa estima sua função de produção mensal como sendo: CT
= 40.000 + 70q (em US$ e quantidades expressas em unidades).
a) Qual o custo fixo?
b) Qual o custo variável, quando q = 1.000 unidades?
c) Qual o custo total, quando q = 1.000 unidades?
d) Qual o custo médio, quando q = 1.000?
e) Se a produção aumentar para 1.200/mês, qual será o custo médio? Há
economias de escala? Explique
72
73. Análise Microeconômica
5) Os custos de produção do leite
Este exercício trata de uma fazenda com 50 vacas no interior do
estado de Santa Catarina. Para simplificar, suponha que o único custo
variável desta fazenda seja o gasto com a alimentação das vacas,
que custa 6 centavos por litro de leite produzido (ou seja, o custo
marginal). Suponha, também, que os custos fixos sejam da ordem de
R$ 40.000,00/ mês. Apenas a família proprietária da fazenda trabalha
na produção de leite, o que ocupa todo seu tempo, independente do
volume de leite produzido.
a) Qual o custo total de produção da fazenda, se cada vaca produz
7.600 litros de leite no mês? E se cada vaca produzir 10.000 litros de leite
por mês?
b) Qual o custo médio da produção de leite nesta fazenda, se cada
vaca produzir 10.000 litros/ mês? Caso esta fazenda tivesse 100 vacas,
qual seria o novo custo médio? Com base nestas informações, pode-se
dizer que há economias de escala? Se houver, qual a importância da
economia de escala para uma empresa como esta?
Unidade 3
73
74. Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
Nesta unidade, você teve contato com a teoria dos custos de
produção. A correta análise dos custos de produção é uma
importante ferramenta de competição, já que empresas com
custos menores do que suas concorrentes podem praticar preços
também menores.
Você aprendeu que economias de escala são importantes para
as empresas, pois permitem reduções nos custos médios ou
unitários.
Saiba mais
PINDYCK, R.S. & RUBINFELD, D. Microeconomia. São
Paulo: Prentice Hall, 1999.
McGUIGAN, James; MOYER, R. Charles & HARRIS,
Frederik. Economia de empresas: aplicações, táticas e
estratégias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. 446p.
74
75. unidade 4
Concorrência perfeita e
eficiência econômica
Objetivos de aprendizagem
„„
Discutir o modelo de concorrência perfeita.
„„
Compreender a importância do modelo de concorrência
perfeita, a eficiência econômica e a conduta das
empresas neste tipo de mercado..
Seções de estudo
Seção 1
Seção 2
Características do modelo de concorrência
perfeita
A firma e o mercado em concorrência perfeita
Seção 3
Eficiência econômica
4
76. Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
As estruturas de mercado são modelos que explicam as diversas
formas como os mercados podem se organizar, ou seja, elas
referem-se ao modo como os mercados são organizados.
Classicamente, são as seguintes as estruturas de mercado:
concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolística e
oligopólio.
Cada estrutura de mercado destaca alguns aspectos essenciais
da interação entre demanda e oferta, e se baseia em algumas
hipóteses e no realce de características observadas em mercados
existentes, tais como: o tamanho das empresas, o número
de empresas, a diferenciação de produtos, etc. (PINHO E
VASCONCELLOS, 1993).
Nesta unidade, você irá estudar o modelo de concorrência
perfeita. O modelo é, por definição, teórico. Ao longo da
unidade, o(a) leitor(a) atento(a) poderá notar que muitas das
premissas deste modelo são pouco aderentes à realidade. Porém o
modelo é muito importante por dois motivos:
1º) mostra que a concorrência é mais socialmente benéfica do que
monopólios ou oligopólios;
2º) permite que o estado possa regular setores essenciais da
economia (eletricidade, gás, remédios), simulando mercados de
concorrência perfeita.
Assim sendo, bom estudo! Em caso de dúvidas durante a leitura,
anote-as e procure resolvê-las junto com o professor-tutor.
76
77. Análise Microeconômica
Seção 1 - Características do modelo de concorrência
perfeita
O modelo de concorrência perfeita é útil para analisar diversos
tipos de mercados, tais como:
„„
o mercado agrícola,
„„
o de serviços,
„„
o mercado de câmbio e de ações.
A concorrência perfeita é um modelo abstrato e teórico estudado
em economia com o objetivo de fornecer ferramentas, para
melhor entender a realidade. Neste sentido, parte-se do
pressuposto de que a firma tem como objetivo maximizar seus
lucros. Voltaremos à questão dos lucros mais adiante. Este
modelo baseia-se em cinco hipóteses centrais, detalhadas a
seguir.
1. Atomicidade - É grande o número de ofertantes/
demandantes, e estes são pequenos em relação ao
tamanho do mercado, de modo que nenhum dos agentes
seja capaz de alterar o preço de mercado.
2. Livre mobilidade de fatores - Ausência de barreiras
à entrada/saída. Ou seja, empresas não enfrentam custos
expressivos nem para entrar no mercado, nem para sair.
Os custos expressivos que podem restringir a entrada
em um determinado setor são aqueles que uma nova
empresa tem de enfrentar e são superiores aos custos
de empresas já estabelecidas.
Por exemplo, no setor farmacêutico, as empresas já estabelecidas
detêm as patentes de seus produtos, que lhes garantem o
monopólio da produção de um determinado tipo de medicamento.
Uma empresa que desejasse entrar neste mercado teria de
investir elevadas somas em pesquisa e desenvolvimento de seus
próprios medicamentos ou comprar licenças para produzir os
medicamentos de outros laboratórios, a elevadas taxas. Ou seja:
no mercado farmacêutico, há barreiras à entrada, o que permite
concluir que não é um mercado perfeitamente competitivo.
Unidade 4
Conceito que será
detalhado nas próximas
unidades.
77
78. Universidade do Sul de Santa Catarina
Esta suposição é bastante importante, porque permite que a
competição seja efetiva. Ela quer dizer que os consumidores
podem mudar facilmente de fornecedor, se o rival aumentar o
seu preço. Na visão empresarial, significa que uma empresa pode
facilmente entrar em um setor, caso vislumbre perspectivas de
lucro, podendo, também, sair, se estiver incorrendo em prejuízos.
Segundo Sandroni (1990),
nas relações comerciais
internacionais, o termo
designa um tipo de
mercadoria em estado
bruto, ou seja, com baixo
valor agregado..
3. Homogeneidade do produto - Isto significa que o produto
ofertado pelas firmas é idêntico. Quando os produtos de todas
as empresas são substitutos perfeitos entre si (homogêneos),
nenhuma delas tem incentivo para elevar o preço acima do
preço praticado pelas concorrentes, pois perderia parte de suas
vendas. É o caso, por exemplo, dos produtos agrícolas, petróleo,
gasolina, papel, celulose, folhas de aço, alumínio. Estes produtos
são conhecidos como commodities. Esta suposição é bastante
importante, pois, de acordo com Pindyck e Rubinfeld (1999),
assegura a existência de um preço de mercado único de modo
consistente com a análise da demanda e da oferta.
Em contraste, quando os produtos não são homogêneos, cada
empresa pode elevar seu preço em relação ao do concorrente sem
perder todas as suas vendas. Os relógios suíços, por exemplo,
são mais caros que os relógios produzidos em outras partes do
mundo, já que são vistos pelos consumidores como produtos
de alta qualidade. Daí a importância da diferenciação como
estratégia de competição, o que será objeto de análise em outra
unidade subsequente.
4. Informação perfeita - Todos os agentes têm completa
informação sobre preços.
Alguns livros utilizam
também o termo
“aceitadoras de preço”.
5. As firmas são tomadoras de preço. Neste tipo de mercado, um
grande número de firmas participa do processo de concorrência.
Como cada empresa é pequena em relação ao tamanho do
mercado, nenhuma delas tem condições de influenciar o mercado
(ou seja, o preço de mercado) unilateralmente. Assim, diz-se que,
em mercados de concorrência perfeita, as firmas são tomadoras de
preço, ou seja, o preço praticado em um estabelecimento é dado
pelo mercado.
Por exemplo, um banco, ao comprar ou vender moeda
estrangeira, baseia-se no preço de mercado desta. Isto porque não
78
79. Análise Microeconômica
há qualquer motivo para o banco vender a um preço diferente.
Caso o banco venda os dólares a um preço menor do que o de
mercado, estará deixando de maximizar seus lucros.
Além disso, neste tipo de mercado, praticar preço menor que o
da concorrência é uma estratégia pouco eficaz, pois a firma sabe
que não tem condições de interferir no preço do mercado, já
que a sua quantidade ofertada é pequena. Caso o banco decida
vender dólares a um valor superior ao de mercado, não encontrará
compradores, pois estes, que têm plena informação do preço de
mercado, dirigir-se-ão a outro estabelecimento.
Os consumidores, neste tipo de mercado, também se comportam
como tomadores de preço, já que cada consumidor é responsável
por uma parcela pequena da demanda, de modo que não tem
condições de influenciar o preço de mercado.
Em suma, a concorrência perfeita é um modelo teórico muito
importante, pois permite entender o modelo ideal de mercado.
Daí, é possível entender os mercados reais e as ações do governo,
por exemplo, coibindo abuso por parte das empresas. Porém há
mercados nos quais as empresas se comportam como tomadoras
de preço, ou seja, como em concorrência perfeita. Estes mercados
são mercados de commodities, financeiro, cambial, panificadoras
ou farmácias em uma pequena cidade.
Seção 2 - A firma e o mercado em concorrência perfeita
Anteriormente, foi mencionado que as empresas em concorrência
perfeita têm como objetivo a maximização de lucros. Esta
suposição permite que se preveja o comportamento empresarial
de forma bastante acurada. No entanto saber se as empresas
maximizam ou não os seus lucros é um tema bastante controverso
nas bibliografias especializadas no tema.
Uma discussão mais
precisa encontra-se
em THOMPSON Jr,
Arthur & FORMBY, John.
Microeconomia da firma:
teoria e prática. Rio de
Janeiro: Prentice-Hall do
Brasil, 1998.
No caso das empresas de pequeno porte, administradas pelos
proprietários, o interesse pelo lucro, provavelmente, guiará as
decisões da empresa, já que o lucro é a própria remuneração
dos proprietários. Nas empresas maiores, em muitos casos, os
Unidade 4
79
80. Universidade do Sul de Santa Catarina
administradores não são os proprietários, mas sim, gestores
profissionais. Ou seja, executivos profissionais contratados para
administrar a empresa.
Estes executivos têm certa liberdade para se desviarem do
objetivo de maximizar os lucros. Os executivos podem estar
preocupados com o crescimento da empresa, já que, ao
administrarem empresas maiores, teriam maior prestígio no
mercado e, consequentemente, poderiam negociar para si maiores
salários.
De todo modo, a empresa que, a longo prazo, não se preocupar
em maximizar seus lucros provavelmente não sobreviverá. Um
exemplo refere-se às empresas da era da internet (as chamadas
‘pontocom’).
No começo da década de 2000, muitas tiveram que reformular
suas estratégias e buscar parcerias para não fechar. O caso mais
conhecido foi o da ‘Amazon.com’, maior livraria virtual do
planeta. Algumas foram vendidas para grupos empresariais,
como a Yahoo, por exemplo. Em suma, a hipótese da
maximização de lucros é razoável.
O chamado “equilíbrio da firma” em concorrência perfeita, a
curto prazo (dado o tamanho da planta), é obtido supondo-se
que o objetivo da firma é maximizar os seus lucros (π), dado o
preço de equilíbrio do mercado p*. Para tanto, ela deve produzir
a quantidade qi* de tal forma que o preço seja igual ao custo
marginal (CMg). Ou seja,
Max π --> p = CMg ,
Com a condição adicional de máximo (2a ordem):
CMg
>
0
Isso acontece porque, como visto anteriormente, a empresa
que opera em concorrência perfeita não tem condições de
modificar seu preço individualmente. Ou seja, considerando-se o
pressuposto de que o empresário quer maximizar seus lucros, não
há argumento racional para que o preço seja diferente do preço
de mercado. Se, de um lado, a empresa praticar um preço abaixo
do preço de mercado, não estará maximizando seus lucros e nem
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