A carta de desfiliação do PT descreve as razões da saída da autora do partido, incluindo sua frustração com a falta de debate de ideias e a centralização do poder em nomes individuais em vez de pautas sociais na seção local do partido. A autora lamenta que o PT local não tenha conseguido superar práticas clientelistas e governistas em vez de se concentrar em propostas para a cidade. Ela deseja sorte ao presidente do diretório municipal, mas sente que sua filiação ao partido foi estabelecer a deses
1. Ao Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Caruaru
Sr Presidente do Diretório Municipal Adilson Lira
Venho por meio desta comunicar minha desfiliação do Partido dos Trabalhadores e das
trabalhadoras – PT, pelas razões que exponho em seguida:
Durante muitos anos fiz parte de discussões e acreditei nas pautas que o partido
construía. Nos últimos quase dois anos me fiz mais presente no cenário de Caruaru
por, mais uma vez, acreditar no movimento que poderia ser possível tecer no partido
em nível Municipal.
No cenário dos últimos 12 meses, mais fortemente, olhando para o momento em que o
PT em Caruaru poderia tecer novas pautas e fortalecer políticas sociais em nome da
Sociedade e não de personificação e corporeificação, edifiquei mais uma vez minha
possibilidade de continuar acreditando no PT.
Muitos são os enfrentamentos em nível Nacional e que nos debates e embates nos mais
diversos espaços fiz discussões que colocavam o PT diante do que foi o crescimento do
País. No entanto, o cenário local, principalmente internamente, revela uma trajetória
que longe de buscar uma outra cultura política, se transforma numa perspectiva ‘Neo’
como o projeto de Sociedade que tanto questionamos. O nível de debate que se coloca
volta a tratar partidariamente questões com nuances de necessidades de estrelas que
não ajudam muito o que deveria ser o tamanho do partido em nossa Cidade.
Diante dos tratos, posturas e movimentos que o PT tem sido e feito, ocupando um lugar
mais centrado em processos políticos governistas do que de dimensões sociais saiu
triste desse lugar. Lamento que na cidade em que vivo e que, em relação ao cenário
Nacional, teria muito mais força para fazer outro tipo de política, acabe requentando
posturas centralizadoras, clientelistas e com idéias de compor forças individuais ou de
grupos específicos que reeditam práticas das quais tentamos superar nos últimos meses,
quase ano.
Sendo esse o lugar que o PT não consegue superar, desejo ao Presidente Adilson Lira,
figura que lutei nos debates internos para que fosse uma nova esperança de lógica para
a perspectiva partidária na condução do PT local, boa gestão. Aqui em Caruaru filiada
a pouco, mas militante sempre, e desde movimento estudantil, saio do partido como
filiada e como militante e com sentimento de que escolher me filiar foi estabelecer a
desesperança. Sei que compomos a frente popular, mas não encontrar no partido
momentos em que se colocasse COMO PARTIDO nas mediações e possibilidades de
construir outras relações e projeto para a cidade produz no mínimo indignação. Cresci
na militância com esperança esperançosa como me ensinou os escritos de Paulo Freire.
Não cabe ficar no lugar que como tanto alerta Marilena Chauí se configure no lugar da
indiferença e não da indignação. Lamento e me despeço do PT com dor no coração
como militante, professora/educadora, mulher/gente.
Caruaru, 20 de janeiro de 2014.
Tânia Maria Goretti Donato Bazante
Recebido: ___/01/2014.
Assinatura: _____________________